UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE LISLIANE ZANETTE DE OLIVEIRA PROPOSTA DE PLANO DE MARKETING RELIGIOSO PARA A IGREJA CATÓLICA DE CRICIÚMA CRICIÚMA - SC, 2004 LISLIANE ZANETTE DE OLIVEIRA PROPOSTA DE PLANO DE MARKETING RELIGIOSO PARA A IGREJA CATÓLICA DE CRICIÚMA Monografia apresentada à Diretoria de PósGraduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, para a obtenção do título de especialista em Marketing e Propaganda. Orientador: Prof.Silvio Luiz G.Vianna, M.Eng. CRICIÚMA - SC, 2004 Dedico este trabalho à minha amada mãe, Maria de Lourdes, que tanto me educou na busca infinita do conhecimento, e, acima de tudo, na confiança em Deus nos momentos difíceis e felizes da vida. AGRADECIMENTOS À Deus pela inspiração e pela capacitação para desenvolver este trabalho. Ao M.Eng. Silvio Luiz G. Vianna, pela orientação hábil e crítica, auxiliando-me a sobrepujar minhas dificuldades. Muito obrigada pela disponibilidade, paciência, otimismo e amizade. A Profª Roseli Jenoveva ensinamentos e incentivo. Neto pelos Em especial, à Nádia Couto, pela atenção, disponibilidade e contribuição para este trabalho. Aos professores do curso que enriqueceram o meu aprendizado. À coordenaria de pós-graduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense, em especial à Profª Isabel Conti Schilling e ao Prof. Euclides Magri. Obrigada pelo apoio e atenção recebidos durante o desenvolvimento do curso e deste trabalho. Ao auxílio da amiga Geovânia na reta final deste trabalho. À todos aqueles que acreditaram e dedicaram tempo e recursos, para que este trabalho fosse lapidado e aprimorado. À todos, meus sinceros agradecimentos. “A mais bela experiência que podemos ter é a do misterioso. Ela é a emoção fundamental que está no berço da verdadeira ciência. Quem não sabe disso e já não consegue se supreender ou se maravilhar, está praticamente morto.” Albert Einstein RESUMO O presente trabalho apresenta um plano de Marketing para a Igreja Católica da cidade de Criciúma (SC), com o intuito de oferecer uma ferramenta, cuja aplicação possibilite o crescimento do número de fiéis praticantes da religião católica. Inicialmente, são revistos conceitos sobre as necessidades humanas, religião, Marketing, e Marketing religioso. Após, é feita uma análise sobre os dados adquiridos através de um questionário aplicado aos universitários católicos residentes em Criciúma. Nesta análise busca-se identificar, nos entrevistados, perfil sócio-econômico; perfil religioso; tipo de religioso (usuário ou voluntário); tipo de angústia vivida (moral ou existencial); benefício buscado na religião; grau de satisfação perante o composto de Marketing (4 P’s : produto, praça, preço e promoção) oferecido atualmente pela Igreja Católica. Com estas informações, adicionadas as adquiridas através de fontes bibliográficas, é proposto um plano aos dirigentes católicos, segmentado ao público universitário; buscando nestes o êxito do objetivo, que é de elevar o número de fiéis ativos. Palavras-chave : Marketing Religioso, Plano de Marketing, Religião. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................12 1.1. TEMA DA PESQUISA ............................................................................................16 1.2. PROBLEMA ........................................................................................................16 1.3. OBJETIVOS .......................................................................................................16 1.3.1. Objetivo geral ..........................................................................................16 1.3.2. Objetivos específicos...............................................................................16 1.4. JUSTIFICATIVA ...................................................................................................17 1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................18 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................20 2.1. NECESSIDADES HUMANAS ..................................................................................20 2.2. RELIGIÃO ..........................................................................................................22 2.2.1. Necessidade de acreditar ........................................................................22 2.2.2. Conceito ..................................................................................................23 2.2.3. Principais religiões existentes no mundo.................................................24 2.2.4. Cristianismo.............................................................................................26 2.2.5. Igreja Católica Apostólica Romana..........................................................27 2.3. MARKETING ......................................................................................................31 2.3.1. Conceito ..................................................................................................31 2.3.2. Mix de Marketing (4 P’s)..........................................................................34 2.3.3. Tipos de Mercado....................................................................................35 2.3.4. Plano de Marketing..................................................................................37 2.4. MARKETING RELIGIOSO......................................................................................39 2.4.1. Conceito ..................................................................................................39 2.4.2. Mercado Consumidor ..............................................................................41 2.4.3. Mix do Marketing Religioso .....................................................................45 2.4.4. Plano de Marketing Religioso ..................................................................47 3. METODOLOGIA ...................................................................................................50 3.1. PESQUISA DE MARKETING ..................................................................................50 3.2. TIPO DE PESQUISA ............................................................................................54 3.3. SELEÇÃO DO UNIVERSO .....................................................................................56 3.4. AMOSTRA .........................................................................................................57 3.5. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS..................................................................59 3.6. ANÁLISE DOS DADOS .........................................................................................62 4. ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS.................................................................63 4.1. ANÁLISE ...........................................................................................................63 4.1.1. Perfil ........................................................................................................63 4.1.2. Tipo de Consumidor ................................................................................76 4.1.3. Tipo de Necessidade...............................................................................82 4.1.4. Os 4 P’s de Marketing .............................................................................89 5. PROPOSTA ........................................................................................................106 5.1. PARTE I – DEFINIÇÕES GERAIS .........................................................................106 5.1.1. Panorama histórico da igreja .................................................................106 5.1.2. Definição de missão e objetivos da igreja .............................................109 5.1.3. Visão atual e futura e análise das oportunidades ..................................110 5.1.4. Perfil dos membros e do público-alvo....................................................112 5.1.5. Panorama dos projetos em desenvolvimento........................................113 5.2. PARTE II – PROGRAMAS E SERVIÇOS ................................................................114 5.2.1. Definição de programas e serviços .......................................................114 5.2.2. Definição de recursos humanos, financeiros e tecnológicos .................115 5.2.3. Avaliação das potencialidades ..............................................................117 5.3. PARTE III – PLANOS DE AÇÃO ...........................................................................118 5.3.1. Análise das ações desenvolvidas atualmente .......................................118 5.3.2. Planos de ação......................................................................................119 5.3.3. A igreja e a sociedade local...................................................................122 5.3.4. Forma de gerenciamento e estruturação...............................................122 5.3.5. Critérios de avaliação e tomada de decisões ........................................123 5.3.6. Calendário de atividades .......................................................................124 6. CONCLUSÕES ...................................................................................................125 REFERÊNCIAS.......................................................................................................131 ANEXOS .................................................................................................................135 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Quantidade de Religiosos em Milhões de Pessoas ..................................14 Tabela 2: Comparativo entre as principais religiões..................................................25 Tabela 3 : Religiosos em Santa Catarina ..................................................................30 Tabela 4 : Conteúdo de um plano de Marketing.......................................................38 Tabela 5 : Consumidores, suas angústia e benefícios buscados..............................43 Tabela 6 : Variáveis do Questionário ........................................................................60 Tabela 7 : Pontos Fortes e Fracos; Oportunidades e Ameaças ..............................117 Tabela 8 : Índices Anuais de Metas e Desafios.......................................................122 Tabela 9 : Calendário de atividades ........................................................................124 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Pirâmides das Necessidade de Maslow.....................................................20 Figura 2: Diocese de Criciúma ..................................................................................29 Figura 3: Os quatros P’s do composto de Marketing.................................................35 Figura 4: Média de Fiéis Ativos, Inativos e Potenciais no Sul do Brasil ....................42 Figura 5 : Eixos de Referência para o Posicionamento Mercadológico de produtos religiosos ..................................................................................................44 Figura 6: Classificação da Pesquisa Marketing.........................................................50 Figura 7: Processo de pesquisa de Marketing ..........................................................51 Figura 8: Sexo ...........................................................................................................63 Figura 9: Estado Civil ................................................................................................64 Figura 10: Renda Familiar Mensal ............................................................................65 Figura 11: Número de Filhos .....................................................................................66 Figura 12: Faixa Etária ..............................................................................................67 Figura 13: Católico Praticante ...................................................................................68 Figura 14: Contribui com Dízimo ...............................................................................69 Figura 15: Praticantes e Pagantes de Dízimo ...........................................................70 Figura 16: Freqüência à igreja...................................................................................71 Figura 17: Não pensa em mudar de religião .............................................................72 Figura 18: Já pertenceu a outra religião....................................................................73 Figura 19: Católico desde que nasceu ......................................................................73 Figura 20: Jesus Cristo nasceu de Maria, que era virgem na sua concepção ..........74 Figura 21: Deus é Pai, Filho e Espírito Santo, formando assim a Santíssima Trindade .................................................................................................................75 Figura 22: A ressurreição de Jesus Cristo é a prova de que é possível vencer a morte. .......................................................................................................76 Figura 23: Quando tem um problema profissional, familiar ou de saúde, procura também a ajuda da religião .....................................................................77 Figura 24: Quando busca melhorar sua vida, procura apoio na religião ...................78 Figura 25: Faz promessa para alcançar uma graça ..................................................79 Figura 26: Vai à igreja em busca de atividades que permitam ajudar os seus semelhantes .............................................................................................80 Figura 27: Na igreja encontra respostas para os problemas existenciais .................81 Figura 28: Está sempre presente nas ações comunitárias realizadas pela igreja. ....81 Figura 29: Os pecadores serão mandados para o inferno ........................................83 Figura 30: Vai à igreja em busca de salvação...........................................................84 Figura 31: Confessa com freqüência para pedir perdão dos seus pecados..............85 Figura 32: Deus criou o mundo, portanto a teoria da evolução não tem fundamento .................................................................................................................86 Figura 33: Nosso destino já está escrito ...................................................................87 Figura 34: Na igreja encontra uma razão para sua existência ..................................88 Figura 35: Vai a esta igreja porque é a mais próxima de sua casa ...........................90 Figura 36: Gosta de estar na igreja, pois o ambiente é acolhedor ............................91 Figura 37: As acomodações da igreja são agradáveis..............................................91 Figura 38: O ambiente da igreja é bem iluminado.....................................................92 Figura 39: A igreja é bem ventilada...........................................................................93 Figura 40: As missas proporcionam momentos de aproximação com Deus .............94 Figura 41: A celebração da missa é muito extensa...................................................95 Figura 42: A homilia (sermão) é um ponto alto da celebração ..................................96 Figura 43: Quando sai da missa, sente-se melhor, com Deus, consigo e com o próximo.....................................................................................................96 Figura 44: Além da missa, igreja atua de outras formas em sua vida .......................97 Figura 45: Os padres da igreja que participa são ótimos oradores ...........................98 Figura 46: O som da igreja é adequado ....................................................................99 Figura 47: As músicas cantadas e tocadas durante a missa satisfazem ..................99 Figura 48: Há programas religiosos da nossa igreja nas rádios locais....................100 Figura 49: Nas TV’s locais, há programas religiosos da nossa igreja .....................101 Figura 50: Sabe de todos os eventos que a Igreja promove, pois são bastante divulgados ..............................................................................................102 Figura 51: Sempre faz doações à igreja, sem ser o dízimo ....................................103 Figura 52: Participa de promoções beneficentes das igreja (festas, cafés, outros).104 Figura 53: Contribui com doações nas campanhas desenvolvidas pela igreja (campanha do agasalho, alimento, etc)..................................................104 12 1. INTRODUÇÃO O mundo está sendo assolado por uma concorrência globalizada e altamente acirrada, que exige melhora constante de qualidade e aumento da competitividade. Nesse cenário de revolução tecnocultural entra a figura do Marketing, como ferramenta de potencialização da competitividade. A maioria da população ainda tem um conceito equivocado sobre este segmento da Ciência da Administração, associando-a apenas com a propaganda. Mas esta é apenas uma parte de um conjunto de ferramentas, usadas na troca de idéias, ações ou produtos. O processo de troca, segundo Kotler(1998), nada mais é do que dar uma coisa por outra, partilhar. E uma dessas trocas é a transação, onde há troca de valor entre duas ou mais partes. A transação comercial é profundamente estudada pela Ciência da Administração. Estes estudos mostraram que as empresas estabeleceram orientações das suas atividades durante os anos, com o objetivo de melhorar cada vez mais suas transações. Uma dessas orientações apareceu em meados da década de 1970, segundo Boone & Kurtz (1998, p. 7), chamada a “Era do Marketing”. Seu foco principal é a busca constante para satisfazer as necessidades e desejos humanos, por meio de processo de troca. Várias são as ferramentas do Marketing, que buscam conhecer as expectativas dos clientes, antecipar suas necessidades, supreendê-los, enfim, colocar o cliente em primeiro lugar. Essas ferramentas vem mostrando bons resultados perante os novos desafios que as empresas enfrentam na atualidade, como: mercados globalizados, concorrência acirrada e agressiva, clientes cada vez 13 mais exigentes, e outros mais. E outra característica do Marketing chamou a atenção dos estudiosos ao longo dos anos: é adaptável a qualquer atividade humana. Suas regras e instrumentos são os mesmos a esta ou àquela realidade. Esta característica foi inicialmente citada na publicação de um artigo clássico de Kotler e Levy (apud Boone & Kurtz, 1998), argumentando que o conceito de Marketing deveria ser mais abrangente, de modo a incluir o setor sem fins lucrativos da sociedade. Eles propuseram que o Marketing é uma atividade genérica para todas as organizações. Assim, o conceito ampliado estendeu-se para processos de troca não tradicionais. Neste diapasão, Galvão (2001, p.13) assim coaduna: [...] isso evidencia a velocidade de nossa era, a emergência das descobertas, da dinâmica social, do mercado e, sobretudo, a utilização de técnicas psicológicas, comportamentais e de conquista de novas fatias sociais, que são, em última análise, os objetivos do Marketing. Para melhor estudar o mercado dos bens não-tangíveis, o Marketing vem sendo subdivido em: Político, Cultural, Esportivo, Religioso, e outros. O estudo presente limita-se ao Marketing Religioso, destacando o interesse religioso da humanidade. A religião, segundo Kotsmam (2003, p.110), sempre teve papel importante na história. E tem ligação estreita com relações políticas e sociais. Assim cita : Com a crescente organização e a complexidade das sociedades humanas, a fé tornou-se um poderoso fator de união. Acreditar no mesmo deus (sic) – ou nos mesmos deuses – foi a base do surgimento das primeiras civilizações. Ser estrangeiro não significava obedecer a um rei diferente ou habitar regiões geográficas distintas, mas, antes de tudo, venerar outros deuses. Foi neste período que a fé, de um fenômeno humano, se tornou um instrumento de coesão social, de dominação interna e de conquistas externas. Kotler(1998) destaca que, como em qualquer outra abrangência do Marketing, no Religioso é necessário a identificação do perfil do consumidor, neste caso fiéis ou praticantes; suas necessidades, desejos e eventuais motivos para a 14 compra (a escolha de determinada religião ou igreja). Apesar de pouco material publicado no Brasil sobre este tipo de transação, o Marketing Religioso já é utilizado na conquista de fiéis, conforme publicado por Marthe & Valladares (2003). Os mesmos citam que os evangélicos, principalmente os dirigentes da Igreja Universal do Reino de Deus, usam a anos explicitamente ferramentas do Marketing, o que vem ocasionando aumento do número de adeptos no Brasil. Tal crescimento pode ser constatado na Tabela 1, que mostra índices da pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): Tabela 1: Quantidade de Religiosos em Milhões de Pessoas Período Católicos Evangélicos 1970 85 5 1980 106 8 1991 122 13 2000 125 26 Fonte: (IBGE, 2004) Esses números demonstram que em 30 anos, o número de fiéis das religiões evangélicas quintuplicou, enquanto a católica demonstra sinais de estagnação. O número de católicos caiu em Santa Catarina nos últimos dez anos. Essa queda deu vazão para o crescimento do número de pessoas sem-religião e evangélicos. Em 1991, 86,4% dos catarinenses se diziam católicos. O número caiu para 80,2% em 2000. A proporção de evangélicos cresceu de 11,7% para 15,4%. Os “sem religião” passaram de 0,96% para 2,26% (IBGE, 2004). Há necessidade de considerar que entre esses que se dizem católicos, há os que são praticantes, ou seja, participam e até atuam em celebrações ou eventos da igreja. Mas uma boa parte deste número são pessoas que apenas se intitulam 15 católicos, por cultura ou conveniência, mas não praticam nenhum ato religioso. A Igreja Universal do Reino de Deus apresentou um dos maiores crescimentos, sendo que desde os seus primórdios, investiu na aquisição de emissoras de rádios e televisão, mostrando o quanto é importante o uso de mídia na evangelização. Com anos de atraso, a Igreja Católica começa a enveredar por esses caminhos. A Rede Vida, a Canção Nova e Século 21 são redes de televisão com programação exclusiva para católicos. Mas está muito distante da grande fatia que as igrejas evangélicas ocupam na mídia. O Marketing na Igreja Católica começa a ser utilizado, tendo até movimentos independentes, como o IBMC (Instituto Brasileiro de Marketing Católico). Kater Filho (apud Marthe & Valladares, 2003, p.79), presidente do IBMC, afirma: “[...] aos poucos, cresce entre os bispos a consciência de que o Marketing não é uma arma diabólica do capitalismo. Nos dias de hoje, é uma ferramenta indispensável para a reaproximação com os fiéis.” Há também os padres famosos, como Padres Marcelo Rossi, Jonas Habib e Zezinho. No ano de 2003, o Padre Marcelo Rossi lançou um filme com atores famosos com o intuito de evangelizar. Pelo sucesso adquirido por este investimento, ele lançou outro filme neste ano (2004). Segundo Marthe & Valladares (2003), o Padre Marcelo Rossi é um pop star, um personagem da mídia. Mas, segundo o próprio padre e seus dirigentes, seus passos na carreira artística tem como principal objetivo obter novos adeptos no catolicismo. Excluindo a utilização da mídia em nível nacional, outras atividades com o intuito de aumentar ou manter o número de fiéis da Igreja Católica se concentram no sudeste brasileiro, como congressos, eventos, e outros. Em outras regiões há 16 grande restrição perante a utilização de técnicas administrativas na religião. Considerando o fato de Criciúma ser uma cidade do interior, com colonização variada, pode-se constatar, empiricamente, que os católicos utilizam pouco a mídia ou eventos para chamar os seus fiéis. Novos métodos, mesmo sofrendo a barreira das mudanças, podem garantir a continuidade da Igreja Católica em Criciúma, no Brasil, e no Mundo. Este trabalho propõe mostrar alguns desses métodos aos dirigentes católicos de Criciúma, a partir de uma análise do perfil e satisfação dos seus fiéis, praticantes ou não. 1.1. Tema da pesquisa Uso do Marketing Religioso, para elevação do número de fiéis ativos da Igreja Católica de Criciúma. 