escola de enfermagem wenceslau braz karen mendes borges luana

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ESCOLA DE ENFERMAGEM WENCESLAU BRAZ
KAREN MENDES BORGES
LUANA APARECIDA MENDES COLÓSIMO
VANESSA NATACHA DA SILVA OLIVEIRA
MANEIRAS E PERCEPÇÕES DO PACIENTE COM LESÃO DE PELE
REFERENTES À AUTOREALIZAÇÃO DO CURATIVO EM DOMICÍLIO
ITAJUBÁ - MG
2012
KAREN MENDES BORGES
LUANA APARECIDA MENDES COLÓSIMO
VANESSA NATACHA DA SILVA OLIVEIRA
MANEIRAS E PERCEPÇÕES DO PACIENTE COM LESÃO DE PELE
REFERENTES À AUTOREALIZAÇÃO DO CURATIVO EM DOMICÍLIO
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Enfermagem da
Escola de Enfermagem Wenceslau Braz,
como requisito parcial para aprovação.
Orientadora: Profª. M.ª Ligia Vieira
Tenório Sales.
Coorientadora:
Profª.
Esp.
Elaine
Aparecida Rocha Domingues.
ITAJUBÁ – MG
2012
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Escola de Enfermagem Wenceslau Braz (EEWB)
Bibliotecária - Karina Morais Parreira - CRB 6/2777
B732m
Borges, Karen Mendes.
Maneiras e percepções do paciente com lesão de pele
referentes ... / Karen Mendes Borges ; Luana Aparecida
Mendes Colósimo ; Vanessa Natacha da Silva Oliveira. 2012.
103 f.
Orientadora: Profª. M.ª Lígia Vieira Tenório Sales.
Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Enfermagem) -Escola de Enfermagem Wenceslau Braz - EEWB,
Itajubá, 2012.
1. Percepção. 2. Paciente. 3. Bandagens. I. Colósimo,
Luana Aparecida Mendes. II. Oliveira, Vanessa Natacha da
Silva. III. Título.
NLM: WO 167
Dedicamos a concretização deste trabalho
a todos os pacientes portadores de lesão
de pele, em especial aos que dividiram
conosco suas experiências e dificuldades.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente à Deus, pelo dom da vida e pela oportunidade de lutar
e vencer.
Aos nossos pais e familiares pelo exemplo, sacrifício e pela dedicação incessante
para que os nossos sonhos fossem realizados.
À nossa querida orientadora, Ligia Vieira Tenório Sales, que ao longo desses anos
nos ensinou e nos fez acreditar que somos capazes de lutar, contribuiu para nosso
desenvolvimento pessoal e profissional, e o quanto nos ajudou para a concretização
dessa pesquisa.
Aos entrevistados que aceitaram participar da pesquisa, contribuindo para o
desenvolvimento deste trabalho e para nosso conhecimento.
Às professoras Ms. Ivandira e Isabel por aceitarem participar da banca examinadora
deste trabalho, enrriquecendo os nossos conhecimentos.
À todos que amamos, essa vitória também é de vocês!
RESUMO
O presente estudo foi de abordagem qualitativa, do tipo descritivo, exploratório e
transversal e teve como objetivo: Identificar de que maneira e conhecer as
percepções do paciente com lesão de pele quanto a realização do curativo em
domicílio. A amostra constituiu de 16 pacientes cadastrados na Unidade de Lesão
de Pele. A amostragem foi do tipo intencional. A coleta de dados realizou-se
mediante um questionário fechado contendo características pessoais e um roteiro de
entrevista semi-estruturada com duas questões abertas referentes aos objetivos do
estudo, que foram gravadas através de um gravador portátil e transcrita na íntegra.
Os dados colhidos foram descritos sob o referencial das Representações Sociais e o
método utilizado para a análise dos resultados foi o discurso do sujeito do coletivo. A
pesquisa seguiu os preceitos estabelecidos pela resolução nº 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde. Os resultados desta pesquisa permitiram concluir que dos 100%
dos participantes pesquisados o gênero que mais prevaleceu foi o feminino, a média
da idade em anos foi de 62,9 anos, o tempo de lesão de pele foi de 12 anos, a
região corporal que mais prevaleceu foi os membros inferiores, as doenças crônicas
que mais prevaleceram foi HAS em primeiro e DM em segundo. As maneiras com
que o paciente realiza o seu curativo em domicílio são: “Faz sozinho e não tem
técnica”, “Lava com soro bem lavadinho e enxuga com gazes”, “Coloca a pomada e
fecha a lesão”, “Lava as mãos e coloca luva ou passa álcool na mão”, “Esquenta o
soro”, “Não deixa contaminar a pomada”, “Deixa a lesão um pouco molhada” e
“Depende do que o médico manda”. Quanto às percepções são: “Não tem nada que
atrapalhe”, “Em casa não tem todo o material”, “Tenho dificuldade”, “O modo de
tratar a gente faz parte do tratamento”, “É diferente, não é errado”, “Na lesão tem
mais higiene” e “Uma situação bem normal”. Este estudo nos permitiu desvendar
dificuldades e algumas falhas para a execução dos curativos nos dias em que a
Unidade de Lesão não está disponível para os pacientes. Apesar da possibilidade
que esta pesquisa proporcionou em sanar as dúvidas e dificuldades destes
pacientes, surge uma vertente deste estudo que sugere outra pesquisa de forma a
acompanhar o procedimento dos curativos feitos pelos pacientes em suas
residências para que possam ser percebidas outras falhas ou dificuldades que aqui
não foram elucidadas.
Palavras-chave: Percepção. Paciente. Bandagens.
ABSTRACT
This study was a qualitative, descriptive, exploratory and cross and aimed to: identify
and understand how the perceptions of patients with skin lesion as making the
bandage at home. The sample consisted of 16 patients registered at Unit Skin
Lesion. Sampling was intentional. Data collection was conducted through a
questionnaire with closed questions containing personal characteristics and a
roadmap of semi-structured interviews with two open questions regarding the
objectives of the study, which were recorded by a portable recorder and transcribed
in full. The data collected were described under the benchmark Social
Representations and the method used for the analysis of the results was the
collective subject discourse. The research followed the precepts established by
Resolution No. 196/96 of the National Health Council The research results showed
that 100% of participants surveyed the genus most prevalent was female, the
average age was 62 years, 9 years, the time of skin lesion was 12 years, the body
region that was most prevalent lower limbs, chronic diseases that hypertension was
more prevalent in the first and second DM. The manner in which the patient performs
his healing at home are: "Does alone and has no technique," "Lava Lavadinho well
with serum and with gauze wipes", "Put the ointment and closes the injury," "Wash
hands and puts glove or alcohol passes in hand "," Heats serum "," Do not let
contaminate the ointment "," Let the injury a bit wet "and" It depends on what the
doctor orders. " Regarding the perception is: "There is nothing to panic", "At home
does not have all the material," "I have difficulty", "The way to treat people is part of
treatment," "It's different, not wrong," "The injury is more hygienic" and "A very
normal situation." This study allowed us to unravel some difficulties and failures to
implement the dressings on days when the unit is not available for Injury patients.
Despite the possibility that this research provided to remedy the doubts and
difficulties of these patients, there is an aspect of this study suggests that further
search in order to follow the procedure of bandages made by patients in their homes
so they can be perceived failures or other difficulties here have not been elucidated.
Keywords: Perception. Patients. Bandages.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Idéias centrais, sujeitos e freqüências de idéias centrais sobre o
tema: Maneira que o paciente com lesão de pele realiza o seu curativo em
domicílio...................................................................................................................48
Quadro 2 - Idéias centrais, sujeitos e freqüências de idéias centrais sobre o
temas: Percepções do paciente com lesão de pele quanto a autorealização do
curativo em domicílio .............................................................................................53
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Maneira que o paciente com lesão de pele realiza o seu curativo em
domicílio...................................................................................................................52
Figura 2 - Percepções do paciente com lesão de pele quanto a autorealização
do curativo em domicílio ........................................................................................56
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO.............................................................................................13
1.1
INTERESSE PELO TEMA ...........................................................................13
1.2
JUSTIFICATIVA DO ESTUDO.....................................................................14
1.3
PROBLEMATIZAÇÃO .................................................................................16
1.4
OBJETIVOS.................................................................................................16
2
MARCO TEÓRICO CONCEITUAL..............................................................17
2.1
PELE............................................................................................................17
2.2
FERIDA........................................................................................................18
2.3
CICATRIZAÇÃO ..........................................................................................19
2.3.1
Tipos de Cicatrização ................................................................................19
2.3.2
Fases de Cicatrização ...............................................................................19
2.3.2.1 Fase inflamatória .........................................................................................19
2.3.2.2 Fase de exsudação ou fase de limpeza.......................................................20
2.3.2.3 Fase proliferativa .........................................................................................20
2.3.2.4 Fase de remodelagem .................................................................................22
2.4
FATORES QUE INTERFEREM NA CICATRIZAÇÃO .................................23
2.4.1
Relacionados às condições gerais do paciente......................................23
2.4.1.1 Tabagismo ...................................................................................................23
2.4.1.2 Idade 23
2.4.1.3 Nutrição .......................................................................................................24
2.4.1.4 Doenças crônicas ........................................................................................24
2.4.1.5 Terapia medicamentosa associada .............................................................25
2.4.1.6 Relacionados diretamente com a ferida.......................................................25
2.4.1.7 Infecção .......................................................................................................25
2.5
CURATIVO ..................................................................................................26
2.5.1
Objetivos do curativo ................................................................................26
2.5.2
Finalidades do curativo .............................................................................26
2.5.3
Categorias do curativo ..............................................................................27
2.5.4
Tipos de curativos .....................................................................................27
2.5.4.1 Curativo semi-oclusivo .................................................................................27
2.5.4.2 Curativo oclusivo..........................................................................................28
2.5.4.3 Curativo compressivo ..................................................................................28
2.5.4.4 Curativos abertos.........................................................................................28
2.5.5
Classificação do curativo..........................................................................28
2.5.5.1 Curativo pequeno.........................................................................................28
2.5.5.2 Curativo médio.............................................................................................28
2.5.5.3 Curativo grande ...........................................................................................29
2.5.5.4 Curativo extra grande ..................................................................................29
2.5.6
Características do curativo ideal..............................................................29
2.5.7
Fatores que interferem na realização dos curativos ..............................29
2.5.8
Fases do curativo ......................................................................................30
2.5.9
Materiais para curativo ..............................................................................30
2.5.10 Técnicas do curativo .................................................................................31
2.5.11 Limpeza.......................................................................................................31
2.5.12 Técnica limpa e estéril...............................................................................32
2.6
TEORIA DO AUTOCUIDADO DE OREM ....................................................33
2.7
ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DE FERIDAS.....................................33
3
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA ...............................................................36
3.1
CENÁRIO DE ESTUDO...............................................................................36
3.1.1
Local de estudo..........................................................................................37
3.2
DELINEAMENTO DA PESQUISA ...............................................................37
3.2.1
Critérios de inclusão .................................................................................39
3.2.2
Critérios de exclusão.................................................................................40
3.2.2.1 Participante, amostra e amostragem ...........................................................40
3.2.2.2 Pré-teste ......................................................................................................40
3.2.2.3 Instrumento para coleta de dados................................................................41
3.2.2.3.1Procedimento para coleta de dados ............................................................41
3.2.2.3.2Análise dos dados.....................................................................................42
3.3
ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA..........................................................45
4
RESULTADOS ............................................................................................47
4.1
CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES..............................................47
4.1.1
Tema, ideia central e DSC .........................................................................48
5
DISCUSSÃO................................................................................................57
6
CONCLUSÃO..............................................................................................68
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................69
REFERÊNCIAS...........................................................................................72
APÊNDICE A – Características pessoais ................................................77
APÊNDICE B - Solicitação para coleta de dados....................................79
APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...............80
APÊNDICE D - Tabela das características pessoais ..............................82
ANEXO A – Parecer do Comitê ................................................................84
ANEXO B- Instrumento de análise de discurso – I – IAD- 1...................87
ANEXO C- Instrumento de análise de discurso- II- IAD 2 ......................98
13
1
INTRODUÇÃO
A pele é o maior órgão do corpo, representando 15% de seu peso. Trata-se
do manto de revestimento do organismo, que isola os componentes orgânicos do
ambiente externo. Sua complexa estrutura de tecidos de várias naturezas, está
adaptada a exercer diferentes funções, tais como: proteção, termo regulação,
percepção, entre outros (MEIRELES, 2007).
As modificações da pele ocasionadas por traumas, processos inflamatórios,
degenerativos, circulatórios, por distúrbios do metabolismo ou por defeito de
formação, podem gerar as feridas (CUNHA, 2006).
Na história do tratamento de feridas, observa-se uma grande preocupação do
homem em manter sua saúde e integridade física. Quanto aos cuidadores, surgiu a
necessidade da busca por um melhor preparo técnico-científico condizente com as
novas tendências e perspectivas. A enfermagem sempre esteve inserida nesse
papel de principal cuidador de lesões de pele desde seu surgimento como profissão
(BOGAMIL; FERREIRA; TORMENA, 2008).
Os autores colocam ainda que, com o passar dos anos os enfermeiros estão
identificando gradualmente e organizando uma abordagem sistemática e terapêutica
para a pele e cuidados com feridas, alcançando uma autonomia para a profissão
nesta área.
O enfermeiro é o profissional que congrega os demais profissionais para a
tomada de ações conjuntas nas manifestações cutâneas; é também responsável
pelo desenvolvimento de pesquisas científicas sobre os cuidados com a pele em
cada etapa do ciclo vital, atuando sempre pautado em preceitos éticos e legais
(PINTO, 2010).
O cuidado de enfermagem nas feridas é fundamental no que se refere ao
cuidado holístico do paciente, como também desempenha um trabalho de extrema
relevância no tratamento de feridas, uma vez que tem maior contato com o mesmo,
acompanha a evolução da lesão, orienta e executa o curativo (PORTAL
EDUCAÇÃO, 2009).
1.1
INTERESSE PELO TEMA
14
O interesse pelo tema surgiu quando as autoras fizeram voluntariado e ensino
clínico na Unidade de Lesão de Pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza, sendo que
duas foram monitoras da mesma e uma monitora do Centro de Atendimento Irmã
Zenaide Nogueira Leite – Unidade I (CAEnf).
Em experiências vivenciadas durante o ensino clínico e monitoria no CAEnf
percebemos nos pacientes que ali freqüentam, que ao retornarem dos finais de
semana e feriados, toda evolução positiva da lesão adquirida no decorrer da semana
era perdida, havendo, muitas vezes a regressão da mesma.
Ficamos preocupadas, pois conhecemos a atuação da enfermeira nesta
unidade junto dos acadêmicos e monitores da lesão com relação às orientações que
são passadas para os pacientes sobre a importância do cuidado com a lesão.
Durante os curativos é aproveitado o momento para ensinar todo processo de
limpeza e cuidados com a ferida objetivando a reparação tecidual ou melhorando o
aspecto da mesma.
Como acadêmicas e futuras enfermeiras, nos preocupamos com a rápida e
plena cicatrização das lesões que influenciarão no bem-estar e a qualidade de vida
dos mesmos.
Ao pesquisarmos sobre o tema percebemos também que há uma escassez
de estudos sobre o assunto, despertando ainda mais o interesse de conhecer a
realidade desses pacientes e compreender o porquê da piora das lesões.
1.2
JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
No ano de 2010 a população brasileira era de aproximadamente 193.252.604
habitantes, colocando o Brasil em 5ª posição entre os países mais populosos do
mundo, mas de acordo com as projeções da Organização das Nações Unidas
(ONU), o país passará para a oitava posição em 2050 (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE, 2010).
Gonçalves et al. (2010) acrescenta que 3% dessa população apresentam
algum tipo de lesão de pele.
Estima-se que 5% a 10% das úlceras decorrem de isquemia arterial, e que de
80% a 85% são de etiologia venosa. Localizam-se principalmente no dorso do pé,
variando em média 1,5 cm2 de área, no entanto a cicatrização somente é alcançada
em 60% a 80% dos pacientes. O tempo médio de reparação tecidual, juntamente
15
com tratamento médico é de dez semanas, podendo ocorrer recidiva de 13% a 44%
após o primeiro ano e de 60% após dois anos (OLIVEIRA; SOARES; ROCHA,
2010).
A incidência de feridas na sociedade vem aumentando consideravelmente,
sendo de conhecimento por parte dos profissionais de saúde, despertando diversas
discussões sobre o tema. O cuidado aos indivíduos com feridas apresenta um
problema com grandes dimensões, que é vivenciado pelos pacientes e profissionais,
representando dessa forma um desafio a ser enfrentado diariamente (LUCAS;
MARTINS; ROBAZZI, 2008).
Segundo Silva et al (2009), atualmente as feridas crônicas ou feridas
complexas são consideradas problema de saúde pública, sendo que a maioria das
úlceras de perna obedece a causas vasculares, fundamentalmente à insuficiência
venosa 70% a 90% e, menos freqüente, à enfermidade oclusiva arterial e diabetes,
sendo de 10 a 15%.
Para os mesmos autores acima citados, os dados brasileiros são pouco
precisos, estima-se que quase 3% da população nacional são portadores de lesão
que se eleva para 10% nas pessoas com diabetes e quatro milhões de pessoas
aproximadamente são portadoras de lesões crônicas ou têm algum tipo de
complicação no processo de cicatrização, o que requer dos profissionais não só
maiores conhecimentos como também preparo para lidar com o problema.
A principal causa de úlcera de perna é a insuficiência venosa crônica
representando cerca de 70% a 90% dos casos de úlcera venosa, sendo comum na
população idosa com freqüência superior a 4% entre os idosos acima de 65 anos
(CARMO et. al, 2007).
O estudo é de suma importância para identificar de que maneira o paciente
com lesão de pele realiza o seu curativo em domicílio e conhecer as suas
percepções quanto a realização do seu curativo, e assim poderemos orientar de
forma específica, procurando atendê-lo em suas necessidades individuais com o
intuito de melhoria da lesão e de sua recuperação, inserindo-o na sociedade, bem
como no mercado de trabalho.
Esta pesquisa pode sensibilizar os profissionais de enfermagem quanto a
importância de uma atenção especial à realização do curativo desses pacientes com
lesão de pele, e auxiliar os mesmos a obterem conhecimentos e habilidades que
propiciam condições para melhorar a sua qualidade de vida.
16
O presente trabalho contribuirá também no contexto do conhecimento
científico, considerando que o tema em questão ainda é pouco explorado e só
recentemente os profissionais de saúde estão se despertando para a incidência de
pacientes com lesão de pele.
1.3
PROBLEMATIZAÇÃO
As úlceras venosas têm elevada taxa de recidiva, sendo que cerca de 70%
recorrem até o segundo ano após a cicatrização. Portanto, o tratamento dessas
lesões é oneroso para os pacientes e para o serviço público de saúde.
Freqüentemente, pessoas com úlcera de estase convivem com essas lesões por
vários anos, conseqüentemente, os danos gerados por esta doença são bastante
relevantes no que tange ao fator econômico (SILVA et al, 2009).
O elevado número de recidivas das úlceras (66%) constitui um dos problemas
mais importantes na assistência à portadores de insuficiência venosa (CARMO, et.
al. 2007).
O uso de substâncias impróprias para limpeza da ferida e para anti-sepsia e a
compressão exagerada na oclusão ou na limpeza mecânica da lesão podem
interferir na cicatrização (CARVALHO, 2010).
1.4
OBJETIVOS
•
Conhecer de que maneira o paciente com lesão de pele cadastrado na
Unidade de Lesão de Pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza – Unidade II
da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, na cidade de Itajubá-MG,
autorrealiza o curativo em domicílio.
•
Conhecer as percepções do paciente com lesão de pele quanto a
autorrealização do curativo em domicílio
17
2
MARCO TEÓRICO CONCEITUAL
Nesta etapa do trabalho é descrita a pele, definição de ferida e lesão, o
curativo e suas interfaces, o papel da enfermagem no tratamento de feridas, a
cicatrização e os fatores que interferem para tal.
2.1
PELE
A pele é composta de três camadas principais: epiderme (camada externa),
derme (camada intermediária) e hipoderme ou tecido celular subcutâneo (camada
interna) (MEIRELES, 2007).
A epiderme é a camada mais externa da pele, com espessura que varia de
0,04 mm nas pálpebras a 1,6 mm nas regiões palmares e plantares. É avascular,
estratificada, constituída basicamente de 80% de células queratinócitas e cinco
subcamadas: estrato córneo, mais externa; o estrato lúcido; o estrato granuloso; o
estrato espinhoso e o extrato basal, mais interna e liga a epiderme à derme. Nas
camadas inferiores da epiderme estão os melanócitos, células que produzem
melanina, pigmento que determina a coloração da pele (GEOVANINI; OLIVEIRA
JUNIOR; PALERMO, 2008).
A epiderme tem como funções principais a proteção do organismo e a
constante regeneração da pele, impede a penetração de microorganismos ou
substâncias químicas destrutivas, absorve radiação ultravioleta do sol e previne as
perdas de fluidos e eletrólitos. A derme é a camada mais profunda e espessa da
pele, sendo composta de fibroblastos, fibras elásticas e de colágeno, totalizando
95% deste tecido. Esta camada contém vasos sanguíneos, folículos pilosos, vasos
linfáticos, terminações nervosas, órgãos sensoriais, glândulas sebáceas e
sudoríparas, e está dividida em duas subcamadas que são a papilar e a reticular
(GEOVANINI; OLIVEIRA JUNIOR; PALERMO, 2008).
Ainda para os autores acima, a hipoderme ou tecido subcutâneo, que é um
tecido conjuntivo frouxo constituído de tecido adiposo, contribui para impedir a perda
de calor e constitui reserva de material nutritivo, conferindo proteção contra traumas
mecânicos.
