MARCELY - VER SUS RN - Rodolfo Fernandes

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MINISTÉRIO DA SAÚDE
VIVÊNCIAS E ESTÁGIOS NA REALIDADE DO SUS
PROJETO: VER- SUS/RN – RODOLFO FERNANDES
ACADÊMICA DE NUTRIÇÃO
PORTFÓLIO DE VIVÊNCIA
MARCELY ARAÚJO DE MORAIS
NATAL/RN
2015
MARCELY ARAÚJO DE MORAIS
PORTFÓLIO DE VIVÊNCIA
Trabalho elaborado para o projeto VERSUS Brasil, no Estado do Rio Grande do
Norte, realizado no município de Rodolfo
Fernandes como requisito para obtenção do
certificado do projeto pelo Ministério da
Saúde.
Facilitadores: Maria Beatriz Barbalho e João Paulo Teixeira
NATAL/RN
2015
DESENVOLVIMENTO
1º DIA: 12/01/2015
Deslocamento de Natal/RN para Rodolfo Fernandes
Na segunda-feira dia doze de janeiro foi o dia da saída de Natal para os
municípios que iam receber os viventes e facilitadores da equipe VER-SUS do estado
do RN. Saímos às 13 horas da cidade do sol e fomos para Afonso Bezerra, Apodi,
Rodolfo Fernandes e Jardim do Serido. Chegamos tarde a Rodolfo, por volta das 20hs e
30 minutos por causa da demora da saída que estava prevista para as 10 horas e que só
saímos às 13 horas por causa de alguns imprevistos com a locadora de ônibus. Ao
chegar no nosso município arrumamos nossa bagagem e nos acomodamos no nosso
novo lar “Centro de Convivência Vó Maria” e conversamos sobre o projeto e
conhecemos os companheiros por meio de uma dinâmica, que cada se apresentou.
Fizemos um amigo secreto que foi uma espécie de anjo, quem você tivesse tirado teria
que proteger durante toda a vivência.
2º DIA: 13/01/2015
Reunião com os gestores; Visita ao CRAS, Unidade Básica, e com o NASF
Neste segundo dia de vivência vistamos o Palácio Pedro Cavalcanti as 10
horas que tivemos uma reunião com os gestores da saúde da cidade e mostramos como
seria o desenvolvimento do nosso projeto. Assim, o que me chamou a atenção foi o
medo que muitos gestores estavam apresentando, o que me pareceu, para eles, é que
íamos analisar o trabalho deles e ver alguma irregularidade. Por volta das 11 horas
vistamos o CRAS, Centro de Reabilitação e Assistência Social que conversamos com o
psicólogo que nos explicou como é o funcionamento do CRAS, os grupos de crianças,
gestantes e pessoas que tem diabetes e hipertensão com parceira com o a Unidade básica
e os profissionais do NASF. A tarde as 14 horas visitamos a estrutura da unidade básica
Francisco Antonio Simão, pelo que analisamos a estrutura é invejável comparada a
muitos UBS da capital Natal, também nos chamou a atenção a sala de fisioterapia que
não tinha equipamentos/máquinas para auxiliar no tratamento das doenças que precisam
do profissional fisioterapeuta. Há 15 horas fizemos a visita domiciliar com o médica
cubana Naise, a enfermeira Erika Macedo e a agente de saúde Beatriz junto com elas
visitamos 3 pacientes, um que estava com um ferida no pé, outro paciente puérperio, e
outro paciente que tinha câncer de cérebro. Foi bem chocante pra todos ver uma mulher
com 40 anos passando por um câncer que estava num estágio terminal e com muito
debilitação. Após essas visitas fomos até uma criação de porcos às 16 horas e vimos as
condições de saúde pública, os porcos não eram vacinados, não tinha inspeção sanitária
no lugar e naqueles animais, a comida que recebiam eram restos de comida da
população e de restaurantes. Às 18 horas fomos conhecer a aula de dança da cidade com
a educadora física, mas não compareceram muitas pessoas a aula, pois tinha morrido um
jovem na cidade e muitos não saiam de casa por conta disso.