1.2. Problema Estagnação do número de fiéis da Igreja Católica. 1.3. Objetivos 1.3.1. Objetivo geral Propor um plano de Marketing para aumentar o número de fiéis ativos da Igreja Católica de Criciúma. 1.3.2. Objetivos específicos • Identificar o perfil sócio-econômico dos adeptos ao catolicismo; • Estudar as motivações dos universitários católicos; 17 • Analisar o atual grau de satisfação dos adeptos; • Apontar as deficiências na relação da igreja com seus adeptos; • Propor um Plano de Marketing para aumentar o número de fiéis ativos. 1.4. Justificativa Para justificar a realização deste estudo, aborda-se sua importância diante de três aspectos : econômico, social e acadêmico. Diante do aspecto econômico, Hellern, Notaker & Gaarder (2000, p.182), afirmam que: “a Igreja Católica Apostólica Romana é a maior de todas as igrejas. Existem cerca de 1 bilhão de cristãos no mundo. Aproximadamente metade deles pertence ao catolicismo”. Os mesmos autores afirmam que a Igreja Católica tem um grande poder econômico e político. Uma amostra disto é o Vaticano, sede dos católicos, que é um país próprio, com sua própria moeda, política, seu próprio correio e corpo diplomático. Isto mostra o grande poder aquisitivo da Igreja Católica, que possuem bens em todo o mundo ocidental. Já no aspecto social, a religião é o ponto alto. As religiões procuram oferecer orientação e sentido à vida de milhões de pessoas. Kostmam (2003) diz que, por mais cética que seja uma pessoa, provavelmente em algum momento de sua vida, teve questionamentos existenciais ou presenciou, e até participou, de algum ritual religioso. Isto porque a religião existe em todas as civilizações, tornando-se até um fator de distinção de sociedades. Sendo assim, sua importância histórica, cultural, social e política é incontestável. E mesmo nos dias atuais, as crenças religiosas continuam “ditando regras”. Os atentados de 11 de novembro de 2001 em Nova Iorque e 11 de março 18 de 2004 em Madri são um dos exemplos desta presença. Há outros, como os católicos contra protestante na Irlanda do Norte, e os judeus e muçulmanos disputando a Palestina, que podem ser vistos como modelos de intransigência religiosa. Outro fator importante no aspecto social, é o número de adeptos em Santa Catarina (80,2% em 2000 segundo IBGE). Este grande número de pessoas tem algo em comum, a religião, e por isso, não podem ser relevados. No aspecto acadêmico, a justificativa de realizar este trabalho é de ampliar os estudos científicos sobre o assunto para futuros estudos, sejam eles acadêmicos ou profissionais. Sua realização torna-se mais interessante pelo fato de não se ter conhecimento da existência de um estudo semelhante na região de Criciúma. 1.5. Estrutura do trabalho O presente trabalho está estruturado em 6 capítulos, abordando todos os assuntos e tópicos necessários para o desenvolvimento do tema escolhido. Introduz-se no primeiro capítulo, o contexto geral deste trabalho. São apresentados o tema, o problema, objetivos gerais e específicos, e as justificativas que dão sustentação ao tema do estudo presente. O segundo capítulo contempla a fundamentação teórica com o objetivo de construir um referencial na linha de estudo. Apresenta-se relato dos principais autores sobre : • Necessidades humanas: seu conceito e sua evolução; • Religião: o porquê da presença na humanidade; seu conceito; características das principais religiões no mundo; conceito do cristianismo; e 19 conceito e histórico da Igreja Católica; • Marketing: seu conceito e composto (4 P’s); descrição dos tipos de mercado; e descrição de pesquisa e plano de Marketing; • Marketing Religioso: conceito e mercado consumidor; composto e plano de Marketing específico. No capítulo três apresenta-se os procedimentos metodológicos adotados para a realização do estudo, explicando o tipo de estudo a ser desenvolvido, quais as técnicas utilizadas para a elaboração do questionário e de que forma ocorre a tabulação dos dados. Já no quarto capítulo, faz-se a análise dos dados obtidos por meio do questionário aplicado aos universitários católicos residentes em Criciúma. Apresenta-se inicialmente, os resultados da aplicação, com análises estatísticas e gráficas. Posteriormente, analisa-se os resultados, objetivando conhecer a fundo o problema em questão. Apresenta-se no quinto capítulo, uma proposta de plano de Marketing Religioso aos dirigentes da Igreja Católica criciumense. Adicionando os estudos da fundamentação teórica com as informações adquiridas na pesquisa de campo, buscou-se propor um plano, cujo objetivo seja aumentar o número de fiéis ativos entre os universitários. No capítulo derradeiro, apresenta-se a conclusão do estudo, que abrange: as conclusões obtidas; o alcance dos objetivos; a relação das dificuldades encontradas; contribuições para evolução do conhecimento sobre o assunto; e sugestões para futuros trabalhos. 20 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. Necessidades Humanas Observando o comportamento humano, nota-se que o indivíduo tem necessidades que influenciam o seu modo de agir para atendê-las. Kotler (1998, p.27) define necessidade como privação de algo importante ao homem, que não pode ser criada por nenhuma entidade. Necessidade humana é um estado de privação de alguma satisfação básica. As pessoas exigem alimento, roupa, abrigo, segurança, sentimento de posse e auto-estima. Essas necessidades não são criadas pela sociedade ou empresas. Existem na delicada estrutura biológica e são inerentes à condição humana. Maslow (apud Chiavenato, 1989), desenvolveu sua teoria das necessidades, que são organizadas segundo uma hierarquia, formando uma pirâmide. Figura 1: Pirâmides das Necessidade de Maslow Fonte : (Chiavenato, 1989, p.57) Como pode-se ver na figura 1, tem-se, em ordem crescente (por importância), Fisiologia, Segurança, Sociabilidade, Estima, Auto-Realização. Maslow (1975) descreve cada nível desta hierarquia: • Necessidades fisiológicas: são necessidades básicas para a 21 sustentação da própria vida, tais como comida, fome, sono, sede, abrigo, sono e sexo. O autor cita que enquanto essas necessidades não forem supridas, o ser humano não prioriza mais nenhuma outra : Se todas as necessidades estão insatisfeitas e o organismo é dominado pelas necessidades fisiológicas, quaisquer outras poderão tornar-se inexistentes ou latentes. Podemos então caracterizar o organismo como simplesmente faminto, pois a consciência fica quase inteiramente dominada pela fome. Todas as capacidades do organismo servirão para satisfazer a fome. (MASLOW, 1975, p.342) • Necessidades de segurança: são necessidades de estar livre do perigo físico e do medo da perda do emprego, do abrigo, sobrevivência física, estabilidade e etc. • Necessidades de afiliação ou sociabilidade: por serem seres sociais, as pessoas têm necessidade de se sentirem aceitas, sentido de importância, pertencentes a um grupo, ter amizades, família e etc. • Necessidades de estima: uma vez satisfeita a necessidade de afiliação, as pessoas passam a sentir necessidade de serem estimadas, respeitadas pelos outros. Passam a sentir necessidade de poder, domínio, auto-respeito, aprovação, reputação, prestígio, status e etc. • Necessidade de auto-realização: é a mais alta necessidade em sua hierarquia. É o desejo de tornar-se aquilo que a pessoa é capaz de ser - maximizar seu potencial, realizar tudo que seja possível, desejo de conhecer, compreender, sistematizar, organizar e construir um sistema de valores. Para Maslow (apud Chiavenato, 1989) a medida que as necessidades primárias são satisfeitas, as necessidades secundárias emergem no indivíduo. Tonelli (1998) conclui que esta pirâmide tem características situacionais, ou seja, dependendo da situação, uma ou outra das cinco características é buscada com mais ênfase. 22 A religião, estudada neste trabalho, não é citada explicitamente na pirâmide de necessidades de Maslow. Obviamente não é necessidade fisiológica. Maslow (1975) afirma que o ser humano é o único ser vivo que tem consciência da morte. Com a evolução da espécie humana, aprendem-se quais são todos os perigos que podem expor o mesmo à morte. Esta foi a base para identificar a necessidade de segurança, onde o homem busca a sobrevivência física. A privação de vida organizada, em paz, harmonia, com cuidados e hábitos saudáveis, gera a necessidade de segurança. Observa-se então que a religião pode ser considerada uma necessidade de segurança. Mas para identificar se realmente a religião pertence à necessidade de segurança, é preciso estudar o que é a religião, sua história e sua evolução; o que permitirá a compreensão da atual situação da igreja no mundo. 2.2. Religião 2.2.1. Necessidade de acreditar Pesquisas procuraram saber porquê o homem tem a necessidade de acreditar em um ser superior. Há duas hipóteses: um fenômeno inventado pelo homem ou algo gravado em seus genes. Para Darwin (apud Newberg & D´Aquili, 2001), a fé não está gravada nos genes humanos, mas surgiu devida a curiosidade investigativa natural nos homens, a mesma que impulsionou o homem à descoberta do fogo e da escrita. O mesmo ainda completa que a fé nasceu da capacidade humana de imaginar, investigar e se encantar; como conseqüência dos consideráveis avanços da capacidade racional do homem. Por outro lado, há estudos que procuram provar o contrário. Segundo 23 Newberg (ibidem), neurocientista e professor da Universidade da Pensilvânia nos Estados Unidos, há uma base neurológica para a grande fome humana por Deus. Os pesquisadores que atuam nesta área são chamados de neuroteólogos. Sendo ou não biológica a necessidade do ser divino, não muda a importância de sua existência, uma vez que sempre esteve incluída em todas culturas ou civilizações. Hellern, Notaker & Gaarder (2000, p.9), afirmam que: “Não existe nenhuma raça ou tribo de que haja registro que não tenha tido algum tipo de religião”. 2.2.2. Conceito Há várias definições sobre religião e cada um procura destacar apenas um aspecto dentre as inúmeras características a serem pesquisadas dentro deste assunto. Tiele (apud Hellern, Notaker & Gaarder, 2000, p.17), ressalta a submissão humana em relação a seres divinos; quando define que : A relação entre o homem e o poder sobre-humano no qual ele acredita ou do qual se sente dependente. Essa emoção se expressa em emoções especiais (confiança, medo), conceitos (crença) e ações (culto e ética). Já a definição de Glasenapp (ibidem) destaca a crença em poderes que estão presentes na humanidade, conduzindo-a em vários aspectos : “A convicção de que existem poderes transcendentes, pessoais ou impessoais, que atuam no mundo, e se expressam por insight, pensamento, sentimento, intenção e ação”. Hellern, Notaker & Gaarder (2000, p.19) apresentam sua própria definição, onde a religião é um conjunto de idéias sobre questões existenciais : “A religião sempre teve um aspecto intelectual. O crente tem idéias bem definidas sobre como a humanidade e o mundo vieram a existir, sobre a divindade e o sentido da vida”. 24 O presente estudo utilizará o conceito que religião é um conjunto de ritos, crenças e atitudes que idolatram um ou mais deuses. Esta divindade vela pelos crentes, ajudando e protegendo-os. Durante muitos anos combateu-se a religiosidade, alegando que poderia ser um meio das pessoas serem iludidas e manipuladas por outras com desejo de poder. Marx (apud Küng, 2004, p.227), serve como um exemplo disso, ao afirmar: “A religião é um ópio do povo”. As principais classificações com relação às religiões utilizam-se de critérios geográficos que buscam agrupá-las de forma a entender seus princípios. Já houve muitas tentativas de classificar as religiões mundiais em orientais e ocidentais. Consideram-se ocidentais o judaísmo, o islã e o cristianismo, enquanto as principais religiões orientais são o hinduísmo, o budismo e o taoísmo (HELLERN, NOTAKER & GAARDER, 2000, p.37). Porém Küng (2004, p. 17), apresenta classificação semelhante: • As religiões originárias da Índia: hinduísmo e budismo. • As religiões originárias da China : confucionismo e taoísmo. • As religiões originárias do Oriente Médio: judaísmo, cristianismo e islamismo. Para as primeiras, a figura-chave é o místico; para as segundas, o sábio; para as terceiras : o profeta. 2.2.3. Principais religiões existentes no mundo As várias religiões no mundo, tem características que as diferem nas questões: origem, principais países que as adotam, o principal personagem, a sua visão sobre o ser divino, a função do homem no mundo, e qual é a salvação após a morte. A tabela 2 apresentada na página seguinte, mostra sinteticamente, um comparativo dessas características entre as principais religiões no mundo: hinduísmo, budismo, confucionismo, judaísmo, cristianismo e islamismo. Seu 25 conteúdo é uma adaptação dos autores Hellern, Notaker & Gaarder (2000). Deste modo, é possível ter uma visão geral e objetiva dessas diferenças: Tabela 2: Comparativo entre as principais religiões Religião Origem Países que Principal Conceito de Deus adotam Expoente Noção de humanidade Salvação Hinduísmo Índia Índia Nepal Blangladesh Sri Lanka É uma força que permeia tudo: objetos inaminados, plantas, animais e homens. A alma humana e o mundo espiritual são uma única coisa. Reencarnação, por meio de sacrifícios e boas ações, o indivíduo garante viver várias vidas. Budismo Índia Sri Lanka Sidarta Sudeste da Gautama Ásia (Buda) Como o ser humano também é transitório. Não tem importância no budismo. Alma individual enterna (atmã), a qual sobrevive de uma existência para outra. Existência é transitória. Nada é para sempre. Confucionismo China China Japão Confucius Acredita-se que um ser sobrenatural apenas inspira, mas não dita regras morais. O homem é naturalmente bom, e o mal brota da falta de conhecimento. “Quando não se compreende nem sequer a vida, como se pode compreender a morte?” Confucius Judaísmo Oriente Médio Israel Moisés Deus é único, Sua existência criador do mundo e serve para cumprir senhor da história. todos os seus deveres para com Deus e para com seus semelhantes. Ao morrer, descansa-se até a ressurreição. Cristianismo Oriente Médio Europa Américas Ásia África Oceania Jesus Cristo Deus criador, mas com amor pela humanidade, como um pai. Imagem de Deus, com livre arbítrio para distinguir entre o certo e o errado. A fé em Jesus salva o homem, que ressuscita para um novo céu e uma nova terra. Islamismo Oriente Médio Países Oriente Médio Alá é único criador e juiz. O homem deve se entregar a Deus e se submeter a Sua vontade em todas as áreas da vida. Céu ou inferno, conforme um julgamento divino da vida terrena. _ do Maomé Fonte : Adaptação da Autora Optou-se pela análise do cristianismo, que é a base da Igreja Católica, que foi a instituição escolhida pela pesquisadora para a elaboração deste trabalho. A escolha é justificada pelo fato de ser a maior das igrejas cristãs no mundo (ibidem, p.182), por ter atuação nos cincos continentes do globo e ainda por ter também um número grande número de adeptos em Santa Catarina: 80,2% em 2000 (IBGE, 2004). 26 2.2.4. Cristianismo Vivian (2004) cita que o cristianismo é uma das grandes religiões mundiais, tendo entre seus seguidores, os católicos, ortodoxos e protestantes. A palavra cristianismo vem da palavra Cristo, que significa messias, pessoa ungida ou consagrada. Foi traduzida do hebraico mashiah (o salvador) para o grego como khristos e, finalmente, para o latim como christus. O autor ainda cita que o cristianismo baseia-se na crença, de como a exemplo de Jesus Cristo, todo ser humano é eterno, e existirá a ressurreição após sua morte. O cristianismo teve um forte papel na formação da sociedade e cultura ocidentais : “O Cristianismo é a filosofia de vida que mais fortemente caracteriza a sociedade ocidental. Há 2 mil anos permeia a história, a literatura, a filosofia, a arte e a arquitetura da Europa.” (HELLERN, NOTAKER & GAARDER, 2000, p.137) Sendo Jesus o centro da doutrina cristã, há a necessidade de saber quem ele foi. Segundo Hellern, Notaker & Gaarder (2000, p.154), Jesus era um judeu que viveu na época em que a atual Palestina era dominada pelo Império Romano. Era um profeta itinerante e suas pregações eram baseadas nas escrituras judaicas. Anunciou um Deus e uma sociedade amorosa, diferenciando dos ensinamentos até ali pregados. Foi julgado por blasfêmia e sentenciado à morte, executado por crucificação. Küng (2004, p. 216) cita quão importante foi a morte deste personagem para o surgimento do mito : Se Jesus tivesse morrido de morte natural, em idade avançada, suas palavras, parábolas e ensinamentos dificilmente seriam transmitidos até hoje. A força de sua mensagem está relacionada com seu dramático destino. As primeiras congregações cristãs foram formadas após a morte de Cristo, segundo Hellern, Notaker & Gaarder (2000). As pessoas se reuniam para 27 ouvir histórias de seus milagres e, principalmente da sua suposta ressurreição, que deu esperança aos homens que é possível derrotar a morte. Os mesmos afirmam (ibidem, p. 177) que essas reuniões foram as “[...] sementes do que hoje se chama Igreja”. E afirmam (ibidem, p. 179) que “O cristianismo hoje é dividido em muitas comunidades eclesiásticas, com diferentes organizações, doutrinas, ordens e atitudes sociais”. O cristianismo se consolidou por meio de uma organização formal que permitiu a estruturação de toda uma rede de poder e influência que marcou de maneira ímpar à sociedade ocidental, essa organização é a Igreja Católica Apostólica Romana. 2.2.5. Igreja Católica Apostólica Romana Entre as instituições cristãs, destaca-se a Igreja Católica. Hellern, Notaker & Gaarder (2000, p.182) escrevem que “A Igreja Católica Apostólica Romana é a maior de todas as igrejas. Existem cerca de 1 bilhão de cristãos no mundo”. Eles destacam (ibidem) a força da organização e sua eficiência em termos de estrutura : Uma das organizações mundiais mais fortes e mais rigidamente estruturadas, a Igreja Católica é governada por leis estabelecidas com precisão. Sua hierarquia, composta pelo papa, pelos bispos e padres, possui grande autoridade sobre a camada inferior, os leigos. Num breve histórico, Vieira (2001, p.172) cita que a Igreja Católica, foi a única igreja cristã até 1054, quando se dividiu em duas, católica romana e ortodoxa. Mais tarde, no século XVI, sofreu outra divisão : a Reforma Protestante. E até hoje sofre perda de adeptos para outras igrejas cristãs ou outra religião. Lemos (1997, p. 108) mostra que desde a colonização, a Igreja Católica foi introduzida no Brasil, já que também era a religião de Portugal. Além disso, 28 utilizaram a religião como introdutora de seu poder : No Brasil, desde a sua colonização, quando Portugal e Espanha, em busca de poder, expandiam seus domínios além-mar, houve o objetivo de “evangelizar” em nome de Jesus, escravizando e enganando o povo dominado. As origens deste passado Cristão está nas “Bulas” papais e no Tratado de Tordesilhas. Küng (2004) mostra que desde a idade média a Igreja Católica tem os mesmos princípios. Alguns princípios não são encontrados na Bíblia, seu livro fonte. Destacam-se entre eles o direito do primado e a proibição do casamento ao clero. No primado, o papa tem a palavra final, sendo considerado o único elo entre Deus e a humanidade. Na proibição do casamento ao clero, os padres fazem voto de castidade, vivendo no celibato. Sua estrutura rígida é citada por Hellern, Notaker & Gaarder (2000, p.182), que dizem que a organização da Igreja Católica é governada por leis estabelecidas com precisão. Sua hierarquia, composta pelo papa, pelos bispos e padres, possui grande autoridade sobre a camada inferior, os leigos. Outra demonstração da falta de evolução da Igreja pode ser percebida nas palavras de Küng (2004, p. 216), que diz : Até o Concílio Vaticano II (1962-65) a igreja ocidental permanece essencialmente da maneira como se configurou na alta Idade Média. Muitos católicos permanecem até hoje presos a esse paradigma medieval. Mas esse sistema romano está claramente em contradição com o evangelho. As fontes históricas sobre o catolicismo na região de Criciúma, limitação geográfica desta pesquisa, são poucas. A Diocese de Criciúma (2002, p.6) cita que até o ano de 1998, Criciúma pertencia a Diocese de Tubarão. Foi então criada a Diocese de Criciúma, situada no Extremo Sul Catarinense, abrangendo os 25 municípios pertencentes às duas micro-regiões: AMREC – Associação dos Municípios da Região Carbonífera e AMESC – Associação dos Municípios do Extremos Sul de Santa Catarina. Na figura 2, apresentada na próxima página, ilustra a divisão territorial da Diocese de Criciúma: 29 Figura 2: Diocese de Criciúma Fonte : (Plano Diocesano, 2002, p. 6) Observa-se na figura acima, que primeiramente, destaca-se as comarcas: 30 Araranguá, Meleiro, Nova Veneza, Criciúma e Urussanga. Estas são subdivididas em paróquias, totalizando 29 paróquias. A Comarca de Araranguá é composta pelas paróquias que abrangem as cidades de Araranguá, Maracajá, Balneário Arroio do Silva, Sombrio, Balneário Gaivota, Santa Rosa do Sul, São João do Sul, Passo de Torres, Praia Grande e Jacinto Machado. As cidades de Meleiro, Forquilhinha, Turvo, Ermo, Timbé do Sul e Morro Grande são atendidas pela Comarca de Meleiro. A Comarca de Nova Veneza abrange as cidades de Nova Veneza, Siderópolis e Treviso. As cidades de Criciúma e Içara fazem parte da Comarca de Criciúma. E a Comarca de Urussanga abrange as cidades de Urussanga, Cocal do Sul, Morro da Fumaça e Lauro Müller. Assim totaliza-se os 25 municípios que compõem a Diocese. Os números do IBGE (2004) mostram declínio no número de católicos em Santa Catarina. E também mostram o aumento de evangélicos e sem-religiões : Tabela 3 : Religiosos em Santa Catarina Ano Católicos Evangélicos Sem-Religiões 1991 86,4% 11,7% 0,96% 2000 80,2% 15,4% 2,26% Fonte : (IBGE, 2004) Estes números podem ser justificados através das palavras de Hellern, Notaker & Gaarder (2000, p.283): “Nunca houve tanta liberdade religiosa no Brasil como agora. Nunca antes as religiões foram tão livres para se estabelecer, competir entre si e se propagar como agora”. Segundo os mesmos, isto acontece devido a separação entre Igreja e Estado em 1889, que institucionalizou a neutralidade do Estado em matéria de religião. Mas eles (ibidem, p. 284) observam que a maior parte dos brasileiros que hoje abandona o catolicismo adere a um outro ramo do cristianismo, não dando 31 assim uma salto muito grande em termos de visão de mundo: “Mais que um país católico, o Brasil parece se tornar cada vez mais um país cristão.” Quanto ao crescimento do número de evangélicos, Campos (1999, p.355) destaca a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), principalmente por utilizar técnicas de Marketing para conquistar fiéis. Ele afirma (ibidem, p.357): A IURD é um movimento neopentecostal, que se propaga numa sociedade pluralista cujo campo religioso concorrencial e turbulento facilita o surgimento de entidades ágeis, sintonizadas com as necessidades e desejos de um público devidamente segmentado, formando assim seu próprio mercado, empregando para isso estratégias de Marketing e de propaganda, que tomam corpo em uma retórica e teologia adaptáveis aos interesses de uma sociedade capitalista em processo de globalização. O mesmo autor (ibidem, p.362) resume a aplicação dessas ferramentas de Marketing: A Igreja Universal possui uma refinada perspectiva de Marketing, pois procura conhecer o seu público, padronizar os “produtos”, transformar as pessoas em participantes do processo de “produção”, segmentar a audiência, oferecendo-lhes exatamente o que se pensa precisar e desejar naquele momento. Diante deste sucesso, a Igreja Católica se vê na necessidade de utilizá-la. Galvão (2001, p.122) alerta a necessidade dos padres se voltarem ao Marketing, afirmando: “O Marketing é um precioso instrumento para nos tornar mais competentes.” Restringindo ao Marketing, há a necessidade de estudar seu conceito e técnicas. Com o conhecimento desta ferramenta, é possível aplicá-la, visando atrair e manter fiéis os freqüentadores da Igreja Católica. 2.3. Marketing 2.3.1. Conceito Há vários conceitos de Marketing, sendo que cada um procura dizer da sua forma que o mesmo tem como objetivo principal entender e atender as necessidades e os desejos do cliente, buscando sua satisfação. 