ESCOLA DE ENFERMAGEM WENCESLAU BRAZ KAREN MENDES BORGES LUANA APARECIDA MENDES COLÓSIMO VANESSA NATACHA DA SILVA OLIVEIRA MANEIRAS E PERCEPÇÕES DO PACIENTE COM LESÃO DE PELE REFERENTES À AUTOREALIZAÇÃO DO CURATIVO EM DOMICÍLIO ITAJUBÁ - MG 2012 KAREN MENDES BORGES LUANA APARECIDA MENDES COLÓSIMO VANESSA NATACHA DA SILVA OLIVEIRA MANEIRAS E PERCEPÇÕES DO PACIENTE COM LESÃO DE PELE REFERENTES À AUTOREALIZAÇÃO DO CURATIVO EM DOMICÍLIO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Enfermagem da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, como requisito parcial para aprovação. Orientadora: Profª. M.ª Ligia Vieira Tenório Sales. Coorientadora: Profª. Esp. Elaine Aparecida Rocha Domingues. ITAJUBÁ – MG 2012 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Escola de Enfermagem Wenceslau Braz (EEWB) Bibliotecária - Karina Morais Parreira - CRB 6/2777 B732m Borges, Karen Mendes. Maneiras e percepções do paciente com lesão de pele referentes ... / Karen Mendes Borges ; Luana Aparecida Mendes Colósimo ; Vanessa Natacha da Silva Oliveira. 2012. 103 f. Orientadora: Profª. M.ª Lígia Vieira Tenório Sales. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Enfermagem) -Escola de Enfermagem Wenceslau Braz - EEWB, Itajubá, 2012. 1. Percepção. 2. Paciente. 3. Bandagens. I. Colósimo, Luana Aparecida Mendes. II. Oliveira, Vanessa Natacha da Silva. III. Título. NLM: WO 167 Dedicamos a concretização deste trabalho a todos os pacientes portadores de lesão de pele, em especial aos que dividiram conosco suas experiências e dificuldades. AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente à Deus, pelo dom da vida e pela oportunidade de lutar e vencer. Aos nossos pais e familiares pelo exemplo, sacrifício e pela dedicação incessante para que os nossos sonhos fossem realizados. À nossa querida orientadora, Ligia Vieira Tenório Sales, que ao longo desses anos nos ensinou e nos fez acreditar que somos capazes de lutar, contribuiu para nosso desenvolvimento pessoal e profissional, e o quanto nos ajudou para a concretização dessa pesquisa. Aos entrevistados que aceitaram participar da pesquisa, contribuindo para o desenvolvimento deste trabalho e para nosso conhecimento. Às professoras Ms. Ivandira e Isabel por aceitarem participar da banca examinadora deste trabalho, enrriquecendo os nossos conhecimentos. À todos que amamos, essa vitória também é de vocês! RESUMO O presente estudo foi de abordagem qualitativa, do tipo descritivo, exploratório e transversal e teve como objetivo: Identificar de que maneira e conhecer as percepções do paciente com lesão de pele quanto a realização do curativo em domicílio. A amostra constituiu de 16 pacientes cadastrados na Unidade de Lesão de Pele. A amostragem foi do tipo intencional. A coleta de dados realizou-se mediante um questionário fechado contendo características pessoais e um roteiro de entrevista semi-estruturada com duas questões abertas referentes aos objetivos do estudo, que foram gravadas através de um gravador portátil e transcrita na íntegra. Os dados colhidos foram descritos sob o referencial das Representações Sociais e o método utilizado para a análise dos resultados foi o discurso do sujeito do coletivo. A pesquisa seguiu os preceitos estabelecidos pela resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Os resultados desta pesquisa permitiram concluir que dos 100% dos participantes pesquisados o gênero que mais prevaleceu foi o feminino, a média da idade em anos foi de 62,9 anos, o tempo de lesão de pele foi de 12 anos, a região corporal que mais prevaleceu foi os membros inferiores, as doenças crônicas que mais prevaleceram foi HAS em primeiro e DM em segundo. As maneiras com que o paciente realiza o seu curativo em domicílio são: “Faz sozinho e não tem técnica”, “Lava com soro bem lavadinho e enxuga com gazes”, “Coloca a pomada e fecha a lesão”, “Lava as mãos e coloca luva ou passa álcool na mão”, “Esquenta o soro”, “Não deixa contaminar a pomada”, “Deixa a lesão um pouco molhada” e “Depende do que o médico manda”. Quanto às percepções são: “Não tem nada que atrapalhe”, “Em casa não tem todo o material”, “Tenho dificuldade”, “O modo de tratar a gente faz parte do tratamento”, “É diferente, não é errado”, “Na lesão tem mais higiene” e “Uma situação bem normal”. Este estudo nos permitiu desvendar dificuldades e algumas falhas para a execução dos curativos nos dias em que a Unidade de Lesão não está disponível para os pacientes. Apesar da possibilidade que esta pesquisa proporcionou em sanar as dúvidas e dificuldades destes pacientes, surge uma vertente deste estudo que sugere outra pesquisa de forma a acompanhar o procedimento dos curativos feitos pelos pacientes em suas residências para que possam ser percebidas outras falhas ou dificuldades que aqui não foram elucidadas. Palavras-chave: Percepção. Paciente. Bandagens. ABSTRACT This study was a qualitative, descriptive, exploratory and cross and aimed to: identify and understand how the perceptions of patients with skin lesion as making the bandage at home. The sample consisted of 16 patients registered at Unit Skin Lesion. Sampling was intentional. Data collection was conducted through a questionnaire with closed questions containing personal characteristics and a roadmap of semi-structured interviews with two open questions regarding the objectives of the study, which were recorded by a portable recorder and transcribed in full. The data collected were described under the benchmark Social Representations and the method used for the analysis of the results was the collective subject discourse. The research followed the precepts established by Resolution No. 196/96 of the National Health Council The research results showed that 100% of participants surveyed the genus most prevalent was female, the average age was 62 years, 9 years, the time of skin lesion was 12 years, the body region that was most prevalent lower limbs, chronic diseases that hypertension was more prevalent in the first and second DM. The manner in which the patient performs his healing at home are: "Does alone and has no technique," "Lava Lavadinho well with serum and with gauze wipes", "Put the ointment and closes the injury," "Wash hands and puts glove or alcohol passes in hand "," Heats serum "," Do not let contaminate the ointment "," Let the injury a bit wet "and" It depends on what the doctor orders. " Regarding the perception is: "There is nothing to panic", "At home does not have all the material," "I have difficulty", "The way to treat people is part of treatment," "It's different, not wrong," "The injury is more hygienic" and "A very normal situation." This study allowed us to unravel some difficulties and failures to implement the dressings on days when the unit is not available for Injury patients. Despite the possibility that this research provided to remedy the doubts and difficulties of these patients, there is an aspect of this study suggests that further search in order to follow the procedure of bandages made by patients in their homes so they can be perceived failures or other difficulties here have not been elucidated. Keywords: Perception. Patients. Bandages. LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Idéias centrais, sujeitos e freqüências de idéias centrais sobre o tema: Maneira que o paciente com lesão de pele realiza o seu curativo em domicílio...................................................................................................................48 Quadro 2 - Idéias centrais, sujeitos e freqüências de idéias centrais sobre o temas: Percepções do paciente com lesão de pele quanto a autorealização do curativo em domicílio .............................................................................................53 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Maneira que o paciente com lesão de pele realiza o seu curativo em domicílio...................................................................................................................52 Figura 2 - Percepções do paciente com lesão de pele quanto a autorealização do curativo em domicílio ........................................................................................56 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.............................................................................................13 1.1 INTERESSE PELO TEMA ...........................................................................13 1.2 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO.....................................................................14 1.3 PROBLEMATIZAÇÃO .................................................................................16 1.4 OBJETIVOS.................................................................................................16 2 MARCO TEÓRICO CONCEITUAL..............................................................17 2.1 PELE............................................................................................................17 2.2 FERIDA........................................................................................................18 2.3 CICATRIZAÇÃO ..........................................................................................19 2.3.1 Tipos de Cicatrização ................................................................................19 2.3.2 Fases de Cicatrização ...............................................................................19 2.3.2.1 Fase inflamatória .........................................................................................19 2.3.2.2 Fase de exsudação ou fase de limpeza.......................................................20 2.3.2.3 Fase proliferativa .........................................................................................20 2.3.2.4 Fase de remodelagem .................................................................................22 2.4 FATORES QUE INTERFEREM NA CICATRIZAÇÃO .................................23 2.4.1 Relacionados às condições gerais do paciente......................................23 2.4.1.1 Tabagismo ...................................................................................................23 2.4.1.2 Idade 23 2.4.1.3 Nutrição .......................................................................................................24 2.4.1.4 Doenças crônicas ........................................................................................24 2.4.1.5 Terapia medicamentosa associada .............................................................25 2.4.1.6 Relacionados diretamente com a ferida.......................................................25 2.4.1.7 Infecção .......................................................................................................25 2.5 CURATIVO ..................................................................................................26 2.5.1 Objetivos do curativo ................................................................................26 2.5.2 Finalidades do curativo .............................................................................26 2.5.3 Categorias do curativo ..............................................................................27 2.5.4 Tipos de curativos .....................................................................................27 2.5.4.1 Curativo semi-oclusivo .................................................................................27 2.5.4.2 Curativo oclusivo..........................................................................................28 2.5.4.3 Curativo compressivo ..................................................................................28 2.5.4.4 Curativos abertos.........................................................................................28 2.5.5 Classificação do curativo..........................................................................28 2.5.5.1 Curativo pequeno.........................................................................................28 2.5.5.2 Curativo médio.............................................................................................28 2.5.5.3 Curativo grande ...........................................................................................29 2.5.5.4 Curativo extra grande ..................................................................................29 2.5.6 Características do curativo ideal..............................................................29 2.5.7 Fatores que interferem na realização dos curativos ..............................29 2.5.8 Fases do curativo ......................................................................................30 2.5.9 Materiais para curativo ..............................................................................30 2.5.10 Técnicas do curativo .................................................................................31 2.5.11 Limpeza.......................................................................................................31 2.5.12 Técnica limpa e estéril...............................................................................32 2.6 TEORIA DO AUTOCUIDADO DE OREM ....................................................33 2.7 ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DE FERIDAS.....................................33 3 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA ...............................................................36 3.1 CENÁRIO DE ESTUDO...............................................................................36 3.1.1 Local de estudo..........................................................................................37 3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA ...............................................................37 3.2.1 Critérios de inclusão .................................................................................39 3.2.2 Critérios de exclusão.................................................................................40 3.2.2.1 Participante, amostra e amostragem ...........................................................40 3.2.2.2 Pré-teste ......................................................................................................40 3.2.2.3 Instrumento para coleta de dados................................................................41 3.2.2.3.1Procedimento para coleta de dados ............................................................41 3.2.2.3.2Análise dos dados.....................................................................................42 3.3 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA..........................................................45 4 RESULTADOS ............................................................................................47 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES..............................................47 4.1.1 Tema, ideia central e DSC .........................................................................48 5 DISCUSSÃO................................................................................................57 6 CONCLUSÃO..............................................................................................68 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................69 REFERÊNCIAS...........................................................................................72 APÊNDICE A – Características pessoais ................................................77 APÊNDICE B - Solicitação para coleta de dados....................................79 APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...............80 APÊNDICE D - Tabela das características pessoais ..............................82 ANEXO A – Parecer do Comitê ................................................................84 ANEXO B- Instrumento de análise de discurso – I – IAD- 1...................87 ANEXO C- Instrumento de análise de discurso- II- IAD 2 ......................98 13 1 INTRODUÇÃO A pele é o maior órgão do corpo, representando 15% de seu peso. Trata-se do manto de revestimento do organismo, que isola os componentes orgânicos do ambiente externo. Sua complexa estrutura de tecidos de várias naturezas, está adaptada a exercer diferentes funções, tais como: proteção, termo regulação, percepção, entre outros (MEIRELES, 2007). As modificações da pele ocasionadas por traumas, processos inflamatórios, degenerativos, circulatórios, por distúrbios do metabolismo ou por defeito de formação, podem gerar as feridas (CUNHA, 2006). Na história do tratamento de feridas, observa-se uma grande preocupação do homem em manter sua saúde e integridade física. Quanto aos cuidadores, surgiu a necessidade da busca por um melhor preparo técnico-científico condizente com as novas tendências e perspectivas. A enfermagem sempre esteve inserida nesse papel de principal cuidador de lesões de pele desde seu surgimento como profissão (BOGAMIL; FERREIRA; TORMENA, 2008). Os autores colocam ainda que, com o passar dos anos os enfermeiros estão identificando gradualmente e organizando uma abordagem sistemática e terapêutica para a pele e cuidados com feridas, alcançando uma autonomia para a profissão nesta área. O enfermeiro é o profissional que congrega os demais profissionais para a tomada de ações conjuntas nas manifestações cutâneas; é também responsável pelo desenvolvimento de pesquisas científicas sobre os cuidados com a pele em cada etapa do ciclo vital, atuando sempre pautado em preceitos éticos e legais (PINTO, 2010). O cuidado de enfermagem nas feridas é fundamental no que se refere ao cuidado holístico do paciente, como também desempenha um trabalho de extrema relevância no tratamento de feridas, uma vez que tem maior contato com o mesmo, acompanha a evolução da lesão, orienta e executa o curativo (PORTAL EDUCAÇÃO, 2009). 1.1 INTERESSE PELO TEMA 14 O interesse pelo tema surgiu quando as autoras fizeram voluntariado e ensino clínico na Unidade de Lesão de Pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza, sendo que duas foram monitoras da mesma e uma monitora do Centro de Atendimento Irmã Zenaide Nogueira Leite – Unidade I (CAEnf). Em experiências vivenciadas durante o ensino clínico e monitoria no CAEnf percebemos nos pacientes que ali freqüentam, que ao retornarem dos finais de semana e feriados, toda evolução positiva da lesão adquirida no decorrer da semana era perdida, havendo, muitas vezes a regressão da mesma. Ficamos preocupadas, pois conhecemos a atuação da enfermeira nesta unidade junto dos acadêmicos e monitores da lesão com relação às orientações que são passadas para os pacientes sobre a importância do cuidado com a lesão. Durante os curativos é aproveitado o momento para ensinar todo processo de limpeza e cuidados com a ferida objetivando a reparação tecidual ou melhorando o aspecto da mesma. Como acadêmicas e futuras enfermeiras, nos preocupamos com a rápida e plena cicatrização das lesões que influenciarão no bem-estar e a qualidade de vida dos mesmos. Ao pesquisarmos sobre o tema percebemos também que há uma escassez de estudos sobre o assunto, despertando ainda mais o interesse de conhecer a realidade desses pacientes e compreender o porquê da piora das lesões. 1.2 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO No ano de 2010 a população brasileira era de aproximadamente 193.252.604 habitantes, colocando o Brasil em 5ª posição entre os países mais populosos do mundo, mas de acordo com as projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), o país passará para a oitava posição em 2050 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2010). Gonçalves et al. (2010) acrescenta que 3% dessa população apresentam algum tipo de lesão de pele. Estima-se que 5% a 10% das úlceras decorrem de isquemia arterial, e que de 80% a 85% são de etiologia venosa. Localizam-se principalmente no dorso do pé, variando em média 1,5 cm2 de área, no entanto a cicatrização somente é alcançada em 60% a 80% dos pacientes. O tempo médio de reparação tecidual, juntamente 15 com tratamento médico é de dez semanas, podendo ocorrer recidiva de 13% a 44% após o primeiro ano e de 60% após dois anos (OLIVEIRA; SOARES; ROCHA, 2010). A incidência de feridas na sociedade vem aumentando consideravelmente, sendo de conhecimento por parte dos profissionais de saúde, despertando diversas discussões sobre o tema. O cuidado aos indivíduos com feridas apresenta um problema com grandes dimensões, que é vivenciado pelos pacientes e profissionais, representando dessa forma um desafio a ser enfrentado diariamente (LUCAS; MARTINS; ROBAZZI, 2008). Segundo Silva et al (2009), atualmente as feridas crônicas ou feridas complexas são consideradas problema de saúde pública, sendo que a maioria das úlceras de perna obedece a causas vasculares, fundamentalmente à insuficiência venosa 70% a 90% e, menos freqüente, à enfermidade oclusiva arterial e diabetes, sendo de 10 a 15%. Para os mesmos autores acima citados, os dados brasileiros são pouco precisos, estima-se que quase 3% da população nacional são portadores de lesão que se eleva para 10% nas pessoas com diabetes e quatro milhões de pessoas aproximadamente são portadoras de lesões crônicas ou têm algum tipo de complicação no processo de cicatrização, o que requer dos profissionais não só maiores conhecimentos como também preparo para lidar com o problema. A principal causa de úlcera de perna é a insuficiência venosa crônica representando cerca de 70% a 90% dos casos de úlcera venosa, sendo comum na população idosa com freqüência superior a 4% entre os idosos acima de 65 anos (CARMO et. al, 2007). O estudo é de suma importância para identificar de que maneira o paciente com lesão de pele realiza o seu curativo em domicílio e conhecer as suas percepções quanto a realização do seu curativo, e assim poderemos orientar de forma específica, procurando atendê-lo em suas necessidades individuais com o intuito de melhoria da lesão e de sua recuperação, inserindo-o na sociedade, bem como no mercado de trabalho. Esta pesquisa pode sensibilizar os profissionais de enfermagem quanto a importância de uma atenção especial à realização do curativo desses pacientes com lesão de pele, e auxiliar os mesmos a obterem conhecimentos e habilidades que propiciam condições para melhorar a sua qualidade de vida. 16 O presente trabalho contribuirá também no contexto do conhecimento científico, considerando que o tema em questão ainda é pouco explorado e só recentemente os profissionais de saúde estão se despertando para a incidência de pacientes com lesão de pele. 1.3 PROBLEMATIZAÇÃO As úlceras venosas têm elevada taxa de recidiva, sendo que cerca de 70% recorrem até o segundo ano após a cicatrização. Portanto, o tratamento dessas lesões é oneroso para os pacientes e para o serviço público de saúde. Freqüentemente, pessoas com úlcera de estase convivem com essas lesões por vários anos, conseqüentemente, os danos gerados por esta doença são bastante relevantes no que tange ao fator econômico (SILVA et al, 2009). O elevado número de recidivas das úlceras (66%) constitui um dos problemas mais importantes na assistência à portadores de insuficiência venosa (CARMO, et. al. 2007). O uso de substâncias impróprias para limpeza da ferida e para anti-sepsia e a compressão exagerada na oclusão ou na limpeza mecânica da lesão podem interferir na cicatrização (CARVALHO, 2010). 