Osvaldo Sato - CA JOIC FINAL

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BORO NA CULTURA DO GIRASSOL EM SOLO ALUMINICO
Osvaldo Sato, Felipe Augusto Rigon, José Renato Leite Barbosa, Raquel Zanholo da Silva, Ana
Maria Conte, e-mail:[email protected]
Universidade Estadual do Norte do Paraná/Campus Luiz Meneghel.
Área e sub-área do conhecimento: Ciências Agrárias/Agronomia
Palavras-chave: Helianthus annus, adubação borácica, saturação por alumínio
Resumo: Resumo: O girassol é altamente exigente em boro, sendo umas das plantas utilizadas
como indicadora de deficiência deste nutriente no solo. Assim o objetivo deste estudo foi avaliar o
efeito de doses de boro na cultura de girassol em solo com elevada saturação por alumínio. O
experimento foi instalado em sistema de cultivo protegido na área da Fazenda Escola do Campus
Luiz Meneghel da UENP, em vasos com capacidade de 5 litros, em Latossolo Vermelho Amarelo
alumínico proveniente do município de Ribeirão do Pinhal/PR. O delineamento experimental foi em
blocos ao acaso com 5 doses de boro ( 0, 0,5, 1, 2 e 4 kg ha-1) e 8 repetições, tendo como fonte o
ácido bórico. Foram semeadas 5 sementes de girassol e após emergência das plantas foram
desbastadas deixando 2 plantas por vaso. Aos 45 dias após emergência da cultura foram separadas 4
repetições e avaliadas quanto: altura da planta, diâmetro da haste e número de folhas. Os resultados
permitiram concluir que aos 45 dias após a emergência da cultura as diferentes doses de boro não
influenciaram nos parâmetros avaliados.
Introdução
O girassol é uma planta bastante responsiva à aplicação de boro (B), podendo atingir
produtividades elevadas a partir da aplicação de doses superiores a 1 kg ha -1 (SILVA et al., 2012).
Entretanto, grande parte dos agricultores não utilizam fontes de boro nas adubações, resultando em
produtividade inferior a 800 kg ha-1, que em parte, pode ser atribuída dentre alguns fatores, à
deficiência desse micronutriente. Segundo Marchetti et al. (2001), a produção de sementes com a
adição desse nutriente pode atingir de 2000 a 3000 kg ha-1.
O boro (B) é um nutriente encontrado em baixas concentrações na planta (micronutriente),
contudo é essencial para o desenvolvimento vegetal e sua ausência tem causado problemas
nutricionais na cultura do girassol (SANTOS et al. 2010). Epstein e Bloom (2004) e Furlani (2004)
relatam que o B é integrante de compostos que constituem a hemicelulose da parede celular.
Outras funções importantes como o transporte de açúcares através das membranas, a
incorporação de fosfato na formação de nucleotídeos, no desenvolvimento do tubo polínico e na
frutificação, são citadas por Dechen e Nachtigall (2006), que relatam a relevância de tal nutriente
para a maioria das culturas dentre elas as oleaginosas.
O B possui grande relevância na cultura do girassol, pois é o micronutriente que mais limita
o desenvolvimento desta cultura. Em condições de deficiência, pode causar diversos distúrbios
fisiológicos como, por exemplo, inibição da elongação das raízes devido a problemas na divisão
celular e elongação das células, tornando-as grossas e com as pontas necróticas (LOUÉ, 1993;
MARSCHNER, 1995). Além disso, esses sintomas nem sempre são visíveis (fome oculta), podendo
reduzir consideravelmente a produtividade da lavoura (CASTRO; OLIVEIRA, 2005).
Para avaliar a produtividade e altura de planta em função de 6 doses de boro (0, 1, 2, 4, 8, e
16 kg ha-1) e adubação nitrogenada na cultura do girassol, Castro et al. (2013) observaram que não
houve influência do boro, pois a ocorrência de longo período de déficit hídrico na fase de maior
demanda por B (florescimento), associada à dinâmica do nutriente no solo e na planta, contribuíram
para ausência de resposta à sua aplicação.
A falta de resposta às doses de B pode ser entendida pelo comportamento desse
micronutriente no solo e pela dinâmica de absorção do nutriente pelas raízes, predominantemente
por fluxo em massa (MALAVOLTA et al., 1997). Além disso, a redistribuição do B no girassol é
muito baixa, não “tolerando” longos períodos de deficiência de B, a partir da mobilidade do
nutriente acumulado na planta, a exemplo do que ocorre com N, P e K, nutrientes móveis nas
plantas.
Silva et al. (2007), trabalhando com lâminas de irrigação e doses de boro (1; 2 e 3 kg ha -1 )
e duas cultivares de girassol, H250 e H251 no Estado de Minas Gerais, em Latossolo Vermelho
distroférrico, não observaram diferença significativa em nenhum dos componentes de crescimento
(altura de plantas, diâmetros de caule e de capítulos) e de produção (produtividade de grãos e de
óleo, teor de óleo dos aquênios e peso de 1000 aquênios) para as doses de boro analisadas.
Paiva et al (2012), com o objetivo de avaliar doses de B (0, 2, 4, 6 e 8 kg ha -1 ) associadas a
potássio K, na cultura do girassol, observaram que a combinação da dose 6 kg ha -1 de B com 90 kg
ha -1 de K proporcionou maiores valores de altura, área foliar, massa seca e produtividade.
