AMORTECIMENTO DE QUEDAS (UKEMI)

LUTAS:
Aspectos Pedagógicos e Aprofundamentos
Prof. Ddo. José Fernando de
Oliveira
AMORTECIMENTO DE QUEDAS (UKEMI)
Definição:
O UKEMI é destinado a anular o efeito da queda. Caindo-se com toda a superfície dos braços e
das mãos bem estendida, aumenta-se a superfície da queda e transmite ao solo as vibrações
produzidas pelo choque (LASSERE apud FRANCHINI, 2001)
A importância do UKEMI constitui a base das projeções de todas as técnicas do Judô, pois, se
não se domina a técnica de cair, não se domina a técnica de projetar.
O domínio do UKEMI, ou seja, a forma de dissipar a energia cinética que acompanha o corpo na
queda é fundamental para qualquer judoca, e saber cair é prevenir lesões mais ou menos
graves, não só no caso específico do Judô mas em muitas outras situações.
Do ponto de vista mecânico, em geral, uma queda envolve uma situação de colisão ou impacto
entre o corpo humano e uma superfície externa fixa. Uma variável mecânica particularmente
importante na intensidade do choque é a “variação da quantidade de movimento” do corpo, isto
é, o produto de sua massa pela variação da velocidade a que foi submetido.
Durante a colisão ocorre uma transferência quase instantânea de energia do corpo humano
para a superfície de choque. Esta variável, “impulso”, é de grande importância face a presença
de forças que são aplicadas em um intervalo de tempo muito restrito.
No sentido específico de proteger o aparelho locomotor contra os efeitos cinéticos dos ukemis
citamos dois mecanismos que podem ser adotados:
• Ações relativas ao domínio dos amortecimentos de queda;
• A utilização de materiais (tatames) com propriedades físico-mecânicas que favoreçam a
absorção de energia e baixo coeficiente de restituição.
Com relação aos ukemis, Roquette (1994) enfatiza a importância de, em situações de queda,
serem utilizados métodos de amortecimento que nos possibilitem manipular o impulso, tendo
como objetivo principal permitir uma absorção do choque mais segura, progressiva e
confortável.
Rocha (1984) cita que o ukemi nada mais é que uma forma de dissipação de uma certa energia
por sua transformação em outros tipos de energia, e essa dissipação coloca-nos dois problemas
principais: a anulação das vibrações produzidas e evitar deformações mecânicas (lesões) no
corpo provocadas pelo choque
Para minimizar os efeitos das vibrações, bem como as deformações durante a queda, os dois
autores citados sugerem:
• Aumento da área de absorção da força de impacto (superfície de choque);
• Aumento do tempo de absorção do impacto (tempo de impacto);
• Utilização do “batimento” (processo impulso-reativo).
Aumento da área da força de impacto
Isto significa que em uma situação prática deve-se utilizar a maior superfície possível do corpo
para suportar o impacto, o que diminui a pressão a que o sujeito é submetido no instante do
contato, reduzindo-se assim a força de impacto por unidade de área de contato bem como o
risco de lesões.
Aumento do tempo de absorção do impacto (tempo de impacto)
Sugerem-se dois processos dissipativos para aumentar o tempo de contato: rolamentos e
contrações excêntricas. Com esses procedimentos objetiva-se diminuir o risco de lesões pelo
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aumento do tempo de recepção do solo mediante a flexão das articulações envolvidas na
queda.
Utilização do batimento (processo impulso reativo)
O ato de bater energicamente com os membros superiores no instante do contato com o
tatame, denominado por Roquette (1994) “batimento” ou repulsão, permitem três efeitos
importantes:
• Diminuição da velocidade de chegada do corpo ao solo e atenuação e redução das
vibrações - o que é explicado mecanicamente pelo fato de que, ao impulsionar o
tatame batendo a mão, provoca-se uma reação desse (3ª Lei de Newton), que é
transferida às demais partes do corpo.
• Aumento da superfície de contato - o fato de bater com a mão no tatame representa a
ampliação da área de contato do corpo, benefício que resulta em um menor estresse
mecânico.
• Desenvolvimento de importantes contrações musculares - as quais protegem o corpo
humano contra os fenômenos indesejáveis das vibrações.
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