título do resumo - Anais Unicentro

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BOA VONTADE E O DEVER
Aportes kantianos para uma ética da moralidade
Sergio Adriano Ribeiro (Fundação Araucária - UEL), e-mail:
[email protected] / Clodomiro Bannwart Junior (Orientador),
e-mail:[email protected]
Universidade Estadual de Londrina/ CCH- Centro de Ciências Humanas
Palavras-chave: Imperativo Categórico, autonomia, liberdade
Resumo:
A ação moral propostas por Kant, na FMC não se constitui
meramente de uma conformidade com o dever. A conformidade com o dever
demonstrará apenas a legalidade da ação. Para que a ação seja moral na
perspectiva de Kant; a ação deve ser determinada pelo conceito de dever
[...] que contém em si o de boa vontade [...] ( FMC, I § 8, p. 112). Desta
referida proposição citada o que se pode inferir, é que a ação moral não
pode ser constatada na ação, mas somente em seu fundamento
determinante do querer. Portanto o fundamento da ação moral; situa-se na
autonomia da vontade, que não é outra coisa se não afirmar que o(SRS) é
capaz de ser autônomo. Para que essa vontade seja autônoma não deve
provir de uma fonte externa, mas da própria razão a priori como afirma Kant:
“[...] todos os conceitos morais têm sua sede e origem completamente a
priori na razão [...]” (FMC, II §10, p. 122).Por esta razão, Kant tratará na
FMC; que ação moral não deve ser pressuposta como fundamento da lei
moral; mas deve ser deduzido da lei moral; e que o objeto da vontade deve
ser determinado pela vontade em si; antes que a vontade pelo objeto, para a
possibilidade da autônima da vontade constituir-se o fundamento da moral.
Introdução
Apresento o conceito de Dever e boa vontade através de uma
reconstrução analítica da filosofia moral kantiana, ainda que apenas em
aspectos gerais, a partir da obra Fundamentação da Metafísica dos
Costumes1. O que Kant propõem é uma distinção extremamente purificada do
dever como uma necessidade prática incondicional da ação; a qual deve ser
válida para todos os seres racionais sensíveis. Através do conceito de dever e
da boa vontade tem como objetivo mostrar que apenas uma ação por dever pode ser legitimamente
qualificada como moral. Com isso; Kant revoluciona a filosofia moral pelo fato de
antes dele a questão da filosofia moral tendia-se a negar a realidade da
intenção.
Essa moralidade tem sua origem naquilo que é comum a todos os
seres racionais, a saber: na lei moral. Sejam eles seres racionais perfeitos ou
imperfeitos. A ação moral propostas por Kant, na FMC não se constitui
1
KANT, Immanuel (FMC): Fundamentação da metafísica dos costumes Tradução de
Paulo Quintela São Paulo, Abril Cultural, 1980
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
meramente de uma conformidade com o dever. A conformidade com o dever
demonstrará apenas a legalidade da ação. Para que a ação seja moral na
perspectiva de Kant; a ação deve ser determinada pelo conceito de dever [...]
que contém em si o de boa vontade[...] ( FMC, I § 8, p. 112). Desta referida
proposição citada o que se pode inferir, é que a ação moral não pode ser
constatada na ação, mas somente em seu fundamento determinante do
querer.
Por esta razão, Kant tratará na FMC; que ação moral não deve ser
pressuposta como fundamento da lei moral; mas deve ser deduzido da lei
moral; e que o objeto da vontade deve ser determinado pela vontade em si;
antes que a vontade pelo objeto, para a possibilidade da autônima da vontade
constituir-se o fundamento da moral. Para Kant aquilo que é uma ação moral,
deve ser moral para todos os seres racionais. O valor desta ação moral esta,
nas máximas: “O critério supremo de determinação do valor moral das
máximas (segundo as quais nós agimos) é dado pelo imperativo categórico,
princípio de qualquer imperativo de dever, cujo enunciado é: “Age apenas
segundo uma máxima tal que tu possas ao mesmo tempo querer que ela se
torne lei universa” (FMC, II, 130 / BA 52).
Materiais e métodos
Para pesquisar o tema abordado, o enfoque literário filosófico deu-se
primeiramente na obra Fundamentação da Metafísica dos Costumes (FMC),
publicada em 1785, sendo o primeiro dos três textos críticos de Kant de
filosofia moral que marca um primeiro enunciado dos principais temas da
filosofia crítica de Kant, incluindo os conceitos de dever, imperativo
categórico, liberdade e autonomia.
Em segundo lugar as leituras de textos de apóio de vários
comentadores, permitiram a elaboração e produção de textos devidamente
orientados. A escolha da (FMC) justifica-se por ser um texto que a
comunidade Kantiana a tem como uma obra que expressa à filosofia moral
madura de Immanuel Kant.
Os procedimentos metodológicos são típicos da pesquisa em
filosofia. Primeiramente leitura dos textos filosóficos do autor Immanuel
Kant, principalmente a FMC, a partir do desenvolvimento de uma pesquisa
analítica da reconstrução dos principais conceitos nas três seções da obra.
A localização da pesquisa realizada na Universidade Estadual de Londrina
(UEL) se deu por meio do uso, primeiramente, da biblioteca setorial e, num
segundo momento, da biblioteca central.
Resultados e Discussão
Infere-se que de acordo com Kant, a vontade constitui a faculdade
do querer. Esse querer pode ser ativado por dois princípios O princípio
objetivo da vontade; e o princípio subjetivo da vontade. Onde reside então o
valor moral? Reside no princípio objetivo da vontade; em que não há
nenhum móbil sobre a vontade. Par Kant o valor moral reside no princípio da
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
vontade, em que foram abstraídos todos os fins que possam ser realizados
uma ação. Kant fala sobre uma espécie de encruzilhada2 da vontade.