1.4 OBJETIVOS • Conhecer de que maneira o paciente com lesão de pele cadastrado na Unidade de Lesão de Pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza – Unidade II da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, na cidade de Itajubá-MG, autorrealiza o curativo em domicílio. • Conhecer as percepções do paciente com lesão de pele quanto a autorrealização do curativo em domicílio 17 2 MARCO TEÓRICO CONCEITUAL Nesta etapa do trabalho é descrita a pele, definição de ferida e lesão, o curativo e suas interfaces, o papel da enfermagem no tratamento de feridas, a cicatrização e os fatores que interferem para tal. 2.1 PELE A pele é composta de três camadas principais: epiderme (camada externa), derme (camada intermediária) e hipoderme ou tecido celular subcutâneo (camada interna) (MEIRELES, 2007). A epiderme é a camada mais externa da pele, com espessura que varia de 0,04 mm nas pálpebras a 1,6 mm nas regiões palmares e plantares. É avascular, estratificada, constituída basicamente de 80% de células queratinócitas e cinco subcamadas: estrato córneo, mais externa; o estrato lúcido; o estrato granuloso; o estrato espinhoso e o extrato basal, mais interna e liga a epiderme à derme. Nas camadas inferiores da epiderme estão os melanócitos, células que produzem melanina, pigmento que determina a coloração da pele (GEOVANINI; OLIVEIRA JUNIOR; PALERMO, 2008). A epiderme tem como funções principais a proteção do organismo e a constante regeneração da pele, impede a penetração de microorganismos ou substâncias químicas destrutivas, absorve radiação ultravioleta do sol e previne as perdas de fluidos e eletrólitos. A derme é a camada mais profunda e espessa da pele, sendo composta de fibroblastos, fibras elásticas e de colágeno, totalizando 95% deste tecido. Esta camada contém vasos sanguíneos, folículos pilosos, vasos linfáticos, terminações nervosas, órgãos sensoriais, glândulas sebáceas e sudoríparas, e está dividida em duas subcamadas que são a papilar e a reticular (GEOVANINI; OLIVEIRA JUNIOR; PALERMO, 2008). Ainda para os autores acima, a hipoderme ou tecido subcutâneo, que é um tecido conjuntivo frouxo constituído de tecido adiposo, contribui para impedir a perda de calor e constitui reserva de material nutritivo, conferindo proteção contra traumas mecânicos. 18 2.2 FERIDA Segundo Dealey (2008), ferida é qualquer lesão que leva à ruptura da continuidade da pele. As feridas têm diversas causas, como: trauma, intencional, isquemia e pressão. Para o autor acima, tanto no ferimento traumático quanto no intencional ocorre ruptura dos vasos sanguíneos, resultando em sangramento, seguido de formação de coágulos. Nas feridas causadas por isquemia ou pressão, o fluxo sanguíneo é interrompido pela oclusão local da microcirculação. Segue-se a necrose do tecido, resultando em formação de úlcera, possivelmente com escaras ou crostas de tecido necrosado. Para Geovanini, Oliveira Junior e Palermo (2008), ferida é um termo utilizado como sinônimo de lesão tecidual, deformidade ou solução de continuidade, podendo atingir desde a epiderme até estruturas profundas como fáscias, músculos, aponeuroses, articulações, cartilagens, tendões, ossos, órgãos cavitários e qualquer outra estrutura do corpo. As feridas podem ser causadas por fatores extrínsecos, como: incisão cirúrgica e lesões acidentais por corte ou trauma; ou intrínsecos: feridas produzidas por infecções, úlceras crônicas e vasculares, defeitos metabólicos e neoplasias. O rompimento da estrutura e do funcionamento da estrutura anatômica normal, resultante de um processo patológico que se iniciou interna ou externamente no(s) órgão(s) envolvido(s) geram as feridas. Assim, as células envolvidas nesta ferida tendem a se regenerarem para voltar à sua estrutura e função normal (CUNHA, 2006). As feridas agudas são feridas traumáticas, como cortes, abrasões, lacerações e queimaduras. Em geral, os pacientes que apresentam esse tipo de ferida, respondem rapidamente ao tratamento e suas feridas cicatrizam sem complicações (DEALEY, 2008). Após lesão tecidual de qualquer natureza, o organismo desencadeia a cicatrização, considerado um processo extremamente complexo, composto de uma série de estágios, interdependentes e simultâneos, envolvendo fenômenos químicos, físicos e biológicos. Vários processos celulares contínuos e imbricados contribuem para a restauração da ferida, tais como: regeneração, proliferação celular e produção de colágeno (BORGES, et. al., 2008). 19 2.3 CICATRIZAÇÃO Para Coutinho Netto e Mendonça (2009), o processo de cicatrização tem sido convenientemente dividido em três fases que se sobrepõem de forma continua e temporal: inflamatória, proliferativa e de remodelagem. 2.3.1 Tipos de Cicatrização A cicatrização por primeira intenção ocorre quando as bordas da ferida são discretas, apostas ou aproximadas e há perda pequena de tecido, ausência de infecção e edema mínimo. A cicatriz é mínima e o processo é mais rápido (BORGES, 2008; SANTOS, 2001). Na cicatrização por segunda intenção, há perda excessiva de tecido. O processo de contração é que aproxima as bordas. Nesse caso, a cicatrização é mais lenta e produz uma cicatriz significativa (FERNANDES, 2000; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, 2002). A de terceira intenção ocorre quando há fatores que retardam a cicatrização de uma lesão inicialmente submetida a um fechamento por primeira intenção. Essa situação ocorre quando uma incisão é deixada aberta para drenagem do exsudato podendo ser, posteriormente, fechada (FERNANDES, 2000; SANTOS, 2001). 2.3.2 Fases de Cicatrização Neste item são descritas as fases de cicatrização das feridas como seguem: 2.3.2.1 Fase inflamatória Tem a função de controlar o sangramento e efetuar a limpeza da ferida. Clinicamente, observa-se sangramento controlado, sinais inflamatórios (calor, rubor e edema) e perda da função local. Duração: de 3 a 6 dias (SANTOS, 2000). Inicia-se no exato momento da lesão. O sangramento traz consigo plaquetas, hemácias e fibrina, selando as bordas da ferida, ainda sem valor mecânico, mas facilitando as trocas. O coágulo formado estabelece uma barreira impermeabilizante que protege da contaminação. Com a lesão tecidual, há liberação local de histamina, 20 serotonina e bradicinina que causam vasodilatação e aumento de fluxo sanguíneo no local e, conseqüentemente, sinais inflamatórios como calor e rubor. A permeabilidade capilar aumenta causando extravasamento de líquidos para o espaço extracelular, e conseqüente edema (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008). A resposta inflamatória, que perdura cerca de três dias, e na qual ocorre a migração seqüencial das células para a ferida, é facilitada por mediadores bioquímicos que aumentam a permeabilidade vascular, favorecendo a exsudação plasmática e a passagem de elementos celulares para a área da ferida. Os mediadores bioquímicos de ação curta são a histamina e serotonina e as mais duradouras são a leucotaxina, bradicinina e prostaglandina. A prostaglandina é um dos mediadores mais importantes no processo de cicatrização, pois além de favorecer a exsudação vascular, estimula a mitose celular e a quimiotaxia de leucócitos (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008). Os autores acima ainda relatam que os primeiros elementos celulares a alcançar o local da ferida são os neutrófilos e os monócitos, com a função de desbridar as superfícies da ferida e fagocitar as partículas antigênicas e corpos estranhos. O pico da atividade dos polimorfonucleares ocorre nas primeiras 24-48 horas após o trauma, seguindo-se de um maior aporte de macrófagos durante os dois a três dias seguintes. 2.3.2.2 Fase de exsudação ou fase de limpeza Para Gomes, Costa e Mariano (2005) esta fase inicia-se imediatamente após o aparecimento da ferida. Em termos clínicos estamos diante de um local com inflamação que conduz a um pronunciado exsudato. Nesta fase o organismo inicia a coagulação, limpa a ferida e protege-a da infecção; os tecidos danificados e os germes são removidos (fagocitose). 2.3.2.3 Fase proliferativa Tem a função de preenchimento da ferida com tecido conectivo e cobertura epitelial. Clinicamente, observa-se tecido de granulação, uma fina camada epitelial e contração das bordas da ferida. Duração: de 6 dias a 3 semanas (SANTOS, 2000). 21 Tazima, Vicente e Moriya (2008) descrevem a fase proliferativa como se segue: É composta de três eventos importantes que sucedem o período de maior atividade da fase inflamatória: neo-angiogênese, fibroplasia e epitelização. Esta fase caracteriza-se pela formação de tecido de granulação, que é constituído por um leito capilar, fibroblastos, macrófagos, um frouxo arranjo de colágeno, fibronectina e ácido hialurônico. Inicia-se por volta do 3º dia após a lesão, perdura por 2 a 3 semanas e é o marco inicial da formação da cicatriz. A neo-angiogênese é o processo de formação de novos vasos sangüíneos, necessários para manter o ambiente de cicatrização da ferida. Em todas as feridas, o suprimento sanguíneo dos fibroblastos responsáveis pela síntese de colágeno provém de um intenso crescimento de novos vasos, caracterizando a cicatrização por segunda intenção e o tecido de granulação. Os novos vasos formam-se a partir de brotos endoteliais sólidos, que migram no sentido da periferia para o centro da ferida, sobre a malha de fibrina depositada no leito da ferida. A bradicinina, a prostaglandina e outros mediadores químicos oriundos dos macrófagos, ativados, estimulam a migração e a mitose das células endoteliais. A neo-angiogênese é responsável não apenas pela nutrição do tecido, com uma demanda metabólica maior, como também pelo aumento do aporte de células, como macrófagos e fibroblastos, para o local da ferida. Na fibroplasia após o trauma, células mesenquimais normalmente quiescentes e esparsas no tecido normal, são transformadas em fibroblastos e atraídas para o local inflamatório, onde se dividem e produzem os componentes da matriz extracelular. O fibroblasto só aparece no sítio da lesão a partir do 3º dia, quando os leucócitos polimorfonucleares já fizeram seu papel higienizador da área traumatizada. A função primordial dos fibroblastos é sintetizar colágeno ainda na fase celular da inflamação. A epitelização acontece nas primeiras 24 a 36 horas após a lesão, fatores de crescimento epidérmicos estimulam a proliferação de células do epitélio. Na pele os ceratinócitos são capazes de sintetizar diversas citocinas que estimulam a cicatrização das feridas cutâneas. As células epiteliais migram, a partir das bordas, sobre a área cruenta da ferida e dos folículos pilosos próximos, induzindo a contração e a neoepitelização da ferida e, assim, reduzindo a sua superfície. Os ceratinócitos, localizados na camada 22 basal da epiderme residual ou na profundidade de apêndices dérmicos, revestidos de epitélio, migram para recobrir a ferida. As células epiteliais movem-se, aos saltos e desordenadamente, até as bordas, aproximando- as. A epitelização envolve uma seqüência de alterações nos ceratinócitos da ferida: separação, migração, proliferação, diferenciação e estratificação. Gomes, Costa e Mariano (2005), afirmam que nesta fase são geradas novas células e forma-se o tecido de granulação (uma espécie de tecido temporário para o preenchimento da ferida). Fibroblastos penetram na ferida em grandes quantidades, inicia-se a síntese do colágeno e os capilares movem-se para o centro da ferida e quando estas transformações ocorrem, reduz-se a quantidade de exsudato. A forma como se apresenta é agora de tecidos vermelho com um bom fluxo sanguíneo. 2.3.2.4 Fase de remodelagem Tem a função de aumentar a força tênsil da cicatriz. Clinicamente, a cicatriz, de rosada e alargada, torna-se mais pálida, endurecida e com aspecto fibrótico. Duração: de 3 semanas a 2 anos (SANTOS, 2000). Na fase de remodelagem, a ferida sofre um processo de contração, por meio de um movimento centrípeto de toda a espessura da pele circundante, reduzindo a quantidade e o tamanho da cicatriz desordenada. Este processo é um importante aliado da cicatrização das feridas, principalmente nas abertas. Porém, se ocorrer de forma exagerada e desordenada causa defeitos cicatriciais importantes por causa da diferenciação dos fibroblastos em miofibroblastos, estimulados por fatores de crescimento (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008). Ainda para Tazima, Vicente e Moriya (2008) a maturação da ferida tem início durante a 3ª semana e caracteriza-se por um aumento da resistência, sem aumento na quantidade de colágeno. Há um equilíbrio de produção e destruição das fibras de colágeno neste período, por ação da colagenase. O desequilíbrio desta relação favorece o aparecimento de cicatrizes hipertróficas e quelóides. O aumento da resistência deve-se à remodelagem das fibras de colágeno, com aumento das ligações transversas e melhor alinhamento do colágeno, ao longo das linhas de tensão. A fase de maturação dura toda a vida da ferida, embora o aumento da força tênsil se estabilize, após um ano, em 70 a 80% da pele intacta. A inclinação da curva de maturação é mais aguda durante as primeiras seis a oito semanas. 23 2.4 FATORES QUE INTERFEREM NA CICATRIZAÇÃO Vários autores descrevem os fatores locais e sistêmicos que podem influenciar prejudicialmente o processo cicatricial. São eles: 2.4.1 Relacionados às condições gerais do paciente Em relação ao paciente, os fatores que prejudicam o processo de cicatrização são: 2.4.1.1 Tabagismo Relaciona-se a uma baixa concentração de O2 nos tecidos, o que leva a uma hipóxia tecidual, afetando a velocidade de cura das feridas. Essa hipóxia perdura por meses após a interrupção do hábito de fumar (BLANCK, 2008). Para Gomes, Costa e Mariano (2005), a nicotina altera o funcionamento do sistema imunológico, as substâncias liberadas pelo cigarro (ou similar) são citotóxicas, além disso, causam vasoconstricção, favorecem aterosclerose e hipóxia tecidual, haja vista a diminuição da capacidade de perfusão alveolar. De acordo com Carvalho (2010), o tabagismo leva a baixa concentração de oxigênio nos tecidos, podendo afetar a velocidade de cura das feridas. Observa-se nos fumantes uma propensão em desenvolver úlceras periféricas de origem arterial e um risco maior para o desencadeamento de necrose nas feridas. 2.4.1.2 Idade Para Blanck (2008), com a idade ocorre o envelhecimento natural, com flacidez da musculatura. A pele apresenta sinais de involução por volta dos 40 anos, sendo mais evidente após 65 anos. Ocorrem alterações estruturais numéricas e funcionais dos componentes das três camadas da pele, uma redução no número e na luz dos vasos tornando a pele mais fria, além de diminuição do número de anticorpos. 24 Segundo Gomes, Costa e Mariano (2005), nos extremos de idade o funcionamento do sistema imunológico está alterado, ora por imaturidade, ora por declínio de função. De acordo com Carvalho (2010), a idade é um dos aspectos sistêmicos mais importantes como co-fator de risco tanto para a lesão como para a sua manutenção, ao gerar um profundo impacto no funcionamento de todos os sistemas fisiológicos corporais. A idade avançada está associada a uma série de alterações nutricionais, metabólicas, vasculares e imunológicas e, muitas vezes, a doenças crônicas, que tornam o indivíduo mais suscetível ao trauma e a infecção. 2.4.1.3 Nutrição De acordo com Blanck (2008), o fator nutrição está relacionado a muitos casos, como: Índice de Massa Corporal (IMC) que caracteriza a obesidade em dados antropométricos; controle de valores laboratoriais, como: o hematócrito, albumina sérica, proteínas totais e fracionadas e a transferina sérica; vitamina A (aumenta a suscetibilidade às infecções e compromete a estabilidade do colágeno); vitamina C (interfere na migração de macrófagos, na síntese de fatores de complemento e imunoglobulina e altera a resposta imunológica); vitamina K (interfere na síntese dos fatores de coagulação); zinco (retarda a cicatrização e pode levar o cliente à anorexia). O estado nutricional é um co-fator sistêmico considerado de grande importância na área de prevenção e tratamento de feridas. Desnutrição, má absorção gastrointestinal e dietas inadequadas podem comprometer o aporte nutricional requerido para a cicatrização. Independente do estado nutricional do indivíduo, é necessário um aporte maior de nutrientes que são fundamentais na cicatrização das úlceras, principalmente de proteínas, vitaminas A e C e sais minerais, como: zinco, selênio, ferro, dentre outros. A anemia tem sido referida como fator de interferência na reparação da ferida (CARVALHO, 2010). Para reconstrução tecidual é necessário aporte de nutrientes, especialmente as proteínas (GOMES; COSTA; MARIANO, 2005). 2.4.1.4 Doenças crônicas 25 Nas doenças crônicas pode-se incluir a hipertensão, diabetes melittus, hepatopatias, nefropatias, neoplasias, vasculopatias (BLANCK, 2008). De acordo com Gomes, Costa e Mariano (2005), o diabetes além da diminuição da resposta imunológica, pode favorecer que os novos capilares sejam lesados, devido a hiperglicemia. 2.4.1.5 Terapia medicamentosa associada Inclui-se a utilização de corticóides, agentes citotóxicos, ciclosporina, penicilina, calcitonina e drogas imunosupressoras que podem até impedir a cicatrização (BLANCK, 2008). Para Carvalho (2010), alguns tratamentos sistêmicos podem comprometer o processo de restauração tecidual, tais como: radioterapia, quimioterapia, esteróides, drogas antiinflamatórias, corticóides e drogas vasoconstrictoras. 2.4.1.6 Relacionados diretamente com a ferida Carvalho (2010) afirma que deve-se levar em consideração os aspectos relacionados à ferida como: o tamanho, a pressão contínua, edema (interfere na oxigenação e na nutrição), hematoma, trauma, infecção, corpo estranho, temperatura, umidade, cobertura inadequada, dor, uso de tensoativos (sabões), uso de anti-sépticos, técnica incorreta na realização dos curativos e presença de tecido desvitalizado / necrose. Ainda para o autor acima o estado psicológico, estresse, ansiedade e a depressão contribuem para a cicatrização deficiente. Também a infecção que prolonga a fase inflamatória leva à destruição tissular adicional, retarda a síntese de colágeno e impede a epitelização, uma vez que o microorganismo compete com as células normais para obtenção de oxigênio e nutrientes, além de liberar seus produtos tóxicos. 2.4.1.7 Infecção De acordo com Coloplast (2011), todas as feridas contêm bactérias e mesmo que a ferida esteja cicatrizando normalmente, uma quantidade limitada de bactérias 26 estará presente. Porém, se a contagem de bactérias aumenta significativamente, a ferida pode infeccionar. A sobrecarga de bactérias em uma ferida pode levar a uma infecção grave que requeira tratamento com antibióticos. Para o autor acima, se a ferida não está cicatrizando, pode ser um sinal de infecção, onde os sinais clínicos são: odor, aumento da secreção, tecido de granulação ausente ou anormal e aumento da dor. Alguns sintomas clínicos adicionais podem surgir se a infecção se espalhar para os tecidos saudáveis ao redor da ferida. Dependendo do tipo de bactéria, o exsudato da ferida pode se tornar mais purulento e a pele adjacente à úlcera pode ficar mais sensível, avermelhada e dolorosa. O paciente também pode apresentar febre (COLOPLAST, 2011). 2.5 CURATIVO O curativo é um meio terapêutico que consiste na limpeza e aplicação de uma cobertura estéril em uma ferida, com a finalidade de prevenir a contaminação ou infecção, e tem por objetivo promover a rápida cicatrização, eliminando fatores que possam retardá-la (GOMES, COSTA, MARIANO, 2005). Os autores acima descrevem sobre os objetivos, finalidades, características, categorias, tipos e classificação do curativo, conforme seguem: 2.5.1 Objetivos do curativo • Auxiliar o organismo a promover a cicatrização; • Eliminar os fatores desfavoráveis que retardam a cicatrização da lesão; • Diminuir infecções cruzadas, adequados. 2.5.2 Finalidades do curativo Ao realizar o curativo espera-se: • Limpar a ferida; através de técnicas e procedimentos 27 • Promover a cicatrização; • Eliminar fatores que possam retardá-la; • Tratar e prevenir infecções; • Prevenir contaminação exógena; • Remover corpos estranhos; • Proteger a ferida contra traumas mecânicos; • Promover hemostasia; • Fazer desbridamento mecânico e remover tecidos necróticos; • Reduzir edemas; • Drenar e/ou absorver secreções e exsudatos inflamatórios; • Diminuir odor; • Manter a umidade da ferida; • Fornecer isolamento térmico; • Diminuir a intensidade da dor; • Limitar a movimentação em torno da ferida. 2.5.3 Categorias do curativo Os curativos são categorizados em: • Curativos primários: colocados diretamente sobre a ferida. • Curativos secundários: colocados sobre o curativo primário 2.5.4 Tipos de curativos O tipo de curativo a ser realizado varia de acordo com a natureza, a localização e o tamanho da ferida. Em alguns casos é necessária uma compressão, em outros, lavagem exaustiva com solução fisiológica e ainda outros, imobilização com ataduras. 2.5.4.1 Curativo semi-oclusivo Este tipo de curativo é absorvente e comumente utilizado em feridas cirúrgicas, drenos, feridas exsudativas, absorvendo o exsudato e isolando-o da pele 28 adjacente saudável. 