enriquecimento ambiental - Higiene e Nutrição Animal

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CEF – Tratamento de Animais em Cativeiro – 9º F
Higiene e Nutrição Animal
Ficha de Trabalho Nº 5 ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL
Quando mantemos um animal em cativeiro, devemos zelar pelo seu bem‐estar, ou seja, garantir a satisfação de suas necessidades básicas, criando, dessa forma, um ambiente interactivo que permita ao animal de cativeiro apresentar um comportamento natural, preocupando‐se com a necessidade fisiológica (crescer e reproduzir‐se livre de doenças e ferimentos), psicológica (conforto, livre de medo e fome) e comportamental (manter o animal num ambiente próximo ao natural). Para garantir esse bem‐estar físico e psicológico, utilizamos o enriquecimento ambiental, que é uma actividade de manejo para animais em cativeiro que visa melhorar a qualidade de vida dos animais pelo uso de estímulos ambientais. O enriquecimento ambiental é necessário uma vez que há três diferenças fundamentais entre os ambientes naturais e os de cativeiro: o último difere do primeiro por ser previsível, pouco complexo e ter menor espaço. Ou seja, na natureza o animal depara‐se com um ambiente muito dinâmico, enquanto o ambiente de cativeiro segue uma rotina, e por isso torna‐se monótono. Alan Neuringer, em 1969, demonstrou que quando é dada a oportunidade aos animais para conseguirem recursos alimentares ou acessórios com dificuldade ou facilidade, os animais optam pela dificuldade. Com isso, comprovou‐se que existe uma necessidade biológica para a procura de recursos, e quando essa oportunidade é negada, torna‐se uma fonte de frustração e stress para os animais. Por isso, os zoológicos modernos estão voltados para a pesquisa, educação, conservação, entretenimento e em ter recintos mais complexos, e não apenas em ser um local para a exposição de animais. Os estímulos podem ser oferecidos através de vários tipos de enriquecimento, como: • Alimentar • Sensorial • Físico • Cognitivo • Social O enriquecimento alimentar consiste em promover variações na alimentação dos animais cativos, escondendo a comida pelo recinto da modo a gerar alguma dificuldade para os animais obterem o alimento. Por exemplo, pode‐se esconder um osso dentro de uma caixa com feno para algum animal carnívoro, ou colocá‐lo dentro de um pneu. Já o enriquecimento sensorial consiste em explorar um dos 5 sentidos dos animais. Por exemplo, o uso de sons com vocalização ou a introdução de cheiros diferentes no recinto, utilizando ervas aromáticas, canela em pó, hortelã, menta, urina e fezes de outros animais (esses dois últimos exemplos são usados para estimular a marcação do terreno). A intenção do enriquecimento físico é deixar os recintos mais semelhantes ao habitat natural. Para isso, coloca‐se poleiros e cordas para aves, tanques para hipopótamos, ursos, pinguins, ou galhos nos recintos de macacos, entre outros exemplos. Podem ser utilizados diversos utensílios, como por exemplo, tubos de pvc, bolas de plástico duras, bambu, ratos de brinquedo, frutas congeladas, gravetos, erva e folhas secas, cordas, garrafas plásticas, sangue, urina e fezes. Há outras possibilidades de técnicas baratas e relativamente fáceis de serem aplicadas, para isto, basta ser criativo e atender a alguns critérios de segurança. Os critérios que devem ser observados são: os itens artificiais devem ser atóxicos; os itens usados Zoo – Enquadramento e Caracterização Prof.ª Cristina Militão
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não devem facilitar a fuga ou causar ferimentos nos animais (por isso, não podem espetar ou prender) e não podem ser arremessados pelos animais, ferindo dessa forma os visitantes. Também devem ser adequados para cada recinto, não podem permanecer nele por muito tempo, pois assim perderia o carácter de novidade (para isso deve‐se alterar o tipo de enriquecimento e a sua frequência). E por último, porém não menos importante, os animais devem ter oportunidade de escolha, isto é, eles não são obrigados a interagir com os utensílios. O que se deseja com o enriquecimento cognitivo é despertar a capacidade cognitiva dos animais, ou seja, despertar a sua capacidade intelectual. É feito principalmente com a Ordem dos Primatas, fornecendo, por exemplo, rochas ou alimentos duros esporadicamente, como nozes, avelãs, amêndoas, coco seco, e castanhas inteiras, para que os animais tenham que quebrá‐los. Os filhotes dos primatas aprendem imitando seus pais. O enriquecimento social dá oportunidade aos animais de conviverem com outros animais com quem normalmente conviveriam, podendo ser intra‐específica ou inter‐específica. O enriquecimento é importante, pois proporciona uma actividade maior ao animal, diminui