do Arquivo

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
ELISIANE MARQUES MOREIRA BORGES
DOR E ANALGESIA EM PEQUENOS ANIMAIS
REVISÃO DE LITERATURA
RECIFE-PE
2009
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
ELISIANE MARQUES MOREIRA BORGES
DOR E ANALGESIA EM PEQUENOS ANIMAIS
REVISÃO DE LITERATURA
Monografia apresentada à Universidade Federal
Rural do Semi-Árido (UFERSA), como exigência
final para obtenção do título de especialização em
Clínica Médica de Pequenos Animais.
Orientadora: Dra. Lílian Sabrina Silvestre de
Andrade – UFRPE, Pernambuco
ELISIANE MARQUES MOREIRA BORGES
DOR E ANALGESIA EM PEQUENOS ANIMAIS
REVISÃO DE LITERATURA
Monografia apresentada à Universidade Federal
Rural do Semi-Árido (UFERSA), como exigência
final para obtenção do título de especialização em
Clínica Médica de Pequenos Animais.
Orientadora: Profa. Dra. Lílian Sabrina Silvestre de
Andrade - UFRPE
APROVADA EM: _______/_______/_______
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________
Profa. Dra. Lílian Sabrina Silvestre de Andrade - UFRPE
Orientadora e Presidente
_________________________________________
Msc. Otávio Pedro Neto - UFERSA
Segundo Membro
________________________________________
Eraldo Barbosa Calado - UFERSA
Terceiro Membro
DEDICATÓRIA
A todos os colegas veterinários que tentam
aliviar a dor e o sofrimento de nossos
nobres pacientes.
.
AGRADECIMENTOS
A Deus por cada instante de minha vida;
A Renato, meu marido e companheiro, por estar comigo em cada momento, me
ajudando e apoiando com tanta dedicação. Você é a luz do meu viver;
À orientadora Lílian Andrade pela paciência;
Aos meus pais, Benedito e Elisete que sempre estiveram ao meu lado me incentivando e
confiando em mim;
A Mauro, por todas as oportunidades e os ensinamentos que me proporciona todos os
dias;
A Júnior, por ter me ajudado sempre que precisei;
A minha prima Mila, pela ajuda crucial e pela hospedagem durante esse momento tão
importante de minha vida;
A Dermival, Maria de Jesus e Inácio por me acolherem com atenção e carinho;
E a todos que direta ou indiretamente me auxiliaram para a conclusão dessa etapa.
SUMÁRIO
Página
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................
11
2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................
13
2.1. MECANISMO DE TRANSMISSÃO DE DOR..........................................
13
2.2. FISIOPATOLOGIA DA DOR.....................................................................
14
2.3. AVALIAÇÃO DA DOR..............................................................................
16
2.3.1. Classificação da dor.................................................................................
17
2.3.2. Diagnóstico da dor...................................................................................
18
2.4. OBJETIVOS DO TRATAMENTO..............................................................
20
2.5. ANALGÉSICOS...........................................................................................
21
2.5.1. Opióides....................................................................................................
21
2.5.2. Agonistas α2 adrenérgicos.......................................................................
23
2.5.3. Anestésicos locais.....................................................................................
24
2.5.4. Antiinflamatórios não esteróides (AINEs).............................................
25
2.6. QUANDO UTILIZAR ANALGÉSICOS.....................................................
27
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................
30
4. CONCLUSÃO................................................................................................
33
REFERÊNCIAS.................................................................................................
34
RESUMO
A dor traz grandes transtornos para a saúde do animal, por provocar, além da
experiência sensorial e emocional desagradável, a ativação de respostas
neuroendócrinas, que vão causar desequilíbrio homeostático do organismo. Para evitar
todos os transtornos associados às dores em pequenos animais, existem diversos tipos
de fármacos analgésicos que podem ser utilizados com segurança, desde que o médico
veterinário conheça bem o mecanismo de ação do medicamento, sua classificação,
indicação e possíveis efeitos adversos. Diante do exposto, objetivou-se com esse
trabalho descrever a importância da prevenção e ou tratamento da dor em pequenos
animais e os principais fármacos analgésicos, uma vez que o tratamento da dor só trás
benefícios para o estado de saúde do paciente.
Palavras-chave: Antiinflamatórios, Analgésicos, Cães, Gatos
:
ABSTRACT
Pain brings great disadvantage to the animal´s health, by provoking, besides the
sensorial and emotional unpleasant experience, the activation of neuroendocrin answers
that will break the homeostatic balance of the organism. To avoid all of the
disadvantage associated with pain in small animals are available several types of
analgesic drugs that can be used with safety, if the Veterinary Doctor knows well the
mechanism action of the drug, it’s classification, indication and adverse effects. Before
the exposed, the aim of this paper is to describe the importance of the prevention and/or
treatment of the pain in small animals and the main analgesic drugs available.
Keywords: Antiinflamatories, Analgesics, Dogs, Cats
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Fisiologia da dor
Figura 2. Fármacos que atuam em cada fase do processo doloroso
Pág.
12
19
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Alterações de conduta possivelmente relacionadas com dor em
animais
Quadro 2: Alterações fisiológicas possivelmente relacionadas com dor em
animais
Pág.
17
18
1. INTRODUÇÃO
Dor é uma sensação desagradável e uma experiência emocional em resposta a uma
lesão tecidual real ou potencial, ou descrita em tais termos - Associação Internacional para o
Estudo da Dor (IASP) (VILA; MUSSI, 2001).
Segundo Ettinger e Feldman (1997) a dor pode ser
definida como a consciência ou percepção de estímulo
nocivo, que tem potencial para lesionar tecidos. Embora
os animais não possam descrevê-la verbalmente,
podemos inferir sua existência por suas ações: uivos,
ganidos, desuso de um membro em particular, relutância
em movimentar-se, a demonstração de atividade inferior
à usual, ou alterações nos padrões de comportamento
normais (ETTINGER; FELDMAN, 1997).
Para Almeida et al (2006), o reconhecimento do
comportamento adotado pelo animal frente ao estímulo
doloroso auxilia no diagnóstico através da classificação
da dor (DUBAL et al., 2007).
A dor, o estresse e o sofrimento ameaçam o bem-estar do animal e, eventualmente,
sua sobrevivência. Muitas vezes, mudanças de comportamento são adotadas na tentativa de
aliviar uma condição de dor e ameaça. Quando essas respostas são insuficientes para aliviar o
estresse, o sistema nervoso autônomo e neuroendócrino são ativados, acarretando alterações
em vários parâmetros fisiológicos e bioquímicos (MOBERG, 1987; MALM et al., 2005),
comumente referidas como resposta ao estresse (MALM et al., 2005).
