comércio internacional de cavalos vivos: evolução

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XLV CONGRESSO DA SOBER
"Conhecimentos para Agricultura do Futuro"
COMÉRCIO INTERNACIONAL DE CAVALOS VIVOS: EVOLUÇÃO,
COMPETITIVIDADE E AGENDA DE PESQUISA PARA O BRASIL
ROBERTO ARRUDA DE SOUZA LIMA (1) ; ANA CECÍLIA FERRUCCI (2) .
1.ESALQ, PIRACICABA, SP, BRASIL; 2.FMU, SÃO PAULO, SP, BRASIL.
[email protected]
APRESENTAÇÃO ORAL
COMÉRCIO INTERNACIONAL
COMÉRCIO INTERNACIONAL DE CAVALOS VIVOS:
EVOLUÇÃO, COMPETITIVIDADE E AGENDA DE PESQUISA
PARA O BRASIL
Grupo de Pesquisa: 3- Comércio Internacional
Resumo
A década de 90 do século XX marcou a eqüinocultura brasileira devido a forte crise que,
entre outras conseqüências, resultou na necessidade de investimentos na qualidade do
plantel nacional. A elevação da qualidade de nossos cavalos permitiu um comércio
internacional mais ativo, com volumes crescentes, ano a ano, de exportações de cavalos
vivos, sendo que, paralelamente, o Brasil continuou importando eqüinos. Este estudo
apresenta algumas características das exportações e importações brasileiras de cavalos
vivos, verificando a importância dos Estados no comércio internacional destes animais, as
origens das importações e os destinos das exportações. A seguir, é discutida a vantagem
comparativa neste mercado, considerando os países que compõem o Mercosul.
Adicionalmente, é apresentada uma agenda para investigações futuras sobre o tema.
Espera-se, com este trabalho, apresentar mais subsídios para análise das potencialidades do
cavalo vivo no mercado externo.
Palavras-chaves: eqüinocultura, agronegócio, exportação, Mercosul, competitividade.
Abstract
1
Londrina, 22 a 25 de julho de 2007,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
XLV CONGRESSO DA SOBER
"Conhecimentos para Agricultura do Futuro"
The years 90`s in the twentieth century, deeply marked the horse breeding in Brazil due to
a strong crisis, which amongst other consequences, promoted investments in the quality of
the national herd. The improvement in the quality of years, in the rate of live horses export
numbers, whilst Brazil importing horses too. This study shows some characteristics of the
Brazilian live horses export and import activity, confirming the importance of the states
participation in the international trading of these animals, the importation sources and
exportations destinies. Following it’s discuss the comparative advantage in this market,
considering the Mercosul pays. In addition, for futures investigations about the subject, an
agenda is open. It is expected from this search, to present more information to analyze the
potentialities of the live horse in the overseas market.
Key Words: equine, agribusiness, export, Mercosul, competitiveness.
1. INTRODUÇÃO
A preocupação com o melhoramento da qualidade genética do plantel brasileiro fez
com que, ainda no século XIX, Duque de Caxias iniciasse e estimulasse a importação de
animais de qualidade superior. Um pouco mais tarde, em 1907, a fundação do Posto
Zootécnico da Mooca, em São Paulo (SP), reforçou a busca por animais de qualidade da
Europa (principalmente na França, Alemanha e Hungria) e na Argentina.
Nos anos 80, o mercado importador viveu uma fase de euforia, em grande parte
devido à crise no mercado norte-americano1. Essa crise resultou no aumento da oferta de
animais de grande qualidade a baixos preços. Poucos anos mais tarde, a eqüinocultura
brasileira também passou por uma séria crise. Após o boom dos anos 80, o início da
década de 90 apresentou uma fase bastante negativa para o setor. Os que sobreviveram
esta fase foram aqueles que investiram em qualidade. O aprimoramento resultante teve
reflexo positivo no plantel nacional e os seus animais passaram a ter reconhecimento
internacional (Barros et al., 2006). Como conseqüência, o volume de exportações
brasileiras de cavalos vivos aumentou consideravelmente nos últimos anos, saltando de
cerca de US$ 260 mil, em 1996, para valores próximos superiores a US$ 2.000 mil, em
2005 (Tabela 1).
