Dengue 2008 Rio

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Dengue
Febre Hemorrágica da Dengue
O Caso Rio de Janeiro
Vírus da Dengue
Vírus RNA, gênero flavivírus; família
flaviviradae
4 Sorotipos: DENV-1; DENV-2; DENV-3;
DENV-4
Todos sorotipos podem causar doença grave
Imunidade temporária e parcial a outros
sorotipos e permanente ao sorotipo que
causou a doença
Casos por mês
Estado do Rio de Janeiro
120.000
100.000
2002
mar/2002
2003
80.000
2004
mar/2008
60.000
2005
2006
40.000
2007
2008
20.000
0
jan
fev mar abr mai jun
jul
ago set
out
nov dez
Óbitos por Dengue
Rio de Janeiro em 2008
Total 67 óbitos:
35 por Febre Hemorrágica
32 por Dengue com complicações
(32 óbitos em menores de 13 anos)
Casos de FHD vs. letalidade em
países selecionados
Letalidade
80
60
40
20
0
1
10
100
Casos
1000
10000
Fisiopatologia I
Fisiopatologia II
Complexo
AgAc-NS1
Macrófago
Ativação da
cascata do
complemento
TNF-α, NO
IL-6 e IL-8
W
Fv
Anti-NS1
(reação cruzada)
Célula
endotelial
(?)
XA
,T
AF
,P
Vírus (infecção direta)
,P
?)
G(
Anti-corpos
anti-plaquetas
Apoptose
Fragilidade
capilar
Aumento na
permeabilidade
capilar
(hemoconcentração,
hipoalbuminemia,
hipoproteinemia,
derrames em serosas,
choque)
Hemorragias*
Consumo de
plaqueta
*pode haver consumo de
fatores de coagulação
Dengue clássica
Febre
Cefaléia
Mialgia e artralgia
Prostração
Dor retrorbitária
Anorexia
Náuseas e vômitos
Rash (20 a 30%, tardio)
Manifestações hemorrágicas
Febre Hemorrágica da Dengue
Manifestações hemorrágicas e
Plaquetas <100,000/mm3 e
Aumento na permeabilidade capilar e
Aumento de hematócrito (20% ou mais) ou
Hipoalbuminemia ou hipoproteinemia ou
Derrame pleural ou ascite
Dengue haemorrhagic fever, WHO, 1997, Geneva.
Apresentações atípicas
Encefalite
Mielite
Hepatite
Miocardite
Outras
Risco para casos graves
Re-infecções subseqüentes
Cepa do vírus
Doença crônicas prévias
Características individuais desconhecidas
Exame clínico
Anamnese buscando ativamente local de sangramento
(gengivorragia, epistaxe, metrorragia, melena)
Exclusão de outras doenças infecciosas
Dados vitais:
P. A.* (deitado ou sentado e em pé)
Pulso
Temperatura
Hidratação
Perfusão
Estado geral
Prova do laço
*hipotensão, hipotensão postural ou estreitamento da
pressão de pulso são sinais de gravidade
Prova do laço
Insuflar o manguito entre a
PA sistólica e a diastólica,
deixando:
5 minutos adultos
3 minutos em crianças
Contar o número de
petéquias em um quadrado
de 2,5 cm de lado: positivo
se:
> 20 em adultos
>10 em crianças
2,5
cm
Diagnóstico Diferencial
Influenza
Febre maculosa brasileira
Leptospirose
Meningococcemia
Sarampo
Rubéola
Malária
Febre tifóide
Febre amarela
Sepse
Princípios do Tratamento
Sintomáticos
Analgésicos e anti-térmicos (paracetamol ou
dipirona)
Se necessário: anti-eméticos e antihistamínicos
Hidratação (iniciar sempre o mais rápido
possível, independentemente do local)
Monitoramento dos sinais de agravamento
DENGUE
AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE
SINAIS/SINTOMAS
SINAIS/SINTOMAS
CL
ÁSSICOS
CLÁSSICOS
GRUPO A -VERDE
MANIFESTA
ÇÕES
MANIFESTAÇÕES
HEMORR
ÁGICAS
HEMORRÁGICAS
GRUPO B - AMARELO
SINAIS
SINAISDE
DEALERTA
ALERTA
GRUPO C - LARANJA
SINAIS
SINAISDE
DECHOQUE
CHOQUE
GRUPO D - VERMELHO
Classificação: Grupo A (verde)
Febre durando menos de 7 dias
Dois dos sintomas:
Cefaléia
Dor retro-orbitária
Mialgia
Artralgia
Prostração
Exantema
Sem manifestações hemorrágicas espontâneas ou
induzidas (prova do laço)
Sem sinais de alarme e sem alterações hemodinâmicas
Hemograma simplificado* sem alterações importantes**
Alterações importantes no HMG → Grupo B (amarelo)
* Hemograma simplificado: Htc, leucocitos totais e plaquetas.
