10. Histórico da educação da primeira infância No que se refere à educação da criança pequena, práticas educativas e conceitos básicos foram instituídos a partir das concepções de infância que surgiram ao longo da história. Para o profissional da educação infantil torna-se imprescindível conhecer o percurso histórico dessa modalidade de atendimento. Os primeiros passos da educação infantil no mundo Durante vários séculos, o cuidado e a educação das crianças pequenas foram entendidos como tarefas de responsabilidade familiar no âmbito feminino (mãe ou outras mulheres). Apesar do predomínio quase exclusivo do contexto doméstico, na educação da criança pequena, arranjos alternativos foram surgindo principalmente para prestar cuidados àquelas em situação desfavorável. CURIOSIDADE Segundo a enciclopédia virtual Wikipédia, a família representa um grupo social primário que influencia e é influenciado por outras pessoas e instituições. É um grupo de pessoas, ou um número de grupos domésticos ligados por descendência (demonstrada ou estipulada) a partir de um ancestral comum. Dentro de uma família existe sempre algum grau de parentesco. Membros de uma família costumam compartilhar do mesmo sobrenome, herdado dos ascendentes diretos. Tais arranjos culturalmente construídos ao longo da história envolveram desde o uso de redes de parentesco, nas sociedades primitivas até “mães mercenárias” na Idade Antiga. No entanto, a educação da primeira infância permanecia no âmbito doméstico da família seja ela legítima ou temporária. Desenho ilustrativo da Roda dos Expostos Disponível em http://images.google.com.br Segundo Oliveira (2002), na Idade Média e Moderna a fim de evitar o infanticídio foram criadas para o recolhimento das crianças abandonadas a “roda dos expostos”- cilindros ocos, de madeira giratórios construídos em muros de igrejas ou hospitais, que permitiam que bebês fossem deixados, preservando a identidade de quem trazia. Roda dos Expostos Museu Etnográfico González Santana, Olivença- Portugal Disponível em http://images.google.com.br A responsabilidade por esse recolhimento ficava a cargo de entidades religiosas, que procuravam fazer com que as crianças enjeitadas fossem conduzidas para “lares substitutos” ou a um ofício quando crescessem. Uma interpretação bastante comum relacionada ao abandono está em atribuí-lo a motivos morais. Entre a população branca, no período do Brasil colonial, o comportamento feminino dentro dos padrões morais estabelecidos era permanentemente fiscalizado pela Igreja e pela comunidade. Assim, um filho ilegítimo (de mulheres negras e mestiças) não desonrava a mãe no mesmo grau de uma mulher branca. Dessa forma, a Roda dos Expostos procurava evitar os crimes morais, protegendo as mulheres brancas e solteiras dos escândalos, ao mesmo tempo que oferecia uma alternativa à crueldade do infanticídio. Uma segunda interpretação do abandono seria o resultado da miséria e indigência das mães. A escravidão e a miséria deixaram como herança, séculos de instabilidade doméstica, o que levou mães das camadas populares a improvisarem até mesmo as formas de amor e de criação dos filhos: uma prática comum entre as mães pobres consistia na distribuição de seus filhos entre parentes, amigas ou comadres para os criarem. Para Oliveira (2002), “As idéias de abandono, pobreza, culpa, favor e caridades impregnam, assim, as formas precárias de atendimento a menores nesse período e por muito tempo vão permear determinadas concepções acerca do que é uma instituição que cuida da educação infantil, acentuando o lado negativo do atendimento fora da família”(Oliveira, 2002, p.59) CURIOSIDADE Desde a aurora das civilizações, existiu o hábito de abandonar crianças. O abandono e o infanticídio existiram mesmo na civilização helénica. Na Roma antiga, reconhecia-se ao pater famílias, o direito de enjeitar os filhos, mesmo os legítimos. As crianças “enjeitadas” eram deixadas na columna lactária, onde podiam ser recolhidas por pessoas que as quisessem adotar ou fazerem delas escravos.(Oliveira, 2002). Com o Renascimento, a expansão comercial e as atividades artísticas ocorridas nesse período estimularam novas visões sobre a criança e de como ela deveria ser educada. Ao mesmo tempo devido aos conflitos e guerras freqüentes as crianças continuavam vítimas da pobreza, abandono e maus tratos. Em resposta a essa situação foram criados serviços de atendimentos com mulheres da própria comunidade. Segundo Oliveira (2002), com surgindo arranjos mais formais para instituições de caráter filantrópico, mortandade infantil e as péssimas operários. a Revolução Industrial, gradativamente foram o atendimento das crianças fora da família em cuja preocupação principal era combater à condições de saúde das crianças, filhos dos Na Idade Moderna, com o avanço da ciência, o crescimento da urbanização e transformação da estrutura familiar, a idéia de educação infantil ganha força nas concepções dos autores como Comênio, Rousseau, Pestalozzi, Decroly, Froebel e Montessori; entre outros que estabeleceram as bases para um sistema de ensino infantil reconhecendo as especificidades da criança.