BORO APLICADO SIMULTANEAMENTE A DESSECAÇÃO NO CULTIVO DO GIRASSOL Samuel de Deus da Silva1*, Glaucia Machado Mesquita1, Leonardo Cardoso de Souza2, Tomaz do Carmo Correa2 RESUMO: O girassol é uma espécie que apresenta elevada adaptabilidade a diversas condições edafoclimáticas. Apresenta inúmeras finalidades, principalmente, seu óleo com boas características na alimentação humana, além de poder ser utilizada na produção de biodiesel e rotação de culturas. Esta espécie apresenta alta exigência em boro (B). O objetivo deste estudo foi de avaliar o efeito do crescimento e desenvolvimento do girassol em resposta a aplicação de B, de forma simultânea com o glyphosate na dessecação do capim braquiária (Brachiaria decumbens). O experimento foi instalado em nível de campo, em Latossolo Vermelho de textura média. O glyphosate foi aplicado simultaneamente com ácido bórico (H3BO3 – 17% de B) sobre a braquiária. A concentração de B nos tratamentos foram: T1 = 0%; T2 = 2%; T3 = 4%; T4 = 6% e T5 = 8%. Decorridos 84 dias após a semeadura, foram avaliados: o diâmetro do caule, altura das plantas, número de folhas por planta, área foliar, massa de matéria fresca da parte aérea e massa de capítulo. A aplicação simultânea do glyphosate com B (ácido bórico) na dessecação foi eficiente. Com adubação borratada, as plantas de girassol tiveram incrementos no diâmetro do caule, número de folhas e massa de capítulos. Palavras-chave: Helianthus annuus L., oleaginosa, biodiesel. BORO APPLIED SIMULTANEOUSLY A DESICCATION IN SUNFLOWER CULTIVATION ABSTRACT: Sunflower is a species that has a high adaptability to many edaphoclimatic conditions. Presents numerous purposes, primarily your oil with good features in human food, and can be used in biodiesel production and crop rotation. This specie has high requirement in boro (B). The objective of this study was to evaluate the effect of growth and development of sunflower in response to application B, in a simultaneous way with glyphosate desiccation of Brachiaria grass (Brachiaria decumbens). The experiment was installed on field level, in Oxisol of medium textured. The Glyphosate was applied simultaneously with boric acid (H3BO3 - 17% B) on Brachiaria. The concentration of B in the treatments were: T1 = 0%; T2 = 2%; T3 = 4%; T4 = 6% and T5 = 8%. After 84 days after planting were evaluated: stalk diameter, plant height, number of leaves per plant, leaf area, fresh weight of shoot and mass chapter. The simultaneous application of glyphosate with B (boric acid) was efficient in desiccation. With boron fertilization of sunflower plants showed increases in stem diameter, leaf number and mass of chapters. Keywords: Helianthus annuus L., oilseed, biodiesel. ________________________________________________________________________________________________________ 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins. Rodovia TO 040, Loteamento Rio Palmeira, lote 01. CEP: 77300-000. Dianópolis, TO – Brasil. E-mail: [email protected]. Autor para correspondência. Recebido em: 30/10/2012 Aprovado em: 03/12/2013 Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p.57-66, dez. 2013. S. D. Silva et al. INTRODUÇÃO A cultura do girassol (Helianthus annuus L.) apresenta grande adaptabilidade às condições edafoclimáticas, caracterizando-se pela tolerância a baixas temperaturas na fase inicial de desenvolvimento e pela relativa resistência à seca. Seu rendimento é pouco afetado pela latitude, altitude e fotoperíodo, o que facilita a expansão de seu cultivo no Brasil (SOUZA et al., 2004). Na Região Centro-Oeste o girassol tem sido semeado na safrinha (janeiro a março). Isso permite que a cultura se desenvolva com a umidade oriunda do período das chuvas e que a maturação ocorra em período seco e de