**Pqt>100.000; leucócitos entre 1.000 e 10.000, sem sinais de
hemoconcentração
Conduta: Grupo A (verde)
Hidratação oral (forçada)
Adultos
60 – 80 mL/Kg/dia (1/3 soro hidratação oral + 2/3 outros líquidos
(água, sucos, chás)
Crianças
Oferecer com freqüência soro de hidratação oral e outros líquidos
Orientar sobre desidratação
Analgésicos e anti-térmicos (dipirona ou paracetamol)
Orientar sinais de alarme
Notificação e preenchimento do cartão dengue
Retorno
no 1º dia sem febre
antes se sinal de alarme
Grupo A - Recursos
Médico qualificado
Qualificação do médico
Enfermeiro qualificado
Qualificação do enfermeiro
p/ classificação
p/ manejo
Estetoscópio
Esfigmomanômetro
Consultório
Laboratório (só hemograma mecanizado, sem diferencial)
Cartão da dengue
Soro hidratação oral
Dipirona, paracetamol
Consulta de retorno
Mandatória em situações especiais
Desejável nas demais
Cartão dengue
Cartão dengue
Prova do laço positiva
Classificação: Grupo B (amarelo) HMG pouco alterado
Manifestações hemorrágicas leves ou
Alterações no hemograma simplificado:
Ht ↑ até 10% basal ou
Criança > 38% e < 42%
Mulheres > 40% e < 44%
Homens > 45% e < 50%
Plaquetas entre 50 e 100 mil/mm3
Leucopenia < 1000/mm3
Sem sinais de alerta
Sem alterações hemodinâmicas
Classificação: Grupo B (amarelo) HMG muito alterado
Manifestações hemorrágicas leves
Ht ↑ mais 10% basal ou
Criança > 42%
Mulher > 44%
Homem > 50%
Plaquetas < 50 000
Sem sinais de alerta
Sem alterações hemodinâmicas
Conduta: Grupo B (amarelo)
Leito de observação 12h ou
internação
Hidratação oral supervisionada
ou parenteral
Adultos 80 mL/Kg/dia
1/3
SF 0,9% + 2/3 S.G
inicial 25ml/kg em 4 a 6h
Crianças
50mL/Kg em 4 a 6h SF
Sob supervisão enfermagem
Analgésicos + antitérmico
Após hidratação reavaliação
Clínica
Laboratorial
Reestadiamento
Com melhora:
Orientar sinais de alerta
Retorno 24h para reavaliação
Clínica
Laboratorial (HMG)
Reestadiamento
*HMG: hematócrito, leucócitos totais e plaquetas
Hidratação Parenteral Adultos
80 mL / Kg / dia:
1/3 SF 0,9%
2/3 SGI 5%
24h:
1/3 4h
Repetir se s/ melhora
Ht
hemodinâmica
1/3 8h
1/3 12h
OU
25 mL/Kg em 4h + 8h + 12h
Adulto 55 Kg = 4400mL
1 500 mL SF0,9%
3 000 mL SGI 5%
24h:
SF 500 + SGI 1000 4h
SF 500 + SGI 1000 8h
SF 500 + SGI 1000 12h
KCl 10%
Diurese
> 500 mL
> 30 mL/h
Grupo B - Recursos
Laboratório 24h
Hemograma automatizado
Hidratação
Soro hidratação oral
Cristalóide (SF 0,9%, SGI 5%, KCl 10%, SGH 50%)
Dipirona, paracetamol
Espaço físico
Salas de observação curta permanência
Tendas ou Áreas de Hidratação (referência 2ª)
Pronto Atendimento 24h
Consultório de Reavaliação
Médico qualificado
Qualificação do médico
Enfermeiro qualificado
Qualificação do enfermeiro
Estetoscópio
Esfigmomanômetro
Conduta - Grupo B
IMPORTANTE
Internar se:
Hemorragia importante
Sinais de alarme
Hidratação adequada + ↑ Ht
Plaquetas < 20 000 / mm³
Avaliação clínica + laboratorial cada 24h
Classificação: Grupo C (laranja)
Paciente sem alteração hemodinâmica
com qualquer sinal de alarme
Grupo C (laranja):
sinais de alarme (significados)
Dor abdominal intensa e contínua
Hepatomegalia dolorosa
Vômitos persistentes
Hipotensão postural ou lipotímia
Hemorragias importantes (hematêmese, melena)
Sonolência ou irritabilidade
Diminuição da diurese
