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BORO APLICADO SIMULTANEAMENTE A DESSECAÇÃO NO CULTIVO DO
GIRASSOL
Samuel de Deus da Silva1*, Glaucia Machado Mesquita1, Leonardo Cardoso de Souza2, Tomaz
do Carmo Correa2
RESUMO: O girassol é uma espécie que apresenta elevada adaptabilidade a diversas condições
edafoclimáticas. Apresenta inúmeras finalidades, principalmente, seu óleo com boas
características na alimentação humana, além de poder ser utilizada na produção de biodiesel e
rotação de culturas. Esta espécie apresenta alta exigência em boro (B). O objetivo deste estudo foi
de avaliar o efeito do crescimento e desenvolvimento do girassol em resposta a aplicação de B, de
forma simultânea com o glyphosate na dessecação do capim braquiária (Brachiaria decumbens).
O experimento foi instalado em nível de campo, em Latossolo Vermelho de textura média. O
glyphosate foi aplicado simultaneamente com ácido bórico (H3BO3 – 17% de B) sobre a
braquiária. A concentração de B nos tratamentos foram: T1 = 0%; T2 = 2%; T3 = 4%; T4 = 6% e
T5 = 8%. Decorridos 84 dias após a semeadura, foram avaliados: o diâmetro do caule, altura das
plantas, número de folhas por planta, área foliar, massa de matéria fresca da parte aérea e massa
de capítulo. A aplicação simultânea do glyphosate com B (ácido bórico) na dessecação foi
eficiente. Com adubação borratada, as plantas de girassol tiveram incrementos no diâmetro do
caule, número de folhas e massa de capítulos.
Palavras-chave: Helianthus annuus L., oleaginosa, biodiesel.
BORO APPLIED SIMULTANEOUSLY A DESICCATION IN SUNFLOWER
CULTIVATION
ABSTRACT: Sunflower is a species that has a high adaptability to many edaphoclimatic
conditions. Presents numerous purposes, primarily your oil with good features in human food,
and can be used in biodiesel production and crop rotation. This specie has high requirement in
boro (B). The objective of this study was to evaluate the effect of growth and development of
sunflower in response to application B, in a simultaneous way with glyphosate desiccation of
Brachiaria grass (Brachiaria decumbens). The experiment was installed on field level, in Oxisol
of medium textured. The Glyphosate was applied simultaneously with boric acid (H3BO3 - 17%
B) on Brachiaria. The concentration of B in the treatments were: T1 = 0%; T2 = 2%; T3 = 4%;
T4 = 6% and T5 = 8%. After 84 days after planting were evaluated: stalk diameter, plant height,
number of leaves per plant, leaf area, fresh weight of shoot and mass chapter. The simultaneous
application of glyphosate with B (boric acid) was efficient in desiccation. With boron fertilization
of sunflower plants showed increases in stem diameter, leaf number and mass of chapters.
Keywords: Helianthus annuus L., oilseed, biodiesel.
________________________________________________________________________________________________________
1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins. Rodovia TO 040, Loteamento Rio Palmeira, lote
01. CEP: 77300-000. Dianópolis, TO – Brasil. E-mail: [email protected]. Autor para correspondência.
Recebido em: 30/10/2012
Aprovado em: 03/12/2013
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p.57-66, dez. 2013.
S. D. Silva et al.
INTRODUÇÃO
A cultura do girassol (Helianthus
annuus L.) apresenta grande adaptabilidade
às
condições
edafoclimáticas,
caracterizando-se pela tolerância a baixas
temperaturas
na
fase
inicial
de
desenvolvimento e pela relativa resistência à
seca. Seu rendimento é pouco afetado pela
latitude, altitude e fotoperíodo, o que facilita
a expansão de seu cultivo no Brasil (SOUZA
et al., 2004).
Na Região Centro-Oeste o girassol
tem sido semeado na safrinha (janeiro a
março). Isso permite que a cultura se
desenvolva com a umidade oriunda do
período das chuvas e que a maturação ocorra
em período seco e de temperaturas amenas,
o que diminui a incidência de doenças
(SOUZA et al., 2004). Além disso, nessas
condições
ambientais
as
sementes
produzidas apresentam maior teor de óleo. O
cultivo do girassol na safrinha racionaliza o
uso de máquinas, equipamentos e mão de
obra (DALL’AGNOL; CASTIGLIONI;
TOLEDO, 1994).