Tabela 1 – Mercosul: exportações e importações anuais de cavalos vivos, por país, período
de 1986 a 2005.
Argentina
Brasil
Paraguai
Uruguai
Ano
Export. Import.
Export. Import.
Export. Import.
Export. Import.
1986
1.172
637
138
4.893
109
408
1.723
287
1987
4.048
1.244
71
5.585
5
492
1.330
730
1988
5.708
461
148
3.972
464
1.046
445
1989
6.139
514
182
7.305
7
116
1.241
304
1990
5.655
1.174
242
13.866
5
208
805
194
1991
5.402
1.145
163
6.662
10
79
1.843
93
1992
5.085
2.288
306
2.501
13
101
1.048
88
1
O Governo Reagan eliminou, de maneira substancial, uma série de significativos incentivos fiscais e
creditícios, desestabilizando o setor de eqüideocultura nos Estados Unidos.
2
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1993
5.922
1.535
374
2.311
12
279
1994
6.776
1.817
589
2.294
1
83
1995
9.782
1.477
281
3.319
2
252
1996
7.532
1.321
259
1.447
20
159
1997
14.195
2.007
706
2.315
29
107
1998
14.007
1.828
716
865
11
59
1999
10.061
1.506
2.279
615
65
2000
10.122
1.727
1.522
1.134
30
124
2001
14.843
1.797
1.057
747
21
131
2002
7.146
699
956
541
34
2003
6.745
1.021
1.460
455
16
74
2004
8.166
1.022
2.069
1.207
9
33
2005
10.754
2.266
2.054
869
nd
nd
nd = não disponível
Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados de IMF (2007).
899
1.069
669
673
654
810
784
640
866
302
285
265
nd
183
131
259
284
232
381
271
284
272
257
279
399
nd
Considerando os países que compõem o Mercosul, observa-se que a Argentina
destaca-se dos demais países, com valores mais altos de exportações e, assim como o
Brasil, apresentando crescentes saldos comerciais no período de 1986 a 2005 (Tabela 1).
A despeito desse significativo desempenho, o segmento de eqüinos tem sido pouco
estudado quando comparado com os outros setores do agronegócio brasileiro. Assim, o
objetivo principal deste trabalho, é apresentar as características das exportações brasileiras
de cavalos vivos e realizar análise referente a competitividade, neste mercado, dos países
que compõem o Mercosul. Como objetivos secundários e assessórios, o estudo visa
mensurar a importância relativa dos Estados exportadores, dos meios de transporte, dos
locais de embarque e destinos dos animais. Ao final, é discutida uma agenda de pesquisa
sobre o tema, buscando auxiliar na compreensão das potencialidades e oportunidades do
cavalo brasileiro no mercado externo.
2. Metodologia e fonte dos dados
Inicialmente, para caracterização das exportações e importações brasileiras de
cavalos vivos, foram coletados dados – como, por exemplo, os Estados exportadores e
importadores, os meios de transporte utilizados, aos locais de embarque e os destinos e
origens dos cavalos – através do sistema Aliceweb, do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio (MDIC) – SECEX. O período utilizado para esta caracterização
abrange de janeiro de 2000 a dezembro de 2005.
Os dados foram tabulados e os gráficos resultantes foram analisados
descritivamente. A título de referência e base de analise comparativa com o mercado
internacional, foram coletados dados da Food and Agriculture Organization of the United
Nations (FAO) a respeito das exportações e importações mundiais de cavalos vivos. Além
disso, informações adicionais foram obtidas diretamente dos exportadores e importadores
de cavalos vivos, através de entrevistas informais e semi-estruturadas.