18
2.2
FERIDA
Segundo Dealey (2008), ferida é qualquer lesão que leva à ruptura da
continuidade da pele. As feridas têm diversas causas, como: trauma, intencional,
isquemia e pressão.
Para o autor acima, tanto no ferimento traumático quanto no intencional
ocorre ruptura dos vasos sanguíneos, resultando em sangramento, seguido de
formação de coágulos. Nas feridas causadas por isquemia ou pressão, o fluxo
sanguíneo é interrompido pela oclusão local da microcirculação. Segue-se a necrose
do tecido, resultando em formação de úlcera, possivelmente com escaras ou crostas
de tecido necrosado.
Para Geovanini, Oliveira Junior e Palermo (2008), ferida é um termo utilizado
como sinônimo de lesão tecidual, deformidade ou solução de continuidade, podendo
atingir desde a epiderme até estruturas profundas como fáscias, músculos,
aponeuroses, articulações, cartilagens, tendões, ossos, órgãos cavitários e qualquer
outra estrutura do corpo. As feridas podem ser causadas por fatores extrínsecos,
como: incisão cirúrgica e lesões acidentais por corte ou trauma; ou intrínsecos:
feridas produzidas por infecções, úlceras crônicas e vasculares, defeitos metabólicos
e neoplasias.
O rompimento da estrutura e do funcionamento da estrutura anatômica
normal, resultante de um processo patológico que se iniciou interna ou externamente
no(s) órgão(s) envolvido(s) geram as feridas. Assim, as células envolvidas nesta
ferida tendem a se regenerarem para voltar à sua estrutura e função normal
(CUNHA, 2006).
As feridas agudas são feridas traumáticas, como cortes, abrasões, lacerações
e queimaduras. Em geral, os pacientes que apresentam esse tipo de ferida,
respondem rapidamente ao tratamento e suas feridas cicatrizam sem complicações
(DEALEY, 2008).
Após lesão tecidual de qualquer natureza, o organismo desencadeia a
cicatrização, considerado um processo extremamente complexo, composto de uma
série de estágios, interdependentes e simultâneos, envolvendo fenômenos químicos,
físicos e biológicos. Vários processos celulares contínuos e imbricados contribuem
para a restauração da ferida, tais como: regeneração, proliferação celular e
produção de colágeno (BORGES, et. al., 2008).
19
2.3
CICATRIZAÇÃO
Para Coutinho Netto e Mendonça (2009), o processo de cicatrização tem sido
convenientemente dividido em três fases que se sobrepõem de forma continua e
temporal: inflamatória, proliferativa e de remodelagem.
2.3.1 Tipos de Cicatrização
A cicatrização por primeira intenção ocorre quando as bordas da ferida são
discretas, apostas ou aproximadas e há perda pequena de tecido, ausência de
infecção e edema mínimo. A cicatriz é mínima e o processo é mais rápido
(BORGES, 2008; SANTOS, 2001).
Na cicatrização por segunda intenção, há perda excessiva de tecido. O
processo de contração é que aproxima as bordas. Nesse caso, a cicatrização é mais
lenta e produz uma cicatriz significativa (FERNANDES, 2000; UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE CAMPINAS, 2002).
A de terceira intenção ocorre quando há fatores que retardam a cicatrização
de uma lesão inicialmente submetida a um fechamento por primeira intenção. Essa
situação ocorre quando uma incisão é deixada aberta para drenagem do exsudato
podendo ser, posteriormente, fechada (FERNANDES, 2000; SANTOS, 2001).
2.3.2 Fases de Cicatrização
Neste item são descritas as fases de cicatrização das feridas como seguem:
2.3.2.1 Fase inflamatória
Tem a função de controlar o sangramento e efetuar a limpeza da ferida.
Clinicamente, observa-se sangramento controlado, sinais inflamatórios (calor, rubor
e edema) e perda da função local. Duração: de 3 a 6 dias (SANTOS, 2000).
Inicia-se no exato momento da lesão. O sangramento traz consigo plaquetas,
hemácias e fibrina, selando as bordas da ferida, ainda sem valor mecânico, mas
facilitando as trocas. O coágulo formado estabelece uma barreira impermeabilizante
que protege da contaminação. Com a lesão tecidual, há liberação local de histamina,
20
serotonina e bradicinina que causam vasodilatação e aumento de fluxo sanguíneo
no local e, conseqüentemente, sinais inflamatórios como calor e rubor. A
permeabilidade capilar aumenta causando extravasamento de líquidos para o
espaço extracelular, e conseqüente edema (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
A resposta inflamatória, que perdura cerca de três dias, e na qual ocorre a
migração seqüencial das células para a ferida, é facilitada por mediadores
bioquímicos que aumentam a permeabilidade vascular, favorecendo a exsudação
plasmática e a passagem de elementos celulares para a área da ferida. Os
mediadores bioquímicos de ação curta são a histamina e serotonina e as mais
duradouras são a leucotaxina, bradicinina e prostaglandina. A prostaglandina é um
dos mediadores mais importantes no processo de cicatrização, pois além de
favorecer a exsudação vascular, estimula a mitose celular e a quimiotaxia de
leucócitos (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
Os autores acima ainda relatam que os primeiros elementos celulares a
alcançar o local da ferida são os neutrófilos e os monócitos, com a função de
desbridar as superfícies da ferida e fagocitar as partículas antigênicas e corpos
estranhos. O pico da atividade dos polimorfonucleares ocorre nas primeiras 24-48
horas após o trauma, seguindo-se de um maior aporte de macrófagos durante os
dois a três dias seguintes.
2.3.2.2 Fase de exsudação ou fase de limpeza
Para Gomes, Costa e Mariano (2005) esta fase inicia-se imediatamente após
o aparecimento da ferida. Em termos clínicos estamos diante de um local com
inflamação que conduz a um pronunciado exsudato. Nesta fase o organismo inicia a
coagulação, limpa a ferida e protege-a da infecção; os tecidos danificados e os
germes são removidos (fagocitose).
2.3.2.3 Fase proliferativa
Tem a função de preenchimento da ferida com tecido conectivo e cobertura
epitelial. Clinicamente, observa-se tecido de granulação, uma fina camada epitelial e
contração das bordas da ferida. Duração: de 6 dias a 3 semanas (SANTOS, 2000).
21
Tazima, Vicente e Moriya (2008) descrevem a fase proliferativa como se
segue:
É composta de três eventos importantes que sucedem o período de maior
atividade da fase inflamatória: neo-angiogênese, fibroplasia e epitelização. Esta fase
caracteriza-se pela formação de tecido de granulação, que é constituído por um leito
capilar, fibroblastos, macrófagos, um frouxo arranjo de colágeno, fibronectina e ácido
hialurônico. Inicia-se por volta do 3º dia após a lesão, perdura por 2 a 3 semanas e é
o marco inicial da formação da cicatriz.
A neo-angiogênese é o processo de formação de novos vasos sangüíneos,
necessários para manter o ambiente de cicatrização da ferida. Em todas as feridas,
o suprimento sanguíneo dos fibroblastos responsáveis pela síntese de colágeno
provém de um intenso crescimento de novos vasos, caracterizando a cicatrização
por segunda intenção e o tecido de granulação.
Os novos vasos formam-se a partir de brotos endoteliais sólidos, que migram
no sentido da periferia para o centro da ferida, sobre a malha de fibrina depositada
no leito da ferida. A bradicinina, a prostaglandina e outros mediadores químicos
oriundos dos macrófagos, ativados, estimulam a migração e a mitose das células
endoteliais. A neo-angiogênese é responsável não apenas pela nutrição do tecido,
com uma demanda metabólica maior, como também pelo aumento do aporte de
células, como macrófagos e fibroblastos, para o local da ferida.
Na
fibroplasia
após
o
trauma,
células
mesenquimais
normalmente
quiescentes e esparsas no tecido normal, são transformadas em fibroblastos e
atraídas para o local inflamatório, onde se dividem e produzem os componentes da
matriz extracelular. O fibroblasto só aparece no sítio da lesão a partir do 3º dia,
quando os leucócitos polimorfonucleares já fizeram seu papel higienizador da área
traumatizada. A função primordial dos fibroblastos é sintetizar colágeno ainda na
fase celular da inflamação.
A epitelização acontece nas primeiras 24 a 36 horas após a lesão, fatores de
crescimento epidérmicos estimulam a proliferação de células do epitélio. Na pele os
ceratinócitos são capazes de sintetizar diversas citocinas que estimulam a
cicatrização das feridas cutâneas.
As células epiteliais migram, a partir das bordas, sobre a área cruenta da
ferida e dos folículos pilosos próximos, induzindo a contração e a neoepitelização da
ferida e, assim, reduzindo a sua superfície. Os ceratinócitos, localizados na camada
22
basal da epiderme residual ou na profundidade de apêndices dérmicos, revestidos
de epitélio, migram para recobrir a ferida. As células epiteliais movem-se, aos saltos
e desordenadamente, até as bordas, aproximando- as. A epitelização envolve uma
seqüência de alterações nos ceratinócitos da ferida: separação, migração,
proliferação, diferenciação e estratificação.
Gomes, Costa e Mariano (2005), afirmam que nesta fase são geradas novas
células e forma-se o tecido de granulação (uma espécie de tecido temporário para o
preenchimento da ferida). Fibroblastos penetram na ferida em grandes quantidades,
inicia-se a síntese do colágeno e os capilares movem-se para o centro da ferida e
quando estas transformações ocorrem, reduz-se a quantidade de exsudato. A forma
como se apresenta é agora de tecidos vermelho com um bom fluxo sanguíneo.
2.3.2.4 Fase de remodelagem
Tem a função de aumentar a força tênsil da cicatriz. Clinicamente, a cicatriz,
de rosada e alargada, torna-se mais pálida, endurecida e com aspecto fibrótico.
Duração: de 3 semanas a 2 anos (SANTOS, 2000).
Na fase de remodelagem, a ferida sofre um processo de contração, por meio
de um movimento centrípeto de toda a espessura da pele circundante, reduzindo a
quantidade e o tamanho da cicatriz desordenada. Este processo é um importante
aliado da cicatrização das feridas, principalmente nas abertas. Porém, se ocorrer de
forma exagerada e desordenada causa defeitos cicatriciais importantes por causa da
diferenciação dos fibroblastos em miofibroblastos, estimulados por fatores de
crescimento (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
Ainda para Tazima, Vicente e Moriya (2008) a maturação da ferida tem início
durante a 3ª semana e caracteriza-se por um aumento da resistência, sem aumento
na quantidade de colágeno. Há um equilíbrio de produção e destruição das fibras de
colágeno neste período, por ação da colagenase. O desequilíbrio desta relação
favorece o aparecimento de cicatrizes hipertróficas e quelóides. O aumento da
resistência deve-se à remodelagem das fibras de colágeno, com aumento das
ligações transversas e melhor alinhamento do colágeno, ao longo das linhas de
tensão. A fase de maturação dura toda a vida da ferida, embora o aumento da força
tênsil se estabilize, após um ano, em 70 a 80% da pele intacta. A inclinação da curva
de maturação é mais aguda durante as primeiras seis a oito semanas.
23
2.4
FATORES QUE INTERFEREM NA CICATRIZAÇÃO
Vários autores descrevem os fatores locais e sistêmicos que podem
influenciar prejudicialmente o processo cicatricial. São eles:
2.4.1 Relacionados às condições gerais do paciente
Em relação ao paciente, os fatores que prejudicam o processo de cicatrização
são:
2.4.1.1 Tabagismo
Relaciona-se a uma baixa concentração de O2 nos tecidos, o que leva a uma
hipóxia tecidual, afetando a velocidade de cura das feridas. Essa hipóxia perdura por
meses após a interrupção do hábito de fumar (BLANCK, 2008).
Para Gomes, Costa e Mariano (2005), a nicotina altera o funcionamento do
sistema imunológico, as substâncias liberadas pelo cigarro (ou similar) são
citotóxicas, além disso, causam vasoconstricção, favorecem aterosclerose e hipóxia
tecidual, haja vista a diminuição da capacidade de perfusão alveolar.
De acordo com Carvalho (2010), o tabagismo leva a baixa concentração de
oxigênio nos tecidos, podendo afetar a velocidade de cura das feridas. Observa-se
nos fumantes uma propensão em desenvolver úlceras periféricas de origem arterial
e um risco maior para o desencadeamento de necrose nas feridas.
2.4.1.2 Idade
Para Blanck (2008), com a idade ocorre o envelhecimento natural, com
flacidez da musculatura. A pele apresenta sinais de involução por volta dos 40 anos,
sendo mais evidente após 65 anos. Ocorrem alterações estruturais numéricas e
funcionais dos componentes das três camadas da pele, uma redução no número e
na luz dos vasos tornando a pele mais fria, além de diminuição do número de
anticorpos.
24
Segundo Gomes, Costa e Mariano (2005), nos extremos de idade o
funcionamento do sistema imunológico está alterado, ora por imaturidade, ora por
declínio de função.
De acordo com Carvalho (2010), a idade é um dos aspectos sistêmicos mais
importantes como co-fator de risco tanto para a lesão como para a sua manutenção,
ao gerar um profundo impacto no funcionamento de todos os sistemas fisiológicos
corporais. A idade avançada está associada a uma série de alterações nutricionais,
metabólicas, vasculares e imunológicas e, muitas vezes, a doenças crônicas, que
tornam o indivíduo mais suscetível ao trauma e a infecção.
2.4.1.3 Nutrição
De acordo com Blanck (2008), o fator nutrição está relacionado a muitos
casos, como: Índice de Massa Corporal (IMC) que caracteriza a obesidade em
dados antropométricos; controle de valores laboratoriais, como: o hematócrito,
albumina sérica, proteínas totais e fracionadas e a transferina sérica; vitamina A
(aumenta a suscetibilidade às infecções e compromete a estabilidade do colágeno);
vitamina C (interfere na migração de macrófagos, na síntese de fatores de
complemento e imunoglobulina e altera a resposta imunológica); vitamina K
(interfere na síntese dos fatores de coagulação); zinco (retarda a cicatrização e pode
levar o cliente à anorexia).
O estado nutricional é um co-fator sistêmico considerado de grande
importância na área de prevenção e tratamento de feridas. Desnutrição, má
absorção gastrointestinal e dietas inadequadas podem comprometer o aporte
nutricional requerido para a cicatrização. Independente do estado nutricional do
indivíduo, é necessário um aporte maior de nutrientes que são fundamentais na
cicatrização das úlceras, principalmente de proteínas, vitaminas A e C e sais
minerais, como: zinco, selênio, ferro, dentre outros. A anemia tem sido referida como
fator de interferência na reparação da ferida (CARVALHO, 2010).
Para reconstrução tecidual é necessário aporte de nutrientes, especialmente
as proteínas (GOMES; COSTA; MARIANO, 2005).
2.4.1.4 Doenças crônicas
25
Nas doenças crônicas pode-se incluir a hipertensão, diabetes melittus,
hepatopatias, nefropatias, neoplasias, vasculopatias (BLANCK, 2008).
De acordo com Gomes, Costa e Mariano (2005), o diabetes além da
diminuição da resposta imunológica, pode favorecer que os novos capilares sejam
lesados, devido a hiperglicemia.
2.4.1.5 Terapia medicamentosa associada
Inclui-se a utilização de corticóides, agentes citotóxicos, ciclosporina,
penicilina, calcitonina e drogas imunosupressoras que podem até impedir a
cicatrização (BLANCK, 2008).
Para Carvalho (2010), alguns tratamentos sistêmicos podem comprometer o
processo de restauração tecidual, tais como: radioterapia, quimioterapia, esteróides,
drogas antiinflamatórias, corticóides e drogas vasoconstrictoras.
2.4.1.6 Relacionados diretamente com a ferida
Carvalho (2010) afirma que deve-se levar em consideração os aspectos
relacionados à ferida como: o tamanho, a pressão contínua, edema (interfere na
oxigenação e na nutrição), hematoma, trauma, infecção, corpo estranho,
temperatura, umidade, cobertura inadequada, dor, uso de tensoativos (sabões), uso
de anti-sépticos, técnica incorreta na realização dos curativos e presença de tecido
desvitalizado / necrose.
Ainda para o autor acima o estado psicológico, estresse, ansiedade e a
depressão contribuem para a cicatrização deficiente. Também a infecção que
prolonga a fase inflamatória leva à destruição tissular adicional, retarda a síntese de
colágeno e impede a epitelização, uma vez que o microorganismo compete com as
células normais para obtenção de oxigênio e nutrientes, além de liberar seus
produtos tóxicos.
2.4.1.7 Infecção
De acordo com Coloplast (2011), todas as feridas contêm bactérias e mesmo
que a ferida esteja cicatrizando normalmente, uma quantidade limitada de bactérias
26
estará presente. Porém, se a contagem de bactérias aumenta significativamente, a
ferida pode infeccionar. A sobrecarga de bactérias em uma ferida pode levar a uma
infecção grave que requeira tratamento com antibióticos.
Para o autor acima, se a ferida não está cicatrizando, pode ser um sinal de
infecção, onde os sinais clínicos são: odor, aumento da secreção, tecido de
granulação ausente ou anormal e aumento da dor.
Alguns sintomas clínicos adicionais podem surgir se a infecção se espalhar
para os tecidos saudáveis ao redor da ferida. Dependendo do tipo de bactéria, o
exsudato da ferida pode se tornar mais purulento e a pele adjacente à úlcera pode
ficar mais sensível, avermelhada e dolorosa. O paciente também pode apresentar
febre (COLOPLAST, 2011).
2.5
CURATIVO
O curativo é um meio terapêutico que consiste na limpeza e aplicação de uma
cobertura estéril em uma ferida, com a finalidade de prevenir a contaminação ou
infecção, e tem por objetivo promover a rápida cicatrização, eliminando fatores que
possam retardá-la (GOMES, COSTA, MARIANO, 2005).
Os autores acima descrevem sobre os objetivos, finalidades, características,
categorias, tipos e classificação do curativo, conforme seguem:
2.5.1 Objetivos do curativo
• Auxiliar o organismo a promover a cicatrização;
• Eliminar os fatores desfavoráveis que retardam a cicatrização da lesão;
• Diminuir
infecções
cruzadas,
adequados.
2.5.2 Finalidades do curativo
Ao realizar o curativo espera-se:
• Limpar a ferida;
através
de
técnicas
e
procedimentos
27
• Promover a cicatrização;
• Eliminar fatores que possam retardá-la;
• Tratar e prevenir infecções;
• Prevenir contaminação exógena;
• Remover corpos estranhos;
• Proteger a ferida contra traumas mecânicos;
• Promover hemostasia;
• Fazer desbridamento mecânico e remover tecidos necróticos;
• Reduzir edemas;
• Drenar e/ou absorver secreções e exsudatos inflamatórios;
• Diminuir odor;
• Manter a umidade da ferida;
• Fornecer isolamento térmico;
• Diminuir a intensidade da dor;
• Limitar a movimentação em torno da ferida.
2.5.3 Categorias do curativo
Os curativos são categorizados em:
• Curativos primários: colocados diretamente sobre a ferida.
• Curativos secundários: colocados sobre o curativo primário
2.5.4 Tipos de curativos
O tipo de curativo a ser realizado varia de acordo com a natureza, a
localização e o tamanho da ferida. Em alguns casos é necessária uma compressão,
em outros, lavagem exaustiva com solução fisiológica e ainda outros, imobilização
com ataduras.
2.5.4.1 Curativo semi-oclusivo
Este tipo de curativo é absorvente e comumente utilizado em feridas
cirúrgicas, drenos, feridas exsudativas, absorvendo o exsudato e isolando-o da pele
28
adjacente saudável.
2.5.4.2 Curativo oclusivo
O curativo oclusivo não permite a entrada de ar ou fluídos, atua como barreira
mecânica, impede a perda de fluídos, promove isolamento térmico, veda a ferida, a
fim de impedir enfisema e formação de crosta.
2.5.4.3 Curativo compressivo
É utilizado para reduzir o fluxo sangüíneo, promover a estase e ajudar na
aproximação das extremidades da lesão.
2.5.4.4 Curativos abertos
São realizados em ferimentos quando não há necessidade de serem ocluídos,
em feridas cirúrgicas limpas após 24 horas, cortes pequenos, suturas e escoriações.
2.5.5 Classificação do curativo
Classificação realizada de acordo com o tamanho da ferida.
2.5.5.1 Curativo pequeno
Realizado em ferida pequena com aproximadamente 16 cm2. Exemplo:
cateteres venosos e arteriais, cicatrização de coto umbilical, fístulas anais,
flebotomias
e/ou
subclávia/jugular,
hemorroidectomia,
pequenas
incisões,
traqueotomia, cateter de diálise e intermitente.
2.5.5.2 Curativo médio
Realizado em ferida média, variando de 16,5 a 36 cm2. Exemplo: Cesáreas
infectadas, incisões de dreno, lesões cutâneas, abscessos drenados, escaras
infectadas, outros.
29
2.5.5.3 Curativo grande
Realizado em ferida grande, variando de 36,5 a 80 cm2. Exemplo: Incisões
contaminadas, grandes cirurgias – incisões extensas (cirurgia torácica, cardíaca),
queimaduras (área e grau), toracotomia com drenagem, úlceras infectadas, outros.
2.5.5.4 Curativo extra grande
Realizado em ferida grande, com mais de 80 cm2. Exemplo: Todas as
ocorrências de curativos extragrandes deverão obrigatoriamente constar de
justificativa médica.
Em Protocolo Clínico/Feridas (2010) são descritas as características, fatores
que interferem, fases, materiais necessários e técnicas do curativo, como seguem:
2.5.6 Características do curativo ideal
• Manter a umidade na interface ferida/curativo;
• Manter equilíbrio entre a absorção e hidratação;
• Promover isolamento térmico;
• Agir como barreira à entrada de microrganismos;
• Promover a permeabilidade seletiva para entrada de oxigênio;
• Possibilitar a troca sem traumas para o tecido;
• Proporcionar conforto físico e psicológico;
• Proporcionar o fechamento progressivo da ferida, resultando na cicatrização.
