SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI MESTRADO EM TERAPIA INTENSIVA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CECÍLIA SARMENTO GADELHA PIRES SELMA MARIA BARROCA DA ROCHA ANAFILAXIA: manifestações clínica e tratamento JOÃO PESSOA/PB 2015 CECÍLIA SARMENTO GADELHA PIRES SELMA MARIA BARROCA DA ROCHA ANAFILAXIA: manifestações clínicas e tratamento Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção de título de mestra em Terapia Intensiva. Orientadora: Prof.ª Ms. Lúcia de Fátima de Paiva Gadelha JOÃO PESSOA/PB 2015 PIRES, Cecília Sarmento Gadelha; ROCHA, Selma Maria Barroca da. Anafilaxia: manifestações clínicas e tratamento. João Pessoa, Paraíba, 2015. p. 21. RESUMO O artigo trata da anafilaxia como uma alergia sistémica grave ocasionada por uma hipersensibilidade mediada por IgE, podendo acometer vários órgãos e sistemas com o risco letal. Ressalta a importância de um diagnóstico precoce e tratamento efetivo devido a velocidade da evolução do quadro que pode ser de cinco a trinta minutos após o início dos sintomas. Tendo em vista a baixa notificação nas definições dos quadros anafiláticos e a falta de dados estatísticos, o estudo objetiva sensibilizar à conscientização comunitária e todo especialista da saúde a relevância do conhecimento do assunto, bem como da necessidade de atualização desse profissional. Por se tratar de uma revisão de literatura, o desenvolvimento do estudo se deu através da pesquisa bibliográfica a partir de jornais, revistas e sites especializados no assunto. Como resultado, espera-se que o estudo enriqueça o conhecimento dos profissionais da área de saúde a partir dos critérios e protocolos clínicos apresentados para o manejo eficaz da anafilaxia, auxiliando para o bom tratamento do paciente e da sociedade em geral. Palavras-chave: Anafilaxia. Alergia. Profissional de saúde. Tratamento. Paciente. PIRES, Cecilia Sarmento Gadelha; ROCHA, Selma Maria of Baroque. Anaphylaxis: clinical manifestations and treatment. João Pessoa, Paraíba, 2015. p. 21. ABSTRACT The article deals with the anaphylaxis as a serious systemic allergy caused by IgE, mediated hypersensitivity and can affect various organs and systems with a lethal risk. It emphasizes the importance of an early diagnosis and effective treatment due to the speed of evolution of the frame that can be five to thirty minutes after the onset of symptoms. Given the low reporting in the definitions of anaphylactic boards and the lack of statistical data, the study aims to sensitize the community awareness and all specialist health relevance of subject knowledge as well as the need for updating these professionals. Because it is a literature review, the development of the study was through bibliographic research from newspapers, magazines and websites specialized in the subject. As a result, it is expected that the study will enrich the knowledge of health professionals from the criteria and clinical trials presented for the effective management of anaphylaxis, helping for the good treatment the patient and society in general. Keywords: Anaphylaxis. Allergy. Healthcare professional. Treatment. Patient. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................6 2 EPIDEMIOLOGIA......................................................................................................7 3 ETIOLOGIA E PATOGENIA......................................................................................8 4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS................................................................................10 5 TRATAMENTO........................................................................................................13 5.1 Etapas do tratamento hospitalar da anafilaxia.................................................14 CONCLUSÃO............................................................................................................17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................18 6 1 INTRODUÇÃO Dentre os casos de reações alérgicas mais graves em urgências hospitalares está a anafilaxia. A rapidez de início de sintomas, a variedade de apresentações clínicas, a ausência de antecedentes e o risco de morte iminente exige o pronto reconhecimento e