No 3º DIA: 14/01/2015
Visita ao NASF; Biblioteca; Conselho Tutelar; E.E 12 de outubro, E.E Francisco
Regis; Horta
Às 9 horas visitamos o NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família) com
o atendimento de um paciente que tem paralisa cerebral com o auxilio do grupo do
NASF que é a educadora física, nutricionista, fisioterapeuta e fonoaudióloga, a última
não estava no local. Assim, o que me chamou a atenção foi a forma com a fisioterapeuta
atendeu o paciente com PA, ele era uma criança e não tinha nenhum brinquedo pra ele
brincar, e nenhum equipamento para ela usar com ele, para auxiliar no tratamento da
enfermidade. A nutricionista atendeu bem este paciente, mas passou um “Sustage”
(suplemento) que é muito caro, e eu acredito que seja muito inviável a família que era
carente. Na Biblioteca às 11 horas foi bem bacana, a moça nos atendeu bem, mas
pareceu muito assustada. No conselho tutelar às 11 horas e 30 minutos foi apresentado o
funcionamento do conselho, de onde eles são que é Apodi, que eles estavam sem verba
para promover eventos e palestras e falou muito do assunto que eles não tem obrigação
de educar as crianças e sim é papel dos pais fazer isso. Logo mais, a tarde visitamos a
escola estadual 12 de outubro as 14 horas e a diretora financeira nos apresentou a escola
e falou um pouco do seu desenvolvimento, citou que situação daquela escola era
terrível, ali ela disse: “que é como um inferno” e muitas vezes ela e a outra não tem
como administrar toda a escola. Depois na escola estadual Francisco Regis as 15 horas,
esta é uma escola mais organizada, tem o projeto do mais educação, funciona só com o
fundamental e está em reforma, a escola apresentava muitos batentes e um escola com
areia que seria construída mais salas e um ginásio. Tinha uma sala sem porta e a cozinha
de ambos as escolas era precária com pouco espaço para trabalhar e sem muitos
equipamentos. Também em ambas a nutricionista não ia até lá, mandava o cardápio por
e-mail a cada ano. Fomos também a Horta Municipal as 16 horas que visualizamos o
cultivo de cebolinha, alface, coentro, berinjela e alecrim. Teve uma capacitação para as
pessoas interessadas em ter esse tipo de trabalho e a prefeitura doou um espaço para
cada pessoa plantar, com 4 canteiros para cada agricultor. A maioria dos espaços estava
acabados, pois neste momento não exista mais o apoio do governo para doação de
sementes e organização do espaço.
No 4º DIA: 15/01/2015
Visita domiciliar a zona rural; Estação de tratamento de água; Visita domiciliar a
zona urbana; Aula de dança
Pela manhã visitamos casas na zona rural da cidade no bairro de Bispado
que faz divisa com o Ceará e o Rio Grande do Norte às 11 horas. Visitamos algumas
casas e vimos a situação de descaso por parte da prefeitura de Rodolfo Fernandes, lá não
tem coleta de lixo, exista uma dificuldade imensa por parte da população em usar o SUS
da cidade para tratamento de alguma doença, sempre eles preferiam ir até Pau dos
Ferros, até mesmo para uma consulta de rotina, o que demanda muitos gastos. Na
Estação de tratamento de água – CAERN por volta das 12 horas vimos como
funcionava o local e sua importância de colocar cloro na água, pois ela não funcionava
com outro propósito, porque o açude da cidade secou e a água que eles utilizavam vinha
da barragem de Apodi. Nas visitas domiciliares na cidade às 15 horas visitamos 4 casas
e 3 fecharam a porta na cara da gente. Conhecemos a realidade da região, a falta de
emprego e renda por parte de muitos, relatavam que a cidade não dava oportunidade, já
que é pequena e mesmo assim não tem incentivo. Após andar pela cidade fomos visitar
a aula de dança no Centro Municipal às 17 horas e 30 minutos e vimos como é a
realidade. A maior parte do público era de mulheres adultas e algumas idosas, a
aceitação é boa e a maior parte da população gosta de fazer atividades físicas como
caminhar e dançar.
No 5º DIA: 16/01/2015
Visita domiciliar com os agentes comunitários; Lixão; Matadouro público
Na sexta-feira fizemos a visita de casa em casa com os agentes, eu e
minha dupla ficamos no bairro de Sitio Ausente com a agente de saúde Nadja vimos a
realidade da zona rural do município mais uma vez, mas dessa vez, esse povoado é mais
assistido. Visitamos casas com pacientes com doenças crônicas como diabetes e
hipertensão. A maior parte da população assistida são crianças e idosos, a agente pesou
e fez a anotação da estatura de cada um desse público alvo, ela alegou que tem os dias
de atender adultos também, mas essa visita era especial para esse público. Vimos que
existem muitas pessoas naquele município com doenças psicológicas e mentais, muitas
pessoas fazendo uso de remédio faixa preta e com problemas de vista, alguns até que já
perderam pela catarata. Também vimos muitas casas de taipa e muita pobreza na maior
parte das casas. No lixão da cidade vimos que estava até limpo parecia que eles tinha
limpado antes de irmos lá, mas mesmo assim encontramos algo que não devia,