2.5.4.2 Curativo oclusivo O curativo oclusivo não permite a entrada de ar ou fluídos, atua como barreira mecânica, impede a perda de fluídos, promove isolamento térmico, veda a ferida, a fim de impedir enfisema e formação de crosta. 2.5.4.3 Curativo compressivo É utilizado para reduzir o fluxo sangüíneo, promover a estase e ajudar na aproximação das extremidades da lesão. 2.5.4.4 Curativos abertos São realizados em ferimentos quando não há necessidade de serem ocluídos, em feridas cirúrgicas limpas após 24 horas, cortes pequenos, suturas e escoriações. 2.5.5 Classificação do curativo Classificação realizada de acordo com o tamanho da ferida. 2.5.5.1 Curativo pequeno Realizado em ferida pequena com aproximadamente 16 cm2. Exemplo: cateteres venosos e arteriais, cicatrização de coto umbilical, fístulas anais, flebotomias e/ou subclávia/jugular, hemorroidectomia, pequenas incisões, traqueotomia, cateter de diálise e intermitente. 2.5.5.2 Curativo médio Realizado em ferida média, variando de 16,5 a 36 cm2. Exemplo: Cesáreas infectadas, incisões de dreno, lesões cutâneas, abscessos drenados, escaras infectadas, outros. 29 2.5.5.3 Curativo grande Realizado em ferida grande, variando de 36,5 a 80 cm2. Exemplo: Incisões contaminadas, grandes cirurgias – incisões extensas (cirurgia torácica, cardíaca), queimaduras (área e grau), toracotomia com drenagem, úlceras infectadas, outros. 2.5.5.4 Curativo extra grande Realizado em ferida grande, com mais de 80 cm2. Exemplo: Todas as ocorrências de curativos extragrandes deverão obrigatoriamente constar de justificativa médica. Em Protocolo Clínico/Feridas (2010) são descritas as características, fatores que interferem, fases, materiais necessários e técnicas do curativo, como seguem: 2.5.6 Características do curativo ideal • Manter a umidade na interface ferida/curativo; • Manter equilíbrio entre a absorção e hidratação; • Promover isolamento térmico; • Agir como barreira à entrada de microrganismos; • Promover a permeabilidade seletiva para entrada de oxigênio; • Possibilitar a troca sem traumas para o tecido; • Proporcionar conforto físico e psicológico; • Proporcionar o fechamento progressivo da ferida, resultando na cicatrização. 2.5.7 Fatores que interferem na realização dos curativos • Respeito à individualidade do paciente; • Orientações sobre o procedimento; • Área física adequada, com boa luminosidade e que preserve a intimidade do paciente; • Condições adequadas de higiene, esterilização, de acordo com as medidas de biossegurança; 30 • Presença de materiais e medicamentos especiais de acordo com as características da lesão e indicação clínica; • Descarte de materiais e medicamentos de acordo com as medidas de biossegurança; • Periodicidade de troca e incentivo ao autocuidado; • Interação familiar. 2.5.8 Fases do curativo • Remoção do curativo anterior; • Limpeza da ferida; • Tratamento da lesão; • Proteção da ferida. 2.5.9 Materiais para curativo • Instrumentais: (pinça Kelly ou tipo Pean, pinça anatômica e/ou pinça mosquito e tesoura e Mayo ou Iris); • Gazes estéreis; • Solução fisiológica de cloreto de sódio a 0,9 %; • Agulha 40 x 12 ou 25 x 8; • Seringa de 10 ou 20 ml; • Luvas de procedimento; • Equipamentos de Proteção Individual (óculos, máscaras, luvas, etc.); • Saco plástico para lixo (cor branca); • Esparadrapo, micropore ou similar; • Cuba rim ou bacia; • Espátula de madeira; • Ataduras de crepom; • Curativos especiais; • Coberturas. 31 2.5.10 Técnicas do curativo • Lavagem das mãos; • Limpeza adequada da ferida; • Utilização de técnica limpa ou técnica estéril dependendo do tipo de lesão; • Cumprimento das normas de biossegurança e precaução padrão; • Avaliação do paciente; • Avaliação da ferida – localização, tamanho, tipos de tecidos e exsudato, pele perilesional ou periestoma; • Realização de desbridamento se necessário; • Escolha da cobertura primária e secundária, de acordo com avaliação da ferida; • Aplicação de escala de predição de risco para úlcera por pressão; • Registro e documentação das ações e resultados, bem como reavaliação periódica. 2.5.11 Limpeza Limpeza é o ato de tirar sujidades, contudo a limpeza das feridas é a remoção do tecido necrótico, da matéria estranha, do excesso de exsudato, dos resíduos de agentes tópicos e dos microrganismos existentes nas feridas, objetivando a promoção e preservação do tecido de granulação. A técnica ideal de limpeza para a ferida é aquela que respeita o tecido de granulação, preserva o potencial de recuperação, minimiza o risco de trauma e/ou infecção (PEREIRA, 2006). Para a limpeza do leito da ferida a técnica ideal é a irrigação com jatos de solução fisiológica a 0,9% morna e não havendo disponibilidade de equipamento adequado para aquecimento e controle da temperatura do frasco da solução fisiológica, utilizá-la em temperatura ambiente (PIMENTEL, 2006). Para Rossi (2010), a limpeza da ferida deve ser realizada utilizando-se água corrente ou solução fisiológica aquecida, para remover sujidades e tecidos desvitalizados soltos no leito da ferida. Para tanto, devem ser utilizados materiais macios, como esponjas e gazes, desde que não haja prejuízo de tecidos viáveis (como tecido de granulação ou já epitelizados). 32 2.5.12 Técnica limpa e estéril Ferreira e Andrade (2008) descrevem a técnica limpa e estéril da seguinte maneira: A temática envolvendo técnica limpa e estéril começou na década de 70, do século XX, quando Jack Lapides introduziu o conceito de cateterização vesical intermitente com a técnica limpa. Seu trabalho foi considerado ousado e radical, tanto por profissionais de medicina como de enfermagem. O uso de técnica estéril tem sido frequentemente questionado em várias áreas. Particularmente, em relação ao cuidado de feridas, há pouco consenso no que concerne ao uso de pinças ou de luvas de procedimentos ou esterilizadas, ao tipo de solução e de cobertura. A escassez de pesquisas que buscam a sustentação científica dessas e outras práticas assistenciais, sem dúvida, fortalece a execução de procedimentos baseados em mitos e rituais. Mesmo assim, os textos básicos de enfermagem orientam a realização do curativo da área mais limpa para a mais contaminada e, para alcançar esse objetivo, deve-se utilizar pinças esterilizadas que servirão tanto para a remoção do curativo antigo como para a sua realização. Alguns livros-texto de enfermagem são unânimes em descrever a técnica de curativo em passos seqüenciais com suas respectivas justificativas, com ênfase no controle de infecção da ferida. Apesar do expressivo envolvimento de entidades internacionais, ainda é polêmica a indicação da técnica limpa e estéril na realização de vários procedimentos, entre eles, o curativo. Nesse particular, parece haver consenso na execução de algumas práticas de assepsia, seja na técnica limpa ou estéril. Assepsia, portanto, é definida como a redução da contaminação microbiana de tecidos vivos, fluidos ou materiais pela exclusão, remoção ou morte dos microrganismos. A técnica asséptica é uma expressão coletiva para os métodos utilizados para a assepsia. Em geral, a técnica estéril envolve condutas que reduzem ao máximo a carga microbiana por meio da utilização de insumos e objetos livres de microrganismos a saber: a lavagem das mãos, o uso de campo, luvas, instrumentais e coberturas esterilizadas. Nessa técnica, é possível tocar aquilo que é estéril com outro material 33 ou objeto também esterilizado. O rompimento da barreira ou o contato com qualquer outra superfície ou produto não esterilizado deve ser evitado. A despeito da técnica limpa, é recomendado o uso de luvas de procedimento e instrumentais estéreis, somados aos princípios de assepsia, o que inclui o ambiente e as mãos. Tal técnica pode ser denominada como não-estéril. 2.6 TEORIA DO AUTOCUIDADO DE OREM Conforme Orem apud Siva et al. (2011), o autocuidado é indispensável para a sobrevivência da pessoa, e o enfermeiro deve preocupar-se em ensinar o autocuidado, ou seja, levar a pessoa a cuidar de si, desempenhando atividades para o seu próprio bem, com objetivo de manter a sua vida e o seu bem-estar e reintegralo para a sociedade. Quando as pessoas são capazes, elas cuidam de si mesmas. Porém quando são incapazes de proporcionar o autocuidado, apresentam o déficit de autocuidado (OREM apud SILVA et. al., 2011). O desenvolvimento e a operabilidade das capacidades de autocuidado podem ser afetados, além de outros fatores, pela cultura, experiência de vida, estado de saúde, padrões de vida, doenças, sistema familiar, idade, gênero e escolaridade. Uma pessoa que tem a capacidade e o potencial de satisfazer as necessidades de saúde é conhecida como agente de autocuidado (SILVA, et. al. 2011). 2.7 ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DE FERIDAS Segundo Ferreira, Bogamil e Tormena (2008), as pesquisas sobre tratamento de feridas recebem grande destaque nas publicações de enfermagem, demonstrando que a responsabilidade do tratamento e prevenção de feridas vem sendo atribuída ao enfermeiro, devendo ele avaliar a lesão e prescrever o tratamento mais adequado, além de orientar e supervisionar a equipe de enfermagem na execução dos curativos. É importante considerar que o tratamento não deve ser dirigido somente à lesão, mas também ao indivíduo como um todo. São atribuições do enfermeiro frente ao curativo: realizar consulta de enfermagem; definir a cobertura a ser utilizada em conjunto com o médico especialista; fornecer assistência aos pacientes nas fases pré, trans e pós-operatória 34 imediata, mediata e tardia, objetivando o autocuidado; realizar o curativo; desenvolver medidas preventivas e curativas relacionadas às complicações precoces e tardias; realizar assistência domiciliar, quando necessário; planejar, gerenciar, coordenar e avaliar a conduta; orientar os auxiliares/técnicos de enfermagem para o acompanhamento dos casos em tratamento; desenvolver ações educativas e atividades de ensino (CARVALHO, 2010). O enfermeiro deve desenvolver competências e habilidades para promover um cuidado essencial e de qualidade, seja ele de prevenção ou tratamento. Seu olhar cuidadoso, sensível e especializado somado ao conhecimento, habilidades e competências técnicas gera um comportamento para promoção à saúde nos cuidados com a pele, dessa forma prevenindo o aparecimento de lesões ou agravos, recuperando e reabilitando a forma e as funções da pele, sempre baseadas em evidências clínicas que integrem um modelo assistencial de impacto (PINTO, 2010). Os cuidados de enfermagem nas feridas, seja em serviços de atenção primária, secundária ou terciária, deve manter a observação intensiva com relação aos fatores locais, sistêmicos e externos que condicionam o surgimento da ferida ou interfiram no processo de cicatrização. Para tanto, é necessária uma visão clínica que relacione alguns pontos importantes que influenciam neste processo, como o controle da patologia de base (hipertensão, diabetes mellitus), aspectos nutricionais, infecciosos, medicamentosos e, sobretudo, o rigor e a qualidade do cuidado educativo. Vale salientar, ainda, a importância da associação dos curativos que serão utilizados a partir da sistematização do tratamento e de acordo com os aspectos e evolução da ferida (PORTAL EDUCAÇÃO, 2009). De acordo com a Lei do Exercício Profissional nº. 7498/86, e o Decreto nº. 94.406 de 8 de julho de 1987 que regulamenta o exercício de Enfermagem, em seu artigo 8º afirma que ao enfermeiro incube como integrante da equipe de saúde e a “participação nos programas de treinamento e aprimoramento de profissionais de saúde, particularmente nos programas de educação continuada que é parte atuante nessas modificações.” O profissional de enfermagem deve ter conhecimento técnico para propiciar um tratamento adequado ao cliente na sua recuperação, reabilitação, na promoção de saúde e prevenção de agravos (CARNEIRO; SOUZA; GAMA, 2010). Segundo Conselho Regional de Enfermagem - COREN-MG (2009), a deliberação 65/00 dispõe sobre a competência dos profissionais na prevenção e o 35 tratamento das lesões cutâneas. Delibera no Art. 1º, a competência do profissional de enfermagem em: realizar a consulta de Enfermagem (exame clínico: entrevista e exame físico) do cliente/paciente, portador de lesão ou daquele que corre o risco de desenvolvê-la; prescrever e orientar o tratamento; solicitar exames laboratoriais e de raio X, quando necessários; realizar o procedimento de curativo (limpeza e cobertura); realizar o desbridamento, quando necessário. E em seu parágrafo único: O tratamento das lesões deve ser prescrito pelo profissional enfermeiro, preferencialmente pelo especialista na área (COREN-MG, 2009). 36 3 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA Esta parte da pesquisa aborda o cenário, local e delineamento do estudo e os aspectos éticos da pesquisa. 3.1 CENÁRIO DE ESTUDO Este estudo foi realizado na cidade de Itajubá-MG, que de acordo com a Prefeitura Municipal de Itajubá (2011), foi fundada em 19 de março de 1819, situando-se no sul do Estado de Minas Gerais, numa altitude de 1746 metros no seu ponto mais alto e de 830 metros no ponto mais baixo, acima do nível do mar, sendo que a área urbana, sem considerar os morros, fica numa altitude média de 842 metros. Ocupa uma área de 290,45 Km² de extensão, com população de 90.812 habitantes, de acordo com o IBGE de 2006, o equivalente a 312,65 hab./km², numa taxa anual de crescimento de 1,26% habitantes por ano. A Prefeitura Municipal de Itajubá (2011) descreve a cidade, como segue: A cidade possui 57 bairros limitando-se, ao norte, com os municípios de: São José do Alegre e Maria da Fé; ao Sudeste, Wenceslau Brás e Sudoeste com o de Piranguçu; a Oeste, Piranguinho e a Leste com Delfim Moreira, exercendo influência direta sobre 14 municípios da micro-região, sendo a sua população equivalente a 0,47% da população mineira. O município é privilegiado em relação à localização, não só por estar inserido em uma rede urbana formada por prósperas cidades de porte médio, cujo acesso é feito pela BR459, mas também devido à sua posição em relação as grandes capitais da região sudeste: Belo Horizonte (445 Km), São Paulo (261 Km), Rio de Janeiro (318 Km) O clima de Itajubá é variado, ocorrendo, às vezes, no mesmo dia, pela manhã e tarde, o calor de verão e, à noite, uma da temperatura mais baixa, porém o termômetro não atinge as altas ou baixas excessivas, como ocorre na vizinha Maria da Fé, onde no inverno, o frio chega há alguns graus abaixo de zero. Itajubá é conhecida como “cidade universitária” devido as várias escolas de ensino superior que possui e uma delas é a Escola de Enfermagem Wenceslau Braz que norteia seu curso de graduação em enfermagem em três vertentes: ensino, 37 pesquisa e extensão a comunidade. Uma das extensões é a Unidade de Lesão de Pele. 3.1.1 Local de estudo O local escolhido para este estudo foi a Unidade de Lesão de Pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza – Unidade II da EEWB, por ser de fácil acesso das pesquisadoras e lá freqüentar o número suficiente de pacientes que são objetos de estudo desta pesquisa. De acordo com a Escola de Enfermagem Wenceslau Braz (2011) a Unidade de Lesão de Pele Enfª Isa Rodrigues de Souza é uma entidade filantrópica, que atende diariamente pacientes portadores de feridas crônicas de várias etiologias para avaliações das lesões, realização de curativos e orientações para o autocuidado. A unidade tem como objetivo o tratamento de Lesões de Pele, tendo como finalidade tratar de pacientes com diversos tipos de lesões, utilizando novas tecnologias, prestando-lhes assistência integral por meio de uma abordagem inovadora. A unidade é composta por 1 enfermeira, cerca de 5 a 15 monitores (acadêmicos aprovados no processo seletivo) e atende um número médio de 22 pacientes, realizando aproximadamente 1000 curativos mensais. Possui 5 salas, onde os curativos são realizados individualmente respeitando a privacidade de cada paciente. A unidade ainda contempla um ambiente para desinfecção, uma sala de esterilização, almoxarifado, sala de espera, sala da enfermagem e recepção. 3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA O presente estudo foi de abordagem qualitativa, do tipo descritivo, exploratório e transversal. Segundo Brevidelli e Domenico (2006), determinados problemas de pesquisa não podem ser respondidos quantitativamente porque não se busca estabelecer \relações entre variáveis ou verificar empiricamente hipóteses. Quando existe a intenção de buscar significados e interpretá-los a partir de um contexto próprio, natural, delineia-se a abordagem qualitativa do estudo. As características da pesquisa qualitativa: 38 • Tem o ambiente natural como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento- chave; • É descritiva, isto é, os resultados são expressos em narrativas, descrições, figuras, declarações de pessoas, quadros esquemáticos; • Os pesquisadores qualitativos estão preocupados com o processo e não simplesmente com os resultados e o produto, ou seja, o fenômeno é avaliado em suas relações, no conhecimento dos seus aspectos evolutivos, forças que interagem, entre outros aspectos de natureza subjetiva; • Os pesquisadores qualitativos tendem a analisar seus dados indutivamente. A indução é um processo pelo qual se chega a proposições gerais, ou seja, parte de premissas de fatos observados para chegar a uma conclusão sobre fatos ou situações não observadas; • O significado é a preocupação essencial na abordagem qualitativa: os pesquisadores buscam detectar os significados que as pessoas dão aos fenômenos. Caberá ao pesquisador instrumentalizar-se para traçar o desenho de estudo, considerando que executar uma pesquisa de abordagem qualitativa compreende adquirir a capacidade de interpretação dos fatos além do foco específico, isto é, ampliada para analisar palavras/idéias e realidades múltiplas (BREVIDELLI; DOMENICO, 2006). Para Andrade (2003), na pesquisa descritiva, os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira neles. Isto significa que os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não manipulados pelo pesquisador. Uma das características da pesquisa descritiva é a técnica padronizada da coleta de dados, realizada principalmente através de questionários e da observação sistemática. Para Brevidelli e Domenico (2006), a pesquisa exploratória tem como objetivo a busca por informações apuradas a respeito de sujeitos, grupos, instituições ou situações a fim de caracterizá-los e evidenciar um perfil. Em algumas situações, o pesquisador tem interesse em estudar um fenômeno desconhecido ou pouco conhecido, explorando dados para construir um cenário. Entretanto, não apenas explorar dados, mas descrever dados e verificar a existência de relações entre variáveis. 39 Na pesquisa exploratória busca-se descobrir se existe ou não um fenômeno, sendo utilizado quando o pesquisador quer investigar tópicos onde existe pouco conhecimento, sendo o objetivo da investigação o próprio método de investigação (PEREIRA, 2007). Os estudos transversais são dados coletados com um ou mais grupos de sujeitos em um momento particular do tempo (BREVIDELLI; DOMENICO, 2006). Segundo Dyniewicz (2007), a pesquisa transversal é quando a exposição e o desfecho são avaliados juntamente num mesmo ponto no tempo. No momento do estudo, os participantes da pesquisa já estão sendo avaliados. A exposição e o desfecho já ocorrem e são aferidos em um mesmo momento, não havendo período de seguimento ou observação, nem mesmo como definir com exatidão a seqüência temporal dos eventos estudados. Optamos por esta abordagem, pois nos permitiu identificar de que maneira o paciente com lesão de pele realiza o seu curativo em domicílio e conhecer as suas percepções quanto a realização do seu curativo. 3.2.1 Critérios de inclusão Segundo Duarte (2002), a definição dos critérios, segundo os quais serão selecionados os participantes que irão compor o universo de investigação, interfere diretamente na qualidade das informações a partir das quais será possível construir a análise e chegar à compreensão mais ampla do problema delineado. Foram incluídos nesta pesquisa os pacientes: • Com idade maior ou igual a 18 anos, independente do gênero; • Cadastrados na Unidade de Lesão de Pele Enfª Isa Rodrigues de Souza com lesão de qualquer etiologia e independente do local há pelo menos 6 meses, pois do ponto de vista quantitativo toda e qualquer pessoa é capaz de representar algo vivenciado a partir de seis meses de convivência com aquela situação (MONTEIRO, 2005); • Que realizam os seus próprios curativos nos finais de semana e feriados em ambiente domiciliar; • Concordaram em participar da pesquisa. 40 3.2.2 Critérios de exclusão Os critérios de exclusão foram aqueles que não se enquadraram aos critérios de inclusão descritos acima. 3.2.2.1 Participante, amostra e amostragem Os participantes da pesquisa foram os pacientes cadastrados na Unidade de Lesão de Pele Enfª Isa Rodrigues de Souza. A amostra de início seria constituída de 20 pacientes, porém no decorrer do ano de execução da pesquisa houve altas de um número significativo de pacientes da Unidade de Lesão de Pele. Estes foram encaminhados para outras unidades de saúde, devido sobrecarga de atendimento na referida instituição. Dessa forma, os pacientes que se enquadravam nos critérios de inclusão foram um número inferior à amostra inicial, pois segundo Lefévre; Lefévre (2002) a proposta de amostra para a realização com pesquisas envolvendo o DSC deve ser de 20 sujeitos. Entretanto, essa amostra pode ser reduzida, caso o tamanho dessa amostra não seja disponível, pois o importante são os discursos. Dessa forma, a amostra ficou sendo constituída de 16 participantes. Segundo Brevidelli e Domenico (2006), a amostra é uma parte da população de estudo que pode ser obtida de acordo com uma determinada técnica de amostragem. A amostragem é o processo de seleção de uma porção da população para representar toda a população.(POLIT; BECK; HUNGLER, 2004). A amostragem foi do tipo intencional. Para os mesmos autores acima, a amostragem intencional é baseada no conhecimento do pesquisador sobre a população e pode ser usado para selecionar os casos a serem incluídos na amostra. O pesquisador pode decidir selecionar, propositalmente, a maior variedade possível de respondentes ou particularmente conhecedores do assunto estudado. A amostragem de um modo subjetivo, no entanto, não proporciona métodos externos, objetivos, para investigar a tipicidade dos sujeitos selecionados. 