2.5.7 Fatores que interferem na realização dos curativos
• Respeito à individualidade do paciente;
• Orientações sobre o procedimento;
• Área física adequada, com boa luminosidade e que preserve a intimidade do
paciente;
• Condições adequadas de higiene, esterilização, de acordo com as medidas
de biossegurança;
30
• Presença de materiais e medicamentos especiais de acordo com as
características da lesão e indicação clínica;
• Descarte de materiais e medicamentos de acordo com as medidas de
biossegurança;
• Periodicidade de troca e incentivo ao autocuidado;
• Interação familiar.
2.5.8 Fases do curativo
• Remoção do curativo anterior;
• Limpeza da ferida;
• Tratamento da lesão;
• Proteção da ferida.
2.5.9 Materiais para curativo
• Instrumentais: (pinça Kelly ou tipo Pean, pinça anatômica e/ou pinça mosquito
e tesoura e Mayo ou Iris);
• Gazes estéreis;
• Solução fisiológica de cloreto de sódio a 0,9 %;
• Agulha 40 x 12 ou 25 x 8;
• Seringa de 10 ou 20 ml;
• Luvas de procedimento;
• Equipamentos de Proteção Individual (óculos, máscaras, luvas, etc.);
• Saco plástico para lixo (cor branca);
• Esparadrapo, micropore ou similar;
• Cuba rim ou bacia;
• Espátula de madeira;
• Ataduras de crepom;
• Curativos especiais;
• Coberturas.
31
2.5.10 Técnicas do curativo
• Lavagem das mãos;
• Limpeza adequada da ferida;
• Utilização de técnica limpa ou técnica estéril dependendo do tipo de lesão;
• Cumprimento das normas de biossegurança e precaução padrão;
• Avaliação do paciente;
• Avaliação da ferida – localização, tamanho, tipos de tecidos e exsudato, pele
perilesional ou periestoma;
• Realização de desbridamento se necessário;
• Escolha da cobertura primária e secundária, de acordo com avaliação da
ferida;
• Aplicação de escala de predição de risco para úlcera por pressão;
• Registro e documentação das ações e resultados, bem como reavaliação
periódica.
2.5.11 Limpeza
Limpeza é o ato de tirar sujidades, contudo a limpeza das feridas é a remoção
do tecido necrótico, da matéria estranha, do excesso de exsudato, dos resíduos de
agentes tópicos e dos microrganismos existentes nas feridas, objetivando a
promoção e preservação do tecido de granulação. A técnica ideal de limpeza para a
ferida é aquela que respeita o tecido de granulação, preserva o potencial de
recuperação, minimiza o risco de trauma e/ou infecção (PEREIRA, 2006).
Para a limpeza do leito da ferida a técnica ideal é a irrigação com jatos de
solução fisiológica a 0,9% morna e não havendo disponibilidade de equipamento
adequado para aquecimento e controle da temperatura do frasco da solução
fisiológica, utilizá-la em temperatura ambiente (PIMENTEL, 2006).
Para Rossi (2010), a limpeza da ferida deve ser realizada utilizando-se água
corrente ou solução fisiológica aquecida, para remover sujidades e tecidos
desvitalizados soltos no leito da ferida. Para tanto, devem ser utilizados materiais
macios, como esponjas e gazes, desde que não haja prejuízo de tecidos viáveis
(como tecido de granulação ou já epitelizados).
32
2.5.12 Técnica limpa e estéril
Ferreira e Andrade (2008) descrevem a técnica limpa e estéril da seguinte
maneira:
A temática envolvendo técnica limpa e estéril começou na década de 70, do
século XX, quando Jack Lapides introduziu o conceito de cateterização vesical
intermitente com a técnica limpa. Seu trabalho foi considerado ousado e radical,
tanto por profissionais de medicina como de enfermagem. O uso de técnica estéril
tem sido frequentemente questionado em várias áreas.
Particularmente, em relação ao cuidado de feridas, há pouco consenso no
que concerne ao uso de pinças ou de luvas de procedimentos ou esterilizadas, ao
tipo de solução e de cobertura. A escassez de pesquisas que buscam a sustentação
científica dessas e outras práticas assistenciais, sem dúvida, fortalece a execução
de procedimentos baseados em mitos e rituais.
Mesmo assim, os textos básicos de enfermagem orientam a realização do
curativo da área mais limpa para a mais contaminada e, para alcançar esse objetivo,
deve-se utilizar pinças esterilizadas que servirão tanto para a remoção do curativo
antigo como para a sua realização. Alguns livros-texto de enfermagem são
unânimes em descrever a técnica de curativo em passos seqüenciais com suas
respectivas justificativas, com ênfase no controle de infecção da ferida.
Apesar do expressivo envolvimento de entidades internacionais, ainda é
polêmica a indicação da técnica limpa e estéril na realização de vários
procedimentos, entre eles, o curativo.
Nesse particular, parece haver consenso na execução de algumas práticas de
assepsia, seja na técnica limpa ou estéril. Assepsia, portanto, é definida como a
redução da contaminação microbiana de tecidos vivos, fluidos ou materiais pela
exclusão, remoção ou morte dos microrganismos. A técnica asséptica é uma
expressão coletiva para os métodos utilizados para a assepsia.
Em geral, a técnica estéril envolve condutas que reduzem ao máximo a carga
microbiana por meio da utilização de insumos e objetos livres de microrganismos a
saber: a lavagem das mãos, o uso de campo, luvas, instrumentais e coberturas
esterilizadas. Nessa técnica, é possível tocar aquilo que é estéril com outro material
33
ou objeto também esterilizado. O rompimento da barreira ou o contato com qualquer
outra superfície ou produto não esterilizado deve ser evitado.
A despeito da técnica limpa, é recomendado o uso de luvas de procedimento
e instrumentais estéreis, somados aos princípios de assepsia, o que inclui o
ambiente e as mãos. Tal técnica pode ser denominada como não-estéril.
2.6
TEORIA DO AUTOCUIDADO DE OREM
Conforme Orem apud Siva et al. (2011), o autocuidado é indispensável para a
sobrevivência da pessoa, e o enfermeiro deve preocupar-se em ensinar o
autocuidado, ou seja, levar a pessoa a cuidar de si, desempenhando atividades para
o seu próprio bem, com objetivo de manter a sua vida e o seu bem-estar e reintegralo para a sociedade.
Quando as pessoas são capazes, elas cuidam de si mesmas. Porém quando
são incapazes de proporcionar o autocuidado, apresentam o déficit de autocuidado
(OREM apud SILVA et. al., 2011).
O desenvolvimento e a operabilidade das capacidades de autocuidado podem
ser afetados, além de outros fatores, pela cultura, experiência de vida, estado de
saúde, padrões de vida, doenças, sistema familiar, idade, gênero e escolaridade.
Uma pessoa que tem a capacidade e o potencial de satisfazer as necessidades de
saúde é conhecida como agente de autocuidado (SILVA, et. al. 2011).
2.7
ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DE FERIDAS
Segundo Ferreira, Bogamil e Tormena (2008), as pesquisas sobre tratamento
de
feridas
recebem
grande
destaque
nas
publicações
de
enfermagem,
demonstrando que a responsabilidade do tratamento e prevenção de feridas vem
sendo atribuída ao enfermeiro, devendo ele avaliar a lesão e prescrever o
tratamento mais adequado, além de orientar e supervisionar a equipe de
enfermagem na execução dos curativos. É importante considerar que o tratamento
não deve ser dirigido somente à lesão, mas também ao indivíduo como um todo.
São atribuições do enfermeiro frente ao curativo: realizar consulta de
enfermagem; definir a cobertura a ser utilizada em conjunto com o médico
especialista; fornecer assistência aos pacientes nas fases pré, trans e pós-operatória
34
imediata, mediata e tardia, objetivando o autocuidado; realizar o curativo;
desenvolver medidas preventivas e curativas relacionadas às complicações
precoces e tardias; realizar assistência domiciliar, quando necessário; planejar,
gerenciar, coordenar e avaliar a conduta; orientar os auxiliares/técnicos de
enfermagem para o acompanhamento dos casos em tratamento; desenvolver ações
educativas e atividades de ensino (CARVALHO, 2010).
O enfermeiro deve desenvolver competências e habilidades para promover
um cuidado essencial e de qualidade, seja ele de prevenção ou tratamento. Seu
olhar cuidadoso, sensível e especializado somado ao conhecimento, habilidades e
competências técnicas gera um comportamento para promoção à saúde nos
cuidados com a pele, dessa forma prevenindo o aparecimento de lesões ou agravos,
recuperando e reabilitando a forma e as funções da pele, sempre baseadas em
evidências clínicas que integrem um modelo assistencial de impacto (PINTO, 2010).
Os cuidados de enfermagem nas feridas, seja em serviços de atenção
primária, secundária ou terciária, deve manter a observação intensiva com relação
aos fatores locais, sistêmicos e externos que condicionam o surgimento da ferida ou
interfiram no processo de cicatrização. Para tanto, é necessária uma visão clínica
que relacione alguns pontos importantes que influenciam neste processo, como o
controle da patologia de base (hipertensão, diabetes mellitus), aspectos nutricionais,
infecciosos, medicamentosos e, sobretudo, o rigor e a qualidade do cuidado
educativo. Vale salientar, ainda, a importância da associação dos curativos que
serão utilizados a partir da sistematização do tratamento e de acordo com os
aspectos e evolução da ferida (PORTAL EDUCAÇÃO, 2009).
De acordo com a Lei do Exercício Profissional nº. 7498/86, e o Decreto nº.
94.406 de 8 de julho de 1987 que regulamenta o exercício de Enfermagem, em seu
artigo 8º afirma que ao enfermeiro incube como integrante da equipe de saúde e a
“participação nos programas de treinamento e aprimoramento de profissionais de
saúde, particularmente nos programas de educação continuada que é parte atuante
nessas modificações.” O profissional de enfermagem deve ter conhecimento técnico
para propiciar um tratamento adequado ao cliente na sua recuperação, reabilitação,
na promoção de saúde e prevenção de agravos (CARNEIRO; SOUZA; GAMA,
2010).
Segundo Conselho Regional de Enfermagem - COREN-MG (2009), a
deliberação 65/00 dispõe sobre a competência dos profissionais na prevenção e o
35
tratamento das lesões cutâneas. Delibera no Art. 1º, a competência do profissional
de enfermagem em: realizar a consulta de Enfermagem (exame clínico: entrevista e
exame físico) do cliente/paciente, portador de lesão ou daquele que corre o risco de
desenvolvê-la; prescrever e orientar o tratamento; solicitar exames laboratoriais e de
raio X, quando necessários; realizar o procedimento de curativo (limpeza e
cobertura); realizar o desbridamento, quando necessário.
E em seu parágrafo único: O tratamento das lesões deve ser prescrito pelo
profissional enfermeiro, preferencialmente pelo especialista na área (COREN-MG,
2009).
36
3
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA
Esta parte da pesquisa aborda o cenário, local e delineamento do estudo e os
aspectos éticos da pesquisa.
3.1
CENÁRIO DE ESTUDO
Este estudo foi realizado na cidade de Itajubá-MG, que de acordo com a
Prefeitura Municipal de Itajubá (2011), foi fundada em 19 de março de 1819,
situando-se no sul do Estado de Minas Gerais, numa altitude de 1746 metros no seu
ponto mais alto e de 830 metros no ponto mais baixo, acima do nível do mar, sendo
que a área urbana, sem considerar os morros, fica numa altitude média de 842
metros. Ocupa uma área de 290,45 Km² de extensão, com população de 90.812
habitantes, de acordo com o IBGE de 2006, o equivalente a 312,65 hab./km², numa
taxa anual de crescimento de 1,26% habitantes por ano.
A Prefeitura Municipal de Itajubá (2011) descreve a cidade, como segue:
A cidade possui 57 bairros limitando-se, ao norte, com os municípios de: São
José do Alegre e Maria da Fé; ao Sudeste, Wenceslau Brás e Sudoeste com o de
Piranguçu; a Oeste, Piranguinho e a Leste com Delfim Moreira, exercendo influência
direta sobre 14 municípios da micro-região, sendo a sua população equivalente a
0,47% da população mineira.
O município é privilegiado em relação à localização, não só por estar inserido
em uma rede urbana formada por prósperas cidades de porte médio, cujo acesso é
feito pela BR459, mas também devido à sua posição em relação as grandes capitais
da região sudeste: Belo Horizonte (445 Km), São Paulo (261 Km), Rio de Janeiro
(318 Km)
O clima de Itajubá é variado, ocorrendo, às vezes, no mesmo dia, pela manhã
e tarde, o calor de verão e, à noite, uma da temperatura mais baixa, porém o
termômetro não atinge as altas ou baixas excessivas, como ocorre na vizinha Maria
da Fé, onde no inverno, o frio chega há alguns graus abaixo de zero.
Itajubá é conhecida como “cidade universitária” devido as várias escolas de
ensino superior que possui e uma delas é a Escola de Enfermagem Wenceslau Braz
que norteia seu curso de graduação em enfermagem em três vertentes: ensino,
37
pesquisa e extensão a comunidade. Uma das extensões é a Unidade de Lesão de
Pele.
3.1.1 Local de estudo
O local escolhido para este estudo foi a Unidade de Lesão de Pele Enfermeira
Isa Rodrigues de Souza – Unidade II da EEWB, por ser de fácil acesso das
pesquisadoras e lá freqüentar o número suficiente de pacientes que são objetos de
estudo desta pesquisa.
De acordo com a Escola de Enfermagem Wenceslau Braz (2011) a Unidade
de Lesão de Pele Enfª Isa Rodrigues de Souza é uma entidade filantrópica, que
atende diariamente pacientes portadores de feridas crônicas de várias etiologias
para avaliações das lesões, realização de curativos e orientações para o
autocuidado. A unidade tem como objetivo o tratamento de Lesões de Pele, tendo
como finalidade tratar de pacientes com diversos tipos de lesões, utilizando novas
tecnologias, prestando-lhes assistência integral por meio de uma abordagem
inovadora.
A unidade é composta por 1 enfermeira, cerca de 5 a 15 monitores
(acadêmicos aprovados no processo seletivo) e atende um número médio de 22
pacientes, realizando aproximadamente 1000 curativos mensais. Possui 5 salas,
onde os curativos são realizados individualmente respeitando a privacidade de cada
paciente. A unidade ainda contempla um ambiente para desinfecção, uma sala de
esterilização, almoxarifado, sala de espera, sala da enfermagem e recepção.
3.2
DELINEAMENTO DA PESQUISA
O presente estudo foi de abordagem qualitativa, do tipo descritivo,
exploratório e transversal.
Segundo Brevidelli e Domenico (2006), determinados problemas de pesquisa
não podem ser respondidos quantitativamente porque não se busca estabelecer
\relações entre variáveis ou verificar empiricamente hipóteses. Quando existe a
intenção de buscar significados e interpretá-los a partir de um contexto próprio,
natural, delineia-se a abordagem qualitativa do estudo. As características da
pesquisa qualitativa:
38
•
Tem o ambiente natural como fonte direta dos dados e o pesquisador como
instrumento- chave;
•
É descritiva, isto é, os resultados são expressos em narrativas, descrições,
figuras, declarações de pessoas, quadros esquemáticos;
•
Os pesquisadores qualitativos estão preocupados com o processo e não
simplesmente com os resultados e o produto, ou seja, o fenômeno é avaliado
em suas relações, no conhecimento dos seus aspectos evolutivos, forças que
interagem, entre outros aspectos de natureza subjetiva;
•
Os pesquisadores qualitativos tendem a analisar seus dados indutivamente. A
indução é um processo pelo qual se chega a proposições gerais, ou seja,
parte de premissas de fatos observados para chegar a uma conclusão sobre
fatos ou situações não observadas;
•
O significado é a preocupação essencial na abordagem qualitativa: os
pesquisadores buscam detectar os significados que as pessoas dão aos
fenômenos.
Caberá ao pesquisador instrumentalizar-se para traçar o desenho de estudo,
considerando que executar uma pesquisa de abordagem qualitativa compreende
adquirir a capacidade de interpretação dos fatos além do foco específico, isto é,
ampliada para analisar palavras/idéias e realidades múltiplas (BREVIDELLI;
DOMENICO, 2006).
Para Andrade (2003), na pesquisa descritiva, os fatos são observados,
registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador
interfira neles. Isto significa que os fenômenos do mundo físico e humano são
estudados, mas não manipulados pelo pesquisador. Uma das características da
pesquisa descritiva é a técnica padronizada da coleta de dados, realizada
principalmente através de questionários e da observação sistemática.
Para Brevidelli e Domenico (2006), a pesquisa exploratória tem como objetivo
a busca por informações apuradas a respeito de sujeitos, grupos, instituições ou
situações a fim de caracterizá-los e evidenciar um perfil. Em algumas situações, o
pesquisador tem interesse em estudar um fenômeno desconhecido ou pouco
conhecido, explorando dados para construir um cenário. Entretanto, não apenas
explorar dados, mas descrever dados e verificar a existência de relações entre
variáveis.
39
Na pesquisa exploratória busca-se descobrir se existe ou não um fenômeno,
sendo utilizado quando o pesquisador quer investigar tópicos onde existe pouco
conhecimento, sendo o objetivo da investigação o próprio método de investigação
(PEREIRA, 2007).
Os estudos transversais são dados coletados com um ou mais grupos de
sujeitos em um momento particular do tempo (BREVIDELLI; DOMENICO, 2006).
Segundo Dyniewicz (2007), a pesquisa transversal é quando a exposição e o
desfecho são avaliados juntamente num mesmo ponto no tempo. No momento do
estudo, os participantes da pesquisa já estão sendo avaliados. A exposição e o
desfecho já ocorrem e são aferidos em um mesmo momento, não havendo período
de seguimento ou observação, nem mesmo como definir com exatidão a seqüência
temporal dos eventos estudados.
Optamos por esta abordagem, pois nos permitiu identificar de que maneira o
paciente com lesão de pele realiza o seu curativo em domicílio e conhecer as suas
percepções quanto a realização do seu curativo.
3.2.1 Critérios de inclusão
Segundo Duarte (2002), a definição dos critérios, segundo os quais serão
selecionados os participantes que irão compor o universo de investigação, interfere
diretamente na qualidade das informações a partir das quais será possível construir
a análise e chegar à compreensão mais ampla do problema delineado.
Foram incluídos nesta pesquisa os pacientes:
• Com idade maior ou igual a 18 anos, independente do gênero;
• Cadastrados na Unidade de Lesão de Pele Enfª Isa Rodrigues de Souza com
lesão de qualquer etiologia e independente do local há pelo menos 6 meses,
pois do ponto de vista quantitativo toda e qualquer pessoa é capaz de
representar algo vivenciado a partir de seis meses de convivência com aquela
situação (MONTEIRO, 2005);
• Que realizam os seus próprios curativos nos finais de semana e feriados em
ambiente domiciliar;
• Concordaram em participar da pesquisa.
40
3.2.2 Critérios de exclusão
Os critérios de exclusão foram aqueles que não se enquadraram aos critérios
de inclusão descritos acima.
3.2.2.1 Participante, amostra e amostragem
Os participantes da pesquisa foram os pacientes cadastrados na Unidade de
Lesão de Pele Enfª Isa Rodrigues de Souza. A amostra de início seria constituída de
20 pacientes, porém no decorrer do ano de execução da pesquisa houve altas de
um número significativo de pacientes da Unidade de Lesão de Pele. Estes foram
encaminhados para outras unidades de saúde, devido sobrecarga de atendimento
na referida instituição. Dessa forma, os pacientes que se enquadravam nos critérios
de inclusão foram um número inferior à amostra inicial, pois segundo Lefévre;
Lefévre (2002) a proposta de amostra para a realização com pesquisas envolvendo
o DSC deve ser de 20 sujeitos. Entretanto, essa amostra pode ser reduzida, caso o
tamanho dessa amostra não seja disponível, pois o importante são os discursos.
Dessa forma, a amostra ficou sendo constituída de 16 participantes.
Segundo Brevidelli e Domenico (2006), a amostra é uma parte da população
de estudo que pode ser obtida de acordo com uma determinada técnica de
amostragem.
A amostragem é o processo de seleção de uma porção da população para
representar toda a população.(POLIT; BECK; HUNGLER, 2004). A amostragem foi
do tipo intencional.
Para os mesmos autores acima, a amostragem intencional é baseada no
conhecimento do pesquisador sobre a população e pode ser usado para selecionar
os casos a serem incluídos na amostra. O pesquisador pode decidir selecionar,
propositalmente, a maior variedade possível de respondentes ou particularmente
conhecedores do assunto estudado. A amostragem de um modo subjetivo, no
entanto, não proporciona métodos externos, objetivos, para investigar a tipicidade
dos sujeitos selecionados.
3.2.2.2 Pré-teste
41
Foi realizado o pré-teste com três pacientes cadastrados na Unidade de
Lesão de pele Enfª Isa Rodrigues de Souza de Itajubá, que estavam dentro dos
critérios de elegibilidade e fizeram parte da amostra.
Segundo Lakatos e Marconi (2001), o pré-teste tem como uma das principais
funções, testar o instrumento de coleta de dados e pode evidenciar se ele apresenta
ou não 3 elementos de suma importância:
•
Fidedignamente;
•
Validade;
•
Operatividade.
O pré-teste é sempre aplicado para uma amostragem reduzida, cujo processo
para a seleção é idêntica ao previsto para a execução da pesquisa, mas os
elementos entrevistados não poderão figurar na amostra final (para evitar
“contaminação”). Muitas vezes descobre-se que a seleção é por demais “viciada”.
