Síndrome de Asperger - Atividades especiais

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Síndrome de Asperger
A síndrome de Asperger é um tipo de autismo, mas sem nenhum atraso ou retardo
nodesenvolvimento e da linguagem. Quando adultos, os portadores podem viver de
formacomum, como qualquer outra pessoa que não possui a síndrome. Há indivíduos
com Aspergerque se tornam professores universitários. Alguns sintomas desta
síndrome são:
•
Interesses específicos ou preocupações com um tema, em detrimento de
outrasatividades;
•
Peculiaridades na fala e na linguagem;
•
Padrões de pensamento lógico/técnico extensivo (às vezes comparado com
ostraços de personalidade do personagem Spock de Jornada nas Estrelas);
•
Comportamento socialmente e emocionalmente impróprio e problemas deinteração
interpessoal;
•
Problemas com comunicação;
•
Transtornos motores, movimentos desajeitados e descoordenados.As
características mais comuns e importantes podem ser divididas em várias
categoriasamplas: as dificuldades sociais, os interesses específicos e intensos, e
peculiaridades na fala ena linguagem. A principal característica é a dificuldade com
o convívio social. Os não-autistassão capazes de captar informação sobre os
estados emocionais de outras pessoas pelaexpressão facial, linguagem corporal,
humor e ironia. Já os portadores de Asperger não têmessa capacidade, o que é às
vezes chamado de "cegueira emocional".As pessoas com Asperger não têm a
habilidade natural de enxergar a comunicaçãoimplícita da interação social, e podem
não ter capacidade de expressar seu próprio estadoemocional, resultando em
observações e comentários que podem soar ofensivos apesar debem-intencionados,
ou na impossibilidade de identificar o que é socialmente "aceitável". Asregras
informais do convívio social que angustiam os portadores de Asperger são
descritascomo "
o currículo oculto
". Os Aspergers precisam aprender estas aptidões sociaisintelectualmente de
maneira clara, seca, lógica como matemática, em vez de intuitivamentepor meio da
interação emocional normal.
Este fenômeno também é considerado uma carência de teoria da mente. Sem isso,
osindivíduos com Asperger não conseguem reconhecer nem entender os
pensamentos esentimentos dos demais. Desprovidos dessa informação intuitiva,
não podem interpretar nemcompreender os desejos ou intenções dos outros e,
portanto, são incapazes de prever o que sepode esperar dos demais ou o que estes
podem esperar deles. Isso geralmente leva acomportamentos impróprios e antisociais:
•
Dificuldade em compreender as mensagens transmitidas por meio da
linguagemcorporal
: Aspergers geralmente não olham nos olhos, e quando olham, nãoconseguem "ler"
os olhos das outras pessoas.
•
Interpretar as palavras sempre em sentido literal
: Aspergers têm dificuldade emidentificar o uso de coloquialismos, ironia, gírias,
sarcasmo e metáforas.
•
Ser considerado grosso, rude e ofensivo
: propensos a comportamentoegocêntrico, Aspergers não captam indiretas e sinais
de alerta de que seucomportamento é inadequado à situação social.
•
Honestidade e ludibrio
: Aspergers são geralmente considerados “honestosdemais”, “inocentes” ou “sem
malícia” e têm dificuldade em enganar ou mentir,mesmo à custa de magoar alguém.
•
Aperceber-se de erros sociais
: à medida que os Aspergers amadurecem e setornam cientes de sua "
cegueira emocional
", começam a temer cometer novoserros no comportamento social, e a autocrítica
em relação a isso pode crescer aponto de se tornar fobia.
•
Paranóia
: por causa da "cegueira emocional", pessoas com Asperger têmproblemas para
distinguir a diferença entre atitudes deliberadas ou casuais dosoutros, o que por
sua vez pode gerar uma paranóia.
•
Lidar com conflitos
: ser incapaz de entender outros pontos de vista pode levar ainflexibilidade e a
uma incapacidade de negociar soluções de conflitos. Uma vezque o conflito se
resolva, o remorso pode não ser evidente.
•
Consciência de magoar os outros
: uma falta de empatia em geral leva acomportamentos ofensivos ou insensíveis
não-intencionais.
•
Consolar os outros
: como carecem de intuição sobre os sentimentos alheios,pessoas com Aspergers
têm pouca compreensão sobre como consolar alguém oufazê-los se sentirem
melhor.
•
Reconhecer sinais de enfado
: a incapacidade de entender os interesses alheiospode levar Aspergers a serem
incompreensivos ou desatentos. Na mão inversa,pessoas com Asperger geralmente
não percebem quando o interlocutor estáentediado ou desinteressado.
•
Introspecção e autoconsciência
: indivíduo com Asperger têm dificuldade deentender seus próprios sentimentos ou
o seu impacto nos sentimentos alheios.
•
Vestimenta e higiene pessoal
: pessoas com Asperger tendem a ser menosafetadas pela pressão dos semelhantes
do que outras. Como resultado,geralmente fazem tudo da maneira que acham mais
confortável, sem seimportar com a opinião alheia. Isto é válido principalmente em
relação à formade se vestir e aos cuidados com a própria aparência.
•
Amor e rancor recíprocos
: como Aspergers reagem mais pragmaticamente doque emocionalmente, suas
expressões de afeto e rancor são em geral curtas efracas.
•
Compreensão de embaraço e passo em falso
: apesar do fato de pessoas comAsperger terem compreensão intelectual de
constrangimento e gafes, sãoincapazes de aplicar estes conceitos no nível
emocional.
•
Necessidade crítica
: Aspergers sentem-se forçosamente compelidas a corrigirerros, mesmo quando
são cometidos por pessoas em posição de autoridade,como um professor ou um
chefe. Por isto, podem parecer imprudentementeofensivos.
•
Velocidade e qualidade do processamento das relações sociais
: como respondemàs interações sociais com a razão e não intuição, Aspergers
tendem a processarinformações de relacionamentos muito mais lentamente do que
o normal,levando a pausas ou demoras desproporcionais e incômodas.
•
Exaustão
: quando um indivíduo com Asperger começa a entender o processo deabstração,
precisa treinar um esforço deliberado e repetitivo para processarinformações de
outra maneira. Isto muito freqüentemente leva a exaustãomental.Portadores da
Síndrome de Asperger pode ter problemas em compreender as emoçõesalheias: as
mensagens passadas pela expressão facial, olhares e gestual não surtem efeito.
Elestambém podem ter dificuldades em demonstrar empatia. Assim, Aspergers
podem pareceregoístas, egocêntricos ou insensíveis. Na maioria dos casos, estas
percepções são injustasporque os portadores da síndrome são neurologicamente
incapazes de entender os estadosemocionais das pessoas à sua volta. É evidente
que pessoas com Asperger têm emoções! Mas anatureza concreta dos laços
emocionais que venham a ter pode parecer curiosa ou até ser umacausa de
preocupação para quem não compartilha da mesma perspectiva. O problema
podeser exacerbado pelas respostas daqueles neurotípicos (não-autistas) que
interagem comportadores de Asperger. O aparente desapego emocional de um
paciente Asperger podeconfundir e aborrecer uma pessoa neurotípica, que por sua
vez pode reagir ilógica e
emocionalmente - reações que vários Aspergers especialmente não toleram. Isto
pode gerarum círculo vicioso e às vezes desequilibram particularmente famílias de
pessoas Aspergers.Pessoas com Asperger tipicamente tem um modo de falar
altamente "
pedante
", usandoum registro formal muitas vezes impróprio para o contexto. Uma criança
de cinco anos de idadecom essa condição pode falar regularmente como se desse
uma palestra universitária,especialmente quando discorrer sobre seus assuntos de
interesse.Crianças com Asperger podem demonstrar aptidão avançadas demais
para sua idade emrelação à fala, leitura, matemática, noções de espaço ou música,
às vezes no nível de"superdotados", mas estes talentos são contrabalançados por
retardamentos consideráveis nodesenvolvimento de outras funções cognitivas.A
Síndrome de Asperger na criança pode se desenvolver como um nível de foco
intensoe obsessivo em assuntos de interesse. Algumas vezes, os interesses são
vitalícios; em outroscasos, vão mudando a intervalos imprevisíveis. Em qualquer
caso, são normalmente um ou doisinteresses de cada vez.Ao perseguir estes
interesses, portadores de Aspergers freqüentemente manifestamargumentação
extremamente sofisticada, um foco quase obsessivo e uma
memóriaimpressionantemente boa para dados. Na escola, podem ser considerados
inaptos ousuperdotados altamente inteligentes, claramente capazes de superar
seus colegas em seucampo do interesse, e ainda assim constantemente
desmotivados para fazer deveres de casacomuns (às vezes até mesmo em suas
próprias áreas de interesse).
Comentários a respeito desta tradução
Este livro é uma tradução do livro “
Coping: A Survival Guide for People with Asperger Syndrome
”por
Marc Segar,
disponibilizado
online
por
Alistair Edwards
emhttp://www-users.cs.york.ac.uk/~alistair/survival/.A primeira tradução para o
português foi realizada em fevereiro de 2008 no blog “
Olhar Aspie
”(http://olharaspie.blogspot.com/2008/02/guia-do-sobrevivncia-para-pessoascom.html). Este blog foiregistrado em 24/12/2007 por “
Maurício Ferrão
”. Tal tradução possui um enorme mérito por adiantar-se na ampla disponibilização
deste conhecimento, assim como
explicitamente desejado
por
Marc Segar
na introdução do texto. No entanto, consiste de uma versão inicial, e possui alguns
problemas. Um dosmaiores problemas está na tradução do capítulo 13, “
Coming clean
”, para “
Limpando a imagem
”quando o sentido mais correto seria “
Contando a todos que você é autista
” (em uma tradução semfiguras de linguagem para “
Abrindo o jogo
” ou “
Saindo do armário
”) e alterando o próprio sentido docapítulo. Esta versão é uma re-tradução do
original de
Marc Segar
, tendo por base o texto de
MaurícioFerrão
. Diversos trechos foram re-escritos, de forma a traduzir de forma mais clara as
idéias originais, ouadicionados, pois haviam sido suprimidos na tradução. Procurei
inclusive manter as marcações emnegrito e caixa alta utilizados por
Marc Segar
, empregadas como recursos de ênfase no texto.No entanto, este texto não é
completamente fiel ao original de
Marc Segar
. Procurei realizaralguma adequação cultural à realidade do Brasil (principalmente
no capítulo 18 “Viajando aoestrangeiro”). Também tomei a liberdade de adicionar
alguns itens por minha conta (assumindo que souum portador de Síndrome de
Asperger de 31 anos altamente funcional e integrado), principalmente noscapítulos
referentes à sexualidade (
Paquerar, Conversas e Linguagem corporal
), que comportamalgumas das questões mais difíceis para o portador da síndrome.
Para diferenciar as inserções de minhaautoria do texto original, as primeiras estão
marcadas com um asterisco (*).Adicionalmente, atualizei a lista de livros com
traduções para o português dos sugeridos por
Marc Segar
e acrescentei alguns. Como complemento, o texto se inicia com um resumo do
verbete de“Síndrome de Asperger” na Wikipédia (transcrito completo em anexo) e
um artigo sobre a síndromedurante a vida do portador, com valiosas informações
dirigidas a pais e educadores para a administraçãodo mesmo na escola. Estas
informações adicionais foram acrescentadas sobre a premissa de quantomais
esclarecimento sobre o problema melhor. Particularmente, creio que este texto
deva serintegralmente disponibilizado para os portadores da síndrome, não
importando inclusive sua idade.Finalmente, vale ressaltar que o trabalho pioneiro
de Marc Segar teve continuidade no
Wikibook
“
A survival guide for people on the autistic spectrum
”
(http://en.wikibooks.org/wiki/A_survival_guide_for_people_on_the_autistic_spec
trum) onde toda a comunidade pode expandir otrabalho original de forma dinâmica
e interativa (em inglês).Jorge Albuquerque, D.Sc., MBA
[email protected] http://aspienet.blogspot.com/ Abril de 2008.
1. Prefácio
Até onde sei, este livro é único. Um certo número de pessoas com a
Síndrome de Asperger
, nomeadamente
Temple Grandin, Donna Williams, David Miedzianik, Therese Joliffe,
Kathy Lissner
e“
Darren White
” deram-nos uma visão muito pessoal sobre as suas experiências,às vezes sob um
ponto de vista crítico. Mas Marc foi um pouco mais além por fazer um
escritototalmente prático, estabelecendo um guia geral para questões básicas da
vida cotidiana queseus companheiros têm de lidar.
Marc
sabe por si próprio aquilo que as pessoas com
Síndrome de Asperger
têm decompreender, e muito do seu conhecimento foi adquirido através de
experiências amargas. Seudesejo manifesto é que os outros não precisem aprender
pelo mesmo caminho árduo, e quealguns de seus próprios erros possam ser evitados
por outras pessoas.Marc tinha idéias próprias sobre como os problemas do autismo
podem sercompreendidos, e estas serão de interesse para quem tentar entender o
“
enigma
”, quer apartir de dentro ou de fora. Qualquer pessoa com
Asperger
pode ser ajudada segundo oentendimento de
Marc
de que
“pessoas autistas têm de compreender cientificamente aquiloque as já as pessoas
não-autistas podem compreender instintivamente”
. Suas opiniões não sãoexclusivamente com base em sua experiência pessoal, suas
sugestões para enfrentar asdificuldades foram experimentadas por outros além
dele próprio.Este livro contém conselhos realmente úteis, alguns dos quais
dificilmente seriam dadospor profissionais, por são saberem o quanto eles seriam
relevantes. Marc pode atestar estarelevância, e isto por si só lhe confere valor
convincente para qualquer homem ou mulher jovem lidar com a Síndrome de
Asperger, mas é também esclarecedor às famílias e aosprofissionais que
pretendem ser úteis, mas muitas vezes se sentem incapazes para esta tarefa.E
Marc nos lembra de coisas que estamos esquecendo, por exemplo, que “um
progresso lentoé ainda um progresso”.Como pessoa envolvida no aconselhamento,
tanto de pessoas com Síndrome deAsperger quando de suas famílias, sei que vou
utilizar este livro como meu mais importanteauxílio. Penso que poderia aliviar a
enorme frustração e depressão sofrida por tantos jovensquando tentam se
integrar com um mundo não muito simpático. Todos nós devemos estargratos ao
Marc pela sua realização.
Estamos muito orgulhosos de publicar este livro.
Elizabeth Newson
1997
2. Introdução
Desde minhas lembranças mais remotas tive complexos pensamentos e idéias
quefizeram com que eu me sentisse alguém único. Quando era uma criança pequena
no início naescola primária, utilizei a maior parte de meu tempo fazendo apenas
minhas próprias coisas,sem ser muito consciente do restante das pessoas. Meus
constantes e intrigantes pensamentose idéias ficavam trancados em minha mente e
não conseguia comunicá-los às outras pessoas.Quando tinha sete anos de idade
recebi o diagnóstico de autismo em uma forma quehoje é conhecida como
Síndrome de Asperger
. Pouco tempo depois fui transferido para umaescola especial chamada
Whitfields
, em
Walthamstow
, Londres, onde durante os 8 anosseguintes recebi ajuda especializada, a maior
parte dela vinda de uma mulher alegre e degrande espírito chamada
Janny
. Logo após meu início nesta escola eu e minha família nosenvolvemos em um grupo
de apoio à família chamado
Kith and Kids
, para o qual façoregularmente um trabalho voluntário ou compras, mantendo-o
sempre ativo e criativo.Com quatorze anos fui para uma escola chamada
West Lea
, em
Edmonton
, ondefinalmente recebi o meu
General Certificate of Secundary Education
no que fiz bem. O meureconhecimento como bom candidato para GCSE's foi
conquistado principalmente pelo meuprofessor de francês, o senhor
Cole
, a quem sou muito grato.Aos dezessete anos pude começar o último ano do ginásio em
Winchmore
, ondetrabalhei duro no meu
Advanced Level
, mas isto me transformou em um grande alvo dechacotas e abusos por parte de
outros estudantes. Foi também a esta altura que comecei aaprender a cuidar de
mim mesmo, e que também percebi que haviam muitas regras nãoescritas sobre
comportamento e conduta que todo mundo sabia, exceto eu.Fui então aceito pela
Universidade de Manchester
para cursar um Bacharelado emBioquímica, o qual já tenho concluído. Entrei para a
universidade com a mesma ilusão que tiveao longo da vida, pensar que um novo
começo significaria não ter mais de lidar com aschacotas. Minha vida social no
primeiro ano foi terrível, morei o ano inteiro em umapartamento com outros sete
rapazes, vivendo praticamente isolado.No segundo ano acabei morando em uma casa
em
Fallowfield
, onde tinha três colegas edois espaços livres. Acabei lá completamente por acaso.
Tornei-me melhor amigo de
Nick
, quechegou por último e preencheu o espaço extra. Ele era um rebelde, e desde
então, ensinou-memuitos dos truques de que eu necessitei nas mundanas, e às
vezes hostis, ruas e casas noturnasde
Manchester
. Entre o segundo e o terceiro ano reservei um lugar, de forma impulsiva, emuma
expedição na África Oriental onde, por minha própria conta e risco, passei a maior
partedo tempo longe do grupo (que me rejeitou) aprendendo sobre os estilos de
vida e os costumesda população local. Nunca antes a minha pobre mãe tinha ficado
tão preocupada comigo. No
meu último ano tive a sorte de conviver com pessoas que eram extremamente
maduras eespirituosas de uma maneira construtiva. Após me graduar fiz uma
variedade de trabalhos comcrianças com autismo tanto aqui como no estrangeiro.
Hoje trabalho como animador infantil econsidero que esta foi uma boa
escolha.Agora decidi escrever um livro com uma finalidade, passar a minha
experiência desobrevivente como pessoa com
Síndrome de Asperger
num mundo em que cada situação éligeiramente diferente, em benefício de outras
pessoas que sofrem da
Síndrome de Asperger
.Quero estabelecer um conjunto de regras e orientações em um estilo semelhante
a um códigode conduta, com um formato fixo, evitando confusões desnecessárias.
Os itens serão expressosde forma inequívoca, evitando que as pessoas se
confundam ou os apliquem fora de contexto.Provavelmente terei um público de
pessoas autistas e não-autistas. Quero salientar quemuitos dos pontos podem ser
muito óbvios para algumas pessoas, mas são completamentealheios a outras, por
isso não os interpretem como se fossem paternalistas ou pedantes.Eu decidi
escrever este livro agora e não mais tarde porque vejo que as idéias e lições devida
estão ainda muito claras em minha mente. Algumas pessoas podem achar este livro
umpouco mundano, mas eu acredito que, em um determinado momento a pessoa
autista tem queir para fora, para este odioso mundo, de uma forma independente.
Logo, a última coisa de queprecisam é serem protegidas. Quero munir as pessoas
com os truques e os conhecimentos deque necessitam, a fim de defenderem-se,
sem impor opiniões ou ser hipócrita. Para escrevê-loembasei-me também em
benéficos e construtivos comentários que venho recebendo de paisde outras
pessoas autistas. Não gostaria que algum companheiro autista fosse colocado
sobpressão desnecessária para ler este livro. Para começar, colocar este livro em
algum lugar doquarto pode ser suficiente para que ele seja visto e desperte um
saudável interesse.Direciono este livro para uma única finalidade, que é a de
melhorar a qualidade de vidadas pessoas e recomendo fortemente que nenhum dos
meus leitores autistas venha a se fixarem aplicar este livro o mais depressa
possível. Lembre-se que Roma não foi construída em umdia.Eu mesmo tenho ainda
dificuldades para por em prática todas estas regras, mascertamente este livro o
ajudará a tomar consciência delas.
3. Obtendo o melhor deste livro
•
Nem todos vão entender completamente este livro de imediato, mas se
algumainformação não faz sentido à primeira vista, então ela pode vir a fazer mais
sentido sevocê ignorá-la agora e voltar a ela mais tarde.
•
Este é um livro escrito para tornar você consciente das muitas regras não escritas
que amaioria das pessoas conhecem instintivamente, de forma que você possa ter
estainformação como um dado adquirido.
•
Quando as pessoas desobedecem a estas regras não escritas, por vezes acabarão
comelas, mas em geral os que quebram as regras informais sofrem punições
informais. Estaspunições podem incluir rir da pessoa até ser tratada como uma
pessoa menosimportante, sendo então isolada socialmente.
•
A coisa mais difícil em ser autista (ou ter
Síndrome de
Asperger
) é que as pessoasesperam que você conheça estas regras e viva de acordo com elas
tal como elas fazem,apesar de ninguém nunca ter dito nada a você sobre elas. Não
há dúvida de que isso éextremamente injusto, mas infelizmente a maioria das
pessoas não verá desta maneira,porque elas não entendem o problema.
•
Se você está tendo problemas para aceitar que você é autista (ou tem
Síndrome de Asperger
), você pode acabar tornando as coisas ainda mais difíceis para si mesmo.Aceitar
isto não só o ajudará a tirar o máximo proveito deste livro, mas também
poderápermitir que você se perdoe pelas coisas erradas que fez e curar algumas
das dores quevocê pode estar sofrendo em silêncio.
•
Normalmente existe uma regra não escrita contra a falar de regras não escritas
empúblico, mas normalmente ela não se aplica quanto a falar sobre elas com os
pais,professores, conselheiros ou amigos íntimos quando você estiver sozinho com
eles.
•
Em relação a muitas destas regras, é provável que você queira que elas sejam
melhorexplicadas para você. Infelizmente, nem todas elas podem ser explicadas
sem se afastardo que é importante para os objetivos deste livro. Além disso, as
pessoas podem sercapazes de seguir as regras neste livro, mas não serem
perfeitamente conscientes doseu conhecimento sobre delas.
•
Se você se mantiver ocupado questionando estas regras, talvez não seja possível
colocá-las em prática, então talvez você não tire o proveito máximo deste livro.
Entretanto, nãohá mal em gastar algum tempo questionando-as.
•
Eu não fui capaz de incluir algumas regras não escritas, ou porque são
demasiadamentevagas e dependem muito da situação específica, ou por eu ainda
não as ter descobertopessoalmente.
•
Depois de ter lido este livro você pode ter a impressão de que estas são as regras
de um jogo um tanto bobo, e sim, este jogo é a vida e as regras não podem ser
mudadas.
•
O problema com o jogo da vida é que cada situação é um pouco diferente.
Algumascoisas podem ser adequadas em algumas situações, mas não em outras.
Este livro nãopode lhe dizer como reagir em cada situação, mas apenas lhe dar um
conjunto dediretrizes gerais.
•
As pessoas autistas tendem a ter memórias detalhadas, as pessoas não-autistas
tendema ter memórias de um quadro geral ou um enredo. Estes enredos
acompanham o seuatento trabalho de investigação que permite à maioria das
pessoas a aprender as regrasnão escritas da sociedade que são abrangidas por
este livro.
•
Você pode conhecer algumas ou muitas das regras mostradas neste livro já. No
entanto,elas devem ainda assim ser incluídas para as pessoas que ainda não as
conhecem.
•
Às vezes, certas pessoas possam dar-lhe conselhos e críticas que você considere
umpouco paternalistas, pedantes ou irrelevantes. Isto pode muitas vezes o levar a
quererser rebelde, mas você pode acabar sendo, na verdade,
rebelde
contra as coisas que são
mais úteis para você
.
•
Lembre-se, este livro foi escrito em parte com base nas minhas próprias
experiênciaspessoais, e que o que é bom para mim nem sempre é o melhor para
outra pessoa.
4. Preocupações
•
Uma característica das pessoas autistas é serem especialmente boas em se
preocupar.
•
Você pode estar recebendo um péssimo retorno pela maioria dos seus esforços na
vida,e achar que a maioria das pessoas falam livremente entre si de uma forma que
parecetola para você.
•
Se você tentar se integrar com eles falando das mesmas tolices provavelmente
elas irãose aborrecer.
•
Ora, se as outras pessoas podem reclamar de você por causa das tolices que
fala,porque você não pode reclamar delas por causa de suas tolices? Isto não é
justo! Vocêestá aborrecido? Se você está, então tem todo o direito do mundo de
estar! Mas vocênão pode mudar a forma com estas coisas funcionam! Este livro
pode, todavia, ajudar-lhe a compreender melhor estas tolices dos outros.
•
O problema da preocupação, é que ela pode fazer com que você deixe de dar
atenção àscoisas em que realmente deveria se concentrar para resolver um
problema.
•
Em alguns problemas, ver o seu lado mais engraçado pode tornar as coisas muito
maisfáceis. Se você aprender a rir deles muitas das suas preocupações podem
desaparecer.
•
Muitas pessoas mantêm os seus problemas para si e olham para si mesmas como
seestivessem no topo do mundo, mas a maioria das pessoas precisam falar sobre
seusproblemas com outras. O truque está em saber escolher as pessoas certas
para falar.
•
Não fale sobre seus problemas em público ou para pessoas que você não
conhece(exceto os conselheiros, psicólogos ou professores de confiança). Fazendo
isto vocêapenas demonstrará fraqueza para as pessoas em sua volta. Não pense que
elas irãoescutá-lo!
•
Falar de seus problemas em público talvez o leve a ganhar simpatia em um curto
prazo,mas provavelmente irá isolá-lo em longo prazo.
•
Você pode falar de seus problemas com os professores, os pais, os parentes
próximos, eàs vezes com os amigos, mas sempre em privado.
•
Ás vezes, mas nem sempre, é bom falar de seus problemas com os amigos em
umpequeno grupo, desde que isso seja relevante para a conversa.
•
Quando você falar de seus problemas, tente fazê-lo sem se rebaixar muito. Falar
deforma muito negativa de si próprio trará para você sentimentos negativos, e
estessentimentos negativos impedirão você de cuidar de si próprio. Então você
ficará parabaixo, entrando em um círculo vicioso.
•
Em relação a esta última afirmação, tente entrar em um ciclo positivo, se puder.
Isto sechama Atitude Mental Positiva (AMP), onde pensar sobre seu lado mais
positivo faz comque se sinta mais positivo quanto a si mesmo e mais capaz de
defender-se dashumilhações.
•
Algumas vezes as pessoas podem rotular você como incapaz ou ignorante. Isto
podeestar acontecendo porque você não teve nenhuma oportunidade para mostrar a
suainteligência, não porque é verdade.
•
Um sentimento horrível de ser enfrentado é a culpa. Se você acha que tem culpa
poralguma coisa, deve perguntar a si mesmo se sabia que estava fazendo algo
errado. Sevocê não sabe, ou só tem um vago sentimento sobre isso, então você não
pode seculpar, mesmo que as outras pessoas façam isso. Tudo o que podemos fazer
a pedirdesculpas e dizer que não faremos isto novamente.
•
Freqüentemente pedir desculpas a alguém pode ajudar a aliviar a culpa, mas
ésuficiente pedir apenas uma vez. Se você pedir desculpas várias vezes as pessoas
podeminterpretar que você é tímido ou vulnerável.
•
Se você acredita que o mundo está todo contra você, isto é uma ilusão. Além disso,
todomundo se sente assim de vez em quando.
•
Lembre-se de ser paciente ao colocar em prática o conteúdo deste
livro.Desenvolvimento pessoal pode ser um processo lento e difícil.
•
Outro problema que você pode enfrentar é conseguir as coisas apenas pela metade,
eentender que isto não é suficiente. Você pode ser uma pessoa do tipo “tudo ou
nada”,mas lembre-se, esta pessoa pode ser o autismo falando.
•
Lembre-se de que a palavra-chave é
determinação
, e se sente em seu coração que écapaz de fazer algo, então deve tratar de
consegui-lo.
5. Olhando para o lado bom
•
Muitas coisas são mais fáceis para as pessoas autistas inteligentes do que são para
osneurotípicos (pessoas comuns).
•
Pessoas autistas podem ser especialmente boas no aprendizado de fatos,
habilidades etalentos, desde que (A)
queiram isso
e que (B)
tenham acesso ao material apropriado para o aprendizado
. Isso pode proporcionar boas perspectivas de carreira e, às vezes, éo suficiente
para compensar qualquer deficiência.
•
Dons úteis que os autistas podem ter incluem memória fotográfica, uma visão
maisconsciente da lógica e uma extraordinária capacidade de programação
decomputadores.
•
Demonstrar uma consistente pontualidade no seu local de trabalho e
fazermeticulosamente trabalhos com alto padrão de precisão e dentro dos prazos
pode fazervocê ganhar respeito extra de seu gerente ou supervisor.
•
Algumas pessoas dizem que a honestidade nem sempre é a melhor política, mas
vocêpode contar a verdade com precisão para as pessoas certas e ainda assim
retê-laquando a confidencialidade é necessária. Sua inigualável honestidade pode
fazer comque você ganhe muito respeito.
•
Se você é geralmente uma pessoa calma, que muitas vezes só fala quando vê que
istovale à pena, isto pode ser muito bem vindo no seu local de trabalho.
•
Não ter vinculado a sua vida a todas as regras não escritas da sociedade, pode
tertornado você um pensador muito original.
•
Em muitas situações em que as pessoas neurotípicas podem se sentirem provocadas
ouintimidadas, você pode não ser afetado e manter um pensamento claro. Você
pode sercompletamente distante e imune às atmosferas tensas e más vibrações
que faz outraspessoas sofrerem. Um problema decorrente disto é que você pode
também ser imuneaos sinais de perigo, mas este livro o ajudará a reconhecê-los.
•
Se desejar, você pode obter subsídios e informações técnicas para ajudá-lo na
vida, nãopense que você é um idiota por fazer isto. Se você tem tido uma vida muito
dura, entãotalvez você mereça esta consideração especial. Isto pode ser prático se
você precisarestar em um júri, neste caso, pode ser uma boa idéia buscar o apoio
de um bompsicólogo que entenda o problema.
6. Linguagem Corporal
•
A linguagem corporal não inclui apenas gestos, mas também expressões faciais,
contatovisual e tom de voz e, por vezes, até aquilo que você está vestindo.
•
Há pessoas que dominam perfeitamente a linguagem corporal, mas para outras ela
émuito difícil.
•
Algumas pessoas são freqüentemente paranóicas com relação à sua linguagem
corporal,inclusive aquelas que são muito boas nisso.
•
Expressar a emoção errada, ou rir na hora errada, pode ser embaraçoso. Você
podeacabar fazendo isto se está pensando em uma coisa e as pessoas em sua volta
estãofalando de outra coisa. Se alguém perceber isto diga a esta pessoa que “sua
menteestava em outro lugar”.
•
Se você está falando sobre alguma coisa com alguém que se encontra emocionado
enão responder à sua linguagem corporal transmitindo esta mesma emoção, esta
pessoapode pensar que você tem falta de empatia ou que não está realmente lhe
dandoatenção.
•
Se alguém lhe disser que você não possui linguagem corporal, então você
poderáexagerar mais nela para enfatizar o que você diz, mas não demasiadamente,
ou operceberão artificial.
•
Uma parte da linguagem corporal inclui a cortesia, ou seja, falar coisas como “
desculpe
”,“
por favor
”, “
obrigado
”, “
até mais
” e ser o primeiro a dizer “
oi
”. Muitas vezes é precisoum esforço para dizer estas coisas, mas se supõe que a
cortesia seja realmente umesforço. As palavras entre aspas acima são parte do que
se chama a cortesia informal(não polida demais). Pode ser inconveniente se
educado de mais com pessoas informais,ou ser educado de menos com pessoas
formais ou mais velhas. A escolha do tipo decortesia a aplicar depende do tipo de
pessoas que estão com você.
•
Quando ficarmos atrás de alguém, de forma que esta pessoa não possa nos ver,
temosde tomar cuidado, pois se ela se virar de repente poderá se assustar. Isto
éespecialmente importante se você é de grande tamanho ou altura. No entanto, em
umônibus ou trem lotado talvez você não tenha como evitar isso.
•
Talvez você precise fazer um grande esforço para tomar banho todos os dias ou
usardesodorante, mas é mais fácil para as pessoas falarem conosco se perceberem
queestamos limpos e não temos mau cheiro. Lembre-se de que é possível que você
estejacheirando mal e não esteja consciente do seu cheiro.
•
Se você tiver uma boa linguagem corporal ou contato visual, as pessoas vão ficar
menospropensas a excluí-lo caso fizer alguma coisa errada sem saber.