Em animais a dor é muito mais difícil de ser diagnosticada do que em seres humanos,
porque eles não têm a capacidade de verbalizar a extensão do seu desconforto ou se o
tratamento instituído está sendo adequado (DOHOO; DOHOO, 1996). Os veterinários têm se
baseado na observação do comportamento e impacto na fisiologia do animal, para determinar
quando se deve intervir com tratamentos para reduzir a dor (HANSEN, 1994).
O uso dos analgésicos por médicos veterinários ainda apresenta certa relutância
muitas vezes por conta do desconhecimento dos benefícios fisiológicos da analgesia, a falta
de familiarização com os analgésicos indicados para cães e gatos e o temor de que a
utilização de agentes potentes possa levar a quadros de dependência química, depressão
respiratória e/ou problemas gastrintestinais (FANTONI et al., 2000).
Apesar de toda história de aversão em utilizar analgésicos em animais, o que se
observa atualmente é que o reconhecimento e tratamento da dor passam a ter impacto ético,
se tornando uma questão central na prática diária do médico veterinário (FALEIROS, et al.,
1997).
Portanto é coerente instituir tratamentos para aliviar a dor nos pacientes, pois não
existe mais dúvida em relação aos benefícios dessa terapia, e os esforços atuais acabam
girando em torno da produção de fármacos cada vez mais eficazes (CARROLL, 2005).
Com esse trabalho de revisão, objetiva-se fazer uma descrição sobre a dor, sua
fisiopatologia e os objetivos de tratá-la, bem como os principais fármacos que podem ser
utilizados com o intuito de prevenir ou combater a dor associada a doenças ou procedimentos
cirúrgicos em pequenos animais.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. MECANISMO DE TRANSMISSÃO DA DOR
A percepção da dor é um processo de transformação de estímulos nociceptivos
externos em potenciais de ação que são conduzidos pelas fibras nervosas periféricas para o
sistema nervoso central, através dos processos de transdução, transmissão e modulação
(LAMONT, 2002; TAYLOR; ROBERTSON, 2004).
Logo após uma injúria tecidual, seja ela produzida por uma cirurgia ou por um
traumatismo, o conteúdo das células extravasa e estimula a liberação de substâncias
algogênicas, denominados mediadores inflamatórios, como bradicinina, histamina, dentre
outros, as quais ativam mastócitos, linfócitos e macrófagos, desencadeando o processo
inflamatório (BASSO et al,. 2008). A ativação da via do ácido araquidônico leva a produção
de protanóides e leucotrienos. O recrutamento de células imunes propicia a liberação de
mediadores, como citocinas e fatores de crescimento. Os mediadores inflamatórios podem
ser divididos em ativadores dos receptores da dor e sensibilizadores dos nociceptores. Estes
últimos transformam estímulos antes inócuos em dor (OTERO, 2005). Tais mediadores
ativam nociceptores periféricos de alto limiar à dor, os quais passam a possuir limiar mais
reduzido, respondendo a estímulos de menor intensidade (hiperalgesia primária) (FANTONI;
MASTROCINQUE, 2004). Todo esse processo é denominado transdução e consiste na
transformação
de
estímulo
em
atividade
elétrica
pelos
nociceptores
periféricos
(TRANQUILLI, 2009).
Após ocorre a transmissão, que se constitui na propagação desses impulsos até a
medula espinhal. Na fase de modulação, há supressão ou amplificação da resposta ao
estímulo, ocorrendo também a ativação via descendente, o que modifica a transmissão
nociceptiva pela inibição de estímulos processados dentro das células do corno dorsal da
medula espinhal, ocorrendo a liberação de mediadores como neurocinina, glutamato,
substância P, as quais se ligam a receptores N-metil-d aspartato (NMDA) e de neurocinina
(NK).
A ligação desses receptores caracteriza a sensibilização central, sendo esta
responsável pelos aspectos de extensão da sensibilidade para áreas circunvizinhas à lesada, e
por tornar os mecanorreceptores, que fisiologicamente não determinam dor, capazes de
produzi-la (alodínea) (FANTONI; MASTROCINQUE, 2004).
A percepção é o processo final do estímulo da dor, em que a integração do processo
descrito no encéfalo (tálamo, sistema retículo e límbico), produzindo assim a consciência
subjetiva e emocional da dor (TRANQUILLI et al., 2009). (Figura 1).
Figura 1. Fisiologia da dor. Fonte: Daniel C. M. Muller.
2.2. FISIOPATOLOGIA DA DOR
A nocicepção é a tradução, condução e o
processamento central dos sinais recebidos geralmente
por estimulação dos nociceptores. Este é um processo que
quando ocorre resulta na percepção consciente da dor. Os
estímulos gerados são captados pelos nociceptores,
conduzidos por fibras aferentes, interneurônios e medula
espinhal, chegando ao hipotálamo, córtex cerebral e
sistema límbico, onde a dor é reconhecida, em termos de
localização, natureza e intensidade (ROSA; MASSONE,
2005).
O sistema da nocicepção serve ao reconhecimento dos estímulos nocivos internos e
externos. Em princípio, todos os receptores são capazes de perceber tal estímulo,
considerando sensações desagradáveis quando os estímulos ultrapassam acentuadamente o
limiar, que em geral são registrados como “sensações dolorosas” (BISTNER et al., 2002).
Os receptores para estímulos dolorosos (nociceptores) são terminações nervosas
livres, que se encontram espalhadas por todo o corpo e que formam os pontos dolorosos. São
encontrados na pele, musculatura, tendões, articulações, no periósteo, nos dentes, etc, sendo
na pele em número oito vezes maior. A maioria das vísceras, como cérebro, rins, pulmões,
não possuem receptores para a dor, ao contrário da serosa que recobre alguns destes órgãos e,
portanto, condiciona a dor que pode ocorrer nas cavidades orgânicas (BISTNER et al., 2002).
Foram identificados dois tipos básicos de dor: superficial e profunda. Ambas são,
respectivamente, produzidas pela ativação de fibras nervosas delta A (mielinizadas) e C
(desmielinizadas). Antes que as fibras delta A e C possam transportar seus impulsos até o
cérebro, receptores da dor (nociceptores) situados no órgão ou estrutura afetada deverão ser
estimulados acima do limiar. Tanto na dor aguda quanto na crônica, o processo inflamatório
promove o “disparo” dos receptores da dor, os quais são liberados de diversas estruturas
celulares durante o curso do processo inflamatório e causam a iniciação e continuação da dor
(ETTINGER; FELDMAN, 1997).
Assim que um estímulo nocivo tenha sido aplicado a um órgão, mediadores da dor
são liberados para a estimulação dos nociceptores, os quais lançam mão das fibras delta A e
C, para a transmissão desta informação até o cérebro, de modo que o organismo saiba que
“algum lugar está doendo” (ETTINGER; FELDMAN, 1997).