Diminuição repentina da temperatura corpórea ou hipotermia
Aumento repentino do Ht
Queda abrupta de plaquetas
Desconforto respiratório
Conduta: Grupo C (laranja)
Leito de observação ou hospitalar
Hidratação EV imediata inicial (SF ou Ringer):
Adulto 25ml/kg em 4 horas, repetir até 3x
Criança 20ml/kg/h repetir até 3x
Reavaliação
Clínica c/ 2h criança, c/ 4h adulto
Ht cada 4h
Plaquetas cada 12h
Conduta: Grupo C (laranja)
Melhora: hidratação EV manutenção
Adulto: 80ml/kg/dia
Criança: THD + perda capilar estimada 20-40ml/Kg/dia
Melhora clínica/laboratorial
Alta
Reavaliação 24h
Sem melhora clínica/laboratorial
Sem melhora GRUPO D (VERMELHO)
Classificação: Grupo D (vermelho)
Paciente com sinal de choque:
Hipotensão arterial
Pressão arterial convergente
(PA sist - PA diast < 20mmHg)
Extremidades frias e cianóticas
Pulso rápido e fino
Enchimento capilar lento (> 2 segundos)
Febre Hemorrágica da Dengue/
Síndrome do Choque da Dengue
Febre Hemorrágica da Dengue/
Síndrome do Choque da Dengue
Conduta: Grupo D (vermelho)
Hidratação EV imediata (adulto e criança):
SF 0,9% 20 mL/Kg em até 20 min repetir até 3 vezes
se necessário
Reavaliação após hidratação acima:
melhora: internação hospitalar com hidratação de
manutenção
não melhora: colóide (sintético ou albumina)
Internação hospitalar: reavaliação
clínica a cada 15 a 30 min.
htc cada 2h
Hemoderivados
Não há indicação de transfusão profilática de
plaquetas, nem baseado na contagem isolada
Indicação de transfusão de plaquetas:
Suspeita sangramento SNC + plaquetas < 50 000
Sangramento importante + plaquetas < 20 000
Dose = 1 U / 7 a 10 Kg cada 8 a 12h até parar sangramento (e
não normalizar Pl)
Pode induzir ou piorar CIVD se choque associado
Plasma fresco congelado:
Sangramento importante + RNI > 1,25
Dose: 10 mL/Kg cada 8 ou 12h + vitamina K
Indicações de internação
independentes da classificação
Presença sinais de alarme
Recusa na ingesta de alimentos e líquidos
Romprometimento respiratório
Plaquetopenia (<20.000)
Impossibilidade de retorno à unidade
Co-morbidades descompensadas (DM, HAS,
asma, uso cumarínicos, outras)
Outras situações a critério médico
Tratamento hospitalar:
Grupo C e D (laranja e vermelho)
Exames:
Hemograma,
Proteínas totais e albumina,
Coagulograma (TP/AP, TTPa)
Perfil hepático,
Eletrólitos,
Função renal,
US abdominal (espessamento da vesícula e ascite),
RX torax (derrame pleural)
Sorologia.
Monitorar:
Hematócrito e plaquetas
PA, hidratação, consciência e diurese.
PVC e gasometria somente se necessário pelo
risco de sangramento
Alterações que indicam gravidade
Hemograma:
Hemoconcentração
Leucocitose importante
Leucopenia menor que 1.000
Plaquetopenia menor que 50.000
Alterações no coagulograma (TP/AP, TTPa)
Hipoalbuminemia ou hipoproteinemia
Derrame pleural ou ascite
Considerações importantes
O choque da dengue não complicado dura na
maioria das vezes até 24 horas (87%)*, portanto
deve-se cuidar para não hiperhidratar após a
recuperação
Com a resolução do choque, há reabsorção do
plasma extravasado, com queda adicional do
hematócrito, mesmo com suspensão da
hidratação parenteral.
Essa reabsorção poderá causar hipervolemia,
edema pulmonar ou insuficiência cardíaca,
requerendo vigilância clínica redobrada.