Em suma, inadequada, necessitando ser modificada. A aplicação do pré-teste é
também um bom teste para os pesquisadores e permite a obtenção de uma
estimativa sobre os futuros resultados, podendo, inclusive alterar hipóteses,
modificar variáveis e a relação entre elas (LAKATOS, MARCONI, 2001).
Nesta pesquisa não houve necessidade de ajustar o instrumento.
3.2.2.3 Instrumento para coleta de dados
Os instrumentos elaborados para a coleta de dados foram: um questionário
fechado contendo características pessoais e um roteiro de entrevista semiestruturada com duas questões abertas referentes aos objetivos do estudo, que
foram gravadas através de um gravador portátil (APÊNDICE A).
3.2.2.3.1 Procedimento para coleta de dados
Entramos em contato com o diretor técnico da Unidade de Lesão de Pele
Enfermeira Isa Rodrigues de Souza – Unidade I, da Escola de Enfermagem
Wenceslau Braz para expormos sobre os objetivos da pesquisa realizada e assim
conseguimos autorização para realizá-la (APÊNDICE B).
42
A autorização foi oficializada através da assinatura na Folha de Rosto para
Pesquisa Envolvendo Seres Humanos.
De posse desse documento, encaminhamos o projeto de pesquisa ao Comitê
de Ética e Pesquisa da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz (EEWB), localizada
na cidade de Itajubá, Minas Gerais, para a devida aprovação.
Brevidelli e Domenico (2006), colocam que esta etapa é fundamental quando
seres humanos estão envolvidos na realização da pesquisa e, sendo assim, poderão
surgir questões éticas. Considerando esse conceito, todo pesquisador deve analisar
os riscos e benefícios que podem ser gerados pelo estudo e, primordialmente, deve
proteger os sujeitos humanos que estão envolvidos nele.
Após aprovação do Comitê de Ética (ANEXO A) entramos em contato com a
enfermeira responsável pela Unidade de Lesão de Pele expondo-lhe os objetivos da
pesquisa e assim agendamos um encontro com os participantes que atendiam aos
critérios de elegibilidade para solicitarmos sua participação na pesquisa.
Após a compreensão sobre todos os dados referentes à pesquisa, inclusive
dos objetivos da mesma, da privacidade das informações fornecidas, seu anonimato,
de assegurar quanto a retirar-se da pesquisa quando desejassem, sem sentir-se
constrangidos por isto e sem que lhe fosse causado nenhum dano, oficializamos
com a assinatura no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE C).
Para a coleta de dados escolhemos uma sala reservada da Unidade (Sala de
Enfermagem) propiciando um ambiente sem ruídos e respeitando dia e horários
estabelecidos pelos pacientes. Optamos em realizar a entrevista na Unidade de
Lesão evitando assim transtornos domiciliares aos mesmos. Pedimos permissão
para gravar a entrevista conforme recomenda a metodologia do estudo.
3.2.2.3.2 Análise dos dados
Os dados foram descritos sob o referencial das Representações Sociais (RS)
e o método escolhido para análise foi o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC).
A
Enfermagem
vem
utilizando
os
pressupostos
da
Teoria
das
Representações Sociais (TRS) desde a década de 80, buscando compreender os
aspectos psicossociais que nos emergem vários objetos de investigação que ela
focaliza (ABRANTES; FIGUEIREDO, 1996).
43
Deste modo, ainda para Abrantes, Figueiredo (1996), a TRS apresenta
grande aderência aos objetos de estudo na área de Enfermagem, uma vez que ela
consegue apreender os aspectos mais subjetivos que permeiam os problemas
inerentes a essa área.
Moscovici (1978), afirma que as representações sociais consistem na maneira
de interpretar a nossa realidade cotidiana, uma forma de conhecimento social, ao
associar a atividade mental desenvolvida pelos indivíduos e os grupos para fixar sua
posição em relação à situação, acontecimentos, objetos e comunicação que lhes
dizem respeito.
Para Jodelet (1989), as representações sociais (RS) são uma forma de
conhecimento socialmente elaborado e partilhado, tendo uma visão prática e
concorrendo para a construção de uma realidade comum a um conjunto social.
Essa autora ainda ressalta que toda representação social é a representação
de algo e de alguém. Ela não é nem o duplo do real, nem do ideal, nem a parte
subjetiva do objeto, nem a parte objetiva do sujeito. Ela é o processo pelo qual se
estabelece a sua relação.
Em síntese, as Representações Sociais são uma forma de conhecimento
prático – o saber do senso comum que tem por finalidade estabelecer uma ordem
que permita aos indivíduos se orientar em seu mundo e dominá-lo, possibilitando a
comunicação entre os membros de um determinado grupo (SPINK, 1989).
Para identificar de que maneira o paciente com lesão de pele, cadastrado na
Unidade de Lesão de Pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza – Unidade II da
Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, na cidade de Itajubá-MG, realiza o seu
curativo em domicílio e conhecer as suas percepções quanto a essa realização sob
o referencial das Representações Sociais, a opção pela abordagem qualitativa foi o
melhor caminho, e o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) constituiu no método
escolhido para construção dos significados, permitindo a aproximação com o
fenômeno em estudo.
Lefévre; Lefévre; Teixeira (2000), definem que o DSC é uma estratégia
metodológica com a finalidade de tornar mais clara uma determinada representação
social e o conjunto das representações que constituem um dado imaginário. Por
meio desse modo discursivo é possível visualizar a representação social, na medida
em que ela aparece sob a forma (artificial) de quadros, tabelas e categorias, mas
sob a forma mais viva e direta de um discurso, que é o modo como os indivíduos
44
reais e concretos pensam: O DSC é então uma forma de expressar diretamente a
representação social de um dado sujeito. Se o pensamento coletivo pode ser visto
como um conjunto de discursos sobre um dado tema, o DSC visa a iluminar o
conjunto de individualidades semânticas, próprias do imaginário social. Em suma, o
DSC é uma maneira destinada a fazer a coletividade “falar” diretamente.
Segundo Lefévre; Lefévre; Teixeira (2000) para a elaboração do DSC são
criadas três figuras metodológicas:
Expressões-Chave (ECH): São partes ou todo o conteúdo das transições
literais do discurso de cada sujeito, que devem ser identificados e a seguir
destacados (sublinhados, coloridos ou iluminados) pelo pesquisador, e que revelam
a essência do discurso ou a teoria subjacente.
Idéias Centrais (IC): É o nome ou expressão lingüística que revela e descreve
da maneira mais sintética, precisa e fidedigna possível o sentido de cada um dos
discursos analisados e de cada conjunto homogêneo de ECH, que posteriormente
vai dar origem ao DSC. É importante assinalar que as IC não são uma interpretação,
mas uma descrição do sentido do depoimento, revelando “o que foi dito”, por meio
de descrições indiretas ou mediadas que revelam o tema do depoimento ou “sobre o
quê” o sujeito enunciador está falando. Neste último caso será preciso, após a
identificação do tema, reconhecer as IC correspondentes.
Discurso do Sujeito Coletivo (DSC): É um discurso redigido na primeira
pessoa do singular e composto pelas ECH que têm as mesmas IC ou AC.
Segundo Lefévre, Lefévre e Teixeira (2000), “o DSC, como técnica de
processamento de dados com vistas a obtenção do pensamento coletivo, dá como
resultado um painel de discursos de sujeitos coletivos, enunciados na primeira
pessoa do singular, juntamente para sugerir uma pessoa coletiva, falando como se
fosse um sujeito individual de discurso”. É fácil perceber esta maneira de
apresentação de resultados, pois confere grande naturalidade, espontaneidade e
vivacidade ao pensamento coletivo, o que contrasta muito com as formas clássicas
de apresentação de resultados.
Considerando a exposição anterior esquematicamente, encontram-se listados
a seguir os passos necessários para se chegar à construção dos DSCs. Tendo sido
todas as entrevistas gravadas e transcritas para a tabulação de dados, seguiram-se
rigorosamente os seguintes passos:
45
As questões foram analisadas isoladamente, isto é, de início analisada a
questão 1 de todos os participantes entrevistados e a seguir a questão 2. Dessa
forma, o primeiro passo consistiu em copiar integralmente o conteúdo de todas as
respostas referentes a questão 1 no Instrumento de Análises de Discurso 1 ( IAD1) (ANEXO B) na coluna e ECH no quadro de apresentação, o mesmo ocorreu com a
questão 2.
Identificadas e agrupadas as IC de mesmo sentido, de sentido equivalente ou
complementar, foi “etiquetado” cada grupo: 1, 2, 3 e assim por diante.
Denominado cada um dos agrupamentos 1, 2, 3 e outros, o que na realidade
implicaram em criar uma idéia central que expressassem da melhor maneira
possível todas as IC do mesmo sentido evidentemente facilitou o processo.
Para a construção do DSC foi preciso utilizar o Instrumento de Análise de
Discurso 2 - IAD2 (ANEXO C). Foi construído um DSC para cada agrupamento
identificado no passo anterior. Portanto, foram utilizados tantos IAD2s quantos foram
os agrupamentos.
Não foi usado a ancoragem por não interferir na análise e todos os passos
foram seguidos conforme recomenda (LEFÉVRE, LEFÉVRE, 2002).
3.3
ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA
De acordo com Brasil, Conselho de Saúde (2008), Resolução n° 196/96 do
Ministério da Saúde de 14 de janeiro de 1987, a eticidade da pesquisa implica em:
• Consentimento livre e esclarecido dos indivíduos-alvo. Neste sentido, a
pesquisa envolvendo seres humanos deve sempre tratá-los em sua
dignidade,
respeitá-los
em
sua
autonomia
e
defendê-los
em
sua
vulnerabilidade;
• Ponderação entre riscos e benefícios, tanto atuais como potenciais,
individuais ou coletivos, comprometendo-se com o máximo de benefícios e o
mínimo de danos e riscos;
• Garantia de que danos previsíveis sejam evitados;
• Relevância social da pesquisa com vantagens significativas para os
participantes da pesquisa e minimização do ônus para os participantes
vulneráveis, o que garante a igual consideração dos interesses envolvidos,
não perdendo o sentido de sua destinação sócio- humanitária;
46
A pesquisa, em qualquer área do conhecimento, envolvendo seres humanos,
deverá observar as seguintes exigências:
• Ser realizada somente quando o conhecimento que se pretende obter não
possa ser obtido por outro meio;
• Contar com o consentimento livre e esclarecido do sujeito da pesquisa e/ou
seu representante legal;
• Garantir anonimato e total sigilo, assegurando a privacidade das informações
fornecidas;
• Contar com os recursos humanos e materiais necessários que garantam o
bem-estar do sujeito da pesquisa, devendo ainda haver adequação entre a
competência do pesquisador e o projeto proposto;
• Prever procedimentos que assegurem a confidencialidade e a privacidade, a
proteção da imagem e a não estigmatização, garantindo a não utilização das
informações em prejuízo das pessoas e/ou das comunidades, inclusive em
termos de auto-estima, de prestígio e/ou econômico-financeiro;
• Respeitar sempre os valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos,
bem como os hábitos e costumes quando as pesquisas envolverem
comunidades;
• Garantir o retorno dos benefícios obtidos através das pesquisas para as
pessoas e as comunidades onde as mesmas forem realizadas. Quando, no
interesse da comunidade, houver benefício real em incentivar ou estimular
mudanças de costumes ou comportamentos, o protocolo de pesquisa deve
incluir, sempre que possível, disposições para comunicar tais benefícios às
pessoas/e ou comunidades;
47
4
RESULTADOS
Neste item apresentamos a caracterização dos entrevistados, em seguida o
tema explorado, suas idéias centrais e o discurso do sujeito coletivo de cada uma
delas. Finalmente destacamos a síntese das idéias centrais, quanto a maneira e
percepções que o paciente com lesão de pele cadastrado na Unidade de Lesão de
Pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza – Unidade II da Escola de Enfermagem
Wenceslau Braz, na cidade de Itajubá-MG, realiza o seu curativo em domicílio.
4.1
CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES
Na tabela I (APÊNDICE D) são descritos os dados relativos aos pacientes da
Unidade de Lesão de pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza que fizeram parte da
pesquisa.
Abaixo são apresentados estes dados de forma sintética como seguem:
Características pessoais dos pacientes cadastrados na Unidade de Lesão de
Pele que realizam o seu próprio curativo em domicilio nos finais de semana
Os resultados desta pesquisa permitiram concluir que dos 100% dos
entrevistados (16 pacientes), 75% (12) eram do gênero feminino e 25% (4) do
masculino, 1 participante com idade entre 20 e 30 anos, 5 com idade entre 50 e 60
anos, 7 entre 60 e 70 anos e 3 entre 70 e 80 anos. Quanto ao tempo de lesão de
pele em anos, 3 participantes entre 6 meses a um ano, 4 de 2 a 4 anos; 2 de 5 a 10
anos; 4 de 11 a 20 anos; e 3 de 21 a 40 anos. A região corporal da lesão
predominante foi a dos membros inferiores, com os 16 participantes. O tempo de
cadastro na Unidade de lesão de Pele, identificou-se: 2 participantes com o tempo
de 6 meses a 1 ano, 2 de 1 a 2 anos, 3 de 2 a 3 anos; 5 de 4 a 5 anos; 3 de 5 a 6
anos; e 1 de 6 a 7 anos. Das doenças crônicas prevalentes e o uso de suas
respectivas medicações, tivemos: Diabetes Mellitus (Metformina, Diamicron, Insulina
NPH, Glibenclamida, Diabinese) com 6 participantes; Hipertensão Arterial Sistêmica
(Captopril, Nifedipino, Hidroclorotiazida, Pentoxilina, Sinvastatina, AAS, Enalapril,
Carvedilol, Losartano, Lasix, Sustrate, Atenolol, Metildopa, Cilostazol) com 8
participantes; HIPO OU HIPERTIREOIDISMO (Puran T4) com 2 participantes;
48
Miocardiopatia dilatada com 1 participante; Anemia (Sulfato ferroso, Noripurum) com
1 participante; Osteoporose com 1 participante;
Problemas circulatórios (Daflon)
com 1 participante. Dos 16 sujeitos da pesquisa, 5 são tabagistas e 3 etilistas.
4.1.1 Tema, ideia central e DSC
Nessa parte é apresentado o tema estudado, um quadro representativo de
cada idéia central, seus respondentes, assim como a sua frequência e a seguir
encontram-se separadamente as diversas idéias centrais com seus respectivos
DSC.
TEMA: MANEIRAS E PERCEPÇÕES DO PACIENTE COM LESÃO DE PELE
REFERENTES À AUTOREALIZAÇÃO DO CURATIVO EM DOMICÍLIO
O quadro 1 mostra a síntese das IC referentes a seguinte questão:
Pense um pouco: nos finais de semana e feriados o Sr. (a) realiza o curativo de sua
lesão de pele em casa. Poderia nos contar de que maneira é realizado?
Quadro 1 - Idéias centrais, sujeitos e freqüências de idéias centrais sobre o tema: Maneira que
o paciente com lesão de pele realiza o seu curativo em domicílio.
Nº
01
02
03
04
05
06
07
08
Idéias Centrais
Participantes
Faz sozinho e não tem 1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11,12,13,
técnica
15, 16
Coloca a pomada e fecha 2,5,6,7,8,9,10,11,12,13, 14,
a lesão
15,16
Lava com soro bem 1,2,3,5,6,7,9,10,11,12,13, 14
lavadinho e enxuga com
gazes
Lava as mãos e coloca
1,3,4,5,11,13,14,15,16
luva ou passa álcool na
mão
Esquenta o soro
Não deixa contaminar a
pomada
Deixa a lesão um pouco
molhada
Depende do que o médico
manda
Fonte: Instrumento da pesquisa
Frequências
das idéias
15
13
12
9
3,6,8,9,13, 14
3
6
1
10
1
13
1
49
1ª IC: Faz sozinho e não tem técnica
DSC: Então, eu tomo banho, tiro a faixa, tiro o curativo e tomo banho geral,
depois daquele banho já aproveito e faço o curativo. Eu tomo banho com a
faixa pra não ir água do chuveiro, aí desembrulho a faixa que já está molhada.
Eu sento no sofá, coloco o pé em cima de uma cadeira, pra não ficar arcado e
ali eu faço curativo, e faço sozinho, é o jeito que dá pra mim fazer. No meu
quarto tem uma mesinha baixa, então eu abro e passo um pano com álcool na
mesinha. Sempre eu ponho um pano ou qualquer coisa do lado da cama,
depois eu pego as coisas e ponho tudo em cima, ponho o material, abro o
pacote, espátula, a gaze que eu mando lá no posto de saúde, eu levo as
marmitas e eles esterilizam pra mim, aí pego a bacia, coloco um pano embaixo,
ponho o banquinho, eu tenho uma bacia social em casa que é só pra esse fim,
aí eu pego e coloco, ponho meu pé lá dentro da bacia e aí eu faço, mas não dá
muito porque sempre quando eu jogo o soro na lesão escorre para os pés, não
é igual na lesão, é meio sacrifício, aí eu retiro lá, e com um soro fisiológico
morninho, eu ponho numa leiteira para esquentar, eu tiro a gaze, pego, deixo
fechado lá o pacotinho, pego a gaze, pego a atadura, a espátula que eu vou
usar, a pomada e deixo tudo ali perto de mim. Só que eu não tenho a mesinha,
eu sento na cama sabe, eu deixo tudo ali, só que é limpinho, não está nada
aberto, e daí eu começo, porque daí eu já lavei minha mão, aí eu tiro a atadura,
tiro a gaze com a pontinha da minha mão; e aí eu vou lavando a ferida com
soro, e pego as gazes, aqui vocês fazem bonequinha, pega a pinça, eu não
tenho a pinça, eu tenho uma tesourinha, às vezes eu pego com ela e limpo ou
então, eu pego com a mão, só que ali onde eu vou colocar na lesão, eu não
ponho a minha mão, sabe, aí limpo bem com a bonequinha, limpo em volta,
depois eu jogo por fora da lesão, torno a limpar, limpo uma, duas a três vezes,
depois que eu espalhei a pomada com a espátula, aí eu vou pegar as gazes
com a pontinha, outras vezes eu pego assim nos fechinhos da gaze e a de
baixo eu emendo assim com a minha mão e vou colocando assim. Aí já uso a
pomada na gaze que está na mesa, passo na gaze, aí pego duas espátulas e
coloco, às vezes com a luva, porque eu não tenho luva lá, então tudo que eu
vou fazer, eu pego assim pelas beirinhas pra não contaminar, porque nós não
50
temos aquela técnica que vocês têm aqui na lesão, aquele serviço
especializado, mas a gente se vira. É assim que eu faço.
2ª IC: Lava com soro bem lavadinho e enxuga com gazes
DSC: Eu lavo com soro bem lavadinha, puxo gaze por gaze, às vezes saem
fáceis às vezes não sai, fica gastando muito soro e nunca que sai, vou jogando
no saquinho. Lavo tudo certinho, pego o soro, jogo bem o soro, jogo, jogo,
jogo o soro, pego a bonequinha com a luva e vou passando assim em volta e
dentro da lesão, aí depois eu enxugo com a gazinha e com luva, e enxugo bem
enxuto em volta. Mesmo depois que eu limpo com a gaze em volta assim,
começo a lavar com o soro muito de levezinho, vou passando gaze para tirar o
excesso e vou passando com o soro, depois eu enxugo ali onde que está o
ferimento. Aí eu lavo, ponho o curativo e embrulho a faixa.
3ª IC: Coloca a pomada e fecha a lesão
DCS: Depois que eu lavo com soro, seco certinho, estou com as faixas tudo no
jeito, aí eu coloco as faixas, o esparadrapo está cortado no jeito também. E
depois pego as gazes, a espatulazinha coloco a pomadinha que está sendo
bem pouquinho em cima na gaze e coloco em cima da lesão, o curativo que
seja, o agente terapêutico, ou a Kérlix, a papaína, kolagenase, e aí ponho o que
têm que por, passo o óleo, às vezes passo alguma coisa em volta, às vezes até
não, cubro e tento por gazes nos lugares onde a drenagem é maior, ponho as
gazes e fecho, aí vou enrolando a faixa do jeito que eles fazem aqui em oito e
ponho o esparadrapo.
4ª IC: Lava as mãos e coloca luva ou passa álcool na mão
DSC: Eu levo o vidro de álcool para o quarto, passo na mão, porque a
enfermeira falou que eu mesma pegando os materiais não precisa de luva, aí
eu pego ponho a mão assim em cima daquela gaze. Eu tenho minha mesa, lá
ponho o potinho que eu vou usar, pego as faixas e as gazes. Ponho as luvas
tudo de acordo que fornecem aqui na lesão, lavo bem as mãos antes de mexer,
51
aí na hora de tirar o curativo eu uso a luva e ponho num saquinho plástico, aí
depois troco a luva novamente pra fazer e colocar a pomada.
5ª IC: Esquenta o soro
DSC: Pego uma leiteira, ponho água, quando está quente eu levo ela para o
quarto, pego o soro, ponho dentro e esquento, porque antes eu fazia com ele
frio, depois que eu comecei a vir na lesão, ai eu comecei a esquentar como
eles fazem, o soro bem morninho, alguns dias eu esquento, alguns dias não.
6ª IC: Não deixa contaminar a pomada
DSC: Na hora de eu passar a pomada eu não ponho ela na gaze igual vocês
fazem, eu pego o tubo e coloco na lesão, assim ela alta, e depois eu só espalho
com a espátula, pra não ter perigo deu ficar passando a pomada na gaze e
contaminar.
7ª IC: Deixa a lesão um pouco molhada
DSC: Eu deixo a lesão um pouco molhada, porque falaram pra mim deixar um
pouquinho molhado.