•
Se você é um adulto e, principalmente, se você é de grande tamanho, é melhor
evitarcorrer na rua, ao menos que estejam praticamente vazias. Não há problema
em correr
atrás do ônibus ou do trem se isto vai evitar que você espere mais meia hora
pelopróximo, ou se você está com pressa para chegar a algum lugar. Por outro lado,
se vocêpretende praticar um esporte, vista uma roupa de esporte, para que as
outras pessoaspossam ver que você está correndo para fazer um exercício, e não
se sintamintimidadas.
•
Cumprimente sempre que você encontrar alguém conhecido (mesmo que seja
talvezseja um pouco chato e enfadonho fazer isso sempre). No entanto,
normalmente bastatrocar um olhar, dar um leve sorriso e elevar as sobrancelhas.
•
A forma de manter a postura diz se você tem interesse no que os outros têm para
dizer.Por exemplo: cruzar os braços ou pernas para longe do outro significa de
desinteresse,mas quando temos uma postura corporal aberta, com os braços e
pernas abertas,estamos a enviar uma mensagem de relaxamento e interesse. *
•
Acenar com a cabeça positivamente, com movimento de pequena extensão,
transmiteaos outros que estamos compreendendo o que estão dizendo e os
incentiva a continuar.*
•
O toque é uma forma de dizer que você está interessado em alguém. Um aperto de
mãofraco transmite insegurança e desinteresse, um aperto de mão firme indica
força deespírito e interesse pelo outro. Mas não machuque a outra pessoa. *
•
O abraço, muitas vezes intimida, pelo medo de não se ser correspondido. Você pode
aresolver este problema através de um aperto de mão, onde colocando a mão
esquerdano ombro direito da pessoa a quem apertamos a mão. Na grande maioria
das vezes,enquanto você se dirige para o ombro da pessoa, ela estende o braço
esquerdo e teabraça. *
6.1. Limites do Espaço Pessoal
•
Os limites do espaço pessoal estão relacionados a não se aproximar demais de
umapessoa, mas ao mesmo tempo não ficar tão distante.
•
O limite apropriado varia de acordo com a pessoa com que você está falando, e
tambémde acordo com o momento e com o local.
•
Se você é homem e estiver conversando em pé com uma pessoa
desconhecida,mantenha uma distância de 1,20 m para outro homem e 90 cm para
uma mulher. Sevocê é mulher mantenha a distância de 90 cm para outro homem ou
outra mulher. *
•
Os apertos de mãos são dados a uma distância de 60 cm. *
•
As pessoas amigas podem ficar de 45 a 90 cm de distância se vocês estiverem
fazendoalguma coisa juntos, como estudando juntos ou tendo uma reunião. *
•
Ficar a menos de 45 cm de pessoas estranhas pode lhe causar problemas, a não ser
quevocê esteja num ônibus ou trem lotado. Se você tiver que ficar a menos de 45
cm dealguém que não conhece por algum motivo, evite olhar nos olhos dela. *
•
A distância de 0 a 45 cm é reservada para pessoas muito íntimas como:
namorados,amantes (casais), pais, filhos e parentes próximos. Amigas muito íntimas
podem ficar emcontato direto (0 cm de distância) se ambos forem mulheres.
Amigos íntimos devemsempre manter os 45 cm se ambos forem homens. *
•
Se há uma atração física entre você e alguém você vai precisar se desprender e ler
ossinais corretamente. Para conseguir isto, a regra mais simples é que posturas
abertas,como mãos e os braços abertos, e o corpo voltado para alguém, são gestos
quedemonstram atração, ao passo que gestos fechados, como mãos em punho,
braçoscruzados, virar o corpo de lado ou afastar o corpo de alguém demonstram
evitação.
•
Algo a ter em conta é o chamado jogo de aproximaçã-rejeição. É necessário estar
segurose queremos nos aproximar ou nos afastar de alguém, ou nenhum dos dois.
•
Há também o problema do reconhecimento do “território” das outras pessoas. Se
emalguma situação você, por desconhecimento, acabar invadindo um espaço que
outrapessoa entende que é seu território, e isto pode lhe causar grandes
problemas. Eu, porexemplo, uma vez escutei uma mulher se lamentando em uma
casa cheia de crianças,ela estava perturbada porque seu namorado extremamente
possessivo e recém saídoda cadeia havia brigado com ela sem nenhuma razão
aparente, não percebi que, peloponto de vista dela, aquele era seu território.
Felizmente minha segurança pessoal foipreservada, pois o tal namorado não
retornou mais. Se você cometer este erro e só operceber mais tarde, pode ser que
isso lhe pareça mais fácil de entender.
6.2. Contato visual
•
É difícil dominar o contato visual, pois é difícil perceber se você está fazendo
muito oupouco contato visual com uma pessoa enquanto ela fala com você.
•
Quando as pessoas não estão conversando e nem você está falando com elas,
namaioria das vezes é melhor não olhar para elas, pois a outra pessoa pode
perceber isto esentir-se desconfortável, e talvez comente isso com outras pessoas
sem que você saiba.
•
Controlar seu olhar pode ser muito difícil para você, mas não é de forma
algumaimpossível.
•
Se você olhar para uma pessoa enquanto fala sobre ela para outra pessoa, e
elaperceber isto, pode entender que você é rude. Se você está argumentando com
alguéme aponta para ela ao mesmo tempo em que mantém contato visual isto pode
serentendido como uma atitude muito agressiva. De uma forma geral, tente não
apontarpara as pessoas, isto o manterá longe de problemas.
•
Quando você estiver conversando com outras pessoas, ou elas estiverem falando
comvocê, é esperado que você as encare, tendo em conta as seguintes orientações:
o
Olhar para alguém por menos de um terço do tempo pode comunicar que você
étímido (se mantém o olhar para baixo) ou desonesto (se mantém o olhar para
olado).
o
Olhar para alguém por mais de dois terços do tempo pode comunicar de quevocê
gosta desta pessoa (se olha para seu rosto como um todo) ou que você éagressivo
(se você olha fixamente para seus olhos).
o
Olhar alguém o tempo todo, com um firme e ininterrupto contato visual,
podecomunicar duas coisas. Ou você a está desafiando (o olhar agressivo) ou ela
oatrai (o olhar íntimo). No entanto, em outras culturas (por exemplo, na
EuropaMediterrânea), pode também representar companheirismo. Isso é muito
difícilpara o autista, pois primeiramente precisamos estar seguros de que
istoprocede. Forçar um contato visual fixo também pode nos deixar muito
distraídospara falar.
6.3. Tom de Voz
•
Talvez você seja uma pessoa que conversa em um único tom de voz, sem saber.
•
Pergunte a uma pessoa de confiança se isto é verdade, e se for, talvez você tenha
queexagerar no seu tom de voz para expressar aquilo que você diz, mas
nãodemasiadamente. Isso soará inicialmente artificial.
•
Se você está lendo um livro de história para crianças, quanto mais entonação
utilizar,melhor.
•
A entonação de voz é muito importante para mostrar se você está falando de
umaforma entusiasmada ou sarcástica sobre algo. Também é importante para dizer
seestamos falando sério ou fazendo uma brincadeira.
•
Falar em um único tom de voz pode passar a impressão de que você está entediado.
Aofalar de algo bom ou interessante que você vai fazer, use um tom de voz
entusiasmadoou as pessoas o acharão estranho.
•
Se você é um jovem e está mudando a voz, vai se sentir muito mais
confortáveldeixando sua voz sair naturalmente como ela é, pode ser muito
estranho em seuinterior, mas ela terá um som muito mais agradável em seu
exterior. Se você estápreocupado que seus colegas poderiam pensar de você, o que,
de qualquer forma seriaum problema passageiro, pode ser uma boa idéia mudar sua
forma de falar enquantoestiver mudando de escola.
•
Por último, lembre-se de não falar muito alto nem muito baixo. Isto depende
dadistância entre você e a outra pessoa, além disso, seja mais silencioso quando for
necessária discrição. E sussurre quando os outros sussurrarem, ou houver
alguémdormindo por perto.
•
Ás vezes é possível que você tenha que falar com uma voz mais alta e clara, então
vocêdeve projetar a sua voz. Para fazer isto mantenha uma postura reta e
relaxada, eimagine que sua voz é proveniente de seu estômago, por mais estranho
que isso possaparecer.
6.4. Roupas
•
As roupas que você veste transmitem informação sobre você.
•
Se você usa roupas de cores brilhantes que se chocam, talvez com a intenção de
buscarconfiança, as pessoas poderão perder o interesse em você.
•
Se você usa botas, jeans rasgados, camisetas de
heavy metal
e jaqueta de couro aspessoas podem ficar assustadas para se aproximar de você,
ou irão pensar que você éuma pessoa com quem elas possam falar sobre
heavy metal
, instrumentos musicais,vida nas ruas e diferentes tipos de casas noturnas. É uma
imagem muito difícil de serdesfeita.
•
Se suas roupas têm cores naturais como azul, cinza, verde escuro, preto ou branco,
quesão cores que não saem de moda, as pessoas provavelmente não julgarão você
pelo queestá vestindo, e provavelmente seja isto o que você deseja.
•
Muitas vezes é uma boa idéia ouvir a opinião de outra pessoa sobre o que você
devevestir (fale com uma pessoa em que você possa confiar).
7. Distorções da verdade
•
O
Sarcasmo
ocorre quando uma pessoa diz uma coisa que significa exatamente o seuoposto. Por
exemplo, uma pessoa, ao ouvir alguém arrotar, pode dizer “
nossa, comovocê é educado
”! O modo mais fácil de identificar um sarcasmo é observando o
tom devoz
. Por vezes será necessário defender-se da ironia e do sarcasmo, o que
seráabrangido nos capítulos seguintes.
•
Não conhecer a verdade
é uma razão pela qual as pessoas podem distorcê-la
•
Uma forma particularmente desagradável de distorcer a verdade ocorre quando
umapessoa atribui a outra a culpa por uma coisa que ela própria fez
. Pior ainda é quandoalguém faz algo de errado propositalmente com a única
finalidade de poder culpar aoutra pessoa por isto. Se fizerem isto com você,
primeiro perceba se isto é algumabrincadeira ou algo sério. Se for algo sério (algo
grave) e conseguiram com êxito lhecolocar a culpa, talvez você precise que alguém
demonstre de alguma maneira que você
não foi o responsável. Neste caso, você deverá
procurar pessoas apropriadas e dizer aelas que você acha que foi vítima de
uma fraude e manter a sua palavra
.
•
Por outro lado, algumas pessoas podem inocentemente criar falsas verdades com
oúnico propósito de
criar uma fantasia
. Isto pode ser aplicado á crianças que dizem sersuper-heróis, adultos que se
vestem de Papai Noel ou atores interpretando os seuspapéis.
•
Se alguém lhe faz uma pergunta cuja verdadeira resposta poderia ofendêlo,envergonhá-lo ou pô-lo em algum outro tipo de situação desconfortável, pode
sermelhor dizer-lhe uma “
mentira conveniente
”, para evitar situações desagradáveis aoseu redor.
•
Se você não deseja mentir, ainda resta a opção de simplesmente “
omitir a verdade
”.Você pode estar tentando manter um segredo ou deixar você ou outras pessoas
longede algum problema. Neste caso, pode ser sensato evitar falar de
determinados assuntosque o levariam a ter de fingir que não sabe de nada,
utilizando táticas de distração (quemuitas vezes envolvem humor), ou mesmo
mentir. Também podem esperar que vocêsaiba perceber automaticamente quando
alguém está mantendo um segredo e nãoquer falar de certos temas.
•
Se alguém tentar comunicar uma mensagem para você, mas sem o ferir, este
podepreferir apenas
dar uma indireta
(insinuação). Um exemplo disso é quando um homemestá paquerando uma mulher,
mas ela não quer sair com ele, caso em que, em vez dedizer "
eu não estou interessada
", ela pode colocar discretamente o termo “
meunamorado
” em algum ponto da conversa.
•
Às vezes é possível ser induzido ao erro través de
figuras de linguagem
(
metáforas
). Seas figuras de linguagem são um problema para você, elas podem ser analisadas
emalguns livros ou você pode pedir que alguém lhe ensine algumas.
•
Às vezes alguém poderia mentir para você se eles querem algo de você. O
melhorexemplo disso é um vendedor de porta em porta, que quer seu dinheiro. Se
ele vendeu-lhe uma televisão que não funciona, então ele
enganou
você. Você deve reclamar porisso!
•
Em uma conversa, não é incomum que as pessoas
exagerem
. Alguém que diz: "
Eu tomei dez cervejas na noite passada
" pode realmente dizer que só tomou cinco. As pessoasque exageram demais podem
facilmente serem mal interpretadas.
•
Se alguém diz algo que soa ofensivo no sentido literal, como “
Sua cara é muito feia
”,mas com uma risada e um sorriso, então eles estão fazendo uma
brincadeira
.Geralmente você precisa captar isto rapidamente.
•
Talvez o mais difícil tipo de mentiras você vai encontrar são
provocações que alguémlhe diz como uma brincadeira para ver se você acredita
ou não delas
. Se o que elasacabaram de dizer é altamente improvável ou as pessoas à sua volta
estão se
esforçando para não rir, é provavelmente que seja uma brincadeira. A resposta
corretaa isto seria contradizer-lhes rindo. Se você se mostrar inseguro sobre
saber se eles estãoou não caçoando de você, eles poderão ver isto como um sinal de
vulnerabilidade.Lembre-se que eles provavelmente nunca vão admitir que eles estão
brincando comvocê, não importa o quão sério você perguntar.
•
As pessoas podem começar a tentar persuadi-lo a fazer algum tipo de espetáculo.
Porexemplo, podem pedir-lhe para fazer uma dança ou cantar uma canção. Mesmo
se vocênão consegue ver nada de errado nisso, é importante não ceder a eles, não
importa oquão persuasivos eles sejam. A resposta é a mesma que para uma
brincadeiramentirosa, talvez apenas com um toque de raiva. Se você ceder a essas
solicitações,provavelmente você vai se tornar um objeto de diversão para todas as
pessoas. Se você já fez isso no passado, não se preocupe, apenas não deixe que isto
se repita.
•
Se alguma vez você entrar em jogos como "
verdade ou conseqüência
” ou jogos deprendas talvez se encontre sob uma pressão ainda maior para fazer
algo. Neste caso,muitas vezes, é normal, mas você pode ser solicitado a fazer algo
que é completamentefora de ordem, neste caso se as pessoas se tornarem muito
persuasivas, você deve sairda sala. Se forem seus verdadeiros amigos, eles não
pensarão mal de você por mais deum dia por causa disso.
•
É preciso não esquecer que nem todas as pessoas são fiéis à verdade. Além
disso,muitas pessoas selecionam certas partes da verdade e rejeitam outras
propositalmentepara a sua própria vantagem (por exemplo, em processos judiciais).
•
Se você precisa descobrir se alguém está mentindo ou não e tiver uma boa razão
parafazê-lo, faça-a questões que possam revelar falhas na sua lógica.
7.1. Equívocos que outras pessoas podem cometer sobre você
•
Se você tem dificuldades com o contato visual ou a linguagem corporal,
algumaspessoas podem erroneamente acreditar que você é tímido ou desonesto. E
issoprovavelmente está errado.
•
Se você não reagir à linguagem corporal das outras pessoas neste mesmo idioma,
elaspodem pensar que você é uma pessoa pouco simpática.
•
Muitas pessoas podem cometer o erro de achar que você não é inteligente!
Istoacontece se você raramente tem a oportunidade de lhes mostrar sinais de
inteligência,há pouca coisa que você pode fazer em relação a isto, como deixá-los
“acidentalmente”ver você fazer algo que você faz bem. Eles podem decidir não
fazer observações, apesarde terem visto o seu talento.
•
Se você tentar sempre parecer mais legal, firme, duro e confiante em si mesmo do
queas outras pessoas, então sempre que você quebrar uma regra não escrita as
pessoas
podem interpretar isto como uma maldade. Neste caso, pode ser de seu
interesseabandonar estas pretensões.
8. Conversas
•
Talvez você saiba que a arte de conversar se dá dentro de um conjunto de
regrasrestritivas.
•
Quando tomamos parte em uma conversa, o que dizemos normalmente deve ser
umacontinuação da última coisa que foi dita. Você deve se concentrar na parte
relevante daconversa de forma ela flua suavemente.
•
Tenha cuidado em falar o óbvio. Evite fazer perguntas quando você pode encontrar
asrespostas você mesmo. Desta forma, a conversa se torna mais útil.
•
Evite repetir a mesma mensagem com outras palavras quando perceber que já
foientendido. Isto pode ser bastante difícil porque a repetição do pensamento é
algomuito próprio do autismo. O mesmo pensamento pode circular e
circular“obsessivamente” na sua cabeça. Se você
tiver
que falar sobre isso tente encontrarnovos ângulos ou diferentes formas de fazer
isto, melhor que isso é procurar algumaforma de semelhança em um assunto
diferente. Assuma uma postura de buscarconstantemente novas coisas para
pensar, esta parece ser uma boa saída.
•
Pode haver assuntos que fascinam você e você realmente queira muito falar sobre
eles.Se o seu interlocutor estiver com um olhar ofuscado ou mantiver o foco em
seusombros, ele pode estar entediado. Você pode dizer: “
Desculpe se falei demais, pois esteé meu assunto preferido
”!
•
Também há pessoas que contestam o que as outras dizem sem dar-lhes tempo
deacabar a frase. No entanto, se você percebeu que ela o compreendeu
corretamente,então não há necessidade de terminar a frase.
•
Se você disse algo que não fez sentido para as pessoas a sua volta, elas poderão
seaborrecer, mas provavelmente o perdoarão. Afinal, todo mundo faz isso algumas
vezes.Basta não fazer isso com muita freqüência.
•
Se você precisa dizer algo que não é pertinente à conversa, mas que é importante,
porexemplo: “
Roberto telefonou para você hoje
” ou “
há um assunto que preciso falar comvocê porque tem me preocupado
”. É melhor se dirigir à pessoa quando ela não estivermantendo uma conversa. Tente
encontrar o momento certo para começar a falar,desenvolva a sua
sincronia
na conversa. Se precisar informá-la a respeito de umtelefonema e pensa que
poderia se esquecer disto se deixar para mais tarde, escrevauma anotação e deixea próxima ao telefone.
•
Se você precisa dizer-lhe algo de importância vital, como “
Roberto recebeu um golpe nacabeça e está caído inconsciente
”, então você
DEVE
interromper a conversa.
•
Para entrar em uma conversa, você precisa antes ouvi-la.
Ouvir
pode ser extremamentedifícil, principalmente porque você vai ter que fazer
esforço para “
manter os seusouvidos abertos 24 horas por dia”
, mas com a prática isto pode melhorar. A coisa maisimportante que você precisa é
entender o
assunto
da conversa (
do que
as pessoasestão falando)!
•
Observe se as outras pessoas estão mantendo um contato visual com você, o que
podesignificar que elas desejam ouvir a sua opinião sobre o assunto da conversa.
•
É mais fácil somente ouvir a conversa se você não tiver alguma idéia préconcebidasobre assunto ou não fizer nenhuma suposição sobre o que os outros vão
dizer.
•
Alguns assuntos da conversa podem ser
tabus
. Você não pode falar sobre tabus. Se vocêtiver dúvida, é melhor se abster de
comentar.
•
Quando uma conversa é bastante emotiva, as pessoas costumam usar
pequenasexpressões como “
Bola para a frente
”, “
Vai dar tudo certo
”, “
Isto é maravilhoso!
”, “
Bem feito!
”. Se você usar estas expressões, pode parecer um tanto sensível e sentimental
aoprincípio, mas elas têm a mesma utilidade de dar a alguém um
Cartão de Aniversário
.Servem para abrir a conversa e permitir que o outro fale sobre como se sente.
•
Se possível, pratique a conversação no computador. Utilize salas de bate-papo
ouprogramas de comunicação (como o MSN). No computador, você não precisa usar
alinguagem corporal, não precisa sincronizar a resposta e tem mais tempo para
pensar.No entanto, considere a conversa pelo computador apenas um treino para
conversaspresenciais com outras pessoas. *
•
Usualmente as pessoas gostam de falar delas mesmas. Evite falar muito sobre
vocêmesmo e deixe que elas falem delas.
*
•
Para que as pessoas falem delas, evite perguntas com respostas muito exatas, por
exemplo:“
Qual sua idade?
”, “
Em que cidade você nasceu?
”, “
Em que escola você estuda?
”. Essasperguntas não dão à outra pessoa a oportunidade de desenvolver a
conversa, pois umavez dada uma resposta rápida à questão, acaba o assunto. Faça
um esforço para fazerquestões que permitam respostas mais longas e
interessantes, por exemplo: “
O que éque mais gostou nas suas férias?
”, “
Porque você decidiu estudar informática?
”, “
O queacha da prefeitura de Campinas?
”, “
O que acha da crise em Israel?
”. *
•
Durante uma conversa, existe geralmente muita troca de "
informação gratuita
". Essainformação é dita a mais do que foi pedido ou era esperado. Use esta
informação, comafirmações ou questões relacionadas para ter novos assuntos
interessantes e manter aconversa. Por exemplo, se um homem diz: “
Você dança muito bem, Raquel! Você fezaulas de dança?
” e a mulher responde “
Na verdade, é a primeira vez que venho aCampinas, eu fazia dança de salão em São
Paulo
”. Neste caso, a mulher deu ao homemuma informação de que tinha vivido em São
Paulo. O homem agora pode perguntar: “
a
razão da vinda dela a Campinas?
”, “
a sua opinião sobre Campinas?
”, “
Como é a dançade salão em São Paulo? Se existem bailes ou encontros?
”, etc. *
8.1. Conhecimentos Gerais
•
Mesmo sendo verdade que os autistas são melhores em captar os detalhes, isto
sóocorre quando fazem um esforço consciente para tal, e podem ter uma
grandedificuldade para captar os detalhes corretos.
•
Além disso, por ficar focado em seus próprios pensamentos, pode ser
extremamentedifícil captar as coisas rapidamente, da forma com que as pessoas
neurotípicas estãoacostumadas a fazer.
•
Pode ser difícil entrar em uma conversa se você não tem o conhecimento geral de
quenecessita. O problema com este tipo de conhecimento é que não há uma fonte
única deinformação onde pode encontrá-lo, mas aqui vão alguns conselhos:
o
As conversas sobre conhecimento geral quase sempre são sobre
esportes(geralmente futebol), música pop, filmes, política, mídia, televisão,
tecnologia,roupas,
hobbys
e entretenimento. No entanto é muito raro encontrar alguémque seja especialista
em todas estas coisas.
o
Muitos adolescentes e adultos jovens que gostam de música colocam maisênfase na
pessoa dos astros da música pop do que na música que eles compõem.Às vezes, eles
ainda escolhem as suas companhias de acordo com a semelhançade preferências na
música ou no esporte. Às vezes, com este tipo de pessoasvocê só pode aceitar que
é incompatível e procurar amigos em outra parte.
o
Com referência a esta última afirmação, o esporte (por exemplo, o futebol)também
pode ser muito seletivo. O esporte é um meio um tanto bairrista namaioria das
vezes, onde as pessoas são amigáveis e apóiam umas às outrasdentro dos que
apóiam um mesmo time, mas discutem e enfrentam todosaqueles que enfrentam
times diferentes.
o
Televisão, rádio, revistas, filmes e jornais podem lhe ajudar a aprender sobreestes
assuntos. Muitos folhetos que podem ser encontrados em revistas podemconter
uma lista de álbuns, CDs e filmes mais populares no momento. Porém,obrigar-se a
aprender sobre assuntos que não te interessam pode ser umagrande perda de
tempo se você não pretende tomar parte em uma conversasobre eles.
o
Se você decidir adquirir o conhecimento geral de que necessita para participarde
certas conversas, é importante que também tente aprender escutando aspróprias
conversas, colocando uma especial atenção às pessoas famosas que
forem mencionadas. Isto pode fazer com o que o processo de aprendizagem
sejamuito mais rápido.
8.2. Nomes
•
Lembrar os nomes das pessoas pode ser muito difícil, mas é muito importante
emconversas sobre pessoas famosas ou para entender argumentos sobre filmes,
livros eespecialmente em histórias de detetive.
•
Lembrar dos nomes das pessoas que você conhece também é difícil, mas não é
tãoimportante como você pode pensar. Lembre-se de não perguntar o nome de
alguémmais de duas vezes e se, depois disto, mesmo assim não se lembrar de seu
nome,lembre-se de prestar atenção da próxima vez que alguém o chamar.
•
Pode ajudar a lembrar o nome das pessoas ligar eles mentalmente com
característicasdas pessoas, como “
Sara é a que tem um anel no dedo
” ou “
Roberto é o de bigode
”.
9. Humor e Conflitos
•
O humor do autista geralmente varia por causa de coisas que lhe parecem
tolas,ridículas ou que lhe parecem insensatas.
•
Pode ser necessário manter o seu riso para si quando algo que é engraçado para
vocênão é tão engraçado para as outras pessoas. O riso é uma das melhores
sensações domundo e ter que reprimi-lo é um incômodo, mas rir no momento errado
podeincomodar as outras pessoas.
•
O humor do não-autista é geralmente relacionado a formas criativas de
encontrardefeitos em outras pessoas e causar-lhes vergonha. Todo mundo é vítima
do humor dosoutros de vez em quando, mas algumas pessoas tendem a sofrer mais
do que as outras.Às vezes as pessoas não autistas podem ser bastante cruéis com o
seu humor. Isto éespecialmente verdadeiro entre adolescentes e jovens adultos,
que tendem a ser menoscuidadosos do que os mais velhos.
•
Para muitos zoólogos, o humor é uma substituição humana para a violência que
osanimais usam para estabelecer uma posição dominante entre eles (hierarquia).
•
Ninguém fala da hierarquia que isto forma.
•
Muitas turmas e grupos de pessoas não são acolhedores com pessoas de fora e
outrosnão. Em geral, alguns são mais acolhedores do que outros.
•
A princípio, a razão pela qual duas ou mais pessoas se unem contra outra é porque
istolhes dá um sentimento de união. Por esta razão costuma ser mais fácil
conversarseriamente com uma pessoa se vocês estiverem sozinhos.
•
Se você disser algo que possa ser mal interpretado em um contexto sexual,
entãoprovavelmente isto se tornará uma piada, às suas custas.
•
Se você for vítima do humor de alguém, muitas vezes isto pode ser traduzido (em
suamente) como uma crítica construtiva, e isto poderá então servir para a
construção dasua personalidade.
•
Se uma piada ou sarcasmo for demasiadamente duro, você pode perguntar “
O que quer dizer com isso?
”, “
Por que disse isso?
” ou “
Isto não foi nada agradável
”. Você deve usara sua capacidade de discernimento para escolher uma resposta
adequada para colocá-lodiante de um questionamento, o que pode ser uma defesa
muito boa!
•
Se uma piada ou sarcasmo é realmente ofensivo, aqui está um último recurso que
vocêpode usar: calmamente falar que acha a brincadeira ofensiva e perguntar-lhe
se sabe oque significa ofensivo. Se a outra pessoa disser “
Não sabe aceitar uma brincadeira?
” ouo ignora, mantenha-se firme e o pergunte outra vez se sabe o que isto significa.
•
As perguntas são geralmente uma forma de defesa muito mais poderosa do que
asafirmações
•
Lembre-se de que as pessoas que provocam você injustamente e sem motivo
sãogeralmente pessoas fracas que projetam em você as suas próprias fraquezas.
•
Se você quiser se juntar a fazer piadas sobre outra pessoa, tenha em mente o
seguinte:
o
Tente não fazer piadas ofensivas, mesmo que as outras pessoas o façam, pois
aspessoas que fazem isto estão geralmente erradas.
o
Tente não dirigir seu humor a pessoas mais perspicazes ou mais sarcásticas doque
você, pois estas pessoas poderão se vingar e provavelmente o farão melhordo que
você, fazendo você se sentir mal. É o equivalente verbal a buscar umabriga com
alguém maior do que você.
o
Ainda, tente não dirigir seu humor para pessoas mais quietas ou tímidas do
quevocê. É o equivalente verbal de tentar brigar com alguém menor do que você.
o
Não faça piadas sobre as mães ou pais de qualquer pessoa, ao menos que todosos
outros o façam. Fazer este tipo de piada em um momento inoportuno podefazer
com que as pessoas reajam de forma violenta com você.
o
Tente não rir das suas próprias piadas.
•
A comédia não é apenas um confronto lúdico, mas também uma forma
muitointeligente das pessoas aceitarem os problemas da sua vida sem ficarem
deprimidas. “
É melhor rir do que chorar
”.
10. Problemas relacionados à sexualidade e questões sobre sair ànoite.
•
Entre os jovens há muito mais conversa e piadas sobre sexo do que pessoa
praticando.
•
As regras para homens e mulheres são diferentes.
•
Se um homem possui muitas namoradas ele pode ser chamado de garanhão. Isto é
umelogio.
•
A maioria dos homens tende a ser atraídos pelas mulheres bonitas, companheiras
einteligentes, mas isto pode variar de um homem para outro.
•
Se uma mulher tem muitos namorados, então ela pode ser chamada de
galinha, p*ta
ou
prostituta
. Isto um insulto, por mais injusta que esta regra possa parecer. Quandoalguém,
por brincadeira, quiser dirigir-se assim a alguma mulher, deve assegurar-se deque
isto soará como uma piada e que o momento é oportuno. Se não está seguro sobreo
momento ser oportuno, então é melhor não dizer nada. Em geral, não diga
essaspalavras.
•
A maioria das mulheres se sente atraídas por homens com boa aparência,
gentis,capazes de interpretar os seus sinais e respeitar seus limites (que sabem
ver sualinguagem corporal), educados, limpos, honestos, que não façam tanto
esforço paraimpressionar, adaptáveis, positivos, companheiros, carismáticos,
divertidos, compersonalidade em sua voz, não muito brandos, mas também não
muito "
machões
" eque demonstrem interesse pelos seus sentimentos. É muito raro encontrar um
homemcom todas estas qualidades juntas e a maioria das mulheres não espera
perfeição.
•
Assim como as regras são diferentes entre homens e mulheres, assim elas também
sãoentres
gays
e lésbicas.
•
Em geral, as mulheres são mais vaidosas que os homens, assim transmitem
maismensagens por linguagem corporal. Usualmente as mulheres transmitem muito
do quequerem dizer por linguagem corporal e esperam que os homens as
decifrem.Geralmente as mulheres ficam frustradas ou perdem o interesse quando
os homens nãodecifram os seus “
sinais
”. *
•
As mulheres preferem se comunicar de forma indireta ou por meio de perguntas.
Porexemplo, quando uma mulher pergunta “
Você está com fome?
” ela está dizendo que
elaestá com fome
. Quando uma mulher pergunta “
Você não acha isso muito caro?
” elaestá dizendo que
ela acha caro
. Tente reparar nas intenções ocultas nas perguntas dasmulheres. *
•
É importante conhecer as gírias e as diferentes regras se você quiser
compreender ogênio dos jovens. Se você não quiser usar estas palavras, você pode
fazer isto, e isto serbom. Você pode procurá-las em um dicionário que seja
moderno e grande o suficiente.
•
Aproximar-se demais de alguém pode trazer problemas ao menos que tenha
sidoestabelecida previamente uma estreita amizade com esta pessoa. No entanto,
pode serque você não queira colocar barreiras entre você e as pessoas. Se você é
um homem,pode permitir que as outras pessoas se aproximem e paquerem você.
Mas se você nãotiver a mesma iniciativa, então está optando por uma posição que
não geraráproblemas, e isto provavelmente é bom (ver limites).
•
Se você é uma mulher, seja cuidadosa na escolha das pessoas com quem você
paquera,se flertar com um homem que possui uma grande falta de respeito pelos
limites, entãoisto pode lhe causar problemas.
•
Quando você iniciar um contato físico com outra pessoa, tente desenvolver um
sensosobre o que é ou não apropriado, ao contrário algumas pessoas podem se
tornar hostiscom você sem explicar exatamente o porquê.
•
Se você está paquerando alguém, não deixe que isso se espalhe publicamente.
Aspessoas poderão começar a fazer gozações e suas chances serão arruinadas.
Você podecontar a um amigo em particular, se achar que isso irá ajudá-lo.