* Torres EM, 2005
Critérios de alta
Ausência de febre por 24h sem antitérmico
Melhora visível do quadro clínico
Ht normal e estável por 24h
Plaquetas em elevação e > 50 000 / mm³
Estabilidade hemodinâmica por 24h
Derrames cavitários
Em regressão
Sem repercussão clínica
Acolhimento com Classificação de Risco
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À DENGUE
ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO - FEBRE DE ATÉ 7 DIAS
Grupo A - VERDE
Sinais e Sintomas:
Febre há mais de 7 dias - INTERROMPER PROTOCOLO
SEGUIR PROTOCOLO SE O PACIENTE APRESENTAR:
Febre há menos de 7 dias + 2 dos sintomas abaixo
Cefaléia
Dor retro-orbitária
Mialgia
Artralgia
Prostração
Exantema
Grupo B - AMARELO
Sinais e Sintomas:
MANIFESTAÇÕES HEMORRÁGICAS - espontâneas ou induzidas, sem
sinais de alarme:
Petéquia
Equimose
Sangramento de mucosas (epistaxe e gengivorragia)
Hemorragia espontânea pelos locais de punção venosa
3
Plaquetas < 100 mil/mm
ATENÇÃO COM GRUPOS ESPECÍFICOS:
Prova do Laço Positiva:
Gestante
Criança
Idoso
Diabetes
Hipertensão
Doença Renal
Cardiopatia
Doença Hematológica
Bronquite Crônica
Doença Auto-imune
Doença Clorido-péptica
Adulto - Mais de 20 petéquias / quadrado de 2,5cm X 2,5cm
Criança - Mais de 10 petéquias / quadrado de 2,5cm X 2,5cm
Prova do Laço Negativa:
Adulto - Menos de 20 petéquias / quadrado de 2,5cm X 2,5cm
Criança - Menos de 10 petéquias / quadrado de 2,5cm X 2,5cm
BAIXA PRIORIDADE PARA AVALIAÇÃO MÉDICA
Grupo C - LARANJA
MÉDIA PRIORIDADE PARA AVALIAÇÃO MÉDICA
Avaliar direcionamento para hidratação na Tenda
Grupo D - VERMELHO
Sinais de alerta, sem hipotensão:
Sinais de Choque:
Dor abdominal intensa e contínua
Vômitos persistentes
Lipotímia
Hipotensão postural
Irritabilidade
Sonolência
Hemetêmese / Melena
Diminuição da diurese
Diminuição abrupta da temperatura
Hipotermia
Desconforto respiratório
Queda abrupta de plaquetas
Aumento repentino de Ht
Hipotensão arterial
Pressão arterial convergente (PA diferencial < 20 mmHg)
Estremidades frias
Cianose
Pulso rápido e fino
Enchimento capilar lento (> 2 segundos)
ALTA PRIORIDADE PARA AVALIAÇÃO MÉDICA
Acompanhamento na unidade hospitalar
URGÊNCIA: AVALIAÇÃO MÉDICA IMEDIATA
Acompanhamento na unidade hospitalar
Considerações importantes
Unidades Básicas de Saúde
Casos classificados como A VERDE
Tendas de Hidratação e Pronto Atendimentos
Dengue clássica com manifestações
hemorrágicas B AMARELO
Pronto Socorros e Grandes Hospitais
Casos com sinais de alerta C LARANJA
Casos com sinais de choque D VERMELHO
Erros comuns sobre dengue
Dengue não tem tratamento
O tratamento da dengue é a hidratação.
Prova do laço positiva = FHD
Prova do laço apenas identifica a fragilidade capilar
Dengue + sangramento = FHD
são necessários 4 critérios (o ponto central na FHD é a perda de
plasma)
FHD acontece sempre na segunda infecção por dengue
a chance de dengue hemorrágica na primeira infecção é cerca
de 0,3% já nas reinfecções chegam a 3%
Erros comuns sobre dengue
A hemorragia é sempre o que mata na FHD
em geral o paciente morre de choque
hipovolêmico por perda de plasma
Só a dengue hemorrágica que mata
outras possíveis causas de morte são:
hemorragia grave em dengue clássico (P.ex.: doença
diverticular ou péptica prévia)
sepse secundária
apresentações atípicas graves (hepatite, miocardite,
encefalite…)
Pontos-chave no tratamento I
Toda consulta incluir:
P.A. em pé e sentado, pulso, temperatura e prova
do laço
Todo paciente deve ser reavaliado no
primeiro dia após o final da febre
Reavaliar os pacientes até diariamente se
necessário
Pontos-chave no tratamento II
SEMPRE:
hidratação VO vigorosa sempre
80ml/kg/dia
hidratação EV se necessário
monitorar estado geral, consciência,
sangramentos, P.A., hidratação e perfusão
Fluxograma das Tendas de Hidratação
SESDEC
Obrigado!
Dúvidas?
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