MODELAGEM DE UM BANCO DE DADOS GEOGRÁFICO: ESTUDO DE CASO DO MUNICÍPIO DE MARABÁ, PA Leila Weitzel Coelho da Silva – [email protected] Danilo Costa Luiz – [email protected] Gardel Souza – [email protected] Rangel Filho Teixeira – [email protected] Universidade do Federal do Pará, Campus Universitário de Marabá - CAMAR FL 31 QD 7 lote especial s/nº – Marabá, PA, Brasil Resumo. A maioria das cidades brasileiras cresce caoticamente. A ocupação urbana freqüentemente acontece sem considerar o ambiente físico. A ineficiência do planejamento urbano resulta em problemas críticos tais como a ocupação urbana em áreas de risco. Isto interfere negativamente na qualidade de vida da população, causando conseqüências a curto, médio e longo prazo. O objetivo deste artigo é descrever o modelo conceitual e físico de um banco de dados geográfico da ocupação urbana do Município de Marabá. O modelo conceitual e físico desenvolvido foi satisfatório às exigências do sistema, mostrou ser um instrumento eficiente na categorização dos aspectos socioeconômicos dos habitantes. Os resultados mostraram-se condizentes com a utilidade da pesquisa no gerenciamento da ocupação urbana em áreas de risco, fundamental no planejamento territorial Municipal. O protótipo da aplicação permite a simulação de cenários considerando diferentes graus elevação dos Rios. E ainda, a interface admite, de maneira simples, a calibração de parâmetros facilitando a manipulação das informações por meio de mapas temáticos. Palavras-chave: Sistema de Informação Geográfica, planejamento urbano, modelagem de dados geográficos, áreas de risco. 1. INTRODUÇÃO Este trabalho faz parte de um projeto amplo intitulado “Desenvolvimento de Mapas Temáticos para suportar Monitoramento e Análise de Informações Georeferenciadas: Estudo de caso do Município de Marabá-PA” conduzido pelo grupo de pesquisa em Modelagem Computacional no CNPq da UFPA - Campus Marabá. A finalidade do projeto é desenvolver um Sistema de Informação Geográfica – SIG para o gerenciamento da ocupação dos espaços urbanos do Município de Marabá. Na primeira fase do projeto, o qual é o objetivo deste artigo, voltou-se para o desenvolvimento de um modelo conceitual e físico do Banco de Dados Geográfico - BDG do Município de Marabá no Plano de Informação Habitacional. Sistemas urbanos raramente são modelados e compreendidos sob seus aspectos naturais, ignorando a importância do estudo do espaço como subsídio ao meio a ser construído bem como das relações natureza/espaço/sociedade. O planejamento de um município requer justamente o conhecimento desses espaços e suas funcionalidades. A utilização de um Banco de Dados (BD) tem colaborado decisivamente na organização e disponibilização de informações geográficas. Informações espaciais e descritivas são mantidas integradas em BDG. A apresentação (usualmente sob forma de mapas) e a geração de nova informação a partir do processamento desses dados ocorre através de SIG. As informações quanto à origem e impacto das modificações sobre o uso e ocupação da terra, obtidas por meio de dados georeferenciados integrados aos SIG têm se mostrado particularmente útil para auxiliar na discriminação de elementos da paisagem; no planejamento e regulamentação de alterações ambientais; em levantamentos de uso e ocupação da terra; em mapeamentos dos recursos naturais; na espacialização de áreas de preservação, entre outros (Souza, 2004). Um problema que se tem percebido na expansão urbana é a invasão de áreas de risco sujeitas tanto a movimentos de massa durante a época de chuvas quanto a enchentes. A maioria das cidades brasileiras está próxima aos vales e margem dos rios. As conseqüências da ocupação urbana nas proximidades dos rios são os processos de enchente, isto é, a elevação temporária do nível de água em um canal de drenagem devida ao aumento da vazão ou descarga; bem como os processos de inundações que é o fenômeno de extravasamento das águas do canal de drenagem para as áreas marginais. O desastre natural das inundações trás prejuízos à saúde, prejudica a atuação de serviços essenciais, especialmente os relacionados com a distribuição de energia elétrica e saneamento básico entre outros. A cidade de Marabá é cortada pelos Rios Tocantins e Itacaiúnas pertencentes à Bacia Hidrográfica do Araguaia-Tocantins. O Município é suscetível1 e vulnerável2 aos processos de enchentes e inundações