32 Kotler (1998, p.27) enfatiza a preocupação com as necessidades, conceituando o Marketing como “Um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros”. Já Druker (apud Semenik & Bamossy, 1995, p.16) prioriza o cliente, dizendo que o Marketing é “Primeiramente uma dimensão central do negócio inteiro. É o negócio como um todo visto do ponto de vista do seu resultado final, isto é, do ponto de vista do cliente.” Colocando em foco o cliente, os autores Semenik & Bamossy (1995, p.20) concluem : A satisfação é a base do conceito do Marketing, um princípio para o alcance do sucesso no mercado. O cliente, ao adquirir um produto deve ter uma satisfação maior do que o custo de aquisição. O Marketing deve ser projetado para assegurar essa satisfação. Vaz (2003, p. 15), com uma visão administrativa, simplifica : “O Marketing nada mais é, em essência, do que o aperfeiçoamento do sistema de trocas”. O Marketing teve sua evolução, divididas em eras, ou filosofias. Vieira (2001, p.110) alerta que essas eras não foram vividas com rigor pelas empresas : Embora haja uma abundância de evidências históricas de que as firmas ao longo deste século tenham enfatizado a produção e as vendas agressivas visando à satisfação do cliente, há poucas evidências consistentes de que a maioria das firmas estivesse orientada dessa forma durante “eras” inteiras. Boone & Kurtz (1998) e Las Casas (1997) identificam três eras distintas na história do Marketing: • Era da Produção: Até cerca de 1925, as empresas davam ênfase à produção de mercadorias de qualidade, para depois apresentá-lo ao mercado. A atitude predominante era que um bom produto se vende sozinho. Nesta época, a demanda era maior que a oferta, e a produção, na sua maioria, artesanal. • Era das Vendas: Após 1925 até meados dos anos 1950, a 33 industrialização se automatizou, resultando o crescimento da produção. A oferta passou a superar a demanda, e os produtos acumulavam-se nos estoques. A tarefa dos vendedores era aplicar técnicas de vendas agressivas, que convencessem os clientes a comprar suas mercadorias. • Era do Marketing: Com a concorrência acirrada com produtos de igual qualidade, as empresas viram que a venda com resultados de curto prazo não garantia sua sobrevivência. Começaram a dar atenção ao mercado, tentando atendê-lo da melhor maneira. O cliente passou a ditar as regras no cenário da comercialização. A partir de 1950, as empresas perceberam a importância de ouvir, entender e obter a fidelidade do cliente. Vaz (2003, p.15) descreve esta percepção : [...]os empresários começaram a perceber que as vendas a qualquer custo não era uma forma de comercialização muito correta. O mais importante era a conquista e a manutenção de negócios a longo prazo, mantendo relações permanentes com a clientela.. A partir de então, o consumidor passou a ter uma valorização maior. Todos os produtos passaram a ser vendidos a partir da constatação de seus desejos e necessidades. O cliente passou a dominar o cenário da comercialização como um dos caminhos para a obtenção de melhores resultados. Não foi apenas o comércio de mercadoria que identificou o Marketing como uma ferramenta que contribuísse para o seu sucesso mercadológico. Conforme Kotler (1998, p.29) “as organizações que não visam o lucro, tais como museus, universidades, igrejas e órgãos governamentais, passaram a ver o Marketing como uma nova perspectiva de enfocar suas relações com seu público“. Desde que a atividade mercadológica passou a se tornar objeto de estudo, vêm-se construindo modelos teóricos para representar adequadamente a equação de forças que integram o esforço de Marketing. A mais antiga e tradicional formulação é o Composto Mercadológico (Marketing Mix) elaborado por E. Jerome McCarthy, conhecido como 4 P’s. 34 2.3.2. Mix de Marketing (4 P’s) Destacando como alvo principal o mercado, Kotler (1998, p.97) conceitua: “Composto de Marketing é o conjunto de ferramentas que a empresa usa para atingir seus objetivos de Marketing no mercado alvo.” Drucker (1995), com outras palavras, mas com o mesmo princípio, define Mix de Marketing como o grupo de variáveis controláveis de Marketing que a empresa utiliza para produzir a resposta que deseja no mercado-alvo. Conforme Kotler (1998), essas variáveis são conhecidas como os quatro P' s: Produto, Preço, Praça e Promoção. Resumidamente, segue sua definição para cada um dos P’s: • Produto : É o bem ou serviço que satisfaz a necessidade de consumo. • Preço : É o valor monetário que o cliente paga para obter o produto desejado. • Praça : É a distribuição, o transporte, o ponto-de-venda; enfim, o meio em que o produto chega ao consumidor. • Promoção : É a maneira que é divulgado o produto, sendo a propaganda a mais conhecida. Segundo Cobra (1989, p. 28), “O conceito do 4 P’s de McCarthy é também mencionado por diversos autores como um dos mais significativos esforços de definição do escopo de Marketing”. O conceito desenvolvido por McCarthy pode ser melhor entendido por meio da análise do modelo apresentada na figura 3 da página seguinte. Visualiza-se nesta figura as variáveis específicas de Marketing sob cada P, sem nunca deixar de lado o mercado-alvo. Em produto, deve-se controlar todas as suas atribuições que são oferecidas ao mercado, como qualidade, design e embalagem. Em preço, a 35 administração financeira do produto, como desconto e prazo de pagamento. Promoção agrega promoções e propaganda, força de venda (vendedores), e outros. E por fim, a praça, que se ocupa em controlar canais de distribuição, estoque, transporte, localização, e outros. Figura 3: Os quatros P’s do composto de Marketing Fonte : (KOTTLER, 1998, p. 97) 2.3.3. Tipos de Mercado É preciso saber quais são os tipos de mercadoria, uma vez que o estudo presente analisa um produto não tangível (a religião). Vaz (2003, p.11) cita que “[...] a divisão por tipo de mercado sobrepõe dois grupos de mercadorias, com um dos grupos (as mercadorias ‘idéias’) contendo o outro (as mercadorias ‘bens’)”. Ele também afirma que o mercado de idéias é onde ocorre as trocas de bens intelectuais. Como já foi descrito anteriormente, alguns estudiosos consideram a 36 religião sobre um aspecto intelectual. O que permite concluir que o mercado da religião é um mercado de idéias. Vaz (2003) diz que as Organizações Com Fins Lucrativos são as responsáveis pelo mercado de bens-materiais, e as Organizações Sem Fins Lucrativos, pelo mercado de idéias. O autor em questão ainda enquadra as igrejas como organizações sem fins lucrativos, que são abrangidas pelo Marketing Institucional. Para Boone & Kurtz (1998, p.549), Marketing Institucional envolve tentativas de influenciar outras pessoas a aceitar os objetivos de uma organização, receber seus serviços ou contribuir de alguma forma para ela. A comunicação social é fundamental para este Marketing, segundo Vaz (2003, p.6) : Quando o Marketing transpõe a atividade econômica, seu habitat natural, e se projeta sobre o campo das idéias (ou seja, na área institucional), o seu universo operacional concentra-se quase que inteiramente na área da comunicação social. [...] A palavra institucional é usada para indicar as iniciativas através das quais uma empresa procura fixar junto ao público uma imagem positiva da organização. Para tanto, busca associar o seu nome a determinados valores e conceitos consagrados pela opinião pública. Há quatro tipos gerais de instituições, classificados por Vaz (ibidem, p.49): • Sistemas econômicos e governamentais: Dizem respeito ao suprimento de alimento, à regulamentação da propriedade e à fixação de leis; • Constituições familiares: Destinam-se a regular socialmente os vínculos afetivos, educacionais e assistenciais; • Formações artísticas e recreativas: Nas quais se desenvolvem as expressões estéticas, esportivas e de lazer; e • Religiões: Buscam explicações sobre o mundo e os aspectos inexplicados do universo moral e espiritual. Como a maioria dos estudos, o Marketing Institucional também é subdividido: 37 A expressão Marketing Institucional funciona como categoria geral da qual expressões como Marketing Cultural, Marketing Ecológico, Marketing Social e Comunitário, Marketing Esportivo, Marketing Político, e finalmente, Marketing Religioso, constituem áreas específicas de sua atuação (VAZ, 2003, p.8). Um dos objetivos deste trabalho consiste em utilizar o mix de Marketing para traçar um plano que auxiliará a entidade em estudo na obtenção de resultados. Para Semenik & Bamossy (1995, p. 64), plano de Marketing é “[...]o documento que orienta os esforços de Marketing de uma empresa”. 2.3.4. Plano de Marketing Um plano de Marketing é um documento, que pode conter basicamente: definição dos objetivos do plano; análises de ambiente (interna e externa), clientes e concorrência; metas a serem alcançadas; descrição das ações; e orçamentos. Assim definem Churchill & Peter (2000, p.19) : O desenvolvimento de estratégias de Marketing está vinculado à criação de planos, os quais incluem formulações de objetivos de Marketing, análises de clientes e mercados e compostos de Marketing sugeridos para atingir seus objetivos. Os planos de Marketing são documentos criados pelas organizações para registrar os resultados e conclusões das análises ambientais e detalhar estratégias de Marketing os resultados pretendidos por ela; devem incluir orçamentos, previsão de vendas e lucros e qualquer outro objetivo que possa ser usado para avaliar o sucesso ou fracasso. Enfim, o plano é uma orientação para identificar e melhorar os 4 P’s através de ações. Cobra (1989, p. 292) ainda enfatiza que um plano de Marketing deve ser: • Simples : fácil de compreender; • Claro : preciso e detalhado para evitar confusão; • Prático : realístico em aplicação e obtenção de metas; • Flexível : adaptável a mudanças. Um plano de Marketing, segundo vários autores deve, conter uma análise da situação, onde suposições devem ser feitas, potencial, previsões e fatos 38 identificados. Os objetivos e metas de Marketing também devem ser descritos, e detalhar os programas a serem realizados. A tabela 4, abaixo, elaborada por Cobra (1989, p. 307) apresenta o conteúdo de um plano de Marketing mostrando seus principais componentes e descrevendo sucintamente seu conteúdo. Tabela 4 : Conteúdo de um plano de Marketing Item Descrição 1.Índice Assuntos apresentados no plano e onde encontrá-los. 2. Introdução Propósito e usos do plano. 3. Sumário executivo Resumo das principais providências do plano. 4. Missão, escopo e objetivos da empresa Natureza do negócio, mercados e linhas de produto, contribuição para com objetivos associados ao perfil da empresa, capacidade e para onde a empresa quer ir. 5. Análise de situação Fatos e suposições nos quais o plano é baseado. a) Suposições Relatórios sobre fatores econômicos, ambientais, políticos, sociais, tecnológicos e competitivos. b) Recursos da empresa Pessoas-chaves, talentos, recursos, capacidades e técnicas. c) Potenciais de mercado, previsões, fatos Informações quantitativas e qualitativas sobre tamanho de cada mercado, taxas de crescimento, perfis dos clientes, desejos dos clientes, necessidades e atitudes. d) Participação no mercado Participação da empresa nas vendas totais do ramo de atividades. e) Histórico de vendas Vendas nos últimos 3 a 5 anos em cada mercado, posição atual comparada aos objetivos dos anos anteriores. f) Previsões de vendas (gastos Previsões sobre linha de produto, volume, lucro e investimento. e lucros) g) Oportunidades atuais e futuras Mercados e produtos com alto potencial. 6. A atual organização de Marketing Estruturas e propósito, responsabilidades. 7. Objetivos de Marketing Resultados a serem produzidos e onde se quer estar no próximo ano (e nos anos futuros). 8. Estratégias políticas e procedimentos de Marketing Cursos gerais de ação para alcançar objetivos, de acordo com normas preestabelecidas. 9. Programas de Marketing Cursos específicos de ação (táticas) relacionados a vendas, serviço, promoção, propaganda, merchandising, preço, distribuição, pesquisa de mercado e planejamento e desenvolvimento de produto. 10. Planejamento/delegações Quem faz o quê, onde, como e quando. 11. Planos de pessoal e material Disponibilidades e necessidades. 12. Orçamentos Recursos exigidos, custos e riscos. linhas de autoridade e 39 13. Folha de balanço pró-forma Definições contábeis e controller. 14. Controles Procedimentos para medição e controle do progresso e ações planejadas. 15. Continuidade Procedimentos para conservar o plano atualizado. Fonte : (COBRA, 1989, p. 307) Em suma, independente do plano adotado, todos procuram apresentar a situação atual do mercado, estabelecimento de metas, e definição da estratégia de Marketing a ser usada para atingir os objetivos do plano. O modelo de plano apresentado na tabela 4 pode ser facilmente aproveitado por instituições com fins lucrativos. Já para instituições sem fins lucrativos, sua utilização necessita de adaptações, uma vez que essas não possuem todos os dados acima citados, como histórico de vendas e linhas de produto. Como a Igreja Católica, estudada no presente trabalho, se enquadra nas instituições sem fins lucrativos, há a necessidade de estudar modelos de planos de Marketing para seu específico mercado: a religião. Para este fim, é fundamental analisar o Marketing Religioso, seu mercado consumidor, seu mix, e por fim, um modelo de plano de Marketing. 2.4. Marketing Religioso 2.4.1. Conceito Sendo uma subdivisão do Marketing Institucional, o Marketing Religioso se preocupa com o mercado das Igrejas. Assim Vaz (2003, p.329) conceitua : [...] um campo que, principalmente na segunda metade do século XX, tem se caracterizado como um grande mercado de idéias a cargo de instituições religiosas em disputa por uma ampla demanda de fiéis e pessoas em busca de orientação espiritual. A ligação sistemática de religião e mercado, através da prática do Marketing foi feita por Kotler (1988), que publicou em 1971 o livro Strategic Marketing for non-profit Instituitions no qual, pioneiramente, reuniu considerações 40 sobre as implicações do Marketing para aquelas organizações que não fazem da busca do ganho monetário sua meta principal. As contribuições de Kotler (1988) à área de Marketing religioso se dão no sentido de que, mesmo que uma igreja não vise lucro, ela é uma organização que reúne pessoas, materiais e instalações, e procura atingir algum propósito em suas relações com a sociedade. Berger (1963, p. 73) mostra como atualmente é importante a existência do Marketing Religioso nas igrejas : As organizações religiosas, num contexto competitivo, precisam produzir resultados, provocando, assim, uma racionalização de estruturas e procedimentos. Na anterior situação de monopólio, não se cobravam resultados das organizações religiosas. Agora, a interação com outras organizações , similares ou não, coloca a questão da sobrevivência, que vai exigir dos quadros dirigentes um treinamento para o desempenho de funções nas quais se espera haver domínio das técnicas como “planejamento”, “logística”, “estratégia”, “direção”, “controle” e outras mais. Tais atuações deverão se caracterizar por um ativismo calculista, pragmatista e dinâmico, que inclui lutar para atingir as metas, e muita habilidade em se relacionar com o público interno e externo. Como o assunto possui poucas referências, Vaz (2003, p. 349) procurou atribuir afinidades entre o Marketing Religioso e o Marketing Político, para melhor esclarecimento dos leigos. As principais afinidades são: • Marketing de idéias: Prevalece o Marketing de causas, em que o promotor do apelo é o agente fundamental do processo mercadológico. No caso do Marketing Político, é o Partido; no caso do Marketing Religioso, a Igreja. • A busca do poder: Ambos têm o objetivo de exercer um domínio sobre a comunidade. Segundo o mesmo o Marketing Político busca o poder humano, já o Marketing Religioso procura o poder divino. Vieira (2001, p.101) conclui que o Marketing possibilita várias formas de aumentar o número de fiéis. Mas um dos obstáculos mais importantes que o Marketing enfrenta, e que tem que ter uma atenção especial pela Igreja : é fidelizar e manter os clientes já existentes. 41 2.4.2. Mercado Consumidor Qual o produto que as pessoas procuram nas igrejas, e o que estas oferecem às pessoas? Para responder a pergunta acima, temos que entender as angústias humanas, classificadas por Vaz (2003, p.351) como moral e existencial : A Angústia Moral decorre do conflito entre os princípios do bem e do mal, dos sentimentos do certo e do errado, das noções de virtude (graça) e pecado, e das expectativas de prêmio e castigo. O medo de um poder superior, que tudo vê e tudo sabe, domina. A Angústia Existencial é conseqüência das inquietações sobre o “estar no mundo”, de saber quem somos, para onde vamos, o que é o universo, qual o sentido de tudo. Segundo o mesmo, a partir destas angústias, é possível determinar os tipos de consumidores da religião. Já foi citado que existem os fiéis praticantes, e, os não praticantes, popularmente chamados de fiéis relaxados. Galvão (2001, p. 50-52) divide a clientela em 3 tipos: ativa, inativa e potencial : • Clientela Ativa: Público fiel, que vem sempre à missa ou ao culto, participa, não nega sua colaboração e adesão às pastorais, freqüenta os sacramentos e paga dízimos na forma regular. O autor em questão alerta que esta clientela deve ser mantida com todo esforço. • Clientela Inativa : também chamado de arredio, que tem pouca freqüência ou colaboração. Este tipo de cliente deve ser contatado, para que se saiba as razões que o levaram a empreender sua evasão silenciosa. • Clientela em Potencial : são aquelas que não freqüentam religião alguma. O autor salienta que a busca deste cliente situa-se nos trabalhos de “primeiro anúncio”, feita por meio de um “corpo-a-corpo”. Galvão (2001, p. 50-51) apresenta uma pesquisa colhida na região sul do Brasil (PR, SC e RS), mostrando a média de fiéis ativos, inativos e em potencial 42 (todas as religiões). Figura 4: Média de Fiéis Ativos, Inativos e Potenciais no Sul do Brasil 60 48 50 40 31 30 20 21 Ativos Inativos Potenciais 10 0 % Fonte : (GALVÃO, 2001, p.51) A partir desta pesquisa, o autor observou-se que “21% freqüentam; 31% deixaram de freqüentar; e 48% não freqüentam religião alguma” (Ibidem, p. 51). Limitando-se apenas aos religiosos ativos, Vaz (2003, p. 351-352) subdividiu em dois tipos: usuário e voluntário. • Usuário: São os que usufruem dos serviços da igreja, ou seja, as “[...]pessoas que buscam respostas para o seu único e exclusivo benefício”, que “[...]buscam na igreja uma solução para seus problemas pessoais: cura de doenças, solução para os problemas de pobreza, de relacionamento”. • Voluntário: São as pessoas que participam dos serviços, que “[...] possuem uma visão humanitária [...]”, apresentando a “[...] tendência para servir, acabam desenvolvendo trabalho Voluntário para a igreja”. Observa-se que há os fiéis atuantes (voluntários), que participam nas atividades da igreja espontaneamente, e aqueles que apenas consomem (usuários), 43 buscando na religião o conforto. Cruzando estes dois tipos de crentes praticantes com os seus tipos de angústias, adquiri-se quatro tipos de benefícios procurados, citados por Vaz (2003, p.352): Tabela 5 : Consumidores, suas angústia e benefícios buscados Tipo de Consumidor Usuário Voluntário Angústia Benefício Moral Salvação Moral Existencial Conforto Espiritual Moral Relacionamento Comunitário Existencial Sentido Existencial Fonte : Adaptação da Autora Para atender essas demandas, as igrejas podem adotar dois tipos de postura: Determinação ou Orientação. A Determinação é a postura que a igreja assumia na antigüidade, onde ditava regras e dogmas, que não podiam ser constatados. Já a Orientação doutrina e cativa as pessoas, induzindo-as à reflexão e escolha. Assim Vaz (2003, p.352) descreve estas duas posturas: A postura determinista de uma igreja reflete a função histórica da religião: dizer a palavra da divindade. Para isso, ela impõe dogmas. [...] Deve ser seguida, obedecida, sem contestações. A postura de Orientação funciona por meio da indução, provocando a adesão através da colocação de propostas que cativem as pessoas. Pressupõe abertura para a reflexão crítica, para a escolha. Isso implica uma visão mercadológica: sondar o que as pessoas querem e do que precisam, e competir com outras filosofias que disputam a preferência do público, procurando preencher as suas necessidades. Esses tipos básicos de consumidores (usuário e voluntário), suas angústias (moral e existencial), os benefícios que esperam receber (salvação moral, conforto espiritual, relacionamento comunitário e sentido existencial), e a postura adotada pela igreja para atender essas demandas (determinação e orientação), são mapeados num gráfico de posicionamento mercadológico, que pode ser analisado na figura 5 na próxima página: 44 Figura 5 : Eixos de Referência para o Posicionamento Mercadológico de produtos religiosos Fonte : (VAZ, 2003, p. 353) Várias são as conclusões do porquê da perda de religiosos da Igreja Católica durante sua história. Uma é apresentada por Vaz (2003, p.357), que aponta uma Igreja Católica retrógrada, que não vive as mudanças sociais de seus fiéis: [...] à questão da perda de espaço da Igreja Católica no mercado religioso, podemos resumir a situação (embora o raciocínio não a esgote) numa relutância da Igreja em adotar métodos modernos e eficientes para enfrentar a batalha de idéias religiosas, incluindo evidentemente as técnicas de Marketing, como o fazem principalmente os grupos evangélicos. Outro fator que tem desfavorecido a Igreja Católica, em relação a estes últimos, é a sua persistência na postura de Orientação que conflita com certas posições deterministas sobre problemas sociais, como as restrições aos métodos preventivos contra a AIDS. Vaz (2003) ainda conclui que atualmente, as igrejas com postura de Orientação apresentam maior crescimento, como os evangélicos. Para reconquistar os crentes perdidos e conquistar novos, a Igreja Católica tem que rever sua postura, que está confusa: algumas doutrinas são de postura de Orientação, mas a maioria ainda é determinista, modelo utilizado desde os primórdios da Idade Média. Na continuidade do estudo, necessita-se identificar o composto mercadológico (4 P’s) no Marketing Religioso. Esta formulação de McCarthy é identificada facilmente em bens tangíveis. Para bens não tangíveis, como a religião em estudo, há a necessidade de adaptar este conceito. 45 2.4.3. Mix do Marketing Religioso Poucas são as referências que definem claramente os 4 P’s do Marketing Religioso. Entre elas, Galvão (2001) destaca como principal composto de Marketing das igrejas cristãs o seu produto, que é o próprio Jesus Cristo. Este traz como benefício a salvação. O mesmo (Galvão, 2001, p.27) ainda completa que o papel do vendedor da igreja é evangelizar as palavras de Jesus, enquanto os fiéis tem como principal o objetivo, a salvação: Enquanto o objetivo do evangelizador é anunciar a Boa Notícia, levando as pessoas a um relacionamento vivo e direto com Deus, igualmente os fiéis têm suas necessidades, em paralelo com o desejo de salvação. Aí está o “processo de troca” da definição. Galvão (2001), ainda procurou associar outros elementos de Marketing tradicional, com os oferecidos pelas igrejas cristãs, tais como: • Produto : Jesus Cristo; • Benefício : salvação, vida eterna; • Marca : cristianismo; • Gerentes/Vendedores : padres e pastores; • Vendedores corpo-a-corpo: leigos ou fiéis praticantes; • Pesquisa de Marketing : confissão ou ajuda espiritual; • Ponto-de-Venda : igrejas/templos; • Mídias : pregação; • Preço: dízimo e doações. O autor em questão (Galvão, 2001, p.67) salienta que o uso do Marketing pode ser considerado um diferencial, contribuindo para que as partes (igreja e fiéis) obtenham seus objetivos: “A tarefa do Marketing do evangelho é justamente estabelecer a diferenciação, mostrando ao público, muitas vezes ávido em consumir, o produto Cristo, capaz de satisfazê-lo de forma integral e definitiva”. 