Trabalho de Equações Diferenciais 24 de maio de 2015 Docente: Prof. Dr. Ricardo Miranda Discentes:Roberto, Eduardo, Fabrício e Altenize 1 Movimento de projéteis Consideremos o movimento de uma partícula de massa m num plano (x, y)perpendicular ao solo. Vamos supor que no instante t = 0 ela sai da origem com uma velocidade linear v0 e num ângulo α com a horizontal, chamado de ângulo de tiro. Vamos considerar por hipótese que a única força atuando na partícula é a da gravidade. Uma partícula que se move dessa forma é chamada de projétil. Figura 1: representação do movimento de projétil O objetivo é analisar o movimento de um projetil desprezando a inuência do ar. 1 Figura 2: Diagrama das componentes do lançamento do projetil O projetil é lançado com uma velocidade v0 que pode ser descrita da forma: − → − → v0 = v0x i + v0y j As componentes v0x e v0y podem ser descompostas se conhecermos o ângulo α v0x = v0 cos.α v0y = v0 sen.α No decorrer do movimento o vetor posição e a velocidade mudam continuamente, mas a aceleração permanece constante voltada para baixo. .. x=0 .. y = −g (1) (2) onde x = x (t)e y = y (t) vetor posição da partícula. Integrando duas vezes as equações (1)e (2) obtemos: x = (v0 cosα) t y=− gt2 + (v0 senα) t 2 Podemos vericar através destas equações que: 1. A trajetória é uma parábola, ou seja: t= 2 x v0 cos.α (3) (4) substituindo na (4), teremos g y=− x2 v02 cos2 α 2 + (v0 senα) 2 y = (tgα) x − x v0 cosα g x2 2 2 2v0 cos α (5) 2. A altura e a distância horizontal máximas atingidas pelo corpo são respectivamente A altura máxima do projétil é atingida quando ele tem a velocidade, no eixo y , igual a zero, ou seja v0y = v0 sen.α − gt v0 senα v0y = 0 → t = g Substituindo na equação (4)teremos: g y=− v0 senα g 2 + (v0 senα) 2 y=− v0 senα g gv02 sen2 α v02 sen2 α + 2g 2 g − (gv02 sen2 α) + 2 (gv02 sen2 α) y= 2g 2 y = hmax v02 sen2 α = 2g (6) Da equação (5)fazendo y = 0 e isolando o x,teremos 0 = (tgα) x − (tgα) x = sen.α cos.α x= g 2v02 cos2 α g 2v02 cos2 α x= x2 x2 g 2v02 cos2 α x2 2v02 sen.αcosα g x = dmax = v02 sen2α g (7) 1. Podemos determinar a duração do trajeto do corpo até colidir com o solo Utilizando a equação (4), fazendo y = 0 e resolvendo a equação do segundo grau em t − gt2 + (v0 senα) t = 0 2 3 gt t − + (v0 senα) = 0 2 t =0 − gt + (v senα) = 0 0 2 Da segunda temos t= 2v0 senα g 2. Variando-se αe mantendo v0 constante, a distância horizontal máxima que pode ser atingida é Dmax = v02 g que corresponde a um ângulo α = 45◦ .Isso decorre trivialmente das equações (6)e (7) Vericamos que dada uma velocidade v0 podemos obter alguns pontos (x, y) da trajetória do objeto, utilizando-se da equação (4) f (x, y, α) ≡ y − (tgα) x + g 2v02 cos2 α x2 (8) Derivando a equação (8)em relação a α que é da forma f (x, y, α) ≡ y − sen.α cos.α x+ g x2 2 2 2v0 cos α 1 gx2 1 fα (x, y, α) ≡ − x + cos2 α 2v02 cos2 α 1 gx2 2.sen.α fα (x, y, α) ≡ − x+ 2 cos2 α 2v0 cos3 α gx2 fα (x, y, α) ≡ − sec2 α x + sec2 α.tgα 2 = 0 v0 (9) Eliminando α das equações (8)e(9)obtemos: y= v02 g x − 2 x2 2g 2v0 (10) que é chamada parábola de segurança. Acima dessa parábola nenhum ponto pode ser atingido com projéteis de velocidade inicial v0 , abaixo todos os pontos podem ser atingidos. 