pela ocupação de terrenos marginais dos cursos d’água. No Plano Diretor Participativo da cidade de Marabá, aprovado em 06/09/2006, adotou-se o distrito como unidade administrativa municipal, de modo a organizar o espaço urbano e rural. Ao todo foram propostos dezesseis distritos, cinco deles como partes constituintes da sede municipal, e, por conseguinte, formadores do novo perímetro urbano. Pode-se visualizar na Figura 1 os distritos constituintes da sede municipal como por exemplo: o Distrito de Marabá Pioneira (1), Distrito da Cidade Nova (3), Distrito da Nova Marabá (2), Distrito Industrial (6) e o Distrito de Expansão (4 e 5). A fisiografia do município é bastante desfavorável para a ocupação urbana, e a existência de áreas institucionais constitui-se em obstáculo adicional à expansão da cidade, e a necessidade de construção de novas pontes é recorrente. A ocupação de áreas que demandam grandes investimentos em infra-estrutura para viabilizar a acessibilidade (aterros e pontes), retardam o enfrentamento de problemas históricos de saneamento, visto que nas áreas sujeitas a alagamento pelas cheias, é comum o transbordamento de fossas e a contaminação de poços utilizados pela população de menor poder aquisitivo (em bairro formais e áreas de ocupação), destacando-se em alguns pontos mais vulneráveis a tais condições, a alta incidência de doenças como a hanseníase. 1 Indica a potencialidade de ocorrência de processos naturais e induzidos em áreas de interesse ao uso do solo, expressando-se segundo classes de probabilidade de ocorrência. 2 Grau de perda para um dado elemento ou grupo dentro de uma área afetada por um processo. 5 4 o Ri in nt ca To s 2 1 3 o Ri iú ca I ta s na 6 Figura 1 – Sede Municipal da Marabá, destacando-se os limites dos Distritos. Figura 2 - Ocupação territorial e mapa Altimétrico do Distrito de Marabá Pioneira. Na Figura 2 tem-se os limites da ocupação urbana do Distrito de Marabá Pioneira, objeto deste estudo. A linha diagonal ao desenho é um corte transversal da orla dos Rios Tocantins e Itacaiúnas, desta linha para baixo e para esquerda é a área mais crítica, pois grande parte da região é fortemente impactada pelas enchentes3 anuais. Assim, justifica-se a escolha do Distrito como escopo do problema a ser modelado. 2. METODOLOGIA Em uma visão abrangente o sistema desenvolvido tem como componentes estruturais uma interface que define como o sistema é operado e controlado. Em um nível intermediário tem-se mecanismos de processamento de dados espaciais e não espaciais; e em um nível mais interno um sistema de gerencia de banco de dados geográficos oferecendo o armazenamento e recuperação dos dados espaciais e seus atributos. O projeto mais amplo objetiva mapear por temas o Município de Marabá. Os temas ou Planos de Informação – PI foram classificados de acordo com as seguintes características: 1. Habitacional: que inclui as residências ou domicílios 2. Comercial: Lojas, Shopping, Galerias e comércio em geral 3. Educacional: Universidades, Escolas, Creches, Centros Educacionais, etc. 4. Saúde: hospitais, clínicas, posto de saúde, etc. 5. Serviços Públicos: Prefeitura, Câmara de Vereadores, Delegacias, Corpo de Bombeiro, etc. 6. Industrial: indústrias diversas. 7. Serviços em Geral: Correios, Bancos, Cartórios, Cooperativas, escritórios etc. 8. Meio Ambiente: Praças, Jardins, Parques, APA, etc. 9. Cultura Esportes e Lazer: Clubes, Ginásios, Campos, Museus, Cinemas, Teatros, etc. 10. Lotes: referenciando apenas os lotes 11. Quadras: referenciando apenas as quadras 12. Distrito: referenciando o distrito em estudo Cada PI estará georeferenciado em uma camada (Layer), o conjunto resultante da sobreposição destas camadas compõe o Mapa Temático da Ocupação Urbana - MTOU. O encaminhamento dado a este trabalho está baseado no enfoque da previsão do estabelecimento do perfil da população diretamente impactada pelas inundações (definição socioeconômica), relacionada ao PI - Habitacional. As fases do projeto incluíram: 1. Primeira Fase de levantamento dos requisitos, que está associada ao processo de descobrir quais são as operações que o sistema deve realizar e quais são as restrições que existem sobre estas operações; 2. Segunda Fase a modelagem conceitual e lógica do sistema. Modelos de dados para aplicações geográficas têm necessidades adicionais, tanto com relação à abstração de conceitos e