3.2.2.2 Pré-teste 41 Foi realizado o pré-teste com três pacientes cadastrados na Unidade de Lesão de pele Enfª Isa Rodrigues de Souza de Itajubá, que estavam dentro dos critérios de elegibilidade e fizeram parte da amostra. Segundo Lakatos e Marconi (2001), o pré-teste tem como uma das principais funções, testar o instrumento de coleta de dados e pode evidenciar se ele apresenta ou não 3 elementos de suma importância: • Fidedignamente; • Validade; • Operatividade. O pré-teste é sempre aplicado para uma amostragem reduzida, cujo processo para a seleção é idêntica ao previsto para a execução da pesquisa, mas os elementos entrevistados não poderão figurar na amostra final (para evitar “contaminação”). Muitas vezes descobre-se que a seleção é por demais “viciada”. Em suma, inadequada, necessitando ser modificada. A aplicação do pré-teste é também um bom teste para os pesquisadores e permite a obtenção de uma estimativa sobre os futuros resultados, podendo, inclusive alterar hipóteses, modificar variáveis e a relação entre elas (LAKATOS, MARCONI, 2001). Nesta pesquisa não houve necessidade de ajustar o instrumento. 3.2.2.3 Instrumento para coleta de dados Os instrumentos elaborados para a coleta de dados foram: um questionário fechado contendo características pessoais e um roteiro de entrevista semiestruturada com duas questões abertas referentes aos objetivos do estudo, que foram gravadas através de um gravador portátil (APÊNDICE A). 3.2.2.3.1 Procedimento para coleta de dados Entramos em contato com o diretor técnico da Unidade de Lesão de Pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza – Unidade I, da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz para expormos sobre os objetivos da pesquisa realizada e assim conseguimos autorização para realizá-la (APÊNDICE B). 42 A autorização foi oficializada através da assinatura na Folha de Rosto para Pesquisa Envolvendo Seres Humanos. De posse desse documento, encaminhamos o projeto de pesquisa ao Comitê de Ética e Pesquisa da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz (EEWB), localizada na cidade de Itajubá, Minas Gerais, para a devida aprovação. Brevidelli e Domenico (2006), colocam que esta etapa é fundamental quando seres humanos estão envolvidos na realização da pesquisa e, sendo assim, poderão surgir questões éticas. Considerando esse conceito, todo pesquisador deve analisar os riscos e benefícios que podem ser gerados pelo estudo e, primordialmente, deve proteger os sujeitos humanos que estão envolvidos nele. Após aprovação do Comitê de Ética (ANEXO A) entramos em contato com a enfermeira responsável pela Unidade de Lesão de Pele expondo-lhe os objetivos da pesquisa e assim agendamos um encontro com os participantes que atendiam aos critérios de elegibilidade para solicitarmos sua participação na pesquisa. Após a compreensão sobre todos os dados referentes à pesquisa, inclusive dos objetivos da mesma, da privacidade das informações fornecidas, seu anonimato, de assegurar quanto a retirar-se da pesquisa quando desejassem, sem sentir-se constrangidos por isto e sem que lhe fosse causado nenhum dano, oficializamos com a assinatura no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE C). Para a coleta de dados escolhemos uma sala reservada da Unidade (Sala de Enfermagem) propiciando um ambiente sem ruídos e respeitando dia e horários estabelecidos pelos pacientes. Optamos em realizar a entrevista na Unidade de Lesão evitando assim transtornos domiciliares aos mesmos. Pedimos permissão para gravar a entrevista conforme recomenda a metodologia do estudo. 3.2.2.3.2 Análise dos dados Os dados foram descritos sob o referencial das Representações Sociais (RS) e o método escolhido para análise foi o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). A Enfermagem vem utilizando os pressupostos da Teoria das Representações Sociais (TRS) desde a década de 80, buscando compreender os aspectos psicossociais que nos emergem vários objetos de investigação que ela focaliza (ABRANTES; FIGUEIREDO, 1996). 43 Deste modo, ainda para Abrantes, Figueiredo (1996), a TRS apresenta grande aderência aos objetos de estudo na área de Enfermagem, uma vez que ela consegue apreender os aspectos mais subjetivos que permeiam os problemas inerentes a essa área. Moscovici (1978), afirma que as representações sociais consistem na maneira de interpretar a nossa realidade cotidiana, uma forma de conhecimento social, ao associar a atividade mental desenvolvida pelos indivíduos e os grupos para fixar sua posição em relação à situação, acontecimentos, objetos e comunicação que lhes dizem respeito. Para Jodelet (1989), as representações sociais (RS) são uma forma de conhecimento socialmente elaborado e partilhado, tendo uma visão prática e concorrendo para a construção de uma realidade comum a um conjunto social. Essa autora ainda ressalta que toda representação social é a representação de algo e de alguém. Ela não é nem o duplo do real, nem do ideal, nem a parte subjetiva do objeto, nem a parte objetiva do sujeito. Ela é o processo pelo qual se estabelece a sua relação. Em síntese, as Representações Sociais são uma forma de conhecimento prático – o saber do senso comum que tem por finalidade estabelecer uma ordem que permita aos indivíduos se orientar em seu mundo e dominá-lo, possibilitando a comunicação entre os membros de um determinado grupo (SPINK, 1989). Para identificar de que maneira o paciente com lesão de pele, cadastrado na Unidade de Lesão de Pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza – Unidade II da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, na cidade de Itajubá-MG, realiza o seu curativo em domicílio e conhecer as suas percepções quanto a essa realização sob o referencial das Representações Sociais, a opção pela abordagem qualitativa foi o melhor caminho, e o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) constituiu no método escolhido para construção dos significados, permitindo a aproximação com o fenômeno em estudo. Lefévre; Lefévre; Teixeira (2000), definem que o DSC é uma estratégia metodológica com a finalidade de tornar mais clara uma determinada representação social e o conjunto das representações que constituem um dado imaginário. Por meio desse modo discursivo é possível visualizar a representação social, na medida em que ela aparece sob a forma (artificial) de quadros, tabelas e categorias, mas sob a forma mais viva e direta de um discurso, que é o modo como os indivíduos 44 reais e concretos pensam: O DSC é então uma forma de expressar diretamente a representação social de um dado sujeito. Se o pensamento coletivo pode ser visto como um conjunto de discursos sobre um dado tema, o DSC visa a iluminar o conjunto de individualidades semânticas, próprias do imaginário social. Em suma, o DSC é uma maneira destinada a fazer a coletividade “falar” diretamente. Segundo Lefévre; Lefévre; Teixeira (2000) para a elaboração do DSC são criadas três figuras metodológicas: Expressões-Chave (ECH): São partes ou todo o conteúdo das transições literais do discurso de cada sujeito, que devem ser identificados e a seguir destacados (sublinhados, coloridos ou iluminados) pelo pesquisador, e que revelam a essência do discurso ou a teoria subjacente. Idéias Centrais (IC): É o nome ou expressão lingüística que revela e descreve da maneira mais sintética, precisa e fidedigna possível o sentido de cada um dos discursos analisados e de cada conjunto homogêneo de ECH, que posteriormente vai dar origem ao DSC. É importante assinalar que as IC não são uma interpretação, mas uma descrição do sentido do depoimento, revelando “o que foi dito”, por meio de descrições indiretas ou mediadas que revelam o tema do depoimento ou “sobre o quê” o sujeito enunciador está falando. Neste último caso será preciso, após a identificação do tema, reconhecer as IC correspondentes. Discurso do Sujeito Coletivo (DSC): É um discurso redigido na primeira pessoa do singular e composto pelas ECH que têm as mesmas IC ou AC. Segundo Lefévre, Lefévre e Teixeira (2000), “o DSC, como técnica de processamento de dados com vistas a obtenção do pensamento coletivo, dá como resultado um painel de discursos de sujeitos coletivos, enunciados na primeira pessoa do singular, juntamente para sugerir uma pessoa coletiva, falando como se fosse um sujeito individual de discurso”. É fácil perceber esta maneira de apresentação de resultados, pois confere grande naturalidade, espontaneidade e vivacidade ao pensamento coletivo, o que contrasta muito com as formas clássicas de apresentação de resultados. Considerando a exposição anterior esquematicamente, encontram-se listados a seguir os passos necessários para se chegar à construção dos DSCs. Tendo sido todas as entrevistas gravadas e transcritas para a tabulação de dados, seguiram-se rigorosamente os seguintes passos: 45 As questões foram analisadas isoladamente, isto é, de início analisada a questão 1 de todos os participantes entrevistados e a seguir a questão 2. Dessa forma, o primeiro passo consistiu em copiar integralmente o conteúdo de todas as respostas referentes a questão 1 no Instrumento de Análises de Discurso 1 ( IAD1) (ANEXO B) na coluna e ECH no quadro de apresentação, o mesmo ocorreu com a questão 2. Identificadas e agrupadas as IC de mesmo sentido, de sentido equivalente ou complementar, foi “etiquetado” cada grupo: 1, 2, 3 e assim por diante. Denominado cada um dos agrupamentos 1, 2, 3 e outros, o que na realidade implicaram em criar uma idéia central que expressassem da melhor maneira possível todas as IC do mesmo sentido evidentemente facilitou o processo. Para a construção do DSC foi preciso utilizar o Instrumento de Análise de Discurso 2 - IAD2 (ANEXO C). Foi construído um DSC para cada agrupamento identificado no passo anterior. Portanto, foram utilizados tantos IAD2s quantos foram os agrupamentos. Não foi usado a ancoragem por não interferir na análise e todos os passos foram seguidos conforme recomenda (LEFÉVRE, LEFÉVRE, 2002). 3.3 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA De acordo com Brasil, Conselho de Saúde (2008), Resolução n° 196/96 do Ministério da Saúde de 14 de janeiro de 1987, a eticidade da pesquisa implica em: • Consentimento livre e esclarecido dos indivíduos-alvo. Neste sentido, a pesquisa envolvendo seres humanos deve sempre tratá-los em sua dignidade, respeitá-los em sua autonomia e defendê-los em sua vulnerabilidade; • Ponderação entre riscos e benefícios, tanto atuais como potenciais, individuais ou coletivos, comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos; • Garantia de que danos previsíveis sejam evitados; • Relevância social da pesquisa com vantagens significativas para os participantes da pesquisa e minimização do ônus para os participantes vulneráveis, o que garante a igual consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio- humanitária; 46 A pesquisa, em qualquer área do conhecimento, envolvendo seres humanos, deverá observar as seguintes exigências: • Ser realizada somente quando o conhecimento que se pretende obter não possa ser obtido por outro meio; • Contar com o consentimento livre e esclarecido do sujeito da pesquisa e/ou seu representante legal; • Garantir anonimato e total sigilo, assegurando a privacidade das informações fornecidas; • Contar com os recursos humanos e materiais necessários que garantam o bem-estar do sujeito da pesquisa, devendo ainda haver adequação entre a competência do pesquisador e o projeto proposto; • Prever procedimentos que assegurem a confidencialidade e a privacidade, a proteção da imagem e a não estigmatização, garantindo a não utilização das informações em prejuízo das pessoas e/ou das comunidades, inclusive em termos de auto-estima, de prestígio e/ou econômico-financeiro; • Respeitar sempre os valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos, bem como os hábitos e costumes quando as pesquisas envolverem comunidades; • Garantir o retorno dos benefícios obtidos através das pesquisas para as pessoas e as comunidades onde as mesmas forem realizadas. Quando, no interesse da comunidade, houver benefício real em incentivar ou estimular mudanças de costumes ou comportamentos, o protocolo de pesquisa deve incluir, sempre que possível, disposições para comunicar tais benefícios às pessoas/e ou comunidades; 47 4 RESULTADOS Neste item apresentamos a caracterização dos entrevistados, em seguida o tema explorado, suas idéias centrais e o discurso do sujeito coletivo de cada uma delas. Finalmente destacamos a síntese das idéias centrais, quanto a maneira e percepções que o paciente com lesão de pele cadastrado na Unidade de Lesão de Pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza – Unidade II da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, na cidade de Itajubá-MG, realiza o seu curativo em domicílio. 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES Na tabela I (APÊNDICE D) são descritos os dados relativos aos pacientes da Unidade de Lesão de pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza que fizeram parte da pesquisa. Abaixo são apresentados estes dados de forma sintética como seguem: Características pessoais dos pacientes cadastrados na Unidade de Lesão de Pele que realizam o seu próprio curativo em domicilio nos finais de semana Os resultados desta pesquisa permitiram concluir que dos 100% dos entrevistados (16 pacientes), 75% (12) eram do gênero feminino e 25% (4) do masculino, 1 participante com idade entre 20 e 30 anos, 5 com idade entre 50 e 60 anos, 7 entre 60 e 70 anos e 3 entre 70 e 80 anos. Quanto ao tempo de lesão de pele em anos, 3 participantes entre 6 meses a um ano, 4 de 2 a 4 anos; 2 de 5 a 10 anos; 4 de 11 a 20 anos; e 3 de 21 a 40 anos. A região corporal da lesão predominante foi a dos membros inferiores, com os 16 participantes. O tempo de cadastro na Unidade de lesão de Pele, identificou-se: 2 participantes com o tempo de 6 meses a 1 ano, 2 de 1 a 2 anos, 3 de 2 a 3 anos; 5 de 4 a 5 anos; 3 de 5 a 6 anos; e 1 de 6 a 7 anos. Das doenças crônicas prevalentes e o uso de suas respectivas medicações, tivemos: Diabetes Mellitus (Metformina, Diamicron, Insulina NPH, Glibenclamida, Diabinese) com 6 participantes; Hipertensão Arterial Sistêmica (Captopril, Nifedipino, Hidroclorotiazida, Pentoxilina, Sinvastatina, AAS, Enalapril, Carvedilol, Losartano, Lasix, Sustrate, Atenolol, Metildopa, Cilostazol) com 8 participantes; HIPO OU HIPERTIREOIDISMO (Puran T4) com 2 participantes; 48 Miocardiopatia dilatada com 1 participante; Anemia (Sulfato ferroso, Noripurum) com 1 participante; Osteoporose com 1 participante; Problemas circulatórios (Daflon) com 1 participante. Dos 16 sujeitos da pesquisa, 5 são tabagistas e 3 etilistas. 4.1.1 Tema, ideia central e DSC Nessa parte é apresentado o tema estudado, um quadro representativo de cada idéia central, seus respondentes, assim como a sua frequência e a seguir encontram-se separadamente as diversas idéias centrais com seus respectivos DSC. TEMA: MANEIRAS E PERCEPÇÕES DO PACIENTE COM LESÃO DE PELE REFERENTES À AUTOREALIZAÇÃO DO CURATIVO EM DOMICÍLIO O quadro 1 mostra a síntese das IC referentes a seguinte questão: Pense um pouco: nos finais de semana e feriados o Sr. (a) realiza o curativo de sua lesão de pele em casa. Poderia nos contar de que maneira é realizado? Quadro 1 - Idéias centrais, sujeitos e freqüências de idéias centrais sobre o tema: Maneira que o paciente com lesão de pele realiza o seu curativo em domicílio. Nº 01 02 03 04 05 06 07 08 Idéias Centrais Participantes Faz sozinho e não tem 1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11,12,13, técnica 15, 16 Coloca a pomada e fecha 2,5,6,7,8,9,10,11,12,13, 14, a lesão 15,16 Lava com soro bem 1,2,3,5,6,7,9,10,11,12,13, 14 lavadinho e enxuga com gazes Lava as mãos e coloca 1,3,4,5,11,13,14,15,16 luva ou passa álcool na mão Esquenta o soro Não deixa contaminar a pomada Deixa a lesão um pouco molhada Depende do que o médico manda Fonte: Instrumento da pesquisa Frequências das idéias 15 13 12 9 3,6,8,9,13, 14 3 6 1 10 1 13 1 49 1ª IC: Faz sozinho e não tem técnica DSC: Então, eu tomo banho, tiro a faixa, tiro o curativo e tomo banho geral, depois daquele banho já aproveito e faço o curativo. Eu tomo banho com a faixa pra não ir água do chuveiro, aí desembrulho a faixa que já está molhada. Eu sento no sofá, coloco o pé em cima de uma cadeira, pra não ficar arcado e ali eu faço curativo, e faço sozinho, é o jeito que dá pra mim fazer. No meu quarto tem uma mesinha baixa, então eu abro e passo um pano com álcool na mesinha. Sempre eu ponho um pano ou qualquer coisa do lado da cama, depois eu pego as coisas e ponho tudo em cima, ponho o material, abro o pacote, espátula, a gaze que eu mando lá no posto de saúde, eu levo as marmitas e eles esterilizam pra mim, aí pego a bacia, coloco um pano embaixo, ponho o banquinho, eu tenho uma bacia social em casa que é só pra esse fim, aí eu pego e coloco, ponho meu pé lá dentro da bacia e aí eu faço, mas não dá muito porque sempre quando eu jogo o soro na lesão escorre para os pés, não é igual na lesão, é meio sacrifício, aí eu retiro lá, e com um soro fisiológico morninho, eu ponho numa leiteira para esquentar, eu tiro a gaze, pego, deixo fechado lá o pacotinho, pego a gaze, pego a atadura, a espátula que eu vou usar, a pomada e deixo tudo ali perto de mim. Só que eu não tenho a mesinha, eu sento na cama sabe, eu deixo tudo ali, só que é limpinho, não está nada aberto, e daí eu começo, porque daí eu já lavei minha mão, aí eu tiro a atadura, tiro a gaze com a pontinha da minha mão; e aí eu vou lavando a ferida com soro, e pego as gazes, aqui vocês fazem bonequinha, pega a pinça, eu não tenho a pinça, eu tenho uma tesourinha, às vezes eu pego com ela e limpo ou então, eu pego com a mão, só que ali onde eu vou colocar na lesão, eu não ponho a minha mão, sabe, aí limpo bem com a bonequinha, limpo em volta, depois eu jogo por fora da lesão, torno a limpar, limpo uma, duas a três vezes, depois que eu espalhei a pomada com a espátula, aí eu vou pegar as gazes com a pontinha, outras vezes eu pego assim nos fechinhos da gaze e a de baixo eu emendo assim com a minha mão e vou colocando assim. Aí já uso a pomada na gaze que está na mesa, passo na gaze, aí pego duas espátulas e coloco, às vezes com a luva, porque eu não tenho luva lá, então tudo que eu vou fazer, eu pego assim pelas beirinhas pra não contaminar, porque nós não 50 temos aquela técnica que vocês têm aqui na lesão, aquele serviço especializado, mas a gente se vira. É assim que eu faço. 2ª IC: Lava com soro bem lavadinho e enxuga com gazes DSC: Eu lavo com soro bem lavadinha, puxo gaze por gaze, às vezes saem fáceis às vezes não sai, fica gastando muito soro e nunca que sai, vou jogando no saquinho. Lavo tudo certinho, pego o soro, jogo bem o soro, jogo, jogo, jogo o soro, pego a bonequinha com a luva e vou passando assim em volta e dentro da lesão, aí depois eu enxugo com a gazinha e com luva, e enxugo bem enxuto em volta. Mesmo depois que eu limpo com a gaze em volta assim, começo a lavar com o soro muito de levezinho, vou passando gaze para tirar o excesso e vou passando com o soro, depois eu enxugo ali onde que está o ferimento. Aí eu lavo, ponho o curativo e embrulho a faixa. 3ª IC: Coloca a pomada e fecha a lesão DCS: Depois que eu lavo com soro, seco certinho, estou com as faixas tudo no jeito, aí eu coloco as faixas, o esparadrapo está cortado no jeito também. E depois pego as gazes, a espatulazinha coloco a pomadinha que está sendo bem pouquinho em cima na gaze e coloco em cima da lesão, o curativo que seja, o agente terapêutico, ou a Kérlix, a papaína, kolagenase, e aí ponho o que têm que por, passo o óleo, às vezes passo alguma coisa em volta, às vezes até não, cubro e tento por gazes nos lugares onde a drenagem é maior, ponho as gazes e fecho, aí vou enrolando a faixa do jeito que eles fazem aqui em oito e ponho o esparadrapo. 4ª IC: Lava as mãos e coloca luva ou passa álcool na mão DSC: Eu levo o vidro de álcool para o quarto, passo na mão, porque a enfermeira falou que eu mesma pegando os materiais não precisa de luva, aí eu pego ponho a mão assim em cima daquela gaze. Eu tenho minha mesa, lá ponho o potinho que eu vou usar, pego as faixas e as gazes. Ponho as luvas tudo de acordo que fornecem aqui na lesão, lavo bem as mãos antes de mexer, 51 aí na hora de tirar o curativo eu uso a luva e ponho num saquinho plástico, aí depois troco a luva novamente pra fazer e colocar a pomada. 5ª IC: Esquenta o soro DSC: Pego uma leiteira, ponho água, quando está quente eu levo ela para o quarto, pego o soro, ponho dentro e esquento, porque antes eu fazia com ele frio, depois que eu comecei a vir na lesão, ai eu comecei a esquentar como eles fazem, o soro bem morninho, alguns dias eu esquento, alguns dias não. 6ª IC: Não deixa contaminar a pomada DSC: Na hora de eu passar a pomada eu não ponho ela na gaze igual vocês fazem, eu pego o tubo e coloco na lesão, assim ela alta, e depois eu só espalho com a espátula, pra não ter perigo deu ficar passando a pomada na gaze e contaminar. 7ª IC: Deixa a lesão um pouco molhada DSC: Eu deixo a lesão um pouco molhada, porque falaram pra mim deixar um pouquinho molhado. 8ª IC: Depende do que o médico manda DSC: Ás vezes, depende do que o médico manda, se o médico manda lavar a lesão, eu tomo banho e lavo a lesão, se o médico não manda lavar a lesão, eu passo um plástico com fita crepe e tomo banho e evito até de molhar o corpo, depois eu vou e retiro aquele plástico. 