temperaturas amenas, o que diminui a incidência de doenças (SOUZA et al., 2004). Além disso, nessas condições ambientais as sementes produzidas apresentam maior teor de óleo. O cultivo do girassol na safrinha racionaliza o uso de máquinas, equipamentos e mão de obra (DALL’AGNOL; CASTIGLIONI; TOLEDO, 1994). O girassol pode ser utilizado em diversas finalidades como: flor ornamental, girassol de confeiteiro em substituição as amêndoas em geral, grãos in natura e farelo (ração) para alimentação de aves, suínos e bovinos, forragem e silagem. Também pode ser consumido na alimentação humana in natura, tostado, salgado e envasado (GAZZOLA et al., 2012). Além disso, pode ser utilizado na rotação e/ou sucessão de culturas no segundo cultivo e na ciclagem de nutrientes. Além destas finalidades, a partir das sementes pode-se produzir óleo comestível de alta qualidade nutricional e o biodiesel que é uma fonte de energia renovável. Não apenas o girassol, mas também outras oleaginosas poderão ter grande demanda na produção biodiesel, o que é justificado por Queiroz (2006), onde presume que, com o Programa Nacional de 58 Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), criado pela lei 11.097/2005, determina que a partir de 2013 será obrigatória a adição de 5% de biodiesel ao óleo diesel consumido no Brasil. Para isso serão necessários cerca de 2,5 bilhões de litros de biodiesel ao ano. Quanto aos aspectos nutricionais, a cultura do girassol é considerada exigente em boro (B) e mostra pouca eficiência no aproveitamento deste nutriente. O B é um micronutriente essencial ao crescimento e desenvolvimento das plantas. Seus teores são baixos em solos brasileiros (BRIGHENTI et al., 2006). Na sua ausência, ocorre redução na síntese de pectina, celulose e lignina na parede das células do lenho, tornando-as mais finas (EPSTEIN & BLOOM, 2005). Também pode ocorrer inibição da elongação das raízes, em razão de distúrbios que ocorrem na divisão celular e na elongação das células (MARSCHNER, 1995). Esses fenômenos bioquímicos e fisiológicos se traduzem, em campo, na possibilidade de quebra das plantas e redução da produtividade (CASTRO, 1999; CASTRO & OLIVEIRA, 2005). Com frequência, apresenta, nas principais regiões produtoras de grãos do país, sintomas de deficiência, embora o desenvolvimento e a produção das culturas que o antecedem, como soja e milho, não sejam seriamente afetados (CASTRO, 1999). E segundo Souza et al. (2004), no Brasil, a deficiência de boro ocorre com maior frequência nos solos de cerrados. Malavolta et al. (1988), citam que os solos brasileiros são pobres em micronutrientes, principalmente B, Cu e Zn, e estimam que aproximadamente 100 milhões de hectares dos cerrados apresentam essa deficiência. Calle Manzano (1985) cita perdas entre 15% e 40% ocasionadas pela deficiência de B, por outro lado, Blamey & Chapman (1982) verificaram que a adubação com esse elemento proporcionou aumento da produção de sementes das cultivares SO 320 Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p.57-66, dez. 2013. Boro aplicado simultaneamente... e PRN 40-S, em 49% e 113%, respectivamente. Castro et al. (1996) recomendam a aplicação de 1,0 a 2,0 kg ha-1 de boro para prevenção da deficiência, juntamente com a adubação de semeadura ou com a adubação em cobertura, principalmente nas áreas onde já foram detectadas a deficiência deste nutriente. Entretanto, o presente estudo pretende avaliar a aplicação de boro em aplicação simultânea sobre a palhada com o dessecante glyphosate. A tecnologia de dessecação baseia-se no controle de espécies daninhas buscando antecipar a colheita tendo como objetivos redução nas perdas da colheita, redução de impurezas, proporcionando grãos mais limpos e melhor qualidade dos grãos colhidos (VIDAL & FLECK, 1992). A aplicação conjunta de micronutriente e dessecante na mesma solução pode reduzir custos operacionais. Estudos neste sentido na cultura do girassol são escassos na literatura. Diante do exposto, o objetivo do estudo foi de avaliar o efeito Tabela 1. Características químicas e físicas do solo Propriedades pH (CaCl2) Ca (cmolc dm-3) Mg (cmolc dm-3) Al3+ (cmolc dm-3) H+Al (cmolc dm-3) P (mg dm-3) K (mg dm-3) B (mg dm-3) Cu (mg dm-3) Fe (mg dm-3) Mn (mg dm-3) Zn (mg dm-3) M.O. (g kg-1) Areia (g kg-1) Silte (g kg-1) Argila (g kg-1) 59 do crescimento e desenvolvimento do girassol em resposta a aplicação de B, de forma simultânea com o glyphosate na dessecação da braquiária (Brachiaria decumbens). MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado no dia 15 de fevereiro de 2010 no campo experimental da FAFICH (Faculdades de Filosofia e Ciências Humanas de Goiatuba GO), localizado a 22°01”00” S de latitude sul, e 44°33”22” W de longitude oeste. O clima da região é tropical com estação seca, e apresenta classificação climática segudo Köppen-Geiger como Aw. A temperatura média anual da região é de 30 ºC. O solo da região foi classificado como Latossolo Vermelho de textura média (EMBRAPA, 2006), e apresenta relevo suave. Na Tabela 1 estão representados os valores da análise química e física do solo à profundidade de 0-20 cm. Valores 4,7 0,8 0,5 0,1 3,6 2,7 19,9 0,3 0,3 48 1,8 0,7 16,6 730 110 160 Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p. 57-66, dez. 2013. S. D. Silva et al. A área total do experimento foi de 162 m², sendo 18 m de comprimento e 9 m de largura. As parcelas experimentais tiveram dimensões de 1,80 m largura x 2,0 m comprimento, cada uma com 3 linhas e 5 plantas, ou seja, 15 plantas por parcela. A área útil utilizada nas avaliações foi de 1,68 m2. O estudo consistiu de 5 doses de B (ácido bórico) x 4 repetições, totalizando 20 parcelas experimentais. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados. As doses de ácido bórico (H3BO3 p.a. – 17% de B) e tratamentos foram definidos da seguinte forma: T1 = 0% de B (sem boro); T2 = 2% de B (117,64 g de ácido bórico – AB); T3 = 4% de B (235,28 g AB); T4 = 6% de B (352,92 g AB) e T5 = 8% de B (470,56 g AB). Considerando à área das parcelas experimentais, e extrapolando estes valores para kg ha-1 de B, tem-se os valores estimados no tratamento T1 = sem B (testemunha), T2 = 5,5 kg ha-1 de B, T3 = 11 kg ha-1 de B, T4 = 16 kg ha-1 de B e T5 = 22 kg ha-1 de B. A dessecação foi realizada nas plantas de capim braquiária (Brachiaria decumbens) e como dessecante foi aplicado o glyphosate (N-Fosfonometil). A quantidade de glyphosate usada na aplicação foi de 300 mL em 20L de água. O volume de calda aplicado correspondeu a 200 L ha-1 com dose de 3,0 L ha-1 de glyphosate. A aplicação da calda foi realizada manualmente, com uso de um pulverizador costal de pistão, com capacidade de 20L e bico com ponta tipo leque. A aplicação ocorreu de forma simultânea do glyphosate e ácido bórico sob doses crescentes, como já citadas anteriormente nos tratamentos. A recomendação da adubação foi baseada na quinta aproximação para o estado de Goiás para cultura do girassol. Utilizou-se como fontes minerais de N, P2O5 e K2O, a uréia (45% N), o superfosfato triplo (42% P2O5) e cloreto de potássio (58% K2O) 60 respectivamente. Além disso, foi aplicado de forma mecanizada 1,0 ton ha-1 de calcário dolomítico PRNT 85%. A semeadura foi realizada aos 14 DAD (dias após a dessecação), de forma manual em covas espaçadas 0,70 x 0,30 m a 3,0 cm de profundidade. Foram colocadas 5 sementes por cova, deixando-se apenas uma após o desbaste realizado 15 DAS (dias após a semeadura). A cultivar semeada foi a Agrobel 920. Estas sementes já comercializadas