De acordo com Hansen (1993), as fibras nervosas delta A são denominadas “rápidas”
e são responsáveis pela dor aguda decorrente da lesão, permitindo ao animal a localização do
local da dor. As C denominadas fibras “lentas” sendo responsáveis pela dor secundária e
menos intensa. Havendo também as beta A que apresentam menor limiar de estímulo que as
anteriores e conduzem sensações táteis inócuas (formigamento, cócegas) (DUBAL et al.,
2007).
Respostas do sistema nervoso autônomo (SNA), como taquicardia, taquipnéia,
aumento da pressão arterial, arritmias, salivação, midríase, sudorese e liberação de
catecolaminas são indicativos de dor e estresse, principalmente quando estão associados às
alterações do comportamento. Devido à rápida e específica resposta do SNA a determinados
agentes estressores, as mensurações das freqüências cardíacas e respiratórias e a secreção de
catecolaminas podem ser utilizadas na avaliação do estresse (MOBERG, 1987; SACKMAN,
1991; MALM, 2005).
Situações estressantes e dolorosas podem alterar a secreção dos hormônios
hipofisários que regulam diretamente as funções relacionadas ao bem-estar do animal como
reprodução, crescimento e resistência (MOBERG, 1987; SACKMAN, 1991; MALM, 2005).
O trauma cirúrgico e a dor pós-operatória podem provocar a ativação neuroendócrina
e metabólica com conseqüente hipermetabolismo, aceleração de reações bioquímicas e
catabolismo orgânico. A duração e a intensidade das alterações estão relacionadas com grau
da lesão tissular e podem prolongar o período de convalescença e de recuperação pósoperatória (MALM et al., 2005).
A fisiologia da dor está concentrada no sistema nervoso que se destina a captar
estímulos que se convertem em impulsos até o SNC, sendo que o efeito final é a produção de
uma resposta comportamental do organismo. Dentro dele a informação transita pelas vias
sensitivas que chegam à medula espinhal e há também o córtex sensitivo com grande
influência de neurônios do tálamo, sendo o responsável pela percepção consciente da dor e
pelo seu comportamento motivacional e afetivo (DUBAL et al., 2007).
A dor patológica está associada às cirurgias ou processos que provocam lesões em
órgãos ou tecidos, apresentando vários graus de intensidade (DUBAL et al., 2007). Cruz
(2002) e Luttgen (2003) relatam que a presença de dor no período pós-operatório pode
contribuir para a elevação da concentração de cortisol sérico e assim levar ao retardamento
da cicatrização (DUBAL et al., 2007).
É de grande importância a influência exercida pelas dores sobre o sistema nervoso
vegetativo. Assim, a pupila se dilata, aumenta a pressão sanguínea, o pulso aumenta sua
freqüência já com estímulos dolorosos de pequena intensidade. Estes agem estimulando
quase todos os órgãos inseridos vegetativamente (BISTNER et al., 2002).
2.3. AVALIAÇÃO DA DOR
O processo de avaliação da dor é amplo e envolve a obtenção de informações
relacionadas à data de início, localização, intensidade, duração e periodicidade dos episódios
dolorosos; qualidades sensoriais e afetivas do paciente; fatores que iniciam, aumentam ou
diminuem a sua intensidade; significado para o paciente e sua família; interferência nas
atividades de vida diária, nos relacionamentos afetivos e no trabalho; expectativas em relação
à doença e ao tratamento; comportamento habitual em situações de estresse; tipos e
resultados de tratamentos anteriormente realizados (VILA; MUSSI, 2001).
Atualmente, não há métodos objetivos para a
avaliação da intensidade da dor, tanto em pacientes
humanos quanto veterinários, sendo em animais ainda
mais subjetiva. Desta forma, sua avaliação requer uma
observação cuidadosa do paciente. Entretanto, somandose as respostas comportamentais, hormonais e
metabólicas, pode-se obter uma avaliação com maior
tendência à realidade e intensidade da dor (ROSA;
MASSONE, 2005).
Considerando a subjetividade e a dificuldade no reconhecimento da dor em animais,
parâmetros comportamentais, fisiológicos e hormonais devem ser analisados em conjunto,
resultando em avaliações mais precisas da dor e da recuperação pós-operatória do paciente
(MALM et al., 2005). Entretanto, somando-se as respostas comportamentais, hormonais e
metabólicas, pode-se obter uma avaliação com maior tendência à realidade e intensidade da
dor (MASSONE; ROSA, 2005).
Conforme Paddleford (2001) e Cruz (2002), o reconhecimento da dor nos animais
difere dos humanos já que sua manifestação não é verbal, apresentando-se como alterações
comportamentais a serem interpretadas. Os sinais fisiológicos indicativos de dor incluem
alterações cardiopulmonares como taquicardia, taquipnéia, superficialização da respiração e
palidez das mucosas ocasionada pela vasoconstrição. Também é possível incluir midríase,
salivação e hiperglicemia. Os sinais comportamentais da dor são vocalização, como latido e
ou gemido, proteção do local dolorido, automutilação, inquietação, apatia e perda de apetite
(DUBAL et al., 2007). O gato geralmente permanece silencioso quando apresenta dor, mas
pode rosnar quando abordado. Apresenta inapetência e tendência a se esconder, sua postura é
tensa, com apoio sobre o esterno e relutante a carícias. Um gato com dor intensa pode uivar e
mostrar comportamento desesperado; lambidas freqüentes em um mesmo lugar também pode
ser considerado um comportamento de dor (SANFORD et al., 1986 apud CUNHA et al.,
2002).
Diferente da dor, a sensação dolorosa é a sensação clinicamente mais fácil de
comprovar nos animais. Porém, também aqui se deve observar que a sensibilidade varia
muito tanto individualmente como em dependência da espécie animal e da idade. As reações
aos estímulos dolorosos geralmente são de natureza reflexa. Com o avançar da idade, diminui
a sensibilidade devido ao empobrecimento dos sentidos. No que se refere às regiões corporais
isoladas, são especialmente sensíveis à dor: os lábios, a parte achatada do focinho do porco, a
excrescência da crista, os dedos, o espaço interdigital, a superfície interna da parte superior
da coxa, a região perineal e a ventral da cauda (BISTNER et al., 2002).
2.3.1. Classificação da dor
Segundo Almeida et al (2006), a vantagem de classificar a dor é que ela fornece ao
clínico informações sobre sua possível origem. Mais importante ainda dirige os cuidados de
saúde no sentido de um apropriado planejamento terapêutico farmacológico. Por exemplo,
síndromes neuropáticas dolorosas, geralmente respondem a medicações tais como
antidepressivos e anticonvulsivantes. Em situações de dor nociceptiva, a administração de
AINEs isolados ou em combinação com opióides é a melhor indicação. Portanto a dor pode
ser classificada, quanto à origem: fisiológica ou patológica; à neurofisiologia: nociceptiva
(somática e visceral) ou não nociceptiva (neuropática e psicogênica); ao período de duração:
aguda ou crônica.
