VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E SITUAÇÃO ATUAL DA POLIOMIELITE NO MUNDO E NO BRASIL Café com Saúde - Erradicação Global da Poliomielite - Estratégia Brasileira Adotada no Estado de São Paulo 27 de Abril de 2016 Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar Juliana Monti Maifrino Dias Responsável pelo Programa de Vigilância das Paralisias Flácidas Agudas – PFA/ Poliomielite do Estado de São Paulo Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE A Poliomielite Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE A Poliomielite →Poliomielite: doença infectocontagiosa aguda →Origem: viral →Agente: Poliovírus →Transmissibilidade: Família:Picornavirídae Gênero: enterovirus Sorotipos: I, II e III Orofaringe – 1 semana Fezes – 6 semanas Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE A Poliomielite Formas Clínicas Inaparente: 95% Sem manifestações clínicas Abortiva: 4 a 8% Sint. inespecíficos: febre, cefaléia, tosse, sint. gástricos Confunde-se com episódios gripais Paralítica: 1% Paralisia Flácida Aguda (PFA) + febre + mialgia Assimétrica Sensibilidade conservada Reflexos tendinosos profundos ausentes Membros inferiores mais afetados Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE Ciclo de vida do Poliovírus Vírus Intestino Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE Ciclo de vida do Poliovírus Poliovirus Célula Intestinal Corrente Sanguínea Poliovirus RNA Receptores Centro de Vigilância Epidemiológica Célula Nervosa SECRETARIA DA SAÚDE Ciclo de vida do Poliovírus Capsídeo liberando RNA (material Genético) na célula Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE Ciclo de vida do Poliovírus Componentes virais Novo RNA Centro de Vigilância Epidemiológica O novo capsídeo e o RNA se unem para formar novo poliovírus. A célula hospedeira “explode” liberando os novos vírus na circulação sanguínea. SECRETARIA DA SAÚDE A Poliomielite 1 - Um neurônio motor, responsável pela contração muscular, antes de ser atingido pelo vírus da pólio. 2 - O neurônio, depois de ser infectado pelo vírus, começa a perder suas ramificações. 3 - O neurônio é destruído e morre. As fibras musculares, pelas quais ele era responsável, ficam sem movimento. História da Poliomielite Pinturas e esculturas do Egito Antigo - pessoas saudáveis com membros atrofiados e crianças caminhando com bengalas. Primeira descrição clínica - médico inglês Michael Underwood - 1789 - "uma debilidade das extremidades inferiores". Antes do século XX - maioria dos casos - crianças entre 6 meses e 4 anos. As más condições sanitárias resultavam em constante exposição ao vírus, o que acentuava a imunidade natural dentro da população. Países desenvolvidos - fim do século XIX e começo do século XX - melhorias no saneamento básico - alterou a proporção de adultos e crianças em risco de contrair a infecção - redução da exposição na infância e imunidade à doença. Pequenas epidemias - Europa e Estados Unidos - década de 1900. Na década de 1950 - maior incidência nos Estados Unidos mudou para crianças entre 5 e 9 anos e cerca de um terço dos casos foi registrado em pessoas acima de 15 anos de idade. Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE Marcos na Erradicação da Poliomielite http://www.historyofvaccines.org/content/timelines/polio Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE Marcos na Erradicação da Poliomielite ■ ■ ■ ■ ■ 1962 – início da aplicação da Vacina Sabin no estado de São Paulo; 1964 - implantado o Programa de Vacinação de rotina no estado de São Paulo; 1968 - início das primeiras atividades de VE da poliomielite em nível nacional - notificação obrigatória semanal; 1968 - Caderneta de Vacinação entra em vigor no ESP e a matrícula na escola fica condicionada a sua apresentação; 1980 - Campanhas nacionais em massa contra a Poliomielite em duas etapas anuais, um só dia de 0-5 anos de idade, em todo território nacional; DIMINUIÇÃO DOS CASOS: Brasil - de 