intervenção do profissional de saúde. Por definição, a anafilaxia é uma resposta alérgica sistémica grave onde há uma hipersensibilidade mediada por IgE, estimulando mastócitos, basófilos e substâncias ativas com o acometimento geralmente de dois ou mais órgãos ou sistemas. É evidenciado então o comprometimento das vias aéreas (edema de faringe e laringe) e/ou do aparelho respiratório (broncoespasmo e taquipnéia) e/ou circulatório (hipotensão e/ou taquicardia) e/ou digestório (dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia). Há rapidez na evolução do quadro que pode ser letal a partir de 5 a 30 minutos após o início dos sintomas. Ao analisarmos a literatura recente especializada em alergia e imunologia, observamos que os eventos anafiláticos estão aumentando em incidência e gravidade; são poucos identificados e notificados e são tratados de forma não muito sistemática às diretrizes. Tais argumentos reforçam a importância da conscientização comunitária da atualização do profissional de saúde e como fator preocupante na assistência à saúde. 7 2 EPIDEMIOLOGIA Não existe uma idade específica para o paciente ser acometido pela reação alérgica – anafilaxia. De acordo com levantamento realizado pela ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), em 2010, a idade foi diversificada entre 08 e 86 anos, sendo que 41% dos casos ocorreram em pacientes até 20 anos de idade. Os fatores de risco para maior gravidade dos quadros anafiláticos é destacado na faixa de adolescentes e quando há comorbidades como doenças respiratórias (asma, rinite), doenças cardiovasculares e doenças psiquiátricas pela dificuldade no diagnóstico diferencial. Maior incidência é relatada em áreas com menor exposição solar e em latitudes mais elevadas. A causa mais frequente de morte por anafilaxia é o choque anafilático (choque distributivo) e a segunda causa é a parada respiratória secundária à broncoconstrição ou edema de vias aéreas superiores. 8 3 ETIOLOGIA E PATOGENIA Lembramos que em 25% dos casos, o agente causal não é identificado, sendo o quadro definido com anafilaxia idiopática. Os principais causadores da anafilaxia estão na tabela seguinte. Tabela 1 – Agentes causadores das anafilaxias e reações anafilactóides Agentes Drogas Alimentos Aditivos Alimentares Veneno de Insetos Antibióticos (penicilina, cefalosporinas, tetracilina, nitrofuratoína, vancomicina sulfa-trimetoprim e outros) Anestésicos, Relaxantes Musculares, Opióides Cisplatina, Ciclofosfamida, AINH e AAS Hormônios e Enzimas. (insulina, corticotrofina, tripsina, papaína e outros). Crustáceos, peixes e Moluscos (mariscos, camarão, caranguejo, ostras) Frutas (morango, amora, framboesa, kiwi) Amendoim e castanhas, Legumes (aipo, cenoura), Clara de ovo, Leite. Sulfitos Substitutos do plasma Hymenópteros (maribondos, vespas, abelhas), Percevejos e Saúva. Polissacarídeos (dextran, albumina) Anti-soro heterólogo Globulina antilinfócitos (GAL), Antitoxinas tetânica e botulínica. Outros Látex, Protamina, Óxido de etileno Derivados de sangue e plasma, Líquido seminal, Vacinas (sarampo, caxumba, gripe e febre amarela) Desencadeantes físicos Exercício, Frio e Calor, Alimentação (frango, aipo, camarão) seguida de exercício físico, luz solar e pressão. Radiocontraste Materiais de radiocontraste hiperosmolar e, em menor frequência, os de baixa osmolaridade Idiopática A anafilaxia idiopática é um diagnóstico de exclusão, mas pode representar até 1/3 dos casos. Fonte: LOUZADA JR; OLIVEIRA; SARTI (2003, p. 400) Consideramos que os alimentos na faixa etária pediátrica são os desencadeantes mais comuns. Nos lactentes predominam leite e derivados, seguidos de ovos, soja, fruta, também pode haver uma exposição indireta por contato com alérgenos transmitidos por meio do leite materno. Nos pré-escolares, amendoim e nozes. Nos adolescentes, amendoim, nozes, peixes, frutos do mar e recentemente as sementes de gergelim tem sido identificadas como causa importante de anafilaxia alimentar. A segunda causa mais comum de anafilaxia em pediatria é o veneno de insetos. 