Na seqüência, o estudo considerou dados referentes aos países que compõem o
Mercosul: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Foram coletados dados, junto à
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO (2007), referentes
3
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às exportações e importações anuais de cavalos vivos, na condição FOB (free on board), no
período de 1985 a 2005. Também foram coletados dados referentes às importações e
exportações mundiais, tanto de cavalos vivos (FAO, 2007) quanto comércio mundial total
(conforme informações disponíveis no site do Fundo Monetário Internacional2).
Adicionalmente, foram levantados os valores referentes ao Produto Interno Bruto (PIB)
dos países estudados, para o mesmo período, junto ao Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA, 2007).
Foram analisados os seguintes indicadores: posição no mercado mundial; vantagem
comparativa corrigida pelo PIB, taxa de cobertura e indicador de assimetria. Para o cálculo
desses indicadores, de cada país analisado, foi adotado o procedimento descrito a seguir,
com base em David & Nonnenberg (1997).
A) Para calcular a Posição no Mercado Mundial (Sik) de cada país analisado,
utilizou-se a equação 1.
 Xik − Mik 
Sik = 
 × 100
 Wk

(1)
Em que:
Sik = Posição no mercado mundial de carne de cavalo;
Xik = Exportações de cavalos vivos no país i (em US$ FOB);
Mik = Importações de cavalos vivos no país i (em US$ FOB); e,
Wk = Exportações de cavalos vivos em todo o mundo (em US$ FOB).
B) Para calcular a Vantagem Comparativa Corrigida pelo PIB, que “representa a
relação entre uma participação neutra e a participação efetiva do produto no
comércio total do mesmo, corrigida pelo PIB” (David & Nonnenberg, 1997,
p.14), utilizou-se a equação 2.
fik = yik − gik × yi
(2)
Em que:
fik = Vantagem comparativa corrigida pelo PIB;
yik = quociente do saldo comercial do país i pelo respectivo PIB;
gik = quociente do comércio (exportações + importações) de cavalos
vivos pelo comércio Total (exportações totais + importações
totais no país i)do País; e,
yi = quociente do saldo comercial total do país i pelo respectivo PIB.
C) Para calcular a taxa de cobertura utilizou-se a equação 3.
T=
Xik
Mik
(3)
Em que:
2
Vide WEO (2006)
4
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T = Taxa de Cobertura;
Xik = Exportação de cavalos vivos no país i; e,
Mik = Importação de cavalos vivos no país i.
D) Para calcular o indicador de assimetria, que mostra a participação dos cavalos
vivos nas exportações totais do país, utilizou-se a equação 4.
S=
Xik
Xi
(4)
Em que:
S = Indicador de Assimetria;
Xik = Exportação de cavalos vivos no país i; e,
Xi = Exportação total do País i.
2. Resultados
2.1 Caracterização das exportações e importações brasileiras de cavalos vivos
Atualmente, o principal país importador de cavalos vivos do Brasil são os Estados
Unidos da América que respondeu por 38,9% das nossas exportações, em 2004, e 50,5%,
em 2005. Angola aparece como segundo maior importador, com 23,9% das exportações
em 2004 e 23,0% em 2005. Em 2004, o terceiro lugar foi ocupado pelo México, com
14,3%. Já, em 2005, aparece o Uruguai ocupando o terceiro lugar, com 7,14%. A Figura 1
apresenta os destinos das exportações brasileiras de cavalos vivos no ano de 2005.
África do Sul
2,3%
Reino Unido
3,1%
Venezuela
4,3%
Uruguai
7,1%
Holanda Argentina
2,1%
1,5%
Outros
6,0%
Estados Unidos
50,5%
Angola
23,0%
Figura 1 – Brasil: principais destinos das exportações de cavalos vivos no ano de 2005, em
percentagem do valor total das exportações.
Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados do MDIC (2006)
5
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Tradicionalmente, os Estados Unidos e a África do Sul têm sido os principais mercados
para os cavalos vivos do Brasil. Entretanto, mais recentemente, o Brasil tem buscado
oportunidades em outras regiões (Tabela 2).