encontramos material hospitalar como seringas e agulhas, a secretária de Meio
Ambiente nos relatou que aquilo foi um erro e que não é sempre acometido, pois todo o
lixo hospitalar era enterrado em sacolas plásticas. Porém, nos sabemos que mesmo com
essa medida não é o certo. O lixo hospitalar tem que ser colocado em sacolas especiais e
tem que ser todo incinerado por uma máquina. Vimos também um pequeno rio que
corria perto do lixão. No matadouro às 16 horas, foi o local mais chocante que
estivemos as condições de saúde pública naquele lugar simplesmente não exista, o gado
era morto no chão sem nenhuma proteção contra micro-organismos, a carne ficava
exposta por algumas horas sem refrigeração, o restos mortais do animal ficavam num
lixo a céu aberto próximo ao lugar que se estava tratando a carne, neste lugar não tinha
freezers, nem mesmo geladeira para conservar o alimentos, os manipuladores não
usavam roupas brancas e sapatos fechados para trabalhar, não tinha nenhuma pia para
lavagem e higienização das mãos, os utensílios como as facas, não eram bem lavados,
nos vimos até um colaborador colocar esta na boca enquanto manuseava os cortes no
boi, as mulheres que tratavam as vísceras do animal também não tinha nenhuma
condição de higiene para trabalhar ali. Apesar de tudo isso, o sangue que escorria do
animal morto, eles alegavam que ia para um poço e uma vez por mês vinha uma
empresa retirar esses dejetos, mas vimos por meio de um depoimento de uma senhora
que morava perto desse lugar nos relatou que aqueles dejetos acabavam indo para um
rio que as pessoas usavam para tomar banho e utilizar com atividades de lazer, também
foi relatado que eles deixavam o ambiente sujo por dois dias e só ia até lá limpar na
segunda feira, passava sábado e domingo fechado e o mal cheiro e a proliferação de
moscas era enorme.
No 6º DIA: 17/01/2015
Dia de lazer e diversão para os viventes.
Arrumamos a nossa “casa” durante do dia e a noite fomos até a pizzaria
jantar. Neste mesmo dia uma pessoa tentou entrar no nosso lugar de dormir, mas não
levou nada e a partir disso, um dos integrantes da equipe teve um surto por
trauma/medo de o ladrão entrar e levar algo nosso. Isso esforça a comissão organizadora
quando organizar o projeto nas cidades sedes solicitar um lugar também com segurança
pública.
No 7º DIA: 18/01/2015
Visita ao rádio da cidade; Feira municipal
Pela manhã às 9 horas foi nossa participação na rádio Maracajá, no qual
falamos do nosso projeto e o que estávamos fazendo na cidade, pois exista muitas
dúvidas pela maior parte da população. Depois fomos até a feira as 10 horas que vimos
como era armazenado as carnes e as frutas e verduras dentro do Centro Municipal.
Aparentemente o lugar era limpo e não tinha mal cheiro, como na maioria das feiras.
Porém, não conseguimos acompanhar muito como foi a chegada das mercadorias pela
madrugada.
No 8º DIA: 19/01/2015
Reunião na câmara; Visita ao hospital Municipal; Reunião com o conselho
Na segunda pela manhã fomos até a Câmara Municipal construir a
relatório final para apresentação aos gestores da cidade, passamos o dia todo na
construção desse material com slide e vídeo de apresentação mostrando os pontos
positivos e negativos do município. Uma parte do grupo fez a visita ao hospital
municipal de Rodolfo Fernandes que vimos que a estrutura era precária, tinha buracos
no teto, a sala de despejo de vassouras e rodos era dentro da sala de vacina que é um
absurdo. Os espaços entre as macas eram muito apertados e com macas enferrujadas. A
reunião com o conselho bem calma, mas pareceu que eles armaram aquilo tudo para nos
mostrar que este funcionava.
No 9º DIA: 20/01/2015
Reunião com os gestores para apresentação do trabalho final
Apresentamos o projeto final para os gestores da cidade e para toda
população na Câmara Municipal, passamos a manhã toda nesse lugar que fomos muito
bem recebidos e muito bem aceitos pela população, apresentamos as deficiências e
potencialidades dos lugares que visitamos e mostramos o nosso real papel naquele
lugar, nos não estávamos ali para mudar nada e sim para sermos os olhos do ministério
da saúde e analisamos como anda a saúde daquele município.
No 10º DIA: 21/01/2015
Retorno a Natal/RN
Neste dia, último dia de vivencia, foi o dia da chegada na nossa cidade
residente. Chegamos a Natal por volta das 17 horas com muita animação e revigorados,
com a garantia de dever cumprido (Revigorados sim, com muitos dos ensinamentos e
conhecimentos que levamos pra vida) e, com muita bagagem de aprendizados
multidisciplinares e acima de tudo uma incansável luta por um SUS cada vez melhor. O
VER-SUS é pra mim um estágio humanizado e critico, vivemos na pele como tudo
funciona e é colocado em prática, não é só a teoria. Com todo certeza falarei e mostrarei
para quem quiser o valor que este projeto tem na vida de cada um profissional seja ele
da saúde ou não.
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