Reflexões sobre a história da filosofia de Immanuel Kant Ágabo Borges de Sousa* * Professor Adjunto de Filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santana e doutor em Teologia pela Kirchliche Hochschule Bethel ________________________________________________________________________________ Talvez não sejam muito conhecidos os textos de Kant: "Ideias pra uma História Universal do Ponto de Vista Cosmopolita" e "Provável Início da História Humana", quando ele discute alguns aspectos para uma filosofia da história. Estes textos, especialmente, o "Provável Início da História Humana" abre-nos uma possibilidade discussão em torno dos conceitos de história provável e história criada. Considerando que "um relato do início do desenvolvimento da liberdade desde sua predisposição original na natureza humana é, portanto, algo inteiramente diferente do que um relato histórico da evolução dessa liberdade, um relato que só pode ser baseado em informações históricas", podemos dizer com Kant que não há como fazer uma historiografia documental do início da história humana. Para ele, isso seria, fundamentalmente, um exercício que se consente à imaginação. Este começo não precisa ser fabricado, "mas pode ser derivado da experiência se se assume que essa experiência não era melhor ou pior em sua origem do que é presentemente." Podemos, portanto, tomar um fio condutor conectado à experiência da razão e seguir um roteiro. Kant escolhe utilizar "um documento sagrado" e desenvolve sua reflexão a partir do Gênesis, um texto bíblico. Gostaria de refletir até onde este caminhar de Kant nos ajudaria a pensar filosoficamente a parte mais antiga da história humana e como textos mitológicos nos servem de documentos filosóficos e históricos para uma reflexão do ser humano em sua gênesis.