Tabela 2 – Brasil: volume das exportações anuais de cavalos vivos, por país de destino,
2000 a 2005, em US$ mil (FOB).
País
África do Sul
Alemanha
Angola
Arábia Saudita
Argentina
Áustria
Bahamas
Bélgica
Bolívia
Chile
Emirados Árabes Unidos
Equador
Espanha
Estados Unidos
França
Guiana Francesa
Irlanda
Itália
Jordânia
México
Noruega
Paises Baixos (Holanda)
Panamá
Paraguai
Portugal
Reino Unido
2000
10,0
−
−
−
85,0
4,9
7,0
5,5
−
1,2
−
−
−
1.253,3
3,0
−
4,5
−
−
65,9
−
10,0
−
18,1
−
4,8
2001
70,4
13,4
−
−
53,4
18,6
−
17,5
−
24,4
40,0
4,5
−
698,8
−
3,9
−
4,0
−
29,6
−
−
1,5
5,3
6,5
9,5
2002
72,0
12,0
−
2,0
21,5
5,5
−
15,3
−
10,4
13,0
−
3,8
656,8
−
−
−
2,0
−
−
−
−
38,5
9,2
−
3,0
2003
48,0
7,0
−
−
22,3
−
−
10,8
−
69,1
47,2
−
11,8
985,1
3,0
−
−
10,5
−
216,2
−
−
−
29,7
28,0
32,5
2004
30,0
6,0
494,3
28,2
30,6
8,3
−
1,5
−
8,0
13,2
39,1
9,0
804,0
22,0
−
−
13,1
5,8
295,5
3,8
4,5
2,0
−
24,2
29,7
2005
47,0
10,6
472,0
−
31,5
4,8
−
7,0
1,7
2,0
27,0
22,4
5,0
1.037,2
25,0
−
−
14,0
−
3,0
−
44,0
−
−
−
63,1
6
Londrina, 22 a 25 de julho de 2007,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
XLV CONGRESSO DA SOBER
"Conhecimentos para Agricultura do Futuro"
Uruguai
Venezuela
Total
43,3
45,8
7,5
−
1.518,5 1.373,5
75,5
8,4
948,8
56,1
143,9
146,5
51,4
88,9
−
1.577,4 2.068,2 2.052,8
Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados do MDIC (2006)
Analisando as exportações brasileiras por unidade da federação, percebe-se que o Estado
de São Paulo tem sido o maior exportador brasileiro, seguido – de longe – por Rio de
Janeiro. Nesse período, tanto o volume exportado por São Paulo quanto pelo Rio de
Janeiro tem mostrado tendência de aumento (Tabela 3).
Tabela 3 – Brasil: valor das exportações anuais de cavalos vivos, por unidade da federação,
2000 a 2005, em US$ mil (FOB).
UF
CE
GO
MT
MS
MG
PA
PE
PR
RJ
RS
RO
SC
RR
SP
2000
−
1.800
−
19.139
13.400
−
−
−
615.197
26.670
−
−
−
819.236
2001
−
−
−
5.300
1.500
3.856
13.404
35.640
592.700
35.970
−
−
−
669.282
2002
−
−
−
400
3.000
−
−
16.375
185.201
62.523
−
−
8.436
665.378
2003
−
−
−
−
5.500
−
−
42.879
166.170
39.379
−
−
−
1.167.469
2004
8.000
−
−
−
57.625
−
6.000
15.000
180.600
106.750
−
−
−
1.622.263
2005
−
−
5.000
3.300
90.747
−
−
62.446
203.800
89.405
1.725
3.900
−
1.540.884
Obs.: A soma das exportações por Unidade da Federação não corresponde ao total exportado
pelo Brasil, pois há uma parcela das exportações que não se encontram identificadas no
MDIC (2006).
Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados do MDIC (2006).
Da mesma forma que no caso das exportações, os Estados Unidos são também os
principais parceiros no que se refere às importações brasileiras de cavalos vivos3. Chile e
Bélgica também têm sido importantes fornecedores de cavalos para o Brasil (Tabela 4).