•
Se você é virgem, não conte isso a ninguém e evite conversas sobre
assuntosrelacionados, especialmente se você for homem. O mundo está cheio de
pessoasvirgens, algumas já passaram dos trinta anos, e muito poucos deles
confessam isto. Sevocê já confessou isso a alguém não se preocupe, apenas não
conte a mais ninguém.
•
Se as pessoas brincarem com você apenas porque você é virgem, não deixe que isso
oabale e não permita que isto influa em você de forma que o assunto se torne
umaobsessão, o que somente lhe causará angústia e aflição.
•
Também não se preocupe em fazer isto apenas para dizer que você fez. Alem
dissoquando lhe perguntarem “
você já fez?
” é normalmente mais admirável rir e respondercom algo como “
O que te importa?
”, “
Isso é pessoal.
” ou “
Cuide da sua vida.
”. Isto podefacilmente fazer com o outro pense que você já fez. Afinal, se alguém
dissesse isso avocê, o que pensaria?
•
Se você recentemente saiu ou fez sexo com alguém, os seus amigos podem
tentarpersistentemente descobrir o máximo possível sobre a sua experiência. Isto
pode serextremamente embaraçoso. Nestas situações você pode decidir não
falarabsolutamente nada, esperando que eles percam o interesse.
Alternativamente vocêpode não os levar a sério, e rir dos exageros que eles vão
fazer com a situação.
•
Alguns homens tentam aumentar seus egos colecionando histórias de sexo com
tantasmulheres quanto for possível. Esses homens não entendem que isso pode ser
insultanteou degradante para o ego feminino.
•
Sinceramente, muita gente acha decepcionante a sua primeira experiência sexual.
10.1. Sair à Noite
•
A melhor razão para sair à noite em bares ou casas noturnas é ter bons momentos
econhecer pessoas.
•
Suas saídas noturnas serão muito melhores se fizê-las com os amigos e não
sozinho.
•
Nestes locais as regras relativas à linguagem corporal são ainda mais importantes.
•
Seja cuidadoso com os seus olhares (ao menos, naturalmente, que esteja falando
com apessoa em questão). Se você olhar para alguém seguidamente eles o notarão
pelo cantodos olhos. Isto poderá incomodá-los. Eles poderiam então informar os
seus amigos, etornarem-se secretamente hostis para com você. Isto é
especialmente válido parahomens que olham fixamente para as mulheres.
•
Algumas pessoas podem ser muito amáveis e educadas com você cara a cara, mas
muitomal-intencionadas pelas costas. Se você quer um verdadeiro indício sobre ela
gostar devocê ou não, utilize as regras do contato visual.
•
Se alguém lhe convidar para uma festa, é melhor chegar pelo menos meia hora
maistarde do horário previsto.
•
É conveniente tomar um banho e escovar os dentes antes de sair.
•
É bom que você não seja o primeiro a ir dançar, mesmo que não veja mal nenhum
nisso.O que não significa que você não pode tentar convencer alguém a ser o
primeiro.
•
Se quando você está em uma casa noturna torna-se muito difícil conversar com
aspessoas por causa do volume da música, você pode ser do tipo de pessoa que fica
maisà vontade em um bar ou em uma festa com os amigos.
•
Se você gosta de beber álcool porque isto lhe deixa mais sociável, uma ou duas
cervejasé provavelmente suficiente.
NUNCA
beba a ponto de fazer espetáculos, pois as pessoaspodem perder o interesse ou
tentar tirar vantagens de você.
•
A maioria das pessoas não pensa que fumar é legal, portanto não fume se for por
causadisso.
•
Se você for a uma festa privada na casa de um amigo, pode ser que haja
pessoasutilizando maconha. A maconha tem muitos nomes diferentes como
bagulho, back,erva, marola, baseado, marijuana e cannabis
. A maconha é utilizada para se fazercigarros. Se quiser conhecer a experiência,
tenha em mente os riscos e saiba que vocêpode se tornar menos sociável quando
fumar. Além disso, as drogas podem lhe afetarde uma forma distinta da maioria
das pessoas, pois a sua química cerebral éligeiramente diferente.
•
Tenha muito cuidado onde e quando falar sobre substâncias ilegais, pois elas
SÃOILEGAIS
e podem lhe causar muitos problemas.
•
NUNCA
compre substâncias ilegais nas ruas. Quase sempre as pessoas tentarão enganá-lo,
levar você para caminhos errados, ou serem violentas se você tentar ser amigável.
10.2. Paquerar
•
Se você vai sair para paquerar alguém, então estes conselhos podem ajudá-lo, mas
éessencial que leia primeiro os capítulos sobre
linguagem corporal
(especialmente ostópicos sobre
limites, contato visual
e
roupas
),
distorções da verdade
,
conversas
,
humor e conflitos
e
humor relacionado com o sexo
. Na verdade, é melhor que já tenha lido tudoque foi escrito até aqui.
•
É dito tradicionalmente que o papel de iniciar a paquera é do homem, mas nos
temposatuais, não é estranho para a mulher ter um papel ativo.
•
Se quiser
flertar
com alguém, é melhor no começo apenas conversar e não se aproximardemais.
•
Não tente decorar frases ou assuntos para paquerar. Vai parecer artificial. O
segredo depaquerar é estabelecer um envolvimento emocional com a outra pessoa.
Isso se fazprincipalmente com a conversa. *
•
Limites convenientes podem variar de uma pessoa para outra (ver
linguagem corporal
).
•
É importante não parecer muito ansioso.
•
Uma forma de saber se uma pessoa em que você tem interesse permite que você
abeije é tocar delicadamente nos seus cabelos enquanto conversa (por vários
segundos).Se a pessoa deixar, então significa que também gosta de você. Se depois
disso, vocêficar calado e aproximar o seu rosto do rosto da pessoa cerca de 10 cm
de distância e apessoa não recuar, você pode beijar. *
•
Se você é homem, não utilize muito loção pós-barba.
•
Não paquere qualquer pessoa, mas alguém de quem você goste.
•
Se um homem seduz uma mulher que está bêbada, então aos olhos dos outros ele
estáse aproveitando dela.
•
Se você é um homem, não faça nenhum comentário sobre o quanto você gosta de
umagarota, não importa o quão sutil possa ser. Apenas diminuirá as suas
possibilidades. Emqualquer caso, se fizer algum comentário deste tipo, que seja de
sincera admiração.
•
Se você é uma mulher e faz este tipo de comentário a um homem, eles podem
pensarque você quer oferecer a eles muito mais do que você realmente quer e lhe
causarproblemas.
•
Se uma mulher quer dizer a um homem que não quer sair com ele, ela pode
colocardiscretamente as palavras “
meu namorado
” na conversa. Mesmo que ela não tenha umnamorado, esta é considerada uma
forma educada de fazer com que o homem saibaque ela não tem interesse.
•
Conversar com alguém na verdade não é muito diferente de uma entrevista
informal.Não se esqueça de olhar para o seu rosto por mais de dois terços do
tempo (talvez
mais), enquanto ouve a outra pessoa falar, e sorria um pouco. Se ela reage da
mesmaforma, significa que também gosta de você.
•
Se você quer convidar alguém para sair, faça isso informalmente e sinceramente, e
emum lugar onde ninguém mais possa ouvir.
•
É importante que o convite seja para algo que você e a outra pessoa gostem de
fazer.Assim, antes de fazer um convite, pergunte a pessoa o que ela gosta de
fazer. *
•
Quanto for convidar uma pessoa, comece com alguma coisa mais simples
(quantomenos você pedir, maior a chance de conseguir). Se você acabou de
conhecer alguémpouco tempo, é melhor convidar essa pessoa para um café do que
para um jantarseguido de cinema. *
•
Seja casual nos seus convites (um convite que simplesmente para divertir-se é
muitomais apelativo, que um convite que pareça uma questão de vida ou morte). *
•
Se você receber um não ao seu convite pode ser que a pessoa tenha algo para essa
dataou que não goste da atividade. Se for o caso, a pessoa vai explicar essa
situação ou vaisugerir outra data. Se a pessoa der um não sem qualquer outra
explicação, é sempre útilsugerir uma segunda data e atividade. Se mesmo assim a
resposta continuar a ser umnão simples, o melhor a fazer é dizer algo como "
Que pena que não dê para nosencontrarmos
". *
•
Encontrar o momento oportuno para dar o primeiro passo pode ser muito difícil e
podeser que você tenha que romper com algumas regras que eu estipulei
anteriormenteConvidar alguém para sair é de certa forma apostar toda a sua autoestima e conformar-se com a resposta. Mas se negarem, isto não significa que você
foi estúpido emconvidar.
•
O tempo que transcorre desde a primeira vez que encontra com alguém e esta
pessoatornar-se sua companheira pode ser uns poucos minutos a dias, semanas,
meses ou atéanos. Se transcorrerem apenas alguns segundos, provavelmente há
alguma coisa quenão está bem.
•
Você pode encontrar alguém com que queira sair a qualquer momento, isto é
altamenteimprevisível.
•
Você pode passar uma noite, ou duas, ou três, com uma pessoa que você
realmentegosta, e sobre quem tem ilusões, apenas para descobrir que ela o
desaponta. Isto podeacontecer com qualquer pessoa e é mais difícil de suportar
quando se é inexperiente.
•
Muitas pessoas vão sair umas com as outras em segredo ou ficar muito
tempoflertando, mas nunca admitirão que saem juntos. Trata-se freqüentemente
de umarelação aberta.
•
Seja
sempre responsável
e lembre-se da importância do
sexo seguro e de usarcamisinha
.
10.3. Convites
•
É considerado falta de educação aparecer na casa de alguém sem que você tenha
sidoconvidado, exceto se houverem lhe dito “
venha quando quiser
”, o que pode significaruma vez por mês ou praticamente todos os dias, dependendo
de muitas coisas.
•
Por outro lado, às vezes é difícil saber se as pessoas lhe convidaram ou não.
•
É mais seguro telefonar antes de aparecer na casa de alguém.
•
Em alguns ambientes, por exemplo: repúblicas estudantis, as regras podem
serligeiramente diferentes, pois as pessoas costumam entrar e sair a todo
momento, masainda assim seja cuidadoso.
•
Se você receber um convite para uma festa,
NÃO
significa que você tem que ir mesmoque não queira.
•
Se você for entrar de penetra numa festa com muitas pessoas e não chamar a
atenção,ninguém irá perceber.
•
A princípio é difícil perceber qual o momento certo para ir embora de uma casa em
quevocê está como convidado. Se eles começarem a dizer que estão cansados, esta
podeser uma maneira gentil de dizerem que gostariam que você vá. Se estiverem
sorrindo,fazendo contato visual e mostrando interesse na conversa, é mais provável
que queiramque você fique.
10.4. Segurança pessoal
•
É melhor para qualquer homem ou mulher evitar passar a noite por alguma rua
desertaou mal iluminada, mas aqui há alguns conselhos para você se proteger:
o
Nunca carregue sua carteira à vista.
o
Olhe ao redor de vez em quando.
o
Não olhe para baixo, mas para frente.
o
Aparente que sabe aonde vai e não demonstre medo.
o
Seguindo estas regras você parecerá menos vulnerável e provavelmente maiscapaz
de se defender. Algumas pessoas dizem que ter aulas de artes marciaisajuda a se
sentir mais confiante.
o
Se alguém o ameaçar e correr atrás de você, comece a correr.
o
Se for muito tarde ou não consegue correr, deixe que eles levem a sua carteirase
pedirem. É um preço pequeno a pagar pela sua segurança pessoal.
o
Se levarem a sua carteira, cancele imediatamente todos os seus cartões decrédito
o mais breve possível, registre um boletim de ocorrência num delegaciade polícia e
arrume novos. Mantenha Xerox de todos os documentos e cartões
de crédito em sua casa. Isso vai ajudar a cancelar os cartões e a solicitar
novosdocumentos.
o
Nunca tente barganhar ou falar racionalmente com um assaltante.
o
Finalmente,
SEMPRE
telefone sua mãe ou pai para avisá-los que você resolveupassar a noite fora na casa
de alguém, ou eles se preocuparão tanto queprovavelmente chamarão a polícia para
buscá-lo.
10.5. Estupro
•
No infeliz caso de você ser vítima de violência sexual, é uma boa idéia gritar o mais
altoque você puder antes que o violador faça com que você se cale.
•
A polícia aconselha as mulheres a levar alarmes ou
spray
de pimenta como precaução.
•
A maioria das vítimas de estupro conhece os seus agressores. E mais, a maior parte
dosestupros não acontece nas ruas.
•
Se isto aconteceu com você, saiba que
NÃO
foi à única pessoa a sofrer com isso e quevocê
NÃO
tem culpa disto e se você contar isto às
pessoas certas
elas
acreditarão emvocê
.
•
Se um simples “não” não é suficiente, então o que seria?
11. Encontrando amigos verdadeiros
•
A princípio é difícil ver a diferença entre um verdadeiro amigo e um falso amigo,
maspara os autistas isto pode ser muito mais difícil. Esta é uma tabela feita para
ajudá-lo aperceber as diferenças:
Amigos Verdadeiros
Amigos Falsos
Inimigos
O tratam da mesma forma queaos outros amigos. O tratam de forma diferente
emrelação aos outros. Podem o ignorar a maior partedo tempo. Fazem você se
sentir bem, tantoa curto como em longo prazo. Podem fazer sentir-se bem emcurto
prazo e logo em seguida oesquecer. Fazem você se sentir como senão fosse bemvindo e podemrevelar problemas seus para osoutros. Se o elogiam fazem de
formaautêntica e sincera Podem lhe fazer muitos elogiosque não são verdadeiros.
Podem dar qualquer tipo detratamento, desde o sarcasmo,diminuí-lo, até não o
dirigir apalavra. O tratam como um igual. Podem pedir coisas estranhas.Muitos
ameaçam não seremmais seus amigos ou não jogarem com você se não fizer oque
eles querem. O tratam a princípio, como sefosse uma pessoa menosimportante para
eles.
O que fazer:
O que fazer:
O que fazer:
Correponda eles com a mesmaatenção e os escute.Evite-os e não se sinta culpadode
mandá-los à m* se disseremalgo que é obviamente injusto.Você pode ter feito
alguma coisaque os aborreceu ou eles têmfalta de algum conhecimento ouhabilidade
que você tem. Se forinveja, eles nunca irão admitir.Aceite qualquer elogio que
lhederem com um simples"obrigado" para não fazer eles sesentirem idiotas por
terem oelogiado. Tente demonstrar quevocê gosta deles através dasregras de
contato visual (verlinguagem corporal).Podem ser o tipo de pessoa quesente prazer
em ferir as pessoasmais vulneráveis do que elas porse sentirem fracos e
insuficientespor dentro. Lembre-se disso!Se ocasionalmente vocês seencontrarem
à sós, eles podemmudar e ficarem tranqüilos etímidos para com você. Entãovocê
pode ser capaz de lhe fazerperguntas delicadas, como porque eles o tratam de uma
formadiferente em relação aos outros.Se eles lhe disserem uma
razãosuficientemente convincente,pode ser um bom momento parapedir desculpas
por ter oincomodado de alguma forma edizer que vai tentar não repetiristo no
futuro
•
Você pode encontrar pessoas que não se encaixam em nenhum lugar desta
tabela,neste caso você deve utilizar a sua capacidade de discernimento.
•
Não tenha a ilusão de que todas as pessoas que você conhece se interessam ou
seimportam com você, porque não é verdade. Pessoas que realmente se importem
comvocê geralmente serão da categoria de verdadeiros amigos, ou serão
familiares.
•
Nunca subestime o valor de um
verdadeiro
amigo.
11. Mantendo uma boa imagem
•
Toda vez que freqüentamos um ambiente novo, onde ninguém nos conhece ainda,
paracomeçar a criar uma reputação intacta, é preciso ter uma boa imagem.
•
As pessoas sujam a sua imagem em grande parte pelo descumprimento das
regrassociais não escritas.
•
Se você utilizar regularmente o que leu neste livro, isto deve ser suficiente para
manteruma imagem bastante limpa, mas não espere mantê-la melhor do que a de
todomundo.
•
Todo mundo tenta manter uma nota mental sobre o estado da imagem das
outraspessoas que fazem parte do seu círculo social mais próximo. Isso inclui
coisas quetenham dito, coisas que tenham feito, coisas que podem e não podem
fazer e formacomo se comportam em geral (a impressão que deixam).
•
São principalmente baseados em sua imagem que as pessoas farão piadas com você.
•
Se sua imagem está suja, não se desespere, a princípio é um processo reversível se
vocêfor paciente, deixando de fazer as coisas erradas, ela deve melhorar
lentamente.
•
Tente não contar aos outros muita coisa sobre você mesmo ou sobre suas
fraquezas, aomenos que você as conheça muito bem, pois conhecimento é poder.
Isto não significaque você deva se reprimir (ver preocupações).
•
Se desejar, você pode saber como está à imagem dos outros mantendo os
ouvidosatentos.
•
Algumas pessoas gostam de destacar. As pessoas que se destacam mas não
cumprem asregras sociais não escritas podem facilmente converterem-se em um
alvo ideal depiadas e desdém dos outros
.
•
Fazer um espetáculo consigo mesmo é também um caminho para facilmente tornarseum alvo, mas se você tem
Síndrome de Asperger
pode ser difícil saber o que issosignifica.
•
Fazer um espetáculo consigo mesmo é geralmente fazer coisas em público que o
façamparecer diferente de todos os outros (sendo que o estranho é excluído,
claro).
•
As pessoas que são capazes de se destacar e ao mesmo tempo serem
populares,costuma-se dizer que têm
carisma
. Este é um dom que algumas pessoas possuem e queimplica em ter uma
compreensão muito exata do que ocorre ao seu redor.
Popularmente costuma-se crer que só se pode ter carisma quem já nascer com ele,
oque não é o caso de quem tem
Síndrome de Asperger
.
•
Normalmente é melhor se destacar pelo interior do que pelo exterior.
13. Contando a todos que você é autista (portador da
Síndrome de Asperger
).
•
Em certos grupos de pessoas você pode querer dizer a todos que você é autista.
Está éuma decisão apenas sua.
•
Poderia, sem problemas, desejar dizer isto a apenas uma pessoa do
grupo(preferencialmente um amigo mais próximo). Neste caso, se quiser manter
isto emsegredo é melhor fazer constar isto, de outro modo a mensagem pode se
espalhar eserá muito difícil saber quem sabe
ou não.
•
Isto pode ser muito difícil se é a primeira vez que o faz em sua vida, mas à medida
queas pessoas que forem sabendo podem se tornar menos hostis e muito mais
tolerantes.
•
Por outro lado, você poderá ter contar que é autista tantas vezes e com tantas
pessoasdiferentes, que pode estar cansado e farto de fazê-lo.
•
Na medida em que for fazendo isto, pode ir descobrindo maneiras mais efetivas
decontar que você é autista. As pessoas boas e maduras podem atrair a sua
atenção paraalgo construtivo.
•
Contar que você é autista pode fazer com que algumas pessoas se interessem muito
porvocê e pode te dar muito sobre o que falar.
•
Se a mensagem de que você é autista chega a alguém que o tem
tratadoparticularmente mal, pode fazer com que ele se sinta culpado e faça algo
bom, porémnem sempre.
•
A pior reação que você pode obter é quando algumas pessoas passam a ser mais
hostisquando descobrirem que você é autista. Geralmente são pessoas que já não
gostavammuito de você ou que tem pouco ou nenhum conhecimento sobre o autismo.
•
Pode ser difícil lidar com pessoas que não acreditam quando você diz que é autista
ouportador da
Síndrome de Asperger
. Possuir um entendimento detalhado do problemapode ser útil para desfazer os
mitos (por exemplo: quando as pessoas dizem que vocênão pode ser autista porque
faz muito contato visual, ou mesmo porque você podefalar!).
•
Entre crianças e adolescentes jovens pode ser uma boa idéia não contar que você
éautista, pelo menos até que eles o conheçam muito bem.
•
No mundo do autismo e da Síndrome de Asperger, existe uma demanda que
vocêconsiga expressar para seus pais, professores e outros profissionais
exatamente comovocê se sente sendo autista. É importante colaborar e ser
sincero.
14. Na escola
•
Talvez você tenha professores que não te deixam progredir porque acham que você
nãoé inteligente o suficiente fazer as provas. Se em seu interior você está
totalmenteseguro de que é capaz, isto pode ser extremamente frustrante. Tente
conseguir o apoiode um professor que tenha uma boa avaliação de você.
•
Se você estiver tendo um desempenho ruim em redação e não souber o porquê
disso,talvez seja porque você está escrevendo sobre situações muito estranhas ou
irreais, eneste caso a leitura deste livro poderá ajudá-lo. Lembre-se que manter o
assunto daredação é mais uma questão de entender seus sentimentos do que
simplesmenteescrever palavras.
•
Escute qualquer instrução ou conselho que receber de seu professor, mesmo
queinicialmente eles pareçam pouco importantes para você. Ele o ajudará e será
simpáticodesde que você deixe claro que aceita escutá-lo, confirmando que
entendeu o que foidito balançando a cabeça afirmativamente e dizendo “certo”.
•
Quando as pessoas estiverem lhe explicando coisas interessantes ou você estiver
emuma aula, é muito importante que você demonstre através do olhar este
interesse, ouas pessoas entenderão que você está entediado. Lembre-se de que
enquanto as pessoasfalam, elas observam as expressões no rosto de seus ouvintes.
•
Dê atenção especial aos seus boletins, pois geralmente eles possuem uma
grandequantidade de críticas construtivas.
•
Um dos problemas que você geralmente deve enfrentar em aulas ou palestras é
aconcentração.
Ninguém
é capaz de se concentrar 100% durante todo o tempo, e paratomar notas curtas à
mão é esperado que você tenha de olhar para baixo.
•
Se um palestrante ou professor fizer uma pergunta e ninguém levantar a mão,
issomuitas vezes significa que as pessoas não querem participar e
NÃO
que elas não sabema resposta.
•
Às vezes é um pouco difícil fazer a distinção entre a informação que você precisa e
a quenão precisa guardar na memória.
•
Se você tentar demonstrar uma grande quantidade de conhecimento profundo
sobreassuntos acadêmicos como forma de obter reconhecimento público, você
estará indopelo caminho errado, por mais inteligentes que sejam as pessoas com
quem você fala.
•
Lembre-se que as a maiorias das pessoas costumam exagerar ao falar sobre o
trabalhoque fazem.
•
Tente não se comparar demasiadamente com outras pessoas.
•
Talvez você fique extremamente preocupado com seus exames e provas, mas não
seesqueça de que você pode ter uma vida plena e feliz mesmo sem grandes
qualificaçõesem tudo, como muitas pessoas têm.
•
É possível que você ache mais fácil aprender matemática, ciências, idiomas
estrangeirose informática do que aprender português ou história, ao contrário da
maioria daspessoas, que acham estes últimos mais fáceis.
•
Cuide para escolher trabalhos que não envolvam uma grande socialização ou
longasconversas com as pessoas. Áreas como computadores, investigações ou
farmacologiasão mais fáceis sob este ponto de vista do que vendas, gestão, ensino
ou trabalho social.
•
Lembre-se de que existem um série de regras e convenções sobre trabalhos
acadêmicose apresentações. Estar de acordo com estas regras e seguir um plano
de estudo podeser muito importante para os seus últimos períodos.
•
Um dos sintomas do autismo é você se sentir inseguro se a sua rotina diária ou
semanalfor alterada. Você deve ser capaz de organizar o seu tempo de forma a ter
o suficientepara seu estudo e para dedicar a outras coisas, como ver televisão,
filmes, escutarmúsica ou sair. Desta forma, se alguém o convidar para sair, tente
não pensar sobre oseu trabalho e ser flexível, pois você terá tempo suficiente para
ele depois.
15. Vivendo longe de casa
•
Você pode decidir viver longe de casa por inúmeras razões, seja para ser
independenteou estudar em uma distante universidade ou mesmo morar em um
albergue juvenil poruma ou duas semanas com o fim de conhecer pessoas.
•
Você vai começar com uma boa imagem, para mantê-la assim, veja o
capítulopertinente.
•
Pode ser que você tenha que ser bastante flexível em sua rotina se quiser ter
aoportunidade de sair. Além disso, pode ter que esperar um bom tempo para poder
usara cozinha quando há muita gente ou ter que chegar a um acordo sobre o que
vocês vãoassistir na televisão se você tem preferência por um programas e seus
colegas queremassistir outros (quando só há uma televisão).
•
Sua rotina pode ficar complicada e difícil de lidar se você está fazendo um curso
outrabalho estressante. Neste caso, pode ser de grande utilidade planejar toda a
semanaantecipadamente, o que pode lhe tomar uns 20 minutos de domingo à noite,
maseconomizará mais tempo em longo prazo.
•
Igualmente importante é ter tudo o que necessita organizado previamente na
noiteanterior, de forma que não precise ficar correndo freneticamente tentando
se organizarpela manhã e ter que sair com pressa.
•
Sempre bata na porta antes de entrar no quarto, na sala ou escritório de outra
pessoa,ou provavelmente não será bem recebido.
•
Sempre avise os seus companheiros de casa quando for ficar mais de 24 horas
fora, oueles se preocuparão, inclusive se não são do tipo mais agradável de
conviver, se poralguma razão não puder fazer isto com antecedência, telefone.
•
As pessoas podem esperar que você lave alguma coisa ou limpe a casa de vez
emquando. Isto se chama fazer sua parte e se supõe que deve ser feito em partes
iguaisentre todos e é um esforço do grupo para manter a casa arrumada e limpa.
Isso éconhecido como “
Fazer a sua parte
”. Algumas pessoas não se preocupam com bagunça,desde que esteja tudo limpo,
porém outras pessoas não gostam de bagunça e pensamque cada um deve fazer sua
parte e arrumar as coisas regularmente. Se tiver sorte,viverá com pessoas que
terão a mesma preferência que você. Além disso, é maisprovável as pessoas que não
gostam de desordem façam comentários se notarem quevocê não toma banho com
freqüência suficiente.
•
Pode ser que você tenha muitas formas de cozinhar diferentes dos demais. Para
muitaspessoas isto é aceitável desde que você não deixe uma sujeira desnecessária
para trás ese você arrumar a mesa, algumas pessoas podem fazer comentários e
pedir que vocêfaça coisas da mesma forma que eles fazem. È sua escolha decidir se
faz as coisas de seumodo ou como eles pedem, mas em qualquer caso, reflita sobre
ambas as opções.
•
Fazendo notas mentais sobre a forma com que outras pessoas cozinham,
esfregam,lavam sua roupa, limpam a casa ou fazem as compras, será capaz de
aprender maisrapidamente formas de mais eficientes de fazer estas coisas você
mesmo. Você podedescobrir atalhos que o ajudem a não ter que fazer trabalhoextra.
•
Se tiver um pouco de tempo livre, pode ir ao supermercado, comprar os
ingredientes deque necessitar e cozinhar uma comida realmente boa. Se tiver uma
receita ou aembalagem vier com um conjunto de instruções, tente segui-los. É mais
barato planejarcom antecedência os ingredientes de que você vai necessitar e
comprá-los junto com asoutras compras no supermercado ao invés de comprá-los na
venda da esquina.
•
As pessoas não autistas são muito boas em lembrar que pratos, copos, panelas
earmários pertencem a cada um. Coisas como esta lhe permitem prestar atenção e
dar-se conta delas também.
•
Se seus companheiros de casa usam maconha ou outras substâncias ilegais, não
digauma palavra sobre isso fora de casa (ver saídas noturnas para mais
informação).
•
Seguir as regras do capítulo sobre linguagem corporal pode tornar você uma
pessoamais fácil de conviver. Lembre-se ainda de que pode haver uma hierarquia na
casa, deque todos sabem, mas sobre a qual ninguém fala nunca.
•
Você poderá viver em uma casa em que todos são desagradáveis com você. Neste
casopode ser uma boa idéia mudar de casa, tentando de novo com novas pessoas e
com aimagem novamente limpa.
•
Se você puder, leia o contrato e leve-o para uma análise profissional antes de
assiná-lo,quando for mudar de lugar, se houver.
15.1. Usando o telefone
•
Responda sempre por telefone com uma voz educada, clara e relaxada.
•
Quando falar por telefone, pode ser de grande alívio saber que a linguagem
corporal e ocontato visual deixam de ser importantes, mas o tom de voz e a clareza
de linguagem setornam mais importantes.
•
Se alguém quer falar com outra pessoa pergunte educadamente “
quem deseja?
” paraque ela diga seu nome e então diga “
Sim, vou ver se ele está
”. Isto dará à outra pessoa aoportunidade de lhe perguntar “
quem é?
” e talvez dizer “
diga que não estou
” se foralguém com que ela não queira falar.
•
Não diga seu nome se a outra pessoa não tiver dito com quem ela deseja falar.
•
Se a pessoa não está em casa você pode perguntar se ela quer deixar algum recado,
eneste caso você pode não se lembrar de comunicá-lo, por isso
DEVE
fazer uma nota edeixá-la perto do telefone.
•
Quando telefonar a outras pessoas, que não seja muito cedo pela manhã ou muito
tardepela noite. Isto pode exigir paciência. Se desejar telefonar a alguém que
tiver conhecidoem uma saída noturna e que você gostou, é melhor não telefonar
logo depois de teremse encontrado, espere um dia pelo menos.
15.2. Convidados
•
Quando houver convidado um amigo ou você for convidado, ou inclusive quando
estávivendo com um amigo, há algumas questões que você deve conhecer.
•
Normalmente é responsabilidade do anfitrião oferecer uma bebida ao convidado.
Oconvidado não deve ter que perguntar.
•
Ás vezes pode ser que você tenha que fazer algum esforço para que o convidado
sesinta cômodo.
•
Tente evitar situações em que as outras pessoas se sintam
normalmente“encurraladas”, física ou verbalmente. Para isto basta que o conheça
bem.
•
Evite situações em que tenha que deixar a só um amigo ou convidado.
•
Dizer a uma pessoa que ela tem que ir embora é um processo delicado e às vezes
podeser difícil para você perceber isso. Muitas vezes as podem fazer gentis
insinuações ouindiretas. Se você não captar a mensagem rapidamente, pode às
vezes criar uma certatensão. Um riso e um sorriso pode deixar a despedida muito
mais tranqüila.
16. Entrevistas e empregos
•
Em uma entrevista a linguagem corporal é muito importante e você deve se
apresentar relaxadoe seguro de si mesmo. Sente-se com os braços ao seu lado ou
no seu colo e uma boa postura,mesmo que isso seja um esforço para você. Esperam
que você fale claramente eprofissionalmente.
•
As primeiras impressões são extremamente importantes.
•
Prepare tantas respostas para possíveis perguntas quanto puder, mas não ensaie ou
redijamuito ou será muito rígido em suas respostas. É bom obter ajuda nesta fase.
•
Saiba quais são os seus próprios talentos e habilidades
•
O entrevistador deixará alguns
indícios
no final da entrevista (utilizando principalmente alinguagem corporal) para
comunicar se é provável ou improvável que você consiga o emprego.
•
Há cursos que ensinam as técnicas a serem usadas nas entrevistas.
•
No ambiente de trabalho se aplicam as mesmas regras que nos outros lugares, com
a diferençade que no local de trabalho o que está em jogo é o seu emprego. O que
significa que é muitoimportante manter uma boa imagem ou você pode se tornar um
bode expiatório
, o que é umagrande ameaça para o seu emprego (ver distorções da verdade).
•
Em caso de dúvida no escritório, fique quieto e tranqüilo. Freqüentemente, isto é
visto comouma boa qualidade.
•
Goste ou não, alguns empregos serão mais convenientes que outros para autistas e
portadoresda
Síndrome de Asperger
. A seguir alguns exemplos:
Empregos Adequados Empregos Inadequados
•
Designer gráfico
•
Técnico em informática
•
Programador de computadores ou analistade sistemas
•
Engenheiro
•
Matemático, Físico, Químico, Biólogo, etc.
•
Pesquisador científico
•
Pesquisador de área médica(Todas estas são profissões respeitáveis,
quegeralmente se desenvolvem em ambientes compessoas mais tolerantes àqueles
que são maisfechados. Observe que aqui eu escolhi carreirasmuito complexas e que
existem muitas outrascarreiras mais simples).