52 Figura 1 - Maneira que o paciente com lesão de pele realiza o seu curativo em domicílio Fonte: Instrumento de Pesquisa O quadro 2 mostra a síntese das IC referentes a seguinte questão: Fale-nos o que o Sr. (a) percebe ao realizar o seu curativo nos finais de semana e feriados em casa. 53 Quadro 2 - Idéias centrais, sujeitos e freqüências de idéias centrais sobre o temas: Percepções do paciente com lesão de pele quanto a autorealização do curativo em domicílio Nº 01 02 03 04 05 06 07 Idéias Centrais Participantes Frequências das Idéias Não tem nada que atrapalhe 1,2,3,4,5,8,9,10,12,16 10 Tenho dificuldade 6,7,8,10,13,14,15 7 Em casa não tem todo o 2,3,5,7,8,9 6 material O modo de tratar a gente faz 2,4,6,10 4 parte do tratamento É diferente, não é errado 7,13,14 3 Na lesão tem mais higiene 2,15 2 Uma situação bem normal 11 1 Fonte: Instrumento da pesquisa 1ª IC: Não tem nada que atrapalhe DSC: Eu não tenho nada que me atrapalhe não, porque eu faço reservado, num comodozinho que eu tenho lá, e eu lavo tudo, faço curativo sozinho, sem ninguém me ajudar, eu tenho um banquinho assim pequenininho e ponho a bacia em cima, eu sento na beira da cama do meu quarto. Eu não encontro dificuldade não, só que é aquele negócio, eu acho que não é igual o curativo daqui, entendeu, mas eu faço, dá pra fazer em casa. Dificuldade eu não tenho porque eu faço tudo certo, sempre fiz, estou fazendo correto, do meu jeito cuidando direitinho, com limpeza com tudo certinho, eu faço. Agora de fazer eu acho que eu estou fazendo certo sabe, é, eu acho, eu não ponho a mão ali para contaminar sabe, a espátula que eu coloco lá eu não deixo contaminar no tubo da pomada, eu acho que está certo. Levo o que dá pra mim atravessar aquele intervalo que eu não venho aqui, então eu não tenho nada a reclamar, remédio tem, não tem aquele auxilio total do serviço tratado, eu agradeço porque a gente também depende do trabalho de vocês, eu não sinto dificuldade não, de acordo com o que eu estou aprendendo aqui, primeiro eu sentia no começo, até para amarrar a faixa, agora não, eu não tenho não, não tenho nada a reclamar, vejo que estou realizando certo! Está dando tudo certinho, eu me sinto alegre de ter disposição de fazer o curativo no meu pé, graças à Deus, não impede nada, está havendo melhora, porque eu fico de repouso também. 54 2ª IC: Em casa não tem todo o material DSC: O que eu percebo aqui na lesão é bem melhor de fazer, porque tem todos os cuidados e na casa da gente não tem o material certinho do jeito que fazem aqui, aqui é especial, aqui não tem como. Dentro da casa da gente, a gente faz uma coisa, aqui na lesão tem os preparos, tem tudo no jeito, mas lá a gente já não tem tudo certo como na lesão; Às vezes não tem a cadeirinha certa para por no lugar, mas arruma um jeito e faz. Eu pego o material no posto lá perto de casa, gazes, aí está dando tudo certo, igual aqui não, porque na lesão as coisas são diferentes, porque tem a cadeira que a gente coloca o pé em cima, o pé não tem contato com a bacia, então é lógico que é melhor, mas a gente precisa fazer em casa. Vocês têm os materiais para fazer, as ferramentinhas de fazer o curativo, em casa a gente não tem; então eu faço em casa só que eu faço assim, eu não tenho o material que tem aqui, pinça, aquela tesourinha. Em casa não tem a tesoura para segurar, o soro para fazer, a gazinha para limpar igual faz aqui. Bom, eu acho que em casa eu poderia ter as pinça que aqui tem, e assim mesinhas que aqui tem, pra mim colocar tudo organizadinho, a bacia que vocês tem aqui eu também não tenho. 3ª IC: Tenho dificuldade DSC: Tenho dificuldade, porque não tem as coisas certas para fazer, a gente já fica com a perna mais pendurada. Pra mim é tudo tão difícil, mas como não tem jeito de outra pessoa fazer, eu mesmo faço. Eu tenho dificuldade de por as gazes atrás, não é igual em casa, eu sento na cama, fica doendo as minhas “popas”, eu já acostumei fazer, já peguei no ritmo, tem dia que não fica igual outra vez, fica meio errado, as gazes que às vezes eu ponho errado, a atadura fica certo. A única coisa que eu acho difícil é tirar a gaze. 4ª IC: O modo de tratar a gente faz parte do tratamento DSC: O modo de vocês tratarem a gente também faz parte do curativo, do tratamento e sinto muito melhor fazendo aqui do que em casa. Eu gosto de fazer aqui na lesão, aqui eu me sinto mais a vontade, é gostoso fazer aqui. Não 55 reclamo de nada, porque sou bem atendido. A ajuda daqui está me dando muita força, o curativo está sendo muito bom, que se não fosse o curativo daqui eu não estava bem. 5ª IC: É diferente, não é errado DSC: Não fica igual daqui da lesão, fazendo aqui é melhor, não acho difícil, eu sempre tenho tudo, não acho difícil de fazer, sinto que não fica bem feito igual daqui, mas aqui é bem melhor. É diferente, não é errado, está certo fazer, porque sem fazer é que não pode deixar, porque é um alívio quando a gente faz curativo, porque está assim às vezes uns dois, três dias sem fazer, quando faz é um alívio, muda tudo. 6ª IC: Na lesão tem mais higiene DSC: Então, eu faço curativo em casa, eu tenho mais preferência de fazer na lesão, porque aqui são mais higiênicos, muito mais legal do que o feito em casa. 7ª IC: Uma situação bem normal DSC: Eu percebo uma coisa até muito natural porque faz parte do sistema, da organização da lesão, tanta gente faz seu curativo em casa, pra mim uma situação bem normal, sem criar problema. Eu me via assim de certa forma tranqüila, às vezes me preocupava quando eu sentia que a lesão não estava melhorando, estava piorando, aí eu ficava um pouco preocupada. 56 Figura 2 - Percepções do paciente com lesão de pele quanto a autorealização do curativo em domicílio Fonte: Instrumento de Pesquisa 57 5 DISCUSSÃO Esta etapa da pesquisa constitui da análise das idéias centrais em relação ao tema: Maneiras e percepções do paciente com lesão de pele referente à autorealização do curativo em domicílio. Primeiramente é feita uma discussão sobre a maneira que o paciente faz a autorealização do curativo da lesão em casa e para alcançar o primeiro objetivo deste estudo foi direcionada ao paciente a seguinte pergunta: nos finais de semana e feriados o Sr. (a) é quem faz o curativo da sua lesão em casa. Poderia nos contar de que maneira o Sr. (a) o realiza? Deste questionamento surgiram oito idéias centrais como seguem: A IC Faz sozinho e não tem técnica é vista no seguinte DSC: (...) tiro a faixa, tiro o curativo e tomo banho geral, depois aproveito e faço o curativo. Tomo banho com a faixa pra não ir água do chuveiro, aí desembrulho a faixa (...) sento no sofá, coloco o pé em cima de uma cadeira, pra não ficar arcado e ali faço curativo sozinho, é o jeito que dá pra mim fazer. (...) tenho uma mesinha baixa, então eu abro e passo um pano com álcool. Sempre ponho um pano ou qualquer coisa do lado da cama (...) pego o material, abro o pacote, espátula, a gaze (...) aí pego a bacia, coloco um pano embaixo, ponho o banquinho (...) ponho meu pé lá dentro da bacia e aí eu faço (...) sempre quando eu jogo o soro na lesão escorre para os pés (...) é meio sacrifício (...) com um soro fisiológico ponho numa leiteira para esquentar, tiro a gaze, deixo fechado lá o pacotinho, pego a gaze, pego a atadura, a espátula que eu vou usar, a pomada e deixo tudo ali perto de mim. (...) eu sento na cama e deixo tudo ali, só que é limpinho, não está nada aberto, e daí eu começo, porque daí eu já lavei minha mão, aí eu tiro a atadura, tiro a gaze com a pontinha da minha mão; e aí eu vou lavando a ferida com soro, e pego as gazes (...) tenho uma tesourinha, às vezes eu pego com ela e limpo ou então, eu pego com a mão, (...) onde eu vou colocar na lesão, não ponho a minha mão, aí limpo bem com a bonequinha, limpo em volta, depois eu jogo por fora da lesão, espalho a pomada com a espátula e pego as gazes com a pontinha (...) pra não 58 contaminar, porque nós não temos aquela técnica que vocês têm aqui na lesão (...)mas a gente se vira. É assim que eu faço. Para Dealey (2008), muitos pacientes tomam banho de imersão ou de chuveiro antes de trocar de curativo, porém, a banheira ou o box devem ser limpos rigorosamente depois de usados pelo paciente, a fim de evitar infecção cruzada. A água morna, para limpeza da ferida, não difere da solução salina esterilizada quanto às taxas de infecção e cicatrização da mesma. Segundo Chayamiti (2011), no domicílio é ainda mais difícil dispor de locais adequados para a realização do curativo. Muitas vezes este procedimento é realizado com o paciente na cama e os cuidados nesse caso devem se voltar à orientação quanto à limpeza do ambiente, chão, cama, troca de roupas e o descarte e destino do resíduo em saúde. De acordo com o DSC acima percebe-se que os pacientes preocupam-se em não contaminar a ferida da maneira que podem. Há os que retiram a faixa antes do banho e no mesmo discurso há aqueles que antes de realizar o curativo tomam banho ainda com a faixa. Conforme orientação na Unidade de Lesão, se deve tomar o banho com a lesão ocluída evitando-se dessa forma que sujidade do corpo entre em contato com a área comprometida. Limpam o local onde será aberto os materiais com álcool e ainda colocam um pano para distribuir tudo ali em cima. Só então retiram a faixa e executam o curativo, sentados no sofá, na beirada da cama ou mesmo na cadeira. Apesar de todo sacrifício que encontram na realização do curativo em casa, sabem improvisar, pois mesmo na falta da pinça, utilizam uma tesoura de apoio, e manuseiam com luvas ou com a própria mão. A preocupação é sempre em não contaminar, então seguram as gazes pelas pontas e não tocam onde entra em contato com a ferida. Evidenciamos para a IC Lava com soro bem lavadinha e enxuga com gazes no seguinte DSC: Lavo com soro bem lavadinha, puxo gaze por gaze, às vezes saem fáceis às vezes não, fica gastando muito soro e nunca que sai, vou jogando no saquinho. Lavo tudo certinho, pego o soro, jogo bem o soro (...) pego a bonequinha com a luva e vou passando (...) em volta e dentro da lesão, depois enxugo com a gazinha e (...) em volta. Mesmo depois que eu limpo com a gaze 59 em volta, começo a lavar com o soro muito de levezinho, vou passando gaze para tirar o excesso (...) depois eu enxugo ali onde que está o ferimento. Aí eu lavo, ponho o curativo e embrulho a faixa. Balan (2006) coloca que a limpeza da ferida deve proceder utilizando irrigação com solução fisiológica 0,9%, perfurando o frasco com agulha de grosso calibre de maneira exaustiva até a retirada do exsudato e dos restos celulares. Borges et al (2008) também afirmam que a irrigação com solução salina isotônica 0,9%, deve ser exaustiva até a retirada do debris e do exsudato presente no leito da ferida. O volume da solução necessário vai depender da extensão, profundidade da ferida e quantidade de sujidade presente no seu leito. E a umidade da pele periferida é retirada com uso de gazes não estéril, na técnica limpa. No DSC acima fica evidente que os pacientes utilizam do soro fisiológico em abundância para umedecer as gazes, apesar disso há relato de dificuldade para retirá-las. A preocupação é em lavar a ferida muito bem lavada e com cuidado limpam ao redor e no leito lesionar procurando secar muito bem as margens com as gazes em forma de “bonequinha” as quais seguram com as mãos enluvadas. O DSC abaixo evidencia a IC Coloca a pomada e fecha a lesão: Depois que eu lavo com soro, seco certinho, (...) eu coloco as faixas, o esparadrapo está cortado no jeito também. E depois pego as gazes, a espatulazinha coloco a pomadinha que está sendo bem pouquinho em cima na gaze (...) passo o óleo, às vezes passo alguma coisa em volta, (...) cubro e tento por gazes nos lugares onde a drenagem é maior, ponho as gazes e fecho, aí vou enrolando a faixa do jeito que eles fazem aqui em oito e ponho o esparadrapo. Segundo o Protocolo Clínico de Feridas (2010), a fixação tem a finalidade de manter a cobertura e proteger a ferida. Pode ser realizada por enfaixamento com ataduras de crepom, fitas adesivas dentre elas: esparadrapo, micropore, transpore ou faixas de tecidos de largura e comprimento variados. São indicadas para fixar curativos, exercer pressão, controlar sangramento e/ou hemorragia, imobilizar um membro, aquecer segmentos corporais e proporcionar conforto ao paciente. 60 Para Figueiredo; Meirelles; Silva; Org. (2007), o curativo oclusivo não permite a passagem de ar ou fluídos, funcionando como uma barreira contra bactérias e tem como vantagens: vedar a ferida, impedir a perda de fluídos, promover o isolamento térmico e de terminações nervosas e impedir a formação de crosta. O DSC acima deixou claro que ao realizarem o curativo disponibilizam também os materiais que utilizarão ao término da limpeza como: pomada, atadura e esparadrapo. Sem qualquer menção a respeito, não exageram na quantidade de pomada, colocam proteção com gaze em diâmetro que abranja toda a área de drenagem e não se esquecem de proteger o perilesionar com óleo ou outro agente próprio. Interessante é que não se esqueceram de relatar que passam a faixa de segurança enrolando-a na técnica aprendida. Ao nos reportarmos para a IC Lava as mãos e coloca luva ou passa álcool na mão evidenciamos no DSC: Levo o vidro de álcool para o quarto, passo na mão, porque a enfermeira falou que eu mesma pegando os materiais não precisa de luva, (...) lavo bem as mãos antes de mexer, aí na hora de tirar o curativo eu uso a luva e ponho num saquinho plástico e depois troco a luva novamente pra fazer e coloco a pomada. Segundo Figueiredo; Meireles; Silva; Org. (2007), a lavagem das mãos é uma medida importante no controle de infecções e quando bem realizada garante a diminuição da carga contaminante, que pode ser uma poderosa fonte de infecção. E mesmo que utilize luvas, deve-se lavar as mãos antes e depois de qualquer procedimento, a fim de diminuir a contaminação, valendo ressaltar que o álcool gel não substitui a lavagem das mãos. Em desencontro com a fala dos autores acima citados, porém conforme orientação apreendida, o fato de lavar as mãos é o que basta para o manuseio com as gazes. Em contradição, no mesmo discurso há a constatação de que a lavagem prévia das mãos é fundamental tanto para a colocação de luvas ao manuseio do curativo anterior como para a troca das mesmas na execução do próximo curativo. 61 A IC Esquenta o soro é percebida no DSC: Pego uma leiteira, ponho água, coloco o soro dentro e esquento, (...) antes eu fazia com ele frio, depois que comecei a vir na lesão (...) começei a esquentar (...) o soro bem morninho, alguns dias eu esquento, alguns dias não. More (2008), afirma que para ocorrerem às reações químicas, metabolismo, síntese de proteínas, fagocitose, mitose, a temperatura ideal é em torno de 36,4° C a 37,2° C. Caso a temperatura varie, o processo celular pode ser prejudicado ou até interrompido. Logo, a limpeza da lesão com solução fisiológica aquecida, menor exposição da lesão no momento da limpeza e cobertura adequada, são fatores importantes para preservarmos a temperatura local. Conforme o DSC acima ficou constatado que antes de frequentarem a Unidade de Lesão, que é cenário do nosso estudo, utilizavam do soro frio para a realização dos curativos. Após fazerem parte dos pacientes que ali são atendidos, conheceram a prática diária de curativo daquele local que é feito com soro morno. Procuram seguir em casa, porém não são fiéis diariamente com o que aprenderam. A IC Não deixa contaminar a pomada é vista no seguinte DSC: (...) eu não ponho a pomada na gaze igual vocês fazem, eu pego o tubo e coloco na lesão, assim ela alta, e depois eu só espalho com a espátula, pra não ter perigo deu ficar passando (...) na gaze e contaminar. Para Carneiro; Sousa; Gama (2010), a eficácia do tratamento das feridas dependerá da conscientização do cliente e orientação, fazendo com que ele se torne um participante ativo no processo da cicatrização da ferida, e o mais importante, que ele atue diretamente na prevenção de infecção da mesma. Segundo Figueiredo; Meireles; Silva; Org. (2007), a infecção retarda a síntese de colágeno e estimula a degradação do mesmo, além de prolongar a fase inflamatória e impedir a epitelização. O microrganismo na lesão também provoca alterações no metabolismo das células envolvidas na cicatrização. O DSC acima deixa explícito, que há preocupação durante o procedimento do curativo em não contaminar a lesão. Dessa forma, mesmo não seguindo a técnica 62 conforme relatado, de colocação da pomada na gaze, demonstram cuidado em não tocá-la no leito lesionar. E assim o fazem da maneira que escolheram. Evidencia-se para a IC Deixa a lesão um pouco molhada o seguinte DSC: Deixo a lesão um pouco molhada, porque falaram pra mim deixar um pouquinho molhado. Para More; Arruda (2008), o curativo úmido irá proteger as terminações nervosas, reduzindo assim a dor; acelerar o processo cicatricial, prevenindo a desidratação tecidual e a morte celular e promover a necrólise e fibrinólise. A impossibilidade de manter estas condições também lentifica a cicatrização, causando dessecação, hipergranulação ou maceração. Diante do DSC acima, pode-se observar que os participantes deixam a lesão um pouco úmida, porém não ficou explícito sobre o conhecimento que têm a este respeito revelando apenas que foram informados sobre o assunto. O DSC abaixo evidencia a IC Depende do que o médico manda como segue: Depende do que o médico manda, se (...) manda lavar a lesão, eu tomo banho e lavo a lesão, se não, eu passo um plástico com fita crepe e tomo banho e evito até de molhar o corpo (...). Segundo o Protocolo Clínico de Feridas (2010), para o cuidado com as feridas torna-se necessário a atuação de equipe de saúde especializada para avaliação criteriosa da ferida e do paciente, considerando todos os fatores individuais (clínicos, psicológicos, sociais) e prescrição de plano terapêutico individualizado e eficaz, favorecendo rápida evolução e alta. Conforme o protocolo acima citado fica claro que é a equipe de saúde especializada a responsável por avaliação criteriosa tanto da ferida em si como do paciente. No discurso, evidencia-se o médico como o único orientador do tratamento da mesma, principalmente com os cuidados de sua limpeza e proteção diária da lesão durante a higiene do paciente. Este discurso pode ter ocorrido, pois há entre os pacientes cadastrados na Unidade de Lesão de Pele os que a frequentam entre o período de 6 meses a um ano que pode ser considerado um tempo pequeno para o 63 paciente perceber que a enfermeira da referida unidade tem autonomia nas avaliações e orientações das lesões. A seguir é feita uma discussão sobre a percepção do paciente referente à autorealização do curativo da lesão em casa e para alcançar o segundo objetivo deste estudo foi lhe direcionado a seguinte pergunta: o que o Sr. (a) percebe ao realizar o seu curativo nos finais de semana e feriados em casa? Deste questionamento surgiram sete idéias centrais como seguem: O DSC abaixo evidencia a IC Não tem nada que atrapalhe: Não tenho nada que me atrapalhe, porque eu faço reservado, num comodozinho (...) e lavo tudo, faço curativo sozinho, sem ninguém me ajudar, (...) Não encontro dificuldade, só (...) que não é igual o curativo daqui, (...) mas eu faço (...) do meu jeito cuidando direitinho, com limpeza com tudo certinho (...). Acho que estou fazendo certo (...) Levo o que dá para atravessar aquele intervalo que não venho aqui, então eu não tenho nada a reclamar, (...) eu não sinto dificuldade, de acordo com o que eu estou aprendendo aqui, primeiro eu sentia no começo, até para amarrar a faixa, agora não, (...) vejo que estou realizando certo! (...) me sinto alegre de ter disposição de fazer o curativo no meu pé, graças à Deus, não impede nada, está havendo melhora, porque eu fico de repouso também. Para Borges et al. (2008) é importante fornecer conhecimento ao paciente, buscando esclarecer e estimular o auto cuidado em relação aos cuidados com a pele, obedecendo ao seu nível de independência. A colocação dos autores acima vem ao encontro com o DSC ao qual revela a capacidade de autocuidado por parte dos pacientes que frequentam a Unidade de Lesão de pele. Pode-se afirmar que no início os pacientes com lesão de pele sentiam dificuldade para a realização do curativo em domicílio, e que atualmente isto não mais ocorre. Não há nada que atrapalhe, reservam um cômodo em casa para este fim, utilizam do material que receberam na Unidade de Lesão e fazem sozinhos. Acreditam que apesar de não ficar da mesma forma que na referida unidade, realizam o procedimento corretamente da maneira que podem, procurando sempre não tocar as mãos e muito menos o tubo da pomada. Se sentem felizes 64 tanto por perceberem que está havendo melhora na lesão como por ter a disposição para fazer o seu próprio curativo. A IC Em casa não tem todo material é vista no seguinte DSC: Percebo que aqui na lesão é melhor de fazer, porque tem todos os cuidados e na casa da gente não tem o material certinho do jeito que fazem aqui (...). Dentro da casa (...), a gente faz uma coisa, aqui na lesão tem os preparos, tem tudo no jeito, mas lá a gente já não tem tudo certo como na lesão(...). Eu pego o material no posto lá perto de casa, gazes, aí está dando tudo certo, igual aqui não, porque na lesão as coisas são diferentes,(...). Vocês têm os materiais para fazer, as ferramentinhas de fazer o curativo, em casa a gente não tem (...). Em casa não tem a tesoura para segurar, o soro para fazer, a gazinha para limpar igual faz aqui. Bom, eu acho que em casa eu poderia ter as pinça que aqui tem, e assim mesinhas que aqui tem, pra mim colocar tudo organizadinho, a bacia que vocês tem aqui eu também não tenho. Segundo Carneiro; Souza; Gama (2010), o conhecimento por si só não é suficiente para que se tenham melhorias no quadro clínico, mas a disponibilidade dos instrumentos para realização do tratamento. Pode-se relacionar a percepção dos participantes desta pesquisa com a colocação dos autores acima, quando afirmam que a disponibilidade de materiais são instrumentos essenciais para a realização do curativo, não bastando somente o conhecimento. No DSC acima fica explícito que os pacientes percebem que há diferença para a realização do curativo em casa se comparado com a Unidade de Lesão de Pele. Relacionam esta diferença aos materiais específicos para tal fim como: tesoura, pinça, mesa e a bacia aos quais não dispõem em seus domicílios, apesar de relatarem que mesmo assim está dando tudo certo. A IC Tenho dificuldade é percebida no DSC: Tenho dificuldade, porque não tem as coisas certas para fazer, a gente já fica com a perna mais pendurada. Pra mim é tudo tão difícil, mas como não tem jeito de outra pessoa fazer, eu mesmo faço (...) tenho dificuldade de por as gazes atrás, não é igual em casa, eu sento na cama, fica doendo as minhas 65 “popas”, eu já acostumei fazer, já peguei no ritmo, tem dia que não fica igual outra vez, fica meio errado (...). A única coisa que eu acho difícil é tirar a gaze. Para Lima (2011), a