3
Os Estados Unidos adquiriram um destaque especial no comércio com o Brasil na década de 80. Naquela
época, durante o ajuste fiscal imposto pelo Governo Reagan, houve a suspensão dos fartos subsídios e
benefícios que eram concedidos aos criadores de cavalos norte-americanos. Isso acabou afetando
fortemente a indústria de eqüinos, instalando uma crise nos Estados Unidos que criou grandes
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Tabela 4 – Brasil: evolução do volume anual de importação de cavalos vivos, 2000 a 2005,
em US$ mil (FOB).
País
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Alemanha
28,8
36,7
6,0
12,0
2,7
32,6
Argélia
55,0
−
−
−
−
−
Argentina
177,8
310,3
121,1
93,6
96,7
76,2
Bélgica
63,7
85,5
85,5
88,6
73,6
119,1
Canadá
3,0
−
−
−
−
−
Colômbia
4,5
−
−
−
−
−
Chile
2,0
21,5
20,0
57,8
168,7
−
Estados Unidos
213,7
150,1
199,2
201,9
232,2
245,9
França
8,1
25,9
20,0
2,9
9,0
6,8
Hungria
2,0
−
−
−
−
−
Irlanda
14,5
4,7
2,3
−
−
−
México
1,5
3,0
−
−
−
−
Paises Baixos (Holanda)
11,7
6,5
1,0
71,1
85,9
−
Paraguai
17,9
1,6
−
−
−
−
Polônia
100,0
17,6
2,3
−
−
−
Portugal
52,0
23,0
20,0
17,5
52,9
−
Reino Unido
3,6
20,5
8,8
12,8
1,4
9,9
Suécia
3,5
3,5
8,5
2,1
101,5
14,5
Uruguai
1,3
7,2
8,9
8,9
4,2
5,7
Não Identificado
3,2
−
−
−
−
−
Total
629,6
746,1
533,1
457,3
674,1
867,6
Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados do MDIC (2006)
É interessante observar que alguns Estados que tradicionalmente não eram destinos das
importações brasileiras – Espírito Santo, Goiás e Mato Grosso – surgem com volumes
significativos de importações em 2005 (Tabela 5).
oportunidades para importadores brasileiros. Foi uma época que exemplares de excelentes linhagens foram
trazidos para o Brasil, impulsionando a criação nacional.
8
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Tabela 5 – Brasil: evolução do volume anual das importações de cavalos vivos, por
unidade da federação (UF) de destino, 2000 a 2005, em US$ (FOB).
Unidade da Federação 2000
2001
2002
2003
2004
2005
Bahia
5.500
−
−
−
−
−
Espírito Santo
113.050
−
−
−
−
−
Goiás
4.000 39.819
−
−
−
−
Mato Grosso
9.000 20.000
−
−
−
−
Mato Grosso do Sul
4.000 12.700
−
−
−
−
Minas Gerais
3.500
10.927
1.675
1.852
16.255
−
9.540
Paraná
7.645
7.288
−
−
−
Rio de Janeiro
17.900
2.000
−
−
−
−
Rio Grande do Sul
23.900 50.500 58.823 95.206 215.097 65.941
São Paulo
27.000 39.100 69.525 11.000
6.065 83.780
Obs.: A soma das importações por UF não corresponde ao total importado pelo Brasil, pois há
uma parcela das importações que não se encontram identificadas no MDIC (2006).
Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados do MDIC (2006)
As Tabelas 6 e 7 apresentam os principais países exportadores e importadores de cavalos
vivos no mercado mundial. A comparação desses dados com aqueles apresentados nas
Tabelas 6 e 7 mostra que o Brasil não tem entre seus parceiros tradicionais, com poucas
exceções (principalmente dos Estados Unidos), os principais países exportadores e
importadores em nível mundial. Isto indica que ainda há um grande mercado para ser
explorado e conquistado pelo Brasil no comercio internacional de cavalos vivos.