O girassol pode ser utilizado em
diversas finalidades como: flor ornamental,
girassol de confeiteiro em substituição as
amêndoas em geral, grãos in natura e farelo
(ração) para alimentação de aves, suínos e
bovinos, forragem e silagem. Também pode
ser consumido na alimentação humana in
natura, tostado, salgado e envasado
(GAZZOLA et al., 2012). Além disso, pode
ser utilizado na rotação e/ou sucessão de
culturas no segundo cultivo e na ciclagem de
nutrientes. Além destas finalidades, a partir
das sementes pode-se produzir óleo
comestível de alta qualidade nutricional e o
biodiesel que é uma fonte de energia
renovável. Não apenas o girassol, mas
também outras oleaginosas poderão ter
grande demanda na produção biodiesel, o
que é justificado por Queiroz (2006), onde
presume que, com o Programa Nacional de
58
Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), criado
pela lei 11.097/2005, determina que a partir
de 2013 será obrigatória a adição de 5% de
biodiesel ao óleo diesel consumido no
Brasil. Para isso serão necessários cerca de
2,5 bilhões de litros de biodiesel ao ano.
Quanto aos aspectos nutricionais, a
cultura do girassol é considerada exigente
em boro (B) e mostra pouca eficiência no
aproveitamento deste nutriente. O B é um
micronutriente essencial ao crescimento e
desenvolvimento das plantas. Seus teores
são
baixos
em
solos
brasileiros
(BRIGHENTI et al., 2006). Na sua ausência,
ocorre redução na síntese de pectina,
celulose e lignina na parede das células do
lenho, tornando-as mais finas (EPSTEIN &
BLOOM, 2005). Também pode ocorrer
inibição da elongação das raízes, em razão
de distúrbios que ocorrem na divisão celular
e na elongação das células (MARSCHNER,
1995). Esses fenômenos bioquímicos e
fisiológicos se traduzem, em campo, na
possibilidade de quebra das plantas e
redução da produtividade (CASTRO, 1999;
CASTRO & OLIVEIRA, 2005).
Com frequência, apresenta, nas
principais regiões produtoras de grãos do
país, sintomas de deficiência, embora o
desenvolvimento e a produção das culturas
que o antecedem, como soja e milho, não
sejam seriamente afetados (CASTRO,
1999). E segundo Souza et al. (2004), no
Brasil, a deficiência de boro ocorre com
maior frequência nos solos de cerrados.
Malavolta et al. (1988), citam que os solos
brasileiros são pobres em micronutrientes,
principalmente B, Cu e Zn, e estimam que
aproximadamente 100 milhões de hectares
dos cerrados apresentam essa deficiência.
Calle Manzano (1985) cita perdas
entre 15% e 40% ocasionadas pela
deficiência de B, por outro lado, Blamey &
Chapman (1982) verificaram que a adubação
com esse elemento proporcionou aumento da
produção de sementes das cultivares SO 320
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p.57-66, dez. 2013.
Boro aplicado simultaneamente...
e PRN 40-S, em 49% e 113%,
respectivamente. Castro et al. (1996)
recomendam a aplicação de 1,0 a 2,0 kg ha-1
de boro para prevenção da deficiência,
juntamente com a adubação de semeadura
ou com a adubação em cobertura,
principalmente nas áreas onde já foram
detectadas a deficiência deste nutriente.
Entretanto, o presente estudo pretende
avaliar a aplicação de boro em aplicação
simultânea sobre a palhada com o dessecante
glyphosate. A tecnologia de dessecação
baseia-se no controle de espécies daninhas
buscando antecipar a colheita tendo como
objetivos redução nas perdas da colheita,
redução de impurezas, proporcionando grãos
mais limpos e melhor qualidade dos grãos
colhidos (VIDAL & FLECK, 1992).
A
aplicação
conjunta
de
micronutriente e dessecante na mesma
solução pode reduzir custos operacionais.