participação do paciente de forma ativa facilita ao enfermeiro identificar as dificuldades, sanar as dúvidas em relação ao seu tratamento e estimula a responsabilidade deste consigo mesmo. Os pacientes deixam claro que apesar de já terem assumido “um ritmo” para a realização do curativo em casa, encontram dificuldades durante este procedimento. Lembram-se da perna que fica pendurada, da dor que sentem pela posição que assumem, das gazes que são difíceis de serem colocadas ou mesmo retiradas quando a lesão encontra-se na parte posterior da perna. Estes são fatores que os incomoda muito. Apesar de tudo, já se acostumaram a realizá-lo e reconhecem que em certos dias o curativo fica mal feito, como eles mesmos afirmam. A IC O modo de tratar a gente faz parte do tratamento é vista no seguinte DSC: O modo de vocês tratarem a gente também faz parte do curativo, do tratamento e sinto muito melhor fazendo aqui do que em casa. Eu gosto de fazer aqui na lesão, aqui eu me sinto mais a vontade, é gostoso fazer aqui. (...) sou bem atendido. A ajuda daqui está me dando muita força, o curativo está sendo muito bom, que se não fosse o curativo daqui eu não estava bem. De acordo com Giraldes (2011), a evolução da ferida está relacionada aos fatores intrínsecos do paciente, inclusive seu estado psicológico, pois para que ocorra a cicatrização das lesões são importantes o estado fisiológico e o emocional. Santos et al. (2011), colocam que para o tratamento de feridas requer uma enfermagem com postura bioética na qual compreende o ser humano como uma pessoa revestida de toda sua dignidade. Mediante o discurso, os participantes gostam, sentem-se bem e a vontade ao realizar o curativo na Unidade. Reconhecem que são bem atendidos e bem tratados, além da força que recebem naquele local. Assim, preferem fazer o curativo na Unidade de Lesão de Pele do que em casa e revelam que se não fosse o curativo da lesão, não estariam bem. 66 Evidenciamos para a IC É diferente, não é errado no seguinte DSC: Não fica igual daqui da lesão, fazendo aqui é melhor, não acho difícil, eu sempre tenho tudo, (...) sinto que não fica bem feito igual daqui, mas aqui é bem melhor. É diferente, não é errado, está certo fazer, porque sem fazer é que não pode deixar, porque é um alívio quando a gente faz curativo (...). Segundo Isoton (2010), o fenômeno saúde/doença e o cuidado em si devem ter o pluralismo da expressão cultural nos diferentes contextos sociais e momentos da vida. Dessa forma, o ser cuidado deverá criar habilidades e mudar padrões de comportamento para adequar-se ao novo estilo de vida. De acordo com o discurso acima realizar o curativo no domicílio é algo diferente se comparado à Unidade de Lesão. Não encontram dificuldade de realizálo em casa e acreditam que não podem deixar de fazê-lo, pois constatam um alívio após executado. Confirmam que em casa é diferente, porém não é errado! A IC Na lesão tem mais higiene é vista no seguinte DSC: (...) faço curativo em casa, tenho mais preferência de fazer na lesão, porque aqui são mais higiênicos, muito mais legal do que o feito em casa. Para Chayamiti (2011), não se pode esquecer que a técnica é muito importante, e a lavagem das mãos é o procedimento mais eficiente para o controle de infecção. Curativos são procedimentos que requerem cuidados de assepsia tanto para prevenir infecções como para evitar que essa se espalhe, aumente, ou agrave. No DSC acima se pode afirmar que há percepção por parte dos pacientes que frequentam a Unidade de Lesão dos hábitos de higiene e assepsia que os profissionais da unidade adotam para a realização do procedimento, porém há a constatação de que a higiene não é algo bem utilizada para a realização do curativo em domicílio. O DSC abaixo evidencia a IC Uma situação bem normal: Eu percebo uma coisa até muito natural porque faz parte do sistema, da organização da lesão, tanta gente faz seu curativo em casa, pra mim uma situação bem normal, sem criar problema. (...). 67 Segundo Figueiredo; Meireles; Silva (Org.) (2007), para tentar viver normalmente e controlar o desenvolvimento do processo de tratamento das lesões de pele, o paciente exprime respostas efetivas frente aos desafios, que englobam mecanismos cognitivos e emocionais de acordo com a sua identidade e seu estilo de vida. O indivíduo que adota estas estratégias adaptativas tem o poder de transformar a doença em um processo construtivo. Conforme o DSC acima, os participantes evidenciam perceber a realização do curativo em casa como uma situação bem normal, sem qualquer problema, pois entendem que faz parte do sistema e da organização da Unidade de Lesão. 68 6 CONCLUSÃO Os resultados desta pesquisa permitiram concluir que dos 100% dos entrevistados (16 pacientes), 75% (12) são do gênero feminino; a média de idade que prevaleceu foi de 62 anos, com desvio padrão 11,63; o tempo de lesão de pele em média foi de 11,77 anos, com desvio padrão de 12,82; a região que mais prevaleceu foram a dos membros inferiores, o tempo de cadastro na Unidade de Lesão de Pele foi de 6 meses a 1 ano com 12,5% (2), de 1 a 2 anos com 12,5% (2), de 2 a 3 anos com 18,75% (3), de 4 a 5 anos com 31,25% (5), de 5 a 6 anos com 18,75% (3), de 6 a 7 anos com 6,25% (1); 31,25% (5) são tabagista, 18,75% (3) etilista, os medicamentos utilizados foram relacionados ao tratamento da diabetes, hipertensão, hipotireoidismo e hipertireoidismo, miocardiopatia dilatada, anemia, osteoporose e problemas circulatórios. De acordo com os objetivos do estudo, foram identificadas oito IC referentes as maneiras com que o paciente com lesão de pele cadastrado na Unidade de Lesão de Pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza – Unidade II da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, realiza o seu curativo em domicílio que são: “Faz sozinho e não tem técnica”, “Lava com soro bem lavadinho e enxuga com gazes”, “Coloca a pomada e fecha a lesão”, “Lava as mãos e coloca luva ou passa álcool na mão”, “Esquenta o soro”, “Não deixa contaminar a pomada”, “Deixa a lesão um pouco molhada” e “Depende do que o médico manda”. Com relação às percepções do paciente com lesão de pele quanto a autorealização do curativo em domicílio foram elencadas sete IC conforme seguem: “Não tem nada que atrapalhe”, “Em casa não tem todo o material”, “Tenho dificuldade”, “O modo de tratar a gente faz parte do tratamento”, “É diferente, não é errado”, “Na lesão tem mais higiene” e “Uma situação bem normal”. 69 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Foi importante desvendar neste estudo a preocupação dos pacientes em não contaminar a lesão, mesmo executando o procedimento sem auxílio de outras pessoas. Procuram fazer sua higiene corporal antes mesmo de retirar o curativo sujo e apesar de assumirem que não tem a técnica, vários passos relacionados a ela são executados por eles, da maneira que podem. Houve uma controvérsia em relação a retirar o curativo sujo antes do banho ou mantê-lo para ser retirado somente após o mesmo, por isso vê-se a importância de reforçar as orientações na Unidade de Lesão a este respeito. Os participantes buscam encontrar a posição adequada de forma a não interferir acentuadamente em sua postura corporal. Tais afirmações denotam um aprendizado junto às orientações que recebem na referida unidade. Foi interessante descobrir que há discursos que colocam as orientações do médico como foco para a prática do procedimento em casa, entretanto, pela vivência como monitoras na Unidade de Lesão, percebemos que o papel do médico para com os pacientes limita-se com à parte vascular. Sendo assim quando há orientações médicas a respeito de uso de algum agente terapêutico, este só é aplicado após avaliação da lesão pela enfermeira. Em relação à técnica limpa, houve relatos divergentes quando afirmam que, ou lavam as mãos e colocam as luvas ou passam somente o álcool nas mãos, não especificando se o álcool utilizado é de 92,8% ou a 70%. Dessa forma, ficamos indignadas, pois na unidade é orientado quanto a lavagem das mãos e utilização de luvas, não havendo orientação quanto ao uso de álcool como substituição das lavagens das mãos. Preocupa-nos com relação a ideia central Esquenta o soro, pois dos 16 participantes da pesquisa, somente 6 afirmaram realizar tal procedimento, sendo que essa prática é orientada a eles e de fundamental importância na cicatrização da ferida. More; Arruda (2008) colocam que as reações químicas, metabolismo, síntese de proteínas, fagocitose, mitose a temperatura ocorrem em torno de 36,4° C a 37,2° C. Caso essa temperatura varie, o processo celular pode ser prejudicado ou até interrompido. Dessa forma, a limpeza da lesão com soro fisiológico aquecido, é um importante fator para preservação da temperatura local. 70 Nos relatos não foi abordado sobre o descarte dos materiais após o uso, sendo este um lixo contaminado com material orgânico, isto causa preocupação, já que na Unidade de Lesão de Pele não há orientações específicas a esse respeito. Percebe-se que este é um ponto falho de orientação, deverá ser informado à enfermeira responsável e poderá ser implantado como complemento das orientações passadas aos pacientes que realizam seus curativos em casa. Sugerimos então orientar os pacientes quanto ao descarte dos materiais em saco plástico destinado exclusivamente para este fim, mantendo-o bem fechado até que possa ser encaminhado no início da semana para a unidade de saúde mais próxima de casa. Ao buscarmos conhecer a percepção dos pacientes com lesão de pele sobre a autorealização dos curativos em seus domicílios desvendou-se que é uma situação normal, ou até diferente, porém não consideram que seja errado. Sentem dificuldade, pois reconhecem que em casa não tem todo material que precisam para o procedimento fazendo-se necessário utilizarem da criatividade na improvisação dos mesmos. Abordam sobre a diferença da higiene se comparado o ambiente domiciliar com o da Unidade de Lesão, porém não fica explícito em que fator eles se associam. As patologias que prevalecem nos pacientes que frequentam a Unidade de Lesão aqui referida são hipertensão arterial e diabetes melitus e portanto, já são de conhecimento da enfermeira da unidade, que faz o controle junto dos alunos e monitores, orienta as pessoas acometidas quanto a alimentação, verificação frequente da pressão arterial e realização rotineira do teste de glicemia. Com os resultados explícitos, este estudo nos permitiu desvendar dificuldades e algumas falhas para a execução dos curativos nos dias em que a Unidade de Lesão não está disponível para os pacientes. Apesar disso, surge uma vertente deste estudo que sugere outra pesquisa que possibilite acompanhar o procedimento dos curativos feitos pelos pacientes em suas residências. Assim poderão surgir novas conclusões, descobertas que aqui não foram elucidadas, pois entre discursar e executar há uma grande diferença. Surge ainda uma inquietação, visto que de acordo com as características pessoais dos sujeitos do estudo, a maioria são indivíduos idosos, mediante isso nos questionamos a respeito dessas pessoas com determinadas limitações estarem realizando o seu próprio curativo. 71 Sugere-se também outra pesquisa abordando a escolaridade, ocupação dos participantes, número de pessoas no domicílio, o grau de parentesco entre eles e situação financeira, já que são fatores que poderão influenciar na cicatrização e que neste estudo não foram mencionados. A meta final desta pesquisa é, portanto, divulgar os resultados deste estudo aos envolvidos com a Unidade de Lesão de Pele Enf. Isa Rodrigues de Souza e a todos que se interessarem pelo assunto, para que possam refletir reconhecendo os fatores que estão interferindo negativamente na cicatrização das lesões sob interferência dos autocurativos realizados nos finais de semana e feriados nas próprias residências. Assim os pacientes poderão ser atendidos em suas necessidades de maneira a livrarem-se o quanto antes da lesão, pois conforme Dealey (2008), as feridas crônicas, como por exemplo as úlceras de perna, são de longa duração e recorrências freqüentes, podendo os pacientes apresentarem múltiplos fatores que afetam a capacidade de cicatrizar as mesmas. . 72 REFERÊNCIAS ABRANTES, V. L.; FIGUEIREDO, N. M. Construindo representações sociais com alunas(os) da pós-graduação em enfermagem: questões práticas em sala de aula. In: 9 SEMINÁRIO DE PESQUISA EM ENFERMAGEM, 9., 1996, Vitória. Anais... Vitória, 1996. ANDRADE, M. M. de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2003. BARLAN, M. A. J. Guia terapêutico tratamento de feridas. São Caetano: Difusão, 2006. BLANCK, M. Fisiopatologia das feridas. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: <http://www.ice-mac.org/pdf/colectanea/14.pdf>. Acesso em: 26 mai.2011. BRASIL. Conselho de Saúde. Resolução nº 196/96, 2008. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/docs/Reso196.doc>. Acesso em 01 nov. 2011 BOGAMIL, D. D. D.; FERREIRA, A. M.; TORMENA, P. C. O enfermeiro e o tratamento de feridas: em busca da autonomia do cuidado. Ciência da Saúde, Santa Catarina, p. 104-109, jul./set. 2008. Disponível em: <http://www.cienciasdasaude.famerp.br/racs_ol/vol-15-3/IDN269.pdf> Acesso em: 28 ago. 2011. BORGES, E. L.; et. al. Feridas: como tratar. 2. ed. Belo Horizonte: Coopmed, 2008. BREVIDELLI, M. M.; DOMENICO, E. B. L. de. Trabalho de conclusão de curso: guia prático para docentes e alunos da área da saúde. São Paulo: Iátria, 2006. CARMO, S. da S., et. al. Atualidades na assistência de enfermagem a portadores de úlcera venosa. Revista Eletrônica de Enfermagem, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 506517, 2007. Disponível em: <http://www.fen.ufg.br/revista/v9/n2/pdf/v9n2a17.pdf> Acesso em: 28 ago. 2011. CARNEIRO, C. M.; SOUSA, F. B. de.; GAMA, F. N. Tratamento de feridas: Assistência de enfermagem nas unidades de atenção primária à saúde. Revista Enfermagem Integrada, Ipatinga, v.3, n.2, Nov./dez. 2010. CARVALHO, S. M. L. de. Normas e diretrizes para prevenção e tratamento de feridas. Salvador: SAEB/CGPS, 2010. CARNEIRO, C. M.; SOUZA, F. B. de; GAMA, F. N. Tratamento de feridas: assistência de enfermagem nas unidades de atenção primária à saúde. Revista Enfermagem Integrada. Ipatinga, v.3, n. 2, nov./dez. 2010. CHAYAMITI, E. M. P. C. Manual de assistência integral às pessoas com feridas. 3. ed. Ribeirão Preto: [s. n.], 2011. 73 COLOPLAST. Infecção em feridas, 2011. Disponível em: <http://www.coloplast.com.br/feridas_pele/topicos/condicoes/infeccao/>. Acesso em: 31 out. 2011. CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM. COREN-MG. Deliberação CORENMG -65/00. 2009. Disponível em: <http://www.corenmg.gov.br/sistemas/app/web200812/interna.php?menu=0&subMe nu=2&prefixos=65> Acesso em: 31 out. 2011. COUTINHO NETTO, J.; MENDONÇA, R. J. de; Aspectos celulares da cicatrização. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, v. 84, n. 3, p. 257-262, 2009. CUNHA, N. A. da. Sistematização da assistência de enfermagem no tratamento de feridas crônica. Olinda, 2006. Disponível em: <http://www.abenpe.com.br/diversos/sae_tfc.pdf 2006> Acesso em: 28 ago. 2011. DEALEY, C. Cuidando de feridas: um guia para as enfermeiras. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2008. DUARTE, R. Pesquisa qualitativa: Reflexões sobre o trabalho de campo. Cadernos de Pesquisa, Rio de Janeiro, n. 115, p. 139-154, mar. 2002. DYNIEWICZ, A. M. Metodologia da pesquisa em saúde para iniciantes. São Caetano do Sul: Difusão, 2007. ESCOLA DE ENFERMAGEM WENCESLAU http://www.eewb.br. Acesso em: 13 jun. 2011. BRAZ, 2011. Disponível em: FERNANDES, A. T. Infecção hospitalar e suas interfaces na área da saúde. São Paulo: Atheneu, 2000. FERREIRA, A. M.; ANDRADE, D. de. Revisão integrativa da técnica limpa e estéril: consensos e controvérsias na realização de curativos. Revista Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 21, n. 1, p. 117-121, 2008. FERREIRA, A. M.; BOGAMIL, D. D. D.; TORMENA, P. C. O enfermeiro e o tratamento de feridas: em busca da autonomia do cuidado. Arquivo Ciência e Saúde, São José do Rio Preto, v. 15, n. 3, p. 105-109, jul./set. 2008. FIGUEIREDO, N. M. A. de; MEIRELES, I. B.; SILVA, R. C. L. da; Org. Feridas: fundamentos e atualizações. São Caetano do Sul: Yendis, 2007. GEOVANINI, T.; OLIVEIRA JUNIOR, A. G. de; PALERMO, T. C. S. Curativos e coberturas. In: GEOVANINI, T.; OLIVEIRA JUNIOR, A. G. de. Manual de curativos. 2. ed. rev. e amp. São Paulo: Corpus, 2008. cap. 7, p. 47-63. GIRALDES. M. J.Aspectos psicológicos. In: ______. Feridas fundamentos e atualizações em enfermagem. 3. ed. São Caetano do Sul, SP: Yendis, 2011. cap. v. 74 GOMES, F. V. de L. G.; COSTA, M. R.; MARIANO, L. A. A. Manual de curativos. Goiânia, 2005. Disponível em: <http://www.santacasago.org.br/docs/ccih_manual_de_curativos.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2011. GONÇALVES, R. V. et al. Influência do laser arseneto de gálio-alumínio em feridas cutâneas em ratos. Fisioterapia em movimento, Curitiba, v. 23, n.3, jul./set, 2010. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE. Projeção da População do Brasil. 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php?id_noticia =1272>. Acesso em: 2 jun. 2011. ISOTON, M. D. Percepção dos usuários diabéticos da Estratégia de Saúde da Família Araça I acerca do autocuidado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, 2010. JODELET, D. La representación social fenónenos, concepto y teoria. In: MOSCOVICI, S. Psicologia social. Barcelona: Paidõs, 1989. v. 2 LAKATOS, E. M., MARCONI, M. A. de. Fundamentos de metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001. LEFÉVRE, F.; LEFÉVRE, A. M. C.; TEIXEIRA, J. S. V. O discurso do sujeito coletivo. São Paulo: EDUCS, 2000. LEFÉVRE, F.; LEFÉVRE, A. M. C. O discurso do sujeito coletivo: uma nova proposta de processamento de dados em pesquisa qualitativa. São Paulo: EDUCS, 2002. LIMA, I. C.; et. al. Integridade da pele comprometida em clientes ortopédicos. IN: ______. Feridas fundamentos e atualizações em enfermagem. 3. Ed. São Caetano do Sul, SP: Yendis, 2011. cap. X LUCAS, L. da S.; MARTINS, J. T.; ROBAZZI, M. L. do C. C. Qualidade de vida dos portadores de ferida em membros inferiores – ùlcera de perna. Ciência y enfermeria. [S.l.], Ano XIV, n. 1, p. 43-52, 2008. MEIRELES, I. B. Fundamentos biológicos para o atendimento ao portador de lesões de pele. In: SILVA, R. C. L. da; FIGUEIREDO, N. M. A. de; MEIRELES, I. B. Feridas: fundamentos e atualizações em enfermagem. São Caetano do Sul: Yendis, 2007. cap. 3, p. 67-94. MONTEIRO, L. Antropologia: uma nova concepção. Petrópolis: Vozes, 2005. MORE, L. F.; ARRUDA, S. S. de. Protocolo de cuidados com a ferida. Florianópolis, 2008. Disponível em: <http://www.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/26 10 2009 10.46.46.f3edc3b301c541c121c7786c676685d.pdf> Acesso em 08 jul. 2012. 75 MOSCOVICI, S. Representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. OLIVEIRA, S. H. dos S.; SOARES, M. J. G. O.; ROCHA, P. de S. Uso de coberturas com colágeno e aloe vera no tratamento de feridas isquêmicas: estudo de caso. Revista Escola Enfermagem USP, São Paulo, v. 44, n. 2, 2010. PADULA, M.; MEDEIROS, B. H. F.; ARMANI, J. O. Utilização da técnica estéril na realização de curativos pela equipe de enfermagem. Saúde Coletiva, São Paulo, v. 50, n. 8, p. 114-119, 2011. Disponível em: http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/842/84217984004.pdf> Acesso em: 03 set. 2011. PEREIRA, A. F. Protocolo de assistência para portadores de ferida. Belo Horizonte, 2006. Disponível em: <http://www.enf.ufmg.br/internatorural/textos/Manuais/curativos.pdf>. Acesso em: 26 maio 2011. PEREIRA, J. M. Manual de metodologia da pesquisa cientÍfica. São Paulo: Atlas, 2007. PIMENTEL, F. D. et. al. Protocolo de assistência aos portadores de feridas. Belo Horizonte, 2006. Disponível em: <http://www.enf.ufmg.br/internatorural/textos/Manuais/curativos.pdf>. Acesso em: 7 set. 2011. PINTO, M. D. F. Gerenciando o tratamento de feridas e os custos em home care. São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www.nursing.com.br/article.ph p?a=899>. Acesso em: 1 set. 2010. POLIT; D. F.; BECK; C. T.; HUNGLER; E. P. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação e utilização. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. PORTAL EDUCAÇÃO. Cuidados de Enfermagem nas feridas. 2009. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/enfermagem/artigos/8107/cuidados-deenfermagem-nas-feridas>. Acesso em: 12 jun. 2011. PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAJUBÁ, Minas Gerais, 2011. Disponível em: <http://www.itajuba.mg.gov.br>. Acesso em 02 jun. 2011. PROTOCOLO CLÍNICO/FERIDAS, 2010. Disponível em: <http://saude.planserv.ba.gov.br/planserv_local/docs/protocolos_medicos_prestador es/Feridas/Protocolo_Feridas.pdf> Acesso em: 28 ago. 2011. ROSSI, L. A. et. al. Cuidados locais com as feridas das queimaduras. São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www.rbqueimaduras.com.br/detalhe_artigo.asp?id=35>. Acesso em: 7 set. 2011. SANTOS, V. L. C. O que o profissional precisa saber sobre avaliação da ferida. In: ______. In: SIMPÓSIO APECIH “AVANÇOS E CONTROVÉRSIAS NO CUIDADO 76 COM A PELE NO CONTEXTO DA INFECÇÃO HOSPITALAR. São Paulo, 2001. Anais... São Paulo: [s.n.], 2001 SANTOS, V. L. C. G. Avanços tecnológicos no tratamento de feridas e algumas aplicações em domicílio. In: DUARTE, Y. A. O.; DIOGO, M. J. D. Atendimento domiciliar: um enfoque gerontológico. São Paulo: Atheneu, 2000. p. 265-306. SANTOS, C. C. V et al. Aspectos éticos e legais na Assistência de Enfermagem. In: ______. Feridas fundamentos e atualizações em enfermagem. 3. Ed. São Caetano do Sul: Yendis, 2011. cap. I SILVA, F. A. A. da. et al. Enfermagem em estomaterapia: Cuidados clínicos ao portador de úlcera venosa. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, DF, v. 62, n. 6, p. 889-893, nov./dez. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v62n6/a14v62n6.pdf> Acesso em: 28 ago. 2011. SILVA, J. V. da et. al. Teoria de enfermagem do déficit do autocuidado – Dorothea Orem. In: BRAGA, C. G.; SILVA, J. V. da. Teorias de enfermagem. São Paulo: Iátria, 2011. SPINK, M. J. P. As representações sociais e sua aplicação em pesquisa na área da saúde. São Paulo, 1989. TAZIMA, M. de F. G. S.; VICENTE, Y. A. de M. V. de A.; MORIYA, T. Biologia da ferida e cicatrização. Medicina, Ribeirão Preto, v. 41, n. 3, p. 259-264, 2008. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. Manual de tratamento de feridas.2. ed. Grupo de Estudos de Feridas. Campinas, 2002. 77 APÊNDICE A – Características pessoais Características Pessoais 1. Gênero: M ( ) F( ) 2. Idade em anos: ______________ 3. Tempo de lesão de pele em anos:___________ 4. Região Corporal da Lesão: ________________________________________ _________________________________________________________________ 5. Tempo de cadastro na Unidade de Lesão de Pele: 6 meses a 1 ano ( ) 1 a 2 anos ( ) 2 a 3 anos ( ) 4 a 5 anos ( ) 5 a 6 anos ( ) 6 a 7 anos ( ) 6. Doenças crônicas: ______________________________________________ ________________________________________________________________ 7. Tabagista ( ) Etilista ( ) Outros:___________________________ ________________________________________________________________ 8. Medicamentos em uso: ___________________________________________ ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA 1. Pense um pouco: nos finais de semana e feriados o Sr. (a) é quem faz o curativo da sua lesão em casa. Poderia nos contar como o Sr. (a) o realiza? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 78 2. Fale-nos o que o Sr. (a) percebe ao realizar o seu curativo nos finais de semana e feriados em casa. _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 79 APÊNDICE B - Solicitação para coleta de dados SOLICITAÇÃO PARA COLETA DE DADOS Itajubá,____ de ________________________ 2012. Exma. Sr. _________________________________ Departamento de Enfermagem Nome da Instituição:_________________________ Prezada Senhora, Nós, Karen Mendes Borges, Luana Aparecida Mendes Colósimo e Vanessa Natacha da Silva Oliveira, cursando o 7º período da graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, estamos realizando uma pesquisa intitulada: Maneiras e percepções do paciente com lesão de pele referentes à autorealização do curativo em domicílio, sob a orientação da professora Ligia Vieira Tenório Sales e co-orientadora Elaine Aparecida Rocha Domingues, para isso precisamos da sua autorização. Pretendemos com a referida pesquisa obter conhecimentos que serão úteis aos diversos segmentos sociais, no sentido de poder orientar de forma específica, procurando atendê-lo em suas necessidades individuais com o intuito de melhoria da lesão e de sua recuperação. Gostaríamos de deixar bem claro que os participantes não serão identificados (a) pelo nome e que a participação será voluntária, sendo os dados analisados de forma global. Este termo é um documento que comprova a sua autorização, através de sua assinatura. Sem outro particular e com os agradecimentos antecipados, aproveitamos a oportunidade para expressar os votos de elevada estima e consideração, certa de contar com sua atenção, aguardamos resposta. Atenciosamente, Nome:______________________________________ Assinatura:__________________________________ Data:_______________________________________ Telefone para esclarecimentos e informações do estudo e de sua participação: (35) 36220930 80 APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Nós, Karen Mendes Borges, Luana Aparecida Mendes Colósimo e Vanessa Natacha da Silva Oliveira, cursando o 7º período da graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, estamos realizando uma pesquisa sob a orientação da professora Ligia Vieira Tenório Sales e co-orientadora Elaine Aparecida Rocha Domingues intitulada: Maneiras e percepções do paciente com lesão de pele referentes à autorealização do curativo em domicílio. A relevância dessa pesquisa é que com ela poderemos identificar de que maneira o Sr. (a) com lesão de pele realiza o seu curativo em domicílio e conhecer as suas percepções quanto a realização do seu curativo em domicílio, e assim poderemos orientá-lo de forma específica, procurando atendê-lo em suas necessidades individuais com o intuito de melhoria da lesão e de sua recuperação, inserindo-o na sociedade, bem como no mercado de trabalho. Esta pesquisa pode sensibilizar os profissionais de enfermagem quanto a importância de uma atenção especial à realização dos seus curativos e auxiliá-lo a obter conhecimentos e habilidades que propiciam condições para melhorar a sua qualidade de vida. Para isso, precisamos que o Sr.(a) concorde em participar de uma entrevista gravada respondendo algumas questões sobre esse assunto e outras sobre suas características pessoais. Gostaria de deixar claro que as informações obtidas serão mantidas em sigilo e que o Sr.(a) não será identificado(a) pelo nome e de nenhuma outra maneira. Todas as suas informações ficarão sob nossa responsabilidade, as fitas serão desgravadas após a utilização para a pesquisa e trabalharemos com os dados de forma global, isto é, reunindo os dados de todas as pessoas que participarão do estudo. É importante lembrar que sua participação é estritamente voluntária e a qualquer momento o Sr.(a) terá a liberdade de desistir se assim o desejar. O Sr.(a) concorda em participar do estudo? Este termo de consentimento pós-informação é documento que comprova a sua permissão. Precisamos de sua assinatura ou da impressão digital do polegar direito para oficializar o seu consentimento. Agradecemos desde já por sua valiosa colaboração e nos colocamos á sua disposição para outros esclarecimentos necessários. 81 Qualquer dúvida entrar em contato pessoalmente com o Comitê de ética em pesquisa da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, de segunda à sexta-feira no horário das 07:00 às 11:00 horas e das 13:00 às 16:00 horas, ou pelo telefone (35) 3622-0930, ramal 323. Orientadora: Ligia Vieira Tenório Sales. Co-orientadora: Elaine Aparecida Rocha Domingues. Pesquisadoras: Karen Mendes Borges, Luana Aparecida Mendes Colósimo e Vanessa Natacha da Silva Oliveira. ______________________________ Pesquisador Responsável Nome:__________________________________________________________ Assinatura:______________________________________________________ Data:___________________________________________________________ Telefone para esclarecimento e informações decorrentes do estudo e de sua participação: (35) 3622.0930. 82 APÊNDICE D - Tabela das características pessoais Tabela 1 - Descrição dos dados pessoais dos pacientes com lesão de pele da Unidade de Lesão de Pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza, sobre a maneira e percepção dos mesmos quanto a realização do curativo em domícilio. Itajubá, MG, 2012 (n= 16) VARIÁVEIS FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA MÉDIA DP ABSOLUTA RELATIVA FEMININO 12 75% - - MASCULINO 4 25% - - IDADE EM ANOS - 62 11,63 GÊNERO - Fonte: Instrumento de Pesquisa Tabela 2 - Descrição dos dados da situação da ferida dos participantes do estudo. Itajubá, MG, 2012, (n=16) VARIÁVEIS FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA MÉDIA DP ABSOLUTA RELATIVA - - 11,77 12,82 16 100% - - 6 meses a 1 ano 2 12,5% - - 1 a 2 anos 2 12,5% - - 2 a 3 anos 3 18,75% - - 4 a 5 anos 5 31,25% - - 5 a 6 anos 3 18,75% - - 6 a 7 anos 1 6,25% - - TEMPO DE LESÃO DE PELE EM ANOS REGIÃO CORPORAL DA LESÃO MEMBROS INFERIORES TEMPO DE CADASTRO NA UNIDADE DE LESÃO DE PELE Fonte: Instrumento de Pesquisa 83 Tabela 3 - Descrição dos dados referentes as doenças crônicas e medicamentos em uso dos pacientes com lesão da Unidade de Lesão de Pele. Itajubá, MG, 2012. (n=16) VARIÁVEIS FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA ABSOLUTA RELATIVA 6 37,5% 8 50% 2 12,5% MIOCARDIOPATIA DILATADA 1 6,25% ANEMIA – Sulfato ferroso, Noripurum 1 6,25% OSTEOPOROSE 1 6,25% 1 6,25% TABAGISTA 5 31,25% ETILISTA 3 18,75% DOENÇAS CRÔNICAS/MEDICAÇÕES EM USO DM – Metformina, Diamicron, Insulina NPH, Glibenclamida, Diabinese. HAS - Captopril, Hidroclorotiazida, Sinvastatina, Nifedipino, Pentoxilina, AAS, Enalapril, Carvedilol, Losartano, Lasix, Sustrate, Atenolol, Metildopa, Cilostazol. HIPO OU HIPERTIREOIDISMO – Puran T4 PROBLEMAS CIRCULATÓRIOS – Daflon Fonte: Instrumento de Pesquisa OBS.: A porcentagem relacionada às patologias teve resultado superior ao número total de participantes, devido os mesmos serem portadores de mais de uma delas. 84 ANEXO A – Parecer do Comitê Plataforma Brasil - Ministério da Saúde Escola de Enfermagem Wenceslau Braz PROJETO DE PESQUISA Título: MANEIRAS E PERCEPÇÕES DO PACIENTE COM LESÃO DE PELE REFERENTES À AUTOREALIZAÇÃO DO CURATIVO EM DOMICÍLIO Área Temática: Pesquisador: Ligia Vieira Tenório Sales Instituição: Escola de Enfermagem Wenceslau Versão: 3 CAAE: 02967212.4.0000.5099 Braz - EEWB PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP ___________________________________________________________________ Número do parecer: 50519 Data da relatoria: 04/07/2012 Apresentação do Projeto: Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, do tipo descritivo, exploratório e transversal. Será realizado na Unidade de Lesão de Pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza (Unidade II) da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz (EEWB). Os participantes serão os pacientes cadastrados na referida unidade, com amostra de 20 pacientes e amostragem do tipo intencional. Será realizado o pré-teste com três pacientes cadastrados nesta unidade e que não participarão do estudo. Os instrumentos para a coleta de dados serão: um questionário fechado contendo 85 características pessoais e um roteiro de entrevista semi-estruturada com duas questões abertas referentes aos objetivos do estudo: 1.Nos finais de semana e feriados o Sr. (a) é quem faz o curativo da sua lesão, em casa. Poderia nos contar como o Sr. (a) o realiza? 2. Fale-nos o que o Sr. (a) percebe ao realizar o seu curativo em casa nos finais de semana e feriados. As informações serão gravadas por um gravador portátil. Os dados serão descritos sob o referencial das Representações Sociais (RS) e o método escolhido para análise o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Os aspectos éticos da pesquisa respeitaram a Resolução n° 196/96 do Ministério da Saúde para pesquisas envolvendo os Seres Humanos. Objetivo da Pesquisa: Os objetivos deste estudo serão identificar de que maneira o paciente com lesão de pele cadastrado na Unidade de Lesão de Pele Enfermeira Isa Rodrigues de Souza (Unidade II) da EEWB da cidade de Itajubá-MG, realiza o seu curativo em domicílio e conhecer as percepções do paciente com lesão de pele quanto a realização do seu curativo em domicílio. Avaliação dos Riscos e Benefícios: Os riscos são mínimos, pois estão relacionados com o desconforto que poderão advir da entrevista gravada. O estudo é de suma importância para identificar de que maneira o paciente com lesão de pele realiza o seu curativo em domicílio e conhecer as suas percepções quanto a realização do seu curativo em domicílio, e assim poderemos orientar de forma específica, procurando atendê-lo em suas necessidades individuais com o intuito de melhoria da lesão e de sua recuperação, inserindo-o na sociedade, bem como no mercado de trabalho. Esta pesquisa pode sensibilizar os profissionais de enfermagem quanto a importância de uma atenção especial à realização do curativo desses pacientes com lesão de pele, e auxiliar os mesmos a obterem conhecimentos e habilidades que propiciam condições para melhorar a sua qualidade de vida. Contribuirá, também, no contexto do conhecimento cientÍfico, considerando que o tema em questão ainda é pouco explorado e só recentemente os profissionais de saúde estão se despertando para a incidência de pacientes com lesão de pele. 86 Comentários e Considerações sobre a Pesquisa: Há coerência entre título, objetivos e instrumentos de coleta de dados. O método está adequado a natureza do objeto de estudo. Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória: Todos os Termos de apresentação obrigatória estão adequados. Recomendações: Nada consta. Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações: Nada consta. Situação do Parecer: Aprovado. Necessita Apreciação da CONEP: Não Considerações Finais a critério do CEP: De acordo com parecer do colegiado. 05 de Julho de 2012 _____________________ Assinado por: LIAMARA DA SILVA RIBEIRO 87 ANEXO B- Instrumento de análise de discurso – I – IAD- 1 Pergunta 1: Pense um pouco: nos finais de semana e feriados o Sr. (a) é quem faz o curativo da sua lesão em casa. Poderia nos contar como o Sr. (a) o realiza? Participantes 1 Expressões- Chaves Idéias Centrais Eu lavo com soro, ponho as luvas tudo de acordo 1) Lava com o que fornecem aqui na lesão, lavo bem as mãos soro bem antes de mexer, ponho as luvas e faço curativo, lavadinho lavo bem com o soro e depois enxugo com a enxuga e com gazinha e com luva, e enxugo bem enxuto, aí gazes. depois eu faço curativo, eu ponho o pé em cima 2) Lava as de uma cadeira pra não ficar arcado e ali eu faço mãos, coloca a curativo, e faço sozinho. luva ou passa álcool nas mãos. 3) Faz sozinho e não tem a técnica. 2 Então eu tomo banho, tiro a faixa, tiro o curativo e 1)Faz sozinho e tomo banho geral, depois daquele banho e ai eu não tem a faço o curativo, com a baciinha e com um soro técnica. fisiológico, o soro morninho, eu ponho numa 2)Lava com o leiteira para esquentar e faço bonequinha, e limpo soro bem ali com a bonequinha, lavo bem lavadinha e lavo lavadinho em volta e lavo dentro da lesão, ai depois eu enxuga e com enxugo em volta e coloco a faixa, o curativo que gazes. seja, ou seja a Kérlix ou seja uma pomada 3)Coloca suponhamos que for, ai depois eu fecho a lesão. a pomada e fecha a lesão. 3 Primeiro eu ponho lá o potinho que eu vou usar, 1) Lava as ai depois eu vou lá e lavo a minha mão, depois eu mãos, coloca a pego as coisas, eu tiro a gaze, pego, deixo luva ou passa fechado lá o pacotinho, pego a gaze, pego a álcool nas 88 atadura, a espátula que eu vou usar, a pomada e mãos. deixo tudo ali perto de mim. Só que eu não tenho 2)Faz sozinho e a mesinha, eu sento na cama sabe, eu deixo tudo não tem a ali, só que é limpinho, não está nada aberto, e daí técnica. eu começo, porque daí eu já lavei minha mão, aí 3)Esquenta o eu tiro a atadura, tiro a gaze com a pontinha da soro. minha mão e pego o soro, o soro eu esquento, 4)Lava com o porque antes eu fazia com ele frio, depois que eu soro bem comecei a vir na lesão, ai eu comecei a lavadinho esquentar, e aí eu vou lavando a ferida com soro, enxuga e com e pego as gazes, aqui vocês fazem bonequinha, gazes. pega a pinça, eu não tenho a pinça, então eu 5)Não pego com a mão, só que ali onde eu vou colocar contaminar deixa a na lesão, eu não ponho a minha mão, sabe, aí pomada. limpo bem, limpo em volta, jogo bastante soro, mesmo depois que eu limpo com a gaze em volta assim, eu jogo bastante soro pra lavar e depois eu seco e na hora de eu passar a pomada eu não ponho ela na gaze igual vocês fazem, eu pego o tubo e coloco na lesão, assim ela alta, e depois eu só espalho com a espátula, pra não ter perigo deu ficar passando a pomada na gaze e contaminar, depois que eu espalhei a pomada com a espátula, aí eu vou pegar as gazes com a pontinha, outras vezes eu pego assim nos fechinhos da gaze e a de baixo eu emendo assim com a minha mão e vou colocando assim, porque eu não tenho luva lá, então tudo que eu vou fazer, eu pego assim pelas beirinhas pra não contaminar, é assim que eu faço. 4 Eu tenho minha mesa, aí na hora de tirar o 1) Lava as curativo eu uso a luva, aí depois troco a luva mãos, coloca a novamente pra fazer e colocar a pomada, ai já luva ou passa 89 uso a pomada na gaze que está na mesa, passo álcool nas na gaze, aí pego duas espátulas e coloco, às mãos. vezes com a luva, porque nós não temos aquela 2)Faz sozinho e técnica que vocês tem aqui na lesão, mas a gente não tem a se vira, que nem vocês têm, aquele serviço técnica. especializado então nós temos que se virar. 5 Pego as faixas, as gazes, primeiro eu coloco luva, 1) Lava as eu tenho uma bacia social em casa que é só pra mãos, coloca a esse fim, aí eu pego e coloco, ponho meu pé lá luva ou passa dentro da bacia e aí eu faço, aí eu retiro lá, lavo álcool nas mãos bem com soro, seco, dou uma leve secada por 2)Faz sozinho e fora assim, eu passo pomada e tampo, ponho as não tenho a gazes e fecho, aí vou enrolando a faixa e pego as técnica. gazes com luva. 3)Lava com soro bem lavadinho enxuga e com gazes. 4)Coloca a pomada e fecha a lesão. 6 Eu esquento o soro bem morninho no fogão, aí 1)Esquenta o vou no quarto pego a bacia, coloco um pano soro. embaixo, ponho o banquinho, pego a pomada 2)Faz sozinho e ponho na cama e na mão ponho a luva, aí vou não tem a fazendo o curativo tirando as coisas tudo, lavo técnica. bem lavadinho, lavo tudo certinho, assim que eu 3)Lava com faço, puxo gaze por gaze, vou jogando no soro bem saquinho e depois pego o soro, jogo bem o soro, lavadinho jogo, jogo, jogo o soro, pego a bonequinha com a enxuga e com luva e vou passando assim, certinho, aí depois eu gazes. seco bem sequinho, passo o óleo em volta e 4)Coloca ponho a gaze na pomada e passo a faixa. a pomada e fecha 90 a lesão. 7 Eu sento no sofá, coloco o pé em cima de uma 1)Faz sozinho e cadeira, é o jeito que dá pra mim fazer, aí eu lavo não tem a com soro, ponho o curativo e embrulho a faixa e técnica. quando não tem luva eu lavo a mão e uso a mão, 2) Lava tiro as gazes com a mão, pego pela pontinha do soro bem adesivo, eu lavo com soro, depois eu seco e aí lavadinho ponho o que têm que por. com enxuga e com gazes. 3)Coloca a pomada e fecha a lesão. 8 Sempre eu ponho um pano ou qualquer coisa do 1)Faz sozinho e lado da cama e ponho tudo em cima, sempre eu não tem a ponho a água, pego a gaze, troco certinho, eu técnica. tenho uma tesourinha, às vezes eu pego com ela 2)Coloca a e limpo, depois eu jogo por fora da lesão, torno a pomada e fecha limpar, limpo uma, duas a três vezes, aí depois já a lesão. preparei as coisas tudo, papaína no lugar tudo 3)Esquenta o certinho, aí eu coloco a papaína, estou com as soro. faixa tudo no jeito, aí eu coloco as faixas, o esparadrapo está cortado no jeito também e coloco o esparadrapo, alguns dias eu esquento o soro, alguns dias não. 9 Eu esquento o soro como eles fazem na lesão, 1)Esquenta o tenho uma baciinha ponho o pé em cima da soro. baciinha e lavo bem lavadinho, depois seco com 2) Faz sozinho as gazes e depois pego as gazes, coloco a e não tem a pomadinha que está sendo bem pouquinho em técnica. cima e coloco em cima da lesão, às vezes eu 3)Lava com passo alguma coisa em volta, às vezes até não e soro bem enrolo. lavadinho enxuga e com 91 gazes. 4)Coloca pomada e fecha a lesão. 10 Eu depois do banho já aproveito e faço o curativo, 1)Faz sozinho e eu tomo banho com a faixa pra não ir água do não tem a chuveiro. Eu pego uma bacia, ponho em cima aí técnica. desembrulho a faixa que já está molhada, pego o 2)Lava com soro e começo a lavar com o soro muito de soro bem levezinho vou passando gaze pra tirar o excesso lavadinho e e vou passando com o soro, depois eu enxugo ali enxugo com onde que está o ferimento, eu deixo a lesão um gazes. pouco molhada, porque falaram pra mim deixar 3)Deixa a lesão um pouquinho molhado, assim está um que pouco acabando de fechar molho gaze com óleo de molhada. dersani e embrulho com a faixa, vou embrulhando 4)Coloca a faixa do jeito que eles fazem aqui em oito. a pomada e fecha a lesão. 11 No meu quarto tem uma mesinha baixa, então eu 1)Faz sozinho e abro e passo um pano com álcool na mesinha, não tem a ponho o material, abro o pacote, ponho a luva e técnica. retiro o material, tiro o curativo sujo e ponho num 2) Lava as saquinho plástico e depois eu faço a limpeza com mãos, coloca a soro fisiológico e seco, ponho o agente luva ou passa terapêutico, cubro e tento por gazes nos lugares álcool nas onde a drenagem é maior, depois passo a gaze e mãos. ponho o esparadrapo. 3)Lava com soro bem lavadinho enxuga e com gazes. 4)Coloca a pomada e fecha 92 a lesão. 12 Primeiro eu tomo banho, lavo a mão, pego o soro, 1)Faz sozinho e a baciinha, a atadura, já deixo tudo certinho, aí não tem a pego com a pinça igual vocês fazem mesmo, eu técnica. pego no postinho curativo/, eu lavo com soro, 2)Lava com molho com o soro, depois eu limpo com as soro bem gazes/, depois coloco a pomada na gaze, outra lavadinho hora ponho na espátula, coloco na gaze e ponho enxuga e com na feridinha, depois que eu lavo com soro, seco gazes. certinho, e coloco a atadura. 3)Coloca a pomada e fecha a lesão. 13 Eu ponho tudo em cima da cama, espátula, a 1)Faz sozinho e gaze, a gaze que eu mando lá no posto de saúde, não tem a eu levo as marmitas e eles esterilizam pra mim, aí técnica. às vezes, depende do que o médico manda, se o 2)Depende do médico manda lavar a lesão, eu tomo banho e que o médico lavo a lesão, se o médico não manda lavar a manda. lesão, eu passo um plástico com fita crepe e tomo 3)Esquenta o banho e evito até de molhar o corpo, depois eu soro. vou e retiro aquele plástico e esquento, pego uma 4)Lava com leiteira ponho água, quando está quente, eu levo soro bem ela para o quarto, ponho o soro dentro, aí comprei lavadinho uma baciinha que eu ponho o pé dentro, mas não enxuga e com dá muito porque sempre quando eu jogo o soro gazes. na lesão escorre para os pés, não é igual na 5) Lava as lesão, é meio sacrifício, às vezes as gazes saem mãos, coloca a fáceis, às vezes não sai, que fica gastando muito luva ou passa soro e nunca que sai, eu levo o vidro de álcool álcool nas para o quarto, passo na mão, porque a mãos. enfermeira falou que eu mesma pegando os 6)Coloca a materiais não precisa de luva, aí eu pego ponho a pomada e fecha mão assim em cima daquela gaze, jogo soro, a lesão. 93 limpo, jogo, de primeiro eu levava luva da lesão, agora eu pego com a mão, pego a espatulazinha e passo a kolagenase, ou aquela que eu estiver usando, eu passo na gaze e ponho em cima, seco direitinho, e aí fecho. 14 “Lavo as mãos bem lavadinha, enxáguo, seco 1)Lava as bem a mãos e ai que eu vou fazer o curativo. mãos, coloca a Coloco o soro para esquentar, morno a água e luva ou passa lavo com água dentro também, tudo para álcool nas esquentar. Lavo bem lavadinho, seco com mãos. gaizinha e depois eu passo a pomada certinho 2)Esquenta o coloco gaizinha de novo e enfaixo, arrumo bem soro. arrumadinho para poder curar certinho.” 3)Lava com soro bem lavadinho enxuga e com gazes. 4)Coloca a pomada e fecha a lesão. 