Curiosamente, o Brasil ocupou a 31ª posição tanto nas exportações mundiais (0,11% do
mercado) quanto nas importações mundiais (0,06% do mercado).
Tabela 6 – Mundo: volume das exportações (em US$ mil FOB) e participação percentual
dos principais países no mercado de cavalos vivos, em 2004.
País
Estados Unidos
Reino Unido
Emirados Árabes
Irlanda
França
Holanda
Nova Zelândia
Alemanha
Austrália
Polônia
Canadá
Outros
Total
Exportação
US$ Mil Participação
514.859
26,84%
348.251
18,16%
166.480
8,68%
147.341
7,68%
124.075
6,47%
101.121
5,27%
85.748
4,47%
84.081
4,38%
79.539
4,15%
48.261
2,52%
43.282
2,26%
175.040
9,13%
1.918.078
100,00%
Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados da FAO (2006)
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Tabela 7 – Mundo: volume das importações (em US$ mil (FOB) e participação percentual
dos principais países no mercado de cavalos vivos, 2004.
País
Reino Unido
Emirados Árabes
Estados Unidos
Irlanda
Japão
Itália
França
China e Hong Kong
Austrália
Canadá
Suíça
Outros
Total
Importação
US$ Mil
Partic.
597.313
29,90%
261.222
13,08%
248.855
12,46%
238.730
11,95%
115.916
5,80%
88.376
4,42%
75.412
3,78%
58.977
2,95%
48.727
2,44%
31.362
1,57%
27.146
1,36%
205.569
10,29%
1.997.605
100,00%
Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados da FAO (2006)
A Tabela 8 apresenta os indicadores da posição no mercado mundial de cavalos
vivos referentes aos países do Mercosul. Observa-se que os quatro países analisados
apresentam características muito distintas. O Paraguai, ao longo de todo período,
apresentou déficit comercial no comércio de cavalos vivos, mas sempre com valores pouco
expressivos. Por outro lado, o Uruguai apresentou superávit no período, exceto em 1994,
mas com valores decrescentes a partir do início dos anos 1990. A Argentina destaca-se no
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Mercosul pelo maior volume de comércio, com participação crescente ao longo do século
passado, mas declinante neste século. O Brasil reverteu sua posição na virada do século.
Déficits decrescentes foram registrados até 1998. A partir de então, a participação
brasileira vem se elevando, com crescentes superávits comerciais.
Tabela 8 – Posição no mercado mundial (Sik) de cavalos vivos, países do Mercosul,
período de 1986 a 2005.
Ano
Argentina
Brasil
1986
0,05
-0,47
1987
0,27
-0,54
1988
0,50
-0,36
1989
0,60
-0,76
1990
0,45
-1,37
1991
0,45
-0,69
1992
0,29
-0,22
1993
0,55
-0,24
1994
0,58
-0,20
1995
0,85
-0,31
1996
0,59
-0,11
1997
1,12
-0,15
1998
1,14
-0,01
1999
0,67
0,13
2000
0,55
0,03
2001
0,85
0,02
2002
0,47
0,03
2003
0,32
0,06
2004
0,41
0,05
2005
0,43
0,06
nd = não disponível.
Fonte: dados da pesquisa.
Paraguai
-0,03
-0,05
-0,04
-0,01
-0,02
-0,01
-0,01
-0,03
-0,01
-0,03
-0,01
-0,01
-0,00
-0,01
-0,01
-0,01
-0,00
-0,00
Nd
Nd
Uruguai
0,14
0,06
0,06
0,10
0,06
0,19
0,10
0,09
0,11
0,04
0,04
0,04
0,04
0,04
0,02
0,04
0,00
0,00
-0,01
nd
A análise da evolução da vantagem comparativa corrigida pelo PIB mostra que ao
mesmo tempo em que a posição do Uruguai no mercado mundial decrescia, o coeficiente
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da vantagem comparativa daquele país sofreu acentuada queda (Figura 2). Até o início dos
anos 90 do século passado, a vantagem comparativa do Uruguai era muito superior em
relação aos demais países do Mercosul. No período de 1986 a 1994, o coeficiente de
vantagem comparativa uruguaio foi, em média, cerca de 15 vezes superior ao argentino
(concorrente mais próximo). A partir de 1994, a Argentina apresentou coeficientes
superiores ao Uruguai, sendo que em 2002 o Brasil também ultrapassa o Uruguai,
assumindo segunda colocação. Brasil, Argentina e Paraguai apresentam crescentes
coeficientes de vantagem comparativa no período, destacando-se que a evolução do Brasil
foi superior ao crescimento da Argentina, o que resultou em queda da diferença entre estes
dois países.