Estudos neste sentido na cultura do girassol
são escassos na literatura. Diante do exposto,
o objetivo do estudo foi de avaliar o efeito
Tabela 1. Características químicas e físicas do solo
Propriedades
pH (CaCl2)
Ca (cmolc dm-3)
Mg (cmolc dm-3)
Al3+ (cmolc dm-3)
H+Al (cmolc dm-3)
P (mg dm-3)
K (mg dm-3)
B (mg dm-3)
Cu (mg dm-3)
Fe (mg dm-3)
Mn (mg dm-3)
Zn (mg dm-3)
M.O. (g kg-1)
Areia (g kg-1)
Silte (g kg-1)
Argila (g kg-1)
59
do crescimento e desenvolvimento do
girassol em resposta a aplicação de B, de
forma simultânea com o glyphosate na
dessecação da braquiária (Brachiaria
decumbens).
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no dia
15 de fevereiro de 2010 no campo
experimental da FAFICH (Faculdades de
Filosofia e Ciências Humanas de Goiatuba GO), localizado a 22°01”00” S de latitude
sul, e 44°33”22” W de longitude oeste. O
clima da região é tropical com estação seca,
e apresenta classificação climática segudo
Köppen-Geiger como Aw. A temperatura
média anual da região é de 30 ºC.
O solo da região foi classificado
como Latossolo Vermelho de textura média
(EMBRAPA, 2006), e apresenta relevo
suave. Na Tabela 1 estão representados os
valores da análise química e física do solo à
profundidade de 0-20 cm.
Valores
4,7
0,8
0,5
0,1
3,6
2,7
19,9
0,3
0,3
48
1,8
0,7
16,6
730
110
160
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S. D. Silva et al.
A área total do experimento foi de
162 m², sendo 18 m de comprimento e 9 m
de largura. As parcelas experimentais
tiveram dimensões de 1,80 m largura x 2,0
m comprimento, cada uma com 3 linhas e 5
plantas, ou seja, 15 plantas por parcela. A
área útil utilizada nas avaliações foi de 1,68
m2. O estudo consistiu de 5 doses de B
(ácido bórico) x 4 repetições, totalizando 20
parcelas experimentais. O delineamento
experimental adotado foi o de blocos
casualizados.
As doses de ácido bórico (H3BO3 p.a.
– 17% de B) e tratamentos foram definidos
da seguinte forma: T1 = 0% de B (sem
boro); T2 = 2% de B (117,64 g de ácido
bórico – AB); T3 = 4% de B (235,28 g AB);
T4 = 6% de B (352,92 g AB) e T5 = 8% de
B (470,56 g AB). Considerando à área das
parcelas experimentais, e extrapolando estes
valores para kg ha-1 de B, tem-se os valores
estimados no tratamento T1 = sem B
(testemunha), T2 = 5,5 kg ha-1 de B, T3 = 11
kg ha-1 de B, T4 = 16 kg ha-1 de B e T5 = 22
kg ha-1 de B.
A dessecação foi realizada nas
plantas de capim braquiária (Brachiaria
decumbens) e como dessecante foi aplicado
o
glyphosate
(N-Fosfonometil).
A
quantidade de glyphosate usada na aplicação
foi de 300 mL em 20L de água. O volume de
calda aplicado correspondeu a 200 L ha-1
com dose de 3,0 L ha-1 de glyphosate. A
aplicação
da
calda
foi
realizada
manualmente, com uso de um pulverizador
costal de pistão, com capacidade de 20L e
bico com ponta tipo leque. A aplicação
ocorreu de forma simultânea do glyphosate e
ácido bórico sob doses crescentes, como já
citadas anteriormente nos tratamentos.
A recomendação da adubação foi
baseada na quinta aproximação para o estado
de Goiás para cultura do girassol. Utilizou-se
como fontes minerais de N, P2O5 e K2O, a
uréia (45% N), o superfosfato triplo (42%
P2O5) e cloreto de potássio (58% K2O)
60
respectivamente. Além disso, foi aplicado de
forma mecanizada 1,0 ton ha-1 de calcário
dolomítico PRNT 85%.