•
Vendedor
•
Gerente
•
Advogado
•
Policial
•
Médico, Dentista ou Agente da VigilânciaSanitária
•
Professor de escola secundária
•
Piloto de avião
•
Ator(Todas as profissões listadas aqui são muitocompetitivas e estressantes e
envolvem tomardifíceis decisões e assumir compromissos sobintensa pressão de
outras pessoas; algumastambém envolvem o uso de linguagem corporal
einterpretação de uma forma sutil).
•
No trabalho, todo mundo está submetido a uma grande pressão para manter
oemprego. Isto significa ser organizado e metódico todo o tempo para evitar
situaçõesconfusas. Uma boa comunicação é muito importante.
•
Por mais triste que pareça, podem ocorrer situações difíceis em seu local de
trabalhoem que você pode sentir grande compaixão por alguém que está a ponto de
perder seuemprego injustamente. Porém, defendê-lo pode por em risco o seu
próprio emprego. Sedesejar defender alguém a uma autoridade mais alta,
pergunte-se primeiro se vale àpena correr este risco.
•
Deve-se estar atento com pessoas de “personalidade autoritária”. Estas são
pessoas quetendem a seguir ao pé da letra o manual de instruções, muito
respeitosos com oschefes, autoritário com os subordinados e é muito difícil
raciocinar com eles. O querealmente você precisa ter em consideração é que estas
pessoas podem ser muito maisespertas do que parecem.
•
Se você está pesquisando, pode encontrar uma situação onde deve patentear,
registrara propriedade intelectual ou ter alguma prova de propriedade sobre
alguma parte dotrabalho que você tem produzido. O procedimento mais sensato é
fazer uma cópia,colocar em um envelope e enviar por correio à sua chefia. Não abra
o envelope quandoele chegar a você, mas guarde-o fechado em um lugar seguro.
•
Só encontrarás três tipos de pessoas na vida, os submissos, os assertivos
(afirmativos) eos agressivos. Tente ser do tipo
assertivo
.
Submissos Assertivos Agressivos
•
Olha para baixo.
•
Mantém seus punhosfechados (um sinal defechamento).
•
Falam baixo.
•
Dão passos para trás quandoconversam com eles.
•
Têm um aperto de mãofraco.
•
É colocado para baixo pelosoutros facilmente.
•
Freqüentemente estáirritado consigo mesmo porpermitir que outras pessoasse
aproveitem dele.
•
São tímidos e retraídosquando estão com outraspessoas.
•
Não aceita cumprimentos.
•
Desculpa-sefreqüentemente.
•
Mantém uma postura eretae relaxada.
•
Durante a conversa mantémum contato visual por maisde dois terços do
tempo,olhando para o rosto emconjunto.
•
Possui um aperto de mãofirme, mas não muito forte.
•
É capaz de dizer não quandoachar necessário.
•
Pode expressar os seusverdadeiros sentimentos.
•
Está interessado na opiniãode outras pessoas tantoquanto na sua própria.
•
Tenta tratar todos damesma forma.
•
Mantém uma postura ereta,mas muito rígida.
•
Mantém os braços cruzados
•
Gritam e apontam com odedo.
•
Batem na mesa.
•
Mantém contato visualdurante todo o tempo emque está falando
(olhandofixamente para os olhos).
•
Costuma preferir falar aouvir.
•
Gosta de dizer aos outros oque eles devem fazer.
•
Acredita que sempre temrazão.
•
Gosta de chamar as outraspessoas de inúteis.
•
Tende a se tornar umapessoa muito solitária, poisas pessoas entendem que
énecessário muito cuidadopara se aproximar dela.
17. Dirigir
•
Dirigir é uma habilidade complicada de ser adquirida. O quão rápido você aprende a
dirigir nãopossui relação com a sua inteligência ou com outras coisas. Pessoas
realmente lerdas sãocapazes de aprender a dirigir em cinco lições e pessoas
inteligentes podem precisar decinqüenta.
•
Eu mesmo passei por um verdadeiro inferno para aprender a dirigir. O mais difícil
para mim foiaprender a antecipar e prever ações. Além do mais, um dos instrutores
que tive era muitoautoritário.
•
Se puder, encontre um instrutor sensível. Alguns instrutores podem ser
arrogantes, atrevidos,impulsivos e impacientes.
•
Como eu já salientei, tente não se comparar com outras pessoas. Elas podem
exagerar sobre onúmero de aulas de que necessitaram e podem estar mentindo
quando disserem que passaramno exame de primeira.
•
O progresso lento é um progresso
18. Viajando ao estrangeiro
•
Se você viajar ao estrangeiro, por qualquer motivo, poderá encontrar situações em
que tenhaque se adaptar a um estilo de vida muito diferente, isto pode ser muito
agradável, mas tambémpode ser muito difícil e incômodo para você (choque
cultural).
•
Sempre que você estiver em um país diferente, preste muita atenção ao atravessar
a rua,porque em muitos países há muitos condutores imprudentes, bêbados,
andando em excesso develocidade, contando por atalhos, gritando com os outros
condutores e muito presunçosos.
•
Se você está viajando por sua conta e risco, seja cuidadoso ao escolher os seus
destinos,descubra as razões pelas quais a maioria das pessoas vão até lá e não se
apresse em suadecisão.
•
Se você decidir viajar em uma excursão, lembre-se de que terá que viajar e viver
com o mesmogrupo de pessoas quase 24 horas por dia e que as regras do capítulo "
Vivendo fora de casa
"podem ter o dobro de dificuldade para serem aplicadas. Além disso, você pode
acabar vivendode uma forma que lhe é desconfortável e incômoda.
•
Se você não for recebido pelo grupo como você gostaria, você pode optar por
abandoná-lo efalar com as pessoas do país que você está visitando, que poderão
recebê-lo de braços abertos etratá-lo como hóspede de honra em sua casa, onde o
ritmo de vida pode ser muito maispausado e tranqüilo do que o que você está
acostumado.
•
Se acabar como hóspede na casa de alguém com toda a sua bagagem e posses,
assegure-se deescrever o seu endereço e/ou seu número de telefone o mais cedo
possível, preferencialmenteem segredo, de forma que se você se perder (por
exemplo, na cidade) não fique sem contatocom elas. Tome cuidado e desconfie
sempre de pessoas amigáveis demais. Lembre-se que osportadores da
Síndrome de Asperger
podem assumir confiança demais nas pessoas,principalmente por não acharem que
isso pode vir a ser um problema.
•
Por outro lado, em alguns países as pessoas tendem a serem mais frias com você do
que os queestão no Brasil e pode ser muito incômodo falar com elas. Pode também
haver muitas tensões,preconceito e racismo nestes lugares, de forma que se você
tiver uma religião diferente, porexemplo, é melhor que guarde essa informação
para si.
•
Em lugares mais pobres as coisas não costumam ocorrer de forma tão suave e
descomplicadaquanto em lugares mais riscos, e viver pode ser uma experiência mais
arriscada. Mesmo que aspessoas em lugares mais pobres sejam muito amigáveis,
podem por vezes se tornarem muitodesagradáveis se provocadas ou ofendidas de
alguma forma. O valor da vida humana pode sermuito menor em lugares mais
pobres.
•
Em lugares pobres, as pessoas passar por muitas necessidades (ser muito pobres
ou miseráveis),mas isto não significa que você estará ajudando se entregar o seu
dinheiro para elas. Nos paísespobres existe muita corrupção e o dinheiro tem por
costume encontrar o caminho para aspessoas mais ricas e sem escrúpulos que
exploram as pessoas mais pobres do que eles. Asorganizações de ajuda humanitária
e ONGs têm muita experiência e estão capacitadas paralevar dinheiro e recursos
para as pessoas certas e nos lugares certos.
•
Nos lugares pobres, a polícia, o sistema legal e o sistema judicial podem ser
bastante severos ecorruptos, assim não se envolva com confusões e tente manter a
cabeça baixa. A polícia podeser capaz de obter muito dinheiro com suborno,
colocando-o como bode expiatório ecolocando-o como refém em suas sujas,
superlotadas e incômodas cadeias.
•
Se você está viajando ao estrangeiro de forma independente pela primeira vez, é
certamentemelhor preferir países de primeiro mundo, viajando para países como
França, Holanda, Canadá,Espanha, Escócia ou Suíça, que possuem muitos lugares
bonitos e agradáveis.
18.1. Comércio
•
Em alguns países (No Brasil, em todos os do terceiro mundo e alguns da Europa
Mediterrânea) éesperado que você barganhe no mercado. Os preços acordados
podem variar nos diferenteslugares de metade até um oitavo do que você pagaria
comprando em países ricos. Barganhecom um sorriso e com a moral alta, mas
lembre-se de que é sempre responsabilidade sua serassertivo e não se deixar ser
extorquido. É também exclusivamente responsabilidade dovendedor que baixa o
preço não vender com prejuízo. Se você conseguiu fazer um bom negócio,eles
podem tentar despertar culpa em você dizendo coisas como "
você está levando os sapatosdos meus filhos
”.
•
Lembre-se que ao ser enganado você pode ficar muito irritado consigo mesmo.
•
Estas pessoas não vendem com prejuízo, algumas delas podem ter décadas de
experiência comvendas.
•
Se alguém quer fazer um trato com você que parece injusto ou pouco viável,
simplesmente diga“não, obrigado” e vá embora tranqüilamente.
•
É muito fácil ser enganado se você não está familiarizado com a moeda.
•
Se fizer um negócio informal, tente não ser muito generoso nem muito tacanho.
Encontrar oequilíbrio pode ser difícil.
19. Oportunidades de conhecer pessoas
•
O primeiro passo para engajar-se em uma vida social é muitas vezes encontrar um
anúncio emseu jornal local e pegar o telefone. O passo mais difícil freqüentemente
é pegar o telefone.
•
Locais como
clubes e sociedades
podem ser um bom meio de conhecer pessoas, mas muitasvezes isto exige que você
seja bom em um determinado hobby ou interesse que seja valorizadopelo grupo. No
entanto, há também clubes e locais cuja finalidade é unicamente conhecerpessoas.
•
Trabalhos voluntários
são anunciados nos jornais e provavelmente também em sua bibliotecalocal.
•
Além disso, pode ser uma boa idéia matricular-se em algum curso. Cursos de
aconselhamento egrupos de psicologia podem lhe ajudar a compreender melhor a
interação social. Mesmo quevocê não consiga ser aprovado no curso, pode
facilmente encontrar mais benefícios erecompensas no curso do que qualquer outro
estudante.
20. Uma análise pessoal da profundidade do problema
Pessoalmente creio que a chave para superar o autismo é compreendê-lo. O autismo
écausado por diversos processos bioquímicos que afetam a forma com que o
cérebro sedesenvolve.Durante algum tempo acreditei que o cérebro das pessoas
autistas estava estruturadode forma ligeiramente diferente de forma que havia
uma tendência maior dos impulsos neuraispara viajar para cima e para baixo
(pensamento literal) e uma menor tendência a moverem-selateralmente
(pensamento lateral). Este fenômeno estaria estendido por todo o cérebro aoinvés
de estar localizado em certas regiões. Os experimentos com redes neurais
emcomputadores têm demonstrado que as redes que enfatizam o movimento
vertical dainformação (como um cérebro autista) mostram uma grande habilidade
com detalhes porémmuita dificuldade para distinguir as coisas.Em uma maior e mais
complexa escala do cérebro, isto significa que as pessoasneurotípicas são mais
conscientes do argumento todo e as pessoas autistas são maisconscientes dos
detalhes. Os autistas são melhores nos problemas lógicos, porém menosintuitivos.
Isto não significa necessariamente que os autistas possuem memórias
brilhantes,muito pelo contrário, a princípio podem ser bem distraídos para algumas
coisas. A elevadasensibilidade sensorial e a constante atenção com os detalhes
extras, a maioria dos quais nãosão importantes, podem ser uma fonte inesgotável
de distração para a concentração e ashabilidades de aprendizagem. Pode ser
especialmente difícil captar a informação relevantereferente à cultura em que
vive, especialmente nas atuais sociedades evoluídas, nas quais creioque está
havendo uma sobrecarga cultural (ver conhecimento geral).
O que eu acredito agora é similar ao descrito acima, mas ligeiramente
modificado.Agora creio que talvez a causa primordial do autismo é uma
predisposição à reavaliação depensamentos prévios (e por isso a repetição e os
rituais). Conseqüentemente, a capacidadepara a intuição e a consciência contextual
se reduz.Para avaliar uma situação social é preciso encontrar muitas pistas e unilas o maisrapidamente possível em um conjunto. A dedução final é muitas vezes
maior do que a soma desuas partes.Além disso, outra coisa difícil para a pessoa
autista é encontrar um “
ponto de equilíbrio
”e isto pode ser visto em todos os níveis de conduta e relacionamento. A habilidade
paraadaptar-se ao “
continuum situacional
” e moldar-se ao mundo que o cerca é, sem dúvida, umaestratégia de sobrevivência
extremamente antiga, que é mais relevante nos aspectos sociais davida.Muitos dos
problemas experimentados por alguém com
Síndrome de Asperger
podemser atribuídos a uma inexplicável sucessão de má sorte. A única forma de
poder tornar estesentimento muito menos frustrante é encarar os seus problemas
como desafios a seremsuperados ao invés de problemas.Não quis que as pessoas
pensassem que existe apenas uma definição do que é oautismo ou a
Síndrome de Asperger
, porém se tivesse que explicar com uma única frase seria:
Os autistas têm que compreender de forma científica o que já as pessoas
nãoautistas compreendem instintivamente.
21. Outros livros
WEIL, P., TOMPAKON, R. “O corpo fala: alinguagem silenciosa da comunicação
nãoverbal”, 60 ed., Editora Vozes, 1986, 288 p.PEASE, A., PEASE, B.,
“Desvendando osSegredos da Linguagem Corporal”, EditoraSextante, 2005, 272
p.MARKHAM, U., “Como Lidar com PessoasDifíceis”, Mandarim, 1999ROBISON,
J.E., “Olhe nos meus olhos: minhavida com a sindrome de asperger”,
EditoraLarousse, 2008, 255p.WILLIAMS, C., WRIGHT, B., “Convivendo
ComAutismo e Síndrome Asperger: EstratégiasPráticas para Pais e Profissionais”,
M. Booksdo Brasil, 2008, 326 p.ATTWOOD, T., “Síndrome de Asperger: UmGuia
para Pais e Profissionais”, Editora Verbo,2006, 240 p.
Marc Segar morreu tragicamente em um acidente de carro no final de 1997.Em sua curta
vida, teve grande influência e este livro é o seu memorial.
Este livro é uma tradução de “
Coping: A Survival Guide for People with Asperger Syndrome
” porMarc Segar. O livro original pode ser obtido em:
The Early Years Diagnostic Centre, 272 Longdale Lane, Ravenshead,
Nottinghamshire, England,NG15 9AH, Fone: +44 (0) 1623 490879, Fax: +44 (0)
1623 794746O
O livro é de domínio público, sendo sua versão web escrita por Alistair Edwards
em:http://www-users.cs.york.ac.uk/~alistair/survival/ Consulte também o
Wikibook
“
A survival guide for people on the autistic spectrum
”(http://en.wikibooks.org/wiki/A_survival_guide_for_people_on_the_autistic_spe
ctrum)Esta tradução foi revisada por Jorge Albuquerque (2008)
[email protected]ído sobre Licença Creative Atribuição-Uso
Não-Comercial-Compartilhamento pela Licença 2.5Brasil Commons.
(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.5/br/)
ANEXO ISíndrome de Asperger
(http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Asperger)A chamada
síndrome de Asperger, transtorno de Asperger ou desordem de Asperger
(códigoCIE-9-MC: 299.8), é uma síndrome do espectro autista, diferenciando-se do
autismo clássico por nãocomportar nenhum atraso ou retardo global no
desenvolvimento cognitivo ou da linguagem doindivíduo. É mais comum no sexo
masculino, em uma proporção de dez homens para cada mulher.Quando adultos,
podem viver de forma comum, como qualquer outra pessoa que não possui
asíndrome. Há indivíduos com Asperger que se tornam professores universitários.O
termo "síndrome de Asperger" foi utilizado pela primeira vez por Lorna Wing em
1981 num jornal médico, que pretendia desta forma homenagear Hans Asperger,
um psiquiatra e pediatraaustríaco cujo trabalho não foi reconhecido
internacionalmente até a década de 1990. A síndrome foireconhecida pela primeira
vez no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, na suaquarta
edição, em 1994 (DSM-IV).Alguns sintomas desta síndrome são: dificuldade de
interação social, falta de empatia,interpretação muito literal da linguagem,
dificuldade com mudanças, perseveração em comportamentosestereotipados. No
entanto, isso pode ser conciliado com desenvolvimento cognitivo normal ou
alto.Alguns estudiosos afirmam que grandes personalidades da História possuíam
fortes traços dasíndrome de Asperger, como o físico Isaac Newton, o compositor
Mozart, os filósofos Sócrates eWittgenstein, o naturalista Charles Darwin, o
pintor renascentista Michelangelo, o cineasta StanleyKubrick, o artista Andy
Warhol e o enxadrista Bobby Fisher,além de ser tema de diversas obras
literárias,como no caso de Mark Haddon.
Classificação e diagnóstico
A Síndrome de Asperger se relaciona com o Transtorno de Asperger definido na
seção 299.80 doDSM-IV por seis critérios principais, que definem a síndrome
como uma condição com as seguintescaracterísticas:
•
Prejuízo severo e persistente na interação social;
•
Desenvolvimento de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses
eatividades;
•
Prejuízo clinicamente significativo nas áreas social, ocupacional ou outras
áreasimportantes de funcionamento;
•
Nenhum atraso significativo no desenvolvimento da linguagem;
•
Não há atrasos clinicamente significativos no desenvolvimento cognitivo ou
nodesenvolvimento de habilidades de auto-ajuda apropriadas à idade,
comportamento
adaptativo (em outra área que não na interação social) e curiosidade acerca
doambiente na infância.
•
A não-satisfação dos critérios para qualquer outro transtorno pervasivo
dedesenvolvimento específico ou esquizofrenia.A Sindrome de Asperger é um
transtorno do espectro do autismo (ASD em inglês), uma dascinco condições
neurológicas caracterizadas por diferenças na aptidão para a comunicação, bem
comopadrões repetitivos ou restritivos de pensamento e comportamento. Os
quatro outros transtornos oucondições são Autismo, Síndrome de Rett, Transtorno
Desintegrativo da Infância e PDD não especificado(PDD-NOS) (transtorno
pervasivo de desenvolvimento não-especificado de outra forma).O diagnóstico de
Asperger é complexo em virtude de que mesmo através do uso de
váriosinstrumentos de avaliação não existe um exame clínico que a detecte. Os
critérios de diagnóstico do
Diagnostic and Statistical Manual
norte-americano são criticados por serem vagos e subjetivos. Outrosconjuntos de
critérios de diagnóstico para Asperger são o ICD 10 da OMS, o de Szatmari, o de
Gillberg, eCritério de Descoberta de Attwood & Gray. A definição ICD-10 tem
critérios semelhantes aos da versãoDSM-IV
Asperger's syndrome had at different times been called Autistic psychopathy and
Schizoid disorder of childhood
, apesar de tais termos serem atualmente entendidos como arcaicos e imprecisos,e
portanto, não mais aceitos no uso médico.Alguns médicos acreditam que Asperger
não é um transtorno separado e distinto, e referem-sea ela como Autismo de Alta
Funcionalidade (AAF). Os diagnósticos de Síndrome de Asperger e AAF sãousados
indistintamente, complicando as estimativas de prevalência: a mesma criança pode
receberdiferentes diagnósticos, dependendo do método aplicado pelo médico.
Algumas crianças podem serdiagnosticadas com AAF em vez de SA, e vice-versa.
Vários clínicos experientes aplicam o procedimentopreventivo para Autismo de
Alta Funcionalidade ou o padrão regressivo de desenvolvimento como
fatordiferencial entre síndrome de Asperger e AAF. A classificação atual dos
transtornos de desenvolvimentopervasivo (TDP) não satisfaz a maior parte dos
pais, médicos e pesquisadores, nem reflete a realnatureza das condições. Peter
Szatmari, um pesquisador canadense de TDP, acredita que é necessáriauma maior
precisão para diferenciar melhor os vários diagnósticos. Os padrões DSM-IV e
ICD-10 seconcentram na idéia de há discretas entidades biológicas dentro do PDD,
o que leva a uma preocupaçãocom a busca por diferenças cross-sectional entre
subtipos de PDD em vez de reconhecer as condiçõescomo pontos distintos em um
espectro, uma estratégia que não foi muito útil na classificação nem naprática
clínica.
Características
A Síndrome de Asperger é caracterizada por:
•
Interesses específicos ou preocupações com um tema em detrimento de
outrasatividades;
•
Rituais ou comportamentos repetitivos;
•
Peculiaridades na fala e na linguagem;
•
Padrões de pensamento lógico/técnico extensivo (às vezes comparado com os
traços depersonalidade do personagem Spock de Jornada nas Estrelas);
•
Comportamento socialmente e emocionalmente impróprio e problemas de
interaçãointerpessoal;
•
Problemas com comunicação;
•
Habilidade de desenhar para compensar a dificuldade de se expressar
verbalmente;
•
Transtornos motores, movimentos desajeitados e descoordenados.As
características mais comuns e importantes da SÍNDROME DE ASPERGER podem
ser divididasem várias categorias amplas: as dificuldades sociais, os interesses
específicos e intensos, epeculiaridades na fala e na linguagem. Outras
características são comumente associadas com essasíndrome, mas nem sempre
tomadas como necessárias ao diagnóstico. Esta seção refleteprincipalmente as
visões de Attwood, Gillberg e Wing sobre as características mais importantes da
SA;os critérios DSM-IV representam uma visão ligeiramente distinta.
Diferentemente da maioria dos tiposde TDP, a síndrome de Asperger é geralmente
camuflada, e muitas pessoas com o transtorno convivemperfeitamente com os que
não têm. Os efeitos da Síndrome de Asperger dependem de como o
indivíduoafetado responde à própria síndrome.
Diferenças sociais
Apesar de não haver uma única distinção comum a todos os portadores de SA, as
dificuldadescom o convívio social são praticamente universais, e portanto também
são um dos critérios definidoresmais relevantes. As pessoas com Síndrome de
Asperger não têm a habilidade natural de enxergar ossubtextos da interação
social, e podem não ter capacidade de expressar seu próprio estado
emocional,resultando em observações e comentários que podem soar ofensivos
apesar de bem-intencionados, ouna impossibilidade de identificar o que é
socialmente "aceitável". As regras informais do convívio socialque angustiam os
portadores da Síndrome de Asperger são descritas como "o currículo oculto".
OsAspergers precisam aprender estas aptidões sociais intelectualmente de
maneira clara, seca, lógicacomo matemática, em vez de intuitivamente por meio da
interação emocional normal.Os não-autistas são capazes de captar informação
sobre os estados cognitivos e emocionais deoutras pessoas baseadas em "pistas"
deixadas no ambiente social e em traços como a expressão facial,linguagem
corporal, humor e ironia. Já os portadores da Síndrome de Asperger não têm
essacapacidade, o que é às vezes chamado de "cegueira emocional". Este fenômeno
também é consideradouma carência de teoria da mente. Sem isso, os indivíduos
com Síndrome de Asperger não conseguemreconhecer nem entender os
pensamentos e sentimentos dos demais. Desprovidos dessa informaçãointuitiva,
não podem interpretar nem compreender os desejos ou intenções dos outros e,
portanto, sãoincapazes de prever o que se pode esperar dos demais ou o que estes
podem esperar deles. Issogeralmente leva a comportamentos impróprios e antisociais. No texto
Asperger's Syndrome,Intervening in Schools, Clinics, and Communities
, Tony Attwood categoriza as várias maneiras que acarência de "teoria mental" ou
abstração podem afetar negativamente as interações sociais deportadores de
Asperger:
•
Dificuldade em compreender as mensagens transmitidas por meio da
linguagemcorporal: pessoas com Síndrome de Asperger geralmente não olham nos
olhos, equando olham, não conseguem "ler".
•
Interpretar as palavras sempre em sentido denotativo: indivíduos com Síndrome
deAsperger têm dificuldade em identificar o uso de coloquialismos, ironia, gírias,
sarcasmoe metáforas.
•
Ser considerado grosso, rude e ofensivo: propensos a comportamento
egocêntrico,Aspergers não captam indiretas e sinais de alertas de que seu
comportamento éinadequado à situação social.
•
Honestidade e ludibrio: portadores de Asperger são geralmente considerados
"honestosdemais" e têm dificuldade em enganar ou mentir, mesmo às custas de
magoar alguém.
•
Aperceber-se de erros sociais: à medida que os Aspergers amadurecem e se
tornamcientes de sua "cegueira emocional", começam a temer cometer novos erros
nocomportamento social, e a autocrítica em relação a isso pode crescer a ponto de
setornar fobia.
•
Paranóia: por causa da "cegueira emocional", pessoas com Síndrome de Asperger
têmproblemas para distinguir a diferença entre atitudes deliberadas ou casuais
dos outros,o que por sua vez pode gerar uma paranóia.
•
Lidar com conflitos: ser incapaz de entender outros pontos de vista pode levar
ainflexibilidade e a uma incapacidade de negociar soluções de conflitos. Uma vez
que oconflito se resolva, o remorso pode não ser evidente.
•
Consciência de magoar os outros: uma falta de empatia em geral leva
acomportamentos ofensivos ou insensíveis não-intencionais.
•
Consolar os outros: como carecem de intuição sobre os sentimentos alheios,
pessoascom AS têm pouca compreensão sobre como consolar alguém ou fazê-los se
sentiremmelhor.
•
Reconhecer sinais de enfado: a incapacidade de entender os interesses alheios
podelevar Aspergers a serem incompreensivos ou desatentos. Na mão inversa,
pessoas comSíndrome de Asperger geralmente não percebem quando o interlocutor
está entediadoou desinteressado.
•
Introspecção e auto-consciência: indivíduo com Síndrome de Asperger têm
dificuldadede entender seus próprios sentimentos ou o seu impacto nos
sentimentos alheios.
•
Vestimenta e higiene pessoal: pessoas com Síndrome de Asperger tendem a ser
menosafetadas pela pressão dos semelhantes do que outras. Como resultado,
geralmentefazem tudo da maneira que acham mais confortável, sem se importar
com a opiniãoalheia. Isto é válido principalmente em relação à forma de se vestir e
aos cuidados coma própria aparência.
•
Amor e rancor recíprocos: como Aspergers reagem mais pragmaticamente do
queemocionalmente, suas expressões de afeto e rancor são em geral curtas e
fracas.
•
Compreensão de embaraço e passo em falso: apesar do fato de pessoas com
Síndromede Asperger terem compreensão intelectual de constrangimento e gafes,
são incapazesde aplicar estes conceitos no nível emocional.
•
Lidar com críticas: pessoas com Síndrome de Asperger sentem-se
forçosamentecompelidas a corrigir erros, mesmo quando são cometidos por
pessoas em posição deautoridade, como um professor ou um chefe. Por isto, podem
parecerimprudentemente ofensivos.
•
Velocidade e qualidade do processamento das relações sociais - como respondem
àsinterações sociais com a razão e não intuição, portadores de Síndrome de
Aspergertendem a processar informações de relacionamentos muito mais
lentamente do que onormal, levando a pausas ou demoras desproporcionais e
incômodas.
•
Exaustão: quando um indivíduo com Síndrome de Asperger começa a entender
oprocesso de abstração, precisa treinar um esforço deliberado e repetitivo
paraprocessar informações de outra maneira. Isto muito freqüentemente leva a
exaustãomental.Uma pessoa com Síndrome de Asperger pode ter problemas em
compreender as emoçõesalheias: as mensagens passadas pela expressão facial,
olhares e gestual não surtem efeito. Eles tambémpodem ter dificuldades em
demonstrar empatia. Assim, Aspergers podem parecer egoístas,egocêntricos ou
insensíveis. Na maioria dos casos, estas percepções são injustas porque os
portadoresda Síndrome são neurologicamente incapazes de entender os estados
emocionais das pessoas à suavolta. Eles geralmente ficam chocados, irritados e
magoados quando lhes dizem que suas ações sãoofensivas ou impróprias. É evidente
que pessoas com Síndrome de Asperger têm emoções. Mas anatureza concreta dos
laços emocionais que venham a ter (ou seja, com objetos em vez de pessoas)pode
parecer curiosa ou até ser uma causa de preocupação para quem não compartilha da
mesmaperspectiva.O problema pode ser exacerbado pelas respostas daqueles
neurotípicos que interagem comportadores de Asperger. O aparente desapego
emocional de um paciente Asperger pode confundir eaborrecer uma pessoa
neurotípica, que por sua vez pode reagir ilógica e emocionalmente - reações
quevários Aspergers especialmente não toleram. Isto pode gerar um círculo vicioso
e às vezes desequilibramparticularmente famílias de pessoas Aspergers.O fato de
não conseguir demonstrar afeto — pelo menos de modo convencional — não
significanecessariamente que pessoas com Síndrome de Asperger não sintam
afeto. A compreensão disto podeajudar parceiros ou conviveres a se sentir menos
rejeitados e mais compreensivos. O aumento dacompreensão também pode resultar
de leitura e pesquisa sobre a Síndrome e outros transtornoscomórbidos. Às vezes,
ocorre o problema oposto: o Asperger é anormalmente afeiçoado a alguém e
nãoconsegue captar ou interpretar sinais daquela pessoa, causando
aborrecimento.Outro aspecto importante das diferenças sociais encontradas em
aspergers é uma fraqueza nacoerência central do indivíduo. Pessoas com esta
deficiência podem ser tão focadas em detalhes quenão conseguem compreender o
conjunto. Uma pessoa com coerência central fraca pode lembrar de
uma história minuciosamente mas ser incapaz de fazer um juízo de valor sobre a
narrativa. Ou podeentender um conjunto de regras detalhadamente mas ter
dúvidas de como aplicá-las. Frith e Happeexploram a possibilidade de que a atenção
a detalhes seja uma abordagem em vez de deficiência.Certamente parece haver
várias vantagens em orientar-se por detalhes, particularmente em atividadese
profissões que requeiram alto nível de meticulosidade. Também pode-se entender
que isto causeproblemas se a maior parte dos não-autistas for capaz de transitar
fluidamente entre a abordagemdetalhista e a generalista.
Diferenças de fala e linguagem
Pessoas com Síndrome de Asperger tipicamente tem um modo de falar altamente
"pedante",usando um registro formal muitas vezes impróprio para o contexto. Uma
criança de cinco anos de idadecom essa condição pode falar regularmente como se
desse uma palestra universitária, especialmentequando discorrer sobre seu(s)
assunto(s) de interesse.A interpretação literal é outro traço comum, embora não
universal, da Síndrome de Asperger.Attwood dá o exemplo de uma menina com
Síndrome de Asperger que um dia atendeu ao telefone eperguntaram “O Paul está
aí?”. Embora o Paul em questão estivesse em casa, não estava no mesmocômodo que
ela. Assim, após olhar em volta para se certificar disso, a menina simplesmente
respondeu"Não" e desligou. A pessoa do outro lado da linha teve de ligar
novamente e explicar a ela que queriaque a menina encontrasse o Paul e passasse o
telefone a eleIndivíduos com Síndrome de Asperger podem usar palavras
idiossincráticas, incluindoneologismos e justaposições incomuns. Isto pode tornarse um raro dom para humor (especialmentetrocadilhos, jogos de palavras e
sátiras). Uma fonte potencial de humor é a percepção eventual de quesuas
interpretações literais podem ser usadas para divertir os outros. Alguns são tão
apurados nodomínio da língua escrita que podem ser considerados hiperléxicos.