9 Importante lembrar que pacientes alérgicos ao látex podem fazer reação cruzada com alguns alimentos, com risco de anafilaxia, principalmente com frutas como kiwi, banana, tomate, melão, mamão, abacate. Em relação às vacinas, os alérgenos encontrados em sua composição que podem desencadear a reação alérgica são ovo, gelatina e antibióticos ou ainda se as vacinas estiverem em um recipiente com tampa de látex. A anafilaxia por exercício pode ser isolada ou ocorrer após a ingestão de alimentos ou medicamentos, que neste caso aumenta a gravidade. O mecanismo da doença é a hipersensibilidade mediada por IgE, que após o contato com o antígeno, acarreta ativação de mastócitos e basófilos e liberação de substâncias como proteoglicanos. histaminas, Também é triptases, desencadeada carboxipeptidases, a produção de quinases e leucotrienos, postaglandinas e fator ativador, plaquetário (PAF) e quimiotaxia e ativação de cosinófilos e neutrófilos. O conjunto desses mediadores ocasiona vasodilatação, edema, prurido, broncoespasmos e acentuação da motilidade intestinal. 10 4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O diagnóstico da anafilaxia é clínico; utilizamos critérios clínicos referenciados por diretrizes internacionais que estaticamente nos dão uma sensibilidade em torno de 97% e especificidade de 82%. Mesmo na ausência do choque, faz-se necessário não subestimar os sintomas, procurando identificá-los o mais urgente possível, pois não há dados que permitam prever com segurança a gravidade e o tempo de evolução de um evento. Dizemos então que a anafilaxia é altamente provável quando qualquer um dos três critérios abaixo está presente. Tabela 2- Critérios clínicos para o diagnóstico de anafilaxia a) comprometimento respiratório (ex: dispneia, sibilância, broncoespasmo, estridor, redução do pico de fluxo expiratório [(PFE], hipoxemia). b) Redução da pressão arterial ou sintomas associados de disfunção terminal de órgão (ex: hipotonia [colapso], síncope, incontinência). a) envolvimento de pele-mucosa (urticária generalizada, prurido e rubor, edema de lábio-língua-úvula). 2. Dois ou mais dos seguintes que ocorrem b) comprometimento respiratório (dispneia, rapidamente após a exposição a provável sibilância-broncoespasmo, estridor, redução alérgeno para um determinado paciente do PFE, hipoxemia). (minutos ou várias horas) c) Redução da pressão sanguínea ou sintomas associados (ex: hipotonia [colapso], síncope, incontinência). d) Sintomas gastrintestinais persistentes (ex: cólicas abdominais, vômitos) a) Lactentes e crianças: pressão sistólica baixa (idade específica) ou maior do que 30% de queda na pressão sistólica 3. Redução rápida da pressão sanguínea b) Adultos: pressão sistólica abaixo de 90 após exposição a alérgeno conhecido para mmHg ou queda maior do que 30% do seu determinado paciente (minutos ou várias basal. horas Na criança pressão sistólica baixa é definida como inferior a 70 mmHg para a idade de um mês a um ano, menor do que (70mmHg + [2 x idade]) para os de um a dez anos e abaixo de 90 mmHg para os entre 11 e 17 anos Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte [s.d.]. Adaptado de Simons FE et al, 2011. 1. Doença de início agudo (minutos a várias horas) com envolvimento da pele, tecido mucoso ou ambos (ex: urticária generalizada, prurido ou rubor facial, edema de lábios, língua e úvula). e pelo menos um dos seguintes Na faixa pediátrica, um estudo em relação as causas, envolvendo 605 pacientes, destacou uma predominância de manifestações cutâneas em mais de 11 85% em todos os grupos; manifestações respiratórias de 59% a 85% nos grupos mais jovens; manifestações intestinais > 50% em todas as idades. Os principais achados do estudo citado acima estão resumidos no quadro abaixo: Quadro 1- Sintomas da anafilaxia Lactentes N = 191 Pré-Escolares (2-5 anos) N = 150 Adolescentes (12-18 anos) N = 145 Envolvimento Orgânico Cutâneo 98 (94-100) 95 (90-99) 92 (87-99) 87 (78-96) Respiratório 59 (47-71) 81 (72-89) 70 (56-83) 71 (58-83) Gastrointestinal 56 (44-67) 50 (38-61) 59 (45-72) 59 (46-72) Cardiovascular * * * 12 (4-20) Urticária 89 (79-97) 78 (69-88) 64 (51-77) 59 (46-72) Edema 53 (41-65) 56 (45-68) 44 (30-57) 36 (24-48) Náusea/Vômitos 53 (41-65) 34 (24-45) 29 (17-42) 17 (9-26) Dispneia 37 (26-48) 34 (23-45) 39 (27-42) 57 (44-70) Sibilos 29 (20-39) 55 (43-66) 42 (29-56) 23 (13-32) Prurido 19 (10-29) 29 (18-40) 54 (40-67) 36 (24-48) Estridor 5 (3-7) 10 (2-18) * * Tontura/Desmaio 0 0 * Dor abdominal 0 * 12 (3-21) * Disfagia * 18 (8-29) 41 (27-55) 48 (35-61) Rouquidão * 12 (4-19) * 13 (3-22) Diarreia * 0 0 * Alteração do estado mental Angiodema * * * 0 * * * * Sinais e Sintomas 12 (4-20) Diagnóstico de alta com o termo “anafilaxia” 6 (3-9) 25 (14-37) 13 (7-19) Adaptado de Rudders AS et al, 2011. * - Não calculado, por número insuficiente de observações. 