A semeadura foi realizada aos 14
DAD (dias após a dessecação), de forma
manual em covas espaçadas 0,70 x 0,30 m a
3,0 cm de profundidade. Foram colocadas 5
sementes por cova, deixando-se apenas uma
após o desbaste realizado 15 DAS (dias após
a semeadura). A cultivar semeada foi a
Agrobel
920.
Estas
sementes
já
comercializadas após tratamento com
Metalaxil, Captan e Pirimifos – Metil.
A dessecação foi satisfatória para o
controle da braquiária, não havendo a
necessidade de novas aplicações de
glyphosate ou outro tipo de controle das
plantas daninhas. Também, toda a
necessidade hídrica das plantas foi atendida
pela precipitação pluvial ocorrida no
período.
Realizou-se avaliação das plantas aos
84 DAS apenas nas plantas centrais. As
variáveis analisadas foram: diâmetro do
caule, altura das plantas, número de folhas
por planta, índice de área foliar, massa fresca
da parte aérea e peso de capítulo.
Para obtenção dos valores destas
variáveis, utilizou-se fita métrica para medir
a altura das plantas, que foi colocada rente
ao solo e paralela ao caule até a maior
extremidade da planta. Foi usada uma régua
graduada para medir o comprimento da
nervura principal da sexta folha no sentido
ápice-base, e, posteriormente aplicou-se
esses valores na equação AF = 0,1328
C2,5569, onde: C é o comprimento da nervura
principal, obtendo-se assim, a estimativa da
área foliar das plantas (MALDANER et al.,
2009). A massa de matéria fresca da parte
aérea foi determinada por pesagem em
balança digital com precisão de duas casas
decimais. E o diâmetro do caule foi
mensurado utilizando paquímetro graduado
de acrílico, a partir do solo até 20 cm do
caule sentido base-ápice.
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p.57-66, dez. 2013.
Boro aplicado simultaneamente...
Na análise dos dados, realizou-se
análise de variância e análise de regressão,
considerando o modelo de mais se ajustou
para representar o comportamento dos
dados. Para realizar estas análises, utilizouse o programa estatístico SISVAR v. 9.1.
(FERREIRA, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da análise de variância
evidenciam diferenças em relação às doses
crescentes de B aplicadas junto à dessecação
(Tabela 1). Estas diferenças são apontadas
para massa de matéria seca da parte aérea,
diâmetro e altura das plantas. Entretanto,
apesar das diferenças identificadas pelo teste
F, na análise de regressão não se observa
significância para todos os parâmetros da
equação para a variável massa de matéria
seca da parte aérea (Figura 1A). Estes
resultados corroboram com os verificados
por Brighenti et al. (2006), testando duas
doses de glyphosate mais ácido bórico em
plantas de girassol. Entretanto, Marchetti et
al. (2001) na comparação entre níveis e
doses de B, observaram aumento
significativo na massa de matéria seca da
parte aérea na dose de 2,0 kg ha-1 de B.
Todavia, estes autores verificaram redução
desta variável nas doses de 4,0 e 8,0 kg ha-1
de B. O B também é apontado como
nutriente limitante a produção, já que os
níveis e quantidades ótimas desse elemento
são relativamente mais altos do que para
outras espécies (GAZZOLA et al., 2012).
61
No que tange ao diâmetro caulinar das
plantas de girassol, houve incremento linear
significativo com aumento das doses de B,
aplicado no momento da dessecação do
capim braquiária (Figura 1C). Brighenti et
al. (2006), não observou aumento do
crescimento em diâmetro na aplicação de
dois níveis de B simultâneo ao glyphosate.
Leite et al. (2005), afirma que o diâmetro do
caule das plantas de girassol varia entre 10 e
80 mm, o que é verificado neste estudo. O
caule é o componente que mais influencia no
comportamento da curva de acúmulo de
matéria seca. No entanto, são as folhas que
mais contribuem para a redistribuição de
assimilados para a produção de aquênios
(GAZZOLA et al., 2012).
Em relação à altura das plantas de
girassol, o efeito das doses crescentes de B,
aplicado com glyphosate no momento da
dessecação, se ajustaram de forma
quadrática ao diâmetro do caule. De acordo
com a equação Ŷ = -0,4036B2 + 3,4786B +
95,771, a dose de máxima eficiência de B,
equivale à aplicação de 4,3% de B. Porém,
em estudo realizado por Marchetti et al.