Tony Attwood se cita a habilidadede uma uma criança em particular de inventar
expressões, por exemplo, “tirar o pingo dos is” (o opostode botar o pingo nos is) ou
dizer que seu irmão bebê está “escangalhado” por não poder andar
nemfalar.Crianças com Síndrome de Asperger podem demonstrar aptidão
avançadas demais para suaidade em relação a fala, leitura, matemática, noções de
espaço ou música, às vezes no nível de"superdotados", mas estes talentos são
contrabalançados por retardamentos consideráveis nodesenvolvimento de outras
funções cognitivas. Outros comportamentos típicos são ecolalia (repetiçãoou eco
da fala do interlocutor) e palilalia (repetição de suas próprias palavras).Um estudo
de 2003 investigou a linguagem escrita de crianças e adolescentes com Síndrome
deAsperger. As amostras foram comparadas aos seus pares neurotípicos num teste
padronizado de escritae legibilidade da caligrafia. Nas técnicas de escrita, não
foram encontradas diferenças significativas entreos padrões de ambos os grupos;
entretanto, na caligrafia, os participantes com Síndrome de Aspergerproduziram
letras e palavras consideravelmente menos legíveis do que as do grupo neurotípico.
Outra
análise de exemplos de texto escrito constatou que pessoas com Asperger
produzem quantidade detexto similar às dos neurotípicos, mas têm dificuldade em
produzir escrita de qualidade.Tony Attwood afirma que um professor pode gastar
tempo considerável interpretando ecorrigindo o garrancho indecifrável de uma
criança com Asperger. A criança também é ciente daqualidade inferior de sua
caligrafia e pode relutar em participar de atividades que envolvam
trabalhomanuscrito extensivo. Infelizmente para alguns adultos e crianças, os
professores colegiais e ospotenciais empregadores podem considerar a precisão da
caligrafia como medida da inteligência epersonalidade. A criança pode requerer
assistência de terapia ocupacional e exercícios corretivos, mas atecnologia
moderna pode ajudar minimizar este problema. O pai ou monitor poder também
atuar comoredator ou revisor da criança para assegurar a legibilidade das
respostas nos deveres de casa.
Interesses específicos e intensos
A Síndrome de Asperger na criança pode se desenvolver como um nível de foco
intenso eobsessivo em assuntos de interesse, muitos dos quais são os mesmos de
crianças normais. A diferençade crianças com Síndrome de Asperger é a
intensidade incomum desse interesse. Alguns pesquisadoressugeriram que essas
"obsessões' são essencialmente arbitrárias e carecem de qualquer significado
oucontexto real. No entanto, pesquisa recente sugere que geralmente não é esse o
caso.Algumas vezes, os interesses são vitalícios; em outros casos, vão mudando a
intervalosimprevisíveis. Em qualquer caso, são normalmente um ou dois interesses
de cada vez. Ao perseguirestes interesses, portadores de Síndrome de Asperger
freqüentemente manifestam argumentaçãoextremamente sofisticada, um foco
quase obsessivo e uma memória impressionantemente boa paradados factuais
(ocasionalmente, até memória eidética). Hans Asperger chamava seus jovens
pacientesde "pequenos professores" por que ele achava que seus pacientes tinham
como compreensão umentendimento de seus campos de interesse assim como os
professores universitários.Alguns clínicos não concordam totalmente com esta
descrição. Por exemplo, Wing e Gillbergargumentam que, nas crianças com
Síndrome de Asperger, estas áreas de interesse intenso tipicamenteenvolvem mais
memorização do tipo "decoreba" do que a compreensão real, apesar de
aparênciasdemonstrarem o contrário. Tal limitação é um artefato dos critérios
diagnósticos, mesmo sob os deGillberg, entretanto. Pessoas com Síndrome de
Asperger podem ter pouca paciência com coisas foradestes campos de interesse
específico. Na escola, podem ser considerados inaptos ou superdotadosaltamente
inteligentes, claramente capazes de superar seus colegas em seu campo do
interesse, e aindaassim constantemente desmotivados para fazer deveres de casa
comuns (às vezes até mesmo em suaspróprias áreas de interesse). Outros podem
ser hipermotivados para superar os colegas de escola. Acombinação de problemas
sociais e de interesses específicos intensos pode conduzir ao
comportamentoincomum, tal como abordar um desconhecido e iniciar um longo
monológo sobre um assunto deinteresse especial em vez de se apresentar antes da
maneira socialmente aceita. Entretanto, em muitoscasos os adultos podem superar
estas impaciências e falta de motivação e desenvolver mais tolerânciaàs novas
atividades e a conhecer pessoas.
ANEXO IISíndrome de Asperger: ao longo da vida
Stephen BauerA Síndrome de Asperger, também chamada "Desordem de
Asperger", é uma categoriarelativamente nova de desordem de desenvolvimento. O
termo entrou em uso geral nos últimos 15anos. Embora um grupo de crianças com
esse quadro clínico tenha sido descrito originalmente, de umaforma muito acurada,
na década de 1940 por um pediatra vienense, Hans Asperger, a Síndrome
deAsperger foi oficialmente reconhecida no "Manual de Diagnóstico e Estatísticas
de Desordens Mentais"pela primeira vez na quarta edição, publicada em 1994.
Devido a haver poucos artigos de revistacompreensíveis na literatura médica até
agora e devido a Síndrome de Asperger ser provavelmenteconsideravelmente mais
comum do que inicialmente se pensava, esta discussão vai tentar descrever
asíndrome em alguns detalhes e oferecer sugestões relacionadas à sua
administração. Estudantes comSíndrome de Asperger são não raramente vistos na
educação regular, embora freqüentemente nãodiagnosticados ou diagnosticados
erroneamente, de modo que se trata de tópico de algumaimportância para os
profissionais da educação, assim como para os pais.Síndrome de Asperger é o
termo aplicado ao mais suave e de alta funcionalidade daquilo que éconhecido como
o espectro dos Transtornos Invasivos (presentes e perceptíveis a todo tempo)
dodesenvolvimento (ou espectro de autismo). Como todas as condições ao longo do
espectro, parecerepresentar uma desordem de desenvolvimento neurologicamente
fundamentada, muitofreqüentemente de causa desconhecida, na qual há desvios e
anormalidades em três áreas dodesenvolvimento: relacionamento social, uso da
linguagem para a comunicação e certas característicasde comportamento e estilo
envolvendo características repetitivas ou perseverativas sobre um númerolimitado,
porém intenso, de interesses. É a presença dessas três categorias de disfunção,
que podevariar de relativamente amena a severa, que clinicamente define todos os
Transtornos Invasivos doDesenvolvimento, de Síndrome de Asperger até o autismo
clássico. Embora a idéia de um contínuo PDD(pervasive developmental disorder) ao
longo de uma única dimensão seja útil para entender assemelhanças clínicas de
condições ao longo do espectro, não é totalmente claro se Síndrome deAsperger é
somente uma forma atenuada de autismo ou se as condições são relacionadas por
algo maisque suas grandes semelhanças clínicas.Síndrome de Asperger representa
a porção das PDD caracterizada por elevadas habilidadescognitivas (pelo menos
Q.I. normal, indo até as faixas mais altas) e por funções de linguagem normais,
secomparadas a outras desordens do espectro. De fato, a presença de
características básicas de linguagemagora é usado como um dos critérios para o
diagnóstico de AS, embora esteja próximo de dificuldadessubtis com linguagem
pragmática e social. Muitos pesquisadores acham que há duas áreas de
relativaintensidade que distinguem Síndrome de Asperger de outras formas de
autismo e PDD e concorrempara um melhor prognóstico em Síndrome de Asperger.
Estudiosos não chegaram a consenso se existealguma diferença entre Síndrome de
Asperger e Autismo de Alta Funcionalidade (HFA). Alguns
pesquisadores sugerem que o déficit neuropsicológico básico é diferente para as
duas condições, masoutros não estão convencidos de que alguma distinção
significativa possa ser feita entre os dois. Umpesquisador, Utah Frith,
caracterizou crianças com Síndrome de Asperger como tendo "traços deautismo".
De fato, é provável que se pose encontrar múltiplos subtipos e mecanismos por
detrás doamplo quadro clínico AS. Isto abre espaço para alguma confusão
relacionada ao diagnóstico e é provávelque crianças muito parecidas através do país
venham sendo diagnosticadas como Síndrome de Asperger(AS), HFA ou PDD,
dependendo de onde e por quem foram avaliadas. Uma vez que a própria
Síndromede Asperger mostra um espectro de severidade dos sintomas, muitas
crianças menos usuais, que podematingir critérios para esse diagnóstico não são
absolutamente diagnosticadas e são vistas como"incomuns" ou "um pouco
diferentes", ou são erroneamente diagnosticadas com condições comodesordens de
atenção, distúrbios emocionais, etc. Muitos nesse campo acreditam que não há
umafronteira clara separando crianças Síndrome de Asperger de crianças "normais
porém diferentes". Ainclusão de Síndrome de Asperger como uma categoria
separada no novo DMS-4, com critérios mais oumenos claros de diagnóstico, pode
levar a grande consistência de identificação no futuro.O novo critério DSM-4 para
diagnóstico de AS, com os critérios oriundos do diagnóstico doautismo, incluem a
presença de:Prejuízo qualitativo na interação social, envolvendo alguns ou todos
dentre:
•
Prejuízo no comportamento não-verbal para regular a falha no desenvolvimento
derelações com seus pares em idade;
•
Falta de interesse espontâneo em dividir experiências com outros;
•
Falta de reciprocidade emocional ou social.Padrões restritos, repetitivos e
estereotipados de comportamento, interesses e atividadesenvolvendo:
•
Preocupação com um ou mais padrões de interesse restritos e estereotipados;
•
Inflexibilidade a rotinas e rituais não-funcionais específicos;
•
Maneirismos motores estereotipados ou repetitivos, ou preocupação com partes
deobjetos.Estes comportamentos precisam ser suficientes para interferir
significativamente com funçõessociais ou outras áreas. Além disso, é necessário
não haver atraso significativo nas funções cognitivasgerais, autoajuda/características adaptativas, interesse no ambiente ou desenvolvimento geral
dalinguagem.Cristopher Gillberg, um médico sueco que estudou Síndrome de
Asperger extensivamente,propõe seis critérios para o diagnóstico, elaborado sobre
os critérios DSM-4. Seus seis critérios capturamo estilo único dessas crianças, e
incluem:
•
Isolamento social, com extremo egocentrismo, que pode incluir: falta de habilidade
parainteragir com seus pares, falta de desejo de interagir, apreciação pobre da
trança social,respostas socialmente impróprias.
•
Interesses e preocupações limitadas: mais rotinas que memorizações,
relativaexclusividade de interesses – aderência repetitiva.
•
Rotinas e rituais repetitivos, que podem ser: auto-impostos, impostos por outros.
•
Peculiaridades de fala e linguagem, como: possível atraso inicial de
desenvolvimento,não detectado consistentemente, linguagem expressiva
superficialmente perfeita,prosódia ímpar, características peculiares de voz,
compreensão diferente, incluindointerpretação errada de significados literais ou
implícitos.
•
Problemas na comunicação não-verbal, como: uso limitado de gestos,
linguagemcorporal desajeitada, expressões faciais limitadas ou impróprias, olhar
fixo peculiar,dificuldade de ajuste a proximidade física.
•
Desajeitamento motor: pode não fazer necessariamente parte do quadro em todos
oscasos.
Características clínicas
O mais óbvio marco da síndrome de Asperger e a característica que faz dessas
crianças tãoúnicas e fascinantes é sua peculiar, idiossincrática área de "interesse
especial". Em contraste com o maistípico autismo, onde os interesses são mais
provavelmente por objetos ou parte de objetos, noSíndrome de Asperger os
interesses são mais freqüentemente por áreas intelectuais
específicas.Freqüentemente, quando eles entram para a escola, ou mesmo antes,
essas crianças mostrarãointeresse obsessivo em uma área como matemática,
aspectos de ciência, leitura (alguns tem histórico dehiperlexia - leitura rotineira
em idade precoce) ou algum aspecto de história ou geografia, querendoaprender
tudo que for possível sobre o objeto e tendendo a insistir nisso em conversas e
jogos livres.Tenho visto algumas crianças com Síndrome de Asperger cujo foco são
mapas, clima, astronomia, váriostipos de máquinas ou aspectos de carros, trens,
aviões e foguetes. Curiosamente, voltando à descriçãooriginal do Dr. Asperger em
1944, a área de transportes tem parecido ser de especial fascínio (eledescreveu
crianças que memorizavam as linhas de metrô de Viena até a última paragem).
Muitascrianças com Síndrome de Asperger, até três anos de idade, parecem ser
especialmente atentas a coisascomo as rotas nas viagens de carro. Às vezes as
áreas de fascínio representam exagero de interessescomuns em nossa cultura,
como Tartarugas Ninja, Power Rangers, dinossauros, etc. Em muitas criançasAS
áreas de interesse especial mudam com o tempo, com uma preocupação sendo
substituída poroutra. Em algumas crianças, no entanto, os interesses podem
persistir até a fase adulta e há muitoscasos onde as fascinações de infância
formaram a base para carreiras adultas, incluindo um bomnúmero de colegas
professores.
A outra maior característica de Síndrome de Asperger é a deficiente socialização,
e isso,também, tende a ser algo diferente do que se vê no autismo típico. Embora
crianças com AS sejamfreqüentemente notadas por pais e professores como
estando "em seu próprio mundo" e preocupadascom sua própria agenda, elas
raramente são distantes como as crianças com autismo. De fato, muitascrianças
com Síndrome de Asperger, pelo menos na idade escolar, expressam desejo de
viver emsociedade e ter amigos. São freqüentemente profundamente frustradas e
desapontadas com suasdificuldades sociais. Seu problema não é exatamente a falta
de interação, mas a falta de afetividade nasinterações. Eles parecem ter
dificuldade para aprender a "fazer conexões" sociais. Gillberg descreveuisso como
uma "desordem de empatia", a inabilidade de efetivamente "ler" as necessidades
eperspectivas dos outros e responder apropriadamente. Como resultado, crianças
com Síndrome deAsperger tendem a ler errado as situações sociais e suas
iterações e suas respostas são freqüentementevistas por outros como
"ímpares".Embora características "normais" de linguagem seja uma característica
que distingue AS deoutras formas de autismo e PDD, usualmente há algumas
diferenças observáveis na forma como essascrianças usam a linguagem. Essa é a
habilidade em que são mais fortes, às vezes muito fortes. Suaprosódia – aqueles
aspectos da linguagem falada como volume, entonação, inflexão, velocidade, etc. –
éfreqüentemente diferente. Às vezes soa formal ou pedante, expressões
idiomáticas e gírias sãofreqüentemente não usadas ou usadas erroneamente, e as
coisas são freqüentemente tomadasliteralmente. A compreensão da linguagem
tende ao concreto, com problemas crescendo quando alinguagem se torna mais
abstrata nos graus mais elevados. Pragmática, ou informal, habilidades delinguagem
são freqüentemente fracas devido a problemas com retornos, uma tendência a
reverter paraáreas de interesse especial ou dificuldade de sustentar o "dar e
receber" das conversas.Muitas crianças com Síndrome de Asperger têm
dificuldade com humor, tendendo a não"pegar" brincadeiras, particularmente
coisas como trocadilhos ou jogos de palavras. A crença comum deque crianças com
Transtornos Invasivos do Desenvolvimento são sem senso de humor
éfreqüentemente um erro. Algumas crianças com Síndrome de Asperger tendem a
ser hiperverbais, nãoentendendo que isso interfere com suas interações com os
outros e afastando-os. Quando se examina ahistória inicial da linguagem de
crianças com Síndrome de Asperger não há padrões simples: algumasdelas atingem
normalmente, e às vezes até prematuramente os marcos, enquanto outras
mostramclaramente atrasos na fala com rápida recuperação da linguagem normal
quando começa a fase escolar.Nessas crianças abaixo de três anos em que a
linguagem ainda não chegou à faixa normal, adiferenciação de diagnóstico entre
Síndrome de Asperger e autismo leve pode ser difícil, a ponto desomente o tempo
pode clarificar o diagnóstico.Freqüentemente, particularmente durante os
primeiros anos, pode-se perceber característicasassociadas à linguagem similares
às do autismo, como aspectos perseverativos ou repetitivos dalinguagem ou uso de
frases feitas ou figuras de material ouvido previamente.
Síndrome de Asperger através da vida
Em seu trabalho original de 1944, descrevendo crianças que depois passaram a ser
designadaspelo seu nome, Hans Asperger reconheceu que embora os sintomas e
problemas mudem com o tempo,o problema geral raramente acaba. Ele escreveu
que "no curso do desenvolvimento, certascaracterísticas predominam ou recuam,
de modo que os problemas apresentados mudamconsideravelmente. Todavia, os
aspectos essenciais permanecem inalterados. Na primeira infânciaexiste
dificuldade em aprender habilidades simples e adaptação social. Estas dificuldades
surgem domesmo distúrbio que cause problemas de conduta e aprendizado na idade
escolar, problemas dedesempenho no trabalho na fase da adolescência e conflitos
sociais e conjugais na fase adulta." Poroutro lado, não se questiona que crianças
com AS tem geralmente problemas mais brandos em cadaidade se comparados
àqueles com outras formas de autismo e PDD, e seu prognóstico final écertamente
melhor. De fato, uma das mais importantes razões para distinguir Síndrome de
Asperger deoutras formas de autismo é seu histórico consideravelmente mais
brando.
A criança pré-escolar:
Como se pode notar, não há um quadro único e uniforme da síndrome deAsperger
nos primeiros 3 a 4 anos de vida. O quadro inicial pode ser difícil de distinguir do
autismotípico, sugerindo que, quando se avalia qualquer criança com autismo e
inteligência aparentementenormal, a possibilidade de ele/ela ter um quadro mais
compatível com o diagnóstico Asperger deve serconsiderada. Outras crianças
podem ter atrasos iniciais de linguagem com rápida recuperação entre os 3e 5 anos
de idade. Finalmente, algumas dessas crianças, particularmente as mais vivas,
podem nãoevidenciar atraso inicial de desenvolvimento exceto, talvez, algum
desajeitamento motor. Em algunscasos, entretanto, se observa atentamente a
criança na fase de 3 a 5 anos, traços do diagnóstico podemser encontrados, e em
muitos casos uma avaliação abrangente pode ao menos apontar para umdiagnóstico
no espectro PDD/autismo. Embora essas crianças se relacionem de modo
perfeitamentenormal dentro da família, problemas podem ser notados quando
entram no ambiente da pré-escola.Isso pode incluir: tendência a evitar interações
sociais espontâneas ou mostrar habilidades fracas emiterações, problemas para
sustentar simples conversações ou tendência a ser perseverativo ourepetitivo
quando conversando, respostas verbais díspares, preferência por rotinas e
dificuldade comtransições, dificuldade para regular respostas sociais/emocionais
com raiva, agressão, ansiedadeexcessiva, hiperatividade, parecendo estar "em seu
próprio mundo", e tendência a sobrefocar emobjetos ou assuntos em particular.
Certamente, a lista é muito parecida com os primeiros sintomas deautismo ou PDD.
Comparado a essas crianças, no entanto, terá linguagem menos anormal e poderá
nãoser tão obviamente "diferente" das outras crianças. Áreas com habilidades
particularmente fortespodem estar presentes, como reconhecimento de letras ou
números, memorização de fatos, etc.
Escola elementar:
As crianças com Síndrome de Asperger freqüentemente entrarão no jardimde
infância sem ter sido adequadamente diagnosticada. Em alguns casos, haverá
observaçõesrelacionadas ao comportamento (hiperatividade, falta de atenção,
agressividade, ausências) nos anospré-escolares; suas habilidades sociais e
interações com os pares podem ser classificadas como"imaturas"; a criança pode
ser vista como tendo algo incomum. Se esses problemas forem mais severos,então
educação especial pode ser sugerida, mas provavelmente crianças com Síndrome de
Asperger
seguem o caminho escolar normal. Freqüentemente o progresso acadêmico nos
primeiros anos é áreade relativo sucesso; por exemplo, leitura é usualmente boa e
habilidades de cálculo pode ser igualmentefortes, embora habilidades com o lápis
sejam consideravelmente fracas. O professor provavelmenteatacará as áreas
"obsessivas" de interesse da criança, que freqüentemente atrapalham os trabalhos
declasse. Muitas crianças mostrarão algum interesse social em outras crianças,
embora posa ser pequeno,mas elas normalmente apresentam fraco desempenho
para fazer e manter amizades. Elas podemmostrar particular interesse em uma ou
poucas crianças ao seu redor, mas normalmente a profundidadede suas interações
será relativamente superficial. Por outro lado, conheci algumas crianças
Aspergerque se apresentam atenciosas e "bonitas", particularmente quando
interagindo com adultos. O déficitsocial, quando menos severo, pode ser
subestimado por muitos observadores.O curso através da escola elementar pode
variar consideravelmente de criança para criança, eproblemas podem variar de
leves e fáceis de administrar a severos e intratáveis, dependendo de fatorescomo
o grau de inteligência da criança, propriedade da administração na escola e em
casa,temperamento da criança e a presença ou ausência de fatores complicadores
como hiperatividade,problemas de atenção, ansiedade, problemas de aprendizagem,
etc.
Graus mais adiantados:
À medida que a criança Asperger se move através da escola média esecundária, as
áreas mais difíceis continuam a ser aquelas relacionadas à socialização e
ajustamentocomportamental. Paradoxalmente, devido a crianças Síndrome de
Asperger serem freqüentementeadministradas em escola normal, e devido a seus
problemas específicos de desenvolvimento poderemser mais facilmente relevados
(especialmente se forem brilhantes e não agirem tão "estranhamente"),elas são
freqüentemente mal interpretados nessa idade por seus professores e colegas. No
nívelsecundário os professores freqüentemente têm menos oportunidade de
conhecer bem a criança eproblemas com comportamento ou habilidades de
trabalho/estudo podem ser erroneamente atribuídasa problemas emocionais ou
motivacionais. Em alguns casos particularmente menos estruturados oufamiliares,
como cantina, educação física ou
playground
, a criança pode entrar em conflitos ou luta deforças com professores ou
estudantes que não estejam familiarizados com seu estilo de interação. Issopode
às vezes levar a sérias explosões. A pressão se acumula nessas crianças até
reagirem de uma formadramática e inapropriada.Na segunda metade do 1º grau (da
5ª a 8ª série) onde as pressões são maiores e a tolerância adiferenças é mínima,
crianças com Síndrome de Asperger podem ser postas de lado, mal
interpretadas,ou importunadas e perseguidas. Desejando fazer amigos e mantê-los,
mas inábeis pare fazê-lo, podemse afastar cada vez mais ou seu comportamento
pode se tornar cada vez mais problemático na forma deausências e não-cooperação.
Algum grau de depressão não é incomum e é um complicador. Se não
hásignificativas dificuldades de aprendizado, o desempenho acadêmico pode
continuar forte,particularmente em suas áreas de particular interesse;
freqüentemente, no entanto, haverá súbitastendências a interpretar erroneamente
informações, particularmente abstrações ou linguagemfigurativa. Dificuldades de
aprendizado são freqüentes e dificuldades de atenção e organização podemestar
presentes.
Afortunadamente, no segundo grau a tolerância pelas variações e excentricidades
individuaiscresce. Se a criança vai bem academicamente, isso pode dar-lhe o
respeito dos outros estudantes.Alguns estudantes Asperger podem ser tachados
como "Caxias", um grupo como qual efetivamente separece em muitos aspectos e
com o qual pode superar algumas dificuldades da Síndrome de Asperger.O
adolescente Asperger pode formar amizades com outros estudantes que
compartilham seusinteresses através de clubes de computador ou de matemática,
feiras de ciências, clubes de Star Trek,etc. Com sorte e gestão adequada, muitos
desses estudantes desenvolverão habilidades consideráveis,"graus sociais" e
habilidades gerais para se encaixar mais confortavelmente em sua idade,
facilitandoseu caminho.
Adultos Asperger:
Crianças Asperger crescem. É importante notar que temos informaçãolimitada
relativa aos resultados da maioria das crianças. Somente recentemente a Síndrome
deAsperger foi separada do autismo típico e o resultado dos casos mais brandos
geralmente não foirelatado. Os dados disponíveis sugerem que, comparados a
outras formas de autismo/PDD, criançascom Síndrome de Asperger são mais aptas
a crescer e ser adultos independentes em termos deemprego, casamento, família,
etc.Uma das mais interessantes e úteis fontes de dados vem indiretamente, da
observação dos paisou parentes da criança Síndrome de Asperger, que parecem
eles próprios ter Síndrome de Asperger.Dessas observações fica claro que
Síndrome de Asperger não impede o potencial de uma vida adultamais "normal".
Comumente esses adultos gravitarão para uma ocupação ou profissão relacionada à
suaprópria área de interesse especial, às vezes se tornando muito talentoso.
Muitos dos estudantesbrilhantes com Síndrome de Asperger são capazes de
completar com sucesso a faculdade e até mesmopós-graduação. Em muitos casos
continuarão a demonstrar, pelo menos em alguma extensão, subtisdiferenças nas
iterações sociais. Eles podem ser desafiados pelas exigências sociais e emocionais
docasamento, embora se saiba que muitos efetivamente se casam. Sua rigidez de
estilo e perspectivaidiossincrática no mundo podem gerar dificuldades de
interações, dentro e fora da família. Também háo risco de problemas de humor,
como depressão e ansiedade, e é sabido que muitos encontram seucaminho com
psiquiatras e outros especialistas em saúde mental onde, sugere Gillberg, a
verdadeiranatureza de seus problemas pode não ser reconhecida ou diagnosticada
erroneamente. De fato, Gillbergestima que talvez 30-50% dos adultos com
Síndrome de Asperger nunca foram avaliados oucorretamente diagnosticados.
Esses "Aspergers normais" são vistos pelos outros como "um poucodiferentes" ou
excêntricos, ou talvez recebam outro diagnóstico psiquiátrico. Encontrei
algunsindivíduos que acredito se encaixem nessa categoria, e fico impressionado
por quantos deles foramcapazes de usar suas habilidades, freqüentemente
suportados pelos que os amam, para achar aquiloque considero ser um alto nível de
funcionalidade, personalidade e profissionalismo. Foi sugerido quealguns dos mais
brilhantes e altamente funcionais indivíduos com Síndrome de Asperger
representamrecurso único para a sociedade, tendo interesse único em avançar o
conhecimento em várias áreas daciência, matemática, etc.© l996 Stephen Bauer,
M.D.Disponível em:http://www.autismo-br.com.br/home/As-vida.htm
Sugestões para a escola
O mais importante ponto de partida para ajudar estudantes com síndrome de
Asperger afuncionar efetivamente na escola é que o
staff
(todos que tenham contacto com a criança) compreendaque a criança tem uma
desordem de desenvolvimento que a leva a se comportar e responder de
formadiferente que os demais estudantes. Muito freqüentemente o
comportamento dessas crianças éinterpretado como "emocional" ou "manipulativo"
ou alguns termos que confunde a forma como elesrespondem diferentemente ao
mundo e seus estímulos. Dessa compreensão segue que o
staff
da escolaprecisa individualizar sua abordagem para cada uma dessas crianças; não
funciona tratá-los da mesmaforma que a outros estudantes. O próprio Asperger
compreendeu a importância central da atitude doprofessor no seu próprio trabalho
com essas crianças. Ele escreveu em 1944 "Estas criançasfreqüentemente
mostram uma surpreendente sensibilidade à personalidade do professor... Eles
podemser ensinados, mas somente por aqueles que lhe dão verdadeira afeição e
compreensão, pessoas quemostram delicadeza e, sim, humor... A atitude emocional
básica do professor influencia, involuntária einconscientemente, o humor e o
comportamento da criança."Embora seja sabido que muitas crianças com Síndrome
de Asperger possam ser administradasem classes regulares, elas freqüentemente
precisam de algum suporte educacional. Se problemas deaprendizado estão
presentes, salas de recuperação ou tutoreamento podem ser úteis para
fornecerexplicação e revisão individualizadas. Serviços de fonoaudiologia podem
ser desnecessários, masespecialista em fala e linguagem na escola podem ser úteis
como consultores para o resto do
staff
,sugerindo caminhos para endereçar problemas em áreas como linguagem
pragmática. Se odesajeitamento motor for significativo, como às vezes ocorre, um
terapeuta ocupacional pode darestímulos úteis. O conselheiro da escola ou o
serviço social pode treinar as habilidades sociais, bemcomo suporte emocional.
Finalmente, algumas crianças com grande necessidade podem se beneficiarcom a
assistência de uma assistente de classe especialmente designada para ele. Por
outro lado,algumas das crianças com alta funcionalidade e as com quadro leve de
AS são capazes de se adaptar efuncionar com pouco suporte formal da escola, se o
staff
for compreensivo, flexível e der suporte.Há alguns princípios gerais para
administrar crianças com algum grau de PDD na escola, e isso seaplica ao AS:
•
As rotinas de classe devem ser mantidas tão consistentes, estruturadas e
previsíveisquanto possível. Crianças com Síndrome de Asperger não gostam de
surpresas. Devemser preparadas previamente, quando possível, para mudanças e
transições, inclusive asrelacionadas a paradas de agenda, dias de férias, etc.
•
Regras devem ser aplicadas cuidadosamente. Muitas dessas crianças podem
sernitidamente rígidas quanto a seguir regras quase que literalmente. É útil
expressar asregras e linhas-mestras claramente, de preferência por escrito,
embora devam seraplicadas com alguma flexibilidade. As regras não precisam ser
exatamente as mesmas
para as crianças com Síndrome de Asperger e o resto da classe – suas
necessidades ehabilidades são diferentes.
•
O
staff
deve tirar toda a vantagem das áreas de especial interesse quando lecionando.
Acriança aprenderá melhor quando a área de alto interesse pessoal estiver na
agenda. Osprofessores podem conectar criativamente as áreas de interesse ao
processo de ensino.Pode até mesmo usar as áreas de especial interesse como
recompensa para a criançapor completar com sucesso outras tarefas em aderência
a regras e comportamentosesperados.
•
Muitos estudantes com Síndrome de Asperger respondem bem a estímulos
visuais:esquemas, mapas, listas, figuras, etc. Sob esse aspecto são muito parecidas
comcrianças com PDD e autismo.
•
Em geral, tentar ensinar baseado no concreto. Evitar linguagem que posa
serinterpretada erroneamente por crianças Asperger, como sarcasmo, linguagem
figuradaconfusa, figuras de linguagem, etc. Procurar interromper e simplificar
conceitos delinguagem mais abstratos.
•
Ensino explícito e didático de estratégias pode ser muito útil para ajudar a criança
aganhar eficiência em "funções executivas" como organização e habilidades de
estudo.
•
Assegurar-se que o
staff
da escola fora da sala de aula (professor de educação física,motorista do
autocarro, pessoal da cantina, bibliotecária) esteja familiarizado com oestilo e
necessidades da criança e tenha adequado treino em tratá-lo. Essas coisasmenos
estruturadas, onde as rotinas e expectativas são menos claras tendem a
serdifíceis para a criança Asperger.
•
Tentar evitar luta de forças. Essas crianças freqüentemente não
entendemdemonstrações rígidas de autoridade ou raiva e irão eles próprios tornarse mais rígidose teimosos se forçados. Seu comportamento pode ficar rapidamente
fora de controlo, enesse ponto é normalmente melhor para o terapeuta
interromper e deixar esfriar. Ésempre preferível, se possível, antecipar essas
situações e tomar ações preventivas paraevitar a confrontação através de
serenidade, negociação, apresentação de escolhas oudispersão de atenção.A
principal área de atenção à medida que a criança se move através da escola é a
promoção deuma interação social mais apropriada, ajudando esta criança a atingir
uma melhor sociabilidade. Treinoformal e didático em habilidades sociais pode ser
feito tanto em sala de aula quanto em ação maisindividualizada. Abordagens que
tem sido muito bem sucedidas utilizam modelo direto e ação a nívelconcreto (alguns
como no Curriculum de Skillstreaming). Ensaiando e praticando como agir em
váriassituações sociais a criança pode com sucesso aprender a generalizar as
habilidades para um conjuntonatural. É muitas vezes útil usar uma abordagem onde
a criança é juntada com outra para absorveralguns encontros estruturados. O uso
de um "sistema amigo" pode ser muito útil, desde que essas
crianças se relacionem melhor. A seleção cuidadosa de um amigo não-Asperger para
a criança pode seruma ferramenta para ajudar a montar habilidades sociais,
encorajar amizades e reduzir aestigmatização. Deve ser tomado cuidado,
especialmente nos graus mais avançados, para proteger acriança de ser
importunada dentro e fora da sala de aula, uma vez que é uma grande fonte de
ansiedadepara crianças mais velhas com Síndrome de Asperger. Deve ser feito
esforço para ajudar outrosestudantes a entender melhor a criança Asperger, de
modo a obter tolerância e aceitação. Osprofessores podem tirar vantagem das
fortes habilidades acadêmicas que muitas crianças Asperger têmpara ajudá-los a
ganhar aceitação de seus pares. É muito útil se a criança Asperger tem a
oportunidadede ajudar outras crianças às vezes.Embora muitas crianças com
Síndrome de Asperger sejam conduzidas sem medicação e amedicação não cura
nenhum dos sintomas principais, existem situações específicas onde a
medicaçãopode ocasionalmente ser útil. Os professores devem ficar atentos para o
potencial de problemas dehumor, como ansiedade e depressão, particularmente em
crianças mais velhas com Síndrome deAsperger.Tentando dar um ensino adequado
e um plano de administração na escola, é freqüentementeútil que pessoal de apoio e
os pais trabalhem juntos, uma vez que os pais estão mais familiarizados como que
ocorreu no passado para uma dada criança. Também é útil colocar tantos detalhes
quanto forpossível no Plano de Educação Individual, de modo que o progresso posa
ser monitorizado ereaproveitado de ano para ano. Finalmente, para arquitetar
esses planos, pode às vezes ser útil a ajudade um conselheiro familiarizado no
trato de crianças com a síndrome de Asperger e outras formas dePDD, como
psicólogos, médicos e consultores. Em casos complexos a orientação de uma equipe
sempreé recomendável.