8ª IC: Depende do que o médico manda
DSC: Ás vezes, depende do que o médico manda, se o médico manda lavar a
lesão, eu tomo banho e lavo a lesão, se o médico não manda lavar a lesão, eu
passo um plástico com fita crepe e tomo banho e evito até de molhar o corpo,
depois eu vou e retiro aquele plástico.
52
Figura 1 - Maneira que o paciente com lesão de pele realiza o seu curativo em domicílio
Fonte: Instrumento de Pesquisa
O quadro 2 mostra a síntese das IC referentes a seguinte questão:
Fale-nos o que o Sr. (a) percebe ao realizar o seu curativo nos finais de semana e
feriados em casa.
53
Quadro 2 - Idéias centrais, sujeitos e freqüências de idéias centrais sobre o temas: Percepções
do paciente com lesão de pele quanto a autorealização do curativo em domicílio
Nº
01
02
03
04
05
06
07
Idéias Centrais
Participantes
Frequências das
Idéias
Não tem nada que atrapalhe
1,2,3,4,5,8,9,10,12,16
10
Tenho dificuldade
6,7,8,10,13,14,15
7
Em casa não tem todo o
2,3,5,7,8,9
6
material
O modo de tratar a gente faz
2,4,6,10
4
parte do tratamento
É diferente, não é errado
7,13,14
3
Na lesão tem mais higiene
2,15
2
Uma situação bem normal
11
1
Fonte: Instrumento da pesquisa
1ª IC: Não tem nada que atrapalhe
DSC: Eu não tenho nada que me atrapalhe não, porque eu faço reservado, num
comodozinho que eu tenho lá, e eu lavo tudo, faço curativo sozinho, sem
ninguém me ajudar, eu tenho um banquinho assim pequenininho e ponho a
bacia em cima, eu sento na beira da cama do meu quarto. Eu não encontro
dificuldade não, só que é aquele negócio, eu acho que não é igual o curativo
daqui, entendeu, mas eu faço, dá pra fazer em casa. Dificuldade eu não tenho
porque eu faço tudo certo, sempre fiz, estou fazendo correto, do meu jeito
cuidando direitinho, com limpeza com tudo certinho, eu faço. Agora de fazer
eu acho que eu estou fazendo certo sabe, é, eu acho, eu não ponho a mão ali
para contaminar sabe, a espátula que eu coloco lá eu não deixo contaminar no
tubo da pomada, eu acho que está certo. Levo o que dá pra mim atravessar
aquele intervalo que eu não venho aqui, então eu não tenho nada a reclamar,
remédio tem, não tem aquele auxilio total do serviço tratado, eu agradeço
porque a gente também depende do trabalho de vocês, eu não sinto
dificuldade não, de acordo com o que eu estou aprendendo aqui, primeiro eu
sentia no começo, até para amarrar a faixa, agora não, eu não tenho não, não
tenho nada a reclamar, vejo que estou realizando certo! Está dando tudo
certinho, eu me sinto alegre de ter disposição de fazer o curativo no meu pé,
graças à Deus, não impede nada, está havendo melhora, porque eu fico de
repouso também.
54
2ª IC: Em casa não tem todo o material
DSC: O que eu percebo aqui na lesão é bem melhor de fazer, porque tem todos
os cuidados e na casa da gente não tem o material certinho do jeito que fazem
aqui, aqui é especial, aqui não tem como. Dentro da casa da gente, a gente faz
uma coisa, aqui na lesão tem os preparos, tem tudo no jeito, mas lá a gente já
não tem tudo certo como na lesão; Às vezes não tem a cadeirinha certa para
por no lugar, mas arruma um jeito e faz. Eu pego o material no posto lá perto
de casa, gazes, aí está dando tudo certo, igual aqui não, porque na lesão as
coisas são diferentes, porque tem a cadeira que a gente coloca o pé em cima,
o pé não tem contato com a bacia, então é lógico que é melhor, mas a gente
precisa fazer em casa. Vocês têm os materiais para fazer, as ferramentinhas de
fazer o curativo, em casa a gente não tem; então eu faço em casa só que eu
faço assim, eu não tenho o material que tem aqui, pinça, aquela tesourinha. Em
casa não tem a tesoura para segurar, o soro para fazer, a gazinha para limpar
igual faz aqui. Bom, eu acho que em casa eu poderia ter as pinça que aqui tem,
e assim mesinhas que aqui tem, pra mim colocar tudo organizadinho, a bacia
que vocês tem aqui eu também não tenho.
3ª IC: Tenho dificuldade
DSC: Tenho dificuldade, porque não tem as coisas certas para fazer, a gente já
fica com a perna mais pendurada. Pra mim é tudo tão difícil, mas como não
tem jeito de outra pessoa fazer, eu mesmo faço. Eu tenho dificuldade de por as
gazes atrás, não é igual em casa, eu sento na cama, fica doendo as minhas
“popas”, eu já acostumei fazer, já peguei no ritmo, tem dia que não fica igual
outra vez, fica meio errado, as gazes que às vezes eu ponho errado, a atadura
fica certo. A única coisa que eu acho difícil é tirar a gaze.
4ª IC: O modo de tratar a gente faz parte do tratamento
DSC: O modo de vocês tratarem a gente também faz parte do curativo, do
tratamento e sinto muito melhor fazendo aqui do que em casa. Eu gosto de
fazer aqui na lesão, aqui eu me sinto mais a vontade, é gostoso fazer aqui. Não
55
reclamo de nada, porque sou bem atendido. A ajuda daqui está me dando
muita força, o curativo está sendo muito bom, que se não fosse o curativo
daqui eu não estava bem.
5ª IC: É diferente, não é errado
DSC: Não fica igual daqui da lesão, fazendo aqui é melhor, não acho difícil, eu
sempre tenho tudo, não acho difícil de fazer, sinto que não fica bem feito igual
daqui, mas aqui é bem melhor. É diferente, não é errado, está certo fazer,
porque sem fazer é que não pode deixar, porque é um alívio quando a gente
faz curativo, porque está assim às vezes uns dois, três dias sem fazer, quando
faz é um alívio, muda tudo.
6ª IC: Na lesão tem mais higiene
DSC: Então, eu faço curativo em casa, eu tenho mais preferência de fazer na
lesão, porque aqui são mais higiênicos, muito mais legal do que o feito em
casa.
7ª IC: Uma situação bem normal
DSC: Eu percebo uma coisa até muito natural porque faz parte do sistema, da
organização da lesão, tanta gente faz seu curativo em casa, pra mim uma
situação bem normal, sem criar problema. Eu me via assim de certa forma
tranqüila, às vezes me preocupava quando eu sentia que a lesão não estava
melhorando, estava piorando, aí eu ficava um pouco preocupada.
56
Figura 2 - Percepções do paciente com lesão de pele quanto a autorealização do curativo em
domicílio
Fonte: Instrumento de Pesquisa
57
5
DISCUSSÃO
Esta etapa da pesquisa constitui da análise das idéias centrais em relação ao
tema: Maneiras e percepções do paciente com lesão de pele referente à
autorealização do curativo em domicílio.
Primeiramente é feita uma discussão sobre a maneira que o paciente faz a
autorealização do curativo da lesão em casa e para alcançar o primeiro objetivo
deste estudo foi direcionada ao paciente a seguinte pergunta: nos finais de semana
e feriados o Sr. (a) é quem faz o curativo da sua lesão em casa. Poderia nos contar
de que maneira o Sr. (a) o realiza?
Deste questionamento surgiram oito idéias centrais como seguem:
A IC Faz sozinho e não tem técnica é vista no seguinte DSC:
(...) tiro a faixa, tiro o curativo e tomo banho geral, depois aproveito e faço o
curativo. Tomo banho com a faixa pra não ir água do chuveiro, aí desembrulho
a faixa (...) sento no sofá, coloco o pé em cima de uma cadeira, pra não ficar
arcado e ali faço curativo sozinho, é o jeito que dá pra mim fazer. (...) tenho
uma mesinha baixa, então eu abro e passo um pano com álcool. Sempre
ponho um pano ou qualquer coisa do lado da cama (...) pego o material, abro o
pacote, espátula, a gaze (...) aí pego a bacia, coloco um pano embaixo, ponho o
banquinho (...) ponho meu pé lá dentro da bacia e aí eu faço (...) sempre
quando eu jogo o soro na lesão escorre para os pés (...) é meio sacrifício (...)
com um soro fisiológico ponho numa leiteira para esquentar, tiro a gaze, deixo
fechado lá o pacotinho, pego a gaze, pego a atadura, a espátula que eu vou
usar, a pomada e deixo tudo ali perto de mim. (...) eu sento na cama e deixo
tudo ali, só que é limpinho, não está nada aberto, e daí eu começo, porque daí
eu já lavei minha mão, aí eu tiro a atadura, tiro a gaze com a pontinha da minha
mão; e aí eu vou lavando a ferida com soro, e pego as gazes (...) tenho uma
tesourinha, às vezes eu pego com ela e limpo ou então, eu pego com a mão,
(...) onde eu vou colocar na lesão, não ponho a minha mão, aí limpo bem com a
bonequinha, limpo em volta, depois eu jogo por fora da lesão, espalho a
pomada com a espátula e pego as gazes com a pontinha (...) pra não
58
contaminar, porque nós não temos aquela técnica que vocês têm aqui na lesão
(...)mas a gente se vira. É assim que eu faço.
Para Dealey (2008), muitos pacientes tomam banho de imersão ou de
chuveiro antes de trocar de curativo, porém, a banheira ou o box devem ser limpos
rigorosamente depois de usados pelo paciente, a fim de evitar infecção cruzada. A
água morna, para limpeza da ferida, não difere da solução salina esterilizada quanto
às taxas de infecção e cicatrização da mesma.
Segundo Chayamiti (2011), no domicílio é ainda mais difícil dispor de locais
adequados para a realização do curativo. Muitas vezes este procedimento é
realizado com o paciente na cama e os cuidados nesse caso devem se voltar à
orientação quanto à limpeza do ambiente, chão, cama, troca de roupas e o descarte
e destino do resíduo em saúde.
De acordo com o DSC acima percebe-se que os pacientes preocupam-se em
não contaminar a ferida da maneira que podem. Há os que retiram a faixa antes do
banho e no mesmo discurso há aqueles que antes de realizar o curativo tomam
banho ainda com a faixa. Conforme orientação na Unidade de Lesão, se deve tomar
o banho com a lesão ocluída evitando-se dessa forma que sujidade do corpo entre
em contato com a área comprometida. Limpam o local onde será aberto os materiais
com álcool e ainda colocam um pano para distribuir tudo ali em cima. Só então
retiram a faixa e executam o curativo, sentados no sofá, na beirada da cama ou
mesmo na cadeira. Apesar de todo sacrifício que encontram na realização do
curativo em casa, sabem improvisar, pois mesmo na falta da pinça, utilizam uma
tesoura de apoio, e manuseiam com luvas ou com a própria mão. A preocupação é
sempre em não contaminar, então seguram as gazes pelas pontas e não tocam
onde entra em contato com a ferida.
Evidenciamos para a IC Lava com soro bem lavadinha e enxuga com gazes
no seguinte DSC:
Lavo com soro bem lavadinha, puxo gaze por gaze, às vezes saem fáceis às
vezes não, fica gastando muito soro e nunca que sai, vou jogando no
saquinho. Lavo tudo certinho, pego o soro, jogo bem o soro (...) pego a
bonequinha com a luva e vou passando (...) em volta e dentro da lesão, depois
enxugo com a gazinha e (...) em volta. Mesmo depois que eu limpo com a gaze
59
em volta, começo a lavar com o soro muito de levezinho, vou passando gaze
para tirar o excesso (...) depois eu enxugo ali onde que está o ferimento. Aí eu
lavo, ponho o curativo e embrulho a faixa.
Balan (2006) coloca que a limpeza da ferida deve proceder utilizando
irrigação com solução fisiológica 0,9%, perfurando o frasco com agulha de grosso
calibre de maneira exaustiva até a retirada do exsudato e dos restos celulares.
Borges et al (2008) também afirmam que a irrigação com solução salina
isotônica 0,9%, deve ser exaustiva até a retirada do debris e do exsudato presente
no leito da ferida. O volume da solução necessário vai depender da extensão,
profundidade da ferida e quantidade de sujidade presente no seu leito. E a umidade
da pele periferida é retirada com uso de gazes não estéril, na técnica limpa.
No DSC acima fica evidente que os pacientes utilizam do soro fisiológico em
abundância para umedecer as gazes, apesar disso há relato de dificuldade para
retirá-las. A preocupação é em lavar a ferida muito bem lavada e com cuidado
limpam ao redor e no leito lesionar procurando secar muito bem as margens com as
gazes em forma de “bonequinha” as quais seguram com as mãos enluvadas.
O DSC abaixo evidencia a IC Coloca a pomada e fecha a lesão:
Depois que eu lavo com soro, seco certinho, (...) eu coloco as faixas, o
esparadrapo está cortado no jeito também. E depois pego as gazes, a
espatulazinha coloco a pomadinha que está sendo bem pouquinho em cima na
gaze (...) passo o óleo, às vezes passo alguma coisa em volta, (...) cubro e
tento por gazes nos lugares onde a drenagem é maior, ponho as gazes e fecho,
aí vou enrolando a faixa do jeito que eles fazem aqui em oito e ponho o
esparadrapo.
Segundo o Protocolo Clínico de Feridas (2010), a fixação tem a finalidade de
manter a cobertura e proteger a ferida. Pode ser realizada por enfaixamento com
ataduras de crepom, fitas adesivas dentre elas: esparadrapo, micropore, transpore
ou faixas de tecidos de largura e comprimento variados. São indicadas para fixar
curativos, exercer pressão, controlar sangramento e/ou hemorragia, imobilizar um
membro, aquecer segmentos corporais e proporcionar conforto ao paciente.
60
Para Figueiredo; Meirelles; Silva; Org. (2007), o curativo oclusivo não permite
a passagem de ar ou fluídos, funcionando como uma barreira contra bactérias e tem
como vantagens: vedar a ferida, impedir a perda de fluídos, promover o isolamento
térmico e de terminações nervosas e impedir a formação de crosta.
O DSC acima deixou claro que ao realizarem o curativo disponibilizam
também os materiais que utilizarão ao término da limpeza como: pomada, atadura e
esparadrapo. Sem qualquer menção a respeito, não exageram na quantidade de
pomada, colocam proteção com gaze em diâmetro que abranja toda a área de
drenagem e não se esquecem de proteger o perilesionar com óleo ou outro agente
próprio. Interessante é que não se esqueceram de relatar que passam a faixa de
segurança enrolando-a na técnica aprendida.
Ao nos reportarmos para a IC Lava as mãos e coloca luva ou passa álcool na
mão evidenciamos no DSC:
Levo o vidro de álcool para o quarto, passo na mão, porque a enfermeira falou
que eu mesma pegando os materiais não precisa de luva, (...) lavo bem as
mãos antes de mexer, aí na hora de tirar o curativo eu uso a luva e ponho num
saquinho plástico e depois troco a luva novamente pra fazer e coloco a
pomada.
Segundo Figueiredo; Meireles; Silva; Org. (2007), a lavagem das mãos é uma
medida importante no controle de infecções e quando bem realizada garante a
diminuição da carga contaminante, que pode ser uma poderosa fonte de infecção. E
mesmo que utilize luvas, deve-se lavar as mãos antes e depois de qualquer
procedimento, a fim de diminuir a contaminação, valendo ressaltar que o álcool gel
não substitui a lavagem das mãos.
Em desencontro com a fala dos autores acima citados, porém conforme
orientação apreendida, o fato de lavar as mãos é o que basta para o manuseio com
as gazes. Em contradição, no mesmo discurso há a constatação de que a lavagem
prévia das mãos é fundamental tanto para a colocação de luvas ao manuseio do
curativo anterior como para a troca das mesmas na execução do próximo curativo.
61
A IC Esquenta o soro é percebida no DSC:
Pego uma leiteira, ponho água, coloco o soro dentro e esquento, (...) antes eu
fazia com ele frio, depois que comecei a vir na lesão (...) começei a esquentar
(...) o soro bem morninho, alguns dias eu esquento, alguns dias não.
More (2008), afirma que para ocorrerem às reações químicas, metabolismo,
síntese de proteínas, fagocitose, mitose, a temperatura ideal é em torno de 36,4° C a
37,2° C. Caso a temperatura varie, o processo celular pode ser prejudicado ou até
interrompido. Logo, a limpeza da lesão com solução fisiológica aquecida, menor
exposição da lesão no momento da limpeza e cobertura adequada, são fatores
importantes para preservarmos a temperatura local.
Conforme o DSC acima ficou constatado que antes de frequentarem a
Unidade de Lesão, que é cenário do nosso estudo, utilizavam do soro frio para a
realização dos curativos. Após fazerem parte dos pacientes que ali são atendidos,
conheceram a prática diária de curativo daquele local que é feito com soro morno.
Procuram seguir em casa, porém não são fiéis diariamente com o que aprenderam.
A IC Não deixa contaminar a pomada é vista no seguinte DSC:
(...) eu não ponho a pomada na gaze igual vocês fazem, eu pego o tubo e
coloco na lesão, assim ela alta, e depois eu só espalho com a espátula, pra não
ter perigo deu ficar passando (...) na gaze e contaminar.
Para Carneiro; Sousa; Gama (2010), a eficácia do tratamento das feridas
dependerá da conscientização do cliente e orientação, fazendo com que ele se torne
um participante ativo no processo da cicatrização da ferida, e o mais importante, que
ele atue diretamente na prevenção de infecção da mesma.
Segundo Figueiredo; Meireles; Silva; Org. (2007), a infecção retarda a síntese
de colágeno e estimula a degradação do mesmo, além de prolongar a fase
inflamatória e impedir a epitelização. O microrganismo na lesão também provoca
alterações no metabolismo das células envolvidas na cicatrização.
O DSC acima deixa explícito, que há preocupação durante o procedimento do
curativo em não contaminar a lesão. Dessa forma, mesmo não seguindo a técnica
62
conforme relatado, de colocação da pomada na gaze, demonstram cuidado em não
tocá-la no leito lesionar. E assim o fazem da maneira que escolheram.
Evidencia-se para a IC Deixa a lesão um pouco molhada o seguinte DSC:
Deixo a lesão um pouco molhada, porque falaram pra mim deixar um
pouquinho molhado.
Para More; Arruda (2008), o curativo úmido irá proteger as terminações
nervosas, reduzindo assim a dor; acelerar o processo cicatricial, prevenindo a
desidratação tecidual e a morte celular e promover a necrólise e fibrinólise. A
impossibilidade de manter estas condições também lentifica a cicatrização,
causando dessecação, hipergranulação ou maceração.
Diante do DSC acima, pode-se observar que os participantes deixam a lesão
um pouco úmida, porém não ficou explícito sobre o conhecimento que têm a este
respeito revelando apenas que foram informados sobre o assunto.
O DSC abaixo evidencia a IC Depende do que o médico manda como segue:
Depende do que o médico manda, se (...) manda lavar a lesão, eu tomo banho e
lavo a lesão, se não, eu passo um plástico com fita crepe e tomo banho e evito
até de molhar o corpo (...).
Segundo o Protocolo Clínico de Feridas (2010), para o cuidado com as feridas
torna-se necessário a atuação de equipe de saúde especializada para avaliação
criteriosa da ferida e do paciente, considerando todos os fatores individuais (clínicos,
psicológicos, sociais) e prescrição de plano terapêutico individualizado e eficaz,
favorecendo rápida evolução e alta.
Conforme o protocolo acima citado fica claro que é a equipe de saúde
especializada a responsável por avaliação criteriosa tanto da ferida em si como do
paciente.
No discurso, evidencia-se o médico como o único orientador do tratamento da
mesma, principalmente com os cuidados de sua limpeza e proteção diária da lesão
durante a higiene do paciente. Este discurso pode ter ocorrido, pois há entre os
pacientes cadastrados na Unidade de Lesão de Pele os que a frequentam entre o
período de 6 meses a um ano que pode ser considerado um tempo pequeno para o
63
paciente perceber que a enfermeira da referida unidade tem autonomia nas
avaliações e orientações das lesões.
A seguir é feita uma discussão sobre a percepção do paciente referente à
autorealização do curativo da lesão em casa e para alcançar o segundo objetivo
deste estudo foi lhe direcionado a seguinte pergunta: o que o Sr. (a) percebe ao
realizar o seu curativo nos finais de semana e feriados em casa?
Deste questionamento surgiram sete idéias centrais como seguem:
O DSC abaixo evidencia a IC Não tem nada que atrapalhe:
Não tenho nada que me atrapalhe, porque eu faço reservado, num
comodozinho (...) e lavo tudo, faço curativo sozinho, sem ninguém me ajudar,
(...) Não encontro dificuldade, só (...) que não é igual o curativo daqui, (...) mas
eu faço (...) do meu jeito cuidando direitinho, com limpeza com tudo certinho
(...). Acho que estou fazendo certo (...) Levo o que dá para atravessar aquele
intervalo que não venho aqui, então eu não tenho nada a reclamar, (...) eu não
sinto dificuldade, de acordo com o que eu estou aprendendo aqui, primeiro eu
sentia no começo, até para amarrar a faixa, agora não, (...) vejo que estou
realizando certo! (...) me sinto alegre de ter disposição de fazer o curativo no
meu pé, graças à Deus, não impede nada, está havendo melhora, porque eu
fico de repouso também.
Para Borges et al. (2008) é importante fornecer conhecimento ao paciente,
buscando esclarecer e estimular o auto cuidado em relação aos cuidados com a
pele, obedecendo ao seu nível de independência.