4 2 Velocidade de escape Para um dado campo gravitacional e uma dada posição, a velocidade de escape é a velocidade mínima que um objeto sem propulsão precisa para mover-se indenidamente da origem do campo, em vez de cair ou car em órbita a uma certa distância da origem. Segundo a lei da gravitação universal de Newton diz que dois objetos quaisquer se atraem gravitacionalmente por meio de uma força que depende das massas desses objetos e da distância que há entre eles. Dados dois corpos de massa m e m0 , a uma distância r entre si, esses dois corpos se atraem mutuamente com uma força que é proporcional à massa de cada um deles e inversamente proporcional ao quadrado da distância que separa esses corpos. Matematicamente, essa lei pode ser escrita assim: F1 = F2 = G m.m0 x2 Segundo a Lei da Gravitação Universal de Newton onde duas partículas de massa m e m0 colocadas a uma distância d uma da outra se atraem mutuamente, e as forças de 0 atração têm intensidade Gmm , onde G é a constante de gravitação universal, que tem d2 valor de 6, 67 × 10−11 N m2 /kg 2 . As forças ao longo da reta que une as duas partículas, de acordo com a lei da ação e reação. Figura 3: Lei da ação e reação v é o vetor unitário da direção OA F = Gmm0 v x2 e F0 = − Gmm0 v x2 Podemos supor que toda a massa M da Terra está concentrada em seu centro, assim podemos tratar como um problema de atração entre duas partículas, no nosso caso a atração da Terra sobre qualquer corpo, não levando em consideração a atração entre corpos 5 de pequena massa, então podemos considerar o deslocamento vertical de uma partícula de massa m sujeita à força gravitacional da Terra desprezando com isso a resistência do ar e a variação de massa do foguete. Figura 4: Superfície da Terra Usando a segunda lei de Newton, escrevemos ma = − GmM GM → a = − x2 x2 (11) onde M é a massa da Terra. Por outro lado, quando x = r, a aceleração do corpo é −g , e portanto ma = − Aplicando a regra da cadeia em GmM dv GM → =− 2 2 r dt r dv dt , temos dv dr GM dr =− 2 , =v dr dt r dt v dv GM =− 2 dr r Integrando ambos os lados, teremos ˆ ˆ v(t) r(t) vdv = − v0 r0 GM dr r2 r(t) v 2 v(t) 1 |v0 = −GM. − 2 r r0 v 2 (t) − v02 1 1 = GM − 2 r (t) r0 Fazendo t → ∞,r → ∞e v = 0 − v02 GM =− 2 r0 6 (12) v02 = 2GM r0 r v0 = 2GM r0 1. a velocidade decresce com a altura 2. Se v02 ≥ 2gR , a velocidade nunca se anula, e portanto o corpo continua em ascensão √ para sempre. A velocidade v0 = 2gR é chamada de velocidade de escape. 3 Movimento de um foguete Um foguete é lançado verticalmente da superfície da Terra com velocidade inicial v (0) = 0. O movimento se deve a ejeção para baixo dos gases de ignição com velocidade V , considerando também, por hipótese de que não há resistência do ar e de que a única força externa atuante no foguete é a gravidade. Figura 5: Forças atuando no lançamento de um foguete Seja m (t)a massa do foguete, x (t) e v (t)sua posição e a velocidade ao instante t . Utilizando a segunda lei de Newton, que diz que a variação da quantidade de movimento é igual a força atuante. A quantidade de movimento