© l996 Stephen Bauer, M.D.Disponível em:http://www.autismobr.com.br/home/As-vida.htm
Entendendo estudantes com a Síndrome de Asperger:Guia para professores
Karen WilliamsCrianças diagnosticadas com Síndrome de Asperger (SA)
apresentam um desafio especial nosistema educacional. Vistos tipicamente como
excêntricos e peculiares pelos colegas, suas habilidadessociais inatas
freqüentemente as levam a serem feitas de bode expiatório. Desajeitamento e
interesseobsessivo em coisas obscuras contribuem para sua apresentação "ímpar".
Crianças com Síndrome deAsperger falham no entendimento das relações humanas
e regras do convívio social; são ingênuos eeminentemente carentes de senso
comum. Sua inflexibilidade e falta de habilidade para lidar commudanças leva esses
indivíduos a ser facilmente estressados e emocionalmente vulneráveis. Ao
mesmotempo, crianças com Síndrome de Asperger (na maioria rapazes) tem
freqüentemente inteligência namédia ou acima da média e tem memória
privilegiada. Sua obsessão por tema único de interesse podelevar a grandes
descobertas mais tarde na vida.Síndrome de Asperger é considerada uma
desordem do fim do espectro do autismo.Comparando indivíduos dentro desse
espectro, Van Krevelen (citado em Wing, 1991) notou que criançascom autismo de
baixa funcionalidade "vivem em seu próprio mundo", enquanto que crianças
comautismo de alta funcionalidade "vivem em nosso mundo, mas do seu próprio
jeito" (pg.99).Naturalmente, nem todas as crianças com Síndrome de Asperger são
diferentes. Exatamenteporque cada criança com Síndrome de Asperger tem sua
própria personalidade, sintomas da Síndromede Asperger "típicos" se manifestam
de formas específicas para cada indivíduo. Como resultado, nãoexiste uma receita
exata para abordagem em sala de aula que possa ser usada para todos os jovens
comSA, da mesma forma que os métodos educacionais não atendem às
necessidades de todas as criançasque não apresentam SA.Abaixo estão descrições
de sete características que definem a Síndrome de Asperger, seguidasde
sugestões e estratégias de sala de aula para lidar com esses sintomas.
(intervenções em sala de aulasão ilustradas com exemplos de minha própria
experiência lecionando na Escola de Psiquiatria doCentro Médico para Crianças e
Adolescentes da Universidade de Michigan. Essas sugestões sãooferecidas
somente no sentido mais geral, e devem ser adequadas às necessidades únicas de
cadaestudante com Síndrome de Asperger.
Insistência em semelhanças
Crianças com Síndrome de Asperger são facilmente oprimidas pelas mínimas
mudanças,altamente sensíveis a pressões do ambiente e às vezes atraídas por
rituais. São ansiosos e tendem atemer obsessivamente quando não sabem o que
esperar. Stress, fadiga e sobrecarga emocionalfacilmente os afeta.
Sugestões:
•
Fornecer ambiente previsível e seguro;
•
Minimizar as transições;
•
Oferecer rotinas diárias consistentes. A criança precisa entender cada rotina do
dia esaber o que a espera, de forma a ser capaz de se concentrar na tarefa que
tem emmãos;
•
Evitar surpresas: preparar a criança previamente para atividades especiais,
mudanças dehorários ou qualquer outra mudança de rotina, independente de quão
mínima seja;
•
Afastar o medo do desconhecido, mostrando à criança as novas atividades,
professor,classe, escola, acampamento, etc com antecedência, tão cedo quanto
possível depoisdele/dela ser informada da mudança, para prevenir medo obsessivo.
(por exemplo,quando a criança com Síndrome de Asperger precisa trocar de escola,
ela deve serapresentada ao novo professor, passear pela escola e ser informada de
sua nova rotinaantes de começar. A transição da escola velha precisa ser feita nos
primeiros dias deforma que a rotina seja familiar para a criança no novo ambiente.
O novo professorpode descobrir as áreas de especial interesse da criança e ter
livros ou atividadesrelacionadas disponíveis no primeiro dia da criança.
Dificuldades em interações sociais
Crianças com Síndrome de Asperger mostram-se inábeis para entender regras
complexas deinteração social; são ingênuas; são extremamente egocêntricas;
podem não gostar de contatos físicos;falam junto as pessoas em vez de para elas;
não entende brincadeiras, ironias ou metáforas; usa tom devoz monótono ou
estridente, não-natural; uso inapropriado de olhar fixo e linguagem corporal;
sãoinsensíveis e com o sentido do tato deficiente; interpretam errado as deixas
sociais; não conseguem julgar as "distâncias sociais" exibindo pouca habilidade para
iniciar e sustentar conversas; tem discursobem desenvolvido mas comunicação
pobre; são às vezes rotulados de "pequeno professor" porque seuestilo de falar é
semelhante ao adulto e pedante; são facilmente passados para trás (não percebem
queoutros às vezes os roubam ou enganam); normalmente desejam ser parte do
mundo social.
Sugestões
•
Proteger a criança de ser importunada ou bulida;
•
Nos grupos mais velhos, tentar educar os colegas sobre a criança com SA, quando
adificuldade social é severa, descrevendo seus problemas sociais como uma
autênticadificuldade. Elogiar os colegas quando o tratam com jeito. Isso pode
prevenir que setorne bode expiatório, ao mesmo tempo em que promove empatia e
tolerância nasoutras crianças;
•
Enfatizar as habilidades acadêmicas da criança com SA, criando situações
cooperativasonde suas habilidades de leitura, vocabulário, memória e outras sejam
vistas comovantajosas pelos colegas, aumentando dessa forma sua aceitação;
•
Muitas crianças com Síndrome de Asperger desejam ter amigos, mas simplesmente
nãosabem como interagir. Eles precisam ser ensinados a reagir a situações sociais e
a ter umrepertório de respostas para usar em várias situações sociais. Ensinar as
crianças o quedizer e como dizer. Modelar interações bidirecionais e treinar. O
julgamento socialdessas crianças se desenvolve somente depois que lhes são
ensinadas regras que osoutros entendem intuitivamente. Um adulto com Síndrome
de Asperger escreveu queele aprendeu a "imitar o comportamento humano". Um
professor universitário comSíndrome de Asperger observou que seu esforço para
entender as interações humanaso fez "sentir-se como um antropólogo em Marte"
(Sacks, 1993, pg. 112);
•
Embora sua dificuldade para entender as emoções dos outros, crianças com
Síndromede Asperger podem aprender a forma correta de reagir. Quando insultam
sem querer,por imprudência ou insensibilidade, precisa ser explicado a eles porque
a resposta foiinapropriada e qual teria sido a resposta correta. Indivíduos com
Síndrome de Aspergerprecisam aprender as habilidades sociais intelectualmente:
seu instinto social e intuiçãosão falhos;
•
Estudantes mais velhos com Síndrome de Asperger podem se beneficiar do
"sistemaamigo". O professor pode educar um colega sensível e hábil quanto à
situação dacriança com Síndrome de Asperger e sentá-los próximos. O colega pode
cuidar dacriança Asperger no ônibus, no recreio, nos corredores, etc, e tentar
incluí-lo nasatividades da escola;
•
Crianças com Síndrome de Asperger tendem a ser reclusos; o professor
precisaincentivar o envolvimento com outros. Encorajar atividades sociais e limitar
o tempogasto em interesses isolados. Por exemplo, um auxiliar do professor
sentado na mesa dolanche pode ativamente encorajar a criança com Síndrome de
Asperger a participar daconversa com os colegas, não somente solicitando suas
opiniões e lhe fazendoperguntas, mas também sutilmente incentivando as outras
crianças a fazer o mesmo.
Gama restrita de interesses
Crianças com Síndrome de Asperger têm preocupações excêntricas ou ímpares,
fixaçõesintensas (às vezes colecionando obsessivamente coisas não-usuais). Eles
tendem a "leitura" implacávelnas áreas de interesse; perguntam insistentemente
sobre seus interesses; tem dificuldades para iravante com idéias; seguem as
próprias inclinações, a despeito da demanda externa; às vezes recusam-sea
aprender qualquer coisa fora do seu limitado campo de interesses.
Sugestões
•
Não admitir que a criança com Síndrome de Asperger discuta perseverativamente
oufaça perguntas sobre interesses isolados. Limitar esse comportamento
designando umtempo específico do dia, quando a criança pode falar sobre isso. Por
exemplo: a umacriança com Síndrome de Asperger com fixação em animais e tem
inumeráveisperguntas sobre um tipo de tartaruga. Deve ser permitido fazer essas
perguntassomente durante o recreio. Isso fará parte de sua rotina diária e ela
aprenderárapidamente a se interromper quando começar a fazer esse tipo de
perguntas emoutros horários do dia;
•
Uso de reforço positivo seletivo, direcionado a formar um comportamento
desejado, éuma estratégia crítica para ajudar crianças com SA. Essas crianças
respondem a elogios(por exemplo, no caso de um perguntador contumaz, o
professor poderia premiá-loconsistentemente assim que ele pare e congratulá-lo
por permitir que os outrostambém falem). Essas crianças também devem ser
premiadas por comportamentossimples e esperados que absorva de outras
crianças;
•
Algumas crianças com Síndrome de Asperger não querem ensinamentos fora de
suaárea de interesse. Exigência firme deve ser feita para completar o trabalho de
classe.Deve ficar muito claro para a criança Síndrome de Asperger que ela não
está nocontrole e tem que seguir regras específicas. Ao mesmo tempo, no entanto,
encontrarum meio-termo, dando-lhe a oportunidade de perseguir seus próprios
interesses;
•
Para crianças particularmente obstinadas, pode ser necessário
inicialmenteindividualizar todos os conteúdos em redor de sua área de interesse
(por exemplo, se ointeresse é dinossauros, oferecer sentenças de gramática,
problemas de matemática,leitura e escrita sobre dinossauros). Gradualmente
introduzir outros tópicos.
•
Estudantes podem receber a tarefa de relacionar seus interesses com o tema
emestudo. Por exemplo, durante o estudo sobre um país específico, uma criança
obssecadapor trens pode receber a tarefa de pesquisar os meios de transporte
usados naquelepaís;
•
Usar as fixações da criança como um caminho para abrir seu repertório de
interesses.Por exemplo, durante uma unidade "corredores da floresta" o estudante
com Síndrome
de Asperger que tinha obsessão por animais foi levado não somente a estudar
osanimais corredores da floresta, mas a própria floresta, que é a casa dos animais.
Ele semotivou a aprender sobre o povo local que era forçado a cortar as árvores do
habitatdos animais da floresta para sobreviver.
Concentração fraca
Crianças com Síndrome de Asperger são freqüentemente desligadas, distraídas
por estímulosinternos; são muito desorganizados; tem dificuldade para sustentar o
foco nas atividades de sala de aula(freqüentemente a atenção não é fraca, mas seu
foco é "diferente"; os indivíduos com Síndrome deAsperger não conseguem filtrar
o que é relevante [Happe, 1991], de modo que sua atenção é focada emestímulos
irrelevantes); tendência a mergulhar num complexo mundo interno de uma maneira
maisintensa que o típico "sonhar acordado" e tem dificuldade para aprender em
situações de grupo.
Sugestões
•
Uma tremenda quantidade de estrutura externa precisa ser arregimentada se se
esperaque a criança com Síndrome de Asperger seja produtiva em sala de aula.
Conteúdosdevem ser divididos em pequenas unidades e o professor deve oferecer
freqüentesfeedbacks e redirecionamentos;
•
Crianças com problemas severos de concentração se beneficiam de sessões de
trabalhocom tempo definido. Isso as ajuda a se organizar. Trabalho de classe que
não sejacompletado no tempo limite (ou feito sem cuidado dentro do tempo limite)
deve sercompletado no tempo particular da criança (isto é, durante o recreio ou
durante otempo usado para seus interesses especiais). Crianças com Síndrome de
Aspergerpodem às vezes "empacar"; eles precisam de convicção e programa
estruturado que osensine que agir conforme as regras leva a reforço positivo (esse
tipo de programamotiva a criança Síndrome de Asperger a ser produtiva,
aumentando a auto-estima ediminuindo o nível de stress, porque a criança vê a si
própria como competente);
•
No caso de estudantes de ensino regular, fraca concentração, baixa velocidade
edesorganização severa podem tornar necessário diminuir sua carga de tarefas
decasa/classe e/ou arranjar tempo numa sala de recuperação onde um professor
especialpossa dar-lhe a estrutura adicional que precisa para completar as tarefas
de classe ecasa (algumas crianças com Síndrome de Asperger são tão inábeis para
se concentrarque isso gera stress indevido nos pais, por esperar-se que eles
gastem horas toda noitetentando fazer a lição de casa com seu filho);
•
Sentar a criança com Síndrome de Asperger na frente da classe e fazer-lhe
freqüentesperguntas diretas, para ajudá-lo a prestar atenção à lição;
•
Trabalhar uma sinalização não-verbal com a criança (por exemplo, um gentil toque
noombro) quando não estiver atenta;
•
Se o "sistema amigo" for usado, sentar o amigão junto a ele, de modo que este
possalembrá-lo a voltar à tarefa ou prestar atenção à lição;
•
O professor precisa encorajar ativamente a criança com Síndrome de Asperger a
deixarsuas idéias e fantasias para trás e se focar no mundo real. Isso é uma
batalha constante,uma vez que o conforto desse mundo interior é tido como muito
mais atraente quequalquer coisa na vida real. Para crianças pequenas, até mesmo
jogos livres precisamser estruturados, porque eles podem entrar num mundo
solitário, e jogos ritualizadosde fantasia podem levá-los a perder contato com a
realidade. Encorajando a criançacom Síndrome de Asperger a brincar com uma ou
duas outras crianças, com supervisão,não somente estrutura os jogos como oferece
a oportunidade de praticar habilidadessociais.
Fraca coordenação motora
Crianças com Síndrome de Asperger são fisicamente desajeitadas e rudes; tem
andar duro edesgracioso; são mal sucedidos em jogos envolvendo habilidades
motoras; e experimentam déficit emmotricidade fina que causa problemas de
caligrafia, baixa velocidade de escrita e afeta sua habilidadepara desenhar.
Sugestões
•
Encaminhar a criança com Síndrome de Asperger para um programa de educação
físicaadaptado, se os problemas motores grossos forem severos;
•
Envolver a criança com Síndrome de Asperger num currículo de saúde e forma
física, aoinvés de em esportes competitivos;
•
Não empurrar a criança a participar em esportes competitivos, uma vez que sua
fracacoordenação motora só pode levar a frustração e rejeição dos membros do
time. Àcriança com Síndrome de Asperger falta a compreensão social da
coordenação dasações de cada um sobre os outros do time;
•
Crianças com Síndrome de Asperger podem precisar de um programa
altamenteindividualizado que imponha traçar e copiar no papel, acoplado com
padrões motoresno quadro negro. O professor guia a mão da criança
repetidamente, formando as letrase conexões das letras e também usa a descrição
verbal. Uma vez que a criança guarde adescrição na memória, ela pode falar para si
própria enquanto forma as letras,independentemente;
•
Crianças pequenas com Síndrome de Asperger se beneficiam com linhas guia, que
osajudam a controlar o tamanho e uniformidade das letras que escrevem. Isso
também asforça a usar o tempo para escrever com atenção;
•
Quando aplicando tarefas com tempo definido, certificar-se que a menor
velocidade deescrita da criança esteja sendo levada em conta;
•
Indivíduos com Síndrome de Asperger podem precisar de mais tempo que seus
colegaspara completar as provas (fazer as provas na sala de apoio não somente
oferece maistempo mas também fornece a estrutura adicional e o
redirecionamento do professorque essas crianças precisam para se focar na tarefa
em mãos).
Dificuldades acadêmicas
Crianças com Síndrome de Asperger usualmente tem inteligência média ou acima da
média(especialmente na esfera verbal), mas falham em pensamentos de alto nível e
habilidades decompreensão. Tendem a ser muito literais: suas imagens são
concretas, a abstração é pobre. Seu estilopedante de falar e impressionante
vocabulário dão a falsa impressão de que entendem daquilo queestão falando,
quando em verdade estão meramente papagueando o que leram ou ouviram. A
criançacom Síndrome de Asperger freqüentemente tem excelente memória, mas
isso é de natureza mecânica,ou seja, a criança pode responder como um vídeo que
toca em seqüência. As habilidades de solução deproblemas são fracas.
Sugestões
•
Providenciar um programa acadêmico altamente individualizado, estruturado de
formaa oferecer sucessos consistentes. A criança com Síndrome de Asperger
precisa degrande motivação para não seguir seus próprios impulsos. Aprender
precisa sergratificante e não um motivo de ansiedade;
•
Não assumir que a criança com Síndrome de Asperger aprendeu alguma coisa só
porqueela papagueou o que ouviu;
•
Oferecer explicação adicional e tentar simplificar quando os conceitos da lição
sãoabstratos;
•
Capitalizar sua memória excepcional: reter informações fatuais é freqüentemente
seuforte;
•
Nuances emocionais, múltiplos níveis de significado e relacionamentos, como
ospresentes em livros de romance, serão freqüentemente não compreendidos;
•
As colocações escritas de indivíduos com Síndrome de Asperger são
freqüentementerepetitivas, fogem de um objeto para outro e contém incorretas
conotações para aspalavras. Essas crianças freqüentemente não sabem a diferença
entre conhecimentogeral e idéias pessoais e, então, assumem que o professor irá
entender suas expressõesàs vezes sem sentido;
•
Crianças com Síndrome de Asperger freqüentemente tem excelentes habilidades
dereconhecimento de leitura, mas a compreensão da linguagem é fraca. Cautela
aoassumir que entenderam aquilo que leram com tanta fluência;
•
O trabalho acadêmico pode ser de baixa qualidade porque a criança com Síndrome
deAsperger não é motivada a aplicar esforço em áreas nas quais não se
interessa.Expectativas muito firmes devem ser levantadas sobre a qualidade do
trabalhoproduzido. O trabalho executado dentro do tempo previsto deve ser não
somentecompleto, mas feito com cuidado. A criança com Síndrome de Asperger
deve corrigirtarefas de classe mal feitas durante o recreio ou durante o tempo
que normalmente usapara seus interesses particulares.
Vulnerabilidade emocional
Crianças com Síndrome de Asperger tem a inteligência para cursar o ensino
regular, mas elasfreqüentemente não tem a estrutura emocional para enfrentar as
exigências de sala de aula. Essascrianças são facilmente estressadas devido à sua
inflexibilidade. A auto-estima é pequena, e elesfreqüentemente são muito
autocríticos e inábeis para tolerar erros. Indivíduos com Síndrome deAsperger,
especialmente adolescentes, podem ser inclinados à depressão (é documentada uma
altapercentagem de adultos Síndrome de Asperger com depressão). Reações de
raiva são comuns emresposta a stress/frustração. Crianças com Síndrome de
Asperger raramente relaxam e são facilmenteacabrunhados quando as coisas não
são como sua forma rígida diz que devem ser. Interagir com pessoase copiar as
demandas do dia-a-dia lhes exige um esforço hercúleo.
Sugestões:
•
Prevenir explosões oferecendo um alto nível de consistência. Preparar a criança
paramudanças na rotina diária, para diminuir o stress (veja a sessão "Resistência
aMudanças"). Crianças com Síndrome de Asperger freqüentemente se
tornamamedrontadas, raivosas e inquietas em face a mudanças forçadas ou não
esperadas;
•
Ensinar à criança como lidar quando o stress a sobrecarrega, para prevenir
explosões.Ajudar a criança a escrever uma lista de passos bem concretos que
possam ser seguidosquando estiver confusa (por exemplo, 1- respirar fundo três
vezes; 2- contar os dedos desua mão direita lentamente, três vezes; 3- pedir para
ver o pedagogo, etc.). Incluir nalista um comportamento ritualizado que a criança
ache reconfortante na lista. Escreveresses passos num cartão que vá no bolso da
criança de modo que sempre estejadisponível para ler;
•
Efeitos refletidos na voz do professor devem ser reduzidos ao mínimo. Seja
calmo,previsível, e senhor dos fatos nas interações com crianças com AS, enquanto
claramenteindique compreensão e paciência. Hans Asperger (1991), o psiquiatra que
deu seu nomeà síndrome, notou que "o professor que não entende que é necessário
ensinar àscrianças [com Síndrome de Asperger] coisas óbvias se sentirá impaciente
e irritado"
(pg.57). Não espere que a criança com Síndrome de Asperger reconheça que
estátriste/deprimida. Da mesma forma que não percebem os sentimentos dos
outros, essascrianças podem ser também inconscientes de seus próprios
sentimentos. Elasfreqüentemente cobrem sua depressão e negam seus sintomas;
•
Professores devem estar alertas para mudanças no comportamento que possam
indicardepressão, como níveis excepcionais de desorganização, apatia ou
isolamento; limiar destress diminuído; fadiga crônica; choro; anotações suicidas,
etc. Não aceitar a afirmaçãoda criança, nesses casos, de que está "OK";
•
Informe sintomas para o terapeuta da criança ou faça um exame de saúde mental,
demodo que a criança possa ser avaliada quanto a depressão e receba tratamento,
senecessário. Devido a essas crianças não serem capazes de perceber suas
própriasemoções e não poderem procurar conforto com os outros, é crítico que
depressão sejadiagnosticada rapidamente;
•
Esteja consciente que adolescentes com Síndrome de Asperger são
especialmentesujeitos a depressão. Habilidades sociais são altamente valiosas na
adolescência e oestudante com Síndrome de Asperger é diferente e tem
dificuldades para formarrelacionamentos normais. O trabalho acadêmico
freqüentemente se torna maisabstrato e o adolescente com Síndrome de Asperger
encontra tarefas mais difíceis ecomplexas. Em um caso, o professor notou que um
adolescente com Síndrome deAsperger parou de reclamar das tarefas de
matemática e então acreditou que ele estavacopiando muito melhor. Na realidade,
sua subsequente organização e produtividadedecaiu em matemática. Ele escapou
para seu mundo interior para esquecer dematemática, e então simplesmente parou
de copiar;
•
É crítico que adolescentes com Síndrome de Asperger que estejam no ensino
regulartenham um membro do staff de suporte com quem possam fazer uma
checagem pelomenos uma vez por dia. Essa pessoa pode ver como ele está copiando
as aulasdiariamente e encaminhar observações para os outros professores;
•
Crianças com Síndrome de Asperger precisam receber assistência acadêmica assim
quedificuldades numa área em particular sejam notadas. Essas crianças são
rapidamentesobrecarregadas e reagem muito mais severamente a falhas que
outras crianças;
•
Crianças com Síndrome de Asperger que sejam muito frágeis emocionalmente
podemprecisar ser colocadas numa sala de aula altamente estruturada de educação
especialque possa oferecer programa acadêmico individualizado. Essas crianças
precisam de umambiente no qual possam ver a si próprias como competentes e
produtivas. Nessescasos, colocá-las no ensino regular, onde não podem absorver
conceitos ou completartarefas, serve somente para diminuir sua auto-estima,
aumentar seu afastamento ecolocá-las em estado de depressão. (Em algumas
situações, uma tutora particular pode
ser melhor para a criança com Síndrome de Asperger que educação especial. A
tutoraoferece suporte afetivo, estruturado e realimentação consistente).
•
Crianças com a síndrome de Asperger são tão facilmente sobrecarregadas
pelaspressões do ambiente, e tem tão profunda diferença na habilidade de formar
relaçõesinterpessoais, que não é de se surpreender que causem a impressão de
"frágilvulnerabilidade e infantilidade patética" (Wing, 1981, pg. 117). Everard
(1976) escreveuque quando esses jovens são comparados aos colegas sem
problemas"instantaneamente se nota como são diferentes e que enormes esforços
tem de fazerpara viver num mundo onde não se fazem concessões e onde se
esperam que sejamconformes" (pg.2).
•
Professores podem ter significado vital em ajudar a criança com Síndrome de
Asperger aaprender a negociar com o mundo ao seu redor. Uma vez que as crianças
com Síndromede Asperger são freqüentemente inábeis para expressar seus medos
e ansiedades, émuito importante que adultos façam isso por eles para levá-los do
mundo seguro defantasia em que vivem para as incertezas do mundo externo.
Profissionais quetrabalham com esses jovens na escola fornecem estrutura
externa, organização eestabilidade que lhes falta. O uso de técnicas didáticas
criativas, com suporte individualpara a síndrome de Asperger é crítico, não
somente para facilitar o sucesso acadêmico,mas também para ajudá-los a sentir-se
menos alienados de outros seres humanos emenos sobrecarregados pelas demandas
do dia-a-dia.http://www.autismo-br.com.br/home/As-escol.htm Dedico este texto
à Simone.Por e com você eu me sinto cada dia mais humano.Jorge Albuquerque
(2008)
A SA é caracterizada por:









Interesses específicos e restritos ou preocupações com um tema em detrimento de outras atividades;

Frequentemente, por um Q.I. verbal significativamente mais elevado que o não-verbal
Rituais ou comportamentos repetitivos;
Peculiaridades na fala e na linguagem;
Padrões de pensamento lógico/técnico extensivo;
Comportamento socialmente e emocionalmente impróprio e problemas de interação interpessoal;
Problemas com comunicação;
Habilidade de desenhar para compensar a dificuldade de se expressar verbalmente;
Transtornos motores, movimentos desajeitados e descoordenados.
[18]
Segundo alguns estudos, apresentam imaginação e criatividade fantasiosa mais reduzida do que uma
criatividade com bases em fatos reais
[19]
As características mais comuns e importantes da SA podem ser divididas em várias categorias amplas: as
dificuldades sociais, os interesses específicos e intensos, e peculiaridades na fala e na linguagem. Outras
características são comumente associadas com essa síndrome, mas nem sempre tomadas como necessárias ao
diagnóstico. Esta seção reflete principalmente as visões de Attwood, Gillberg e Wing sobre as características mais
importantes da SA; os critérios DSM-IV representam uma visão ligeiramente distinta. Diferentemente da maioria dos
tipos de TDI, a SA é geralmente camuflada, e muitas pessoas com o transtorno convivem perfeitamente com os que
não têm. Os efeitos da SA dependem de como o indivíduo afetado responde à própria síndro
1.
Dificuldade em compreender as mensagens transmitidas por meio da linguagem corporal pessoas com SA geralmente não olham nos olhos, e quando olham, não conseguem "ler".
2.
Interpretar as palavras sempre em sentido denotativo - indivíduos com SA têm dificuldade em
identificar o uso de coloquialismos, ironia, gírias, sarcasmo e metáforas.
3.
Ser considerado grosso, rude e ofensivo - propensos a comportamento egocêntrico, Aspergers
não captam indiretas e sinais de alertas de que seu comportamento é inadequado à situação social.
4.
Aperceber-se de erros sociais - à medida que os Aspergers amadurecem e se tornam cientes de
sua "cegueira emocional", começam a temer cometer novos erros no comportamento social, e a autocrítica
em relação a isso pode crescer a ponto de se tornar fobia.
5.
Paranóia - por causa da "cegueira emocional", pessoas com SA têm problemas para distinguir a
diferença entre atitudes deliberadas ou casuais dos outros, o que por sua vez pode gerar uma paranóia.
6.
Lidar com conflitos - ser incapaz de entender outros pontos de vista pode levar a inflexibilidade e
a uma incapacidade de negociar soluções de conflitos. Uma vez que o conflito se resolva, o remorso pode
não ser evidente.
7.
Consciência de magoar os outros - uma falta de empatia em geral leva a comportamentos
ofensivos ou insensíveis não-intencionais.
8.
Consolar os outros - como carecem de intuição sobre os sentimentos alheios, pessoas com AS
têm pouca compreensão sobre como consolar alguém ou fazê-los se sentirem melhor.
9.
Reconhecer sinais de enfado - a incapacidade de entender os interesses alheios pode levar
Aspergers a serem incompreensíveis ou desatentos. Na mão inversa, pessoas com SA geralmente não
percebem quando o interlocutor está entediado ou desinteressado.
10.
Introspecção e autoconsciência - indivíduos com SA têm dificuldade de entender seus próprios
sentimentos ou o seu impacto nos sentimentos alheios.
11.
Vestimenta e higiene pessoal - pessoas com SA tendem a ser menos afetadas pela pressão dos
semelhantes do que outras. Como resultado, geralmente fazem tudo da maneira que acham mais
confortável, sem se importar com a opinião alheia. Isto é válido principalmente em relação à forma de se
vestir e aos cuidados com a própria aparência.
12.
Amor e rancor recíproco - como Aspergers reagem mais pragmaticamente do que
emocionalmente, suas expressões de afeto e rancor são em geral curtas e fracas.
13.
Compreensão de embaraço e passo em falso - apesar do fato de pessoas com SA terem
compreensão intelectual de constrangimento e gafes, são incapazes de aplicar estes conceitos no nível
emocional.
14.
Lidar com críticas - pessoas com SA sentem-se forçosamente compelidas a corrigir erros, mesmo
quando são cometidos por pessoas em posição de autoridade, como um professor ou um chefe. Por isto,
podem parecer imprudentemente ofensivos.
15.
Velocidade e qualidade do processamento das relações sociais - como respondem às
interações sociais com a razão e não intuição, portadores de SA tendem a processar informações de
relacionamentos muito mais lentamente do que o normal, levando a pausas ou demoras desproporcionais e
incômodas.
16.
Exaustão - quando um indivíduo com SA começa a entender o processo de abstração, precisa
treinar um esforço deliberado e repetitivo para processar informações de outra maneira. Isto muito
freqüentemente leva a exaustão mental.
Uma pessoa com SA pode ter problemas em compreender as emoções alheias: as mensagens passadas
pela expressão facial, olhares e gestual tem um impacto baixo, mas não nulo (como no caso dos psicopatas). Eles
também podem ter dificuldades em demonstrar empatia. Assim, Aspergers podem parecer egoístas, egocêntricos ou
insensíveis. Na maioria dos casos, estas percepções são injustas porque os portadores da Síndrome são
neurologicamente incapazes de entender os estados emocionais das pessoas à sua volta. Eles geralmente ficam
chocados, irritados e magoados quando lhes dizem que suas ações são ofensivas ou impróprias. É evidente que
pessoas com SA têm emoções. Mas a natureza concreta dos laços emocionais que venham a ter (ou seja, com objetos
em vez de pessoas) pode parecer curiosa ou até ser uma causa de preocupação para quem não compartilha da
mesma perspectiva.[26]
O problema pode ser exacerbado pelas respostas daqueles neurotípicos que interagem com portadores de
SA. O aparente desapego emocional de um paciente Asperger pode confundir e aborrecer uma pessoa neurotípica,
que por sua vez pode reagir ilógica e emocionalmente — reações que vários Aspergers especialmente não toleram.