0,25
0,20
0,15
Argentina
Brasil
Paraguai
Uruguai
0,10
0,05
0,00
-0,05
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
-0,10
Figura 2 – Vantagem comparativa corrigida pelo PIB (fik), cavalos vivos, países do
Mercosul, período de 1986 a 2005.
Fonte: dados da pesquisa.
A análise dos resultados proporcionados pela Taxa de Cobertura (Tabela 9) mostra
a competitividade do produto Argentino (oposto do caso do Paraguai). Brasil e Uruguai
apresentam evolução em sentidos opostos: enquanto a taxa de cobertura tem se reduzido ao
longo do tempo, o Brasil apresentou valores crescentes no período analisado.
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Tabela 9 – Taxa de Cobertura (T), cavalos vivos, países do Mercosul, período de 1986 a
2005.
Ano
Argentina Brasil
1986
1,84
0,03
1987
3,25
0,01
1988
12,38
0,04
1989
11,94
0,02
1990
4,82
0,02
1991
4,72
0,02
1992
2,22
0,12
1993
3,86
0,16
1994
3,73
0,26
1995
6,62
0,08
1996
5,70
0,18
1997
7,07
0,30
1998
7,66
0,83
1999
6,68
3,71
2000
5,86
1,34
2001
8,26
1,41
2002
10,22
1,77
2003
6,61
3,21
2004
7,99
1,71
2005
4,75
2,36
Fonte: dados da pesquisa.
Paraguai
0,27
0,01
0,00
0,06
0,02
0,12
0,13
0,04
0,01
0,01
0,13
0,28
0,19
0,00
0,24
0,16
0,00
0,22
0,27
–
Uruguai
6,00
1,82
2,35
4,08
4,15
19,82
11,91
4,91
8,16
2,58
2,37
2,82
2,13
2,89
2,25
3,18
1,18
1,02
0,66
–
O Indicador de Assimetria (S) mostra que em nenhum dos países analisados as
exportações de cavalos vivos é relevante (Tabela 10). No entanto, observa-se que a
importância é crescente no Brasil. A média dos indicadores de assimetria, para o Brasil no
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período analisado, é 88% superior nos anos do século XXI, quando comparados com a
média dos anos do século passado.
Tabela 10 – Indicador de Assimetria (S), cavalos vivos, países do Mercosul, período de
1986 a 2005.
Ano
Argentina
Brasil
1986
0,0171%
0,0006%
1987
0,0636%
0,0003%
1988
0,0625%
0,0004%
1989
0,0641%
0,0005%
1990
0,0458%
0,0008%
1991
0,0451%
0,0005%
1992
0,0416%
0,0009%
1993
0,0451%
0,0010%
1994
0,0428%
0,0014%
1995
0,0467%
0,0006%
1996
0,0316%
0,0005%
1997
0,0537%
0,0013%
1998
0,0530%
0,0014%
1999
0,0432%
0,0047%
2000
0,0384%
0,0028%
2001
0,0559%
0,0018%
2002
0,0279%
0,0016%
2003
0,0225%
0,0020%
2004
0,0236%
0,0021%
2005
0,0268%
0,0017%
Fonte: dados da pesquisa.