À vontade esta colocada entre o princípio a priori que é formal; e o
princípio móbil a posteriori que é material, em que pode assim dizer
encruzilhada, e ela [vontade] tem de ser determinada por um dos dois
princípios. Para ser uma ação por dever, a vontade terá que ser determinada
pelo princípio a priori formal do querer; uma vez assim ocorrendo; a ação foi
por dever; pois lhe foi tirada todo o princípio material.
O que é para Kant o dever? A esta última pergunta, Kant responde
o: “Dever é a necessidade de uma ação por respeito á lei” (cf I § 15, p. 114).
De acordo com Höffe “[...] o dever é a moralidade na forma de mandamento,
de um imperativo, de forma que só faz sentido falar em dever para aqueles
em que junto com a lei moral existam impulsos e desejos concorrentes,
como no caso de seres racionais impuros”(HÖFFE: 2005, p.193)
O que Kant propõem é uma distinção extremamente purificada do
dever como uma necessidade prática incondicional da ação; a qual deve ser
válida para todos (SRS). Kant através do conceito de dever tem como
objetivo: “[...] mostrar que apenas uma ação por dever pode ser legitimamente qualificada como moral” (
PAVÃO, 2008, p.8). Com isso; Kant revoluciona a filosofia moral pelo fato de
antes dele a questão da filosofia moral tendia-se a negar a realidade da
intenção, “ Por isso é que houve em todos os tempos filósofos que negaram
pura e simplesmente a realidade desta intenção nas ações humanas [...]”
(FMC, II §. I, p. 119).
Em contra a proposição citada acima; a filosofia moral descrita por
Kant na FMC consiste no critério de que ação moral não se encontra no que
fazemos, mas na maneira de fazer, não é o resultado do ato que conta. O que
faz com que a ação moral; esteja na pureza da intenção; e na retidão da
vontade. Sobre tais aspectos; Kant no parágrafo IX da FMC estabelece uma
distinção, entre ação por dever; e ação em conformidade com o dever.
Compreende de inicio nesta justificativa que na filosofia moral de Kant
uma ação moral é uma ação praticada por dever. Mas a possibilidade de
identificar uma ação por dever é praticamente impossível. Mesmo não sendo
possível a identificação de uma ação moral por dever; a intenção da ação, o
querer, permanece como conceito fundamental da filosofia moral kantiana.
De acordo com Herrero: “Quando se da o acordo da máxima da ação com a
lei moral do dever, então temos a moralidade” (HERRERO, 1991, p.32).
Conclusões
Os resultados apresentados mostram que Kant empenha-se para
esclarecer o conceito da boa vontade e desse conceito fazer derivar a
moralidade. Precisa provar que o valor absoluto da boa vontade não é boa
pelo que promove, realiza ou pela aptidão em alcançar qualquer finalidade
proposta, mas tão-somente pelo querer, por aquilo que a boa vontade tem
nela mesma, a saber, o seu pleno valor de incondicionalidade.
2
(FMC, I § 14. p.114)
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
Pode-se observar que a boa vontade é boa sem limites. É boa em si e
por si. É boa pelo princípio do querer. Seu valor não está no propósito da
ação, mas sim na máxima que determina o principio do querer. O que torna
uma vontade boa não são seus efeitos no mundo, mas a representação
mesma da lei como motivo suficiente de determinação da vontade. Uma boa
vontade é boa porque segue o dever pelo dever, porque seu valor não está
nos resultados, mas no princípio da ação, ou seja, na possibilidade de agir
unicamente por respeito à lei.
Kant fundamenta o caminho da justificação da lei moral a partir da
razão prática pura. O valor moral de uma ação não consiste, por
conseguinte, em seus resultados. Consiste em sua fundamentação na lei
moral. Esta é possível graças à potencialidade do ser humano, enquanto
racional, de determinar sua ação de acordo com a razão e libertar-se de
todas as tendências e estímulos externos.
Agradecimentos
Gratidão o orientador Prof. Dr. Clodomiro Bannwart Junior por ter
acreditado no meu potencial, e, me dado a oportunidade de participar deste
projeto de pesquisa como bolsista. A Universidade Estadual de Londrina. E
a Fundação Araucária – UEL e todos aqueles que participaram com críticas
e sugestões a esse trabalho.
Referências
HÖFFE, Otfried Immanuel Kant. Tradução de São Paulo: Ed Martins Fontes
2005
KANT, Immanuel (FMC): Fundamentação da metafísica dos costumes
Tradução de Paulo Quintela São Paulo, Abril Cultural, 1980.
KANT, Immanuel (CRP) A Crítica da Razão Pura Tradução de
Valério Rohden e Udo Baldur Moosburger São Paulo, Abril Cultura, 1980.
PAVÃO, Aguinaldo Antonio Cavalheiro. O papel das inclinações na filosofia
moral de Kant In: Veritas. Porto Alegre v. 53 n. 1 março 2008 p.7-12.
WOOD W Allen Kant: Introdução Tradução de Delamar José Volpato Dutra
TUGENDHAT, Ernst Lições sobre ética Tradução do grupo de doutorandos
do Curso de Pós-Graduação da UFRGS, revisão e organização da tradução
de Ernildo Stein e Ronai Rocha Petrópolis: Vozes, 1997.
ZINGANO A. Marco. Razão e História em Kant. São Paulo: Editora
Brasiliense. 1989.
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
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