A dor pode ser classificada de acordo com REECE (1996), em visceral e referida. A
primeira é a que surge das vísceras (os órgãos do interior das cavidades torácica, pélvica e
abdominal); as porções mais sensíveis são as serosas, peritoneal e pleural das cavidades
abdominal e torácica, respectivamente. A dor referida é a que é sentida da superfície do
corpo, mas geralmente tem sua fonte numa víscera torácica ou abdominal. É causada pela
união de fibras de dor cutânea e visceral convergentes no mesmo neurônio em alguns pontos
da via sensorial.
A dor pode ser classificada ainda como discreta quando
facilmente tolerada não levando a alterações
comportamentais. Moderada, a qual se origina quando o
animal é submetido a um procedimento cirúrgico,
manifestando-se com alterações comportamentais. E
intensa que leva o paciente à vocalização constante,
automutilação e comportamento totalmente anormal
(DUBAL et al., 2007).
2.3.2. Diagnóstico da dor
A dor é uma experiência individual, e o quanto dela se traduz em um comportamento
observável e mensurável depende de vários fatores. Algumas dessas variáveis são a espécie,
a linhagem genética dentro da espécie, o sexo, o peso corpóreo, o condicionamento prévio, a
dominância social do animal, a saúde em geral e as condições do meio ambiente no momento
da observação (ALMEIDA et al., 2006). O limiar de reação à dor é altamente variável entre
os indivíduos. O que é doloroso para um pode não ser para outro. Além disso, o desvio de
atenção sobre uma área dolorida ou uma situação dolorosa reduz a percepção à dor (REECE,
1996).
A falta de sinais claros de dor (vocalização, agitação,...) não significa que o animal
não sinta dor, pois, de acordo com Almeida et al. (2006), traumatismos, cirurgias maiores e
desarranjos metabólicos podem mascarar o comportamento animal à dor. Ao contrário,
alguns animais com dor intensa e depressão se tornam muito mais alertas e interativos
depois que se aplica um analgésico eficaz. A maioria dos pacientes irá demonstrar sinais de
agonia após uma grande cirurgia ortopédica ou de tecidos moles. A disforia devido à
administração do anestésico também pode ser marcante e poderá confundir a avaliação da
dor. Inicialmente, deve-se avaliar o paciente à distância.
Além dos vários sinais fisiológicos decorrentes da dor, ela pode ainda diminuir a
secreção de insulina e testosterona, levando a um aumento do catabolismo de proteínas,
lipólises, retenção renal de água e sódio, aumentando assim a excreção de potássio e
diminuindo a filtração glomerular (ALMEIDA et al., 2006).
No dia-a-dia, os veterinários e as pessoas que tomam conta de animais usam
observações comportamentais para avaliar o bem-estar daqueles que se encontram sob sua
proteção. É importante ressaltar que dor é uma sensação e, portanto, é totalmente subjetiva,
ou seja, sua avaliação depende totalmente do indivíduo que a padece, sendo o doente, sem a
intervenção do médico, quem decide se está ou não dolorido (CAMARGO et al., 2007).
Os animais com dor costumam manifestar alterações de conduta mais ou menos
acentuadas. Os quadros 1 e 2 destacam algumas alterações de conduta e fisiológicas,
respectivamente. Apesar dessas estarem associadas à dor, não estão relacionadas com sua
intensidade, podendo apresentar-se indistintamente em dores leves ou muito graves
(CAMARGO et al., 2007).
Para fins práticos, as afecções podem ser classificadas em cinco graus segundo a dor
que causam, sendo que, dependendo da extensão e do dano ao(s) tecido(s) comprometido(s),
a afecção pode mudar de categoria (CAMARGO et al., 2007).
Alterações da conduta
Imobilidade, recusam-se a se movimentar, urinam e defecam em decúbito;
Tendência a se esconder, buscando lugares escuros e tranqüilos;
Inutilidade de uma determinada parte do corpo;
Alterações na personalidade;
Alterações no apetite;
Vocalizações, latidos, uivos, miados, contínuos ou intermitentes;
Posturas anormais, como posição de oração típica de dor abdominal;
Automutilação.
Quadro 1 – Alterações de conduta possivelmente relacionadas com dor em animais.
Fonte: Bonafaine (2005).
Alterações fisiológicas
Aumento da freqüência cardíaca em repouso;
Aparecimento de ritmos anormais, tais como extra-sístoles ventriculares;
Alterações do padrão respiratório, taquipnéia ou respiração superficial;
Diminuição da formação de urina;
Tendência à constipação;
Alteração no tempo de preenchimento capilar;
Hipertensão;
Dilatação pupilar.
Quadro 2 – Alterações fisiológicas possivelmente relacionadas com dor em animais.
Fonte: Bonafaine (2005).
2.4. OBJETIVOS DO TRATAMENTO
A dor é um processo fisiológico essencial para a sobrevivência do indivíduo, pois é o
alerta de que alterações fisiológicas importantes estão acontecendo colocando em risco a
sua sobrevivência. Entretanto, embora seja um processo natural, a dor é sempre referida
como uma sensação desagradável e por vezes insuportável. Em decorrência disso, o
homem passou a intervir na natureza procurando alterar a história natural das doenças,
sendo que um de seus maiores objetivos é o de encontrar substâncias com ações
analgésicas que possam livrá-lo dos inconvenientes do processo doloroso (OLIVEIRA,
2005).
DOR É UM SINAL E NÃO UM DIAGNÓSTICO. AS METAS
TERAPÊUTICAS, QUANDO NECESSÁRIAS, SÃO DUAS:
PROPORCIONAR ALÍVIO DA DOR, E RESTAURAR O
FUNCIONAMENTO DA PARTE OU ÓRGÃO AFETADO
(ETTINGER; FELDMAN, 1997).
A dor, geralmente, é controlada através da utilização de analgésicos (TAYLOR,
1999; VALADÃO et al., 2002), e sabe-se que os benefícios causados pelo tratamento da dor
superam os possíveis riscos associados com a administração dessa classe de fármaco
(TRANQUILLI et al., 2005), tendo em vista que o tratamento analgésico melhora a
qualidade de vida do animal e ajuda a restaurar as funções fisiológicas com maior rapidez,
diminuindo assim a morbidade e mortalidade associadas à dor (COPPENS, 2000;
VALADÃO et al., 2002).
Atualmente os analgésicos que podem ser empregados para a prevenção e/ou
tratamento da dor em cães e gatos são os opióides (agonista, agonista parcial e agonistaantagonista), 2 agonistas adrenérgicos, anestésicos locais e antiinflamatórios não esteróides
(AINE’s) (PASCOE, 1992; HANSEN, 1994; COPPENS, 2000). (Figura 2).
Figura 2. Fármacos que atuam em cada etapa do processo doloroso. Fonte:
Daniel C. de M. Muller.