15 “Então quando eu vou fazer o curativo eu lavo a 1)Lava as mão, seco e coloco a luva, depois eu jogo o mãos, coloca a sorinho e coloco a pomada, eu faço em casa, luva ou passa pego a tesoura e coloco a gaze na ponta da álcool nas mãos tesoura, e primeiro eu passo álcool na tesoura, eu 2)Coloca a jogo o soro, depois ponho a pomada depois que pomada e fecha seco eu tampo, abaixar eu não posso, eu coloco a lesão. o pé em cima da cadeira” 3)Faz sozinho e não tem a técnica. 16 “Primeiramente eu lavo as mãos né, depois 1)Lava as preparo o material tudo, pego o baldinho ponho mãos, coloca a 94 do lado, ponho aquela luva de procedimento né, luva ou passa tiro tudo a faixa e tiro a luva, depois começo a álcool nas mãos lavar a lesão com soro, depois tem papaína 2) Faz sozinho passo e coloco a faixa.” e não tem a técnica. 3) Coloca a pomada e fecha a lesão. Pergunta 2: Fale-nos o que o Sr. (a) percebe ao realizar o seu curativo nos finais de semana e feriados em casa. Participantes 1 Expressões-Chaves Idéias Centrais Eu não tenho nada que me atrapalhe não, porque 1)Não tem nada eu faço reservado, num comodozinho que eu que atrapalhe. tenho lá, e eu lavo tudo, faço curativo sozinho, sem ninguém me ajudar. 2 Então, eu faço curativo em casa, eu tenho mais 1)Na lesão tem preferência de fazer na lesão, porque aqui são mais higiene. mais higiênicos, muito mais legal do que o feito 2)Em casa não em casa, vocês têm os materiais para fazer, as tem todo ferramentinhas de fazer o curativo, em casa a material gente não tem, o modo de vocês tratarem a gente 3)O modo de também faz parte do curativo, do tratamento e tratar a gente sinto muito melhor fazendo aqui do que em casa, faz parte do então eu faço em casa só que eu faço assim, eu tratamento não tenho o material que tem aqui, pinça, aquela 4) Não tesourinha, eu consigo fazer sozinha, só que eu nada tem que não encontro dificuldade não, só que é aquele atrapalhe negócio, eu acho que não é igual o curativo daqui, entendeu, mas eu faço, dificuldade eu não sinto não, mas dá pra fazer em casa, entendeu. 3 Bom, eu acho que em casa eu poderia ter as 1)Em casa não 95 pinça que aqui tem, e assim mesinhas que aqui tem todo tem, pra mim colocar tudo organizadinho, a bacia material que vocês tem aqui eu também não tenho, agora 2)Não tem nada de fazer eu acho que eu estou fazendo certo que atrapalhe sabe, é, eu acho, eu não ponho a mão ali para contaminar sabe, a espátula que eu coloco lá eu não deixo contaminar no tubo da pomada, eu acho que está certo. 4 Não reclamo de nada, porque aqui na lesão sou 1)O modo de bem atendido, levo o que dá pra mim atravessar tratar a gente aquele intervalo que eu não venho aqui, então eu faz parte do não tenho nada a reclamar, remédio tem, não tem tratamento aquele auxilio total do serviço tratado, eu 2)Não tem nada agradeço porque a gente também depende do que atrapalhe. trabalho de vocês, eu não sinto dificuldade não, de acordo com o que eu estou aprendendo aqui, primeiro eu sentia no começo, até para amarrar a faixa, agora não, eu não tenho não, não tenho nada a reclamar, vejo que estou realizando certo!. 5 Eu pego o material no posto lá perto de casa, 1)Em casa não gazes, aí está dando tudo certo, igual aqui não, tem todo porque aqui na lesão as coisas são diferentes, material porque aqui tem a cadeira que a gente coloca o 2)Não tem nada pé em cima, o pé não tem contato com a bacia, que atrapalhe então aqui é lógico que é melhor, mas a gente precisa fazer em casa, para fazer não tenho dificuldade, eu tenho um banquinho assim pequenininho e ponho a bacia em cima, eu sento na beira da cama do meu quarto. 6 Eu tenho dificuldade de por as gazes atrás, eu 1)Tenho gosto de fazer aqui na lesão, aqui eu me sinto dificuldade. mais a vontade, é gostoso fazer aqui, não é igual 2) O modo de em casa, eu sento na cama, fica doendo as tratar a gente 96 minhas “popas”, eu já acostumei fazer, já peguei faz parte do no ritmo, tem dia que não fica igual outra vez, fica tratamento meio errado, as gazes que às vezes eu ponho errado, a atadura fica certo. 7 Tenho dificuldade, porque não tem as coisas 1)Tenho certas para fazer, em casa não tem a tesoura dificuldade para segurar, o soro para fazer, a gazinha para 2)Em casa não limpar igual faz aqui, é diferente, não é errado, tem todo está certo fazer, porque sem fazer é que não material pode deixar, porque é um alívio quando a gente 3)É diferente, faz curativo, porque está assim às vezes uns dois, não é errado. três dias sem fazer, quando faz é um alívio, muda tudo. 8 Dentro da casa da gente, a gente faz uma coisa, 1)Em casa não aqui na lesão tem os preparos, tem tudo no jeito, tem todo mas lá a gente já não tem tudo certo como aqui material na lesão, a gente já fica com a perna mais 2)Tenho pendurada, às vezes não tem a cadeirinha certa dificuldade. para por no lugar, mas arruma um jeito e faz, 3)Não tem nada dificuldade eu não tenho porque eu faço tudo que atrapalhe certo, sempre fiz, estou fazendo correto. 9 O que eu percebo aqui na lesão é bem melhor de 1)Em casa não fazer, porque aqui tem todos os cuidados e na tem todo casa da gente não tem o material certinho do jeito material que fazem aqui, aqui é especial, aqui não tem 2)Não tem nada como. Eu não tenho dificuldade de fazer em casa que atrapalhe não, do meu jeito cuidando direitinho, com limpeza com tudo certinho, eu faço. 10 Pra mim é tudo tão difícil, mas como não tem jeito 1)Tenho de outra pessoa fazer, eu mesmo faço, mas está dificuldade. dando tudo certinho, eu me sinto alegre de ter 2)Não tem nada disposição de fazer o curativo no meu pé. A ajuda que atrapalhe daqui está me dando muita força, o curativo está 3)O modo de 97 sendo muito bom, que se não fosse o curativo tratar a gente daqui eu não estava bem. faz parte do tratamento 11 Eu percebo uma coisa até muito natural porque 1)Uma situação faz parte do sistema, da organização da lesão, bem normal. tanta gente faz seu curativo em casa, pra mim uma situação bem normal, sem criar problema. Eu me via assim de certa forma tranqüila, às vezes me preocupava quando eu sentia que a lesão não estava melhorando, estava piorando, aí eu ficava um pouco preocupada. 12 Tá tudo certo, eu não tenho dificuldade não, 1)Não tem nada graças à Deus, não impede nada, está havendo que atrapalhe melhora, porque eu fico de repouso também. 13 Não fica igual daqui da lesão, fazendo aqui é 1)É diferente, melhor, não acho difícil, eu sempre tenho tudo, a não é errado. única coisa que eu acho difícil é tirar a gaze, mas 2)Tenho não acho difícil de fazer não, não sinto que fica dificuldade. bem feito igual daqui, mas aqui é bem melhor. 14 “Hoje está bonzinho, bem melhor de fazer e vai 1)É diferente, indo, um dia está melhor no outro da de vazar não é errado. muito ai tem que ficar trocando de faixa para não 2)Tenho ficar molhado, é diferente, tem que lavar ficar com dificuldade o pé assim ó, dá um pouquinho de dificuldade.” 15 “Então fazer em casa é difícil pra mim, mas eu 1)Tenho gosto de fazer no posto, fica um pouco difícil pra dificuldade mim abaixar, e tá pegando as coisas né, eu acho 2)Na lesão tem que quando as enfermeiras fazem pra mim fica mais higiene. mais certinho, mais higiênico.” 16 “Tem que fazer né, porque não tem ninguém que 1)Não tem nada faça, eu faço já há muitos anos, faço a muito que atrapalhe tempo e agora já peguei até prática, o curativo é rápido não gasta cinco minutos e já está pronto.” 98 ANEXO C- Instrumento de análise de discurso- II- IAD 2 Pergunta 1: Pense um pouco: nos finais de semana e feriados o Sr. (a) é quem faz o curativo da sua lesão em casa. Poderia nos contar como o Sr. (a) o realiza? Participantes IC: Lava com soro bem lavadinho e enxugo com gazes 1 Eu lavo com soro; lavo bem com o soro e depois enxugo com a gazinha e com luva, e enxugo bem enxuto. 2 Lavo bem lavadinha e lavo em volta e lavo dentro da lesão, ai depois eu enxugo em volta. 3 Jogo bastante soro, mesmo depois que eu limpo com a gaze em volta assim, eu jogo bastante soro para lavar e depois eu seco. 5 Lavo bem com soro, seco, dou uma leve secada por fora. 6 Lavo bem lavadinho, lavo tudo certinho, assim que eu faço, puxo gaze por gaze, vou jogando no saquinho e depois pego o soro, jogo bem o soro, jogo, jogo, jogo o soro, pego a bonequinha com a luva e vou passando assim, certinho, aí depois eu seco bem sequinho. 7 Aí eu lavo com soro, ponho o curativo e embrulho a faixa; eu lavo com soro, depois eu seco. 9 E lavo bem lavadinho, depois seco com as gazes. 10 Pego o soro e começo a lavar com o soro muito de levezinho vou passando gaze para tirar o excesso e vou passando com o soro, depois eu enxugo ali onde que está o ferimento. 11 Eu faço a limpeza com soro fisiológico e seco. 12 Eu lavo com soro, molho com o soro, depois eu limpo com as gazes. 13 Às vezes as gazes saem fáceis, às vezes não sai, que fica gastando muito soro e nunca que sai; jogo soro, limpo, jogo. 14 Lavo bem lavadinho, seco com gaizinha. Participantes IC: Lava as mãos, coloca a luva ou passa álcool nas mãos 1 Ponho as luvas tudo de acordo que fornecem aqui na lesão, lavo bem as mãos antes de mexer, ponho as luvas e faço curativo. 3 Primeiro eu ponho lá o potinho que eu vou usar, ai depois eu vou lá e lavo a minha mão. 4 Eu tenho minha mesa, aí na hora de tirar o curativo eu uso a luva, aí depois troco a luva novamente pra fazer e colocar a pomada. 5 Pego as faixas, as gazes, primeiro eu coloco luva; e pego as gazes com luva. 11 Ponho a luva e retiro o material, retiro o curativo sujo e ponho num saquinho plástico. 13 Eu levo o vidro de álcool para o quarto, passo na mão, porque a enfermeira falou que eu mesma pegando os materiais não precisa de luva, aí eu pego ponho a mão assim em cima daquela gaze. 14 Lavo as mãos bem lavadinha, enxáguo, seco bem a mãos e ai que eu vou fazer o curativo. 15 Então quando eu vou fazer o curativo eu lavo a mão, seco e coloco a luva. 99 16 Primeiramente procedimento. eu lavo as mãos, ponho aquela luva de Participantes IC: Faz sozinho e não tem a técnica 1 Aí depois eu faço curativo, eu ponho o pé em cima de uma cadeira pra não ficar arcado e ali eu faço curativo, e faço sozinho. 2 Então eu tomo banho, tiro a faixa, tiro o curativo e tomo banho geral, depois daquele banho e ai eu faço o curativo, com a baciinha e com um soro fisiológico, o soro morninho, eu ponho numa leiteira para esquentar e faço bonequinha, e limpo ali com a bonequinha. 3 Depois eu pego as coisas, eu tiro a gaze, pego, deixo fechado lá o pacotinho, pego a gaze, pego a atadura, a espátula que eu vou usar, a pomada e deixo tudo ali perto de mim. Só que eu não tenho a mesinha, eu sento na cama sabe, eu deixo tudo ali, só que é limpinho, não está nada aberto, e daí eu começo, porque daí eu já lavei minha mão, aí eu tiro a atadura, tiro a gaze com a pontinha da minha mão; e aí eu vou lavando a ferida com soro, e pego as gazes, aqui vocês fazem bonequinha, pega a pinça, eu não tenho a pinça, então eu pego com a mão, só que ali onde eu vou colocar na lesão, eu não ponho a minha mão, sabe, aí limpo bem, limpo em volta; depois que eu espalhei a pomada com a espátula, aí eu vou pegar as gazes com a pontinha, outras vezes eu pego assim nos fechinhos da gaze e a de baixo eu emendo assim com a minha mão e vou colocando assim, porque eu não tenho luva lá, então tudo que eu vou fazer, eu pego assim pelas beirinhas pra não contaminar, é assim que eu faço. 4 Aí já uso a pomada na gaze que está na mesa, passo na gaze, aí pego duas espátulas e coloco, às vezes com a luva, porque nós não temos aquela técnica que vocês tem aqui na lesão, mas a gente se vira, que nem vocês têm, aquele serviço especializado então nós temos que se virar. 5 Eu tenho uma bacia social em casa que é só pra esse fim, aí eu pego e coloco, ponho meu pé lá dentro da bacia e aí eu faço, aí eu retiro lá. 6 Aí vou no quarto pego a bacia, coloco um pano embaixo, ponho o banquinho, pego a pomada ponho na cama e na mão ponho a luva, aí vou fazendo o curativo tirando as coisas tudo. 7 Eu sento no sofá, coloco o pé em cima de uma cadeira, é o jeito que dá pra mim fazer; e quando não tem luva eu lavo a mão e uso a mão, tiro as gazes com a mão, pego pela pontinha do adesivo. 8 Sempre eu ponho um pano ou qualquer coisa do lado da cama e ponho tudo em cima, sempre eu ponho a água, pego a gaze, troco certinho, eu tenho uma tesourinha, às vezes eu pego com ela e limpo, depois eu jogo por fora da lesão, torno a limpar, limpo uma, duas a três vezes, aí depois já preparei as coisas tudo, papaína no lugar tudo certinho. 9 Tenho uma baciinha ponho o pé em cima da baciinha. 10 Eu depois do banho já aproveito e faço o curativo, eu tomo banho com a faixa pra não ir água do chuveiro. Eu pego uma bacia, ponho em cima aí desembrulho a faixa que já está molhada. 100 11 12 13 15 16 No meu quarto tem uma mesinha baixa, então eu abro e passo um pano com álcool na mesinha, ponho o material, abro o pacote. Primeiro eu tomo banho, lavo a mão, pego o soro, a baciinha, a atadura, já deixo tudo certinho, aí pego com a pinça igual vocês fazem mesmo, eu pego no postinho curativo. Eu ponho tudo em cima da cama, espátula, a gaze, a gaze que eu mando lá no posto de saúde, eu levo as marmitas e eles esterilizam pra mim; aí comprei uma baciinha que eu ponho o pé dentro, mas não dá muito porque sempre quando eu jogo o soro na lesão escorre para os pés, não é igual na lesão, é meio sacrifício; primeiro eu levava luva da lesão, agora eu pego com a mão. Eu faço em casa, pego a tesoura e coloco a gaze na ponta da tesoura, e primeiro eu passo álcool na tesoura, eu jogo o soro, depois ponho a pomada depois que seco eu tampo, abaixar eu não posso, eu coloco o pé em cima da cadeira. Preparo o material tudo, pego o baldinho ponho do lado, tiro tudo a faixa e tiro a luva, depois começo a lavar a lesão com soro Participantes IC: Coloca a pomada e fecha a lesão 2 E coloco a faixa, o curativo que seja, ou seja a Kérlix ou seja uma pomada suponhamos que for, ai depois eu fecho a lesão. 5 Eu passo pomada e tampo, ponho as gazes e fecho, aí vou enrolando a faixa. 6 Passo o óleo em volta e ponho a gaze na pomada e passo a faixa. 7 E aí ponho o que têm que por. 8 Aí eu coloco a papaína, estou com as faixa tudo no jeito, aí eu coloco as faixas, o esparadrapo está cortado no jeito também e coloco o esparadrapo. 9 E depois pego as gazes, coloco a pomadinha que está sendo bem pouquinho em cima e coloco em cima da lesão, às vezes eu passo alguma coisa em volta, às vezes até não e enrolo. 10 Assim que está acabando de fechar molho gaze com óleo de dersani e embrulho com a faixa, vou embrulhando a faixa do jeito que eles fazem aqui em oito. 11 Ponho o agente terapêutico, cubro e tento por gazes nos lugares onde a drenagem é maior, depois passo a gaze e ponho o esparadrapo. 12 Depois coloco a pomada na gaze, outra hora ponho na espátula, coloco na gaze e ponho na feridinha, depois que eu lavo com soro, seco certinho, e coloco a atadura. 13 Pego a espatulazinha e passo a kolagenase, ou aquela que eu estiver usando, eu passo na gaze e ponho em cima, seco direitinho, e aí fecho. 14 Eu passo a pomada certinho coloco gaizinha de novo e enfaixo, arrumo bem arrumadinho para poder curar certinho. 15 Coloco a pomada 16 Tem papaína passo e coloco a faixa. Participantes IC: Esquenta o soro 3 Pego o soro, o soro eu esquento, porque antes eu fazia com ele frio, 101 6 8 9 13 14 depois que eu comecei a vir na lesão, ai eu comecei a esquentar. Eu esquento o soro bem morninho no fogão. Alguns dias eu esquento o soro, alguns dias não. Eu esquento o soro como eles fazem na lesão. Esquento, pego uma leiteira ponho água, quando está quente, eu levo ela para o quarto, ponho o soro dentro. Coloco o soro para esquentar, morno a água e lavo com água dentro também, tudo para esquentar. Participantes IC: Não deixa contaminar a pomada 3 Na hora de eu passar a pomada eu não ponho ela na gaze igual vocês fazem, eu pego o tubo e coloco na lesão, assim ela alta, e depois eu só espalho com a espátula, pra não ter perigo deu ficar passando a pomada na gaze e contaminar. Participantes IC: Deixa a lesão um pouco molhada 10 Eu deixo a lesão um pouco molhada, porque falaram pra mim deixar um pouquinho molhado. Participantes IC: Depende do que o médico manda 13 Ás vezes, depende do que o médico manda, se o médico manda lavar a lesão, eu tomo banho e lavo a lesão, se o médico não manda lavar a lesão, eu passo um plástico com fita crepe e tomo banho e evito até de molhar o corpo, depois eu vou e retiro aquele plástico. Pergunta 2: Fale-nos o que o Sr. (a) percebe ao realizar o seu curativo nos finais de semana e feriados em casa. Participantes IC: Não tem nada que atrapalhe 1 Eu não tenho nada que me atrapalhe não, porque eu faço reservado, num comodozinho que eu tenho lá, e eu lavo tudo, faço curativo sozinho, sem ninguém me ajudar. 2 Eu consigo fazer sozinha, só que eu não encontro dificuldade não, só que é aquele negócio, eu acho que não é igual o curativo daqui, entendeu, mas eu faço, dificuldade eu não sinto não, mas dá pra fazer em casa, entendeu; 3 Agora de fazer eu acho que eu estou fazendo certo sabe, é, eu acho, eu não ponho a mão ali para contaminar sabe, a espátula que eu coloco lá eu não deixo contaminar no tubo da pomada, eu acho que está certo. 4 Levo o que dá pra mim atravessar aquele intervalo que eu não venho aqui, então eu não tenho nada a reclamar, remédio tem, não tem aquele auxilio total do serviço tratado, eu agradeço porque a gente também depende do trabalho de vocês, eu não sinto dificuldade não, de acordo com o que eu estou aprendendo aqui, primeiro eu sentia no começo, até para amarrar a faixa, agora não, eu não tenho não, não tenho nada a reclamar, vejo que estou 102 5 8 9 10 12 16 realizando certo! Para fazer não tenho dificuldade, eu tenho um banquinho assim pequenininho e ponho a bacia em cima, eu sento na beira da cama do meu quarto. Dificuldade eu não tenho porque eu faço tudo certo, sempre fiz, estou fazendo correto. Eu não tenho dificuldade de fazer em casa não, do meu jeito cuidando direitinho, com limpeza com tudo certinho, eu faço. Mas está dando tudo certinho, eu me sinto alegre de ter disposição de fazer o curativo no meu pé. Tá tudo certo, eu não tenho dificuldade não, graças à Deus, não impede nada, está havendo melhora, porque eu fico de repouso também. Tem que fazer né, porque não tem ninguém que faça, eu faço já há muitos anos, faço a muito tempo e agora já peguei até prática, o curativo é rápido não gasta cinco minutos e já está pronto. Participantes IC: Na lesão tem mais higiene 2 Então, eu faço curativo em casa, eu tenho mais preferência de fazer na lesão, porque aqui são mais higiênicos, muito mais legal do que o feito em casa 15 Eu acho que quando as enfermeiras fazem pra mim fica mais certinho, mais higiênico.” Participantes IC: Em casa não tem todo material 2 Vocês têm os materiais para fazer, as ferramentinhas de fazer o curativo, em casa a gente não tem; então eu faço em casa só que eu faço assim, eu não tenho o material que tem aqui, pinça, aquela tesourinha. 3 Bom, eu acho que em casa eu poderia ter as pinça que aqui tem, e assim mesinhas que aqui tem, pra mim colocar tudo organizadinho, a bacia que vocês tem aqui eu também não tenho. 5 Eu pego o material no posto lá perto de casa, gazes, aí está dando tudo certo, igual aqui não, porque aqui na lesão as coisas são diferentes, porque aqui tem a cadeira que a gente coloca o pé em cima, o pé não tem contato com a bacia, então aqui é lógico que é melhor, mas a gente precisa fazer em casa. 7 Em casa não tem a tesoura para segurar, o soro para fazer, a gazinha para limpar igual faz aqui. 8 Dentro da casa da gente, a gente faz uma coisa, aqui na lesão tem os preparos, tem tudo no jeito, mas lá a gente já não tem tudo certo como aqui na lesão; Às vezes não tem a cadeirinha certa para por no lugar, mas arruma um jeito e faz. 9 O que eu percebo aqui na lesão é bem melhor de fazer, porque aqui tem todos os cuidados e na casa da gente não tem o material certinho do jeito que fazem aqui, aqui é especial, aqui não tem como. 103 Participantes IC: O modo de tratar a gente faz parte do tratamento 2 O modo de vocês tratarem a gente também faz parte do curativo, do tratamento e sinto muito melhor fazendo aqui do que em casa. 4 Não reclamo de nada, porque aqui na lesão sou bem atendido. 6 Eu gosto de fazer aqui na lesão, aqui eu me sinto mais a vontade, é gostoso fazer aqui 10 A ajuda daqui está me dando muita força, o curativo está sendo muito bom, que se não fosse o curativo daqui eu não estava bem. Participantes IC: Tenho dificuldade 6 Eu tenho dificuldade de por as gazes atrás; Não é igual em casa, eu sento na cama, fica doendo as minhas “popas”, eu já acostumei fazer, já peguei no ritmo, tem dia que não fica igual outra vez, fica meio errado, as gazes que às vezes eu ponho errado, a atadura fica certo. 7 Tenho dificuldade, porque não tem as coisas certas para fazer. 8 A gente já fica com a perna mais pendurada. 10 Pra mim é tudo tão difícil, mas como não tem jeito de outra pessoa fazer, eu mesmo faço. 13 A única coisa que eu acho difícil é tirar a gaze. 14 Tem que lavar ficar com o pé assim ó, dá um pouquinho de dificuldade. 15 Então fazer em casa é difícil pra mim, mas eu gosto de fazer no posto, fica um pouco difícil pra mim abaixar, e tá pegando as coisas. Participantes IC: É diferente, não é errado 7 É diferente, não é errado, está certo fazer, porque sem fazer é que não pode deixar, porque é um alivio quando a gente faz curativo, porque está assim às vezes uns dois, três dias sem fazer, quando faz é um alívio, muda tudo. 13 Não fica igual daqui da lesão, fazendo aqui é melhor, não acho difícil, eu sempre tenho tudo; Mas não acho difícil de fazer não, não sinto que fica bem feito igual daqui, mas aqui é bem melhor. 14 Hoje está bonzinho, bem melhor de fazer e vai indo, um dia está melhor no outro da de vazar muito ai tem que ficar trocando de faixa para não ficar molhado, é diferente. Participantes IC: Uma situação bem normal 11 Eu percebo uma coisa até muito natural porque faz parte do sistema, da organização da lesão, tanta gente faz seu curativo em casa, pra mim uma situação bem normal, sem criar problema. Eu me via assim de certa forma tranqüila, às vezes me preocupava quando eu sentia que a lesão não estava melhorando, estava piorando, aí eu ficava um pouco preocupada.