46 Galvão (2001) destinou sua obra principalmente ao clero católico, mas pode ser utilizada, sem restrições, por outras religiões cristãs. Isto porque a apresentou de maneira clara e objetiva a relação Marketing e Religião, tornando-se fonte de referência para futuros estudos. Outro trabalho é de Vieira (2001, p.205-208), que procurou identificar os 4 P’s do Marketing Religioso, tanto da Igreja Católica como na Igreja Universal do Reino de Deus, limitando-se a cidade de Salvador, no estado da Bahia. Seu universo se deve a pluralidade de religiões neste cidade, com grande número de descendentes de africanos. Inicialmente, começou seu trabalho identificando o Produto, aonde afirma que : “[...] o maior percentual de freqüentadores vai à igreja em busca de paz espiritual e do ambiente que ela proporciona [...]”. Diferente de Galvão (2001), que diz que o produto religioso cristão é Jesus Cristo, Vieira (2001) conclui que a paz espiritual é o produto oferecido pelas igrejas. Já a praça/ponto de venda, Vieira (2001) conclui que são as igrejas/templos, que estão situadas nas mais variáveis localidades, “[...] sendo que há uma predominância de templos católicos no centro da cidade e distribuídos, geralmente por bairros tradicionais”. Em sua pesquisa, a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), “[...] se preocupou com a construção de seus templos suntuosos em bairros com grande concentração da população e fácil acesso”. Isto mostra que a Igreja Universal do Reino de Deus se preocupou com o conforto dos fiéis, tornando assim um diferencial. Sobre o preço, alerta que as igrejas não devem ter metas de lucratividades, porém, “[...] utilizam dos métodos mais variados de arrecadação, com a finalidade maior de crescimento econômico, indo por terra o conceito de 47 organização sem fins lucrativos”. Finalizando com a promoção, as igrejas utilizam de todos os tipos de mídias na batalha por fiéis, principalmente a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), que segundo a autora, “[..]a compra da TV Record pela Igreja Universal, modificou o cenário religioso, impulsionando de uma vez por todas a acirrada disputa”. Após o estudo do Marketing Religioso seu conceito, seu mercado consumidor e seu mix, torna-se viável o desenvolvimento de um modelo de plano de Marketing específico para esta realidade, uma vez que há conhecimento das diretrizes a se seguir. 2.4.4. Plano de Marketing Religioso Devido ao pouco subsídio sobre este assunto, uma maneira de elaborar um plano, é observar o que a concorrência está realizando. Destacando como exemplo a Igreja Universal, Campos (1997, p.238) afirma que : [...] a Igreja Universal se tornou um campo excepcional para a observação de como um movimento religioso pode permanecer dinâmico e crescer continuamente, graças às estratégias de Marketing, num ambiente que, a princípio, lhe parecia desfavorável, dada a hegemonia exercida sobre o mercado de bens simbólicos por grupos já tradicionalmente instalados no campo religioso. Campaña (2000, p.21) apresenta um roteiro para elaborar um planejamento de Marketing Religioso. É descrito do seguinte modo: Parte I – Definições Gerais Nesta parte deve-se incluir todos os itens relativos ao passado da igreja, a definição da missão e a visão para o futuro. Além disso, há necessidade de levantar dados sobre o presente e diagnosticar como a igreja está para enfrentar o futuro. 1. Panorama histórico da igreja; 48 2. Definição de missão e objetivos da igreja: a) A missão da Igreja; b) O papel da igreja para o membro; 3. Visão atual e futura e análise das oportunidades: a) Visão e missão da igreja; b) Oportunidades relacionadas à missão; 4. Perfil dos membros e do público-alvo: a) Pesquisas de campo com os membros e o público-alvo; b) Perfil dos membros em relação à cidade; 5. Panorama dos projetos em desenvolvimento. Parte II – Programas e Serviços A segunda parte do roteiro para o planejamento vai começar a trabalhar definições mais profundas. Na primeira parte foram definidas apenas a missão e a visão. Agora, em decorrência dessas duas definições, começarão a ser definidos os programas e métodos de trabalho da igreja em suas diversas áreas de ação. 1. Definição de programas e serviços; 2. Definição de recursos humanos, financeiros e tecnológicos; 3. Avaliação das potencialidades. Parte III – Planos de Ação Nesta parte do planejamento são definidas as estratégias para se atingir os objetivos, os planos de ação e, finalmente, o calendário. O calendário é a conseqüência do “onde” a igreja quer chegar e dos objetivos que ela deseja atingir. As atividades que a igreja vai realizar serão um reflexo de seu planejamento. 1. Análise das ações desenvolvidas atualmente; 2. Definição das estratégias de ação; 49 3. Planos de ação: a) Programas; b) Atuação (espiritual, social, educacional, missionária, evangelística); c) Financeiro; 4. A igreja e a sociedade local: a) Metas e desafios; b) Alvos de crescimento; 5. Forma de gerenciamento e estruturação; 6. Critérios de avaliação e tomada de decisões; 7. Calendário de atividades. 50 3. METODOLOGIA 3.1. Pesquisa de Marketing O atual estudo, precisa de uma pesquisa específica, para visualizar o estado atual do mercado. O Marketing possui suas próprias definições de pesquisa. Para Kotler (1998, p. 114), “pesquisa de Marketing é o planejamento, coleta, análise e apresentação sistemática de dados e descobertas relevantes sobre uma situação específica de Marketing enfrentada por uma empresa”. O mesmo autor adverte que pesquisa de Marketing não é a mesma coisa que pesquisa de mercado : “a pesquisa de mercado age em um mercado específico e é apenas uma componente da pesquisa de Marketing” (Ibidem). Mesmo usando outras palavras, Mattar (1994, p.57) conseguiu maior abrangência ao definir que a pesquisa de Marketing é : A investigação sistemática, controlada, empírica e crítica de dados, com o objetivo de descobrir e (ou) descrever fatos ou verificar a existência de relações presumidas entre fatos referentes ao Marketing de bens, serviços e idéias, e ao Marketing como área de conhecimento da administração. Figura 6: Classificação da Pesquisa Marketing Fonte : (MALHOTRA, 2001, p.45) Para que uma estratégia de Marketing tenha maior chance de sucesso, uma pesquisa de Marketing é fundamental, pois fornece diretrizes para seguir, uma 51 vez que permite conhecer o momento atual dos consumidores, suas necessidades e interesses. A pesquisa de Marketing ajuda a melhorar a qualidade do produto no futuro. Baseado nos resultados de pesquisa pode-se conduzir informações que auxiliam na melhoria de produtos e no desenvolvimento de novos produtos e serviços. Uma pesquisa que retrata o mercado e o consumidor é capaz de conduzir informações para gerenciar decisões a curto prazo e desenvolver estratégias de longo prazo para a qualidade (RHEY & GRYNA,2001, p.13). O processo de Marketing é resumido na figura abaixo: Figura 7: Processo de pesquisa de Marketing Fonte : (KOTLER, 1998, p.117) Visualiza-se que os processos têm uma ordem cronológica, onde primeiramente é definido o problema e objetivos de pesquisa. Após estas definições, é desenvolvido o projeto de pesquisa. A coleta de informações é a próxima etapa. Então após analisa-se as informações coletadas. E finalmente, apresenta-se os resultados obtidos. Segue a descrição detalhada de cada etapa : Etapa 1 : Definição do Problema e Objetivos de Pesquisa Para definir um problema, primeiramente, precisa-se saber o que é um problema científico. Segundo Gil (2002, p.24), “Um problema é de natureza científica quando envolve variáveis que podem ser tidas como testáveis [...]”. Ele diz que para formular um problema, deve-se perguntar: • Qual a complexidade da questão; • Se o problema pode ser formulado como pergunta; • Se o problema é claro e preciso; • Se o problema é empírico; • Se o problema é suscetível de solução; • Se o problema é delimitado a uma dimensão viável. 52 Após verificar todas as questões acima, distingue qual o tipo de projeto. Kotler (1998, p. 117), distingue em três tipo: exploratório, descritivo ou causal. A idéia de cada tipo é: • Exploratório: Onde a meta é reunir dados preliminares, que elucidem a natureza do problema, o que possibilitará sugerir hipóteses ou desenvolver novas idéias. Gil (2002, p.41) completa: “[...] estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições”. • Descritivo : Seu objetivo é apurar aspectos de alguma população ou fenômeno. Gil (2002, p. 42) aprofunda a definição, citando que “As pesquisas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”. • Causal: O propósito deste projeto é testar uma relação de causa-efeito, analisando seus efeitos e conseqüências. Pesquisa explicativa é a definição de Gil (2002, p. 42) para as pesquisas cuja preocupação central seja identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Etapa 2 : Desenvolvimento do Plano de Pesquisa Inicialmente é necessário definir certos artifícios para o andamento da pesquisa. Assim diz Kotler (1998, p.117) que “O preparo de um plano de pesquisa exige decisões sobre fontes de dados, abordagens e instrumentos de pesquisa, plano de amostragem e métodos de contato”. As fontes de dados podem originarem-se através de levantamento de dados secundários, dados primários ou ambos. Kotler (ibidem), ao abordar este assunto, diz que: “Dados secundários são os coletados para outros propósitos e já estão disponíveis. Dados primários são aqueles reunidos para um propósito ou para um projeto de pesquisa específico”. 53 O autor em questão ainda apresenta que as abordagens de pesquisa podem ser feitas de quatro maneiras: observação, grupos-foco, levantamentos e experimentação. Kotler (1998) também cita que há dois instrumentos de pesquisa: questionários e instrumentos mecânicos. Aprofundando apenas o instrumento questionário, segundo Gil (2002, p. 114), há três técnicas de interrogação: o questionário, a entrevista e o formulário. O plano de amostragem é um conjunto de definições sobre a aplicação da pesquisa. Se define quem será pesquisado, quantas pessoas serão pesquisadas, e como estas devem ser escolhidas. Kotler (1998, p.122) corrobora esta afirmação, da seguinte forma: Após decidir sobre as abordagens de pesquisa e os instrumentos, o pesquisador de Marketing deve desenvolver um plano de amostragem. Esse plano exige três decisões: 1. Unidade de amostragem : Quem será pesquisado? [...] 2. Tamanho da amostra: Quantas pessoas devem ser pesquisadas? [...] 3. Procedimento de amostragem : Como os respondentes devem ser escolhidos?[...]. Gil (2002, p.121) mostra quão importante é a boa definição deste número, dizendo que: “Quando essa amostragem é rigorosamente selecionada, os resultados obtidos no levantamento tendem a aproximar-se bastante dos que seriam obtidos caso fosse possível pesquisar todos os elementos do universo”. Três métodos de contato são citados por Kotler (1998, p.121): envio de questionário pelo correio, entrevista por telefone ou entrevista pessoal. As perguntas devem ser claras, onde o entrevistado não tenha mais de uma interpretação sobre as questões, o que causaria danos no resultado final da pesquisa. Por isso, a elaboração do questionário deve ser um ponto crucial. Gil (2002, p.115) descreve sobre este processo: Deve ficar claro que as perguntas sobre fatos são as de mais fácil obtenção. Não há maiores dificuldades para obter dados referentes a sexo, idade, estado civil, número de filhos, etc. [...] Já as perguntas referentes a 54 sentimentos, crenças, padrões de ações, bem como a razões conscientes que os determinam, são mais difíceis de ser respondidas adequadamente. Isso exige esforços redobrados na elaboração do instrumento e, sobretudo, na análise e interpretação dos dados. Etapa 3 : Coleta de Informações Supervisionar os entrevistadores para não induzirem respostas é o grande cuidado nesta etapa. Assim completa Gil (2002, p.125): Para que os dados da pesquisa sejam livres de erros introduzidos pelos pesquisadores, ou por outras pessoas, é necessário supervisionar rigorosamente a equipe coletora de dados. Primeiramente, é preciso garantir que os pesquisadores sejam honestos e não coletem dados enviesados. Seleção rigorosa dos pesquisadores, realizada por profissionais, poderá eliminar a maior parte dos problemas dessa natureza. Etapa 4 : Análise das Informações Analisar os dados é o próximo passo : “A partir dos dados coletados, a etapa seguinte é extrair resultados desses dados” (KOTLER, 1998, p.124). O processo não é simples, como nos mostra Gil (2002, p. 125) : “O processo de análise dos dados envolve diversos procedimentos: codificação das respostas, tabulação dos dados e cálculos estatísticos”. Para completar, existe a interpretação, que pode contar com dados anteriores : Após, ou juntamente com a análise, pode ocorrer também a interpretação dos dados, que consiste, fundamentalmente, em estabelecer a ligação entre os resultados obtidos com outros já conhecidos, quer sejam derivados de teorias, quer sejam de estudos realizados anteriormente (GIL, 2002, p.125). Etapa 5 : Apresentação dos Resultados E por fim, a apresentação. Kotler (1998, p.124) conclui que “Como última etapa da pesquisa de Marketing, o pesquisador apresenta seus resultados aos principais interessados“. 3.2. Tipo de Pesquisa Segundo Lakatos & Marconi (1993), os critérios para a classificação dos 55 tipos de pesquisa variam de acordo com o enfoque dado pelo autor. Mattar (1994, p.98) considera que a definição do tipo de pesquisa deve levar em conta o objetivo e o problema pesquisados : “[...] leva em consideração o objetivo e o grau em que o problema está cristalizado e a natureza do relacionamento entre as variáveis estudadas”. Gil (2002, p. 41-43) classifica as pesquisas em três grandes grupos: pesquisa exploratórias, pesquisas descritivas e pesquisas explicativas. Considerando-se os objetivos específicos deste estudo, necessita-se a utilização de dois tipos de abordagem metodológica: descritivo e exploratório. Para maior entendimento destes dois tipos de pesquisas, o mesmo autor conceitua-os : • Pesquisa descritiva: É a pesquisa que visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis : [...] têm como objetivo primordial a características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. [...] uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. Entre as pesquisas descritivas, salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental etc. (SELLTIZ, 1967,p.63 apud GIL, 2002, p. 42). • Pesquisa exploratória : É a pesquisa que visa proporcionar maior familiaridade com o problema com o objetivo de torná-lo explícito ou de construir hipóteses : [...] têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. [...] Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Na maioria dos caso, essas pesquisas envolvem: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que “estimulem a compreensão” (Ibidem, p. 41) . 56 Adotou-se uma estratégia descritiva como abordagem metodológica, afim de identificar o perfil dos religiosos e seu grau de satisfação. Como Gil (2002, p. 50) descreve que “As pesquisas deste tipo caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer”. Sendo assim, aplicou-se um questionário para o levantamento das informações desejadas. Foi utilizada a pesquisa exploratória para o desenvolvimento da proposta de um plano de Marketing, avaliando todas as informações levantadas, bibliográficas, entrevista, e o resultado da pesquisa descritiva. 3.3. Seleção do Universo Para aplicar o questionário, há a necessidade de escolher a população onde será aplicado. Leite (1977, p.7) cita que “O primeiro passo na busca da verdade almejada consiste na delimitação do universo ou população a ser pesquisada”. Esta população deve ter um ponto em comum. Rudio (1983, p.49), diz que a população “Designa a totalidade de indivíduos que possuem as mesmas características definidas para um determinado estudo”. Restringindo ao presente trabalho, considera-se as palavras de Kotler (1998, p.58), que diz : “Estima-se que o custo de atrair novos consumidores é cinco vezes o custo de mantê-los satisfeitos”. Como as igrejas são consideradas organizações sem fim-lucrativos, pressupõe-se que tenha disposição para usar métodos que utilizam menos valor monetário. Então pode-se chegar ao objetivo deste trabalho, apenas limitando-se àqueles que se denominam católicos. Como também já foi visto, 80,2% dos catarinenses se dizem católicos, o que relativamente resulta num número bastante grande das 170.420 pessoas de 57 Criciúma (IBGE, 2004). Conforme publicado no ano de 2002 no Plano Diocesano de Pastoral da Diocese de Criciúma, descreve que : “ [...] a Diocese de Criciúma é considerada uma rede de 509 Comunidades, distribuídas nas 29 Paróquias e Santuário Diocesano Nossa Senhora de Caravaggio, agrupados em 5 Comarcas Pastorais.” São 25 municípios, com área de 5.093,02 km2, população de 484.916 em 2.000. Devido a estes números, definiu-se limitar a pesquisa apenas à Criciúma, pelas principais razões: • Cidade sede da diocese; • Maior população: 170.420 pessoas (IBGE, 2004) – 35,14% do total dos moradores da diocese; • Variedade de cultura, devida a diversidade de colonizadores, o que proporciona diferentes opiniões sociais e culturais; • Pólo industrial, onde a religião dificilmente está relacionada primeiramente na busca de soluções sócio-econômicas, como fome ou desemprego. Visto que nem toda população criciumense é católica, e a busca por esses fiéis por todas as paróquias/igrejas da cidade seria inviável, decidiu-se encontrar um local onde há pessoas de toda a cidade de Criciúma, independente da igreja sede. O local escolhido foi a UNESC (Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina), que apresenta entre seus universitários, católicos de todas as partes de Criciúma. A pesquisa foi realizada no período de setembro a outubro de 2004. 3.4. Amostra A definição de uma boa amostragem estabelece o sucesso de alcançar os objetivos da pesquisa. Assim Mattar (1994, p. 276) diz: 58 A essência de uma boa amostra consiste em estabelecer meios para inferir, o mais precisamente possível, as características de uma população, através das medidas das características da amostra. As qualidades da amostra para atender a essas características são precisão, eficiência e correção. Para Lakatos & Marconi (1993, p.108), há duas grandes divisões no processo de amostragem: a não-probabilística e a probabilística. A primeira não utiliza a seleção aleatória dos entrevistados. Kotler (1998, p. 123), divide a amostragem não-probabilística em: por conveniência, por julgamento, por quota. É pouco utilizada. Já a segunda, baseia-se que cada membro da população tem a mesma probabilidade de ser escolhido. Kotler (1998) divide-a em: simples ao acaso, estratificada ao acaso, por conglomerado (área). Gil (2002) classifica os tipos de amostragem em: amostragem aleatória simples, sistemática, estratificada, por conglomerados, por cotas. Baseada nos aspectos supra-citados, o tipo de amostragem utilizado neste trabalho foi a proporcional estratificada, pois como diz a definição, houve a necessidade de dividir a população em subgrupos : Caracteriza-se pela seleção de uma amostra de cada subgrupo da população considerada. [...] para delimitar os subgrupos ou estratos pode ser encontrado em propriedades como sexo, idade ou classe social. [...] pode ser proporcional ou não proporcional. No primeiro caso, seleciona-se de cada grupo uma amostra aleatória que seja proporcional à extensão de cada subgrupo determinado por alguma propriedade tida como relevante. [...] No caso da amostragem estratificada não proporcional, a extensão das amostras dos vários estratos não é proporcional à extensão desses estratos em relação ao universo (Ibidem, p. 122-123) Por conveniência, distribui-se a mesma quantia de questionários em alguns cursos de graduação da universidade: administração, matemática, letras, educação física, ciências contábeis, história, fisioterapia, ciência da computação, secretariado e engenharia de materiais. Foram deixados na coordenação de cada curso, onde esses distribuíram aleatoriamente entre seus alunos. Definido o tipo de amostragem, é necessário determinar o número adequado de elementos. Utiliza-se a tabela de Arkin e Colton (Gil, 2002, p. 124). A 59 margem de erro escolhida é ± 5%, verifica-se na tabela que para uma população acima de 10.000 pessoas (neste caso cerca de 12.000 alunos), o número de pessoas entrevistadas é 400. Foram distribuído 40 questionários por curso. 3.5. Instrumento de Coleta de Dados O instrumento de Coleta de Dados escolhido foi o questionário (anexo 01), que apresenta questões, onde o entrevistado apontam ou escrevem sua resposta. Assim Kotler (1998, p.121) descreve o questionário: O questionário consiste de um conjunto de questões para serem respondidas por entrevistados. Em função de sua flexibilidade, é o instrumento mais comum para coletar dados primários. Precisam ser cuidadosamente desenvolvidos, testados e corrigidos antes de serem administrados em larga escala Nesta presente pesquisa, utiliza-se o questionário com questões fechadas, pois segundo Kotler (Ibidem), “[...] as questões fechadas fornecem respostas mais fáceis de interpretar e tabular”. Para elaboração destas questões, definiu-se as variáveis que podem ser computadas para análise. Conforme Richardson (1989), variável é um conceito que assume valores numéricos, em caso de variáveis quantitativas, ou que pode ser classificado em duas ou mais categorias, em caso de ser variáveis de abributos (sexo, estado civil, etc). Utiliza-se para medição a escala do tipo “Likert”, que segundo Mazzon (1981), é o questionário no qual as pessoas são solicitadas a se posicionar num contínuo que varia de “concordo totalmente” e “discordo totalmente” em termos de suas atitudes em relação a uma questão específica. As variáveis definidas foram distribuídas em 4 grupos: perfil, tipo de consumidor, tipo de necessidade e 4 P’s do Marketing. Esta distribuição está representada na tabela 6 da página seguinte: 60 Tabela 6 : Variáveis do Questionário Grupo Sub-Grupo Perfil Sócio-Econômico Variáveis Sexo Estado Civil Renda Familiar Mensal Número de Filhos Faixa Etária Católico Católico Praticante Contribuição com Dízimo Freqüência à igreja Não pensa em mudar de religião Já pertenceu a outra religião Católico desde que nasceu Conhecimento Doutrinário Jesus Cristo nasceu de Maria, que era virgem na sua concepção Deus é Pai, Filho e Espírito Santo, formando assim a Santíssima Trindade A ressurreição de Jesus Cristo é a prova de que é possível vencer a morte Tipo de Consumidor Usuário Quando tem um problema profissional, familiar ou de saúde, procura também a ajuda da religião Quando busca melhorar sua vida, procura apoio na religião Faz promessa para alcançar uma graça Voluntário Vai à igreja em busca de atividades que permitam ajudar os seus semelhantes Na igreja encontra respostas para os problemas existenciais Está sempre presente nas ações comunitárias realizadas pela igreja Tipo de Necessidade Moral Os pecadores serão mandados para o inferno Vai à igreja em busca de salvação Confessa com freqüência para pedir perdão dos seus pecados Existencial Deus criou o mundo, portanto a teoria da evolução não tem fundamento Nosso destino já está escrito Na igreja encontra uma razão para sua existência 4 P’s do Marketing Praça Vai a esta igreja porque é a mais próxima de sua casa As acomodações da igreja são agradáveis O ambiente da igreja é bem iluminado A igreja é bem ventilada 61 4 P’s do Marketing Produto As missas proporcionam momentos de aproximação com Deus A celebração da missa é muito extensa A Homilia (sermão) é um ponto alto da celebração Quando sai da missa, sente-se melhor, com Deus, consigo e com o próximo Além da missa, igreja atua de outras formas em sua vida Promoção Os padres da igreja que participa são ótimos oradores O som da igreja é adequado As músicas cantadas e tocadas durante a missa satisfazem Há programas religiosos da nossa igreja nas rádios locais Nas TV’s locais, há programas religiosos da nossa igreja Sabe de todos os eventos que a igreja promove, pois são bastantes divulgados Preço Sempre há doações à igreja, sem ser o dízimo Participa de promoções beneficentes das igrejas (festas, cafés, outros) Contribui com doações nas campanhas desenvolvidas pela igreja (campanha do agasalho, alimento, etc) Fonte : Dados da pesquisadora No grupo Perfil, busca-se identificar no entrevistado sua situação sócioeconômica; sua situação e histórico como católico; e seu conhecimento doutrinário. No grupo Tipo de Consumidor, procura-se identificar o tipo de religioso que prevalece entre os entrevistados, conforme os tipos que Vaz (2003) apontou: usuário ou voluntário. Já no grupo Tipo de Necessidades, o objetivo é apontar, entre os entrevistados, se a maioria tem angústia moral ou existencial; classificação também apresentada por Vaz (2003). Por fim, pretende-se medir o grau de satisfação dos universitários católicos entrevistados perante os 4 P’s do Marketing Religioso (praça, produto, promoção e praça) oferecidos pela Igreja Católica de Criciúma. Identificadas estas variáveis, é possível traçar um plano de Marketing Religioso, cuja aplicação tenha maior possibilidade de êxito, pois é conhecido por meio dos resultados do questionário, dados concretos da realidade do público alvo, facilitando o desenvolvimento do estudo. 