2.5. ANALGÉSICOS
2.5.1. Opióides
Os hipnoanalgésicos são fármacos dotatos de ação hipnótica e analgésica,
promovendo sonolência, torpor, desligamento e analgesia. São classificados em opiáceos
(compostos puros derivados do ópio) e opióides (qualquer substância, natural ou sintética,
que produz efeitos semelhantes à morfina). O uso do ópio, para combater a dor, data dos
primórdios da civilização. Assim, pergaminhos sumérios descrevem o cultivo da papoula e a
utilização do ópio, já ao redor de 5000 a.C. Porém foi somente em 1806 que Frederick
Sertürner, um farmacêutico alemão, isolou e descreveu uma substância pura no ópio, que
denominou de “morfina” (alusão ao Deus grego do sono Morfeu). Posteriormente outros
compostos foram isolados do ópio, sendo atualmente conhecidos cerca de 24 alcalóides,
embora apenas a morfina e a codeína tenham amplo uso na clínica. Com a descoberta que
estes alcalóides poderiam causar dependência, estimulou-se intensamente a pesquisa visando
a síntese de substâncias tão potentes quanto ou mais que a morfina, sem que produzissem
este efeito. Embora, até o momento, ainda não se tenha encontrado um hipnoanalgésico ideal,
as pesquisas vem levado a descoberta de alguns medicamentos com menos efeitos colaterais
como os opióides (DUARTE, 2005).
Os opióides são considerados os mais potentes analgésicos conhecidos (PASCOE,
2000). Têm ação analgésica através da interação com receptores específicos (PAPICH, 1997;
PAPICH, 2000), onde se ligam reversivelmente, e bloqueiam a transmissão dos estímulos
nocivos até os centros superiores, alterando a percepção da dor e reduzindo também a
sensibilização central (LASCELLES, 1999; BISTNER et al., 2002). São utilizados
comumente na medicação pré-anestésica e na analgesia trans e pós-operatória
(ROBERTSON; TAYLOR, 2004).
Os efeitos farmacológicos dos opióides são atribuídos à ativação de receptores
localizados na camada superficial (substância gelatinosa) do corno dorsal da medula espinhal
(Valadão et al, 2002).Foram descritos primariamente quatro tipos de receptores opióides:
(mu ou mi),
(kappa), σ (sigma) e
(delta), que diferem quanto à localização anatômica,
cinética de ligação e principalmente, resposta fisiológica produzida (PAPICH, 1997;
PAPICH, 2000).
O perfil clínico de um analgésico opióide está
intimamente ligado à estrutura química da molécula e às
suas propriedades físico-químicas. Estas não afetam
somente a interação do opióide como receptor, mas
também na farmacocinética da substância e,
conseqüentemente, na latência e na duração dos efeitos
(MEERT, 2000).
A morfina é um opióide que oferece eficiente poder analgésico sendo um agonista
opióide, no entanto, sua potência é menor que outros fármacos do mesmo grupo e causa mais
efeitos colaterais (DUBAL et al., 2007).
O butorfanol, um agonista antagonista, foi descrito como um derivado sintético da
morfina sendo de quatro a sete vezes mais potente. É eficaz como suplemento durante a
anestesia balanceada e causa menor depressão respiratória do que a morfina.
Dubal et al. (2007), citam que a oximorfina é um opióide puro que ocasiona menores
efeitos respiratórios e gastrintestinais do que a morfina, mas apresenta como desvantagem ser
uma droga de maior custo. Possui duração semelhante à da morfina e é dez vezes mais
potente (DUBAL et al., 2007).
O tramadol é um opióide agonista parcial usado com sucesso no tratamento da dor no
pós-operatório e com poucos efeitos adversos (DUBAL et al., 2007).
A buprenorfina é um opióide agonista parcial com potente analgesia e depressão
respiratória menor que a possivelmente causada pela morfina (DUBAL et al., 2007).
Os adesivos de fentanil são uma opção de analgesia, pois estes apresentam uma
liberação prolongada do produto quando aplicados na pele tricotomizada do paciente,
atingindo níveis plasmáticos adequados em cerca de 24 horas e durando até 72 horas
(DUBAL et al., 2007).
Administrar analgésicos opióides na dose apropriada, raramente está associado com
efeitos adversos (BROCK, 1995). O aumento significante dos efeitos colaterais, mesmo em
animais extremamente doentes, é muito discreto se o fármaco é administrado com o mínimo
de conhecimento sobre ele (HANSEN, 1994).
Os efeitos adversos que podem ocorrer após a administração dos opióides incluem a
sedação, excitação, disforia (alucinação), bradicardia, hipotensão, liberação de histamina e
depressão respiratória (HELLYER, 1997; PAPICH, 2000; PASCOE, 1998).
Os efeitos gastrointestinais compreendem náusea, vômito, salivação, diminuição na
motilidade intestinal e constipação (EVANS, 1992; SACKMAN, 1997). Os gatos são
particularmente, propensos a esses efeitos e por esse motivo, deve ser utilizada doses
adequadas ou reduzidas (associando-se a tranquilizantes) nesta espécie (PASCOE, 2000,
MAMA; STEFFEY, 2007).
Se a reação adversa é severa, os opióides ainda apresentam o benefício de poder ter
esse efeito revertido rapidamente com a administração de antagonistas puros ou agonistasantagonistas. A escolha entre um antagonista puro e um agonista-antagonista deve levar em
consideração se é desejável a completa reversão dos efeitos, ou se é preferível preservar um
certo grau de analgesia e sedação o que ocorre na administração do agonista-antagonista
(FANTONI, et al., 2000). A reversão ocorre poucos minutos após a administração
intravenosa (IV) (GONZAGA, 1998).
2.5.2. Agonistas α2 adrenérgicos
Os fármacos α2 agonistas adrenérgicos podem ser utilizados como analgésicos,
porque os mesmos ativam receptores
2 adrenérgicos localizados no cérebro e medula
espinhal, e essa ativação provoca uma diminuição da liberação dos neurotransmissores
nociceptivos (ex.: histamina, prostaglandina, substância P) (ANDRADE, 2008).
Esses fármacos provocam além da analgesia um grau de sedação que chega a exceder
a duração da ação analgésica (CARROLL, 2005) e por isso apesar de possuir excelente efeito
analgésico, os
2 agonistas são mais empregados na medicina veterinária como agente
sedativo (LASCELLES, 2002).
Os fármacos dessa classe mais utilizados em pequenos animais são a xilazina e a
medetomidina (WETMORE; GLOWASKI, 2000), embora existam estudos com a clonidina,
romifidina e dexmedetomidina (VILLELA; NASCIMENTO, 2003). A dexmedetomidina é
um agonista 2 adrenérgicos bastante seletivo, tem grande ação analgésica e sedativa e vem
se apresentando como uma nova opção na anestesiologia veterinária (VILLELA;
NASCIMENTO, 2003) podendo ser aplicada como medicação pré-anestésica, por via
peridural ou como infusão contínua (UILENREEF et al., 2008)
Como pode ocorrer vômito e alterações cardiocirculatórias após sua administração, o
uso dos agonistas 2 adrenérgicos pode ser contra-indicado em casos onde o aumento das
pressões intra-ocular, intra-craniana, intra-abdominal ou esofágica e em cardiopatas podem
ser prejudiciais para o estado de saúde do paciente (KELAWALA et al., 1996,
TRANQUILLI et al., 2005).