entidades, quanto ao tipo de entidades representáveis e seu interrelacionamento. Diversas propostas existem atualmente, principalmente focalizadas em estender os modelos criados para aplicações convencionais. O modelo utilizado no projeto – OMT-G Object Modeling Technique - tende a refletir melhor as necessidades de aplicações geográficas, e à possibilidade de mapeamento dos esquemas produzidos para a implementação em SGBD espaciais, o que inclui a necessária identificação de restrições de integridade espaciais (Borges, 1996, 1997, 2001). O modelo OMT-G - parte das primitivas definidas para o diagrama de classes da UML - Unified Modeling Language; O modelo OMT-G é baseado em três conceitos principais: classes, relacionamentos e restrições de integridade espaciais. Suas classes básicas são: Classes Georeferenciadas e Classes Convencionais que fornece uma visão integrada do espaço modelado. Uma Classe Convencional descreve um conjunto de objetos com propriedades, comportamento, 3 A cota zero ou normal do Rio Tocantins é de 71,88m nos períodos de seca entre os meses de junho a setembro relacionamentos, e semântica semelhantes, e que possuem alguma relação com os objetos espaciais, mas que não possuem propriedades geométricas. Uma Classe Georeferenciada descreve um conjunto de objetos que possuem representação espacial e estão associados a regiões da superfície da terra. O modelo OMT-G formaliza a especialização das Classes Georeferenciadas em classes do tipo Geo-Campo4 e Geo-Objeto5 (Bérdard, 1996). 3. Terceira Fase é a fase da simulação dos dados sintéticos, neste caso os dados são relacionados às características sócio-econômicas dos habitantes da região; 6 4. Quarta Fase onde são feitos os testes da modelagem implementada utilizando-se a DML 7 Linguagem de Manipulação de Dados do SQL - Linguagem de Estruturada de Consulta. A Primeira e Segunda fase corresponde à fase do projeto conceitual que consiste na representação e no relacionamento das entidades que serão utilizadas no sistema final. Esta fase independe da tecnologia a ser utilizada. Os modelos conceituais permitem representar, de maneira abstrata e formal a realidade da aplicação. A Terceira Fase é a etapa do projeto lógico, fase posterior ao projeto conceitual. Define como cada entidade será armazenada, é dependente da tecnologia escolhida, apresenta como resultado final, o esquema do banco de dados geográfico. A Quarta Fase corresponde ao Projeto Físico, o desenvolvimento de rotinas para as consultas previamente estabelecidas, para que os usuários do sistema possam fazer suas análises. A base cartográfica do Município encontra-se em arquivos vetoriais que estão em formato CAD – Computer Aided Design. Os aspectos do relevo são representados através de pontos cotados e curvas de nível na Carta Planialtimétrica. A Figura 2 ilustra também a altimetria do distrito. Optou-se por utilizar o software de geoprocessamento SPRING, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE e distribuído livremente. Foi concebido como um BDG e projetado para operar em conjunto com um Sistema Gerenciador de Bancos de Dados - SGBD. O BDG é o repositório de dados de um SIG, armazenando e recuperando dados geográficos em diferentes geometrias (imagens, vetores, grades) e as informações descritivas (atributos não-espaciais) armazenadas em tabelas. No SPRING todas as informações descritivas sobre os dados geográficos são guardadas em tabelas do SGBD relacional associado ao sistema. O mapa vetorial urbano do distrito de Marabá Pioneira (Figura 2) encontra-se em formato dwg que é uma extensão de arquivos de desenho em 2D e 3D nativa do software AutoCAD Computer Aided Design (projeto assistido por computador) — criado e comercializado pela Autodesk, Inc. O modelo de dados geo-relacional foi desenvolvido no ArgoCASEGEO que é uma ferramenta CASE que tem como objetivo dar suporte à modelagem e projeto de BDG com base no modelo UML-GeoFrame. ArgoCASEGEO foi implementada como uma extensão do software ArgoUML (Tigris, 2005), é escrita em Java e tem livre distribuição e open-source (código-aberto). A ferramenta ArgoCASEGEO armazena o esquema conceitual de dados em um arquivo XMI através do Módulo Dicionário de Dados (Lisboa, 2007). A ferramenta também suporta aspectos simples de modelagem temporal, bem como possibilita a geração automática de esquemas lógicos de banco de dados, em formatos Shapefile ou TerraLib (Câmara, 1995). 4 Geo-campo representa a distribuição espacial de uma variável que possui valores em todos os pontos pertencentes a uma região geográfica, em um dado tempo t. 5 Geo-objeto é um elemento único que possui atributos não-espaciais ou não e está associado a múltiplas localizações geográficas. A localização pretende ser exata e o objeto é distinguível de seu entorno. 6 DML – Data Structured Language 7 SQL - Structured Query Language 3. MODELAGEM CONCEITUAL E FÍSICA Para satisfazer as necessidades de gerenciamento da ocupação dos espaços urbanos foi feito um inventário dos requisitos. O inventário foi essencial para que se tivesse como resultado as melhores análises no tratamento dos dados. Verificou-se assim que as perguntas que se queria responder por meio da inferência ao sistema são do tipo: Dado certo nível de elevação dos Rios, por exemplo, cota de 90 m: Quantas pessoas ocupadas; Quantas crianças em fase escolar; Quantos idosos; estão sendo diretamente impactados? Deve-se destacar que a carga no Banco de Dados é feita com dados sintéticos, uma vez que o governo Municipal ainda está em vias de finalização do cadastro geral de propriedades. A partir da análise dos requisitos foi possível detalhar as classes que irão compor o sistema. As classes Espaciais são: 1. Geo-campo temático referente aos 9 (nove) primeiros PI. a. A localização que descreve uma geo-região R; b. O contradomínio que descreve um conjunto de valores V, sendo V = {habitacional, educacional, saúde, cultura esportes e lazer, comércio, indústria, serviços públicos, serviços em geral, meio ambiente}; c. Mapeamento que descreve uma função f : R |→ V. 2. Geo-objeto Lote e Quadra e Unidade: representado por um polígono, composto por: um atributo espacial e atributos convencionais. Na Figura 3 as classes em rosa são referentes aos objetos não espaciais, e as em amarelo são referentes aos objetos espaciais (geo-objeto). Um caso especial de associações é a agregação. Em uma agregação um objeto está contido no outro, ou seja, se um objeto A é parte de um objeto B, o objeto B não pode ser parte do objeto A. Um comportamento que se aplica a um todo automaticamente se aplica às suas partes. É representada como uma linha conectando as classes relacionadas, com um diamante (losango) vazado perto da classe que representa o todo. As associações de agregação são as relações entre: SETOR-QUADRA, DISTRITO-SETOR, QUADRA-LOTE e LOTE-HABITANTE. As demais relações são do tipo simples associação. Para efeitos de simplificação foram omitidos, na Figura 3 os atributos das classes não espaciais, preferiu-se destacar o domínios destas classes na Figura 4 para maiores esclarecimentos das informações que se quer extrair em uma consulta. A interface (Figura 5) de interação com o sistema foi criada para facilitar o acesso às rotinas, contendo menus, caixas de seleção. É importante ressaltar que, as rotinas desenvolvidas são previamente elaboradas e atendem de forma significativa às necessidades da análise, entretanto poderão existir novas consultas e análises mais sofisticadas que poderão ser agregadas ao sistema no futuro. Através da interface o usuário poderá selecionar as variáveis de interesse como, por exemplo, idade, ocupação, condição do lote através de caixas de seleção. Poderá selecionar o Plano de Informação (habitacional, comercial, saúde, etc) desejado. Poderá também selecionar um trecho do Distrito ou todo o distrito através de coordenadas planas, e ainda selecionar a cota de nível dos rios. Os resultados da simulação, ou seja, o Relatório é gerado em formato de planilha eletrônica ou em formato texto, e salvo para consultas futuras. Figura 3 – Modelo Conceitual do Plano de Informação Habitacional 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 T_OCUPAÇÃO_LOTE Não Construido Ruínas Em demolição Construção Paralisada Em Construção Construído T_MATERIAL_PAREDES Improvisado Taipa Madeira Tijolo/Alvenaria Concreto T_OCUPAÇÃO Funcionário Público Funcionário Privado Desempregado Autônomo Ambulante Estudante Doméstica Empresário Comerciante Desoculpados T_ESTRUTURA Madeira Alvenaria Metálica Concreto 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 T_TIPO_LOGRADOURO Avenida Rua Travessa Alameda Largo Praça T_TIPO_CONSTRUÇÃO Cômodo Casa Apartamento Loja Sala Galpão Telheiro Indústria Especial T_COBERTURA Improvisado Palha/Zinco Fibro-cimento Cavaco Telha de barro Laje Especial 1 2 3 4 5 6 T_ESCOLARIDADE Fund. Completo Fund. Incompleto Paralizado Fund. Incompleto Cursando Médio Completo Médio Incompleto Paralizado Médio Incompleto Cursando Superior Completo Superior Incompleto Paralizado Superior Incompleto Cursando Analfabeto T_BENEFÍCIOS Aposentadoria Bolsa Familia Bolsa Trabalho Auxilio Doença Outros Benefícios Não recebe benefícios 1 2 3 4 5 6 T_FATORES_CRITICOS Mãe em amamentação Doente em tratamento domiciliar Deficiente Físico Deficiente Mental Recém Nascido Sem Observancias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Figura 4 – Descrição dos domínios das classes não espaciais Figura 5 – Interface do sistema de gestão de impactos de Inundação 4. DISCUSSÃO Nos dias atuais, o aumento do número de pessoas vivendo em áreas de risco de escorregamentos, enchentes e inundações têm sido uma das características negativas do processo de urbanização e crescimento das cidades brasileiras, verificado principalmente nas regiões metropolitanas. Para que as Administrações Municipais possam atender às novas demandas criadas é essencial um incremento na eficiência, através de novas abordagens e do uso de métodos modernos de integração e análise. Assim, a existência dos SIG Municipal é para além de um meio de produção dinâmica de informação georeferenciada, é também um indicador de modernização do trabalho técnico autárquico. Quando se planeja a ocupação do espaço urbano é imprescindível pensá-lo para as pessoas, pois, as cidades são movidas por dinâmicas de toda ordem, políticas, econômicas, sociais, religiosas, enfim, por uma série de fenômenos relacionados ao planejamento. Assim sendo, os SIGs podem auxiliar nas atividades de planejamento e desenvolvimento dos setores da administração pública e privada, envolvendo meio ambiente, urbanismo, saúde, educação, transportes, telecomunicações, bem como atividades de entretenimento e lazer. A modelagem conceitual e física efetuada atendeu satisfatoriamente os requisitos do sistema. Mostrou-se eficiente como instrumento para a caracterização dos habitantes que são diretamente impactados pelas enchentes e inundações. E o SIG permitiu por meio de inferências ao BDG a quantificação e espacialização da ocupação urbana nas áreas de risco potencial. Os resultados fornecem ainda contribuições importantes para subsidiar propostas de ordenamento territorial futuro. Deve-se destacar ainda que a modelagem desenvolvida pode ser facilmente aplicada aos outros Distritos da Cidade, mostrando assim sua versatilidade. Como sugestão para trabalhos futuros, espera-se utilizar dados reais para revalidar o modelo desenvolvido. REFERÊNCIAS Bédard, Y., Caron, C., Maamar, Z., Moulin, B., Vallière, D., 1996, Adapting data models for the design of spatio-temporal databases. Computers, Environment and Urban Systems, London, v.20, n.1, pp.19-41. Borges, K. A. V., Fonseca, F. T., 1996 Modelagem de dados geográficos em discussão. In: GIS BRASIL96, Curitiba. Anais... pp.525- 532. Borges, K. 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MODELLING A GEOGRAPHICAL DATABASE: CASE OF STUDY MUNICIPAL DISTRICT OF MARABÁ, PA Abstract. Most Brazilian cities grow-up chaotically. The urban occupation frequently occurs without considering the physical environment. The inefficiency of urban planning results in severe problems such as urban occupation in risk areas. This interferes negatively with the population quality of life, causing many negative consequences at short, medium and long range. The objective of the article is to describe the conceptual and physical modeling of the geographical database of the urban occupation of the Municipal district of Marabá. The conceptual and physical modeling was satisfactory to the requirements of the system. It was shown efficient as instrument to classify the inhabitants' socioeconomic aspects. Results show the usefulness socio-economic model for the survey of urban land use over risk area, fundamental information for Municipal administration planning. The prototype of this application provides the simulation of sceneries considering degrees of floods. Still, the interface can offer the calibration of the parameters of the models in a facilitated way and manipulation of values in thematic maps. Keywords: Geographic Information System, urban planning, geographic data model, risk area.