Grande Porto ID: 32317950 15-10-2010 Tiragem: 20000 Pág: 46 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 24,35 x 10,51 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 1 A PROPÓSITO DO ZEBINIX Como nasce um medicamento Voltou a ser notícia, recentemente, o Zebinix, o primeiro medicamento de origem portuguesa, lançado pelos laboratórios BIAL. Importa definir a complexidade do processo de comercialização de um novo medicamento. O primeiro passo consiste na descoberta da molécula, ou substância activa. Tal descoberta pode ser feita de vários modos, acidental ou observacional, como o célebre caso de Fleming e a penicilina, ou, mais frequentemente, recorrendo à síntese química. Esta PEDRO BARATA Especialista em Ciências Farmacêuticas (*) pode ser baseada na síntese combinatorial, produzindo centenas de novos compostos, pode ser desenhada para interagir com um determinado receptor, ou pode consistir numa alteração de uma molécula já conhecida, de forma a melhorar as suas propriedades terapêuticas. Foi este o caso do Zebinix, o acetato de eslicarbazepina. Numa segunda fase, a substância activa é testada para avaliar as suas propriedades farmacológicas e toxicológicas, ou seja se tem actividade terapêutica e se os efeitos secundários por ela causados não superam os benefícios gerados pela sua administração. Caso passem esses testes, entramos, então, na fase pré-clínica em que se comprova se os resultados obtidos no laboratório se repetem em organismos vivos e são avaliados os efeitos de uma exposição crónica ao fármaco. Todas es- tas fases são eliminatórias e apenas os fármacos com bons resultados passam à fase seguinte, em que já é necessário o desenvolvimento galénico, que consiste em transformar o fármaco num medicamento. Seguem-se os ensaios clínicos de Fase I, II e III, “[É] um processo longo e dispendioso (…), que foi cumprido com sucesso pelos Laboratórios Bial, colocando Portugal no mapa da inovação farmacêutica.” com crescente número e complexidade de voluntários até ao pedido de autorização de introdução no mercado, em que o valor terapêutico e farmacoeconómico do novo medicamento é avaliado pelas autoridades competentes. Este é um processo longo e dispendioso, e que foi cumprido com sucesso pelos Laboratórios Bial, colocando Portugal no mapa da inovação farmacêutica. (*) Docente da UFP e membro da Direcção da SRP da Ordem dos Farmacêuticos.