62 3.6. Análise dos Dados A análise de dados deste trabalho é resultado da combinação de dados primários e secundários: • Dados primários : Segundo Kotler (1998, p.117), “Dados primários são aqueles reunidos para um propósito ou para um projeto de pesquisa específico”. Malhotra(2001) cita que dados primários são gerados pelo pesquisador com a finalidade de solucionar o problema em estudo. No atual estudo, os dados primários foram obtidos através de : a) questionário com perguntas fechadas aplicado aos universitários católicos residentes em Criciúma, com o intuito de identificar: perfil sócio-econômico, perfil católico, tipo de católico, angústia, e grau de satisfação quanto aos 4 P’s da Igreja Católica; b) entrevista junto a um representante da Diocese de Criciúma, Padre Ludgero Buss, ocorrida na sede da Diocese de Criciúma, em 12 de novembro de 2004, no horário das 10 às 11 horas. Esta entrevista teve o intuito de obter dados das atuais atividades de Marketing da Diocese. • Dados secundários: Malhotra (2001) define que dados secundários são aqueles coletados anteriormente para outros objetivos que não o em estudo. O mesmo autor divide dado secundário em: dados internos, gerados na instituição em que está sendo realizada a pesquisa; e dados externos, gerados por fontes externas à instituição pesquisada. Cooper & Schindler(2003, p.132) argumentam que “O primeiro passo em um estudo exploratório é a busca de literatura secundária. Estudos feitos por terceiros, com seus próprios objetivos, representam dados secundários”. O presente trabalho utilizou de dados coletados em materiais publicados e dados disponíveis na internet. 63 4. ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS 4.1. Análise Nesta fase da pesquisa são expostos os resultados obtidos através da aplicação dos questionários aos universitários católicos da Universidade do Extremo Sul Catarinense, residentes em Criciúma. Em seguida, é apresentado uma análise destes resultados. Dentre os 400 questionários utilizados, obteve-se o retorno de 267 deles, correspondendo a 69%, satisfazendo assim a amostra pretendida. Porém, isto demonstra a dificuldade na aplicação da pesquisa, uma vez que, em função do assunto, muitas pessoas preferem se omitir. 4.1.1. Perfil 4.1.1.1. Perfil Sócio-Econômico Destes 267 estudantes, 59% são mulheres, 40% homens, e 1% não responderam. Assim mostra a figura 8 : Figura 8: Sexo 70 60 59 50 40 40 Feminino Masculino 30 Não Respondido 20 10 1 0 % Fonte : Pesquisa de Campo Uma vez que a pergunta de pré-seleção para aplicação do questionário 64 foi se o entrevistado morava na cidade de Criciúma e se era católico, considera-se assim que as mulheres assumem mais a sua religiosidade. Esta confirmação é fortalecida com dados do IBGE (2004), que diz que a população em 2000 de homens era de 49,22% e mulheres 50,78%. Portanto, Criciúma não possui a diferença na quantidade total de homens e mulheres, de 19% apontada na presente pesquisa. Em relação ao estado civil, o seu maior percentual é de pessoas solteiras, perfazendo um total de 85%. A figura 9 demonstra os dados obtidos, sendo de 11% o percentual das pessoas casadas; 1%, das viúvas; 2% separadas judicialmente, e finalmente, 0% das divorciadas. Apenas 1% não informou seu estado civil. Figura 9: Estado Civil 90 80 85 70 Solteiro 60 Casado 50 Viúvo 40 Separado 30 Divorciado 20 10 Não Respondido 11 2 1 0 0 1 % Fonte : Pesquisa de Campo Este percentual é justificado, já que a pesquisa foi efetuada entre universitários, que apresentam faixa etária jovem, conforme poderá ser observado no gráfico na figura 12. A renda média dos entrevistados varia entre 5 a 10 salários mínimos, sendo o percentual de 44%; as pessoas com rendimento até 4 salários mínimos, perfazem um total de 30%; entre 11 a 15 salários mínimos, 8%; acima de 15 salários 65 mínimos, 11%; e pessoas que não responderam, 7%. Estes percentuais estão mostrados no figura 10: Figura 10: Renda Familiar Mensal 50 44 45 Até 4 Salários Mínimos 40 35 30 5 a 10 Salários Mínimos 30 11 a 15 Salários Mínimos 25 20 15 8 10 5 11 7 Mais de 15 Salários Mínimos Não Respondido 0 % Fonte : Pesquisa de Campo Observa-se que a renda familiar dos entrevistados é satisfatória e condizente com a realidade da população estudada, já que estudam numa universidade privada. O bom poder aquisitivo reforça a possibilidade das pessoas estudadas não buscar na religião um alívio para seus problemas financeiros. Confrontando com a Pirâmide de Necessidades de Maslow (1975), observamos que a boa renda familiar entre os entrevistados, supre a necessidade fisiológica (fome, sede, sono, etc). A próxima necessidade da pirâmide de Maslow é a segurança. Uma boa renda financeira não garante que seja suprida a necessidade de segurança, pois esta abrange questões psicológicas, como medo da perda do emprego e medo da sobrevivência física. Sendo assim, podemos considerar que o público entrevistado tem suprida a necessidade física, mas o mesmo não pode ser afirmado às necessidades de segurança, sociabilidade, estima e auto-realização. Das pessoas entrevistadas, a maioria não possui filhos: 86%. Quanto às 66 pessoas com 1 (um) filho, o seu percentual é de 6%; 2 (dois) filhos, 5%; 3 (três) filhos, 2%; e com 4 (quatro) filhos, 1%. A figura 11 mostra estes índices: Figura 11: Número de Filhos 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 86 0 (Zero) 1 (Um) 2 (Dois) 3 (Três) 6 5 2 1 4 (Quatro) % Fonte : Pesquisa de Campo Conclui-se com estes números que a maioria dos universitários não tem a responsabilidade de educar filhos perante a religião, o que torna a sua prática exclusiva para o seu próprio benefício. Também não se deve esquecer da possibilidade que a ausência de responsabilidade para com filhos pode ser o motivo de falta de compromisso religioso. Na figura 12 da página seguinte, pode-se verificar que a faixa etária predominante varia de 16 a 20 anos, sendo o seu percentual de 48%. Logo a seguir, a faixa entre 21 a 25 anos corresponde 31%. O percentual de pessoas entre 26 a 30 anos é 9%; entre 31 e 35 anos, 4%; entre 36 a 40 anos, 3%; entre 41 a 45 anos, 2%; e entre 46 a 50 anos, 1%. Completando 100%, os entrevistados que não informaram a idade foram 2%. Os entrevistados mostram ser bastante jovens, o que os posicionam, em relação à morte, algo muito distante. Galvão (2001) cita que para este público (jovens), as atividades religiosas devem ser alegres e ativistas. Surge então a 67 oportunidade de oferecer atividades que despertem o entusiasmo nos jovens, tais como: gincanas bíblicas, retiros, festivais de música católica, caminhadas ecológicas, palestras e campanhas voluntárias. Figura 12: Faixa Etária 60 50 40 30 16 a 20 48 21 a 25 26 a 30 31 31 a 35 36 a 40 20 41 a 45 9 10 4 3 0 2 1 2 46 a 50 Não Respondido % Fonte : Pesquisa de Campo 4.1.1.2. Perfil do Católico O questionário da pesquisa buscou identificar o perfil do entrevistado, perante a religião católica. O entrevistado apontou no questionário sua realidade perante as indagações: se é praticante da religião; se paga o dízimo; qual sua freqüência nas missas; se o catolicismo é proveniente da família; se já pensou em mudar de religião; ou se já tenha mudado alguma vez. Observa-se na figura 13 da página seguinte, que das pessoas católicas entrevistadas, 57% praticam a religião; 42% não praticam. O 1% restante, são de pessoas que não responderam. Mesmo mostrando que mais da metade das pessoas praticam o catolicismo, o percentual dos não praticantes é bastante alto, tornando-se importante para estudos futuros o motivo da não prática. Assim cita Galvão (2001, p.51): “O nosso cliente arredio, chamado inativo, precisa ser 68 contatado, para que se saibam as razões que o levaram a empreender sua evasão silenciosa.” Figura 13: Católico Praticante 60 57 50 Sim 42 40 30 Não 20 10 1 0 Não Respondido % Fonte : Pesquisa de Campo Estas razões podem ser oriundas de motivos e circunstâncias históricas, mas algumas podem ser destacadas, tais como: • A Igreja Católica não conseguiu evangelizar suficientemente aqueles que batizou, o que vem gerando o abandono da fé originária; • O Brasil hoje vive um pluralismo em termos de religião, proporcionando maior número de opções aos consumidores; • Devido a situação econômica vivida no mundo todo, as pessoas estão na busca de soluções urgentes, em termos de emprego, saúde, alimentação e prosperidade. Essas famílias se encontram muitas vezes diante de promessas de solução milagrosa de certos grupos religiosos. Observa-se então que há confusão entre os católicos, devido ao pluralismo religioso e à problemas pessoais, como desemprego e materialismo. Esta incapacidade de discernir vem gerando, como conseqüência, o uso incorreto da palavra católico, tornando apenas uma denominação às pessoas que pratiquem 69 qualquer ato religioso, mesmo fora dos padrões da Igreja Católica. A CNBB1 (2003, p.42-43) tem consciência deste fato: [...] um bom número de brasileiros freqüenta atos religiosos de várias denominações. [...] recente pesquisa do CERIS nas seis maiores regiões metropolitanas brasileiras encontrou cerca de 25% dos entrevistados que freqüentam atos de mais de uma religião e cerca de metade deles (12,5% do total) o fazem sempre. Além disso, uma pesquisa qualitativa mostraria que há muitos modos de crer e praticar dentro do próprio catolicismo, no mundo evangélico ou em outras religiões. Observa-se na figura 14, que em relação ao pagamento do dízimo (contribuição mensal), 52% dizem que contribuem, e outros 46% não contribuem. Ainda 2% não responderam. Figura 14: Contribui com Dízimo 60 52 50 46 Sim 40 30 Não 20 10 2 0 Não Respondido % Fonte : Pesquisa de Campo Os índices acima mostram o grande número de pessoas que não contribuem, o que pode ocasionar a escassez financeira da Igreja Católica. Segundo a Diocese de Criciúma (2002), o recurso financeiro do dízimo é investido na formação de lideranças, na manutenção das igrejas, manutenção das pastorais da comunidade, da paróquias e da diocese. Vê-se então sua importância, ainda mais que o documento em questão, aponta que o valor de referência do dízimo é 1% da renda de cada pessoa, tornando-se um valor bastante baixo para a renda familiar 1 Conferência Nacional dos Bispos do Brasil 70 apontada na figura 10. Esta baixa contribuição pode ser causada pela pouca rigidez, da própria Igreja Católica, em cobrar tal valor. Combinando as duas perguntas anteriores (praticante e pagante de dízimo), temos o gráfico na figura 15. Estes números resultaram da contagem do número de entrevistados que tiveram em comum a mesma resposta nas duas questões: é praticante e pagante de dízimo. Assim obteve-se que 41% dos praticantes pagam o dízimo também; 16% dos praticantes não pagam o dízimo; 30% não praticam e também não pagam o dízimo; 12% não praticam mas pagam o dízimo; e 2% não responderam ambas ou uma das perguntas. Figura 15: Praticantes e Pagantes de Dízimo 45 40 41 Pratica e paga Dízimo 35 30 30 Pratica e não paga Dízimo 25 20 15 Não pratica e não paga Dízimo 16 12 10 2 5 Não pratica e paga Dízimo Não Responderam 0 % Fonte : Pesquisa de Campo Observa-se que um praticante católico tem como obrigação contribuir mensalmente à igreja, estranha-se que 16%, mesmo se dizendo praticantes, não obedecem esta regra. É também interessante o percentual dos que não praticam, e por isso não há obrigação de pagar, mas mesmo assim contribuem, 12%. Em relação à freqüência com que as pessoas vão à igreja, tem-se o seguinte percentual: 36% vão apenas 1 vez por semana; 23% vão apenas 1 vez por mês; 18% apenas em ocasiões comemorativas; 13% vão em outras ocasiões; 6% 71 não freqüentam; e 3% não responderam. Todos os dias ou 3 vezes por semana tiveram ambos 0%. Assim mostra o gráfico na figura 16: Figura 16: Freqüência à igreja 40 37 35 Todos os dias 3 vezes por semana 30 25 1 vez por semana 23 13 15 10 5 0 1 vez por mês 18 20 Em ocasiões comemorativas Outras 6 0 3 0 % Não frequenta Não Respondido Fonte : Pesquisa de Campo Sendo este o meio mais usual de contato com os fiéis, estes números demostram que é pouca a freqüência à sede da religião católica: a igreja. Torna-se assim difícil o sucesso da aplicação de qualquer estratégia de Marketing somente neste meio. Se qualquer plano de ação necessitar da missa para anunciá-lo aos fiéis, correrá o risco de ser apontado como mal divulgado, uma vez que parte dos entrevistados vão à igreja uma vez ao mês, ou em períodos mais longos. Poucos, em qualquer instituição, são os eventos que possuem uma divulgação antes de um mês de antecedência. Sobre o ciclo da religião na vida dos entrevistados, lançou-se três perguntas. A primeira, representada pela figura 17 na próxima página, buscou-se saber se o entrevistado já avaliou sua fé, a ponto de querer mudar de religião. Perante a afirmação “não penso em mudar de religião”, 60% concordam plenamente; 15% concordam; 9% são indiferentes; 8% discordam; 6% discordam totalmente; e 2% não responderam. 72 Figura 17: Não pensa em mudar de religião 70 60 Concordo plenamente 60 Concordo 50 40 Indiferente 30 20 Discordo 15 10 9 8 0 6 Discordo totalmente 2 Não Responderam % Fonte : Pesquisa de Campo Apesar dos números relativamente baixos referentes à prática da fé, os universitários apresentam um grande grau de fidelização à Igreja Católica. O que pode-se concluir, parcialmente é, que as pessoas pouco refletiram sobre o assunto, ou estão satisfeitos com a Igreja Católica. Este aspecto facilita qualquer ação, uma vez que a fé dos não praticantes está apenas adormecida; podendo ser despertada com um bom evento. Imediatamente é necessário uma nova evangelização, para que não corra o risco de se tornaram inativos novamente. Quanto à afirmativa que questionava se o entrevistado já pertenceu a outra religião, 67% discordam totalmente; 14% discordam; 7% concordam plenamente; 6% concordam; 3% são indiferentes; e 4% não responderam. Os índices apresentados na figura 18 da página seguinte, fortalecem a conclusão de que os universitários católicos entrevistados têm um grau de alta fidelização à Igreja Católica. O índice de 83% dos que nunca mudaram de religião, contribui para que haja êxito num bom plano de ação, uma vez que já existe um vínculo entre este público e a Igreja Católica, possibilitando uma maior receptividade de qualquer programa desenvolvido. 73 Figura 18: Já pertenceu a outra religião 67 70 Concordo plenamente 60 Concordo 50 40 Indiferente 30 Discordo 20 10 14 7 6 4 3 0 Discordo totalmente Não Responderam % Fonte : Pesquisa de Campo Verificando se os entrevistados são católicos desde que nasceram, 80% concordam plenamente, 8% concordam; 3% são indiferentes; 3% discordam; 3% discordam plenamente, e não responderam. Assim mostra a figura 19: Figura 19: Católico desde que nasceu 90 80 80 Concordo plenamente 70 Concordo 60 50 Indiferente 40 Discordo 30 20 10 8 0 3 3 % 3 Discordo totalmente 3 Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Observa-se que o percentual de católicos nas últimas décadas fornecidas pelo IBGE (2004) conferem com a informação dos entrevistados: provavelmente 88% nasceram em famílias católicas. 74 4.1.1.3. Conhecimento Doutrinário Para verificar se os entrevistados conhecem as doutrinas básicas da religião católica, lançou-se três afirmativas que se referem a dogmas católicos. Estas afirmativas tem como objetivo identificar o conhecimento sobre questões específicas da doutrina católica, o que confirmaria ser o indivíduo pesquisado membro deste grupo, pois se deduz que quem é praticante de uma fé, conhece os ensinamentos da mesma. A primeira afirmativa é sobre a virgindade de Maria, que na Igreja Católica é considerada mãe de Deus e dos homens, sendo mais cultuada do que em outras religiões. A afirmação que “Jesus Cristo nasceu de Maria, que era virgem na sua concepção”, junto aos entrevistados, resultou em : 66% concordam plenamente; 22% concordam; 5% são indiferentes; 2% discordam; 3% discordam totalmente; e 1% não responderam. Assim apresenta o gráfico na figura 20: Figura 20: Jesus Cristo nasceu de Maria, que era virgem na sua concepção 70 66 Concordo plenamente 60 Concordo 50 40 30 20 Indiferente 22 10 Discordo 5 2 0 % 3 Discordo totalmente 1 Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Cientificamente, é impossível uma mulher virgem conceber uma criança como os religiosos dizem que Maria engravidou: não foi tocada por homem algum. Mas, mesmo diante deste mistério, os percentuais demonstram que até os não 75 praticantes, consideram verdadeira a afirmativa referente à Maria, mãe de Jesus. Na figura 21, são mostrados os números conforme a segunda afirmação sobre o conhecimento doutrinário dos entrevistados. Esta afirmação é um dos dogmas mais importantes da Igreja Católica, que considera que Deus é a união de três entidades : Pai, Filho e Espírito Santo, formando assim a Santíssima Trindade. Concordaram plenamente, 65%; concordaram 22%; indiferentes 6%; discordaram 4%; discordaram totalmente 2%; e não responderam, 1%. Figura 21: Deus é Pai, Filho e Espírito Santo, formando assim a Santíssima Trindade 70 65 Concordo plenamente 60 Concordo 50 40 30 20 Indiferente 22 10 Discordo 6 4 0 % Discordo totalmente 2 1 Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Novamente os números são expressivos, ainda mais se referindo a um dogma tão importante. A doutrina católica, mesmo não sendo praticada, é guardada e respeitada pelos não praticantes. O que prova o quão é forte a confiança humana sobre as doutrinas da Igreja Católica, pois mesmo distantes, não as esquecem. Por último, lançou-se uma afirmação para que o entrevistado pensasse sobre a morte, na visão católica. Perante a afirmação “A ressurreição de Jesus Cristo é a prova de que é possível vencer a morte”, como mostra o gráfico na figura 22 na página seguinte, 33% concordaram plenamente; 23% concordam; 13% são indiferentes; também 13% discordam; 15% discordam totalmente; e 3% não 76 responderam. Figura 22: A ressurreição de Jesus Cristo é a prova de que é possível vencer a morte. 35 33 Concordo plenamente 30 25 Concordo 23 20 15 13 13 Indiferente 15 Discordo 10 5 3 0 % Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Diferente das duas primeiras perguntas, o nível de concordância ficou bastante variado. A afirmação não é pregada claramente nas igrejas, o que pode ter contribuindo na dúvida do entrevistado. Outra possibilidade é que o entrevistado não pensou na religião no sentido da morte. 4.1.2. Tipo de Consumidor 4.1.2.1. Católico Usuário Baseando-se no estudo de Vaz (2003, p. 351-352) que subdividiu os religiosos em dois tipos: usuários e voluntários; o questionário buscou identificar em qual tipo o entrevistado se enquadra. Para identificar o católico usuário, fez-se três afirmações, onde o entrevistado indica o seu grau de concordância. Na primeira afirmação, buscou-se saber se o católico se dirigia à religião nos momentos difíceis de sua vida. Como mostra a figura 23 da próxima página, 41% concordam plenamente; 38% concordam; 13% são indiferentes perante a afirmação; 2% discordam; 5% discordam totalmente; e 1% não responderam. 77 Figura 23: Quando tem um problema profissional, familiar ou de saúde, procura também a ajuda da religião 45 40 41 Concordo plenamente 38 35 Concordo 30 25 Indiferente 20 15 Discordo 13 10 5 2 0 Discordo totalmente 5 1 Não Responderam % Fonte : Pesquisa de Campo Considerando apenas esta afirmação, conclui-se que 79% dos entrevistados são usuários da religião em momentos difíceis de sua vida. Conclui-se que a fé, para maioria dos entrevistado, é um consolo para dificuldades vividas; onde se apegar na crença pode significar a esperança de superar os problemas. Campos (1999) alerta que a Igreja Universal do Reino de Deus – IURD oferece este conforto e solução pela mídia, para conseguir maior número de adeptos. Já a CNBB(2003) diz que qualquer pessoa que procure a comunidade eclesial deve ser recebida por alguém que a escute e ajude a encontrar uma solução. Vemos assim que a IURD vai até o necessitado, enquanto a Igreja Católica espera que o necessitado a procure. Enquanto a Igreja Católica não sair desta posição de superioridade, com certeza, a IURD e outras igrejas neopentecostais continuarão a crescer. Já quando se refere a melhorar de vida, a afirmação utilizada: “quando busco melhorar minha vida, procuro apoio na religião”. No gráfico da próxima página, representando na figura 24, pode-se verificar que o percentual de “concordo” tem maior destaque, com 42%; sendo que 27% dos entrevistados concordam 78 plenamente; 17% são indiferentes à afirmação; 6% discordam; 6% discordam totalmente; e 2% não responderam. Figura 24: Quando busca melhorar sua vida, procura apoio na religião 45 42 40 Concordo plenamente 35 30 25 Concordo 27 Indiferente 20 17 Discordo 15 10 6 5 6 2 0 % Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Observa-se assim, que 69% dos entrevistados são usuários da religião na esperança de melhorar a sua vida. O percentual é menor que a afirmativa anterior, onde somou-se 79%. Considera-se então que a procura pela religião é maior nos momentos de distúrbios do que na expectativa de mudanças. Para finalizar a identificação deste tipo de religioso, utilizou-se uma afirmativa que destaca bem o perfil do católico, que tem como uma de suas características mais populares fazer promessas afim de alcançar alguma graça. Em relação a afirmativa “faço promessa para alcançar uma graça”, 30% concordam; 21% são indiferentes; 19% concordam plenamente; 15% discordam; 14% discordam totalmente; e 1% não responderam. A figura 25 da próxima página, apresenta graficamente estes percentuais. Mesmo a afirmativa tendo o apoio de metade dos entrevistados (49%), o número dos indiferentes (21%) ou que não concordam (29%) é bastante significativo. Um ritual antigo da Igreja Católica (promessas) apresenta declínio nas novas 79 gerações. Para os mais idosos, fazer promessas ou sacrifícios era algo comum. Mas a própria Igreja Católica começa a condenar este ritual, devido ao fanatismo que ele conduz. Segundo Jobim (2004), promessas não têm nenhum valor teológico, e não passam de superstição e crendice popular. Figura 25: Faz promessa para alcançar uma graça 35 30 30 25 20 19 Concordo plenamente Concordo 21 15 15 Indiferente 14 Discordo 10 5 1 0 % Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Primeiramente, analisou-se individualmente os índices de cada uma das três afirmativas. Em seguida, analisou-as em conjunto. Enfim, observou-se que os percentuais apontam na direção de que se pode considerar que a maioria dos entrevistados são católicos usuários. 