após tratamento com Metalaxil, Captan e Pirimifos – Metil. A dessecação foi satisfatória para o controle da braquiária, não havendo a necessidade de novas aplicações de glyphosate ou outro tipo de controle das plantas daninhas. Também, toda a necessidade hídrica das plantas foi atendida pela precipitação pluvial ocorrida no período. Realizou-se avaliação das plantas aos 84 DAS apenas nas plantas centrais. As variáveis analisadas foram: diâmetro do caule, altura das plantas, número de folhas por planta, índice de área foliar, massa fresca da parte aérea e peso de capítulo. Para obtenção dos valores destas variáveis, utilizou-se fita métrica para medir a altura das plantas, que foi colocada rente ao solo e paralela ao caule até a maior extremidade da planta. Foi usada uma régua graduada para medir o comprimento da nervura principal da sexta folha no sentido ápice-base, e, posteriormente aplicou-se esses valores na equação AF = 0,1328 C2,5569, onde: C é o comprimento da nervura principal, obtendo-se assim, a estimativa da área foliar das plantas (MALDANER et al., 2009). A massa de matéria fresca da parte aérea foi determinada por pesagem em balança digital com precisão de duas casas decimais. E o diâmetro do caule foi mensurado utilizando paquímetro graduado de acrílico, a partir do solo até 20 cm do caule sentido base-ápice. Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p.57-66, dez. 2013. Boro aplicado simultaneamente... Na análise dos dados, realizou-se análise de variância e análise de regressão, considerando o modelo de mais se ajustou para representar o comportamento dos dados. Para realizar estas análises, utilizouse o programa estatístico SISVAR v. 9.1. (FERREIRA, 2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados da análise de variância evidenciam diferenças em relação às doses crescentes de B aplicadas junto à dessecação (Tabela 1). Estas diferenças são apontadas para massa de matéria seca da parte aérea, diâmetro e altura das plantas. Entretanto, apesar das diferenças identificadas pelo teste F, na análise de regressão não se observa significância para todos os parâmetros da equação para a variável massa de matéria seca da parte aérea (Figura 1A). Estes resultados corroboram com os verificados por Brighenti et al. (2006), testando duas doses de glyphosate mais ácido bórico em plantas de girassol. Entretanto, Marchetti et al. (2001) na comparação entre níveis e doses de B, observaram aumento significativo na massa de matéria seca da parte aérea na dose de 2,0 kg ha-1 de B. Todavia, estes autores verificaram redução desta variável nas doses de 4,0 e 8,0 kg ha-1 de B. O B também é apontado como nutriente limitante a produção, já que os níveis e quantidades ótimas desse elemento são relativamente mais altos do que para outras espécies (GAZZOLA et al., 2012). 61 No que tange ao diâmetro caulinar das plantas de girassol, houve incremento linear significativo com aumento das doses de B, aplicado no momento da dessecação do capim braquiária (Figura 1C). Brighenti et al. (2006), não observou aumento do crescimento em diâmetro na aplicação de dois níveis de B simultâneo ao glyphosate. Leite et al. (2005), afirma que o diâmetro do caule das plantas de girassol varia entre 10 e 80 mm, o que é verificado neste estudo. O caule é o componente que mais influencia no comportamento da curva de acúmulo de matéria seca. No entanto, são as folhas que mais contribuem para a redistribuição de assimilados para a produção de aquênios (GAZZOLA et al., 2012). Em relação à altura das plantas de girassol, o efeito das doses crescentes de B, aplicado com glyphosate no momento da dessecação, se ajustaram de forma quadrática ao diâmetro do caule. De acordo com a equação Ŷ = -0,4036B2 + 3,4786B + 95,771, a