(2001),
não
apontam
diferenças
significativas na altura das plantas
independente da fonte de B testada (ácido
bórico ou bórax). Apesar de significativo
pela análise de variância e regressão, não
houve crescimento do girassol de forma
proporcional ao aumento nos níveis de B
aplicados no solo junto com o dessecante.
Destaca-se ainda, o maior crescimento das
plantas no tratamento com 2% de B.
Tabela 1. Quadrados médios da análise de variância para massa fresca da parte aérea (Mfpa),
diâmetro e altura das plantas de girassol, em resposta a aplicação de doses crescentes de boro (B)
na dessecação
Fonte de variação
Doses de B
Bloco
Resíduo
CV (%)
Gl
4
4
16
Mfpa
0,0689*
0,0466ns
0,0228
26,04
Diâmetro
0,2036*
0,0930ns
0,0493
12,83
Altura
235,30**
57,10ns
32,52
5,70
ns, * e ** = não significativo e significativo a 5, 1% de probabilidade pelo teste F respectivamente.
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p. 57-66, dez. 2013.
S. D. Silva et al.
0,8
Diâmetro do caule, cm
2,5
MFPA, g
0,6
0,4
Ŷ = 0,028x + 0,47 R² = 0,56ns
0,2
Ŷ = 0,034x + 1,588 R² = 0,30*
2
1,5
1
0,5
0
0
(A)
62
0
2
4
6
Doses de ácido bórico, %
8
(B)
0
2
4
6
Doses de ácido bórico, %
8
120
Altura, cm
100
80
60
Ŷ = - 0,4036x2 + 3,4786x + 95,771 R² = 0,21*
40
Dmáx. = 4,3%
20
0
(C)
0
2
4
6
Doses de ácido bórico, %
8
Figura 1. Massa fresca da parte aérea – MFPA (A), diâmetro do caule (B) e altura das plantas de
girassol (C), em resposta a aplicação de doses crescentes de boro junto à dessecação.
* e ns: significativo a 5% de probabilidade pelo teste F e não significativo respectivamente.
Dmáx. = dose de máxima eficiência agronômica.
Não
foi
verificada
diferença
significativa pelo teste F com aumento nos
níveis de B, no que tange ao número de
folhas, massa de capítulo e área foliar do
girassol (Tabela 2). Na análise de regressão
verifica-se efeito linear significativo para o
número de folhas e massa de capítulo
(Figuras 2D e 2E) respectivamente. O
aumento no número de folhas das plantas de
girassol em função do aumento nos níveis de
B, é uma característica favorável na
produção, pois este aumento está ligado a
maior produção de fotoassimilados e na
relação fonte/dreno. Portanto, quanto maior
o número de folhas produzidos, maior
translocação destes produtos para as partes
colhidas do girassol. Além disso,
dependendo da finalidade de uso do girassol,
por exemplo, uso como planta de cobertura,
é importante o acúmulo de biomassa, como
evidenciado no presente estudo com
incremento na massa de capítulos em função
do aumento das doses de B.
O aumento nas doses de B aplicadas
junto ao glyphosate no momento da
dessecação, não apresentaram efeito
significativo em relação à área foliar do
girassol (Figura 2F). Apesar destes efeitos,
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p.57-66, dez. 2013.
Boro aplicado simultaneamente...
observa-se uma tendência de superioridade
na média do tratamento com 2% de B em
relação aos demais. O ganho em área foliar
das plantas, via de regra, apresenta relação
direta com a produção das plantas, pois tem
haver com a maior capacidade de capitação
luminosa, maximizando assim, a capacidade
fotossintética das plantas.
Segundo Gazzola et al. (2012),
afirmam que normalmente, plantas de
girassol possuem de 20 a 35 folhas. No
presente estudo, verifica-se que em todos os
tratamentos testados, observa-se que estes
63
valores médios de folhas são observados,
tanto na testemunha onde a média é de 20
folhas, e na maior dose 8% de B por volta de
22 folhas. O incremento no número de
folhas do girassol é importante na produção
do girassol por se tratar de fontes de
fotoassimilados que irão ser translocados
para as partes reprodutivas da planta. Com o
maior acúmulo de produtos da fotossíntese
nas partes reprodutivas do girassol poderá
apresentar maior resposta em produtividade
de grãos.