1290 (1980) para 122 (1981); Estado de São Paulo - 101 (1980) para 7 (1981); Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE Marcos na Erradicação da Poliomielite http://www.historyofvaccines.org/content/timelines/polio Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE Marcos na Erradicação da Poliomielite ■ ■ ■ ■ ■ 1988 – Assembleia Mundial da Saúde estabelece meta de erradicação mundial para o ano 2000; 1988 - Último caso de polio reportado no Estado de São Paulo (município de Teodoro Sampaio); 1989 - Último caso de polio reportado no Brasil (19.03.1989, Souza, Paraíba); 1991 - Último caso de polio reportado nas Américas (23.08.1991, Peru); 1994 - Américas certificadas como primeira região do mundo livre da poliomielite! Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE Marcos na Erradicação da Poliomielite ■ 1999 – Último caso de P2 selvagem no mundo; ■ 2000 - Região do pacífico ocidental foi declarada livre da polio; ■ 2001 – Último surto nas Américas de cVDPV tipo 1 ocorreu no Haiti e na República Dominicana; ■ 2002 - Região da Europa foi declarada livre da polio; ■ 2011 – Último registro de P3 selvagem no mundo; ■ 2014 – detectado um poliovírus selvagem tipo 1 em águas residuais do aeroporto de Viracopos em Campinas, Estado de São Paulo, Brasil. Não foram detectados casos de PFA associados ao poliovírus, mas evidencia o risco de importação. Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE Marcos na Erradicação da Poliomielite ■ ■ ■ ■ 2014 - Região do sudeste da Ásia é certificada como livre da polio. Desde 11/08/2014 o Continente Africano não registra casos de poliomielite por poliovírus selvagem; 20/09/2015 – A Comissão Global para a Certificação da Poliomielite declara que o poliovírus selvagem tipo 2 foi erradicado do mundo; 25/09/2015 – A OMS retira a Nigéria da lista de países endêmicos para a poliomielite. Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE Marcos na Erradicação da Poliomielite ■ Estabelecido Plano de Erradicação da Poliomielite 2013 – 2018 Objetivos: Contenção e Certificação: garantir contenção do poliovírus – evitar a reintrodução do poliovírus selvagem, após a erradicação global. Plano para a entrega do legado de erradicação da poliomielite: assegurar que o mundo continue a ser permanentemente livre da poliomielite – documentação e compartilhamento do conhecimento, lições aprendidas e os recursos utilizados para a iniciativa de erradicação. Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE Situação Atual da Poliomielite no Mundo A poliomielite é uma doença em processo de erradicação e globalmente tem sido empreendidos esforços para alcançar a meta de um mundo livre da doença, semelhante ao que ocorreu com a varíola nos anos de 1980. Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE Poliomielite – Situação Atual Após a criação da iniciativa Global de erradicação da Poliomielite em 1988 - redução da incidência mundial em 99% - 350.000 casos estimados em 1988 - para apenas 483 casos em 2001, 223 em 2012 e 11 casos em 2016. O número de países endêmicos passou de 125 para dois (Paquistão e Afeganistão). Hoje a doença afeta um número reduzido de crianças ao redor do mundo. Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE Poliomielite – Situação Atual Casos de poliomielite por poliovírus selvagem e por poliovírus derivado vacinal (cVDPV). Mundo, 2000 a abril/ 2016. Boletim Semanal OMS de 20/04/2016: Casos novos de poliovírus selvagem relatados na semana: 0 Total de casos de poliovírus selvagem no mundo: 2013: 416 2014: 359 2015: 74 2016: 11 (até abril) Fonte: https://extranet.who.int/polis/public/CaseCount.aspx Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE Poliomielite – Situação Atual Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE Estratégias para Erradicação Para atingir a erradicação da poliomielite até 2018, faz-se necessário a adoção de ações estratégicas impactantes da vigilância epidemiológica, laboratorial, de monitoramento ambiental, de imunização, somadas as ações de comunicação social. Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE Vigilância Epidemiológica das Paralisias Flácidas Agudas – PFA/ Polio FERRAMENTA ESSENCIAL PARA MONITORAR E MANTER A ERRADICAÇÃO DA POLIOMIELITE NO BRASIL A erradicação da Poliomielite requer um Sistema de Vigilância Epidemiológica ativo e sensível, capaz de detectar e investigar imediatamente todos os casos de paralisia flácida de inicio súbito, em menores de 15 anos. A Vigilância sistemática das Paralisias Flácidas Agudas (PFA), de qualquer etiologia, é fundamental para o diagnóstico precoce de possíveis casos importados e autóctones de poliomielite, e posterior adoção de medidas de controle pertinentes e capazes de impedir sua disseminação. Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE O Programa de Vigilância Epidemiológica das PFAs Notificação compulsória e imediata de todo caso de paralisia flácida aguda em menores de 15 anos ou de uma suspeita de poliomielite em qualquer idade. O período decorrido entre a notificação e a investigação deve ser de até 48 horas Coletar amostra de fezes para pesquisa do poliovírus até 14º dia Centro de Vigilância Epidemiológica Caso Suspeito de Pólio Toda PFA em <15a Notificação Imediata SMS-Vig. Epidemiológica Municipal - SES - MS Iniciar a Investigação (até 48h da notificação) Preencher ficha de notificação /investigação SECRETARIA DA SAÚDE O Programa de Vigilância Epidemiológica das PFAs - Ações 1. O que fazer quando tomar conhecimento da ocorrência de um caso de paralisia flácida aguda em menor de 15 anos ou de uma suspeita de poliomielite em qualquer idade? 2. Notificar o caso ao CCIH/ NVE e este à VE municipal; 3. Solicitar a coleta de fezes para pesquisa do poliovírus dentro do período oportuno – até o 14º dia do início da deficiência motora – acondicionar corretamente e enviar ao IAL; 4. Investigar o caso em 48 horas: histórico de vacinas contra poliomielite, história de viagens nos últimos 30 dias, de visitas no domicílio nos últimos 30 dias, de contato ou ingestão de substâncias tóxicas, de injeção intramuscular; Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE O Programa de Vigilância Epidemiológica das PFAs - Ações 5. Coletar os dados clínicos do caso com avaliação neurológica; 6. Preencher corretamente a ficha de investigação epidemiológica – FIE de Paralisia Flácida Aguda / Poliomielite para envio à VE municipal; 7. Revisita: fazer uma nova avaliação neurológica após 60 dias do início do déficit motor para verificação de sequelas. Levantar e fazer cópias de exames realizados que fecharam o diagnóstico para documentação do caso; 8. Encerrar o caso 60 a 90 dias após a notificação: classificar o caso (confirmado, compatível, associado à vacina, poliovírus derivado vacinal, descartado), critério de classificação (laboratorial, clínico epidemiológico, perda de seguimento, óbito, evolução), diagnóstico do caso e evolução. Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE METAS DO PROGRAMA Taxa de Notificação: Avaliar a sensibilidade do programa Meta : 1 caso notificado / 100.000 menores de 15 anos Investigação em 48 horas: Implementar ações de controle oportunas Meta : 80% dos casos investigados nas primeiras 48 hs Coleta Oportuna de Fezes: detecção do poliovírus para assegurar a erradicação da poliomielite Meta : 80% dos casos com fezes colhidas nos primeiros 14 dias Notificação Negativa Semanal: Informar semanalmente a ocorrência ou ausência de casos de PFA para aumentar a sensibilidade do programa Meta : 80% das fontes notificando semanalmente Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE Obrigada! Juliana Monti Maifrino Dias Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar Centro de Vigilância Epidemiológica Prof. Alexandre Vranjac Secretaria de Estado da Saúde E-mail: [email protected] Tel: 3066-8758 Centro de Vigilância Epidemiológica SECRETARIA DA SAÚDE