4.1.2.2. Católico Voluntário O outro tipo básico de crente apontado por Vaz (2003, p. 352), é o voluntário, que possui uma visão humanitária e busca na religião um caminho pra servir o próximo. Seguindo a metodologia deste questionário, também foram elaboradas três afirmativas para identificar este tipo de religioso. A primeira delas é bastante direta, onde o entrevistado aponta seu nível de concordância, caso procure na igreja um canal para ajudar as pessoas. Conforme 80 pode ser visualizado na figura 26, a concordância e a indiferença possuem o mesmo percentual : 34%. Os que concordam plenamente e discordam, também possuem o mesmo percentual: 10%. Os que discordam totalmente, 11%, e os que não responderam 1%. Figura 26: Vai à igreja em busca de atividades que permitam ajudar os seus semelhantes 40 34 35 34 Concordo plenamente 30 Concordo 25 Indiferente 20 15 10 10 10 5 Discordo 11 1 0 % Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo O número que chama atenção é 34% de indiferentes, ou seja, um terço da população. O auxílio ao próximo através da igreja não apresenta interesse aos entrevistados. Vaz (2003, p.352) cita que este tipo de crente procura regularmente respostas existenciais, e procura na religião a confirmação dos seus anseios. No gráfico da figura 27 na página seguinte, 36% dos entrevistados concordam com a afirmativa “na igreja encontra respostas para os problemas existenciais”, já 26% são indiferentes. Dos entrevistados, 14% concordam plenamente ou discordam da afirmativa. Discordam totalmente, 9%; e não responderam, 1%. Metade dos entrevistados concordam que na igreja encontram respostas para suas questões existenciais. Mas novamente chama a atenção o percentual de entrevistados indiferentes quanto a pergunta : 26%. Isto mostra um certo grau de 81 descaso dos jovens em questões que exigem reflexão. Figura 27: Na igreja encontra respostas para os problemas existenciais 40 36 35 30 Concordo plenamente Concordo 26 25 Indiferente 20 15 14 14 Discordo 9 10 Discordo totalmente 5 1 0 Não Responderam % Fonte : Pesquisa de Campo A terceira e última afirmativa utilizada para identificar os católicos voluntários, procura saber se o entrevistado participa das ações comunitárias promovidas na igreja. Perante a afirmativa, observa-se no gráfico da figura 28, que 30% dos entrevistados são indiferentes; 25% discordam; 20% discordam totalmente; 19% concordam; 5% concordam plenamente; e 1% não responderam. Figura 28: Está sempre presente nas ações comunitárias realizadas pela igreja. 35 Concordo plenamente 30 30 25 25 20 19 20 Concordo Indiferente 15 10 5 Discordo 5 1 0 % Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Dos entrevistados, 75% não participam das ações promovidas pela igreja 82 que visam auxiliar o próximo. A indiferença também se destaca: 30%. Observa-se que há a necessidade de realizar um estudo para constatar se este pequeno número de participantes em ações comunitárias acontece apenas na igreja, ou na sociedade em geral. A CNBB (2003, p.42) já discutiu este problema, onde cita: [...] dados sobre religião podem ser comparados com outros dados do Censo, como diminuição da natalidade, aumento das uniões consensuais sem legalização, aumento da escolaridade, etc. Todos esses dados apontam para uma “modernização” dos hábitos da população brasileira e para um crescimento do individualismo e subjetivismo. Mais uma vez analisou-se as três afirmativas isoladamente, e depois no total. Concluiu-se que a Igreja Católica dispõe de poucos voluntários juntos aos universitários. Talvez esta realidade se deve ao fato da igreja de Criciúma não dispor de nenhum programa segmentado para este público. 4.1.3. Tipo de Necessidade 4.1.3.1. Angústia Moral Identificado o tipo de religioso, o questionário procurou identificar as necessidades religiosas dos entrevistados. Vaz (2003, p. 352), define essas necessidades como angústias, que são a Moral e a Existencial. A partir da identificação dessas, é possível oferecer benefícios para atendê-las. No afã de identificar a angústia moral, buscou-se elaborar 3 afirmativas, tentando constatar se o entrevistado tem alguma necessidade moral. Iniciou-se a identificação da angústia em questão, com uma afirmativa de apreensão, onde o entrevistado mostra seu temor perante os castigos divinos. Na figura 29 na próxima página, percebe-se que 32% discordam da afirmativa que “os pecadores serão mandados para o inferno”; 23% são indiferentes; 21% discordam totalmente; 12% concordam; 9% concordam plenamente; e 3% não responderam. 83 Figura 29: Os pecadores serão mandados para o inferno 35 32 Concordo plenamente 30 23 25 21 20 Indiferente 15 10 Concordo 9 12 Discordo 3 5 0 % Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo A maioria dos católicos entrevistados não acredita na punição ou no inferno. Isto pode demonstrar que a visão de um Deus de castigo orientado na idade média pela Igreja Católica já está dispersa, o que é muito positivo à igreja, uma vez que as outras religiões cristãs estão apresentando um Deus de amor e perdão. Apesar que a CNBB (2003, p.40) alerta que há expressões religiosas que pregam que ninguém deve se sentir pecador ou culpado: tudo é culpa do demônio, “[...] consequentemente, ninguém se sente responsável por corrigir o que está errado na sociedade, na qual convivem[...]”. A segunda afirmativa é direta, ao dizer que os entrevistados realmente vão à igreja buscando sua salvação perante a morte. Os percentuais graficamente representados na figura 30 da próxima página, mostram que 26% são indiferentes; 22% concordam com a afirmativa; 21% discordam; 18% discordam totalmente; 10% concordam plenamente; e 3% não responderam. O percentual de indiferentes e dos que discordam é elevado (65%), mostrando que a morte e o que virá após ela não é no momento o que mais preocupa os participantes. Este resultado provavelmente se deve a pouca idade dos 84 entrevistados, e também em função de que por serem universitários, podem ter uma visão diferente sobre estas questões. Figura 30: Vai à igreja em busca de salvação 30 26 25 Concordo plenamente 22 21 20 Concordo 18 Indiferente 15 10 10 Discordo 3 5 0 % Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Um dos sacramentos da Igreja Católica é a confissão, onde os fiéis falam seus pecados aos padres, em busca do perdão de Deus por seus erros (HELLERN, NOTAKER & GAARDER, 2000). Na busca de identificar se os entrevistados têm a angústia moral, a afirmativa perante a confissão foi usada, por ser um artifício que identifica facilmente as pessoas em busca de perdão e paz moral. Conforme é mostrado na figura 31 da página seguinte, dos entrevistados, 26% são indiferentes à afirmativa “confesso com freqüência para pedir perdão dos meus pecados”; 22% são indiferentes; 22% discordam; 21% discordam totalmente; 20% concordam; 9% concordam plenamente; e 2% não responderam. Percebeu-se que a confissão é pouco utilizada pelos entrevistados. Isto é alarmante, uma vez que a confissão é um sacramento importante dentro da Igreja Católica, obrigatórios aos católicos que se dizem praticantes. Observa-se assim, que nem todos que responderam que eram católicos praticantes na figura 13, realmente 85 praticam todos os rituais que a igreja exige. Figura 31: Confessa com freqüência para pedir perdão dos seus pecados 30 26 Concordo plenamente 25 22 20 20 21 Concordo Indiferente 15 10 9 Discordo 5 2 0 % Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Considerando individualmente o resultado das três afirmativas, mais a visão geral das mesmas, nota-se que a grande maioria dos católicos entrevistados não possuem a angústia moral. Sendo assim, os universitários católicos de Criciúma não temem punição caso provoquem alguma transgressão. Tal característica pode ser justificada pela idade – jovens maiores de 16 anos. O temor por punição pode ser visto mais na infância ou na adolescência. 4.1.3.2. Angústia Existencial Identificado a pouca necessidade moral dos entrevistados, cabe identificar se há a necessidade existencial. Logo lançou-se 3 afirmativas com o intuito de identificar tal angústia. A primeira se refere à indagação se Deus criou ou não o mundo. Se o entrevistado tem a necessidade existencial, provavelmente já analisou as possibilidades de outras teorias, como a Evolução de Darwin. Se houver discordância, é porque o entrevistado tem estas indagações sobre a origem do 86 mundo. Dos entrevistados, 33% são indiferentes; 23% discordam; 17% discordam totalmente; 12% concordam plenamente; 12% concordam; e 3% não responderam. Assim nos mostra o gráfico ilustrado na figura 32: Figura 32: Deus criou o mundo, portanto a teoria da evolução não tem fundamento 35 33 Concordo plenamente 30 23 25 20 15 Concordo Indiferente 17 12 12 Discordo 10 3 5 0 % Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo O percentual alto de indiferentes (33%) mostra que muitos não fizeram crítica alguma sobre a origem humana. Já 40% que discordam da afirmativa, mostra que houve indagação sobre o que a igreja doutrinou (Deus criou o mundo) e a ciência descobriu (lei da evolução). Esses 40% já indagaram sobre esta confrontação entre igreja e ciência, dando indícios de questionamentos existenciais. A Igreja Católica doutrina que o homem tem livre-árbitro, que Hellern, Notaker & Gaarder (2000) citam como o dom de distinguir entre o certo e o errado, tornando-se assim responsável por suas ações. Então não concordam com destino escrito, algo divulgado em algumas religiões. Mesmo não fazendo parte da doutrina da Igreja Católica, o grau de concordância sobre a existência de um destino prédefinido, mostra a reflexão do entrevistado perante a vida. Como se vê na figura 33 da próxima página, 26% dos entrevistados concordam com a afirmação “nosso destino já está escrito”; 21% são indiferentes; 18% discordam totalmente; 17% 87 concordam plenamente; 17% discordam; e 1% não responderam. Figura 33: Nosso destino já está escrito 30 26 Concordo plenamente 25 21 20 17 17 Concordo 18 Indiferente 15 Discordo 10 5 1 0 % Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo A distribuição quase homogênea entre os níveis, mostra que a afirmativa é polêmica, tendo várias opiniões, mesmo entre os católicos praticantes. Isto mostra que a Igreja Católica tem problemas de evangelização, onde não há esclarecimento sobre certas doutrinas básica da religião cristã. Para terminar a identificação da angústia existencial, usou-se uma afirmativa direta, onde o entrevistado informa o seu nível de concordância perante a afirmativa “na igreja encontra uma razão para sua existência”. Como é graficamente mostrado na figura 34 na página seguinte, 39% concordam; 25% são indiferentes; 18% concordam plenamente; 9% discordam totalmente; 8% discordam; e 1% não responderam. Os índices apresentam que mais da metade dos entrevistados mostram o seu interesse em encontrar o porquê da sua existência na igreja. Este é um ponto favorável à igreja, pois mostra o quanto seus fiéis são confiantes em sua doutrina. Mas como pode-se verificar, estes números possuem espaço para crescer, como os 25% dos indiferentes. 88 Figura 34: Na igreja encontra uma razão para sua existência 45 39 40 Concordo plenamente 35 Concordo 30 25 25 20 Indiferente 18 Discordo 15 8 10 5 9 1 0 % Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Sendo assim, nota-se que a grande maioria dos entrevistados procuram a religião por causa da sua necessidade existencial, e não moral. Galvão (2001, p. 64) mesmo cita que ”[...] todo ser humano tem carências de infinito. Uns confessam, outros não. O fato é que, no fundo, toda pessoa tem sede de alguma coisa, transcendente e superior, que às vezes até nem sabe definir o que é”. Este resultado confirma também o que Hellern, Notaker & Gaarder (2000, p.167-168) disseram: “Atualmente diversas pessoas se preocupam mais com o vazio e a falta de sentido da existência do que com o pecado e a culpa.” 4.1.3.3. Benefícios Desejados Associando-se o quadro de benefícios de Vaz (2003) já citado anteriormente, com os resultados obtidos até aqui, conclui-se que a maioria dos entrevistados são usuários e têm a angústia existencial. Segundo o mesmo autor, o benefício procurando deste tipo de consumidor é o Conforto Espiritual, onde a busca está em adquirir serenidade, palavras que tragam amparo e apoio às suas aflições. 89 Identificados os benefícios desejados, é possível planejar um bom plano de Marketing, uma vez que já se sabe o que consumidor necessita. Este conforto pode ser adquirido com ações espirituais, como: retiros, louvores e festivais de canções. 4.1.4. Os 4 P’s de Marketing Identificado o perfil e o tipo de católicos, suas necessidade e os benefícios a serem oferecidos, o questionário buscou saber o grau de satisfação dos mesmos perante os 4 P’s de Marketing : praça, produto, promoção e preço. Sendo aferido este grau, é possível verificar qual dos compostos é mais deficiente (podendo ser mais de um). 4.1.4.1. Praça Começando com a praça, Galvão (2001, p. 76) destaca que “Há casos de igreja mal-conservadas, com falta de higiene, mal-iluminadas, acanhadas, incapazes de acolher um bom público”. Perante esta afirmação, é necessário saber se tal descaso ao patrimônio religioso ocorre nas igrejas freqüentadas pelos católicos entrevistados. A primeira, se refere em saber se a igreja que o católico freqüenta é a próxima de sua casa. Assim é possível identificar se a procura pelo local de oração e culto é por comodidade (próximo ao local de residência) ou por preferência (longe da residência). Visualiza-se na figura 35 na página seguinte que, 25% concordam plenamente com a afirmativa “Vou a esta igreja porque é a mais próxima de minha casa”. Concordam com a afirmativa, 21%; são indiferentes, 20%; totalmente, 17%; discordam, 15%; e não responderam, 2%. discordam 90 Figura 35: Vai a esta igreja porque é a mais próxima de sua casa 30 25 20 Concordo plenamente 25 21 Concordo 20 15 15 17 Indiferente Discordo 10 5 2 0 % Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Boa parte dos pesquisados não freqüentam a igreja mais próxima, pois residem na cidade de Criciúma durante a semana. Nos finais de semana, quando são realizadas as missas na Igreja Católica, voltam às suas cidades natais. Isto foi verificado com uma pergunta no questionário “qual igreja freqüenta”. Provavelmente, esta pesquisa teria melhores resultados, se a pergunta de pré-seleção dos católicos fosse “freqüenta igreja em Criciúma”, ao invés de “mora em Criciúma”. Procurou-se então saber se o católico está satisfeito com o ponto-devenda: a igreja. Perante a afirmativa “Gosto de estar na igreja, pois o ambiente é acolhedor”, 45% concordam; 26% concordam plenamente; 17% são indiferentes quanto ao ambiente; 7% discordam; 5% discordam totalmente. Estes percentuais são mostrados na próxima página, na figura 36. Nota-se que o grau de satisfação em relação ao ambiente é alto. Deduz-se que este resultado é conseqüência do poder aquisitivo da população e da interferência das indústrias da região de Criciúma, que não permitem que o patrimônio de suas igrejas fique em mal estado de conservação. Vale advertir que igrejas são patrimônios históricos nas cidades do Brasil, uma vez que são consideradas como marco zero na fundação das cidades. 91 Figura 36: Gosta de estar na igreja, pois o ambiente é acolhedor 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 45 Concordo plenamente Concordo 26 Indiferente 17 Discordo 7 5 Discordo totalmente 0 Não Responderam % Fonte : Pesquisa de Campo Referente aos locais onde as pessoas se acomodam na igreja, 37% concordam que as acomodações são agradáveis; 25% são indiferentes; 20% concordam plenamente; 9% discordam; 8% discordam totalmente; e 1% não responderam. O gráfico na figura 37 apresenta estes percentuais : Figura 37: As acomodações da igreja são agradáveis 40 37 Concordo plenamente 35 30 25 20 Concordo 25 20 Indiferente 15 9 10 5 Discordo 8 1 0 % Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo A Igreja Universal do Reino de Deus conquistou adeptos nos últimos ano, utilizando antigos cinemas como templo. São ambientes com cadeiras estofadas e confortáveis. Na Igreja Católica utiliza-se há anos o mesmo modelo de 92 acomodações: bancos compridos de madeira, sem nenhum conforto. Mas mesmo assim, com os números obtidos através dos questionários, os católicos não se importam com o detalhe de que as acomodações poderiam ser melhores. Quanto à iluminação, na figura 38, vemos que 42% concordam que as igrejas são bem iluminadas; 30% concordam; 21% são indiferentes; 3% discordam; 3% discordam totalmente; e 1% não responderam. Figura 38: O ambiente da igreja é bem iluminado 45 42 Concordo plenamente 40 35 30 Concordo 30 25 Indiferente 21 20 Discordo 15 10 5 3 0 % 3 1 Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo As igrejas católicas são, durante séculos, construções grandes, sendo na sua maioria com teto alto. Deste modo, a iluminação natural penetra em seu ambiente, tornando-as bem iluminadas. E os entrevistados, cientes ou não desta característica arquitetônica, estão satisfeitos com a iluminação. Destaca-se que durante a noite, as igrejas utilizam iluminação artificial. Diante dos resultados da pesquisa quanto a afirmativa “O ambiente da é bem iluminado”, esta iluminação também é satisfatória. Na figura 39 na página seguinte, vemos que 44% dos entrevistados concordam que a igreja é bem ventilada; 20% concordam plenamente; 22% são indiferentes; 9% discordam; 4% discordam totalmente; e 1% não responderam. 93 Figura 39: A igreja é bem ventilada 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 44 Concordo plenamente Concordo 20 Indiferente 22 Discordo 9 4 % Discordo totalmente 1 Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Diante de todos os resultados obtidos, conclui-se que os entrevistados estão satisfeitos com a praça católica. Os entrevistados consideraram que as igrejas de Criciúma são acolhedoras, iluminadas e ventiladas, e têm acomodações agradáveis. E a igreja freqüentada não precisa ser necessariamente a mais próxima da casa do entrevistado. 4.1.4.2. Produto Segundo Galvão (2001, p.54), o produto da Igreja Católica é Jesus Cristo, e seus vendedores são os padres. E o meio mais usual de se vender este produto é através das missas. Avaliando a satisfação dos entrevistados diante às missas, a primeira afirmativa questiona qual o objetivo da realização do ritual. Na próxima página, mostra graficamente na figura 40, que 40% concordam plenamente que “as missas proporcionam momentos de aproximação com Deus”; também 40% concordam com a afirmativa; 11% são indiferentes; 5% discordam; 2% discordam totalmente; e 2% não responderam. 94 Figura 40: As missas proporcionam momentos de aproximação com Deus 45 40 40 40 Concordo plenamente 35 Concordo 30 25 Indiferente 20 15 Discordo 11 10 5 5 0 % 2 2 Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Observou-se que os católicos estão cientes do que as missas proporcionam (80%). Este resultado mostra que os fiéis sabem da importância das missas. Mas na figura 16 mostra que a freqüência a este ritual não é satisfatório, o que leva a conclusão de que há algum problema na realização desta cerimônia. Quanto ao tempo do ritual da missa, afirmou-se que é longo. Diante desta afirmativa, como mostra a figura 41 na página seguinte, 32% são indiferentes ao tempo da missa; 24% concordam que o tempo da celebração é grande; 18% concordam plenamente; 17% discordam; 7% discordam totalmente; e 2% não responderam. A duração das missas da Igreja Católica é de 1 (uma) hora. Em algumas igrejas evangélicas este ritual dura 2 (duas) horas. A indiferença de 32% quanto ao tempo mostra que muitos não se importam com a duração das missas. Mas o que mais se destaca, é que quase metade dos entrevistados estão insatisfeitos em participar do ritual durante uma hora. Dentre as possíveis causas desta insatisfação destaca-se o fato de que o ritual não é bem conduzido pelos padres e leigos, tornando-o cansativo. Falta preparação da missa de todos os envolvidos. Ou talvez 95 até motivação aos mesmos. Figura 41: A celebração da missa é muito extensa 35 32 Concordo plenamente 30 24 25 20 Concordo 18 Indiferente 17 15 Discordo 10 7 5 2 0 % Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo O momento da missa onde os padres “vendem” Jesus é durante a homilia. Nesta homilia, ou também conhecido como sermão, o padre faz uma oratória sobre as palavras da Bíblia. Então foi apresentada a afirmativa “A homilia (sermão) é um ponto alto da celebração”, onde o entrevistado indicava o seu grau de satisfação. Na figura 42 na próxima página, mostra graficamente que concordaram com a afirmativa, 34%; foram indiferentes, 25%; concordaram plenamente, 23%; discordaram, 11%; discordaram totalmente, 4%; não responderam, 3%. O resultado da afirmativa em questão, mostra quão importante é este momento da missa: 57% concordam com a afirmativa de que a homilia é um ponto de destaque durante a celebração da missa. Portanto, deve-se dar atenção à homilia para o planejamento de uma estratégia de Marketing. Galvão (2001, p.142) cita que este momento na celebração, se usado habilmente, torna-se um ponto alto para comunicação : [...] é o lugar privilegiado para a boa mídia da Igreja. Se usado com técnica e visão, pode exercer um formidável poder de comunicação com os ouvintes, e também transformá-los em multiplicadores do que escutaram. É uma mídia barata e – se bem utilizada – de alta eficácia. 96 Figura 42: A homilia (sermão) é um ponto alto da celebração 40 34 35 30 25 Concordo plenamente Concordo 25 23 Indiferente 20 15 Discordo 11 10 4 5 3 0 Discordo totalmente Não Responderam % Fonte : Pesquisa de Campo Para verificar se o resultado obtido durante o ritual é satisfatório, afirmouse que ao se retirar dele, o entrevistado conseguiu a paz procurada. Na figura 43 é ilustrado que 44% concordam plenamente; 40% concordam; 10% são indiferentes; 2% discordam; 2% discordam totalmente; e 2% não responderam. Figura 43: Quando sai da missa, sente-se melhor, com Deus, consigo e com o próximo 50 45 40 44 Concordo plenamente 40 Concordo 35 30 Indiferente 25 20 Discordo 15 10 10 5 2 0 % 2 2 Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo A maioria dos entrevistados, quando vai à missa, consegue nela o que busca. A missa é o evento de venda ideal, apesar de pouco freqüentado, como mostra a figura 16. O ideal é desenvolver ações para melhorá-la e aumentar o 97 número de freqüentadores. Além da missa, buscou-se saber se havia outro ponto que a igreja interferia na vida do cristão entrevistado. O resultado foi que 34% concordam que a igreja atua sobre outra forma; 28% são indiferentes a esta atuação; 17% concordam plenamente; 9% discordam; 9% também discordam plenamente; e 3% não responderam. A figura 44 mostra graficamente estes índices : Figura 44: Além da missa, igreja atua de outras formas em sua vida 40 34 35 Concordo plenamente 28 30 Concordo 25 20 Indiferente 17 15 9 10 5 Discordo 9 3 0 % Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo O “produto” Cristo é vendido de outra forma para a maioria, além da missa. Cabe realizar uma pesquisa cuja finalidade seja identificar este outro canal de contato com a religião. Em geral, o modo como o produto da Igreja Católica é oferecido pode ser melhorado, tal como, pesquisas do porquê da insatisfação perante a duração das missa e treinamento freqüente de técnicas de oratória aos padres. 