13 1-24) 12 Sintomas adicionais devem ser lembrados como taquicardia, eritema conjuntival, lacrimejamento, congestão nasal, rinorréia e espirros, irritabilidade, alteração do estado mental e perda de consciência. Devemos destacar uma grande dificuldade de diagnóstico de anafilaxia em lactentes jovens pela subjetividade o reconhecimento dos sintomas, uma vez que podem suceder em um lactente normal ou integrado a outra patologia com: regurgitação, evacuações líquidas após amamentação, cólicas abdominais, choro súbito, irritabilidade, rubor, rouquidão, tosse de início súbito, engasgamento, letargia entre outros sintomas. A reação anafilática também pode ser chamada Unifásica quando é iniciada logo após a exposição de alérgeno e se resolve em cerca de 6 horas sem recorrência, Bifásica quando retornam os sintomas gerais num período de 8 horas após o período inicial e mais raramente até 72 horas após; esta reação é mais frequente quando a anafilaxia é de origem alimentar e Protraída quando os sintomas têm a duração de horas ou mesmo dias após a reação inicial. 13 5 TRATAMENTO O atendimento de uma reação anafilática é emergencial, devendo exigir treinamento periódico das equipes de plantão, também protocolos padronizados afixados às paredes em sala de emergência e o pronto acesso à materiais e suprimentos essenciais para um resultado efetivo. A adrenalina é o medicamento de primeira escolha no tratamento da anafilaxia, a sua falta ou a demora em sua administração pode resultar em maior risco de morbidade e mortalidade, e seu uso deve ser intramuscular. O atendimento deve iniciar pela imediata remoção do agente desencadeante quando possível seguido de uma rápida avaliação do paciente: via aérea, respiração, circulação, pele, estado de consciência, peso. Na assistência ao paciente com anafilaxia deve haver concomitância nos passos a seguir: 1. Solicitação de ajuda de equipe de reanimação; 2. Suporte circulatório; 3. Manejo das vias aéreas e suporte respiratório; 4. Uso de drogas adjuvantes. 14 5.1 Etapas do tratamento hospitalar da anafilaxia: No suporte de via aérea pode necessitar: - Intubação orotraqueal precoce - Cricotireotomia - Nebulização com adrenalina - Inalação com beta 2 de curta duração Paciente com sinais e sintomas de anafilaxia - Solicitar ajuda - Remover contato desencadeante (ex. infusão de medicamento) - Avaliar e assegurar vias aéreas, respiração e circulação Monitorização cardíaca contínua; Sinais vitais, incluindo PA e SaO2; Administrar oxigênio; Posicionar paciente em decúbito dorsal e com membros inferiores elevados. (contra indicado com dispneia intensa ou vômitos). Administrar adrenalina 1:1000 IM no terço médio da face anterolateral da coxa: dose 0,01mg/k – dose máxima de 0,3ml em <12a e 0,5ml em > 12 a. Repetir 5 a 15 minutos se necessário. Reavaliar vias aéreas, respiração e circulação Acesso venoso para administrar Nacl 0,9%: 20ml/k rapidamente. Repetir até 60ml se necessário Se persistir hipotensão, fazer adrenalina 1:10.000 contínua na dose de 0,1mg a 1mg/k/minuto. Se não responder à adrenalina contínua ou em uso de beta bloqueador, fazer glucacon EV até 0,5 mg/dose em < 20K e até 1 mg/dose > 20k. Caso não se obtenha resposta, usar vasopressina. Após estabilizar o paciente, administrar medicamentos adjuvantes: anti-histamínicos anti H¹ou anti H² e corticoides se necessário Observação em hospital por no mínimo 6h. Adaptado de LANE RD; BOITE RG, 2007. 