Com a aplicação de 1, 2, 3, 4 e 5 kg ha-1 de B na cultura do girassol, Lima et al. (2013)
observaram que a dose de 4 kg ha-1 maximizou a massa média e a produtividade potencial de
aquênios e o potencial de produção de óleo.
A altura da planta e o diâmetro do caule foram maximizados com a dose de 3 kg ha -1 de
boro na cultura do girassol, já a produtividade máxima foi de 2.442 kg ha -1 foi obtida com a dose
de 4 kg ha -1 de boro, segundo Lima et al, (2010).
Para solos que tenham recebido correções com calcário e o teor de boro estiver abaixo de
0,26 ppm, a suplementação desse elemento pode ser feita tanto no plantio, através de formulações
que já incluam B, como aos 20 dias após a emergência, misturando-se 10 kg de ácido bórico com o
adubo nitrogenado a ser utilizado em cobertura (UNGARO, 2000).
O objetivo deste estudo foi o de avaliar doses de boro na cultura de girassol em um
Latossolo Vermelho Amarelo alumínico.
Material e métodos
O experimento foi instalado em sistema de cultivo protegido na área da Fazenda Escola do
Campus Luiz Meneghel da Universidade Estadual do Norte do Parana/UENP, utilizando um
Latossolo Vermelho Amarelo alumínico (EMBRAPA, 2013), proveniente do município de Ribeirão
do Pinhal/PR, cuja análise química e granulométrica está apresentada na Tabela 1, sendo utilizada a
cultura do girassol.
Tabela 1 - Análise química e granulométrica do Latossolo Vermelho Amarelo alumínico.
Prof. pH
M.O. P mehlich
B
K
Ca Mg H+Al
SB
CTC V% m%
-3
-3
-3
-3
mg
dm
cm CaCl2 g dm
mg dm
---------------------cmolc dm --------------------0-20
4,1
22,8
13,8
0,30
0,56
1,90
0,90
Análise granulométrica g kg
11,28
3,36
14,64 23,0 24,7
-1
Areia
Silte
Argila
670
90
240
O delineamento experimental em blocos ao acaso com 5 doses de boro ( 0, 0,5, 1, 2 e 4 kg
-1
ha ), com 8 repetições, tendo como fonte o ácido bórico, foi conduzido em vasos com capacidade
para 5 litros, onde foram semeadas 5 sementes de girassol e após emergência das plantas foram
desbastadas deixando 2 plantas por vaso.
O solo foi calcareado na dose de 9 t ha-1, adicionado de gesso na dose de 1,5 t ha-1 e
incubado por 40 dias, recebendo periodicamente irrigação, para manter a umidade. Após esse
período o solo foi adubado para a semeadura do girassol com 10 kg de N ha-1, 50 kg de P2 O5 ha-1 e
20 kg de K2O ha-1, tendo com fontes a uréia, superfosfato simples e o cloreto de potássio,
respectivamente, segundo Boletim 100 de Raij et al. (1997), quando também foram aplicadas as
diferentes doses de boro, sendo misturadas ao solo nos 10 cm de profundidade. Aos 30 dias após
emergência foi realizada adubação de cobertura com 40 kg N ha-1.
Aos 45 dias após emergência da cultura foram separadas 4 repetições e avaliados: altura da
planta, diâmetro da haste, e número de folhas. (Figuras 1 A e B).
A
B
Figuras 1 A e B - Avaliação de altura e diâmetro de girassol aos 45 dias após emergência da cultura
Os dados foram submetidos à análise de variância, e as médias foram comparadas utilizando
o teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Os dados de altura (cm) média de plantas, diâmetro de caule (mm) e número de folhas de
girassol aos 45 dias após a emergência , quando foi submetido a diferentes doses de boro em solo
com alta saturação de alumínio estão apresentados na Tabela 2, onde se pode observar que não
houve diferenças estatísticas significativas nos parâmetros de planta, avaliados nas diferentes doses
de boro aplicadas, isso pode ser atribuído à época de amostragem, ou seja, no início de
desenvolvimento da cultura, pois a planta provavelmente ainda não tenha conseguido utilizar-se do
B pela dinâmica da redistribuição do B no girassol que é muito baixa ( Malavolta et al., 1997).
Espera-se que com o desenvolvimento reprodutivo da cultura possa se observar influencia das
diferentes doses, visto que Lima et al. (2013), aplicaram doses de B semelhantes a este experimento
e observaram que a dose de 4 kg ha-1 maximizou a massa média e a produtividade potencial de
aquênios e o potencial de produção de óleo e que em outro experimento Lima et al.(2010) avaliando
a altura da planta e o diâmetro do caule observaram que esses parâmetros foram maximizados com
a dose de 3 kg ha -1 de boro na cultura do girassol.
Tabela 2 - Altura (cm) média de plantas, diâmetro de caule (mm) e número de folhas de girassol
aos 45 dias após a emergência.
Tratamentos
(kg B ha-1)
0
0,5
1,0
2,0
4,0
CV (%)
DMS
F
Altura (cm)
49,94 a
55,31 a
55,63 a
61,14 a
57,19 a
11,99
15,10
1,45 ns
Diâmetro
(mm)
8,36 a
8,59 a
8,65 a
9,16 a
8,98 a
11,63
2,29
0,39 ns
Número de
folhas
14,12 a
13,75 a
13,25 a
13,75 a
13,12 a
8,68
2,66
0,22 ns
* Letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. ns= não significativo
Conclusões
O desenvolvimento inicial da cultura do girassol não foi influenciado pelas doses de boro aplicadas.
Referências
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