4.1.4.3. Promoção Quanto à promoção, buscou-se avaliar os vendedores, animação, mídia, eventos, através de afirmativas, onde o entrevistado apontava seu grau de 98 concordância. A primeira afirmativa foi “os padres da igreja que participo são ótimos oradores”, se referenciando à homilia que eles doutrinam. Conforme o gráfico na figura 45, 38% concordam; 23% são indiferentes; 21% concordam plenamente; 9% discordam; 7% discordam totalmente; e 2% não responderam. Figura 45: Os padres da igreja que participa são ótimos oradores 40 38 Concordo plenamente 35 30 25 Concordo 21 23 Indiferente 20 15 9 10 Discordo 7 5 Discordo totalmente 2 0 % Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Mesmo com a maioria de satisfeitos, a indiferença e a insatisfação são consideráveis. A Igreja Católica precisa dar atenção à oratória de seus padres. Galvão (2001, p.76) já tinha levantado a hipótese de que pode estar faltando competência, atualização, delegação ou entusiasmo entre os padres. É algo que a Igreja Católica deve refletir e agir. Quanto a sonorização da igreja, 49% concordam que é adequada. Já 23% concordam plenamente; 19% são indiferentes; 6% discordam que seja adequada; 2% discordam totalmente; e 1% não responderam. Na próxima página, o gráfico na figura 46 mostra estes percentuais. A sonorização da igreja agrada a maioria dos entrevistados : 72%. O que pode estar interferindo na opinião dos entrevistado sobre esta característica da 99 igreja, é a sua arquitetura, que possibilita uma boa acústica, mesmo sem a utilização de aparelhos. Figura 46: O som da igreja é adequado 60 Concordo plenamente 49 50 Concordo 40 30 Indiferente 23 19 20 Discordo 10 6 Discordo totalmente 2 0 1 Não Responderam % Fonte : Pesquisa de Campo As músicas, que mesmo sendo usadas como orações, são momentos de descontração nas missas. Quanto a qualidade destas, mostrada na figura 47, 47% concordam que elas satisfazem; 24% concordam plenamente; 17% são indiferentes; 7% discordam; 3% discordam totalmente; e 2% não responderam. Figura 47: As músicas cantadas e tocadas durante a missa satisfazem 50 47 45 Concordo plenamente 40 Concordo 35 30 25 24 Indiferente 17 20 Discordo 15 10 7 3 5 0 % Discordo totalmente 2 Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo As músicas, para a maioria, fazem o seu papel durante as missas. Mas o 100 índice de indiferentes/insatisfatórios deve ser levado em conta. Como a maioria apenas “concorda”, e é bom melhorar para fidelizar. Quanto à mídia externa, Galvão (2001, p. 71) destaca a importância de encontrar outros locais para pregação: “a missa na praça, na tevê, na fábrica, no cemitério (dia de finados) é um ato de levar o produto aonde, geralmente, ele não era consumido”. O primeiro meio de comunicação analisado foi o rádio. Buscou-se identificar se os participantes da pesquisa sabem da existência de programas neste meio. Diante a afirmativa “há programas religiosos da nossa igreja nas rádios locais”, 30% concordaram; 26% são indiferentes; 24% concordam plenamente; 11% discordam totalmente; 8% discordam; e 1% não responderam. Assim se verifica no gráfico 48: Figura 48: Há programas religiosos da nossa igreja nas rádios locais 35 25 Concordo plenamente 30 30 24 26 Concordo 20 Indiferente 15 11 10 Discordo 8 Discordo totalmente 5 1 0 % Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Quase a metade dos entrevistados são indiferentes à existência de rádios, ou são sabem da sua existência. A divulgação destes programas aparenta ser precária. Ou talvez, pela faixa etária mostrada na figura 13, a maioria deve ouvir apenas FM, que possui uma programação apenas com músicas. Ou a igreja se 101 adapta a esta freqüência, ou divulga mais os programas na AM. Também procurou-se saber se os entrevistados estão cientes de programas no meio televisivo. Indiferentes representam a maioria : 31%. Após, os mais representativos são os que concordam (20%) e discordam (20%). Discordam totalmente, 18%; concordam plenamente, 9%; e não responderam, 2%. Assim está representando na figura 49: Figura 49: Nas TV’s locais, há programas religiosos da nossa igreja 35 31 Concordo plenamente 30 Concordo 25 20 20 20 18 Indiferente 15 10 Discordo 9 5 2 0 % Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Se há ou não programa da igreja na TV, não importa para 31% dos entrevistados. Aparentemente, não se agradam com a idéia de assistir este tipo de programa em seus televisores. O percentual dos que não sabem da existência de programas religiosos da Igreja Católica é muito significativo. Conclui-se que este meio de comunicação deve ser analisado, mas deve-se levar em conta se as pessoas desejam assistir algo assim. Afinal, esta mídia não é barata, e investir em algo não desejável pode se tornar mais desastroso que não ter nada nesta área. Finalizando a promoção, procurou-se certificar se os eventos promovidos pela igreja são bem divulgados. O resultado foi que 26% dos entrevistados discordam que são comunicados sobre tais eventos; 25% são indiferentes; 21% 102 concordam; 19% discordam totalmente; 7% concordam plenamente; e 2% não responderam. Visualiza-se tal resultado graficamente na figura 50: Figura 50: Sabe de todos os eventos que a Igreja promove, pois são bastante divulgados 30 26 25 25 21 20 Concordo plenamente Concordo 19 Indiferente 15 10 Discordo 7 5 2 0 % Discordo totalmente Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Os eventos da igreja são pouco divulgados. Um quarto dos católicos são indiferentes, mas os 45% que discordam, apresentam interesse deste tipo de atividade, mas maioria desses não ficam sabendo de todos. Ou seja, há vontade de participar, mas desconhecem. Considera-se assim que a promoção da Igreja Católica, em todos os sentidos, tem que ser bastante trabalhada, pois não é satisfatória. A missa é um bom canal, mas tem pouca freqüência, os programas dos meios de comunicação são pouco divulgados, e os eventos também. 4.1.4.4. Preço Como a igreja se caracteriza como instituição sem fins lucrativos, sua arrecadação se resume ao dízimo, doações e participações em eventos. Diante à afirmação “sempre faço doações à igreja, sem ser o dízimo”, como mostra o gráfico da figura 51 na página seguinte, 28% são indiferentes; 25% discordam; 22% 103 discordam totalmente; 17% concordam; 7% concordam plenamente; e 1% não responderam. Figura 51: Sempre faz doações à igreja, sem ser o dízimo 30 28 25 25 Concordo plenamente 22 Concordo 20 17 Indiferente 15 10 Discordo 7 5 Discordo totalmente 1 0 % Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Observa-se que a igreja conta com poucas doações, sem ser o dízimo. Apesar dos entrevistados terem um poder aquisitivo razoável, não há o hábito de contribuição à Igreja Católica. Sua situação financeira não corresponde mais ao grande domínio na idade média. Quanto a festas, cafés, jantares beneficentes, na figura 52, na página seguinte, é representado graficamente que 36% concordam que participam; 21% dizem-se indiferentes as mesmas; 15% concordam plenamente; 14% discordam; 13% discordam plenamente; e 1% não responderam. A participação em tais eventos é boa, mas há espaço para alcançar mais adeptos a tais eventos. Já que a freqüência em missas é insatisfatória, surge nesses eventos a possibilidade de se tornar um novo canal de divulgação de eventos e programas na mídia, e até mesmo, de evangelização. Cabe aos dirigentes da Igreja Católica de Criciúma, organizarem com criatividade eventos festivos que proporcionem a propagação da doutrina católica. 104 Figura 52: Participa de promoções beneficentes das igreja (festas, cafés, outros) 40 36 35 Concordo plenamente 30 Concordo 25 20 15 21 Indiferente 15 14 13 Discordo 10 Discordo totalmente 5 1 0 Não Responderam % Fonte : Pesquisa de Campo No gráfico mostrado na figura 53, visualiza-se o índice referente a campanhas humanitárias promovidas pela igreja. O índice que mais destaca-se é das pessoas que concordam que fazem parte destas doações: 40%. Após, 21% concordam plenamente; 19% são indiferentes; 10% discordam; 9% discordam totalmente; e 1% não responderam. Figura 53: Contribui com doações nas campanhas desenvolvidas pela igreja (campanha do agasalho, alimento, etc) 45 40 40 Concordo plenamente 35 Concordo 30 25 20 21 Indiferente 19 15 10 10 5 Discordo 9 Discordo totalmente 1 0 % Não Responderam Fonte : Pesquisa de Campo Diante tal situação, a participação dos entrevistados corresponde a 61%. 105 Tais campanhas não necessitam de responsabilidade por parte dos participantes, o que justifica tais índices, uma vez que a análise de resultados anteriores mostrou que ser voluntário não é o forte do público universitário católico. Finalizando o preço, observa-se pouca contribuição financeira. Este composto de Marketing deve ser considerado, pois instituições precisam de fundos para sobreviver, e a realidade financeira dos entrevistados não justifica tal descaso. 106 5. PROPOSTA O plano de Marketing que se apresenta é estruturado conforme Campaña (2000, p.21), sendo que as informações contidas no mesmo, são baseadas a partir de: • Resultados da entrevista de campo; • Plano Diocesano de Pastoral, publicado em 2002; • Entrevista com Padre Ludgero, na sede da diocese, realizada no dia 12 de novembro de 2004; • Documento da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) número 71 – Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil – 2003 a 2006. Este plano ilustra a possibilidade de utilizar o Marketing na Igreja Católica. A decisão ou não de sua aplicação cabe aos dirigentes da Diocese de Criciúma. 5.1. Parte I – Definições Gerais 5.1.1. Panorama histórico da igreja A história da Igreja Católica é extensa, confundindo-se com a história da humanidade nos últimos 2 mil anos. A descrição que se segue, tem como fonte a experiência da própria autora e trechos retirados em vários pontos da internet. A história começa com as primeiras comunidades cristãs. O apóstolo Pedro liderou a comunidade dos cristãos em Roma, pois naquela época, Roma era a senhora do mundo. E os apóstolos sentiram a necessidade de promover o deslocamento do cristianismo para o centro do Império, a fim de facilitar a pregação do Evangelho. 107 A presença cristã no Império Romano foi marcada por duas etapas bem diversas. Na primeira, que se estendeu até o final do século III, a religião cristã viuse desprezada e perseguida. Houve perseguições sob Nero, Domiciano, Décio, Valeriano e Diocleciano. A partir de Constantino, os imperadores passaram a proteger e estimular cada vez mais a fé cristã, até que, na época de Teodósio I, em fins do século IV, o Império Romano tornou-se oficialmente um estado cristão. A Igreja Católica Apostólica Romana surgiu em 1054, com a separação da Igreja Bizantina da Igreja Romana do Ocidente. Desde então a igreja romana se refere à igreja grega como cismática, embora esta se definisse como ortodoxa, ou seja, detentora da reta doutrina. Além das divergências sobre formulações teológicas, originadas de perspectivas culturais diversas, teve também grande peso na ruptura a resistência dos cristãos gregos em aceitar a afirmação cada vez maior do poder político-eclesiástico da igreja romana. A Igreja Católica Apostólica Romana define-se como una, santa, católica e apostólica e considera seu chefe como legítimo herdeiro da cátedra do apóstolo Pedro, sagrado papa, segundo o Evangelho, pelo próprio Cristo. Até o século XVI existia uma única Igreja na Europa ocidental, que superou diversas ameaças heréticas que surgiram ao longo da história; não obstante, a partir deste século, ocorre uma trágica separação entre a história das nações européias e a história da Igreja Católica; importantes países como a Inglaterra, a Alemanha e os países da Escandinávia abraçaram a fé protestante. A história da Igreja é complexa, uma vez que se confunde com a história do Ocidente. Um estudo sobre a história desta instituição objetiva expor a constituição do seu poder temporal, a conversão das nações ao cristianismo e o modo como a Igreja entendeu e se relacionou com os mais diversos fenômenos 108 sócio-políticos que emergiram ao longo dos tempos. Tanto foi seu poder que, acumulou durante a história, uma grande riqueza. A fé católica foi trazida ao Brasil pelos portugueses que se estabeleceram no território a partir de 1500. Os indígenas, seus primeiros habitantes, praticavam cultos religiosos diversos, conforme as nações ou tribos a que pertenciam. Os missionários católicos, sobretudo jesuítas e franciscanos, desenvolveram grande atividade de conversão. Na sociedade colonial a fé católica era obrigatória, não sendo toleradas outras formas de manifestação religiosa. Por essa razão, as populações negras trazidas como escravas foram obrigadas também a receber o batismo e observar os preceitos católicos. O catolicismo oficial foi promovido pela hierarquia eclesiástica, com a colaboração do poder estabelecido, e teve como principais divulgadores os religiosos missionários. A estrutura da igreja durante os três séculos de vida colonial era bastante precária. Foram estabelecidas apenas sete dioceses nesse período. Na Constituinte de 1934, os católicos conseguiram vitórias significativas: o novo texto constitucional foi promulgado em nome de Deus, reconhecia o direito do ensino religioso nas escolas públicas e vetava o projeto de divórcio. O exército brasileiro passou a ter capelães militares e o governo foi autorizado a subvencionar as obras assistenciais e educativas dirigidas pelos religiosos. O Brasil possui 125 milhões de católicos brasileiros, de acordo com o Censo (IBGE, 2004). Segundo a mesma pesquisa, Santa Catarina possui 80,2% da população como adeptos. Até o ano de 1998, Criciúma pertencia a Diocese de Tubarão. Criou-se então a Diocese de Criciúma, abrangendo 25 municípios. Sua instalação oficial deuse a 15 de agosto de 1998, momento no qual assumiu como primeiro Bispo desta 109 Diocese Dom Paulo Antonio De Conto. O mesmo ainda continua nesta. 5.1.2. Definição de missão e objetivos da igreja a) A missão da Igreja Segundo o Plano Diocesano (2002, p.34), a missão de Criciúma se propõe a evangelizar as pessoas a viver numa comunidade segundo os ensinamentos de Jesus Cristo: Nós, povo de Deus da Diocese de Criciúma, animados pela Santíssima Trindade, queremos : “Evangelizar, vivendo em comunidades de discípulos e discípulas de Jesus Cristo, fiéis à Palavra, à Fração do Pão, à Comunhão Fraterna, à Oração e participando na construção de uma sociedade sem exclusões, a caminho do Reino”. b) O papel da igreja para o membro A Diocese de Criciúma (2002) descreve os papéis que a igreja tem perante seus membros : • Conduzir as pessoas para o encontro com o Cristo vivo, em permanente formação da fé; • Dialogar e ouvir seus fiéis; • Despertar e valorizar os dons de cada pessoa em função do serviço na comunidade; • Acolher todos, particularmente os excluídos, lembrando sempre que acolher uma pessoa é acolher sua diferença; • Celebrar junto com seus membros a vida, louvando Cristo; • Estimular a denúncia de todas as forças opressoras que esmagam a vida. Pode-se verificar que a igreja não busca apenas espiritualidade, mas também a vida social e política dos seus membros. abranger a 110 5.1.3. Visão atual e futura e análise das oportunidades a) Visão da igreja Segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB (2003, p. 8), a visão da Igreja Católica é evangelizar, construindo uma sociedade justa : “Mediante a sua ação evangelizadora, a Igreja quer participar da ingente tarefa de construção de uma sociedade justa e solidária e animar a todos na esperança, a caminho do Reino definitivo.” Procurando detalhar esta visão, encontrou-se subsídios em dois documentos: CNBB e o Plano Diocesano. O primeiro, mostra a visão no plano nacional; já o segundo, abrange apenas a Diocese de Criciúma. O documento da CNBB número 71 (2003), mostra alguns pontos onde a igreja quer chegar com suas novas diretrizes: • Promover a dignidade da pessoa, construindo sua identidade e liberdade autêntica numa sociedade consumista; • Renovar a comunidade, criando condições para que as pessoas possam viver relações de solidariedade e de fraternidade que permitam sua maior realização, no contexto atual; • Construir uma sociedade solidária, incentivando práticas solidárias e reivindicando ações das autoridades públicas perante a desigualdade social. Numa abrangência mais local, a Diocese de Criciúma (2002), apresenta pontos pretendidos pela diocese: • Criar consciência de que o dízimo é a forma de sustentação financeira da igreja; • Ter celebrações mais alegres, que façam a ligação entre fé e vida, segmentadas à vida das crianças, dos jovens e da realidade urbana; 111 • Forte investimento para formação de padres, religiosos e leigos; aumentando assim seus testemunhos, coêrencia; animação e entusiasmo nas ações; • Preparar pessoas para assumir a vida política através de cargos públicos; • Presença solidária da Igreja nas questões sociais, através de um trabalho mais comprometido e eficiente junto aos excluídos; • Atendimento pastoral nas áreas litorâneas; • Ser a igreja que vai ao encontro das pessoas e não esperar que elas venham à igreja; • Estabelecer diálogo e parcerias com os responsáveis pelos centros de decisão, tais como políticos, cientistas, comunicadores, economistas, sociólogos, professores, universidades, empresários e outros; • Atenção especial aos Meios de Comunicação Social de forma a tê-los como espaço importante para a evangelização; • Criar consciência da possibilidade da ordenação de homens casados. b) Oportunidades relacionadas à missão • A maioria da população brasileira é católica, correspondendo 73,9% (IBGE, 2004), o que facilita a re-evangelização, uma vez que estas pessoas estão abertas à doutrina católica; • Crescimento da população universitária (CNBB, 2003), permitindo a doutrinação num público que se tornará formador de opinião; • Observando os índices da pesquisa do presente trabalho, conforme figura 6, a maioria dos pesquisados são mulheres, que têm a tendência de possuir 112 mais tempo livre (caso sejam donas de casa), podendo assim se dedicar em serviços voluntários da igreja; • Na figura 12, observa-se um grande número de jovens, que podem contribuir na evangelização como multiplicadores, oferecendo idéias novas e mais animação. 5.1.4. Perfil dos membros e do público-alvo a) Pesquisas de campo com os membros e o público-alvo A pesquisa de campo abrangeu a população universitária, uma vez que neste local (UNESC) tem a presença de pessoas de várias localidades da cidade. Estes membros apresentaram na pesquisa um desinteresse perante a Igreja Católica, mostrando em muitas questões indiferença perante a mesma. Como este público é pouco trabalhado pela Igreja Católica local, o público-alvo é o universitário católico, que está em busca da realização profissional. b) Perfil dos membros em relação à cidade Segundo o Censo 2000, a população local de Criciúma é de 170.420 pessoas (IBGE, 2004). A Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal de Criciúma (PRODER, 2004) identifica no ano 2004 o número de 10.797 universitários em Criciúma. Ou seja, 6,34% da população criciumense é universitária. Esses alunos estão distribuídos em 3 escolas de nível superior: UNESC, ESUCRI e FASC. A UNESC possui a maioria dos estudantes : 9.421 alunos. O índice não é tão importante quanto a importância dos universitários em uma sociedade, pois esses podem assumir o papel de transformador na mesma. Além de serem formadores de opiniões, pois transferem seu conhecimento adquirido para a sociedade. 113 5.1.5. Panorama dos projetos em desenvolvimento A Diocese de Criciúma conta com alguns projetos em constante aplicação; e outros em desenvolvimento e ainda não aplicados. Segue uma descrição sucinta de alguns projetos considerados relevantes para o atual estudo, que estão implantados ou em andamento: • Segundo entrevista com o Padre Ludgero Buss, na sede da Diocese de Criciúma, no dia 12 de novembro de 2004, das 10 às 11 horas, a diocese conta atualmente com uma revista, onde a principal finalidade é formar lideranças. Sua periocidade é bimestral, com a taxa anual de R$5,00 (cinco reais); ou R$10,00 (dez reais) caso o recebimento seja via correio; • A Diocese mantém a Escola de Teologia para Leigos. O curso faz parte do Projeto de Extensão Universitária da UNESC, tendo uma duração de dois anos distribuídos em quatro semestres. A escola destina-se às lideranças das comunidades, sendo os alunos escolhidos pelos dirigentes das Pastorais. (DIOCESE DE CRICIÚMA, 2002, p.61). Dos futuros projetos a serem implantados durante os próximos anos na Diocese de Criciúma, se destacam pela relevância do presente trabalho: • Segundo Padre Ludgero, a diocese está focalizando suas forças em 2005 a 2008 para o projeto “Missão Populares”. Este projeto é divido em 3 (três) partes: pré-missão, missão e pós-missão. A pré-missão se refere na escolha, em cada comunidade, de leigos missionários, que serão preparados através de curso para sua missão. Após o preparo, os mesmos farão visitas em cada casa da sua comunidade, independente de credo, com o intuito de conhecer a realidade e a história das famílias. Este processo ocupará um período aproximado de 8 (oito) meses. 114 A missão resultará em semanas missionários, com o objetivo principal a celebração. Serão cerimônias, eventos, atividades, para celebrar e louvar Jesus Cristo. Finalizando, a pós-missão será a continuidade, com o levantamento de todo processo, permitindo assim a análise dos próximos ações da igreja. • No próximo ano, 2005, segundo o padre, a diocese tem como objetivo ter um site na internet (conteúdo não definido). Algumas paróquias (não há o número preciso) já possuem sites próprios. 5.2. Parte II – Programas e Serviços 5.2.1. Definição de programas e serviços Esta proposta apresenta 3 (três) programas: Escola de Evangelização e Marketing, Pastoral Universitária e Comunicação Jovem. O primeiro é voltado aos líderes, e os dois últimos, aos universitários. O primeiro programa, Escola de Evangelização e Marketing, afetará os outros 2 (dois) programas e qualquer outro novo programa a ser desenvolvido, pois educará os evangelizadores numa nova filosofia: o uso do Marketing na evangelização. Mas para o seu sucesso, deverá ser assumido por todos os padres, diáconos e religiosos da diocese. Sugere-se então que o próprio bispo seja o primeiro aluno do curso, induzindo os seus subordinados a seguirem-no. Para iniciar os outros dois programas (Pastoral Universitária e Comunicação Jovem), os religiosos já devem ter começado o curso de Marketing religioso, para de posse dos conceitos fundamentais, já enquadrarem os novos programas nesta ferramenta de administração. Os outros dois programas são voltados aos universitários, que são o 115 público alvo do estudo atual. Ambos têm como finalidade aumentar o número de católicos praticantes que estudam na universidade. O programa da criação da Pastoral Universitária objetiva em atender a angústia existencial dos universitários, beneficiando com o conforto espiritual. Promoverão a aproximação de Cristo, com retiros, festivais de música católica, caminhadas ecológicas, palestras e campanhas voluntárias. O programa de Comunicação Jovem tem como objetivo atender a deficiência de comunicação existente atualmente na Igreja Católica, como foi visto na análise da pesquisa em campo. A visualização de outdoor em lugares de grande fluxo de alunos na Universidade é uma dessas ações. 5.2.2. Definição de recursos humanos, financeiros e tecnológicos a) Programa “Escola de Evangelização e Marketing” Para gerenciar e organizar todo o curso, há a necessidade de um profissional graduado ou especializado em administração, tendo como principal atribuição ser o elo de ligação entre a universidade, igreja e alunos. Sua atuação será de tempo integral (220 horas/mês), tendo a necessidade de ter vínculos empregatícios com a Diocese ou com a UNESC. Este gerente terá a necessidade de um computador para administrar a base de dados dos alunos e professores; a internet é necessária para ser fonte de pesquisa; o correio eletrônico será útil para a comunicação entre o gerente e os participantes do curso; e uma impressora para imprimir documentos necessários. Os professores serão remunerados por hora ministrada. Para as aulas, a presença de um computador ligado a um projetor torna-se viável, tornando as aulas menos cansativas e mais objetivas. 116 Para esta estrutura, há a necessidade da diocese desembolsar o recurso financeiro para as aulas de seus padres, ou cobrar um taxa aos leigos. b) Programa “Pastoral Universitária” Além do religioso, há a necessidade de um voluntário entre os universitários para administrar a pastoral. Os recursos financeiros serão utilizados para viagem dos líderes a outra Pastoral Universitária; aquisição de material de estudo; confecção de materiais para a própria diocese. Festas, palestras e retiros terão que ser por conta dos participantes ou parcerias de empresas privadas da cidade. c) Programa “Comunicação Jovem” Para comissão, a presença de um religioso é fundamental, para que as ações de comunicação tenham fundamentos católicos, não tornando assim um meio apenas político ou comercial. A comissão tem a necessidade de contar com a presença de voluntários que sejam universitários na área de administração, Marketing, jornalismo, publicidade, ciências da computação e artes visuais. Esta mesma equipe desenvolverá o site, outdoor e o jornal. Além da ação religiosa, se motivam com a possibilidade de adquirir experiência profissional. Para o desenvolvimento do mesmo, conta-se com o empréstimo de computadores dos próprios colaboradores, não havendo a necessidade de gastos. Os recursos financeiros terão que ser adquiridos com ações e doações voluntárias, mais a participação em 50% da própria diocese. Estes recursos serão para aquisição do domínio na internet, impressão do outdoor e do jornal. O jornal também poderá ter espaços publicitários para diminuir o custo. 