A colocação dos autores acima vem ao encontro com o DSC ao qual revela a
capacidade de autocuidado por parte dos pacientes que frequentam a Unidade de
Lesão de pele. Pode-se afirmar que no início os pacientes com lesão de pele
sentiam dificuldade para a realização do curativo em domicílio, e que atualmente isto
não mais ocorre. Não há nada que atrapalhe, reservam um cômodo em casa para
este fim, utilizam do material que receberam na Unidade de Lesão e fazem
sozinhos. Acreditam que apesar de não ficar da mesma forma que na referida
unidade, realizam o procedimento corretamente da maneira que podem, procurando
sempre não tocar as mãos e muito menos o tubo da pomada. Se sentem felizes
64
tanto por perceberem que está havendo melhora na lesão como por ter a disposição
para fazer o seu próprio curativo.
A IC Em casa não tem todo material é vista no seguinte DSC:
Percebo que aqui na lesão é melhor de fazer, porque tem todos os cuidados e
na casa da gente não tem o material certinho do jeito que fazem aqui (...).
Dentro da casa (...), a gente faz uma coisa, aqui na lesão tem os preparos, tem
tudo no jeito, mas lá a gente já não tem tudo certo como na lesão(...). Eu pego
o material no posto lá perto de casa, gazes, aí está dando tudo certo, igual aqui
não, porque na lesão as coisas são diferentes,(...). Vocês têm os materiais para
fazer, as ferramentinhas de fazer o curativo, em casa a gente não tem (...). Em
casa não tem a tesoura para segurar, o soro para fazer, a gazinha para limpar
igual faz aqui. Bom, eu acho que em casa eu poderia ter as pinça que aqui tem,
e assim mesinhas que aqui tem, pra mim colocar tudo organizadinho, a bacia
que vocês tem aqui eu também não tenho.
Segundo Carneiro; Souza; Gama (2010), o conhecimento por si só não é
suficiente para que se tenham melhorias no quadro clínico, mas a disponibilidade
dos instrumentos para realização do tratamento.
Pode-se relacionar a percepção dos participantes desta pesquisa com a
colocação dos autores acima, quando afirmam que a disponibilidade de materiais
são instrumentos essenciais para a realização do curativo, não bastando somente o
conhecimento. No DSC acima fica explícito que os pacientes percebem que há
diferença para a realização do curativo em casa se comparado com a Unidade de
Lesão de Pele. Relacionam esta diferença aos materiais específicos para tal fim
como: tesoura, pinça, mesa e a bacia aos quais não dispõem em seus domicílios,
apesar de relatarem que mesmo assim está dando tudo certo.
A IC Tenho dificuldade é percebida no DSC:
Tenho dificuldade, porque não tem as coisas certas para fazer, a gente já fica
com a perna mais pendurada. Pra mim é tudo tão difícil, mas como não tem
jeito de outra pessoa fazer, eu mesmo faço (...) tenho dificuldade de por as
gazes atrás, não é igual em casa, eu sento na cama, fica doendo as minhas
65
“popas”, eu já acostumei fazer, já peguei no ritmo, tem dia que não fica igual
outra vez, fica meio errado (...). A única coisa que eu acho difícil é tirar a gaze.
Para Lima (2011), a participação do paciente de forma ativa facilita ao
enfermeiro identificar as dificuldades, sanar as dúvidas em relação ao seu
tratamento e estimula a responsabilidade deste consigo mesmo.
Os pacientes deixam claro que apesar de já terem assumido “um ritmo” para
a realização do curativo em casa, encontram dificuldades durante este
procedimento. Lembram-se da perna que fica pendurada, da dor que sentem pela
posição que assumem, das gazes que são difíceis de serem colocadas ou mesmo
retiradas quando a lesão encontra-se na parte posterior da perna. Estes são fatores
que os incomoda muito. Apesar de tudo, já se acostumaram a realizá-lo e
reconhecem que em certos dias o curativo fica mal feito, como eles mesmos
afirmam.
A IC O modo de tratar a gente faz parte do tratamento é vista no seguinte
DSC:
O modo de vocês tratarem a gente também faz parte do curativo, do tratamento
e sinto muito melhor fazendo aqui do que em casa. Eu gosto de fazer aqui na
lesão, aqui eu me sinto mais a vontade, é gostoso fazer aqui. (...) sou bem
atendido. A ajuda daqui está me dando muita força, o curativo está sendo
muito bom, que se não fosse o curativo daqui eu não estava bem.
De acordo com Giraldes (2011), a evolução da ferida está relacionada aos
fatores intrínsecos do paciente, inclusive seu estado psicológico, pois para que
ocorra a cicatrização das lesões são importantes o estado fisiológico e o emocional.
Santos et al. (2011), colocam que para o tratamento de feridas requer uma
enfermagem com postura bioética na qual compreende o ser humano como uma
pessoa revestida de toda sua dignidade.
Mediante o discurso, os participantes gostam, sentem-se bem e a vontade ao
realizar o curativo na Unidade. Reconhecem que são bem atendidos e bem tratados,
além da força que recebem naquele local. Assim, preferem fazer o curativo na
Unidade de Lesão de Pele do que em casa e revelam que se não fosse o curativo da
lesão, não estariam bem.
66
Evidenciamos para a IC É diferente, não é errado no seguinte DSC:
Não fica igual daqui da lesão, fazendo aqui é melhor, não acho difícil, eu
sempre tenho tudo, (...) sinto que não fica bem feito igual daqui, mas aqui é
bem melhor. É diferente, não é errado, está certo fazer, porque sem fazer é que
não pode deixar, porque é um alívio quando a gente faz curativo (...).
Segundo Isoton (2010), o fenômeno saúde/doença e o cuidado em si devem
ter o pluralismo da expressão cultural nos diferentes contextos sociais e momentos
da vida. Dessa forma, o ser cuidado deverá criar habilidades e mudar padrões de
comportamento para adequar-se ao novo estilo de vida.
De acordo com o discurso acima realizar o curativo no domicílio é algo
diferente se comparado à Unidade de Lesão. Não encontram dificuldade de realizálo em casa e acreditam que não podem deixar de fazê-lo, pois constatam um alívio
após executado. Confirmam que em casa é diferente, porém não é errado!
A IC Na lesão tem mais higiene é vista no seguinte DSC:
(...) faço curativo em casa, tenho mais preferência de fazer na lesão, porque
aqui são mais higiênicos, muito mais legal do que o feito em casa.
Para Chayamiti (2011), não se pode esquecer que a técnica é muito
importante, e a lavagem das mãos é o procedimento mais eficiente para o controle
de infecção. Curativos são procedimentos que requerem cuidados de assepsia tanto
para prevenir infecções como para evitar que essa se espalhe, aumente, ou agrave.
No DSC acima se pode afirmar que há percepção por parte dos pacientes que
frequentam a Unidade de Lesão dos hábitos de higiene e assepsia que os
profissionais da unidade adotam para a realização do procedimento, porém há a
constatação de que a higiene não é algo bem utilizada para a realização do curativo
em domicílio.
O DSC abaixo evidencia a IC Uma situação bem normal:
Eu percebo uma coisa até muito natural porque faz parte do sistema, da
organização da lesão, tanta gente faz seu curativo em casa, pra mim uma
situação bem normal, sem criar problema. (...).
67
Segundo Figueiredo; Meireles; Silva (Org.) (2007), para tentar viver
normalmente e controlar o desenvolvimento do processo de tratamento das lesões
de pele, o paciente exprime respostas efetivas frente aos desafios, que englobam
mecanismos cognitivos e emocionais de acordo com a sua identidade e seu estilo de
vida. O indivíduo que adota estas estratégias adaptativas tem o poder de
transformar a doença em um processo construtivo.
Conforme o DSC acima, os participantes evidenciam perceber a realização do
curativo em casa como uma situação bem normal, sem qualquer problema, pois
entendem que faz parte do sistema e da organização da Unidade de Lesão.
68
6
CONCLUSÃO
Os resultados desta pesquisa permitiram concluir que dos 100% dos
entrevistados (16 pacientes), 75% (12) são do gênero feminino; a média de idade
que prevaleceu foi de 62 anos, com desvio padrão 11,63; o tempo de lesão de pele
em média foi de 11,77 anos, com desvio padrão de 12,82; a região que mais
prevaleceu foram a dos membros inferiores, o tempo de cadastro na Unidade de
Lesão de Pele foi de 6 meses a 1 ano com 12,5% (2), de 1 a 2 anos com 12,5% (2),
de 2 a 3 anos com 18,75% (3), de 4 a 5 anos com 31,25% (5), de 5 a 6 anos com
18,75% (3), de 6 a 7 anos com 6,25% (1); 31,25% (5) são tabagista, 18,75% (3)
etilista, os medicamentos utilizados foram relacionados ao tratamento da diabetes,
hipertensão, hipotireoidismo e hipertireoidismo, miocardiopatia dilatada, anemia,
osteoporose e problemas circulatórios.
De acordo com os objetivos do estudo, foram identificadas oito IC referentes
as maneiras com que o paciente com lesão de pele cadastrado na Unidade de
Lesão de Pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza – Unidade II da Escola de
Enfermagem Wenceslau Braz, realiza o seu curativo em domicílio que são: “Faz
sozinho e não tem técnica”, “Lava com soro bem lavadinho e enxuga com gazes”,
“Coloca a pomada e fecha a lesão”, “Lava as mãos e coloca luva ou passa álcool na
mão”, “Esquenta o soro”, “Não deixa contaminar a pomada”, “Deixa a lesão um
pouco molhada” e “Depende do que o médico manda”.
Com relação às percepções do paciente com lesão de pele quanto a
autorealização do curativo em domicílio foram elencadas sete IC conforme seguem:
“Não tem nada que atrapalhe”, “Em casa não tem todo o material”, “Tenho
dificuldade”, “O modo de tratar a gente faz parte do tratamento”, “É diferente, não é
errado”, “Na lesão tem mais higiene” e “Uma situação bem normal”.
69
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi importante desvendar neste estudo a preocupação dos pacientes em não
contaminar a lesão, mesmo executando o procedimento sem auxílio de outras
pessoas. Procuram fazer sua higiene corporal antes mesmo de retirar o curativo sujo
e apesar de assumirem que não tem a técnica, vários passos relacionados a ela são
executados por eles, da maneira que podem.
Houve uma controvérsia em relação a retirar o curativo sujo antes do banho
ou mantê-lo para ser retirado somente após o mesmo, por isso vê-se a importância
de reforçar as orientações na Unidade de Lesão a este respeito.
Os participantes buscam encontrar a posição adequada de forma a não
interferir acentuadamente em sua postura corporal. Tais afirmações denotam um
aprendizado junto às orientações que recebem na referida unidade.
Foi interessante descobrir que há discursos que colocam as orientações do
médico como foco para a prática do procedimento em casa, entretanto, pela vivência
como monitoras na Unidade de Lesão, percebemos que o papel do médico para
com os pacientes limita-se com à parte vascular. Sendo assim quando há
orientações médicas a respeito de uso de algum agente terapêutico, este só é
aplicado após avaliação da lesão pela enfermeira.
Em relação à técnica limpa, houve relatos divergentes quando afirmam que,
ou lavam as mãos e colocam as luvas ou passam somente o álcool nas mãos, não
especificando se o álcool utilizado é de 92,8% ou a 70%. Dessa forma, ficamos
indignadas, pois na unidade é orientado quanto a lavagem das mãos e utilização de
luvas, não havendo orientação quanto ao uso de álcool como substituição das
lavagens das mãos.
Preocupa-nos com relação a ideia central Esquenta o soro, pois dos 16
participantes da pesquisa, somente 6 afirmaram realizar tal procedimento, sendo
que essa prática é orientada a eles e de fundamental importância na cicatrização da
ferida.
More; Arruda (2008) colocam que as reações químicas, metabolismo, síntese
de proteínas, fagocitose, mitose a temperatura ocorrem em torno de 36,4° C a 37,2°
C. Caso essa temperatura varie, o processo celular pode ser prejudicado ou até
interrompido. Dessa forma, a limpeza da lesão com soro fisiológico aquecido, é um
importante fator para preservação da temperatura local.
70
Nos relatos não foi abordado sobre o descarte dos materiais após o uso,
sendo este um lixo contaminado com material orgânico, isto causa preocupação, já
que na Unidade de Lesão de Pele não há orientações específicas a esse respeito.
Percebe-se que este é um ponto falho de orientação, deverá ser informado à
enfermeira responsável e poderá ser implantado como complemento das
orientações passadas aos pacientes que realizam seus curativos em casa.
Sugerimos então orientar os pacientes quanto ao descarte dos materiais em saco
plástico destinado exclusivamente para este fim, mantendo-o bem fechado até que
possa ser encaminhado no início da semana para a unidade de saúde mais próxima
de casa.
Ao buscarmos conhecer a percepção dos pacientes com lesão de pele sobre
a autorealização dos curativos em seus domicílios desvendou-se que é uma
situação normal, ou até diferente, porém não consideram que seja errado. Sentem
dificuldade, pois reconhecem que em casa não tem todo material que precisam para
o procedimento fazendo-se necessário utilizarem da criatividade na improvisação
dos mesmos. Abordam sobre a diferença da higiene se comparado o ambiente
domiciliar com o da Unidade de Lesão, porém não fica explícito em que fator eles se
associam.
As patologias que prevalecem nos pacientes que frequentam a Unidade de
Lesão aqui referida são hipertensão arterial e diabetes melitus e portanto, já são de
conhecimento da enfermeira da unidade, que faz o controle junto dos alunos e
monitores, orienta as pessoas acometidas quanto a alimentação, verificação
frequente da pressão arterial e realização rotineira do teste de glicemia.
Com os resultados explícitos, este estudo nos permitiu desvendar dificuldades
e algumas falhas para a execução dos curativos nos dias em que a Unidade de
Lesão não está disponível para os pacientes. Apesar disso, surge uma vertente
deste estudo que sugere outra pesquisa que possibilite acompanhar o procedimento
dos curativos feitos pelos pacientes em suas residências. Assim poderão surgir
novas conclusões, descobertas que aqui não foram elucidadas, pois entre discursar
e executar há uma grande diferença.
Surge ainda uma inquietação, visto que de acordo com as características
pessoais dos sujeitos do estudo, a maioria são indivíduos idosos, mediante isso nos
questionamos a respeito dessas pessoas com determinadas limitações estarem
realizando o seu próprio curativo.
71
Sugere-se também outra pesquisa abordando a escolaridade, ocupação dos
participantes, número de pessoas no domicílio, o grau de parentesco entre eles e
situação financeira, já que são fatores que poderão influenciar na cicatrização e que
neste estudo não foram mencionados.
A meta final desta pesquisa é, portanto, divulgar os resultados deste estudo
aos envolvidos com a Unidade de Lesão de Pele Enf. Isa Rodrigues de Souza e a
todos que se interessarem pelo assunto, para que possam refletir reconhecendo os
fatores que estão interferindo negativamente na cicatrização das lesões sob
interferência dos autocurativos realizados nos finais de semana e feriados nas
próprias residências. Assim os pacientes poderão ser atendidos em suas
necessidades de maneira a livrarem-se o quanto antes da lesão, pois conforme
Dealey (2008), as feridas crônicas, como por exemplo as úlceras de perna, são de
longa duração e recorrências freqüentes, podendo os pacientes apresentarem
múltiplos fatores que afetam a capacidade de cicatrizar as mesmas.
.
72
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77
APÊNDICE A – Características pessoais
Características Pessoais
1. Gênero: M ( )
F( )
2. Idade em anos: ______________
3. Tempo de lesão de pele em anos:___________
4. Região Corporal da Lesão: ________________________________________
_________________________________________________________________
5. Tempo de cadastro na Unidade de Lesão de Pele:
6 meses a 1 ano ( )
1 a 2 anos ( )
2 a 3 anos ( )
4 a 5 anos ( )
5 a 6 anos ( )
6 a 7 anos ( )
6. Doenças crônicas: ______________________________________________
________________________________________________________________
7. Tabagista ( )
Etilista ( )
Outros:___________________________
________________________________________________________________
8. Medicamentos em uso: ___________________________________________
ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
1. Pense um pouco: nos finais de semana e feriados o Sr. (a) é quem faz o
curativo da sua lesão em casa. Poderia nos contar como o Sr. (a) o realiza?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
78
2. Fale-nos o que o Sr. (a) percebe ao realizar o seu curativo nos finais de
semana e feriados em casa.
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
79
APÊNDICE B - Solicitação para coleta de dados
SOLICITAÇÃO PARA COLETA DE DADOS
Itajubá,____ de ________________________ 2012.
Exma. Sr. _________________________________
Departamento de Enfermagem
Nome da Instituição:_________________________
Prezada Senhora,
Nós, Karen Mendes Borges, Luana Aparecida Mendes Colósimo e Vanessa
Natacha da Silva Oliveira, cursando o 7º período da graduação em Enfermagem da
Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, estamos realizando uma pesquisa
intitulada: Maneiras e percepções do paciente com lesão de pele referentes à
autorealização do curativo em domicílio, sob a orientação da professora Ligia Vieira
Tenório Sales e co-orientadora Elaine Aparecida Rocha Domingues, para isso
precisamos da sua autorização. Pretendemos com a referida pesquisa obter
conhecimentos que serão úteis aos diversos segmentos sociais, no sentido de poder
orientar de forma específica, procurando atendê-lo em suas necessidades
individuais com o intuito de melhoria da lesão e de sua recuperação.
Gostaríamos de deixar bem claro que os participantes não serão identificados (a)
pelo nome e que a participação será voluntária, sendo os dados analisados de forma
global.
Este termo é um documento que comprova a sua autorização, através de sua
assinatura.
Sem
outro
particular
e
com
os
agradecimentos
antecipados,
aproveitamos a oportunidade para expressar os votos de elevada estima e
consideração, certa de contar com sua atenção, aguardamos resposta.
Atenciosamente,
Nome:______________________________________
Assinatura:__________________________________
Data:_______________________________________
Telefone para esclarecimentos e informações do estudo e de sua participação: (35) 36220930
80
APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Nós, Karen Mendes Borges, Luana Aparecida Mendes Colósimo e Vanessa
Natacha da Silva Oliveira, cursando o 7º período da graduação em Enfermagem da
Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, estamos realizando uma pesquisa sob a
orientação da professora Ligia Vieira Tenório Sales e co-orientadora Elaine
Aparecida Rocha Domingues intitulada: Maneiras e percepções do paciente com
lesão de pele referentes à autorealização do curativo em domicílio. A relevância
dessa pesquisa é que com ela poderemos identificar de que maneira o Sr. (a) com
lesão de pele realiza o seu curativo em domicílio e conhecer as suas percepções
quanto a realização do seu curativo em domicílio, e assim poderemos orientá-lo de
forma específica, procurando atendê-lo em suas necessidades individuais com o
intuito de melhoria da lesão e de sua recuperação, inserindo-o na sociedade, bem
como no mercado de trabalho. Esta pesquisa pode sensibilizar os profissionais de
enfermagem quanto a importância de uma atenção especial à realização dos seus
curativos e auxiliá-lo a obter conhecimentos e habilidades que propiciam condições
para melhorar a sua qualidade de vida.
Para isso, precisamos que o Sr.(a) concorde em participar de uma entrevista
gravada respondendo algumas questões sobre esse assunto e outras sobre suas
características pessoais.
Gostaria de deixar claro que as informações obtidas serão mantidas em sigilo e que
o Sr.(a) não será identificado(a) pelo nome e de nenhuma outra maneira. Todas as
suas informações ficarão sob nossa responsabilidade, as fitas serão desgravadas
após a utilização para a pesquisa e trabalharemos com os dados de forma global,
isto é, reunindo os dados de todas as pessoas que participarão do estudo.
É importante lembrar que sua participação é estritamente voluntária e a qualquer
momento o Sr.(a) terá a liberdade de desistir se assim o desejar.
O Sr.(a) concorda em participar do estudo?
Este termo de consentimento pós-informação é documento que comprova a sua
permissão.
Precisamos de sua assinatura ou da impressão digital do polegar direito para
oficializar o seu consentimento.
Agradecemos desde já por sua valiosa colaboração e nos colocamos á sua
disposição para outros esclarecimentos necessários.
81
Qualquer dúvida entrar em contato pessoalmente com o Comitê de ética em
pesquisa da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, de segunda à sexta-feira no
horário das 07:00 às 11:00 horas e das 13:00 às 16:00 horas, ou pelo telefone (35)
3622-0930, ramal 323.
Orientadora: Ligia Vieira Tenório Sales.
Co-orientadora: Elaine Aparecida Rocha Domingues.
Pesquisadoras: Karen Mendes Borges, Luana Aparecida Mendes Colósimo e
Vanessa Natacha da Silva Oliveira.
______________________________
Pesquisador Responsável
Nome:__________________________________________________________
Assinatura:______________________________________________________
Data:___________________________________________________________
Telefone para esclarecimento e informações decorrentes do estudo e de sua participação:
(35) 3622.0930.
82
APÊNDICE D - Tabela das características pessoais
Tabela 1 - Descrição dos dados pessoais dos pacientes com lesão de pele da Unidade de
Lesão de Pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza, sobre a maneira e percepção dos mesmos
quanto a realização do curativo em domícilio. Itajubá, MG, 2012 (n= 16)
VARIÁVEIS
FREQUÊNCIA
FREQUÊNCIA
MÉDIA
DP
ABSOLUTA
RELATIVA
FEMININO
12
75%
-
-
MASCULINO
4
25%
-
-
IDADE EM ANOS
-
62
11,63
GÊNERO
-
Fonte: Instrumento de Pesquisa
Tabela 2 - Descrição dos dados da situação da ferida dos participantes do estudo. Itajubá, MG,
2012, (n=16)
VARIÁVEIS
FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA
MÉDIA
DP
ABSOLUTA
RELATIVA
-
-
11,77
12,82
16
100%
-
-
6 meses a 1 ano
2
12,5%
-
-
1 a 2 anos
2
12,5%
-
-
2 a 3 anos
3
18,75%
-
-
4 a 5 anos
5
31,25%
-
-
5 a 6 anos
3
18,75%
-
-
6 a 7 anos
1
6,25%
-
-
TEMPO DE LESÃO DE PELE
EM ANOS
REGIÃO
CORPORAL
DA
LESÃO
MEMBROS INFERIORES
TEMPO DE CADASTRO NA
UNIDADE DE LESÃO DE PELE
Fonte: Instrumento de Pesquisa
83
Tabela 3 - Descrição dos dados referentes as doenças crônicas e medicamentos em uso dos
pacientes com lesão da Unidade de Lesão de Pele. Itajubá, MG, 2012. (n=16)
VARIÁVEIS
FREQUÊNCIA
FREQUÊNCIA
ABSOLUTA
RELATIVA
6
37,5%
8
50%
2
12,5%
MIOCARDIOPATIA DILATADA
1
6,25%
ANEMIA – Sulfato ferroso, Noripurum
1
6,25%
OSTEOPOROSE
1
6,25%
1
6,25%
TABAGISTA
5
31,25%
ETILISTA
3
18,75%
DOENÇAS
CRÔNICAS/MEDICAÇÕES EM USO
DM – Metformina, Diamicron, Insulina
NPH, Glibenclamida, Diabinese.
HAS
-
Captopril,
Hidroclorotiazida,
Sinvastatina,
Nifedipino,
Pentoxilina,
AAS,
Enalapril,
Carvedilol, Losartano, Lasix, Sustrate,
Atenolol, Metildopa, Cilostazol.
HIPO
OU
HIPERTIREOIDISMO
–
Puran T4
PROBLEMAS
CIRCULATÓRIOS
–
Daflon
Fonte: Instrumento de Pesquisa
OBS.: A porcentagem relacionada às patologias teve resultado superior ao número
total de participantes, devido os mesmos serem portadores de mais de uma delas.
84
ANEXO A – Parecer do Comitê
Plataforma Brasil - Ministério da Saúde
Escola de Enfermagem Wenceslau Braz
PROJETO DE PESQUISA
Título: MANEIRAS E PERCEPÇÕES DO PACIENTE COM LESÃO DE PELE
REFERENTES À AUTOREALIZAÇÃO DO CURATIVO EM DOMICÍLIO
Área Temática:
Pesquisador: Ligia Vieira Tenório Sales
Instituição: Escola de Enfermagem Wenceslau
Versão: 3
CAAE: 02967212.4.0000.5099
Braz - EEWB
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
___________________________________________________________________
Número do parecer: 50519
Data da relatoria: 04/07/2012
Apresentação do Projeto:
Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, do tipo descritivo, exploratório e
transversal. Será realizado na Unidade de Lesão de Pele Enfermeira Isa Rodrigues
de Souza (Unidade II) da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz (EEWB). Os
participantes serão os pacientes cadastrados na referida unidade, com amostra de
20 pacientes e amostragem do tipo intencional. Será realizado o pré-teste com três
pacientes cadastrados nesta unidade e que não participarão do estudo. Os
instrumentos para a coleta de dados serão: um questionário fechado contendo
85
características pessoais e um roteiro de entrevista semi-estruturada com duas
questões abertas referentes aos objetivos do estudo: 1.Nos finais de semana e
feriados o Sr. (a) é quem faz o curativo da sua lesão, em casa. Poderia nos contar
como o Sr. (a) o realiza? 2. Fale-nos o que o Sr. (a) percebe ao realizar o seu
curativo em casa nos finais de semana e feriados. As informações serão gravadas
por um gravador portátil. Os dados serão descritos sob o referencial das
Representações Sociais (RS) e o método escolhido para análise o Discurso do
Sujeito Coletivo (DSC). Os aspectos éticos da pesquisa respeitaram a Resolução n°
196/96 do Ministério da Saúde para pesquisas envolvendo os Seres Humanos.
Objetivo da Pesquisa:
Os objetivos deste estudo serão identificar de que maneira o paciente com lesão de
pele cadastrado na Unidade de Lesão de Pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza
(Unidade II) da EEWB da cidade de Itajubá-MG, realiza o seu curativo em domicílio
e conhecer as percepções do paciente com lesão de pele quanto a realização do
seu curativo em domicílio.
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
Os riscos são mínimos, pois estão relacionados com o desconforto que poderão
advir da entrevista gravada. O estudo é de suma importância para identificar de que
maneira o paciente com lesão de pele realiza o seu curativo em domicílio e conhecer
as suas percepções quanto a realização do seu curativo em domicílio, e assim
poderemos
orientar
de
forma
específica,
procurando
atendê-lo
em
suas
necessidades individuais com o intuito de melhoria da lesão e de sua recuperação,
inserindo-o na sociedade, bem como no mercado de trabalho. Esta pesquisa pode
sensibilizar os profissionais de enfermagem quanto a importância de uma atenção
especial à realização do curativo desses pacientes com lesão de pele, e auxiliar os
mesmos a obterem conhecimentos e habilidades que propiciam condições para
melhorar a sua qualidade de vida. Contribuirá, também, no contexto do
conhecimento cientÍfico, considerando que o tema em questão ainda é pouco
explorado e só recentemente os profissionais de saúde estão se despertando para a
incidência de pacientes com lesão de pele.
86
Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:
Há coerência entre título, objetivos e instrumentos de coleta de dados. O método
está adequado a natureza do objeto de estudo.
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
Todos os Termos de apresentação obrigatória estão adequados.
Recomendações:
Nada consta.
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
Nada consta.
Situação do Parecer:
Aprovado.
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
Considerações Finais a critério do CEP:
De acordo com parecer do colegiado.
05 de Julho de 2012
_____________________
Assinado por:
LIAMARA DA SILVA RIBEIRO
87
ANEXO B- Instrumento de análise de discurso – I – IAD- 1
Pergunta 1: Pense um pouco: nos finais de semana e feriados o Sr. (a) é quem faz
o curativo da sua lesão em casa. Poderia nos contar como o Sr. (a) o realiza?
Participantes
1
Expressões- Chaves
Idéias Centrais
Eu lavo com soro, ponho as luvas tudo de acordo 1) Lava com o
que fornecem aqui na lesão, lavo bem as mãos soro
bem
antes de mexer, ponho as luvas e faço curativo, lavadinho
lavo bem com o soro e depois enxugo com a enxuga
e
com
gazinha e com luva, e enxugo bem enxuto, aí gazes.
depois eu faço curativo, eu ponho o pé em cima 2)
Lava
as
de uma cadeira pra não ficar arcado e ali eu faço mãos, coloca a
curativo, e faço sozinho.
luva ou passa
álcool
nas
mãos.
3) Faz sozinho
e não tem a
técnica.
2
Então eu tomo banho, tiro a faixa, tiro o curativo e 1)Faz sozinho e
tomo banho geral, depois daquele banho e ai eu não
tem
a
faço o curativo, com a baciinha e com um soro técnica.
fisiológico, o soro morninho, eu ponho numa 2)Lava com o
leiteira para esquentar e faço bonequinha, e limpo soro
bem
ali com a bonequinha, lavo bem lavadinha e lavo lavadinho
em volta e lavo dentro da lesão, ai depois eu enxuga
e
com
enxugo em volta e coloco a faixa, o curativo que gazes.
seja, ou seja a Kérlix ou seja uma pomada 3)Coloca
suponhamos que for, ai depois eu fecho a lesão.
a
pomada e fecha
a lesão.
3
Primeiro eu ponho lá o potinho que eu vou usar, 1)
Lava
as
ai depois eu vou lá e lavo a minha mão, depois eu mãos, coloca a
pego as coisas, eu tiro a gaze, pego, deixo luva ou passa
fechado lá o pacotinho, pego a gaze, pego a álcool
nas
88
atadura, a espátula que eu vou usar, a pomada e mãos.
deixo tudo ali perto de mim. Só que eu não tenho 2)Faz sozinho e
a mesinha, eu sento na cama sabe, eu deixo tudo não
tem
a
ali, só que é limpinho, não está nada aberto, e daí técnica.
eu começo, porque daí eu já lavei minha mão, aí 3)Esquenta
o
eu tiro a atadura, tiro a gaze com a pontinha da soro.
minha mão e pego o soro, o soro eu esquento, 4)Lava com o
porque antes eu fazia com ele frio, depois que eu soro
bem
comecei a vir na lesão, ai eu comecei a lavadinho
esquentar, e aí eu vou lavando a ferida com soro, enxuga
e
com
e pego as gazes, aqui vocês fazem bonequinha, gazes.
pega a pinça, eu não tenho a pinça, então eu 5)Não
pego com a mão, só que ali onde eu vou colocar contaminar
deixa
a
na lesão, eu não ponho a minha mão, sabe, aí pomada.
limpo bem, limpo em volta, jogo bastante soro,
mesmo depois que eu limpo com a gaze em volta
assim, eu jogo bastante soro pra lavar e depois
eu seco e na hora de eu passar a pomada eu não
ponho ela na gaze igual vocês fazem, eu pego o
tubo e coloco na lesão, assim ela alta, e depois
eu só espalho com a espátula, pra não ter perigo
deu ficar passando a pomada na gaze e
contaminar, depois que eu espalhei a pomada
com a espátula, aí eu vou pegar as gazes com a
pontinha, outras vezes eu pego assim nos
fechinhos da gaze e a de baixo eu emendo assim
com a minha mão e vou colocando assim, porque
eu não tenho luva lá, então tudo que eu vou fazer,
eu
pego
assim
pelas
beirinhas
pra
não
contaminar, é assim que eu faço.
4
Eu tenho minha mesa, aí na hora de tirar o 1)
Lava
as
curativo eu uso a luva, aí depois troco a luva mãos, coloca a
novamente pra fazer e colocar a pomada, ai já luva ou passa
89
uso a pomada na gaze que está na mesa, passo álcool
nas
na gaze, aí pego duas espátulas e coloco, às mãos.
vezes com a luva, porque nós não temos aquela 2)Faz sozinho e
técnica que vocês tem aqui na lesão, mas a gente não
tem
a
se vira, que nem vocês têm, aquele serviço técnica.
especializado então nós temos que se virar.
5
Pego as faixas, as gazes, primeiro eu coloco luva, 1)
Lava
as
eu tenho uma bacia social em casa que é só pra mãos, coloca a
esse fim, aí eu pego e coloco, ponho meu pé lá luva ou passa
dentro da bacia e aí eu faço, aí eu retiro lá, lavo álcool nas mãos
bem com soro, seco, dou uma leve secada por 2)Faz sozinho e
fora assim, eu passo pomada e tampo, ponho as não
tenho
a
gazes e fecho, aí vou enrolando a faixa e pego as técnica.
gazes com luva.
3)Lava
com
soro
bem
lavadinho
enxuga
e
com
gazes.
4)Coloca
a
pomada e fecha
a lesão.
6
Eu esquento o soro bem morninho no fogão, aí 1)Esquenta
o
vou no quarto pego a bacia, coloco um pano soro.
embaixo, ponho o banquinho, pego a pomada 2)Faz sozinho e
ponho na cama e na mão ponho a luva, aí vou não
tem
a
fazendo o curativo tirando as coisas tudo, lavo técnica.
bem lavadinho, lavo tudo certinho, assim que eu 3)Lava
com
faço, puxo gaze por gaze, vou jogando no soro
bem
saquinho e depois pego o soro, jogo bem o soro, lavadinho
jogo, jogo, jogo o soro, pego a bonequinha com a enxuga
e
com
luva e vou passando assim, certinho, aí depois eu gazes.
seco bem sequinho, passo o óleo em volta e 4)Coloca
ponho a gaze na pomada e passo a faixa.
a
pomada e fecha
90
a lesão.
7
Eu sento no sofá, coloco o pé em cima de uma 1)Faz sozinho e
cadeira, é o jeito que dá pra mim fazer, aí eu lavo não
tem
a
com soro, ponho o curativo e embrulho a faixa e técnica.
quando não tem luva eu lavo a mão e uso a mão, 2)
Lava
tiro as gazes com a mão, pego pela pontinha do soro
bem
adesivo, eu lavo com soro, depois eu seco e aí lavadinho
ponho o que têm que por.
com
enxuga
e
com
gazes.
3)Coloca
a
pomada e fecha
a lesão.
8
Sempre eu ponho um pano ou qualquer coisa do 1)Faz sozinho e
lado da cama e ponho tudo em cima, sempre eu não
tem
a
ponho a água, pego a gaze, troco certinho, eu técnica.
tenho uma tesourinha, às vezes eu pego com ela 2)Coloca
a
e limpo, depois eu jogo por fora da lesão, torno a pomada e fecha
limpar, limpo uma, duas a três vezes, aí depois já a lesão.
preparei as coisas tudo, papaína no lugar tudo 3)Esquenta
o
certinho, aí eu coloco a papaína, estou com as soro.
faixa tudo no jeito, aí eu coloco as faixas, o
esparadrapo está cortado no jeito também e
coloco o esparadrapo, alguns dias eu esquento o
soro, alguns dias não.
9
Eu esquento o soro como eles fazem na lesão, 1)Esquenta
o
tenho uma baciinha ponho o pé em cima da soro.
baciinha e lavo bem lavadinho, depois seco com 2) Faz sozinho
as gazes e depois pego as gazes, coloco a e não tem a
pomadinha que está sendo bem pouquinho em técnica.
cima e coloco em cima da lesão, às vezes eu 3)Lava
com
passo alguma coisa em volta, às vezes até não e soro
bem
enrolo.
lavadinho
enxuga
e
com
91
gazes.
4)Coloca
pomada e fecha
a lesão.
10
Eu depois do banho já aproveito e faço o curativo, 1)Faz sozinho e
eu tomo banho com a faixa pra não ir água do não
tem
a
chuveiro. Eu pego uma bacia, ponho em cima aí técnica.
desembrulho a faixa que já está molhada, pego o 2)Lava
com
soro e começo a lavar com o soro muito de soro
bem
levezinho vou passando gaze pra tirar o excesso lavadinho
e
e vou passando com o soro, depois eu enxugo ali enxugo
com
onde que está o ferimento, eu deixo a lesão um gazes.
pouco molhada, porque falaram pra mim deixar 3)Deixa a lesão
um
pouquinho
molhado,
assim
está um
que
pouco
acabando de fechar molho gaze com óleo de molhada.
dersani e embrulho com a faixa, vou embrulhando 4)Coloca
a faixa do jeito que eles fazem aqui em oito.
a
pomada e fecha
a lesão.
11
No meu quarto tem uma mesinha baixa, então eu 1)Faz sozinho e
abro e passo um pano com álcool na mesinha, não
tem
a
ponho o material, abro o pacote, ponho a luva e técnica.
retiro o material, tiro o curativo sujo e ponho num 2)
Lava
as
saquinho plástico e depois eu faço a limpeza com mãos, coloca a
soro
fisiológico
e
seco,
ponho
o
agente luva ou passa
terapêutico, cubro e tento por gazes nos lugares álcool
nas
onde a drenagem é maior, depois passo a gaze e mãos.
ponho o esparadrapo.
3)Lava
com
soro
bem
lavadinho
enxuga
e
com
gazes.
4)Coloca
a
pomada e fecha
92
a lesão.
12
Primeiro eu tomo banho, lavo a mão, pego o soro, 1)Faz sozinho e
a baciinha, a atadura, já deixo tudo certinho, aí não
tem
a
pego com a pinça igual vocês fazem mesmo, eu técnica.
pego no postinho curativo/, eu lavo com soro, 2)Lava
com
molho com o soro, depois eu limpo com as soro
bem
gazes/, depois coloco a pomada na gaze, outra lavadinho
hora ponho na espátula, coloco na gaze e ponho enxuga
e
com
na feridinha, depois que eu lavo com soro, seco gazes.
certinho, e coloco a atadura.
3)Coloca
a
pomada e fecha
a lesão.
13
Eu ponho tudo em cima da cama, espátula, a 1)Faz sozinho e
gaze, a gaze que eu mando lá no posto de saúde, não
tem
a
eu levo as marmitas e eles esterilizam pra mim, aí técnica.
às vezes, depende do que o médico manda, se o 2)Depende
do
médico manda lavar a lesão, eu tomo banho e que o médico
lavo a lesão, se o médico não manda lavar a manda.
lesão, eu passo um plástico com fita crepe e tomo 3)Esquenta
o
banho e evito até de molhar o corpo, depois eu soro.
vou e retiro aquele plástico e esquento, pego uma 4)Lava
com
leiteira ponho água, quando está quente, eu levo soro
bem
ela para o quarto, ponho o soro dentro, aí comprei lavadinho
uma baciinha que eu ponho o pé dentro, mas não enxuga
e
com
dá muito porque sempre quando eu jogo o soro gazes.
na lesão escorre para os pés, não é igual na 5)
Lava
as
lesão, é meio sacrifício, às vezes as gazes saem mãos, coloca a
fáceis, às vezes não sai, que fica gastando muito luva ou passa
soro e nunca que sai, eu levo o vidro de álcool álcool
nas
para o quarto, passo na mão, porque a mãos.
enfermeira falou que eu mesma pegando os 6)Coloca
a
materiais não precisa de luva, aí eu pego ponho a pomada e fecha
mão assim em cima daquela gaze, jogo soro, a lesão.
93
limpo, jogo, de primeiro eu levava luva da lesão,
agora eu pego com a mão, pego a espatulazinha
e passo a kolagenase, ou aquela que eu estiver
usando, eu passo na gaze e ponho em cima,
seco direitinho, e aí fecho.
14
“Lavo as mãos bem lavadinha, enxáguo, seco 1)Lava
as
bem a mãos e ai que eu vou fazer o curativo. mãos, coloca a
Coloco o soro para esquentar, morno a água e luva ou passa
lavo com água dentro também, tudo para álcool
nas
esquentar. Lavo bem lavadinho, seco com mãos.
gaizinha e depois eu passo a pomada certinho 2)Esquenta
o
coloco gaizinha de novo e enfaixo, arrumo bem soro.
arrumadinho para poder curar certinho.”
3)Lava
com
soro
bem
lavadinho
enxuga
e
com
gazes.
4)Coloca a
pomada e fecha
a lesão.
15
“Então quando eu vou fazer o curativo eu lavo a 1)Lava as
mão, seco e coloco a luva, depois eu jogo o mãos, coloca a
sorinho e coloco a pomada, eu faço em casa, luva ou passa
pego a tesoura e coloco a gaze na ponta da álcool nas mãos
tesoura, e primeiro eu passo álcool na tesoura, eu 2)Coloca a
jogo o soro, depois ponho a pomada depois que pomada e fecha
seco eu tampo, abaixar eu não posso, eu coloco a lesão.
o pé em cima da cadeira”
3)Faz sozinho e
não
tem
a
técnica.
16
“Primeiramente eu lavo as mãos né, depois 1)Lava
as
preparo o material tudo, pego o baldinho ponho mãos, coloca a
94
do lado, ponho aquela luva de procedimento né, luva ou passa
tiro tudo a faixa e tiro a luva, depois começo a álcool nas mãos
lavar a lesão com soro, depois tem papaína 2) Faz sozinho
passo e coloco a faixa.”
e não tem a
técnica.
3)
Coloca
a
pomada e fecha
a lesão.
Pergunta 2: Fale-nos o que o Sr. (a) percebe ao realizar o seu curativo nos finais de
semana e feriados em casa.
Participantes
1
Expressões-Chaves
Idéias Centrais
Eu não tenho nada que me atrapalhe não, porque 1)Não tem nada
eu faço reservado, num comodozinho que eu que atrapalhe.
tenho lá, e eu lavo tudo, faço curativo sozinho,
sem ninguém me ajudar.
2
Então, eu faço curativo em casa, eu tenho mais 1)Na lesão tem
preferência de fazer na lesão, porque aqui são mais higiene.
mais higiênicos, muito mais legal do que o feito 2)Em casa não
em casa, vocês têm os materiais para fazer, as tem
todo
ferramentinhas de fazer o curativo, em casa a material
gente não tem, o modo de vocês tratarem a gente 3)O
modo
de
também faz parte do curativo, do tratamento e tratar a gente
sinto muito melhor fazendo aqui do que em casa, faz
parte
do
então eu faço em casa só que eu faço assim, eu tratamento
não tenho o material que tem aqui, pinça, aquela 4)
Não
tesourinha, eu consigo fazer sozinha, só que eu nada
tem
que
não encontro dificuldade não, só que é aquele atrapalhe
negócio, eu acho que não é igual o curativo
daqui, entendeu, mas eu faço, dificuldade eu não
sinto não, mas dá pra fazer em casa, entendeu.
3
Bom, eu acho que em casa eu poderia ter as 1)Em casa não
95
pinça que aqui tem, e assim mesinhas que aqui tem
todo
tem, pra mim colocar tudo organizadinho, a bacia material
que vocês tem aqui eu também não tenho, agora 2)Não tem nada
de fazer eu acho que eu estou fazendo certo que atrapalhe
sabe, é, eu acho, eu não ponho a mão ali para
contaminar sabe, a espátula que eu coloco lá eu
não deixo contaminar no tubo da pomada, eu
acho que está certo.
4
Não reclamo de nada, porque aqui na lesão sou 1)O
modo
de
bem atendido, levo o que dá pra mim atravessar tratar a gente
aquele intervalo que eu não venho aqui, então eu faz
parte
do
não tenho nada a reclamar, remédio tem, não tem tratamento
aquele auxilio total do serviço tratado, eu 2)Não tem nada
agradeço porque a gente também depende do que atrapalhe.
trabalho de vocês, eu não sinto dificuldade não,
de acordo com o que eu estou aprendendo aqui,
primeiro eu sentia no começo, até para amarrar a
faixa, agora não, eu não tenho não, não tenho
nada a reclamar, vejo que estou realizando certo!.