Paraguai
0,0469%
0,0015%
0,0000%
0,0007%
0,0005%
0,0013%
0,0020%
0,0017%
0,0001%
0,0002%
0,0019%
0,0026%
0,0011%
0,0000%
0,0035%
0,0021%
0,0000%
0,0013%
0,0006%
0,0000%
Uruguai
0,1149%
0,0837%
0,0597%
0,0611%
0,0373%
0,0837%
0,0414%
0,0338%
0,0329%
0,0191%
0,0175%
0,0157%
0,0199%
0,0225%
0,0175%
0,0265%
0,0112%
0,0092%
0,0062%
0,0000%
4. AGENDA DE PESQUISA
A despeito do baixo volume atual do comércio internacional, o Complexo
do Agronegócio do Cavalo exibe números, como volume financeiro de negócios de cerca
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de 7,5 bilhões anuais (Barros et. al, 2006), que credenciam a demandar do governo firme
postura nas negociações internacionais. Há necessidade de políticas que combatam as
doenças infecciosas internas que dificultam as exportações.
Certamente, os elevados custos de transação envolvidos nas operações de
exportação e importação representam um fator inibidor para a elevação dos negócios
internacionais com cavalos vivos e mereceriam estudos e esforços voltados para o seu
barateamento.
Como agenda de pesquisa, é primordial o continuo acompanhamento das
estratégias que vem sendo adotadas pelas empresas do Complexo do Agronegócio do
Cavalo para que se visualize as que dão certo e as que podem ser abandonadas. Estudos
analisando barreiras comerciais no comércio de eqüinos devem ser desenvolvidos.
Este artigo trouxe alguns dados sobre este nicho de mercado, mas não se
aprofundou no mesmo. Desta forma, seria importante um estudo mais específico das
relações entre exportadores e importadores, passando pelos grupos de comercialização.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O principal destino das exportações brasileiras de cavalo vivo têm sido os Estados
Unidos. Os demais destinos têm alternado em importância ao longo tempo. Nos últimos
anos, novos mercados, como Angola e México, têm apresentado relativo destaque. No
entanto apesar do potencial do mercado, historicamente, o Brasil não tem realizado
volumes significativos de transações comerciais com os principais países importadores.
Isso indica a existência de um grande mercado a ser explorado. Esta conclusão é reforçada
quando se verifica que situação similar ocorre nas importações. Nesse mercado, o Brasil
não tem como parceiros, com raras exceções, os principais exportadores mundiais.
Tanto as exportações quanto as importações estão concentradas nos estados das
regiões Sudeste e Sul, destacando-se o Estado de São Paulo como o principal exportador e
segundo maior importador (em 2005) de cavalos vivos.
A competitividade do Brasil vem se elevando, ano a ano, mas ainda está distante da
competitividade argentina. Esforços devem ser direcionados para elevação da
competitividade brasileira, buscando aproximação dos resultados obtidos pela Argentina.
Uruguai e Paraguai não representam ameaças significativas ao comércio realizado pelo
Brasil.
Este trabalho, ao apresentar características e potencialidades do cavalo vivo no
mercado externo, sugere que uma agenda de pesquisa deve ser elaborada para o
desenvolvimento deste nicho do agronegócio brasileiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, G.S.C.; LIMA, R.A.S.; SHIROTA, R. Estudo do complexo do agronegócio
cavalo. Piracicaba: CEPEA/FEALQ, 2006. 246p.
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DAVID, M.B.A.; NONNENBERG, M.J.B. Mercosul: Integração Regional e o
Comércio de Produtos Agrícolas. Rio de Janeiro: IPEA, 1997. 45 p (Texto para
Discussão, n. 494)
FAO. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Disponível em:
http://faostat.fao.org. Acesso em 01 fev. 2006.
IMF – INTERNATIONAL MONETARY FUND, World Economic Outlook Database,
September 2006 http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2006/02/data/weoreptc.
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BM%2CBX&grp=1&a=1&pr1.x=51&pr1.y=9. Acesso em 21 mar 2007.
MDIC. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Disponível em:
http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br. Acesso em 01 fev. 2006.
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