Isto pode gerar um círculo vicioso e às vezes desequilibram particularmente famílias de pesso as Aspergers.
O fato de não conseguir demonstrar afeto — pelo menos de modo convencional — não significa
necessariamente que pessoas com SA não sintam afeto. A compreensão disto pode ajudar parceiros ou convíveres a
se sentir menos rejeitados e mais compreensivos. O aumento da compreensão também pode resultar de leitura e
pesquisa sobre a Síndrome e outros transtornos comórbidos.[27] Às vezes, ocorre o problema oposto: a pessoa com SA
é anormalmente afeiçoada a alguém e não consegue captar ou interpretar sinais daquela pessoa, causando
[28]
aborrecimento.
Outro aspecto importante das diferenças sociais encontradas em aspergers é uma fraqueza na coerência
central do indivíduo.[29]Pessoas com esta deficiência podem ser tão focadas em detalhes que não conseguem
compreender o conjunto. Uma pessoa com coerência central fraca pode lembrar de uma história minuciosamente mas
ser incapaz de fazer um juízo de valor sobre a narrativa. Ou pode entender um conjunto de regras detalhadamente mas
ter dúvidas de como aplicá-las. Frith e Happe exploram a possibilidade de que a atenção a detalhes seja uma
abordagem em vez de deficiência. Certamente parece haver várias vantagens em orientar-se por detalhes,
particularmente em atividades e profissões que requeiram alto nível de meticulosidade. Também pode -se entender que
isto cause problemas se a maior parte dos não-autistas for capaz de transitar fluidamente entre a abordagem detalhista
e a generalista.
[editar]Diferenças de fala e linguagem
Pessoas com SA tipicamente tem um modo de falar altamente "pedante", usando um registro formal muitas
vezes impróprio para o contexto. Uma criança de cinco anos de idade com essa condição pode falar regularmente
como se desse uma palestra universitária, especialmente quando discorrer sobre seu(s) assunto(s) de interesse. [30]
A interpretação literal é outro traço comum, embora não universal, da Síndrome de Asperger. Attwood dá o
exemplo de uma menina com SA que um dia atendeu ao telefone e perguntaram “O Paul está aí?”. Embora o Paul em
questão estivesse em casa, não estava no mesmo cômodo que ela. Assim, após olhar em volta para se certificar disso,
a menina simplesmente respondeu "Não" e desligou. A pessoa do outro lado da linha teve de ligar novamente e
explicar a ela que queria que a menina encontrasse o Paul e passasse o telefone a ele. [31]
Indivíduos com SA podem usar palavras idiossincráticas, incluindo neologismos e justaposições incomuns.
Isto pode tornar-se um raro dom para humor (especialmente trocadilhos, jogos de palavras e sátiras). Uma fonte
potencial de humor é a percepção eventual de que suas interpretações literais podem ser usadas para divertir os
outros. Alguns são tão apurados no domínio da língua escrita que podem ser considerados hiperléxicos. Tony Attwood
cita a habilidade de uma criança em particular de inventar expressões, por exemplo, “tirar o pingo dos is” (o oposto de
botar o pingo nos is) ou dizer que seu irmão bebê está “escangalhado” por não poder andar nem falar. [32]
Outros comportamentos típicos são ecolalia (repetição ou eco da fala do interlocutor) e palilalia (repetição de
suas próprias palavras).[33]
Um estudo de 2003 investigou a linguagem escrita de crianças e adolescentes com SA. As amostras foram
comparadas aos seus pares neurotípicos num teste padronizado de escrita e legibilidade da caligrafia. Nas técnicas de
escrita, não foram encontradas diferenças significativas entre os padrões de ambos os grupos; entretanto, na caligrafia,
os participantes com SA produziram letras e palavras consideravelmente menos legíveis do que as do grupo
neurotípico. Outra análise de exemplos de texto escrito constatou que pessoas com Asperger produzem quantidade de
[34]
texto similar às dos neurotípicos, mas têm dificuldade em produzir escrita de qualidade.
Tony Attwood afirma que um professor pode gastar tempo considerável interpretando e corrigindo o
garrancho indecifrável de uma criança com Asperger. A criança também é ciente da qualidade inferior de sua caligrafia
e pode relutar em participar de atividades que envolvam trabalho manuscrito extensivo. Infelizmente para alguns
adultos e crianças, os professores colegiais e os potenciais empregadores podem considerar a precisão da caligrafia
como medida da inteligência e personalidade. A criança pode requerer assistência de terapia ocupacional e exercícios
corretivos, mas a tecnologia moderna pode ajudar minimizar este problema. O pai ou monitor pode também atuar como
[35]
redator ou revisor da criança para assegurar a legibilidade das respostas nos deveres de casa.
[editar]Interesses específicos e intensos
A Síndrome de Asperger na criança pode se desenvolver como um nível de foco intenso e obsessivo em
assuntos de interesse, muitos dos quais são os mesmos de crianças normais. A diferença de crianças com SA é a
[36]
intensidade incomum desse interesse . Alguns pesquisadores sugeriram que essas "obsessões" são essencialmente
arbitrárias e carecem de qualquer significado ou contexto real. No entanto, pesquisa recente sugere que geralmente
[37]
não é esse o caso.
Algumas vezes, os interesses são vitalícios; em outros casos, vão mudando a intervalos imprevisíveis. Em
qualquer caso, são normalmente um ou dois interesses de cada vez. Ao perseguir estes interesses, portadores de SA
freqüentemente manifestam argumentação extremamente sofisticada, um foco quase obsessivo e uma memória
[38]
impressionantemente boa para dados factuais (ocasionalmente, até memória eidética). Hans Asperger chamava
seus jovens pacientes de "pequenos professores" por que ele achava que seus pacientes tinham como compreensão
um entendimento de seus campos de interesse assim como os professores universitários. [39]
Pessoas com Síndrome de Asperger podem ter pouca paciência com coisas fora destes campos de interesse
específico. Na escola, podem ser considerados inaptos ou superdotados altamente inteligentes, claramente capazes de
superar seus colegas em seu campo do interesse, e ainda assim constantemente desmotivados para fazer deveres de
casa comuns (às vezes até mesmo em suas próprias áreas de interesse). Outros podem ser hipermotivados para
superar os colegas de escola. A combinação de problemas sociais e de interesses específicos intensos pode conduzir
ao comportamento incomum, tal como abordar um desconhecido e iniciar um longo monológo sobre um assunto de
interesse especial em vez de se apresentar antes da maneira socialmente aceita. Entretanto, em muitos casos os
adultos podem superar estas impaciências e falta de motivação e desenvolver mais tolerância às novas atividades e a
conhecer pessoas.[40]
[editar]Ver também
O síndrome de Asperger ou o transtorno de Asperger ou ainda Desordem de Asperger é um síndrome que está
relacionado com o autismo, diferenciando-se deste por não comportar nenhum “atraso ou retardo global no desenvolvimento
cognitivo ou de linguagem”. O termo “síndrome de Asperger” foi utilizado pela primeira vez por Lorna Wing em 1981 num jornal
médico, que pretendia desta forma honrar Hans Asperger, um psiquiatra e pediatra austríaco cujo trabalho não foi reconhecido
internacionalmente até a década de 1990, mais precisamente em 1994 no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais,
na sua quarta edição.
Suspeita-se que Albert Einstein, o físico Isaac Newton, o compositor Mozart e o pintor renascentista Miguel Ângelo
também fossem portadores da síndrome, além do cineasta Stanley Kubrick e do filósofo Wittgenstein, bem como Andy Warhol.
Outra Asperger de sucesso chama-se Temple Grandin, nos Estados Unidos, uma engenheira e zoóloga, professora universitária.
Outro Asperger de sucesso é Syd Barret, vocalista, guitarrista e compositor do Pink Floyd, que devido ao Síndrome de Asperger,
viria a só participar no primeiro álbum (maioritariamente) e, minoritariamente, no segundo álbum da banda. Também o vocalista da
banda australiana The Vines, Craig Nicholls, foi diagnosticado com a síndrome. Nicholls catalisa toda a sua inteligência na música,
criando climas energéticos e totalmente psicadélicos, estando, no entanto, afastado de quase todo o relacionamento social.
Características

Interesses específicos ou preocupações com um tema em detrimento de outras actividades;

Rituais ou comportamentos repetitivos;

Peculiaridades na fala e na linguagem;

Padrões de pensamento lógico/técnico extensivo (às vezes comparado com os traços de personalidade do
personagem Spock de Jornada nas Estrelas);

Comportamento socialmente e emocionalmente impróprio e problemas de interacção inter pessoal;

Problemas com comunicação não-verbal;

Transtornos motores, movimentos desajeitados e descoordenados.
Sinais de Alerta
1. Dificuldade em ler as mensagens sociais e emocionais dos olhares – portadores de SA geralmente não olham nos
olhos, e quando olham, não os conseguem “ler”.
2. Interpretar literalmente – indivíduos com SA têm dificuldade em interpretar coloquialismos, ironia, gírias, sarcasmo
e metáforas.
3. Ser considerado rude e ofensivo – propensos a um comportamento egocêntrico, os Aspergers não captam indirectas e
sinais de alertas de que seu comportamento é inadequado à situação social.
4. Honestidade - portadores de Asperger são geralmente considerados “honestos demais” e têm dificuldade em enganar
ou mentir, mesmo às custas de magoar alguém.
5. Percepção de erros sociais – à medida que os Aspergers amadurecem e se tornam cientes de sua “cegueira
emocional”, começam a temer cometer novos erros no comportamento social, e a autocrítica em relação a isso pode crescer a ponto
de se tornar numa fobia.
6. Paranóia – por causa da “cegueira emocional”, pessoas com SA têm problemas para distinguir a diferença entre as
atitudes deliberadas ou casuais dos outros, o que por sua vez pode gerar uma paranóia.
7. Lidar com conflitos – ser incapaz de entender outros pontos de vista pode levar a inflexibilidade e a uma
incapacidade de negociar soluções de conflitos. Uma vez que o conflito se resolva, o remorso pode não ser evidente.
8. Consciência de magoar os outros – uma falta de empatia em geral leva a comportamentos ofensivos ou insensíveis
não-intencionais.
9. Consolar os outros – como carecem de intuição sobre os sentimentos alheios, pessoas com SA têm pouca noção sobre
como consolar alguém.
10. Reconhecer sinais de enfado – a incapacidade de entender os interesses alheios pode levar Aspergers a serem
bastante desatentos e geralmente não percebem quando o seu interlocutor está entediado ou desinteressado.
11. Introspecção e auto-consciência – os indivíduos com SA têm dificuldade de entender os seus próprios sentimentos
ou o seu impacto nos sentimentos alheios.
12. Vestuário e higiene pessoal – pessoas com SA tendem a ser menos afectadas pela pressão dos semelhantes do que
outras. Como resultado, geralmente fazem tudo da maneira que acham mais confortável, sem se importar com a opinião alheia. Is to
é válido principalmente em relação à forma como se vestem e aos cuidados com a própria aparência.
13. Amor e rancor – como os Aspergers reagem mais pragmaticamente do que emocionalmente, as suas expressões de
afecto e rancor são em geral curtas e fracas.
14. Compreensão de embaraço e passo em falso – apesar do fato de pessoas com SA terem compreensão intelectual de
constrangimento e gafes, são incapazes de aplicar estes conceitos no nível emocional.
15. Lidar com críticas – pessoas com SA sentem-se forçosamente compelidas a corrigir erros, mesmo quando são
cometidos por pessoas em posição de autoridade, como um professor ou um chefe. Por isto, podem parecer imprudentemente
ofensivos.
15. Velocidade e qualidade do processamento das relações sociais – como respondem às interacções sociais com a
razão e não com a intuição, os portadores de SA tendem a processar informações de relacionamento muito mais lentamente do que o
normal, levando a pausas ou demoras desproporcionais e incómodas.
16. Exaustão – quando um indivíduo com SA começa a entender o processo de abstracção, precisa treinar um esforço
deliberado e repetitivo para processar informações de outra maneira. Isto muito frequentemente leva a exaustão mental.
ntrodução
As crianças diagnosticadas com Síndrome de Asperger apresentam um desafio especial para o
sistema educacional. Vistas tipicamente pelos colegas de sala de aula como excêntricas e esquisitas,
suas habilidades sociais ineptas freqüentemente as levam a ser feitas de bode expiatório. A falta de jeito
e o interesse obsessivo por assuntos obscuros contribuem para sua apresentação “estranha”. Falta a
estas crianças a compreensão das relações humanas e das regras do convívio social; são ingênuas e
carecem de forma evidente de senso comum. Sua inflexibilidade e falta de habilidade para lidar com
mudanças levam estas pessoas a ser facilmente estressadas e emocionalmente vulneráveis. Ao mesmo
tempo, as crianças com S.A. (na maioria garotos) têm, com freqüência, níveis de inteligência na média
ou acima da média e memória de rotina superior. Sua determinação por um tema único de interesse
pode levá-las a grandes realizações na vida futura.
A Síndrome de Asperger é considerada um transtorno localizado no ponto mais alto do final do
continuum do autismo. Comparando as pessoas incluídas neste continuum, Van Krevelen (citado em
Wing, 1991) observou que a criança com autismo com nível de funcionamento baixo “vive num mundo
próprio”, enquanto a criança com autismo com funcionamento mais alto, “vive no nosso mundo, mas à
sua própria maneira”.
Naturalmente, nem todas as crianças com S.A. são iguais. Da mesma forma que cada criança
com S.A., seja menino ou menina, tem sua personalidade própria e singular, os sintomas “típicos” de
Síndrome de Asperger são manifestados de maneiras específicas para cada indivíduo.
Conseqüentemente, não existe uma receita exata de intervenções em sala de aula que possam ser
usadas para todos os jovens com Síndrome de Asperger, da mesma forma que não há um método
educacional que preencha as necessidades de todas as crianças que não apresentam Síndrome de
Asperger.
Estas sugestões são oferecidas somente no sentido mais geral e devem ser adaptadas para
contemplar as necessidades únicas de cada estudante com Síndrome de Asperger.

Insistência em semelhanças
Crianças com Síndrome de Asperger são facilmente oprimidas pelas mínimas mudanças,
altamente sensíveis a pressões do ambiente e às vezes atraídas por rituais. São ansiosos e tendem a
temer obsessivamente quando não sabem o que esperar; Stress, fadiga e sobrecarga emocional
facilmente os afeta.
Sugestões: fornecer ambiente previsível e seguro; minimizar as transições; oferecer rotinas
diárias consistentes; evitar surpresas: preparar a criança previamente para atividades especiais,
mudanças de horários ou qualquer outra mudança de rotina, independente de quão mínima seja; afastar
o medo do desconhecido, mostrando à criança as novas atividades, professor, classe, escola,
acampamento, etc. com antecedência, tão cedo quanto possível depois dele/dela ser informada da
mudança, para prevenir medo obsessivo (por exemplo, quando a criança com Síndrome de Asperger
precisa trocar de escola , ela deve ser apresentada ao novo professor, passear pela escola e ser
informada de sua nova rotina antes de começar).

Dificuldades em interações sociais
Crianças com Síndrome de Asperger mostram-se inábeis para entender regras complexas de
interação social; são ingênuas; extremamente egocêntricas; podem não gostar de contatos físicos;
falam junto às pessoas em vez de para elas; não entendem brincadeiras, ironias ou metáforas; usa tom
de voz monótono ou estridente, não-natural; uso inapropriado de olhar fixo e linguagem corporal; são
insensíveis e com o sentido do tato deficiente; interpretam erroneamente as deixas sociais; não
conseguem julgar as "distâncias sociais" exibindo pouca habilidade para iniciar e sustentar conversas;
têm discurso bem desenvolvido, mas comunicação pobre; são às vezes rotulados de "pequeno
professor" porque seu estilo de falar é semelhante ao adulto e pedante; são facilmente passados para
trás (não percebem que outros às vezes os roubam ou enganam); normalmente desejam ser parte do
mundo social.
Sugestões:
Proteger a criança de ser importunada ou bulida; nos grupos mais velhos, tentar educar os colegas
sobre a criança com Síndrome de Asperger, quando a dificuldade social é severa, descrevendo seus
problemas sociais como uma autêntica dificuldade; elogiar os colegas quando o tratam com jeito (isso
pode prevenir que se torne bode expiatório, ao mesmo tempo que promove empatia e tolerância nas
outras crianças); enfatizar as habilidades acadêmicas da criança com SA , criando situações cooperativas
onde suas habilidades de leitura , vocabulário , memória e outras sejam vistas como vantajosas pelos
colegas , aumentando dessa forma sua aceitação; muitas crianças com SA desejam ter amigos , mas
simplesmente não sabem como interagir. Elas precisam ser ensinadas a reagir a situações sociais e a ter
um repertório de respostas para usar em várias situações sociais. Ensinar as crianças o que dizer e como
dizer. Modelar interações bidirecionais e treinar. Embora sua dificuldade para entender as emoções dos
outros, crianças com SA podem aprender a forma correta de reagir. O professor pode educar um colega
sensível e hábil quanto à situação da criança com SA e sentá-los próximos. O colega pode cuidar da
criança SA no ônibus, no recreio, nos corredores, etc., e tentar incluí -lo nas atividades da escola.

Gama restrita de interesses
Crianças com Síndrome de Asperger têm preocupações excêntricas ou ímpares, fixações
intensas (às vezes colecionando obsessivamente coisas não-usuais). Eles tendem a "leitura" implacável
nas áreas de interesse; perguntam insistentemente sobre seus interesses; tem dificuldades para ir
avante com idéias; seguem as próprias inclinações, a despeito da demanda externa; às vezes recusamse a aprender qualquer coisa fora do seu limitado campo de interesses
Sugestões: não admitir que a criança com SA discuta perseverantemente ou faça perguntas
sobre interesses isolados. Limitar esse comportamento designando um tempo específico do dia, quando
a criança pode falar sobre isso. Por exemplo: a uma criança com SA com fixação em animais e tem
inumeráveis perguntas sobre um tipo de tartarugas e pode ser permitido fazer essas perguntas somente
durante o recreio. Isso fará parte de sua rotina diária e ela aprenderá rapidamente a se interromper
quando começar a fazer esse tipo de perguntas em outros horários do dia;
POR DENTRO DA MENTE/CÉREBRO AUTISTA
Matéria publicada na revista "Time Magazine" edição de junho de 2006.
Tradução de Claudia Marcelino.
O caminho para a mente de Hannah foi aberto há poucos dias antes do seu 13º
aniversário.
Seus pais, terapeutas, nutricionistas e professores, passaram anos preparando esse
caminho. Eles moveram montanhas para desenvolver o seu equilíbrio, a sua percepção
sensorial e a sua saúde como um todo. Gastaram fortunas em terapia ocupacional, fisioterapia
e suporte emocional e psicológico. Antes da chegada de 2005, finalmente a vida de Hannah
começou a tomar outra direção. Hannah que tinha a fala limitada a frases de músicas, diálogos
ecolálicos e sons ininteligíveis, que é acometida de autismo severo e que os médicos
pensavam também ser acometida de sério retardo mental, num certo dia de outubro, depois de
ser apresentada a um certo computador específico, Hannah provou que todos estavam
errados.
"Tem alguma coisa que você gostaria de dizer Hannah"? perguntou Marilyn Chadwick,
diretora de treinamento do Instituto de Comunicação Facilitada da Universidade de Syracusa.
Com Chadwick ajudando a estabilizar o seu punho direito e sua mãe olhando, a garota
q pensaram ser incapacitada de aprender a ler e escrever, digitou lentamente "Eu amo a
mamãe".
Um ano e meio depois, Hannah senta com o seu tutor à uma pequena mesa de
computador em sua casa, num subúrbio fora da cidade de Nova York. A comunicação facilitada
é controversa. Há críticas dizendo que na verdade, frequentemente é o facilitador que está
digitando. Mas o fato é que este acontecimento, mudou completamente a vida de Hannah. A
garota sem diálogo tinha um vocabulário extenso, senso de humor e algumas habilidades
impensadas.
Um dia quando Jacob deu uma página com 30 problemas matemáticos à ela, Hannah
deu uma olhada e depois digitou todas as 30 respostas. Espantado Jacob perguntou, "Você
tem memória fotográfica"? Hannah digitou: "Sim!"
Assim como muitas outras pessoas com autismo, Hannah é tão sensível ao som que é
capaz de distinguir qualquer palavra de conversas que aconteçam em qualquer lugar da casa,
o que pode contribuir em muito para o seu aprendizado. Ela também é hiper sensível a
estímulos visuais, fixar os objetos diretamente é muito difícil, então ela frequentemente recorre
a sua visão periférica.
A habilidade recém descoberta de Hannah para se comunicar, possibilitou que a sua
inteligência desabrochasse, mas também mostrou um lado obscuro: ela demonstrou ser
dolorosamente consciente sobre seu autismo. Sobre isso ela fala: "A realidade machuca".
Mais de 60 anos depois do autismo ser descrito pela primeira vez pelo psiquiatra
americano, Leo Kanner, ainda há mais perguntas do que respostas para essa desordem tão
complexa. As suas causas ainda são incertas, assim como as razões para o rápido
crescimento na incidência de autismo em países como os EUA, Japão, Inglaterra, Dinamarca e
França. Mas, devagar e sempre, muitos mitos sobre o autismo estão sendo derrubados,
enquanto os cientistas descobrem outras formas de desvendar o que se passa nos corpos e
mentes das pessoas com autismo e mais ainda, naqueles que são profundamente afetados,
assim como Hannah e que estão sendo capazes de dar voz as suas experiências.
Em meio as surpresas estão:
- Autismo é muito parecido com câncer, muitos sintomas com muitas causas distintas.
Já é bastante sabido que há uma enorme variedade dos sintomas severos de uma profunda
deficiência à formas mais brandas como a Síndrome de Asperger, onde a habilidade intelectual
geralmente é alta, mas a consciência social é baixa. Os médicos agora preferem se referir ao
termo de "Desordem do Espectro Autista" e os cientistas acreditam também haver subtipos
distintos, incluindo um tipo com início muito cedo e um tipo regressivo que pode ter início após
os 2 anos.
- Antes, acreditava-se principalmente numa desordem do cerebello, a região na parte
traseira do cérebro que integra as atividades sensoriais e motoras. Autismo agora, é visto como
um problema pervasivo na forma como o cérebro é ligado. A distribuição das fibras nervosas
que ligam diversas partes do cérebro é anormal, mas não está claro até onde isso é a causa ou
a consequência do autismo.
- O sistema imunológico pode desempenhar uma grande contribuição em ao menos
alguns casos de autismo. O que sugere novos caminhos de prevenção e tratamento.
- Muitos sintomas clássicos de autismo como rodopiar, balançar a cabeça, e repetir
frases sem parar, pareçem mais ser mecanismos de tentativa de comunicação do que
comportamentos de desligamento.
Outros sintomas clássicos como falta de emoção e ou falta de habilidade para amar,
agora podem ser amplamente rejeitados, devido a comunicação enfraquecida. O mesmo podese dizer sobre a suposta alta incidência de retardo mental.
O mundo de terapias para o autismo continua a ser bombardeado por curas
milagrosas. Mas os terapeutas estão começando a encontrar as melhores formas de interver. E
enquanto se fala que autismo é uma desordem para a vida inteira, existem alguns casos
relatados em que crianças que foram identificadas e tratadas muito precocemente, não mais
exibem os seus sintomas.
A CURIOSA INCIDÊNCIA
Dr. Thomas Insel, Diretor do National Institute of Mental Health - NIMH - Instituto
Nacional da Saúde Mental, de onde provém a maioria das pesquisas nacionais de autismo,
relembra um tempo onde a desordem era raramente diagnosticada. " Quando o meu irmão era
residente do Hospital da Criança de Harvard nos anos 70, eles internaram uma criança com
autismo e o diretor do hospital chamou todos os residentes do hospital para ver, disse Insel.
"Ele disse - " Vocês tem que ver esse caso; vocês nunca verão isso novamente".
Ele estava errado. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças,
cerca de 1 em cada 166 crianças americanas nascidas hoje, irão algum dia cair dentro do
espectro autista. Dobrou a incidência de casos nos últimos 10 anos e aumentou em 10 vezes
mais a incidência estimada na geração passada. Enquanto alguns duvidam das novas
incidências, dois levantamentos publicados na semana passada por este centro, estavam de
acordo com essa incidência chocante.
Ninguém pode dizer porque os números cresceram tanto. Maior conscientização e
campanhas de saúde pública para encorajar diagnósticos precoces certamente fizeram a sua
parte, desde que no passado, muitas dessas crianças eram rotuladas como retardadas ou
loucas e escondidas em instituições. Mas fatores ambientais podem também estar contribuindo
para o crescimento. Para se tentar chegar a raiz do mistério, os fundos federais para as
pesquisas no autismo triplicou na última década, para 100 milhões de dólares, embora isso
ainda seja pouco em comparação com o valor estimado em 500 milhões destinados para o
câncer infantil, que acomete muitas crianças a menos.
No Centro de Saúde e Prevenção de Doenças Ambientais da Criança da Universidade
Davis da Califórnia, o toxicologista Isaac Pessah está estudando o cabelo, o sangue, a urina e
amostras de tecidos de 700 famílias com casos de autismo. Ele está testando 17 metais, traços
de pesticidas, opióides e outros intoxicantes. Em março, Pessah causou um rebuliço ao
publicar um estudo que mostrava que mesmo um nível muito baixo de mercúrio usado nas
vacinas preservadas com thimerosal, há muito suspeito de provocar o autismo, pode dar início
a irregularidades em células do sistema imune, pelo menos no tubo de ensaio. Mas ele não
atribui o thimerosal (o qual já foi removido das vacinas rotineiras da infância) como o vilão da
história. " Provavelmente não há só um disparador que esteja causando o autismo no lado
ambiental", diz Pessah, "e também não há só um gene envolvido".
Realmente muitos pesquisadores acreditam que o autismo resulte de uma combinação
entre fatores ambientais e vulnerabilidade genética. Um gêmeo idêntico de uma criança com
autismo, tem chances de 60 a 90% de também ser atingido. E existe pouca dúvida sobre a
vulnerabilidade de algumas famílias em ocorrer síndromes do espectro autista: o sibling (?) de
uma criança autista tem cerca de 10% de chance de também desenvolver a síndrome.
Cientistas genéticos que trabalham com autismo encontraram pontos suspeitos nos
cromossomos 2, 5, 7, 11 e 17, mas provavelmente existem dúzias de genes envolvidos. "Nós
achamos que existem casos diferentes de autismos, cada um deles pode haver uma causa
diferente e genes diferentes envolvidos", diz David Amaral, pesquisador chefe da MIND
Institute, também na Universidade de Davis na Califórnia.
Amaral está liderando as pesquisas do MIND no esforço de juntar dados clínicos,
comportamentais e genéticos em 1.800 crianças autistas. Um dos objetivos é definir
claramente os subtipos do autismo. "É difícil estabelecer a genética se você estiver tratando
sobre 4 ou 5 síndromes diferentes", diz o chefe do NIMH, Insel. "Será que a presença de
eplepisia define casos separados da doença? O que dizer das crianças que pareçem ter um
desenvolvimento normal durante o 1º ano e meio de vida e depois regridem? Será um caso
separado? E o que falar sobre o grande nº de crianças com graves problemas intestinais? E
outros tantos com disfunções imunológicas, será que é um subtipo também?
Amaral e sua colaboradora, Judy Van de Water, acreditam estarem próximos de uma
grande descoberta de pelo menos um tipo de autismo, uma forte tendência familiar. Eles
detectaram uma grande quantidade de anticorpos no sangue de famílias com tendências ao
espectro autista e mais ainda, nas mães com mais de um filho autista. "Estes anticorpos fazem
um papel de combate contra as proteínas no cérebro do feto', diz Amaral. A principal hipótese é
que estes anticorpos podem alterar o desenvolvimento do cérebro de tal forma que leve ao
autismo. Se estivermos certos, essa descoberta pode levar a um tipo de teste sanguíneo
materno e ao uso de uma terapia específica, chamada plasmapheresis, visando retirar estes
anticorpos do sangue materno.
"Você gera uma expectativa muito grande ", diz Amaral, "se você puder prevenir cerca
de 20% de crianças não desenvolver o autismo. Mas nós não queremos levantar falsas
esperanças".
Se a causa é os anticorpos maternos, os metais pesados ou qualquer outra coisa, não
há nenhuma dúvida que o cérebro de crianças autistas tem diferenças. Para começar, eles são
muito grandes. Em estudos baseados em imagens de ressonância magnética e leituras básicas
de medidas-padrão, o neurocientista Eric Courchesne do Hospital da Criança de San Diego
mostrou que enquanto as crianças com autismo nascem com dimensões de cérebros normais,
elas apresentam uma rápida expansão até os 2 anos, particularmente nos lóbulos frontais.
Com 4 anos diz Courchesne, crianças autistas tendem a ter um cérebro do tamanho dos de
crianças de 13 anos. Esse crescimento enorme é ainda mais evidente nas meninas, ele diz,
embora por razões ainda misteriosas, somente 1 em cada 5 crianças com autismo seja do sexo
feminino. Estudos mais recentes de Amaral e outros descobriram que a amídala, uma área
associada ao comportamento social, é também fora do padrão, uma descoberta que Amaral
acredita estar ligada aos altos níveis de ansiedade visto em cerca de 80% das pessoas com
autismo.
Dra. Martha Herbert uma neuropediatra de Harvard relatou no ano passado que o
excesso de massa branca em cérebros autistas tem uma distribuição específica: áreas locais
tendem a ser sobrecarregadas, enquanto as ligações entre regiões distantes são fracas. É
como se tivesse muita competição entre companhias telefônicas de curta distância e
pouquíssima na área de longa distância. Essa observação vai de encontro com as imagens de
ressonância magnética que registraram a atividade cerebral em pessoas com autismo. Estudos
usando as imagens dessa função cerebral mostram uma falha de coordenação entre as
regiões cerebrais, fala Marcel Just, diretor do Centro de Imagens Cognitivas do Cérebro
Carnegie Mellon em Pittsburgh. Just escaneou dúzias de cérebros de pessoas autistas entre
15 e 35 anos com QIs na faixa normal, dando a eles testes de memória simples enquanto
monitorava suas atividades cerebrias. "Uma coisa pode-se ver", fala Just, "é que a atividade
entre diferentes áreas não vão para cima e para baixo ao mesmo tempo. Existe uma falha no
sincronismo destas atividades, tal como uma diferença entre uma sessão muito congestionada
e outra sem nenhuma atividade. No autismo, cada área faz a sua parte sem se relacionar".
O que ainda não está claro é se esse problema de interação é o resultado do autismo
ou a causa. Talvez todo esse excesso de ligações fosse igual ao excesso de vasos em volta do
coração de uma pessoa que tenha sofrido um ataque cardíaco, o corpo tende a fazer outra rota
contornando o problema.
Ou talvez a crescimento anormal do cérebro tenha haver com o sistema imune;
pesquisas no Johns Hopkins encontraram sinais de que os cérebros dos autistas sofrem
de inflamação crônica. "É impossível neste momento, dizer o que nasceu primeiro se o
ovo ou a galinha". diz Just.
Já foi mostrado que pessoas autistas costumam usar o cérebro de formas não
usuais: eles memorizam as letras do alfabeto numa parte do cérebro que normalmente
processa as formas. Eles tendem a usar os centros visuais nas partes de trás do cérebro,
onde usualmente são processadas no córtex pré-frontal. Eles usualmente olham para a
boca ao invés de olhar para os olhos de quem está falando.
Será que estas diferenças refletem a patologia fundamental, ou são apenas
efeitos de algum problema mais básico? Ninguém sabe. Mas o fato de que intervenção
precoce traz melhores resultados para crianças dentro do espectro autístico, pode dar
uma pista que algo da anatomia e atividade estranha do cérebro é secundário - e talvez
possa até ser prevenido. Estudos que mostram o quanto uma intervenção precoce pode
ajudar a normalizar o cérebro, estão começando na Universidade de York em Toronto,
mas os resultados ainda estão muito longe.