5
Eu pego o material no posto lá perto de casa, 1)Em casa não
gazes, aí está dando tudo certo, igual aqui não, tem
todo
porque aqui na lesão as coisas são diferentes, material
porque aqui tem a cadeira que a gente coloca o 2)Não tem nada
pé em cima, o pé não tem contato com a bacia, que atrapalhe
então aqui é lógico que é melhor, mas a gente
precisa fazer em casa, para fazer não tenho
dificuldade,
eu
tenho
um banquinho
assim
pequenininho e ponho a bacia em cima, eu sento
na beira da cama do meu quarto.
6
Eu tenho dificuldade de por as gazes atrás, eu 1)Tenho
gosto de fazer aqui na lesão, aqui eu me sinto dificuldade.
mais a vontade, é gostoso fazer aqui, não é igual 2) O modo de
em casa, eu sento na cama, fica doendo as tratar a gente
96
minhas “popas”, eu já acostumei fazer, já peguei faz
parte
do
no ritmo, tem dia que não fica igual outra vez, fica tratamento
meio errado, as gazes que às vezes eu ponho
errado, a atadura fica certo.
7
Tenho dificuldade, porque não tem as coisas 1)Tenho
certas para fazer, em casa não tem a tesoura dificuldade
para segurar, o soro para fazer, a gazinha para 2)Em casa não
limpar igual faz aqui, é diferente, não é errado, tem
todo
está certo fazer, porque sem fazer é que não material
pode deixar, porque é um alívio quando a gente 3)É
diferente,
faz curativo, porque está assim às vezes uns dois, não é errado.
três dias sem fazer, quando faz é um alívio, muda
tudo.
8
Dentro da casa da gente, a gente faz uma coisa, 1)Em casa não
aqui na lesão tem os preparos, tem tudo no jeito, tem
todo
mas lá a gente já não tem tudo certo como aqui material
na lesão, a gente já fica com a perna mais 2)Tenho
pendurada, às vezes não tem a cadeirinha certa dificuldade.
para por no lugar, mas arruma um jeito e faz, 3)Não tem nada
dificuldade eu não tenho porque eu faço tudo que atrapalhe
certo, sempre fiz, estou fazendo correto.
9
O que eu percebo aqui na lesão é bem melhor de 1)Em casa não
fazer, porque aqui tem todos os cuidados e na tem
todo
casa da gente não tem o material certinho do jeito material
que fazem aqui, aqui é especial, aqui não tem 2)Não tem nada
como. Eu não tenho dificuldade de fazer em casa que atrapalhe
não, do meu jeito cuidando direitinho, com
limpeza com tudo certinho, eu faço.
10
Pra mim é tudo tão difícil, mas como não tem jeito 1)Tenho
de outra pessoa fazer, eu mesmo faço, mas está dificuldade.
dando tudo certinho, eu me sinto alegre de ter 2)Não tem nada
disposição de fazer o curativo no meu pé. A ajuda que atrapalhe
daqui está me dando muita força, o curativo está 3)O
modo
de
97
sendo muito bom, que se não fosse o curativo tratar a gente
daqui eu não estava bem.
faz
parte
do
tratamento
11
Eu percebo uma coisa até muito natural porque 1)Uma situação
faz parte do sistema, da organização da lesão, bem normal.
tanta gente faz seu curativo em casa, pra mim
uma situação bem normal, sem criar problema.
Eu me via assim de certa forma tranqüila, às
vezes me preocupava quando eu sentia que a
lesão não estava melhorando, estava piorando, aí
eu ficava um pouco preocupada.
12
Tá tudo certo, eu não tenho dificuldade não, 1)Não tem nada
graças à Deus, não impede nada, está havendo que atrapalhe
melhora, porque eu fico de repouso também.
13
Não fica igual daqui da lesão, fazendo aqui é 1)É
diferente,
melhor, não acho difícil, eu sempre tenho tudo, a não é errado.
única coisa que eu acho difícil é tirar a gaze, mas 2)Tenho
não acho difícil de fazer não, não sinto que fica dificuldade.
bem feito igual daqui, mas aqui é bem melhor.
14
“Hoje está bonzinho, bem melhor de fazer e vai 1)É
diferente,
indo, um dia está melhor no outro da de vazar não é errado.
muito ai tem que ficar trocando de faixa para não 2)Tenho
ficar molhado, é diferente, tem que lavar ficar com dificuldade
o pé assim ó, dá um pouquinho de dificuldade.”
15
“Então fazer em casa é difícil pra mim, mas eu 1)Tenho
gosto de fazer no posto, fica um pouco difícil pra dificuldade
mim abaixar, e tá pegando as coisas né, eu acho 2)Na lesão tem
que quando as enfermeiras fazem pra mim fica mais higiene.
mais certinho, mais higiênico.”
16
“Tem que fazer né, porque não tem ninguém que 1)Não tem nada
faça, eu faço já há muitos anos, faço a muito que atrapalhe
tempo e agora já peguei até prática, o curativo é
rápido não gasta cinco minutos e já está pronto.”
98
ANEXO C- Instrumento de análise de discurso- II- IAD 2
Pergunta 1: Pense um pouco: nos finais de semana e feriados o Sr. (a) é quem faz
o curativo da sua lesão em casa. Poderia nos contar como o Sr. (a) o realiza?
Participantes IC: Lava com soro bem lavadinho e enxugo com gazes
1
Eu lavo com soro; lavo bem com o soro e depois enxugo com a
gazinha e com luva, e enxugo bem enxuto.
2
Lavo bem lavadinha e lavo em volta e lavo dentro da lesão, ai
depois eu enxugo em volta.
3
Jogo bastante soro, mesmo depois que eu limpo com a gaze em
volta assim, eu jogo bastante soro para lavar e depois eu seco.
5
Lavo bem com soro, seco, dou uma leve secada por fora.
6
Lavo bem lavadinho, lavo tudo certinho, assim que eu faço, puxo
gaze por gaze, vou jogando no saquinho e depois pego o soro, jogo
bem o soro, jogo, jogo, jogo o soro, pego a bonequinha com a luva e
vou passando assim, certinho, aí depois eu seco bem sequinho.
7
Aí eu lavo com soro, ponho o curativo e embrulho a faixa; eu lavo
com soro, depois eu seco.
9
E lavo bem lavadinho, depois seco com as gazes.
10
Pego o soro e começo a lavar com o soro muito de levezinho vou
passando gaze para tirar o excesso e vou passando com o soro,
depois eu enxugo ali onde que está o ferimento.
11
Eu faço a limpeza com soro fisiológico e seco.
12
Eu lavo com soro, molho com o soro, depois eu limpo com as gazes.
13
Às vezes as gazes saem fáceis, às vezes não sai, que fica gastando
muito soro e nunca que sai; jogo soro, limpo, jogo.
14
Lavo bem lavadinho, seco com gaizinha.
Participantes IC: Lava as mãos, coloca a luva ou passa álcool nas mãos
1
Ponho as luvas tudo de acordo que fornecem aqui na lesão, lavo
bem as mãos antes de mexer, ponho as luvas e faço curativo.
3
Primeiro eu ponho lá o potinho que eu vou usar, ai depois eu vou lá
e lavo a minha mão.
4
Eu tenho minha mesa, aí na hora de tirar o curativo eu uso a luva, aí
depois troco a luva novamente pra fazer e colocar a pomada.
5
Pego as faixas, as gazes, primeiro eu coloco luva; e pego as gazes
com luva.
11
Ponho a luva e retiro o material, retiro o curativo sujo e ponho num
saquinho plástico.
13
Eu levo o vidro de álcool para o quarto, passo na mão, porque a
enfermeira falou que eu mesma pegando os materiais não precisa
de luva, aí eu pego ponho a mão assim em cima daquela gaze.
14
Lavo as mãos bem lavadinha, enxáguo, seco bem a mãos e ai que
eu vou fazer o curativo.
15
Então quando eu vou fazer o curativo eu lavo a mão, seco e coloco
a luva.
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Primeiramente
procedimento.
eu
lavo
as
mãos,
ponho
aquela
luva
de
Participantes IC: Faz sozinho e não tem a técnica
1
Aí depois eu faço curativo, eu ponho o pé em cima de uma cadeira
pra não ficar arcado e ali eu faço curativo, e faço sozinho.
2
Então eu tomo banho, tiro a faixa, tiro o curativo e tomo banho geral,
depois daquele banho e ai eu faço o curativo, com a baciinha e com
um soro fisiológico, o soro morninho, eu ponho numa leiteira para
esquentar e faço bonequinha, e limpo ali com a bonequinha.
3
Depois eu pego as coisas, eu tiro a gaze, pego, deixo fechado lá o
pacotinho, pego a gaze, pego a atadura, a espátula que eu vou usar,
a pomada e deixo tudo ali perto de mim. Só que eu não tenho a
mesinha, eu sento na cama sabe, eu deixo tudo ali, só que é
limpinho, não está nada aberto, e daí eu começo, porque daí eu já
lavei minha mão, aí eu tiro a atadura, tiro a gaze com a pontinha da
minha mão; e aí eu vou lavando a ferida com soro, e pego as gazes,
aqui vocês fazem bonequinha, pega a pinça, eu não tenho a pinça,
então eu pego com a mão, só que ali onde eu vou colocar na lesão,
eu não ponho a minha mão, sabe, aí limpo bem, limpo em volta;
depois que eu espalhei a pomada com a espátula, aí eu vou pegar
as gazes com a pontinha, outras vezes eu pego assim nos fechinhos
da gaze e a de baixo eu emendo assim com a minha mão e vou
colocando assim, porque eu não tenho luva lá, então tudo que eu
vou fazer, eu pego assim pelas beirinhas pra não contaminar, é
assim que eu faço.
4
Aí já uso a pomada na gaze que está na mesa, passo na gaze, aí
pego duas espátulas e coloco, às vezes com a luva, porque nós não
temos aquela técnica que vocês tem aqui na lesão, mas a gente se
vira, que nem vocês têm, aquele serviço especializado então nós
temos que se virar.
5
Eu tenho uma bacia social em casa que é só pra esse fim, aí eu
pego e coloco, ponho meu pé lá dentro da bacia e aí eu faço, aí eu
retiro lá.
6
Aí vou no quarto pego a bacia, coloco um pano embaixo, ponho o
banquinho, pego a pomada ponho na cama e na mão ponho a luva,
aí vou fazendo o curativo tirando as coisas tudo.
7
Eu sento no sofá, coloco o pé em cima de uma cadeira, é o jeito que
dá pra mim fazer; e quando não tem luva eu lavo a mão e uso a
mão, tiro as gazes com a mão, pego pela pontinha do adesivo.
8
Sempre eu ponho um pano ou qualquer coisa do lado da cama e
ponho tudo em cima, sempre eu ponho a água, pego a gaze, troco
certinho, eu tenho uma tesourinha, às vezes eu pego com ela e
limpo, depois eu jogo por fora da lesão, torno a limpar, limpo uma,
duas a três vezes, aí depois já preparei as coisas tudo, papaína no
lugar tudo certinho.
9
Tenho uma baciinha ponho o pé em cima da baciinha.
10
Eu depois do banho já aproveito e faço o curativo, eu tomo banho
com a faixa pra não ir água do chuveiro. Eu pego uma bacia, ponho
em cima aí desembrulho a faixa que já está molhada.
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No meu quarto tem uma mesinha baixa, então eu abro e passo um
pano com álcool na mesinha, ponho o material, abro o pacote.
Primeiro eu tomo banho, lavo a mão, pego o soro, a baciinha, a
atadura, já deixo tudo certinho, aí pego com a pinça igual vocês
fazem mesmo, eu pego no postinho curativo.
Eu ponho tudo em cima da cama, espátula, a gaze, a gaze que eu
mando lá no posto de saúde, eu levo as marmitas e eles esterilizam
pra mim; aí comprei uma baciinha que eu ponho o pé dentro, mas
não dá muito porque sempre quando eu jogo o soro na lesão
escorre para os pés, não é igual na lesão, é meio sacrifício; primeiro
eu levava luva da lesão, agora eu pego com a mão.
Eu faço em casa, pego a tesoura e coloco a gaze na ponta da
tesoura, e primeiro eu passo álcool na tesoura, eu jogo o soro,
depois ponho a pomada depois que seco eu tampo, abaixar eu não
posso, eu coloco o pé em cima da cadeira.
Preparo o material tudo, pego o baldinho ponho do lado, tiro tudo a
faixa e tiro a luva, depois começo a lavar a lesão com soro
Participantes IC: Coloca a pomada e fecha a lesão
2
E coloco a faixa, o curativo que seja, ou seja a Kérlix ou seja uma
pomada suponhamos que for, ai depois eu fecho a lesão.
5
Eu passo pomada e tampo, ponho as gazes e fecho, aí vou
enrolando a faixa.
6
Passo o óleo em volta e ponho a gaze na pomada e passo a faixa.
7
E aí ponho o que têm que por.
8
Aí eu coloco a papaína, estou com as faixa tudo no jeito, aí eu
coloco as faixas, o esparadrapo está cortado no jeito também e
coloco o esparadrapo.
9
E depois pego as gazes, coloco a pomadinha que está sendo bem
pouquinho em cima e coloco em cima da lesão, às vezes eu passo
alguma coisa em volta, às vezes até não e enrolo.
10
Assim que está acabando de fechar molho gaze com óleo de
dersani e embrulho com a faixa, vou embrulhando a faixa do jeito
que eles fazem aqui em oito.
11
Ponho o agente terapêutico, cubro e tento por gazes nos lugares
onde a drenagem é maior, depois passo a gaze e ponho o
esparadrapo.
12
Depois coloco a pomada na gaze, outra hora ponho na espátula,
coloco na gaze e ponho na feridinha, depois que eu lavo com soro,
seco certinho, e coloco a atadura.
13
Pego a espatulazinha e passo a kolagenase, ou aquela que eu
estiver usando, eu passo na gaze e ponho em cima, seco direitinho,
e aí fecho.
14
Eu passo a pomada certinho coloco gaizinha de novo e enfaixo,
arrumo bem arrumadinho para poder curar certinho.
15
Coloco a pomada
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Tem papaína passo e coloco a faixa.
Participantes IC: Esquenta o soro
3
Pego o soro, o soro eu esquento, porque antes eu fazia com ele frio,
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depois que eu comecei a vir na lesão, ai eu comecei a esquentar.
Eu esquento o soro bem morninho no fogão.
Alguns dias eu esquento o soro, alguns dias não.
Eu esquento o soro como eles fazem na lesão.
Esquento, pego uma leiteira ponho água, quando está quente, eu
levo ela para o quarto, ponho o soro dentro.
Coloco o soro para esquentar, morno a água e lavo com água
dentro também, tudo para esquentar.
Participantes IC: Não deixa contaminar a pomada
3
Na hora de eu passar a pomada eu não ponho ela na gaze igual
vocês fazem, eu pego o tubo e coloco na lesão, assim ela alta, e
depois eu só espalho com a espátula, pra não ter perigo deu ficar
passando a pomada na gaze e contaminar.
Participantes IC: Deixa a lesão um pouco molhada
10
Eu deixo a lesão um pouco molhada, porque falaram pra mim deixar
um pouquinho molhado.
Participantes IC: Depende do que o médico manda
13
Ás vezes, depende do que o médico manda, se o médico manda
lavar a lesão, eu tomo banho e lavo a lesão, se o médico não manda
lavar a lesão, eu passo um plástico com fita crepe e tomo banho e
evito até de molhar o corpo, depois eu vou e retiro aquele plástico.
Pergunta 2: Fale-nos o que o Sr. (a) percebe ao realizar o seu curativo nos finais de
semana e feriados em casa.
Participantes IC: Não tem nada que atrapalhe
1
Eu não tenho nada que me atrapalhe não, porque eu faço
reservado, num comodozinho que eu tenho lá, e eu lavo tudo, faço
curativo sozinho, sem ninguém me ajudar.
2
Eu consigo fazer sozinha, só que eu não encontro dificuldade não,
só que é aquele negócio, eu acho que não é igual o curativo daqui,
entendeu, mas eu faço, dificuldade eu não sinto não, mas dá pra
fazer em casa, entendeu;
3
Agora de fazer eu acho que eu estou fazendo certo sabe, é, eu
acho, eu não ponho a mão ali para contaminar sabe, a espátula que
eu coloco lá eu não deixo contaminar no tubo da pomada, eu acho
que está certo.
4
Levo o que dá pra mim atravessar aquele intervalo que eu não
venho aqui, então eu não tenho nada a reclamar, remédio tem, não
tem aquele auxilio total do serviço tratado, eu agradeço porque a
gente também depende do trabalho de vocês, eu não sinto
dificuldade não, de acordo com o que eu estou aprendendo aqui,
primeiro eu sentia no começo, até para amarrar a faixa, agora não,
eu não tenho não, não tenho nada a reclamar, vejo que estou
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realizando certo!
Para fazer não tenho dificuldade, eu tenho um banquinho assim
pequenininho e ponho a bacia em cima, eu sento na beira da cama
do meu quarto.
Dificuldade eu não tenho porque eu faço tudo certo, sempre fiz,
estou fazendo correto.
Eu não tenho dificuldade de fazer em casa não, do meu jeito
cuidando direitinho, com limpeza com tudo certinho, eu faço.
Mas está dando tudo certinho, eu me sinto alegre de ter disposição
de fazer o curativo no meu pé.
Tá tudo certo, eu não tenho dificuldade não, graças à Deus, não
impede nada, está havendo melhora, porque eu fico de repouso
também.
Tem que fazer né, porque não tem ninguém que faça, eu faço já há
muitos anos, faço a muito tempo e agora já peguei até prática, o
curativo é rápido não gasta cinco minutos e já está pronto.
Participantes IC: Na lesão tem mais higiene
2
Então, eu faço curativo em casa, eu tenho mais preferência de fazer
na lesão, porque aqui são mais higiênicos, muito mais legal do que o
feito em casa
15
Eu acho que quando as enfermeiras fazem pra mim fica mais
certinho, mais higiênico.”
Participantes IC: Em casa não tem todo material
2
Vocês têm os materiais para fazer, as ferramentinhas de fazer o
curativo, em casa a gente não tem; então eu faço em casa só que
eu faço assim, eu não tenho o material que tem aqui, pinça, aquela
tesourinha.
3
Bom, eu acho que em casa eu poderia ter as pinça que aqui tem, e
assim mesinhas que aqui tem, pra mim colocar tudo organizadinho,
a bacia que vocês tem aqui eu também não tenho.
5
Eu pego o material no posto lá perto de casa, gazes, aí está dando
tudo certo, igual aqui não, porque aqui na lesão as coisas são
diferentes, porque aqui tem a cadeira que a gente coloca o pé em
cima, o pé não tem contato com a bacia, então aqui é lógico que é
melhor, mas a gente precisa fazer em casa.
7
Em casa não tem a tesoura para segurar, o soro para fazer, a
gazinha para limpar igual faz aqui.
8
Dentro da casa da gente, a gente faz uma coisa, aqui na lesão tem
os preparos, tem tudo no jeito, mas lá a gente já não tem tudo certo
como aqui na lesão; Às vezes não tem a cadeirinha certa para por
no lugar, mas arruma um jeito e faz.
9
O que eu percebo aqui na lesão é bem melhor de fazer, porque aqui
tem todos os cuidados e na casa da gente não tem o material
certinho do jeito que fazem aqui, aqui é especial, aqui não tem
como.
103
Participantes IC: O modo de tratar a gente faz parte do tratamento
2
O modo de vocês tratarem a gente também faz parte do curativo, do
tratamento e sinto muito melhor fazendo aqui do que em casa.
4
Não reclamo de nada, porque aqui na lesão sou bem atendido.
6
Eu gosto de fazer aqui na lesão, aqui eu me sinto mais a vontade, é
gostoso fazer aqui
10
A ajuda daqui está me dando muita força, o curativo está sendo
muito bom, que se não fosse o curativo daqui eu não estava bem.
Participantes IC: Tenho dificuldade
6
Eu tenho dificuldade de por as gazes atrás; Não é igual em casa, eu
sento na cama, fica doendo as minhas “popas”, eu já acostumei
fazer, já peguei no ritmo, tem dia que não fica igual outra vez, fica
meio errado, as gazes que às vezes eu ponho errado, a atadura fica
certo.
7
Tenho dificuldade, porque não tem as coisas certas para fazer.
8
A gente já fica com a perna mais pendurada.
10
Pra mim é tudo tão difícil, mas como não tem jeito de outra pessoa
fazer, eu mesmo faço.
13
A única coisa que eu acho difícil é tirar a gaze.
14
Tem que lavar ficar com o pé assim ó, dá um pouquinho de
dificuldade.
15
Então fazer em casa é difícil pra mim, mas eu gosto de fazer no
posto, fica um pouco difícil pra mim abaixar, e tá pegando as coisas.
Participantes IC: É diferente, não é errado
7
É diferente, não é errado, está certo fazer, porque sem fazer é que
não pode deixar, porque é um alivio quando a gente faz curativo,
porque está assim às vezes uns dois, três dias sem fazer, quando
faz é um alívio, muda tudo.
13
Não fica igual daqui da lesão, fazendo aqui é melhor, não acho
difícil, eu sempre tenho tudo; Mas não acho difícil de fazer não, não
sinto que fica bem feito igual daqui, mas aqui é bem melhor.
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Hoje está bonzinho, bem melhor de fazer e vai indo, um dia está
melhor no outro da de vazar muito ai tem que ficar trocando de faixa
para não ficar molhado, é diferente.
Participantes IC: Uma situação bem normal
11
Eu percebo uma coisa até muito natural porque faz parte do
sistema, da organização da lesão, tanta gente faz seu curativo em
casa, pra mim uma situação bem normal, sem criar problema. Eu
me via assim de certa forma tranqüila, às vezes me preocupava
quando eu sentia que a lesão não estava melhorando, estava
piorando, aí eu ficava um pouco preocupada.
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