dose de máxima eficiência de B, equivale à aplicação de 4,3% de B. Porém, em estudo realizado por Marchetti et al. (2001), não apontam diferenças significativas na altura das plantas independente da fonte de B testada (ácido bórico ou bórax). Apesar de significativo pela análise de variância e regressão, não houve crescimento do girassol de forma proporcional ao aumento nos níveis de B aplicados no solo junto com o dessecante. Destaca-se ainda, o maior crescimento das plantas no tratamento com 2% de B. Tabela 1. Quadrados médios da análise de variância para massa fresca da parte aérea (Mfpa), diâmetro e altura das plantas de girassol, em resposta a aplicação de doses crescentes de boro (B) na dessecação Fonte de variação Doses de B Bloco Resíduo CV (%) Gl 4 4 16 Mfpa 0,0689* 0,0466ns 0,0228 26,04 Diâmetro 0,2036* 0,0930ns 0,0493 12,83 Altura 235,30** 57,10ns 32,52 5,70 ns, * e ** = não significativo e significativo a 5, 1% de probabilidade pelo teste F respectivamente. Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p. 57-66, dez. 2013. S. D. Silva et al. 0,8 Diâmetro do caule, cm 2,5 MFPA, g 0,6 0,4 Ŷ = 0,028x + 0,47 R² = 0,56ns 0,2 Ŷ = 0,034x + 1,588 R² = 0,30* 2 1,5 1 0,5 0 0 (A) 62 0 2 4 6 Doses de ácido bórico, % 8 (B) 0 2 4 6 Doses de ácido bórico, % 8 120 Altura, cm 100 80 60 Ŷ = - 0,4036x2 + 3,4786x + 95,771 R² = 0,21* 40 Dmáx. = 4,3% 20 0 (C) 0 2 4 6 Doses de ácido bórico, % 8 Figura 1. Massa fresca da parte aérea – MFPA (A), diâmetro do caule (B) e altura das plantas de girassol (C), em resposta a aplicação de doses crescentes de boro junto à dessecação. * e ns: significativo a 5% de probabilidade pelo teste F e não significativo respectivamente. Dmáx. = dose de máxima eficiência agronômica. Não foi verificada diferença significativa pelo teste F com aumento nos níveis de B, no que tange ao número de folhas, massa de capítulo e área foliar do girassol (Tabela 2). Na análise de regressão verifica-se efeito linear significativo para o número de folhas e massa de capítulo (Figuras 2D e 2E) respectivamente. O aumento no número de folhas das plantas de girassol em função do aumento nos níveis de B, é uma característica favorável na produção, pois este aumento está ligado a maior produção de fotoassimilados e na relação fonte/dreno. Portanto, quanto maior o número de folhas produzidos, maior translocação destes produtos para as partes colhidas do girassol. Além disso, dependendo da finalidade de uso do girassol, por exemplo, uso como planta de cobertura, é importante o acúmulo de biomassa, como evidenciado no presente estudo com incremento na massa de capítulos em função do aumento das doses de B. O aumento nas doses de B aplicadas junto ao glyphosate no momento da dessecação, não apresentaram efeito significativo em relação à área foliar do girassol (Figura 2F). Apesar destes efeitos, Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p.57-66, dez. 2013. Boro aplicado simultaneamente... observa-se uma tendência de superioridade na média do tratamento com 2% de B em relação aos demais. O ganho em área foliar das plantas, via de regra, apresenta relação direta com a produção das plantas, pois tem haver com a maior capacidade de capitação luminosa, maximizando assim, a capacidade fotossintética das plantas. Segundo Gazzola et al. (2012), afirmam que normalmente, plantas de girassol possuem de 20 a 35 folhas. No presente estudo, verifica-se que em todos os tratamentos testados, observa-se que estes 63 valores médios de folhas são observados, tanto na testemunha onde a média é de 20 folhas, e na maior dose 8% de B por volta de 22 folhas. O incremento no número de folhas do girassol é importante na produção do girassol por se tratar de fontes de fotoassimilados que irão ser translocados para as