é a soma da quantidade de movimento do foguete com a quantidade de movimento dos gases de ignição. Considerando m (t) como m (t) = m (t + δt) + [m (t) − m (t + δt)] onde m (t) − m (t + δt) é a massa consumida na forma de gases no intervalo de tempo [t, t + δt]e a massa restante m (t + δt), é a massa do foguete nesse intervalo. Essa massa, m (t + δt)do foguete, é mantida constante durante todo esse intervalo de tempo, portanto a variação da quantidade de movimento do foguete, no intervalo, é m (t + δt) v (t + δt) − m (t + δt) v (t) 7 (13) A massa relativa ao combustível m (t) − m (t + δt), é consumida integralmente na forma de gases no intervalo de tempo δt , e a velocidade relativa à Terra desses gases é v + V , portanto a variação da quantidade de movimento dos gases, nesse intervalo, é O (v (t + δt) + V (t + δt)) − (m (t) − m (t + δt)) (v (t) + V (t)) (14) Segue-se que a quantidade de movimento é a soma de (13)e (14)e dividindo essa soma por δt e tomando o limite quando δt → 0, obtemos [m (t + δt) v (t + δt) − m (t + δt) v (t)] m (t + δt) [v (t + δt) − v (t)] = lim = δt→0 δt→0 δt δt lim [v (t + δt) − v (t)] dv = m (t) δt→0 δt dt m (t) lim O (v (t + δt) + V (t + δt)) − (m (t) − m (t + δt)) (v (t) + V (t)) = δt→0 δt lim O (v (t + δt) + V (t + δt)) (m (t + δt) − m (t)) (v (t) + V (t)) + lim = δt→0 δt→0 δt δt lim (m (t + δt) − m (t)) dm = (v (t) + V (t)) δt→0 δt dt (v (t) + V (t)) lim Resultando m (t) dv dm + (v (t) + V (t)) dt dt Colocando u = v + V , obtemos pela segunda lei de Newton. A massa do foguete diminui em dm e aumenta a massa do combustível expulso da mesma quantidade. dt −mg = m dv dm +u dt dt (15) que é a equação do movimento de um foguete sem resistência do ar. Suponha que a quantidade de combustível queimado na unidade de tempo, D, é constante,D = − dm . A massa m do foguete no instante t valerá m = m0 − Dt. Onde m0 dt é a soma da carga útil mais o combustível inicial, e Dt é o combustível queimado ao cabo de um certo tempo t. −mg = m m dv − uD dt dv = uD − mg dt Um foguete pode ser considerado uma partícula de massa variável m submetida a duas forças de mesma direção porém de sentidos contrários: o empuxo dos gases uD e o peso mg . Vamos supor que no espaço exterior o peso mg vale zero, e sobre o foguete atuaria unicamente a força de empuxo que proporciona a expulsão dos gases ao queimar o 8 combustível. dv D = −g + u dt m0 − Dt Integrando ambos os membros, obtemos a expressão da velocidade em função do tempo ˆ ˆ v ˆ t dv = −g v0 t dt + uD 0 0 1 dt m0 − Dt m0 v − v0 = −gt + u. ln m0 − Dt m0 v = v0 − gt + u. ln m0 − Dt (16) Voltando a integrar (16), obtemos a posição x do móvel em qualquer instante t. Sabendo que v = dx dt ˆ ˆ x dt − g dx = v0 x0 x − x0 = v0 t − g ˆ t 0 ˆ t tdt + u. 0 t ln 0 m0 m0 − Dt dt t2 u + ut ln m0 + [(m0 − Dt) ln (m0 − Dt) + Dt − m0 ln m0 ] 2 D Se levarmos em conta a resistência do ar teremos −mg − kv = m dv dm +u dt dt (17) dv dm +u dt dt (18) ou −mg − kv 2 = m Referências [1] FIGUEIREDO, Djairo G & NEVES, Aloisio F. Equações Rio de Janeiro: IMPA. [2] HALLIDY,David et al. Diferenciais Aplicadas . Fundamentos de física .v 1.Rio de Janeiro:LTC, 2008. 9