AUTISMO VISTO DE DENTRO
ENQUANTO ISSO, 300.000 crianças americanas em idade escolar e muitos
adultos, estão tendo que viver suas vidas diárias com o autismo. O mundo tendenciou a
escutar aqueles que são altamente funcionais, como Temple Grandin, escritora e
professora da Universidade do Colorado conhecida por desenhar máquinas humanizadas
para manuseio do gado. Mas as vozes daqueles mais severamente afetados também
estão começando a ser ouvidas. Como é o caso de Sue Rubin, 27, uma estudante
universitária de Whitier, na Califórnia, que não apresenta nenhuma fala funcional e tem
a maioria da imagem estereotipada de uma pessoa com retardamento mental, e mesmo
assim, ela foi capaz de escrever a narração para o documentário indicado ao Oscar sobre
a sua vida, "Autism is a World".
O que esses indivíduos tem a dizer sobre as suas próprias experiências, está
oferecendo novos indícios para a condição que os afetam. E também se encaixam
perfeitamente com o que os cientistas vêem dentro de seus cérebros. O que se vê é que
pessoas com Espectro Autista tem dificuldades em juntar as informações cognitivas de
forma integrada. Existe a tendência em prestar muita atenção no detalhe e perder o
conteúdo completo. Coordenar o comando, com o movimento e a sensação, pode ser
muito difícil para alguns. Chandima Rajapatirana, um escritor autista de Potomac,
escreve assim: "Sem nenhuma iniciativa, eu permaneço sentado enquanto minha mãe
me chama. Eu sei o que devo fazer, mas frequentemente eu não posso levantar enquanto
ela não diz, "Levante-se", ele escreve. O fato de saber onde meu corpo está não é fácil
para mim. Interessantemente, eu não consigo perceber se estou sentado ou de pé. Eu não
tenho consciência do meu corpo ao menos que ele esteja tocando alguma coisa... A sua
mão junto à minha, me deixa saber onde a minha mão está. Arrastar as minhas pernas
enquanto eu ando, me mostram que eu estou vivo".
Descrições como estas lançam uma luz sobre os comportamentos autodestrutivos como morder-se, arranhar-se, beliscar-se e bater a cabeça. Para pessoas
como Rajapatirana, bater a cabeça contra a parede pode ser útil para mostrá-la,
literalmente, aonde as suas cabeças estão. "Antes de tentar extinguir tais
comportamentos, nós temos que tentar entender o que eles querem nos dizer”, escreve
Judith Bluestone, uma terapeuta de Satle que também é autista.
Em seu novo livro "Send in the Idiots", o jornalista britânico Kamran Nazeer,
que também é autista, descreve a necessidade de comportamentos e palavras repetitivas
como "uma pesquisa de coerência local" em um mundo cheio de sons aleatórios. Ele
também descreve as dificuldades sociais: "Manter um diálogo com estranhos", ele
escreve, " é a versão do autista para esportes radicais". Por isso, em um encontro recente
para pessoas do Espectro Autista, os participantes usavam adesivos coloridos que
indicavam o seu nível de conforto com as conversas espontâneas: Vermelho significava
"não aproxime-se", amarelo significava "fale se nós já nos conhecemos", verde
significava "eu adoraria conversar, mas não sou bom em iniciar o papo".
Talvez o pior fato para uma pessoa do Espectro Autista seja ter que conviver
com uma inteligência brilhante dentro de um corpo que torna difícil das pessoas verem
o que há lá dentro. O neurocientista Michael Merzenich da Universidade da Califórnia,
em São Francisco, estudou um garoto autista que era incapaz de falar ou até mesmo de
sustentar a sua atenção por mais de poucos minutos, tinha perfeita consciência de sua
condição e escrevia poesias maravilhosas. Quantas outras crianças autistas, Merzenich
se questiona, "estão vivendo em um poço onde ninguém pode escutá-las"?
Pelo menos para Hannah, sua voz e seus pensamentos já estão sendo ouvidos.
Desde que aprendeu a digitar, ela começou a falar poucas palavras sucintas "sim", "não"
e a palavra-chave "eu" para expressar os seus desejos. Tudo isso parece milagre para
seus pais. "Eu fui aconselhada a desistir e seguir com minha vida", diz sua mãe. Agora
ela e seu marido estão pensando em economizar para a faculdade.
Janela para o mundo
Um dos maiores especialistas mundiais em autismo diz que pesquisas genéticas
prometem novas terapias para o problema
Cristiane Segatto
O cientista sueco Christopher Gillberg, de 53 anos, passou mais da metade de sua vida
estudando o autismo, o estranho distúrbio de desenvolvimento que mantém os
portadores aprisionados em um universo inatingível. Autor de 360 artigos científicos e
24 livros, Gillberg explica que existem várias formas de autismo, acompanhadas de um
espectro de sintomas que variam do mais leve aos mais grave. Debruçado sobre essas
diferenças, Gillberg identificou no ano passado um dos genes responsáveis pelo
distúrbio. Mas estima que mais de cem possam estar envolvidos na gênese do
problema, cujas causas ainda são pouco conhecidas. Há duas semanas, a divulgação de
um estudo britânico realizado com quase seis mil crianças e publicado no The Lancet
comprovou que a vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) não
provoca autismo, sepultando um dos grandes mitos em torno do assunto. A seguir, a
entrevista
concedida
à
ÉPOCA.
Época – A vacina tríplice viral dada aos bebês aos 15 meses pode provocar
autismo?
Christopher Gillberg – Vários estudos demonstram que essa relação não existe. Mas
nos últimos seis anos o tema foi um dos principais assuntos da imprensa britânica.
Quase toda semana há pelo menos uma manchete falando em epidemia de autismo e
culpando a vacina. A imprensa ajudou a criar o pânico, que está derrubando os índices
de imunização no Reino Unido (de 92% em 1996 para 82% em 2003). É uma
irresponsabilidade.
Época – O artigo científico que deu origem a essa polêmica foi renegado pelos próprios
autores?
Gillberg – No início de março, o periódico The Lancet publicou uma retratação assinada
por dez dos 13 autores do artigo original (de 1998) que desencadeou a polêmica. Eles
reafirmaram que não foi possível estabelecer nenhuma relação entre o autismo e a
vacina tríplice, também conhecida como MMR, porque a amostra utilizada (apenas
uma
dúzia
de
crianças)
era
insuficiente.
Época – O estudo foi malfeito?
Gillberg – O trabalho estava correto, mas as conclusões tiradas a partir dele estavam
equivocadas. A coisa foi tão maluca que os jornalistas perguntaram ao primeiroministro Tony Blair se ele havia vacinado o filho Leo. Ele se negou a divulgar qualquer
informação sobre a vida pessoal do garoto, o que acho correto. Mas a recusa de Blair
em responder foi interpretada como uma evidência de que o garoto não havia sido
vacinado. A queda nas taxas de vacinação trouxe de volta o sarampo, que estava sob
controle havia 20 anos.
Época – Há mais crianças autistas hoje do que 30 anos atrás?
Gillberg – Acredito que não. Estima-se que 0,2% da população seja acometida
pelo autismo típico e que 0,8% apresente sinais mais brandos do distúrbio. Isso
significa que 1% das pessoas desenvolve alguma forma de autismo. Os estudos
demonstram que esse índice é muito similar ao verificado nos anos 70. As pessoas
passaram a prestar mais atenção ao assunto e novos critérios aumentaram o número
de diagnósticos corretos.
Época – Não está despontando, portanto, uma epidemia de autismo?
Gillberg – Não existe nenhuma evidência de que os casos estejam aumentando. Mas há
vários sinais de que mudanças nos critérios de diagnóstico inflaram os números. Eu
mesmo, quando tinha 25 anos e comecei nesse campo, provavelmente não percebi que
muitas das crianças atendidas por mim eram autistas. Um bom número dos pacientes
diagnosticados erroneamente como portadores de retardo mental ou transtorno do déficit
de atenção atualmente seria considerado autista.
Época – O milionário Bill Gates (dono da Microsoft) pode ser considerado
autista?
Gillberg – Não posso afirmar isso porque nunca o encontrei pessoalmente. Até onde
sei, nunca recebeu diagnóstico. Mas muita gente séria enxerga nele sinais da síndrome
de Asperger, forma mais branda de autismo. Em geral, os portadores são muito
formais, fixados em alguns assuntos, bitolados. Há pessoas brilhantes que apresentam
os sintomas. O cientista Albert Einstein, por exemplo. Baseado nas biografias que
descrevem
o
comportamento
dele,
acredito
que
tinha
Asperger.
Época – Qual é a porcentagem de autistas que conseguem estudar e seguir uma
carreira?
Gillberg – Se considerarmos apenas as crianças que sofrem de autismo típico (graves
desvios de comunicação, interação social e dificuldades no uso da imaginação), muito
poucas conseguem seguir carreira. Mas, sem pensarmos no autismo de forma mais
ampla e incluirmos os que têm Asperger, muitos vão à universidade. Existem pessoas
com todos os sintomas de autismo, mas que conseguem conviver em sociedade. Nas
melhores universidades há professores com indícios de Asperger, mas a maioria não
recebe o diagnóstico.
Época – Eles convivem bem com essa condição?
Gillberg – Os autistas típicos, que apresentam grandes problemas de comunicação
verbal, enfrentam muitas dificuldades. Sem boa linguagem, essas pessoas não
conseguem se comunicar e se enquadrar na sociedade. Por outro lado, alguns
pacientes com habilidades satisfatórias de linguagem podem viver muito bem. Os
portadores de Asperger que procuram nosso grupo na Suécia apresentam graves
problemas, mas não representam o que acontece com todos.
Época – Que tipo de problemas?
Gillberg – Inúmeras dificuldades de interação social. Os pacientes não se enquadram em
nenhum lugar. São pessoas estranhas, originais demais, esquisitas. A linha divisória é
saber se a criança consegue lidar com a escola sem sucumbir a pressões do cotidiano. Se
ela é capaz de acompanhar as aulas apesar dos sintomas de Asperger, provavelmente
terá sucesso no futuro. Muitos se tornam professores universitários, matemáticos,
engenheiros, advogados.
Época – Os casos de autismo estão aumentando no Vale do Silício, o paraíso das
empresas de tecnologia nos Estados Unidos?
Gillberg – Esqueça isso. É impossível saber se houve um aumento no número de casos
naquela região. Afinal, ninguém sabe quais eram os índices há 40 anos. Caso realmente
tenha ocorrido um crescimento na prevalência de autismo, isso não tem nada a ver
com as condições ambientais, e sim com o tipo de profissionais que as empresas do
Vale do Silício disputam.
Época – Como assim?
Gillberg – A região atraiu muitos engenheiros, especialistas em tecnologia da
informação, que podem ser pessoas com Asperger. Mas de forma alguma isso significa
que tenham virado autistas ao chegar no Vale do Silício. Os estudos têm demonstrado
que pessoas com Asperger e outras formas de autismo que obtêm sucesso na vida adulta
preferem carreiras como Matemática, Engenharia e Computação. Justamente os
profissionais que aquelas empresas procuram. Se pessoas com a síndrome se conhecem
no Vale e se casam, é bastante provável que transmitam a herança genética do autismo
aos filhos.
Época – O que há de novo no entendimento da doença?
Gillberg – Em primeiro lugar, autismo não é doença. Trata-se de um distúrbio de
desenvolvimento que pode ser causado por uma série de outras doenças e determinado
por alterações genéticas em vários cromossomos. Alguns casos são atribuídos a drogas
teratogênicas (como a talidomida) consumidas pela mulher grávida ou ao excesso de
bebida alcoólica na gestação. Metais pesados como chumbo, mercúrio e outros
materiais também parecem danificar o cérebro e levar ao autismo. Mas fatores genéticos
determinam a maioria dos casos. Um dos pais carrega dois genes envolvidos numa
maior susceptibilidade ao distúrbio. O outro cônjuge carrega outros três. O autismo
pode ser fruto da combinação infeliz desses genes.
Época – O senhor poderia nos dar um exemplo dessa combinação infeliz?
Gillberg – Imagine que a criança herde do pai genes que favorecem o comportamento
rigoroso, a extrema meticulosidade, incríveis habilidades matemáticas e certo
pedantismo (característica de várias pessoas com Asperger). Junto com isso, ela recebe
da mãe algum gene relacionado à determinação quase obsessiva. Isoladamente, esses
genes poderiam influenciar o surgimento de características positivas. Quando
combinados, porém, produzem a síndrome. Hoje sabemos que autismo é geralmente
genético. Não tem nada a ver com o ambiente psicossocial. Antes, a culpa recaía sobre
os pais. Acreditava-se que as crianças se tornavam autistas porque não eram amadas.
Essa visão tornou-se ultrapassada quando surgiram os estudos genéticos.
Época – Essas descobertas podem melhorar os tratamentos?
Gillberg – Hoje é possível identificar as diferentes síndromes que caracterizam o
autismo. E há um grande investimento para descobrir os genes relacionados a elas. O
contingente de 1% das pessoas portadoras poderá ser dividido em subgrupos e receber
tratamentos mais específicos. Mas não acredito no surgimento de uma solução
maravilhosa que possa curar todos os casos de autismo.
Época – O que os pais podem fazer para ampliar as perspectivas da criança autista?
Gillberg – Não existe um remédio que seja útil para todos os pacientes. Muitas vezes o
melhor a fazer é evitar a medicação. Mas escolas especializadas, como a Associação de
Amigos do Autista (AMA), oferecem educação personalizada e intervenções
interessantes na forma de comunicação. Infelizmente, os governantes ainda não
perceberam que o autismo é um grande problema. No Brasil, não há serviços públicos
que identifiquem o autista e ofereçam o tipo de educação mais adequada. Nesse aspecto,
o cenário brasileiro é muito parecido como o da Suécia de 30 anos atrás.
Christopher Gillberg
– Cargo atual: Professor de Psiquiatria da Infância na Universidade de Gotemburgo, na
Suécia.
– Atuação: Membro do Conselho Sueco de Saúde e Consultor da Associação de
Amigos do Autista (AMA), em São Paulo.
– Trajetória: Há 28 anos pesquisa o autismo e outros distúrbios do desenvolvimento
neurológico.
Aspectos inerentes ao desenvolvimento da criança com autismo
Sílvia Ester Orrú
A sociedade costuma padronizar as pessoas como "normais", quando exercem uma
profissão, são casados e possuem filhos, mesmo que, preconceituosamente, sejam tidas
e, não raramente evitadas, por parecerem "esquisitas" ou diferentes da maioria das
pessoas conhecidas
Para se alcançar melhor compreensão sobre o autismo e as implicações contidas no
quadro sindrômico, visando a educação da criança autista, é preciso ter conhecimento
sobre o desenvolvimento normal da criança e suas funções desenvolvidas, para que haja
distinção do que seja realmente um comportamento autista. Discernindo suas
características principais, seus limites, seu potencial capacitador, suas necessidades e
prioridades que precisam ser estudadas e trabalhadas, com a finalidade de se
proporcionar à pessoa com autismo, maior estabilização emocional possível e nível de
desenvolvimento global mais próximo da normalidade.
Pessoas com autismo apresentam, desde cedo, um distúrbio severo do desenvolvimento,
principalmente, relacionado a sua comunicação e interação social. Mas, por outro lado,
podem apresentar incríveis habilidades motoras, musicais, de memória e outras, que
muitas vezes, não estão de acordo com sua idade cronológica, apresentando-se bem
mais adiantada do que deveriam estar.
Alguns autores têm se dedicado ao estudo do autismo desde a fase fetal, através das
anamneses e entrevistas realizadas com mães de crianças autistas sobre seu período de
gestação. O propósito deste trabalho é conhecer essa criança em circunstâncias mais
concretas. Limitar-se-á a comentar seu processo de desenvolvimento a partir de seu
nascimento.
De acordo com as escalas[1] de Shirley Apud Barros, (1991) Erickson (1976) e Piaget
(1971), o desenvolvimento da criança ocorre de forma evolutiva, dentro de um
determinado tempo, respeitando a individualidade de cada um, independente de raça,
sexo ou grupo social ao qual pertença. Contudo, não é assim que se sucede com a
criança com autismo. Seu desenvolvimento se dá de uma forma diferente e não
padronizada.
Enquanto um bebê de dois a quatro meses de idade já possui capacidade para responder
a estímulos internos e externos, tais como: chorar quando sente fome ou dor, manifestar
um comportamento diferente quando não está confortado, reconhecer a voz de sua mãe
e é capaz de reproduzir em si mesmo as expressões produzidas pelos adultos, um bebê
autista, nem sempre reagirá da mesma forma.
Segundo o depoimento da mãe de W.F. (26 anos), um rapaz autista, quando bebê,
poderia deixá-lo durante horas em seu berço, até mesmo, sem alimentá-lo, que reação
alguma se percebia. Bebês autistas mostram-se em geral, muito passivos e indiferentes
aos sinais sociais do meio em que vivem.
O desenvolvimento psicossocial do ser humano ocorre, naturalmente, desde a mais tenra
idade, iniciando-se a partir do vínculo materno e produzindo através do contato diário
com a mãe ou com aqueles que o cercam, experiências diversas que o levam a ter
sensações de confiança, bem estar, amor ou sensações que sejam o inverso das citadas,
que muito contribuirão para a formação da pessoa.
Pessoas com autismo, em geral, reagem de forma diferente. Falta-lhes a discriminação
emocional, a empatia com o outro e a manifestação do desejo por algo. Percebe-se o
desinteresse e falta de iniciativa desses bebês, diante de móbiles pendurados ou outros
objetos colocados em seus berços. Normalmente, por volta dos quatro aos oito meses de
idade, a criança já demonstra o desejo de alcançar o objeto, pegar e trazê-lo consigo,
levando-o à boca ou jogando-o ao chão.
A linguagem apodera-se do homem, evoluindo-se dia após dia por meio da convivência
e do diálogo que temos com outras pessoas, interagindo com elas desde pequenos. A
partir do nascimento, a criança se expressa através de pequenos ruídos guturais,
murmúrios, sorrisos, balbucios até dizer uma e depois, várias palavras no decorrer do
desenvolvimento de sua linguagem.
Todavia, na maioria das vezes, observa-se retardo no desenvolvimento da linguagem de
crianças com autismo ou regressão da capacidade de fala já adquirida, indo ao extremo
do emudecimento (perda da fala) em certos casos, como é o caso de A.C., (4 anos) que
passou naturalmente pelas fases da linguagem até completar dois anos de idade. Mas
pouco tempo depois se emudeceu. Ao contrário do exemplo anterior, E.M. (9 anos),
com autismo e síndrome de West, é uma criança que tem aos poucos, desenvolvido sua
fala. Verbaliza várias palavras, canta diversas músicas, usa pequenas frases para se
expressar e responde a perguntas simples, o que equivaleria ao desenvolvimento normal
de uma criança com três anos de idade. Não coincidindo com ambos os casos citados,
W.S. (6 anos) e R.T. (8 anos), nunca falaram, enquanto, E.C. (5 anos), apenas emite
sons.
Crianças autistas que não apresentam outras síndromes ou lesões comprometedoras do
desenvolvimento motor podem manifestar atrasos para começarem a andar, tal como
aconteceu com W.F. (26 anos) que andou aos dois anos de idade, sem chegar a rastejar se ou engatinhar. Porém, nota-se a necessidade de estimulá-los através de exercícios
específicos realizados por fisioterapeutas e/ou outros estímulos globais que o motivem a
andar, dependendo do caso. W.S. (6 anos) andou, aproximadamente, com quatro anos.
Sua professora, diariamente, o colocava em pé e manipulava seus passos. Após firmarse sozinho, davam passeios pela escola, desde que a professora estivesse segurando suas
mãos. Atualmente, a criança anda sem auxílio, mas não se levanta do lugar em que
estiver sentada sem que seja ajudada por alguém.
O atraso ou a falta permanente do controle esfincteriano pode ser observado em pessoas
com autismo, como também, a não percepção e identificação com o progenitor de seu
próprio sexo. Esta fase é merecedora de consideração para a formação da pessoa. A
tendência ao isolamento claramente notada, pois tanto as pessoas que convivem com
esta criança como as que lhe são desconhecidas, são por ela pouco distinguidas. A
decepção dos pais diante do comportamento de seus filhos torna-os, muitas vezes,
descrentes e frios com relação à possibilidade ou não de um dia conseguirem relacionarse com eles.
É comum que crianças autistas tenham apego inadequado a determinados objetos e
rotinas. Por esta razão, é preciso que se realize um trabalho estruturado e organizado
com a mesma, para que se tire proveito do uso desse apego rotineiro. A fixação em
realizar determinadas atividades, repetir permanentemente certas ações, preferir usar as
mesmas roupas etc., são problemas de comportamento característicos dessas crianças
que devem ser trabalhadas em seu dia a dia pelos pais e professores. Tem o intuito de
modificar tais comportamentos por outros úteis e adequados ao momento, tendo em
vista o desenvolvimento de sua autonomia, iniciativa e compreensão daquilo que está
fazendo ou do que precisa fazer.
Distúrbios na alimentação, ausência de mastigação e paladar bizarro são habituais no
autista. R.T (8 anos), rejeitava qualquer coisa que lhe oferecesse durante o almoço que
não fosse pão, bolacha ou cenoura. Desde a segunda metade do ano de 1999, passou a
aceitar alguns alimentos, como macarrão e salsicha. Possui paladar bizarro, comendo
terra ou sabonete. W.S (6 anos) não tem preferências em sua alimentação, mas ingere
sem nenhuma mastigação. E.M. (9 anos), não apresenta nenhum desses fatos. E.C. (5
anos), também possui paladar bizarro, lambendo sabonetes.
O processo de definição de identidade, normalmente iniciado a partir dos doze anos de
idade, fase da puberdade e adolescência, fortalecido por meio dos aspectos observados
nos pais, professores, amigos etc., tanto para serem preservados como abandonados em
sua personalidade, concorre para o descobrimento e desenvolvimento da própria
identidade e o enquadramento a um grupo social. É a fase onde o crescimento físico,
variável de pessoa para pessoa, se dá com vistas para a definição adulta, considerando
os fatores genéticos e os elementos do meio. Acontece, também, o amadurecimento
sexual para a reprodução de sua própria espécie. Nesta fase, o isolamento social, a
hostilidade e os problemas de disciplina inclinam-se a acontecer.
A puberdade, como um fenômeno essencialmente biológico, exerce transformações no
organismo em sua estrutura e função. Devido o rápido crescimento e as alterações
sofridas pelo organismo, surgem sintomas de cansaço e fadiga, com possíveis
perturbações gástricas e falta de apetite.
As meninas, em especial, durante os primeiros períodos menstruais, estão sujeitas a
dores de cabeça, dores nas costas, câimbras, dores abdominais seguidas de vômito,
desmaios, irritações da pele, inchaços, tendendo a ficarem irritadas. Com o regular da
menstruação, tais sintomas estão propensos a desaparecer, apesar de continuarem a
existir, representando um período de sensibilidade física e emocional para algumas
pessoas.
Para a pessoa com autismo, a puberdade e a adolescência também podem representar
um período difícil de transição. Grandin (1992) comenta esta época como a pior fase de
seu comportamento, a partir de sua primeira menstruação. Kyrkou (1995), em seu
estudo sobre os sintomas associados com o ciclo menstrual em mulheres com autismo,
explica que pessoas com autismo reagem de modo diferente ao período menstrual, tanto
na fase da adolescência como posteriormente, a cada ciclo.
Os ataques de pânico, inquietude, cólicas causam uma situação mais propensa para
hipersensibilidade do que ansiedade, ocorrendo de forma mais intensa em pessoas com
a síndrome que possuam severo comprometimento de linguagem, pois não conseguem
expressar o que estão sentindo ou o local a onde se concentra a dor. O uso de
medicamentos pode ser útil para o alívio das dores e para o relaxamento físico e
psicológico.
A criança autista, tal como qualquer outra criança, atravessa diversas etapas em seu
desenvolvimento e conseqüentemente, torna-se um jovem-adulto. Pouco se fala sobre o
jovem e o adulto com autismo, mas sem dúvida nenhuma, eles também chegam a essa
idade e muitas vezes, chegam esperando por algo, assim como a maioria daqueles que
têm a mesma idade.
Grandin relata que sentia-se isolada e só, que não sabia se iria encontrar alguém para
amar. Em razão da complexidade que sentia ser os relacionamentos pessoais, optou por
ficar sozinha e dedicar-se a estudos sobre autismo e sobre animais.
A sociedade costuma padronizar as pessoas como "normais", quando exercem uma
profissão, são casados e possuem filhos, mesmo que, preconceituosamente, sejam tidas
e, não raramente evitadas, por parecerem "esquisitas" ou diferentes da maioria das
pessoas conhecidas. Casos assim podem ser típicos de autismo, porém, não tão severos
como os que estão sendo citados. Pessoas com rotinas exageradamente estabelecidas,
chamadas de alienadas pelas outras com quem convive, confusas no falar, complicadas
para relacionar-se e com tendências ao isolamento, podem ser pessoas com
características do autismo.
É possível e não incomum, encontrarem-se capacidades especiais que se contrastam
com os déficits de comportamento existentes na pessoa com autismo em outras áreas.
Temple Grandin era e é espetacular na área de zootecnia e construção de certas
aparelhagens utilizadas com animais. David Hefgott tinha um talento único para o
piano, Einstein, possuidor de diversos traços autísticos, até os três anos não havia
articulado palavra alguma e só passou a se expressar de modo fluente aos dez anos, fora
um gênio da ciência. W.F. (26 anos) com seis anos de idade já lia e escrevia de tudo,
interessando-se por enciclopédias que mostrassem o corpo humano, hoje, está no último
ano medicina, especializando-se em neurocirurgia. R.F (12 anos), com síndrome de
Asperger, possui uma habilidade fantástica para memorizar números de telefone, datas
de aniversário, cálculos de calendários, nomes e cores das bandeiras mundiais.
No filme: "Rain Man", com Dustin Hoffman, é mostrada a contagem de cartas e palitos
de fósforos por um autista de alto-funcionamento, fato este, verídico em autistas que
mantêm sua capacidade visual aguçada.
Habilidades especiais como estas, podem surgir repentinamente, desconhecendo-se sua
origem. Elas devem ser canalizadas da melhor maneira possível, com o fim de se
aproveitar o potencial nelas contido para o enriquecimento psico-emocional da pessoa
com autismo, aumentando as possibilidades de uma sociabilização de melhor qualidade,
de modo que tal habilidade lhe seja prazerosa e funcional em sua vida.
O autismo é umas das síndromes mais severas, comprometedoras e incapacitantes, no
que diz respeito ao desenvolvimento global da criança. Não é raro trazer consigo outras
patologias e condições clínicas associadas [2]. Por não ser diagnostica através de
exames laboratorias, dificulta o processo de seu reconhecimento, retardando seu
diagnóstico e angustiando os pais da criança.
Para que se realize um diagnóstico seguro desta síndrome, é preciso um vasto protocolo
que atravessa desde os dados de uma anamnese, investigação genética até longas
observações comportamentais da criança. Para fins de um diagnóstico mais preciso,
têm-se utilizado os critérios do CID 10, DSM IV e escala CARS para autismo, além da
observação do comportamento, já que a mesma é definida atualmente como uma
"síndrome comportamental com etiologias múltiplas e curso de um distúrbio de
desenvolvimento" de acordo com Gillberg (1990). Até 1989, dizia-se estatisticamente
que, a síndrome acometia crianças com idade inferior a três anos, com predominância
de quatro crianças a cada dez mil nascidas. Manifestava-se majoritariamente em
indivíduos do sexo masculino, sendo a cada quatro casos confirmados, três do sexo
masculino e um caso para o feminino.
Segundo Gaspar (1998), neuropediatra, o autismo tem sido notório em vinte crianças a
cada dez mil nascidos, número que vem crescendo nos últimos anos, em razão de
maiores estudos e divulgações sobre a síndrome que atinge indivíduos de todos os
países do mundo, não se restringindo a raça, etnia ou grupo social.
De acordo com a ASA - Autism Society of América, (1999) "o autismo é um distúrbio
de desenvolvimento, permanente e severamente incapacitante". No Brasil, devem
existir, estatisticamente, cerca de sessenta e cinco mil a cento e noventa e cinco mil
autistas, baseado na proporção internacional, já que nenhum censo semelhante foi
realizado.
ESCALAS [1] DE SHIRLEY, ERICKSON E PIAGET
EVOLUÇÃO DOS
MOVIMENTOS DO BEBÊ
DE 0 A 18 MESES de M.M.
SHIRLEY
IDADE MOVIMENTOS
0a1
Raros movimentos
mês
de reflexos. Os
punhos
e meio permanecem
fechados.
Cerca
As mãos batem no
de 2
ar, as pernas se
meses
agitam, os punhos
permanecem
sempre fechados.
De 4 a
As mãos se
estendem para o
6 meses objeto, abrem-se e
chegam a segurálo por um
movimento.
De 7 a
As mãos pegam o
objeto e o levam à
8 meses boca ou o jogam
ao chão. O bebê já
rasteja.
De 8 a
A criança mantémse sentada,
10
engatinha e, mais
meses
tarde, põe-se de pé
dentro do cercado.
DESENVOLVIMENTO
PSICOSSOCIAL de
ERIC ERICKSON
IDADE
0a1
ano e
meio
ESTÁGIOS
Confiança x
Desconfiança
DESENVOLVIMENTO
DA
LINGUAGEM de PIAGET
IDADE LINGUAGEM
4
Pequenos ruídos
semanas guturais. Atende
ao som de uma
campainha.
1 e meio Autonomia x
a 3 anos
Vergonha
16
Murmúrios. Ri.
semanas Vocalização
social.
3a6
anos
28
Balbucia.
semanas Vocaliza e
escuta suas
próprias
vocalizações.
Iniciativa x
Culpa
7 a 12
anos
Domínio x
Inferioridade
12 a 18
anos
Identidade x
Confusão de
papéis
40
Diz uma palavra.
semanas Atende a seu
nome.
12
meses
Diz duas ou
mais palavras.
De 10 a
12
meses
De 12 a
15
A criança anda
dentro do cercado,
apoiando-se nas
grades.
A criança começa
a andar.
18 a 30
anos
Intimidade x
18
meses
Jargão. Nomeia
desenhos.
2 anos
Usa frases.
Compreende
ordens simples.
3 anos
Usa orações.
Responde a
perguntas
simples.
Usa conjunções
e compreende
preposições.
Fala sem
articulação
infantil.
Pergunta: "Por
que?"
Isolamento
30 a 60
anos
ou 18
meses
Generatividade
x
Auto-absorção
60 anos
Integridade do
ego x
Desesperança
4 anos
5 anos
OUTRAS PATOLOGIAS E INFECÇÕES ASSOCIADAS AO AUTISMO [2]
Acidose Láctica
Albinismo Oculocutâneo
Alterações das Purinas
Amaurose de Leber
Citomegalovírus (pré-natal)
Deficiências Auditivas
Desordem Marfan-Like
Distrofia Muscular Progressiva de Duchenne
Doença de von Recklinghausen
Epilepsia
Esclerose Tuberosa
Fenilcetonúria Não Tratada
Herpes Simples (pós-natal)
Hidrocefalia
Hipomelanose de Ito
Histidinemia
Neurofibromatose
Problemas Pré e Perinatais
RDNPM
Retardo Mental
Seqüência de Moebius
Síndrome de Angelman
Síndrome de Asperger
Síndrome de Coffin-Lowry
Síndrome de Cornélia de Lange
Síndrome de Down
Síndrome de Ehlers-Danlos tipo II
Sífilis (pré-natal)
Síndrome de Goldenhar
Síndrome de Sotos
Síndrome Fetal Alcoólica
Síndrome de Hurler
Síndrome de Joubert
Síndrome de Klinefelter
Síndrome de Laurence-Moon-Biedl
Rubéola (pré-natal)
Síndrome de Martin-Bell
Síndrome de Noonan
Síndrome de Rett
Síndrome de Turner
Síndrome do X-Frágil
Síndrome de Williams
Síndrome de West
Trissomia 17 (Mosaico)
Anormalidades Orgânicas
Outras Cromossomopatias
Síndrome de Bardet-Biedl
Toxoplasmose (pré-natal)
Caxumba (pré-natal)
Varicela (pré-natal)
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Publicado em 19/10/2002 17:39:00
Sílvia Ester Orrú - Mestre em Educação pela PUC-Campinas. Docente do curso de
Pedagogia da Fundação de Ensino Octávio Bastos
Fonte: http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=376
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