partes reprodutivas da planta. Com o maior acúmulo de produtos da fotossíntese nas partes reprodutivas do girassol poderá apresentar maior resposta em produtividade de grãos. Tabela 2. Quadrados médios da análise de variância para o número de folhas, a massa de capítulo e área foliar das plantas de girassol, em resposta a aplicação de doses crescentes de boro (B) na dessecação Fonte de variação GL No de folhas Massa de capítulo Área foliar ns ns Doses de B 4 4,14 0,0186 14372,37ns Bloco 4 5,04* 0,0156ns 6947,52ns Resíduo 16 25,84 0,0086 7100,53 CV (%) 5,98 31,93 34,42 ns, * e ** = não significativo e significativo a 5, 1% de probabilidade pelo teste F respectivamente. A importância do fornecimento de B na cultura do girassol é refletida na produção. Segundo Marchetti et al. (2001), o girassol é uma planta muito responsiva à aplicação de boro e, frequentemente, produz menos que 800 kg de sementes por hectare, podendo atingir de 2.000 a 3.000 kg ha-1 de sementes com a adição desse nutriente. Brito Neto et al. (2011), também destacam a resposta desse elemento, afirmando que às culturas têm proporcionado aumentos em suas produtividades em decorrência do fornecimento de B. Apesar de não avaliado no presente estudo através de uma variável específica, o glyphosate se mostrou eficiente na dessecação da braquiária na área do cultivo do girassol. Estas observações foram também verificadas por Castro et al. (2006), todavia, no controle de plantas daninhas, sendo o controle superior a 90% aos 35 dias após a aplicação do herbicida. Ao adicionar o glyphosate à água, ocorreu redução do pH da calda, que passou de 6,7 para 4,7, em média. Essa diminuição foi ainda mais acentuada ao se adicionar B à fonte ácido bórico (pH ~ 4,4) (Castro et al., 2006). Entretanto, Brighenti et al. (2004) observaram que, ao se adicionarem outras fontes de B, como os poliboratos (Solubor, Inkabor ou Bórax), à calda com glyphosate, ocorre elevação do pH, reduzindo a eficácia desse herbicida no controle das plantas daninhas, principalmente nas avaliações iniciais de controle. Portanto, a aplicação simultânea do glyphosate com B não prejudica a eficiência do herbicida, além de promover o aporte de B no sistema soloplanta. Neste contexto, poderá reduzir o Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p. 57-66, dez. 2013. S. D. Silva et al. custo operacional, ou seja, por realizar a dessecação e fertilização em uma única 64 operação. 0,4 Peso de capítulo, g N o folhas planta-1 23 Ŷ = 0,28x + 20,12 R² = 0,94** 22 21 20 0,2 Ŷ = 0,017x + 0,2228 R² = 0,76* 0,1 0 (E) 19 (D) 0,3 0 2 4 6 0 2 4 6 8 Doses de ácido bórico, % 8 Doses de ácido bórico, % Área foliar, cm2 400 300 200 Ŷ = 5,8965x + 221,19 R² = 0,12ns 100 0 (F) 0 2 4 6 Doses de ácido bórico, % 8 Figura 2. Número de folhas por planta (D), peso de capítulos - massa (E) e área foliar (F) de plantas de girassol, em resposta a aplicação de doses crescentes de boro junto à dessecação. **; * e ns: significativo a 1%; 5% de probabilidade pelo teste F e não significativo respectivamente. CONCLUSÕES A adubação com B utilizando como fonte o ácido bórico no momento da dessecação com glyphosate, é eficiente na nutrição mineral do girassol. Com aumento das doses de B aplicadas, as plantas de girassol promoveram ganhos em relação ao diâmetro do caule, número de folhas e massa de capítulos. REFERÊNCIAS BRITO NETO, J. F.; PEREIRA, W. E.; CAVALCANTI, L. F.; ARAÚJO, R. C.; LACERDA, J. S. Produtividade e qualidade de frutos de mamoeiro ‘sunrise solo’ em função de doses de nitrogênio e boro. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v.32, n.1, p.69-80, jan./mar. 2011. BRIGHENTI, A. M.; CASTRO, C.; MENEZES, C.C.; OLIVEIRA, F. A.; FERNANDES, P. B. 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