117 5.2.3. Avaliação das potencialidades Inicialmente, apresenta-se uma análise dos pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças, concluídas dos resultados da pesquisa de campo aplicada aos universitários católicos de Criciúma. Tabela 7 : Pontos Fortes e Fracos; Oportunidades e Ameaças Pontos Fortes • Auto índice de fidelização (figuras 17,18 e 19) Pontos Fracos Oportunidades Ameaças • Satisfação com o ambiente da igreja (figuras 36,38,39 e 40) • Missa trás paz desejada (figuras 41, 43 e 44) • Os padres são bons oradores (figura 46) • Som e músicas agradáveis (figuras 47 e 48) • Índice relativamente baixo de católicos contribuintes do dízimo (figura 14) • Freqüência mensal e ocasional à igreja maior que a freqüência semanal (figura 16) • Pouco uso do ritual de promessas (figura 23) • Poucos católicos voluntários (figuras 26, 27 e 28) • O tempo da missa é considerado extenso (figura 42) • Pouca divulgação de eventos em rádio e TV (figuras 49,50 e 51) • Pouca doação financeira (figura 52) • Número significativo de jovens entre 16 a 25 anos que estão na universidade (figura 12) • Índice elevado da busca da religião em momentos difíceis da vida (figura 23) • Índice baixo da imagem de um Deus de castigo (figura 29) • Busca de respostas existenciais (figura 34) • Busca de conforto espiritual • Ótima participação em eventos da igreja, como festas (figura 54) • Número de católicos praticantes preocupante (figura 13) • Sacramento da confissão em desuso (figura 31) Fonte : Dados da pesquisadora Em seqüência, a avaliação das potencialidades dos programas propostos neste plano. a) Programa “Escola de Evangelização e Marketing” Este programa incentivará os atuais evangelizadores, dando uma nova ferramenta para a sua missão. Esta motivação refletirá na sua evangelização, animando os católicos ativos, que convidarão católicos inativos a participar de uma 118 igreja nova. É uma cadeia de ação, que começa de cima, e atinge os níveis inferiores de tipos de fiéis. O potencial é aumentar o número de católicos ativos e até adquirir novos adeptos, mudando o percentual de 80,2% para 83% em 2 anos. b) Programa “Pastoral Universitária” e “Comunicação Jovem” O potencial destes dois programas é aumentar o número de universitários católicos praticantes de 57% (figura 13) para 63% no período de 2 anos. O aumento é relativamente baixo, uma vez que no decorrer da análise verifica-se que as pessoas se consideram praticantes, mas não freqüentam assiduamente a igreja (figura 16). 5.3. Parte III – Planos de Ação 5.3.1. Análise das ações desenvolvidas atualmente As ações atualmente desenvolvidas não são segmentadas por público, podendo assim não oferecer um bom resultado, uma vez que aquilo que um público deseja, não é o que o outro quer. As ações poderiam ser segmentadas por faixa etária em conjunto com grau de instrução. A revista da diocese é para líderes, que são pessoas doutrinadas e fidelizadas. Há a necessidade de desenvolver outro tipo de meio de comunicação que possa atingir as pessoas que não praticam a religião. Estas não podem ser deixadas de lado como é feito atualmente. Os novos projetos são interessantes (“Missão Populares” e site), evidenciando serem estratégias de Marketing isoladas. Como os dirigentes não possuem conhecimento dos conceitos de Marketing, não identificam tais projetos como planos de Marketing. Se tal conhecimento existisse, o desenvolvimento e 119 controle dos projetos, poderia auxiliar para o êxito dos mesmos. Salienta-se que tais projetos não foram implantados, o que proporciona insegurança em sua realização. 5.3.2. Planos de ação a) Programas Programa “Escola de Evangelização e Marketing”: Tem como objetivo criar uma escola de Marketing Religioso, nos mesmos padrões da escola de Teologia para Leigos já existente na diocese, facilitando assim sua implantação devido a experiência. Seu público não se restringirá apenas aos leigos, mas principalmente aos padres. Planos de Ação do programa em questão, são: • Fazer parceria com a UNESC; • Definir o tempo de duração, que deve ser menor que o de Teologia para Leigos, uma vez que há a urgência de formação de profissionais com conhecimentos em Marketing na igreja; • Desenvolver a ementa do curso, com professores de Marketing, Psicologia (comportamento dos fiéis) e de Teologia; • Estabelecer ao final do curso a aplicação dos ensinamentos através de planos desenvolvidos pelos próprios alunos; • Adquirir livros e trabalhos na área de Marketing Religioso, proporcionando subsídios para pesquisas dos alunos; • Confeccionar apostilas objetivas e de fácil entendimento; • Estabelecer local e datas do curso; • Realizar um evento de abertura do curso, com a participação de toda a comunidade, com palestras de nomes do Marketing Religioso, como Antônio Kater 120 Filho ou Antônio Mesquita Galvão. Programa “Pastoral Universitária” Seu objetivo é criar a Pastoral Universitária na Diocese de Criciúma, baseada nas já existentes no Brasil. A atual Diocese só tem a Pastoral da Juventude, que atende as necessidades dos adolescentes, e não universitários. O papel das pastorais universitárias já implantadas pelo Brasil, tem como finalidade evangelizar a universidade por meio de grupos de alunos : É a presença ativa da Igreja na Universidade, por meio de grupos de alunos que trabalham na evangelização da própria universidade, pretendendo, entre outros objetivos, transformá-la, de instrumento de domínio e de privilégio, em instrumento do Reino de Deus e, portanto, de justiça e de serviço. (CNBB, 1988, p.42) A pastoral não será a nível de paróquia ou comunidade, mas por diocese. Isto a auxiliará para ser única e centralizada, não havendo divisões de idéias. Seus Planos de Ação são: • Criar um comitê para a criação da Pastoral, tendo em sua direção um universitário e um religioso (padre, diácono, religiosa); • Visitar uma Pastoral Universitária mais próxima da cidade, para se ter a idéia de como se trabalha, adquirindo assim conhecimento da realidade em outra comunidade; • Solicitar na CNBB o material da Pastoral Universitária para estudo; • Adaptar os materiais e projetos com a realidade da região, tendo como base a pesquisa de campo apresentada neste trabalho; • Como mostra a pesquisa, o número de voluntários entre os universitários é baixo (figuras 26, 27 e 28). Por isso, desenvolver projetos de pequenas participações voluntária, estimulando a vontade de participar em ações da igreja, como doações de alimentos com postos no campus da universidade; 121 • Como a participação dos entrevistados em eventos da igreja é grande, como festas e cafés (figura 54), lançar a Pastoral Universitária através de uma festa ecumênica; • A pastoral terá, como foco principal, a oferta do conforto espiritual, conforme resultado da pesquisa. Assim irá lançar palestras e retiros, visando a busca deste benefício. Programa “Comunicação Jovem” Objetiva em utilizar meios de comunicação para atingir os universitários, doutrinando e divulgando eventos. Planos de Ação a serem desenvolvidos: • Criar a comissão da “Comunicação Jovem”, com voluntários e representantes da igreja; • Criar um site da Pastoral Universitária, tendo notícias, mensagens e doutrinação aos jovens; • Disponibilizar no campus da Universidade um outdoor fixo, que terá a função de anunciar eventos. Caso não tenha nada programado, disponibilizar mensagens de esperanças ou cristãs. • Criar um jornal para o público universitário mensal, gratuito, com 4 (quatro) páginas; com as finalidades : divulgar eventos e cursos da diocese; doutrinar a palavra de Jesus Cristo; dar mensagens de otimismo e paz; apontar injustiças sociais ou políticas da região; e disponibilizar um classificado. b) Atuação (espiritual, social, educacional, missionária, evangelística) A “Escola de Evangelização e Marketing” tem atuação educacional. Educar os líderes para o Marketing religioso, quebrando a resistência que possuem 122 perante este assunto. Também terá atuação social, pois o conhecimento adquirido pelos alunos refletirá nas ações comunitárias. A “Pastoral Universitária” e “Comunicação Jovem” atuarão na vida de seus adeptos no sentido espiritual, buscando aproximação com Jesus Cristo; e no sentido social, questionando as injustiças sociais enfrentadas pelos universitários, formando assim formadores de opiniões; no sentido missionário, buscando os universitários para um caminhada religiosa; no sentido evangelista, ensinando o evangelho; e no sentido educacional, pois educará os universitários em problemas, como conseguir um emprego, e na utilização do Marketing na religião. 5.3.3. A igreja e a sociedade local a) Metas e desafios O objetivo do atual plano é aumentar o número de universitários católicos praticantes. As metas e desafios são estipulados para cada ano de atuação dos programas, baseando na taxa atual que é de 57% de praticantes. Adverte-se que tais números são propostos com base na expectativa da própria autora, pois não há índices anteriores para se fundamentar. Tabela 8 : Índices Anuais de Metas e Desafios Ano Meta Desafio 2005 57% 60% 2006 60% 63% 2007 62% 66% 2008 65% 69% Fonte : Dados da pesquisadora 5.3.4. Forma de gerenciamento e estruturação É importante ser definido, quem ou quais instituições ou órgãos serão responsáveis pela execução das ações. Ou seja, quem (ou que) despenderá 123 esforços para que se façam cumprir as ações propostas. A escola de Evangelização e Marketing terá seu gerente, mas este responderá ao representante da UNESC, vinculado ao Departamento de Extensão, com a supervisão da Diocese de Criciúma. A Pastoral Universitária e a Comunicação Jovem responderão ao Conselho Diocesano de Pastoral, como outra pastoral qualquer. Este conselho é um espaço representativo, deliberativo e articulador de toda a pastoral, formado pelo bispo diocesano e coordenadores diocesanos de pastorais. Sua função é animar, refletir, organizar, avaliar e planejar a vida e a ação da Pastoral da Igreja Diocesana. Vê-se assim que esses dois programas devem responder a este conselho. 5.3.5. Critérios de avaliação e tomada de decisões Realizar uma pesquisa em padres e líderes de pastorais anualmente para ver a opinião sobre o Marketing Religioso e o atingimento das metas estabelecidas com relação ao aceite da sua utilização. Repetir a atual pesquisa de 2 em 2 anos na universidade, alcançando outras universidades da diocese, objetivando medir o índice de católicos praticantes e grau de satisfação quanto aos 4 P’s e programas desenvolvidos. A partir dessas avaliações, cabe ao bispo tomar a decisão se continua com os programas aqui sugeridos, ou se há necessidade de reestruturação dos mesmos ou até mesmo sua extinção. Tanto as metas quanto os desafios apontados neste plano devem ser revistos e alterados face à emergência de uma nova realidade. Sugere-se então, uma estratégia preventiva, realizando anualmente uma revisão deste plano, suas metas e seus desafios. 124 5.3.6. Calendário de atividades Tabela 9 : Calendário de atividades Ano Semestre Estruturar a Escola de Evangelização e Marketing Aulas Estruturação e Criação da Pastoral Universitária Criação da Comissão da Comunicação Jovem Eventos Pastoral Universitária Lançamento Site Lançamento Jornal Continuidade da Comunicação Jovem Pesquisa de Campo Universitário Avaliação dos Resultados Fonte : Dados da pesquisadora 2005 o 1 2006 o 2 o 1 2007 o 2 o 1 2008 o 2 o 1 o 2 125 6. CONCLUSÕES A análise e interpretação dos dados obtidos por meio desta pesquisa, possibilitaram destacar algumas conclusões e sugestões importantes que poderão ser úteis à Igreja Católica e aos profissionais de Marketing na área das religiões. Vive-se numa era de globalização, que apesar de seus aspectos positivos, como maior produção e circulação de bens, facilidade de comunicação e progressos tecnológicos; surge um aumento sensível dos riscos, como catástrofes climáticas e ecológicas, causadas pela intervenção do homem. Outros riscos são perda de postos de trabalho, insegurança pelo futuro e pela violência cotidiana. Diante da incerteza e do risco, a reação das pessoas é a busca do imediato: aqui e agora. Esta atitude gera o consumo excessivo, onde o desejo é de adquirir sempre mais, criando artificialmente novas necessidades. Difunde-se uma mentalidade pela qual cada um julga absolutamente dono de suas decisões, mesmo que estas tenham conseqüências negativas sobre as relações sociais. Com toda esta realidade, confirmou-se o quão importante é o fator religioso na vida da humanidade. A religião sempre será a bússola indispensável a orientar o homem no descobrimento do seu verdadeiro sentido existencial. Ela pode conduzir o homem, indicando um sentido para sua vida, e satisfazendo o que há de verdadeiro, belo e de bom nas tendências do indivíduo, da família e da sociedade. Torna-se indispensável acrescentar como peça fundamental a prática da religião, para a construção de uma sociedade mais solidária. Mesmo diante da importância social e histórica da religião, seu estudo é marginalizado nos dias atuais pela sociedade, e também pelos acadêmicos. Poucos 126 trabalhos são encontrados neste sentido, principalmente na UNESC (Universidade do Extremo do Sul de Santa Catarina). Este descaso da cidade de Criciúma torna-se preocupante, uma vez que a omissão desta realidade acarreta inevitavelmente em problemas sociais, como a busca das drogas, aumento da violência, agressividade familiar, promiscuidade e materialismo em excesso. Durante o curso de Especialização em Marketing e Propaganda, os mestres e doutores enfatizaram a utilização desta ferramenta em qualquer área, tanto empresarial, quanto institucional. Diante desta perspectiva, a pesquisadora buscou testar os ensinamentos na área de religião, que sempre foi presente na vida da mesma. Em geral, houve a confirmação do referencial teórico, no que se refere à utilização das técnicas de Marketing pelas igrejas, tornando uma ferramenta da Ciência Administrativa que pode ser utilizada na busca de fidelizar ou adquirir novos adeptos à religião católica, que vem mostrando estagnação. Relacionando aos objetivos específicos, seguem as conclusões obtidas no presente estudo: • Quanto a identificação do perfil sócio-econômico dos adeptos ao catolicismo, percebe-se que a grande maioria dos universitários entrevistados são mulheres, faixa etária jovem, solteiros, com nenhum filho. Estes dados resultaram numa realidade em que o público está a procura de estabilidade financeira e até na busca de um companheiro. A vida econômica é condizente com a realidade da cidade. O estudo também buscou identificar o perfil do católico, sabendo se são praticantes ou não. Mesmo a maioria apontando que é praticante, a freqüência nas missas é irregular, contradizendo a resposta anterior dos entrevistados. 127 Quanto ao histórico dos entrevistado na Igreja Católica, a maioria se mostrou fiel a religião, mesmo não a praticando. O fato de se nomearem católicos pode ser uma maneira cômoda de se posicionar religiosamente perante a sociedade, mas provavelmente, na realidade dão pouca importância à vida religiosa. • Ao estudar as motivações dos universitários católicos, baseando-se nas classificações de Vaz (2003), que cita que há dois tipos de religiosos: aquele que é usuário da religião, e aquele que é voluntário na igreja. Constatou-se na pesquisa que a maioria dos entrevistados são usuários, o que preocupa o porquê da falta de ação voluntária entre jovens universidade, uma vez que possuem entusiasmo e curiosidade. Quanto ao tipo de necessidade, o mesmo autor classifica em duas: angústia moral, cuja a aceitação social é a principal carência, e a angústia existencial, cuja a procura de respostas existenciais se sobressai. A pesquisa mostrou que os jovens universitários criciumenses têm a angústia existêncial, a busca de respostas. Associando o tipo de religioso com o tipo de angústia mais identificado na pesquisa, que foram, respectivamente, usuário e existencial; o benefício buscado, segundo Vaz (2003), é o conforto espiritual, o que faz que o público alvo procure alívio para suas indagações. Surge então a oportunidade para o trabalho de Marketing, que busca atender as necessidades, oferecendo benefícios. Podem ser utilizadas ações como: retiros espirituais, gincanas bíblicas, louvores, festivais de canções, etc. • Analisando o atual grau de satisfação dos adeptos, buscou-se medir o grau de satisfação perante o composto de Marketing, que é formado pelos 4 P’s : praça, produto, promoção e preço. 128 Diante da praça, que no caso são as igrejas, há um grande grau de satisfação. As igrejas de Criciúma são bem conservadas, e para os entrevistados, confortáveis. Quanto ao produto, que é Jesus, há o problema de como está sendo “vendido”. Os entrevistados mostraram-se insatisfeitos quanto ao tempo da missa, que mesmo assim os satisfaz. Quanto à promoção, o problema é a pouca divulgação de eventos e cursos evangelizadores. O Padre Ludgero Buss alega que releases são enviados a rádios, mas estas não publicam. Sendo assim, há a necessidade de usar a influência com esses meios de comunicação. E o preço, mostra que os entrevistado pouco contribuem, o que prejudica a vida financeira da instituição. • Ao apontar as deficiências na relação da igreja com seus adeptos, identificou-se suas deficiências, que são: descaso ao público universitário, que serão futuros formadores de opinião; pouca divulgação nos meios de comunicação; preocupação excessiva apenas com os líderes, como a revista divulgada pela diocese, que é direcionada a este público. • Na proposta de um Plano de Marketing para aumentar o número de fiéis ativos, surgiu o problema de falta de subsídios. Por meio do plano de Marketing sugerido, a organização estudada poderá obter eficácia na sua estratégia de aumentar o número de fiéis ativos, principalmente entre os universitários. Sobre as dificuldades na elaboração do trabalho, houve dificuldade de encontrar referências teóricas, principalmente sobre o Marketing Religioso, o que atrapalhou bastante o desenvolvimento do estudo. Outra dificuldade encontrada foi a aplicação do questionário, que teve pouca colaboração dos coordenadores do curso, que não devolveram todos os questionários, mostrando assim certo descaso sobre o assunto. Sem contar os cursos de Direito e Medicina que não aceitaram a sua aplicação, devido a regras 129 internas. A resistência da Igreja Católica também foi outra dificuldade encontrada. Houve caso de padres não aceitarem conversar sobre o assunto, ignorando totalmente a pesquisadora. E o padre que auxiliou o trabalho (Pe. Ludgero Buss) admitiu que há esta resistência devido ao fato dos padres não conhecerem o assunto: Marketing Religioso. E os que pouco conhecem, possuem uma visão negativa sobre o assunto, pois segundo o padre, os exemplos atuais de utilização desta ferramenta são duvidosas, como: Igreja Universal do Reino de Deus, que não fideliza seus membros, apenas os ilude; Padre Marcelo Rossi, que evangeliza no sentindo de divulgação própria, e não de toda a Igreja Católica; e Padre Jonas Habib, que criou uma comunidade totalmente fora dos princípios da Igreja Católica. Pode-se citar como contribuições deste estudo: • Proposição de uma estratégia para composição de um plano de Marketing a ser utilizado por outras instituições religiosas; • Despertar na instituição estudada as vantagens de se adotar estratégias de Marketing definidas; • Demonstrar que a Diocese de Criciúma pode tornar-se referência na utilização de Marketing Religioso na conquista do público universitário. Para trabalhos futuros na Igreja Católica da Diocese de Criciúma e na área de Marketing Religioso, faz-se as seguintes sugestões: • Educar líderes religiosos de Criciúma sobre o Marketing; • Realizar novo estudo para conhecer as necessidades e desejos de outras religiões em Criciúma, bem como descobrir seu grau de satisfação com as mesmas; • Realizar pesquisa segmentada na universidade por curso, ou abranger 130 outras universidades da Diocese; • Analisar a implantação do plano de Marketing proposto, tendo uma avaliação constante, pois este não se encerra com o início da sua implementação na instituição. Pode-se concluir que a presente pesquisa, se aceita e implantada, irá dar início a uma mudança na instituição estudada, a partir da qual, novos estudos surgirão que possibilitarão a adequação de novas estratégias de Marketing a serem seguidas, cada vez que forem necessárias. Por último recomenda-se que este documento, como acréscimo para metodologias de estudos na área de Marketing Religioso local, seja aprofundado e testado em outras localidades e situações, com o objetivo de que sofra aprimoramentos no seu modo operacional. 131 REFERÊNCIAS BERGER, Peter L. A market model for the analysis of ecumenicity. Social Research. n.30, p.77-93, 1963. BOONE, Louis E.; KURTZ, David L. Marketing Contemporâneo. 8 ed. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1998, 564p. CAMPAÑA, Josué. Planejamento Estratégico. São Paulo: Vida, 2000. 97p. CAMPOS, Leonildo S. A Igreja Universal do Reino de Deus: um empreendimento religioso. São Bernardo do Campo: Lusotopie, 1999. 367p. CAMPOS, Leonildo S. Teatro, Templo e Mercado: Organização e Marketing de um Empreendimento Neopentecostal. Petrópolis, SP: Vozes, 1997. 451p. CHIAVENATO, Idalberto. Iniciação à Administração Geral. São Paulo: McGrawHill do Brasil, 1989. 88p. CHURCHILL, Gilbert A.; PETER, J. Paul. 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ANEXOS UNESC PESQUISA DE SATISFAÇÃO Universitários Católicos da cidade de Criciúma Concordo plenamente Nas questões a seguir, assinale na alternativa correspondente a sua concordância quanto as afirmativas: Concordo Indiferente Discordo Quanto ao Perfil : Não penso em mudar de religião. Já pertenci a outra religião. Sou católico desde que nasci. Quanto ao Conhecimento Doutrinário : Jesus Cristo nasceu de Maria, que era virgem na sua concepção. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo, formando assim a Santíssima Trindade. A ressurreição de Jesus Cristo é a prova de que é possível vencer a morte. Quanto ao Católico Usuário : Quando tenho um problema profissional, familiar ou de saúde, procuro também a ajuda da religião. Quando busco melhorar minha vida, procuro apoio na religião. Faço promessa para alcançar uma graça. Quanto ao Católico Voluntário : Vou à igreja em busca de atividades que me permitam ajudar os meus semelhantes. Na igreja encontro respostas para os problemas existenciais. Estou sempre presente nas ações comunitárias realizadas pela igreja. Quanto as necessidades do Católico – Angústia Moral : Os pecadores serão mandados para o inferno. Vou à igreja em busca de salvação. Me confesso com freqüência para pedir perdão dos meus pecados. Quanto as necessidades do Católico – Angústia Existencial : Deus criou o mundo, portanto a teoria da evolução não tem fundamento. Nosso destino já está escrito. Na igreja encontro uma razão para minha existência. UNESC PESQUISA DE SATISFAÇÃO Universitários Católicos da cidade de Criciúma Nas questões a seguir, considere como base de avaliação a igreja ao qual participa com maior freqüência : Quanto à Praça: Vou a esta igreja porque é a mais próxima de minha casa . Gosto de estar na igreja, pois o ambiente é acolhedor. As acomodações da igreja são agradáveis. O ambiente da igreja é bem iluminado. A igreja é bem ventilada. Quanto ao Produto: As missas proporcionam momentos de aproximação com Deus. A celebração da missa é muito extensa. A homilia (sermão) é um ponto alto da celebração. Quando saio da missa, me sinto melhor, com Deus, comigo e com o próximo. Além da missa, minha igreja atua de outras formas em minha vida Quanto à Promoção: Os padres da igreja que participo são ótimos oradores. O som da minha igreja é adequado. As músicas cantadas e tocadas durante a missa me satisfazem. Há programas religiosos da nossa igreja nas rádios locais. Nas TV’s locais, há programas religiosos da nossa igreja. Eu sei de todos os eventos que a Igreja promove, pois são bastante divulgados. Quanto ao Preço: Sempre faço doações à igreja, sem ser o dízimo. Participo de promoções beneficentes das igreja (festas, cafés, outros). Contribuo com doações nas campanhas desenvolvidas pela igreja (campanha do agasalho, alimento, etc). PESQUISA DE SATISFAÇÃO Universitários Católicos da cidade de Criciúma UNESC SOBRE VOCÊ - Católico É católico praticante? Sim Qual a frequência que vai à igreja? Não Todos os dias 3 vezes por semana 1 vez por semana Contribui com o dízimo? Sim Não 1 vez por mês Em ocasiões comemorativas Outras Não frequenta Qual a igreja que frequento: SOBRE VOCÊ Idade: Sexo : Masculino Feminino Número Filhos: anos Estado Civil: Renda Familiar Mensal: Solteiro (a) Até 4 Salários Mínimos Casado (a) 5 a 10 Salários Mínimos Viúvo (a) 11 a 15 Salários Mínimos Separado (a) Mais de 15 Salários Mínimos Divorciado (a) Profissão: