O ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA AUXILIAR NA REABILITAÇÃO CLÍNICA Paola Cardias SOARES¹, Jéssica Albuquerque LOPES¹, Leila Menezes da SILVA¹, Ellen Yasmin Eguchi MESQUITA1, Ana Sílvia Sardinha RIBEIRO1 1 GEAS – UFRA / UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA – UFRA . Av. Perimetral, Nº 2501, Montese. Cep: 66.077-830, Belém-PA, [email protected] Palavras-chave: etologia – bem-estar - clínica Introdução. Animais mantidos em cativeiro necessitam de estímulos e ocupações que permitam o controle do ambiente e promovam o bem-estar do espécime. (1) ressalta que, se o animal cativo não puder ter a oportunidade de trabalhar para sobreviver, ele deve ao menos ter a chance de exercitar diferentes reações diante das invenções e dos aparatos colocados em seu ambiente. O objetivo do trabalho foi utilizar o enriquecimento ambiental como ferramenta para minimizar o estresse em animais cativos. Métodos. O estudo foi conduzido no ambulatório de Animais Silvestres da Universidade Federal Rural da Amazônia, que recebe indivíduos confiscados pelos órgãos responsáveis pela fauna, para reabilitação dos mesmos. Em diferentes períodos, três espécimes de procedência desconhecida foram recebidos, a constar: uma fêmea de macaco–de-cheiro (Saimiri sciureus), uma fêmea grávida de bicho- preguiça (Bradypus variegatus) e uma coruja murucututu (Pulsatrix perspicillata) não sexada. Após o atendimento inicial, com instalação da terapêutica e posterior observação do comportamento, decidiu-se pelo enriquecimento, seguido de observações ad libitum (2), oportunísticas e qualitativas, durante o período do internamento. Resultados e Discussão. A fêmea de macaco-decheiro apresentava comportamento esquivo, sendo difícil seu manuseio para o procedimento veterinário, com comportamento estereotipado de ir e vir e ingestão do jornal utilizado como substrato. O enriquecimento consistiu na oferta do alimento suspenso, congelado em cubos de gelo, além da utilização de uma ampola de injeção com alimento dentro, criando o desafio ao primata para obtê-lo. Galhos e vegetação foram adicionados em volta e dentro do recinto. Imediatamente após a inserção das ferramentas de enriquecimento, os comportamentos estereotipados e conspícuos cessaram, facilitando assim seu manejo. A fêmea de bicho-preguiça não agarrava-se a substrato aéreo algum e não alimentava-se espontaneamente, sendo necessária alimentação por seringa. No intervalo de um dia após a inserção do enriquecimento (galhos e folhas no recinto), o espécime utilizou os galhos para agarrar-se e começou a alimentar-se espontaneamente, mediante oferta do alimento. O indivíduo de murucututu chegou ao ambulatório apresentando comportamento agressivo, de difícil manejo, haja vista que o mesmo agarrava-se à grade do recinto e vocalizava repetidamente. Depois de transferido para um recinto maior, enriquecido com galhos, folhas e um ponto de fuga (caixa de papelão), o animal deixou-se manipular e ser contido, além de reduzir o comportamento estereotipado que exibia sempre que algum observador aproximava-se. Conclusão. O enriquecimento ambiental em recintos de reabilitação favorece a recuperação clínica em função da minimização do estresse do cativeiro. 1. Yerkes, RM. (1925) Almost human. Jonathan Cope, 1° edição, Londres, pp.229. 2. Altmann, J. (1974) Observational study of behavior: sampling methods, Behaviour, vol. 9, 237–265.