Tabela 2. Quadrados médios da análise de variância para o número de folhas, a massa de
capítulo e área foliar das plantas de girassol, em resposta a aplicação de doses crescentes de boro
(B) na dessecação
Fonte de variação
GL
No de folhas
Massa de capítulo
Área foliar
ns
ns
Doses de B
4
4,14
0,0186
14372,37ns
Bloco
4
5,04*
0,0156ns
6947,52ns
Resíduo
16
25,84
0,0086
7100,53
CV (%)
5,98
31,93
34,42
ns, * e ** = não significativo e significativo a 5, 1% de probabilidade pelo teste F respectivamente.
A importância do fornecimento de B
na cultura do girassol é refletida na
produção. Segundo Marchetti et al. (2001), o
girassol é uma planta muito responsiva à
aplicação de boro e, frequentemente, produz
menos que 800 kg de sementes por hectare,
podendo atingir de 2.000 a 3.000 kg ha-1 de
sementes com a adição desse nutriente. Brito
Neto et al. (2011), também destacam a
resposta desse elemento, afirmando que às
culturas têm proporcionado aumentos em
suas produtividades em decorrência do
fornecimento de B.
Apesar de não avaliado no presente
estudo através de uma variável específica, o
glyphosate se mostrou eficiente na
dessecação da braquiária na área do cultivo
do girassol. Estas observações foram
também verificadas por Castro et al. (2006),
todavia, no controle de plantas daninhas,
sendo o controle superior a 90% aos 35 dias
após a aplicação do herbicida.
Ao adicionar o glyphosate à água,
ocorreu redução do pH da calda, que passou
de 6,7 para 4,7, em média. Essa diminuição
foi ainda mais acentuada ao se adicionar B à
fonte ácido bórico (pH ~ 4,4) (Castro et al.,
2006). Entretanto, Brighenti et al. (2004)
observaram que, ao se adicionarem outras
fontes de B, como os poliboratos (Solubor,
Inkabor ou Bórax), à calda com glyphosate,
ocorre elevação do pH, reduzindo a eficácia
desse herbicida no controle das plantas
daninhas, principalmente nas avaliações
iniciais de controle. Portanto, a aplicação
simultânea do glyphosate com B não
prejudica a eficiência do herbicida, além de
promover o aporte de B no sistema soloplanta. Neste contexto, poderá reduzir o
Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p. 57-66, dez. 2013.
S. D. Silva et al.
custo operacional, ou seja, por realizar a
dessecação e fertilização em uma única
64
operação.
0,4
Peso de capítulo, g
N o folhas planta-1
23
Ŷ = 0,28x + 20,12 R² = 0,94**
22
21
20
0,2
Ŷ = 0,017x + 0,2228 R² = 0,76*
0,1
0
(E)
19
(D)
0,3
0
2
4
6
0
2
4
6
8
Doses de ácido bórico, %
8
Doses de ácido bórico, %
Área foliar, cm2
400
300
200
Ŷ = 5,8965x + 221,19 R² = 0,12ns
100
0
(F)
0
2
4
6
Doses de ácido bórico, %
8
Figura 2. Número de folhas por planta (D), peso de capítulos - massa (E) e área foliar (F) de
plantas de girassol, em resposta a aplicação de doses crescentes de boro junto à dessecação. **; *
e ns: significativo a 1%; 5% de probabilidade pelo teste F e não significativo respectivamente.
CONCLUSÕES
A adubação com B utilizando como
fonte o ácido bórico no momento da
dessecação com glyphosate, é eficiente na
nutrição mineral do girassol.
Com aumento das doses de B
aplicadas, as plantas de girassol promoveram
ganhos em relação ao diâmetro do caule,
número de folhas e massa de capítulos.
REFERÊNCIAS
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CAVALCANTI, L. F.; ARAÚJO, R. C.;
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Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p.57-66, dez. 2013.
Boro aplicado simultaneamente...
daninhas e na nutrição mineral das culturas
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Differential response of two sunflower
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