comportamentos não naturais (arrancar penas, roer grades, comer fezes), diminui o stress, o que facilita o manejo pelo tratador e reduz a ocorrência de doenças, além de proporcionar um interesse maior do visitante pelo animal. O stress causado pelo cativeiro pode levar a comportamentos atípicos e estereotipados, sem função aparente e associados ao tédio. Podem ser quantitativos, ou seja, os animais repetem certas situações exageradamente, como beber água em excesso ou lamber‐se em excesso (podendo causar até dermatites). Ou podem ser qualitativos, quando diferem da natureza, como caminhar sem objectivo ou realizar mastigação falsa. A participação dos tratadores no enriquecimento ambiental é muito importante, tanto para a colocação dos vários tipos de enriquecimento, para esclarecer o público sobre a actividade, como também para a monitorização dos animais durante e após o enriquecimento. Para tornar um ambiente adequado a um animal algumas questões deverão ser consideradas, como: 1‐ Comportamento do animal Antes de começar a ambientação de um recinto, devemos saber como é o comportamento do animal que irá ocupá‐lo. Por exemplo, se o recinto será ocupado por macacos, já podemos imaginar que será necessário colocar troncos e poleiros na parte alta do recinto para que eles se possam pendurar e pular de galho em galho. Devemos sempre utilizar materiais naturais na ambientação, como troncos, galhos de árvores (poleiros) e folhas secas ‐ lembrar que o recinto deverá parecer o mais próximo possível do local em que o animal vive na natureza. Dessa forma, canos de PVC, barras ou canos de ferro como poleiros para os animais, mesmo que sejam mais resistentes, não deverão ser utilizados. Se for necessário utilizar materiais artificiais na ambientação, estes deverão, se possível, ser camuflados por materiais naturais ou pela vegetação. Ao utilizarmos poleiros para aves, estes deverão ser de diâmetro e textura diferentes, pois na natureza, os animais empoleiram‐se em diferentes árvores com galhos de diversas espessuras, isso é bom para que as aves exercitem os pés ao empoleirar. Zoo – Enquadramento e Caracterização Prof.ª Cristina Militão
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2‐ Segurança do animal Durante a ambientação devemos ficar atentos para qualquer objecto ou material que for colocado no recinto e que possa magoar os animais. Por exemplo, alguns animais gostam de afiar as unhas em troncos ou pedaços de madeira, por isso nesses recintos devemos evitar colocar materiais que soltem farpas com facilidade, como bambu. Galhos com pontas muito finas também deverão ser evitados, pois os animais poderão magoar os olhos ou outra parte mais sensível do corpo nessas pontas. Pontas de arames e pregos não deverão ficar expostas, pois o animal poderá magoar‐se nelas. Ao final da ambientação, o recinto deverá ser verificado, e restos de arame, pregos ou qualquer material deverão ser retirados antes de se colocar o animal. Lembrar que todo o recinto deverá ter um local onde o animal se possa esconder do visitante quando se sentir irritado ou cansado. Esse local é chamado “ponto de fuga” e a vegetação ou mesmo o abrigo poderão ser utilizados com essa finalidade. Isso dará segurança psicológica ao animal. 3‐ Segurança do tratador e do técnico Durante a ambientação devemos ficar atentos também para que a entrada e saída do recinto pelo tratador ou pelos técnicos possam ser rápidas e eficientes. Por isso, troncos, poleiros, pedras e outros materiais não deverão ser colocados próximos às portas, para que estas não fiquem bloqueadas. Pontas em poleiros também deverão ser evitadas, principalmente na altura dos olhos, para que nenhum acidente aconteça durante a limpeza do recinto ou contenção do animal. 4‐ Facilidade de limpeza e higienização Devemos lembrar sempre que todo material utilizado na ambientação de recintos deverá ser limpo e higienizado constantemente. Alguns materiais utilizados, como troncos, poleiros, folhiço e areia deverão ser trocados sempre que necessário. Nunca colocar poleiros sobre bebedouros ou comedouros, pois os animais poderão defecar em cima da água ou da comida. GUIÃO PARA O TRABALHO DE PESQUISA Escolhe um animal (cada aluno deve escolher um animal diferente) e elabora um trabalho escrito orientado pelo guião seguinte: •
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Caracterização do animal escolhido, referindo a sua origem, aspectos do seu comportamento social, habitat, alimentação, e outras informações. Condições de cativeiro para esse animal – tipo de alojamento, estruturas a utilizar, características de enriquecimento ambiental – e respectiva justificação. Zoo – Enquadramento e Caracterização Prof.ª Cristina Militão
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