Economia de Mercado Módulo 16 – A EFICIÊNCIA DO MERCADO A eficiência é uma constante na gestão. A administração eficiente de recursos escassos para o atendimento das necessidades ilimitadas traduz­se pela relação entre os produtos obtidos e os recursos utilizados, ou seja: Por sua vez, já que eficiência confunde­se, muitas vezes, com eficácia, vejamos como Peleias3 contrapõe esses dois importantes conceitos. Para ele, a eficácia constitui a relação entre os resultados obtidos e os resultados pretendidos, ou seja: A medição da eficiência do mercado como regulador da atividade econômica consiste na máxima satisfação de consumidores e, por seu turno, máxima satisfação de produtores. Tanto do ponto de vista de quem compra como do ponto de vista de quem vende, a relação entre um e outro deve resultar no máximo de satisfação possível. Existirá um ponto de encontro entre esses interesses, quando se trata de preço? O dia­a­dia mostra que sim, porque bilhões de transações são encetadas e finalizadas a contento todos os dias, congregando os interesses de compradores e vendedores. Vamos partir, inicialmente, da equação do consumidor. Seu excedente resulta de um valor percebido nos produtos — o disposto a pagar — e um valor efetivamente pago. 3 PELEIAS, Ivam Ricardo. Controladoria: gestão eficaz utilizando padrões. São Paulo: Saraiva, 2002. Quando o valor percebido é maior do que o valor efetivamente pago, resulta um excedente positivo, gerador de satisfação para o consumidor: Por sua vez, a equação do produtor indica que o seu excedente é determinado pela diferença entre o valor recebido pela venda e o custo de produção: A efi ciência do mercado reside na equiparação entre esses dois excedentes. Se ambos estiverem iguais, então o mercado é um excelente regulador das relações de compra e venda entre os agentes consumidores e os agentes produtores. Evidentemente, quando o valor recebido pelo produtor é o mesmo valor pago pelo consumidor, isso nos remete a uma simplificação da equação acima tal que a soma dos interesses envolvidos, ou seja, o excedente do consumidor com o excedente do produtor, deverá resultar em: Portanto, o excedente total — retratado pela soma dos excedentes de consumidores e produtores — é o resultado da diferença entre o valor percebido — aquele que o consumidor está disposto a pagar — e o custo de produção do bem ou serviço. Pode­se deduzir, assim, que um mercado é eficiente quando a alocação de recursos — os recursos utilizados — torna máximo o excedente total — dado pela diferença entre o preço que o consumidor está disposto a pagar pelo bem (valor percebido) e o custo de produção desse mesmo bem, conforme retratado acima. Essa eficiência pode ser evidenciada graficamente: Depreende­se, pois, que a eficiência do mercado reside na equiparação do excedente do consumidor com o excedente do produtor. A implementação de políticas econômicas voltadas para o aumento da produtividade pode possibilitar ao produtor uma racionalização dos seus custos, para que existam excedentes em relação ao preço praticado no mercado. Por seu turno, a concorrência entre os produtores fará com o que preço seja reduzido cada vez mais, possibilitando excedentes do consumidor. Quando os excedentes de um e de outro agente do mercado equiparam­se, dá­ se a eficiência do mercado. Enquanto esse processo não acontece, existem hiatos que necessitam de uma consideração: Posições à esquerda da quantidade de equilíbrio indicam um descompasso entre a quantidade que se deseja adquirir e a quantidade que se deseja oferecer no mercado. Nesse ponto, que denominamos Q­, o custo para os ofertantes é menor do que o valor para os consumidores, isto é: o valor para os consumidores é maior do que o custo para os ofertantes, existindo, portanto, um desequilíbrio entre os interesses envolvidos na transação. De maneira oposta, o ponto Q+, situado acima de uma quantidade que iguala os interesses de demandantes e ofertantes, como qualquer outro ponto acima da quantidade de equilíbrio entre a oferta e a procura, denota que o valor para os consumidores é menor do que o custo para os ofertantes, isto é: o custo para os ofertantes é maior do que o valor para os consumidores, também denotando uma posição de desequilíbrio entre os interesses de oferta e demanda. Evidentemente, essa situação será reforçada quando um dos lados — oferta ou demanda — exercer um poder de mercado. Essa noção concretiza­se, então, quando um comprador ou um vendedor, ou mesmo um pequeno grupo de compradores ou de vendedores, concentrar forças suficientes para controlar a demanda ou a oferta. Logo, o preço não será mais decorrência do interesse de muitos compradores e vendedores, e, então, ocorrerá uma ineficiência de mercado, com o preço e a quantidade fora de equilíbrio, distorcendo a igualdade entre o excedente do consumidor e o excedente do produtor. Essa igualdade, sim, é o indicativo da eficiência do mercado. Os determinantes da demanda e da oferta na formação do preço de venda Conforme observado na teoria econômica, os preços são estabelecidos na intersecção das curvas de oferta e de demanda. Concretamente, no entanto, essa norma pouco auxilia a empresa. Esses conceitos podem ser úteis para quando se queira comprovar determinada teoria­modelo. No entanto, o preço utilizado por uma empresa depende necessariamente dos preços vigentes para a sua categoria de produtos e mercado de atuação, ajustados de acordo com as diferenças (percebidas pelos potenciais compradores), entre elas as dos produtos de outros fabricantes. O processo de formação e mudança de preços inclui as seguintes iniciativas passíveis de serem tomadas pelos gestores de empresas competitivas: • Determinar o valor do mercado de um produto em comparação com os preços dos produtos competitivos; • Sondar mudanças na oferta e na demanda e, se estas forem constatadas, deverão ajustar­ se à nova situação, comprovando a disposição dos competidores de mudar seus preços; • Ajustar progressivamente o preço segundo as variações dos custos e impedir que uma escalada dos custos venha a prejudicar o lucro. O processo de formação de preços é, portanto, repetitivo, exigindo uma apreciação constante da evolução do mercado por meio de procedimentos de tentativa e erro, com risco determinado. Um particular aspecto da formação de preços de vendas relacionado com os atributos da oferta e da demanda confirma­se quando a demanda de diversos produtos, especialmente produtos industriais, é uma derivada que depende de outros setores. Por exemplo: motores de caminhão. Sua demanda depende da demanda de caminhões. Assim, uma redução nos preços dos motores provavelmente não conseguirá aumentar o volume total de suas vendas, sem um correspondente aumento nas vendas de caminhões. Também, quando um produto que exige a educação prévia do consumidor para seu uso e se encontra nas primeiras fases do seu desenvolvimento, não é seguro que as reduções no preço consigam estimular as vendas. Nessa fase inicial, será necessário recorrer a outras variáveis significativas, como: preços de produtos substitutos, preços de produtos complementares, a própria renda do comprador, suas preferências e outros fatores aleatórios, como alterações climáticas. Os conceitos de elasticidade­preço da demanda contribuem para a detecção de relação entre os bens comparados. Vejamos o significado técnico dessas ferramentas de apoio ao entendimento dos determinantes da oferta e da demanda nos preços de venda. SUMÁRIO DO TEMA: O tema compara os excedentes do consumidor e do produtor para, daí, resultar a eficiência de mercado, dada pelo equilíbrio entre um e outro.