Quando administrados em associação com os opióides, levam a uma intensificação do
poder analgésico (TRANQUILLI et al., 2005).
Ao ser empregado no período pós-operatório é necessário ter maior cuidado, porque
pode ocorrer depressão profunda no sistema cardiopulmonar, e ainda não foram determinadas
as doses recomendadas e duração de efeito (CARROLL, 2005).
Caso se faça necessário antagonizar os efeitos dos α2 agonistas, podem ser utilizados
alfa-antagonistas, como a ioimbina ou atipamezol (CARROLL, 2005).
2.5.3. Anestésicos locais
Os anestésicos locais têm a capacidade de impedir a transmissão do impulso
nociceptivo ao SNC (FANTONI et al., 2000; TRANQUILLI et al., 2005), impedindo as
transmissões nervosas pelo bloqueio dos canais de sódio (WETMORE; GLOWASKI, 2000).
Os agentes mais utilizados em pequenos animais são a lidocaína, a bupivacaína e a
ropivacaína apresentado os dois últimos um maior tempo de ação (CARROLL, 2005;
ANDRADE, 2008a). Dá-se preferência pelos anestésicos locais de longa duração para evitar
sucessivas administrações do fármaco, apesar de todos os anestésicos locais serem capazes
de proporcionar alívio da dor (BISTNER et al., 2002).
Inúmeras técnicas estão disponíveis para administrar os anestésicos locais, entre elas
as epidural, infiltração local, bloqueio de plexo, anestesia regional, bloqueio intercostal e
intrapleural (CARROLL, 2005) e como eles tem a capacidade de bloquear todas as
informações nociceptivas que são transmitidas para o SNC, ocorre uma redução na
quantidade de anestésico geral requerido (LASCELLES, 2002; CARROLL, 2005).
Quando se deseja aumentar o tempo de ação de um anestésico local, o mesmo pode
ser associado a um vasoconstrictor (ex.: adrenalina), pois a vasoconstrição promovida,
diminui a
absorção do anestésico e, consequentemente, prolonga seu tempo de ação
(LASCELLES, 2002; TRANQUILLI et al., 2005), bem como reduz a toxicidade
(MASSONE, 2003a).
Um detalhe importante em relação aos anestésicos locais é que a administração de
dosagens excessivas (ex.: lidocaína: acima de 10 mg/kg para cães e 6 mg/kg para gatos) ou
injeções intravasculares acidentais podem levar a quadros de intoxicação, caracterizados por
sedação, ataxia, nistagmo, tremores (TRANQUILLI et al., 2005), hipotensão, disritmias
(LASCELLES, 2002) e até parada respiratória (MASSONE, 2003a).
2.5.4. Antiinflamatórios não esteróides (AINEs)
Essa classe farmacológica pode ser amplamente utilizada no tratamento da dor em
cães e gatos, inclusive alguns estudos tem demonstrado que seu uso pode ser mais efetivo do
que alguns opióides no combate a dor em determinados procedimentos cirúrgicos
(FANTONI; MASTROCINQUE, 2002), mas assim como existe certa relutância por parte
dos médicos veterinários em administrar opióides, muitos também tem a mesma preocupação
em relação aos AINEs, especialmente quando se referem aos possíveis efeitos colaterais que
esses podem ocasionar no trato gastrintestinal (FANTONI; MASTROCINQUE, 2002).
Os AINEs são o grupo de fármacos mais utilizados para o tratamento da dor leve a
moderada, e, principalmente no manejo da dor crônica (ANDRADE, 2008). Se associados a
opióides, podem ser empregados no tratamento da dor severa (FANTONI et al., 2000).
São fármacos que atuam bloqueando a enzima cicloxigenase (COX) que transforma o
ácido araquidônico em uma série de mediadores inflamatórios (ex. prostaglandinas,
tromboxana e prostaciclinas), que levam ao desenvolvimento do processo inflamatório
(FANTONI; MASTROCINQUE, 2002). Com a inibição das cicloxigenases ocorre uma
redução na produção desses mediadores, que são responsáveis pela sensibilização dos
nociceptores periféricos (TRANQUILLI et al., 2005).
Em 1995, os pesquisadores Vane e Bottingg descobriram a existência de duas COX, a
1 (COX-1) e a 2 (COX-2), apresentando cada uma delas diferentes funções dentro do
organismo (FANTONI; MASTROCINQUE, 2002), mais recentemente foi descoberta a
COX-3, a qual consiste numa variante da COX-1 (ANDRADE, 2008). A COX-1 seria
responsável pela conversão do ácido araquidônico em algumas substâncias (ex. PGE 2, PGI2,
tromboxano) necessárias para o adequado funcionamento de diversos sistemas, visto que as
mesmas garantem o suprimento sangüíneo renal ao promover a vasodilatação no local,
protegem a mucosa gástrica da ação dos sucos gástricos e estimulam a agregação plaquetária
(FANTONI; MASTROCINQUE, 2002), sendo a segunda isoforma uma enzima
preferencialmente induzida e sintetizada pelos macrófagos e células inflamatórias, com
efeitos inflamatórios importantes (ANDRADE, 2008b). Diante do exposto, é possível
concluir que quando um AINE atua bloqueando a COX-1, diversos efeitos colaterais
indesejáveis podem se desenvolver (FANTONI; MASTROCINQUE, 2002).
Segundo Carvalho et al., (2004) a expressão de uma terceira variante catalítica da
COX
(COX-3) foi demonstrada em estudos in vitro com linhagens de macrófagos. A singularidade
é que a expressão desta variante não originaria prostaglandinas pró-inflamatórias, mas um
membro da família das ciclopentanonas, a 15desoxe-12-14 PGJ2, agonista dos receptores
ativadores de proliferação do peroxissomo (PPARs), com atividade antiinflamatória. Se a
hipótese de uma terceira ciclooxigenase com atividade antiinflamatória estiver correta, a sua
expressão pode resultar em períodos típicos de remissão do processo inflamatório, como tem
sido constatado em algumas doenças crônicas, como a artrite reumática. A COX-3,
possivelmente uma variante da COX-1 (pois é derivada domesmogene dessa isorforma),
encontra-se distribuída principalmente no córtex cerebral, medula espinhal e coração, sendo
mais sensível ao acetaminofeno (paracetamol) do que a COX-1 e COX-2. Postulou-se que a
inibição da COX-3 poderia representar o mecanismo central primário pelo qual as drogas
analgésicas e antipiréticas do tipo AINE desenvolveriam suas atividades de redução da dor e
da febre.
Os AINEs mais atuais são mais seletivos para a COX-2, que acredita-se ser a
responsável pela formação das prostaglandinas que atuam como mediadores da inflamação,
ao mesmo tempo em que tem pouco efeito sobre a COX-1 (TRANQUILLI et al., 2005) e por
serem fármacos mais modernos são analgésicos mais eficazes e causam menos efeitos
colaterais (CARROLL, 2005).
Dentre os AINES mais utilizados em cães e gatos destacam-se os ácidos propiônicos
(carprofeno, cetoprofeno, vedaprofeno), os ácidos aminonicotínicos (flunixina meglumina),
pirazolônicos (dipirona, fenilbutazona), oxicans (meloxicam), sulfonalídeos (nimesulida), os
coxibes (firocoxibe) e outros de ação mista (paracetamol, benzidamina, glicosamina e sulfato
de condroitina e tepoxalina) sendo alguns mais seletivos para COX-2 que outros, ou seja,
dotados de menos efeitos colaterais (ANDRADE, 2008b).
Devem ser utilizados com cautela em animais com histórico de sangramento
gastrintestinal ou nefropatia, ou ainda em pacientes que serão tratados com outros fármacos
que reconhecidamente podem afetar as funções desses órgãos (TRANQUILLI et al., 2005).
Gatos em geral, estão mais predispostos aos efeitos tóxicos dos AINEs,
principalmente quando esses fármacos são administrados por um período mais prolongado
(TRANQUILLI et al., 2005).
Quando se opta por um tratamento analgésico com um AINEs, outros fármacos (ex.:
análogo da prostaglandina – misoprostol; antagonistas de receptores de histamina 2 –
ranitidina; inibidores de bomba de prótons - omeprazol) podem ser utilizados visando reduzir
seu efeito tóxico sobre o trato gastrintestinal (TRANQUILLI et al., 2005).
Alguns AINEs, em especial o ácido acetil salicílico, tem a capacidade de reduzir a
função das plaquetas, ocasionando um maior tempo de coagulação e por esse motivo não tem
indicação no tratamento da dor ocasionada por procedimentos cirúrgicos (TRANQUILLI et
al., 2005).
2.6.QUANDO UTILIZAR ANALGÉSICOS
A dor é fundamental para a integridade do indivíduo e a sobrevivência da espécie. É,
sobretudo, um mecanismo de proteção do corpo, que é acionado sempre que qualquer tecido
estiver sendo lesionado e faz com que o indivíduo reaja para remover o estímulo doloroso
(CAMARGO et al., 2007).
Embora a inatividade temporária e o comportamento protetor como resposta à dor
subaguda possam trazer benefícios, a dor persistente pode levar a um estado de depressão
semelhante ao desencadeamento por estímulos estressantes inevitáveis e, por conseqüência,
não pode ser considerada uma resposta adaptativa. Por esses motivos faz-se cada vez mais
necessário o correto diagnóstico prévio de todo e qualquer processo doloroso ou que culmine
em dor e a instituição do tratamento (CAMARGO et al., 2007).
Pode-se considerar que um animal, vítima de certas doenças ou submetidos a
procedimentos cirúrgicos que são reportados como dolorosos na espécie humana, sinta dor e
necessite de analgesia (CLINICAL REPORT, 1996; FANTONI et al., 2000), porque os
mecanismos e estruturas anatômicas envolvidas na nocicepção são semelhantes entre seres
humanos e animais (TRANQUILLI et al., 2005).
Clinicamente, cães e gatos que são submetidos a diversos procedimentos, desde
ovariosalpingehisterectomia (OSH) a reparos de fraturas ou toracotomias, ficam muito mais
confortáveis e calmos quando algum tipo de analgesia é fornecido (PASCOE, 1992).
Reconhecer que algumas doenças ou procedimentos são mais dolorosos do que outros
permitem que se tomem cuidados adequados para minimizar a dor e para que a escolha do
agente analgésico seja a mais apropriada (HELLYER, 1999).
A dor cirúrgica pode ser estimada de acordo com o nível de dor esperada em relação
ao procedimento a ser realizado, alterações comportamentais e fisiológicas do paciente, além
da observação da resposta obtida com o tratamento instituído, e se ainda assim houver
alguma imprecisão de se o animal está sentido dor, recomenda-se que o tratamento deva ser
instituído de qualquer maneira (CARROLL, 2005).
Quando a dor está ausente, não se faz necessário a utilização de nenhum tipo de
analgésico (HELLYER, 1999). Na presença de dor discreta, o uso de AINEs, 2 agonistas,
anestésicos locais ou opióides agonistas-antagonistas é eficaz (FANTONI et al., 2000;
FANTONI; MASTROCINQUE, 2002). Quando a dor é moderada, os fármacos indicados
são os opióides agonistas, opióides agonistas-antagonistas,
2 agonistas ou AINEs. A dor
severa só deve ser tratada através do emprego de opióides agonistas (HELLYER, 1999). Se
mesmo assim, os sinais de dor permanecerem evidentes, pode-se optar pelo aumento na
freqüência de administração ou da dose, além da associação a um AINEs ou anestésico local
(FANTONI et al. 2000; FANTONI; MASTROCINQUE, 2002).
Um conceito atual de extrema importância relacionado ao fornecimento de analgesia
para pequenos animais é o tratamento multimodal da dor. A analgesia balanceada ou
multimodal se refere ao uso simultâneo de diferentes fármacos analgésicos (duas ou mais
classes) ou técnicas analgésicas, como citado anteriormente, para maximizar o controle da
dor com doses mínimas de cada fármaco (FANTONI; MASTROCINQUE, 2002;
TRANQUILLI et al., 2005), uma vez que a transmissão da dor envolve muitas vias,
mecanismos e sistemas de transmissão e é pouco provável que apenas um tipo de analgésico
seja capaz de proporcionar uma analgesia completa independente da dose empregada
(LASCELLES, 1999).
Quando os analgésicos são administrados simultaneamente, eles vão exercer um
efeito sinérgico, e como conseqüência a dose necessária para cada fármaco será reduzida
(TRANQUILLI et al., 2005).
A duração de um tratamento analgésico vai variar de acordo com o efeito específico
do fármaco utilizado, persistência do estímulo nociceptivo e também da reação individual do
paciente (COPPENS, 2000), entretanto a observação clínica combinada com as experiências
em humanos, sugere que o alívio da dor é necessário por pelo menos 12 a 48 horas após os
procedimentos cirúrgicos. Alguns autores citam que o tratamento deve ser mantido por pelo
menos três dias (CARROLL, 2005).
Caso o tratamento analgésico instituído leve ao desenvolvimento de efeitos colaterais
significativos ou então não se observe uma resposta satisfatória, o mesmo deve ser
modificado ou interrompido (CARROLL, 2005).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todos os autores citados corroboram entre si no sentido de que necessário se faz tratar
a dor nos animais, não só pelo fato de que há vários agentes para auxiliar, como os opióides,
analgésicos, antiinflamatórios, mas porque tornou-se uma questão ética. Também há o
consenso de que a percepção da dor em animais é algo difícil, uma vez que eles não
verbalizam como os humanos.
Lamont (2002), Taylor e Robertson (2004), Fantoni e Mastrocinque (2004), Tranquilli
(2009), concordam que a percepção da dor é um processo de transformação de estímulos
nociceptivos externos em potenciais de ação que são conduzidos pelas fibras nervosas
periféricas para o sistema nervoso central, através dos processos de transdução, transmissão e
modulação.
Ettinger e Feldman (1997), Hansen (1993), concordam que há dois tipos de fibras
para condução dos estímulos dolorosos: as delta A, as quais são classificadas como rápidas, e
as C, classificadas como lentas. Sendo que Dubal et al., (2007), descreve ainda a existência
de mais uma, a beta A.
MOBERG, (1987); SACKMAN, (1991); MALM, (2005), concordam que as
respostas do SNA são indicativas de dor e estresse, principalmente quando estão associadas
às alterações de comportamento, e que as mensurações das freqüências cardíacas e
respiratórias e a secreção de catecolaminas podem utilizadas na avaliação do estresse.
Situações estressantes e dolorosas podem alterar a secreção dos hormônios hipofisários que
regulam diretamente as funções relacionadas ao bem-estar do animal como reprodução,
crescimento e resistência.
DUBAL et al., (2007), afirmam que a fisiologia da dor está concentrada no sistema
nervoso que se destina a captar estímulos que se convertem em impulsos até o SNC, sendo
que o efeito final é a produção de uma resposta comportamental do organismo. Dentro dele a
informação transita pelas vias sensitivas que chegam à medula espinhal e há também o
córtex sensitivo com grande influência de neurônios do tálamo, sendo o responsável pela
percepção consciente da dor e pelo seu comportamento motivacional e afetivo. Mas
BISTNER et al., (2002), afirmam que é de grande importância a influência exercida pelas
dores no sistema nervoso vegetativo. Assim, a pupila se dilata, aumenta a pressão sanguínea,
o pulso aumenta sua freqüência já com estímulos dolorosos de pequena intensidade. Estes
agem estimulando quase todos os órgãos inseridos vegetativamente.
Rosa; Massone, (2005); Malm et al., (2005); Paddleford (2001) e Cruz (2002),
corroboram no que diz respeito à subjetividade da dor em animais, pois atualmente, não há
métodos objetivos para a avaliação da intensidade da dor, tanto em pacientes humanos
quanto veterinários, sendo em animais ainda mais subjetiva. Desta forma, sua avaliação
requer uma observação cuidadosa do paciente. Entretanto, somando-se as respostas
comportamentais, hormonais e metabólicas, pode-se obter uma avaliação com maior
tendência à realidade e intensidade da dor. Considerando a subjetividade e a dificuldade no
reconhecimento da dor em animais, parâmetros comportamentais, fisiológicos e hormonais
devem ser analisados em conjunto, resultando em avaliações mais precisas da dor e da
recuperação pós-operatória do paciente.
Bistner et al., (2002), afirma que há a sensação dolorosa e a dor, e elas são diferentes
da dor, pois a sensação dolorosa é a sensação clinicamente mais fácil de comprovar nos
animais. Porém, também aqui se deve observar que a sensibilidade varia muito tanto
individualmente como em dependência da espécie animal e da idade. As reações aos
estímulos dolorosos geralmente são de natureza reflexa. Com o avançar da idade, diminui a
sensibilidade devido ao empobrecimento dos sentidos. No que se refere às regiões corporais
isoladas, são especialmente sensíveis à dor: os lábios, a parte achatada do focinho do porco, a
excrescência da crista, os dedos, o espaço interdigital, a superfície interna da parte superior
da coxa, a região perineal e a ventral da cauda.
Almeida et al. (2006), Reece (1996) e Dubal et al., (2007), concordam que a dor pode
ser classificada quanto à origem, à neurofisiologia, ao período de duração; pode ser visceral e
referida; e ainda como discreta, moderada e intensa. Essas classificações podem fornecer ao
clínico as informações sobre sua possível origem.
Almeida et al. (2006), Reece (1996) e Camargo et al., (2007), estão de acordo em
dizer que a dor é uma experiência individual e a falta de sinais claros de dor não significa
dizer que o animal não esteja sentindo dor. No dia-a-dia, os veterinários e as pessoas que
tomam conta de animais usam observações comportamentais para avaliar o bem-estar
daqueles que se encontram sob sua proteção.
No que diz respeito aos objetivos do tratamento, Oliveira (2005), Ettinger; Feldman
(1997), Taylor (1999), Valadão et al., (2002), Pascoe (1992), Hansen (1994), Coppens
(2000), corroboram que as metas terapêuticas, quando necessárias, são duas: proporcionar o
alívio da dor e restaurar o funcionamento da parte ou órgão afetado. Além de melhorar a
qualidade de vida do animal e ajudar a restaurar as funções fisiológicas. Há vários
analgésicos que podem ser empregados nesse sentido: os opióides, agonistas
2 adrenérgicos,
anestésicos locais e os AINEs.
Hellyer (1999), Fantoni et al., (2000), Fantoni; Mastrocinque (2002), estão de acordo
que quando a dor está ausente, não se faz necessário a utilização de nenhum tipo de
analgésico. Mas na presença de dor discreta, o uso de AINEs,
2 agonistas, anestésicos
locais ou opióides agonistas-antagonistas é eficaz, bem como quando a dor é moderada, os
fármacos indicados são os opióides agonistas, opióides agonistas-antagonistas, 2 agonistas
ou AINEs. A dor severa só deve ser tratada através do emprego de opióides agonistas. Se
mesmo assim, os sinais de dor permanecerem evidentes, pode-se optar pelo aumento na
freqüência de administração ou da dose, além da associação a um AINEs ou anestésico local.
Há ainda o tratamento multimodal da dor ou analgesia balanceada, quando
diferentes analgésicos são administrados simultaneamente, exercendo um efeito sinérgico e
conseqüentemente será reduzida a dose de cada fármaco. Isto está em concordância com
Fantoni; Mastrocinque (2002), Tranquilli et al. (2005), Lascelles (1999).
4. CONCLUSÃO
Os analgésicos são fármacos eficazes e bastante seguros para a prevenção (analgesia
preemptiva) e tratamento da dor em pequenos animais e sua utilização só traz benefícios para
o estado de saúde e bem estar do paciente, uma vez que a dor causa distúrbios orgânicos, que
tem como conseqüência o retardo na recuperação e uma maior taxa de morbidade e
mortalidade.
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