15 Casos de anafilaxia refratária e não responsivas às medidas citadas acima deverão ser conduzidas em UTI. Quadro 2- Medicamentos farmacológicos e adversos. Medicamento Dose Adrenalina 0,01 mL/kg (máximo de 0,3 mL até 12 anos e 0,5 mL após os 12 anos) utilizados no Anti-H1 Difenidramina (M) ou cetizirina (VO) Difenidramina: 1,25 mg/kg (máximo de 50mg) B1: inotropismo e cronotropismo B2: reduz a liberação de mediadores e controla o broncoespasmo. Aspectos Práticos Dose Usual Efeitos Adversos Superdosagem. Efeitos Adversos Comentário É o único agente comprovadamente salvador de vida, por atuar em diversos mecanismos. Palidez, tremores, ansiedade, palpitações, tonturas e cefaleia Arritmias cardíacas, crise hipertensiva e edema pulmonar Seu uso não deve ser retardado ou substituído por nenhuma das demais medidas terapêuticas. da Anafilaxia: Anti H2 ranitidina B2 agonista adrenérgico: salbutamol 0,5 a 1 mg/kg (máximo 50 mg) 0,1 mg/kg (gotas, 5 mg/mL) Cetizirina: < 5 a:2,5 a 5mg; > 5 a: 5 a 10mg. a1: vasoconstritor, reduz edema de mucosas e aumenta a resistência vascular. Efeitos Farmacológicos tratamento Diminui prurido, rubor, urticária, espirros, rinorréia. Diminui prurido e urticária, mas não salva da anafilaxia Drogas de primeira geração causam sedação e comprometimento da função cognitiva efeitos Glicocorticoide: Metilprednisolona (IV) ou prednisona (VO) Prednisona: 1 mg/kg (máximo 40 mg) Metilprednisolona: 1 a 2 mg/kg (máximo 50 mg) Diminui Secreção de ácido gástrico, permeabilidade vascular, hipotensão, rubor, cefaleia, taquicardia. Tem atividade cronotrópica e inotrópica, produção de muco Efeitos aditivos discretos (10%) quando usado em conjunção com anti-H1 para diminuir a permeabilidade vascular, rubor e hipotensão. Improvável Coma, depressão respiratória Improvável Muitos diferentes anti-H1 e diferentes regimes de doses são listados como adjuvantes nos protocolos de anafilaxia Citados em poucos protocolos anafilaxia. Não devem ser utilizados isoladamente (sempre com anti-H1. Adaptado de SIMONS et al; VILELA MMS & SILVA MTN, 2012. dose, Broncodilatador Diminui fase tardia da reação alérgica Diminui sibilos, tosse e dispneia, mas não diminui a obstrução de vias aéreas superiores a hipotensão. Efeitos demoram várias horas; usado para prevenir anafilaxia bifásica ou protraída sem comprovação em estudos controlados. Tremor, taquicardia, tontura. Improvável que ocorra durante curso de 1 a 3 dias Cefaleia, hipopotassemia Improvável Aplicar por nebulização a máscara facial São usados diferentes glicocorticoides e diferentes doses. Não tem efeito nos minutos e horas iniciais do episódio da anafilaxia. 16 No momento da alta hospitalar, prescrever corticosteroides (Prednisona 1 mg/kg até 40 mg 1 vez ao dia), anti-histamínicos anti H¹ (cetirizina 2,5 a 5 mg 1 vez ao dia para < 5 a e 5 a 10 mg 1 vez ao dia para > 5 anos), todos por via oral até completar 72 horas após o episódio agudo. Após a alta, recomenda-se o acompanhamento por um especialista (alergoimunologista), em torno de 1-2 semanas após o evento afim de realizar investigação para identificar o agente desencadeante fazendo exames complementares como concentração sérica de IgE específica, teste de puntura (print test) ou teste controlado de provocação com alérgeno suspeito. 17 CONCLUSÃO No Brasil, a anafilaxia é uma patologia subdiagnosticada devido à falta de uniformidade nas definições dos quadros anafiláticos e de baixa notificação, motivo da existência de reduzidos dados estatísticos e poucos artigos na nossa literatura. A ampla variedade de apresentação clínica (sinais e sintomas), dificulta o diagnóstico pelos profissionais de saúde. Sendo a anafilaxia uma reação alérgica grave de rápida evolução, com etapas clínicas críticas, deveria ser uma doença mais divulgada nas creches, escolas, abrigos, consultórios, unidades básicas de saúde a fim de ter um pessoal treinado para um reconhecimento precoce e uma assistência imediata e sistemática, contribuindo assim para um bom prognóstico. Observamos que a falta de DAAI (Dispositivos de Adrenalina Autoinjetável) no Brasil, dificulta o manejo, com potencial perda de tempo e eficácia no tratamento inicial ao paciente. A importância deste trabalho é levar ao conhecimento dos profissionais de saúde, critérios e protocolos clínicos que facilitem no manejo da anafilaxia, tanto na prevenção como no tratamento, contribuindo para o bem do paciente e da sociedade como um todo. 18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AIRES, Suzana Tschoepke. Anafilaxia. Revista de Pediatria SOPERJ, 2012; 13 (2): 21-28. Disponível em: <http://www.soperj.org.br/sgp/>. Acesso em: 11 maio 2015. SILVA, Diana et al. 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