Escola de Engenharia de Lorena - USP - Cinética Química Capítulo 04 – Reações a Volume Constante: Irreversíveis Introdução Reações Irreversíveis são aquelas nas quais pelo menos um dos reagentes é totalmente consumido ao final da reação. Exemplo: Reações Irreversíveis : A → R Neste capítulo serão estudadas as equações de velocidade mais comuns para as REAÇÕES IRREVERSIVEIS A VOLUME CONSTANTE 1 - Reações Irreversíveis de Primeira Ordem Seja a reação: A → B que ocorre até a completa conversão de A em B e cuja equação de velocidade seja do tipo : (− rA ) = − dCdtA = kC A Esta equação será resolvida por integração entre os limites t0 (tempo t = zero) e t (tempo t = t qualquer ao longo da reação), quando então as concentrações do reagente serão CA0 e CA , respectivamente. CA A integração desta equação conduz a : − t dC A = k ∫ dt e dt t ∫ CA o CA = − kt C Ao ln o e a evolução de CA em função do tempo pode ser representado por : C A = C Ao e − kt Todas as equações de velocidade de reação também podem ser deduzidas e apresentadas em função da conversão. Deduzindo a equação de velocidade em função de conversão, tem-se que: C Ao dX A dX A = k(1 − X A ) que integrado conduz a : ln(1 − X A ) = − kt = kC Ao (1 − X A ) e dt dt ln e em conseqüência tem-se então que : CA = ln(1 − X A ) = − kt . C Ao Um caso especial é para o tempo de meia vida da reação (t1/2) que é o tempo necessário para que a concentração inicial do reagente caia pela metade (50% de conversão). Como : − ln CA = kt CA0 tem-se que : ln C Ao (C A o / 2) = kt1 / 2 e daí t 1/ 2 = ln 2 0,693 = (5) k k Caso se deseja calcular o tempo de meia vida a partir de concentrações e tempos de reação já conhecidos, tem-se que : a t = t1 : ln CA1 CAo =−kt1 e a t = t2 : ln CA 2 CA o = − kt 2 onde: t1 / 2 = CA 1 ln 1 (6) t 2 − t1 C A2 _____________________________________________________1 Notas de Aula – Prof. Dr. Marco Antonio Pereira Escola de Engenharia de Lorena - USP - Cinética Química Capítulo 04 – Reações a Volume Constante: Irreversíveis 2- Reações Irreversíveis de Segunda Ordem a As reações irreversíveis de 2 ordem ocorrem quando os expoentes que aparecem elevando os termos de concentração na equação de velocidade somados são iguais a 2. Estas reações podem ser analisadas de formas diferentes em função das possíveis estequiometrias e concentrações molares iniciais que venham a ser utilizadas, conforme é apresentado a seguir. 2.1 – Primeiro Caso : Estequiometria : 2 A → produtos 2 Lei de Velocidade :–rA = kCA Neste caso, tem-se que : − 1 1 dC A = kC 2A que integrado conduz a : = + kt CA CAo dt Em função da conversão XA tem-se que : Onde : dX A 2 = kC A o (1 − X A ) dt C A = C A o (1 − X A ) que integrada conduz a : e 1 CA o − . dC A dX A = CA o dt dt XA = kt 1 − XA 2.2 – Segundo Caso : Estequiometria : A + B → produtos Lei de Velocidade :–rA = kCACB 2.2.1 – Quando as Concentrações Inicias são Iguais : C A o = C Bo Como as concentrações de A e de B são sempre iguais, tem-se que C A C B = C 2A , e cai no caso 2.1. Se a ordem da reação é previamente conhecida, pode-se obter o valor da velocidade específica da reação (normalmente de forma aproximada) desde que se tenha a concentração em dois instantes quaisquer: k= 1 1 1 onde o tempo de meia-reação será dado por: − t 2 − t 1 C A 2 C A 1 1 CA o / 2 = 1 CA o + kt 1/ 2 ou 2.2.2 – Quando as Concentrações Inicias são Diferentes : Neste caso: e CAo − t 1/ 2 = C Bo CA o 1 kC A o = M ≠1 dC A = kC A C B dt dX A = kC A o (1 − X A )C (1 − X B ) ou Bo dt CA o dX A = kC2 A o (1 − X A ). ( M − X A ) dt _____________________________________________________2 Notas de Aula – Prof. Dr. Marco Antonio Pereira Escola de Engenharia de Lorena - USP - Cinética Química Capítulo 04 – Reações a Volume Constante: Irreversíveis t Que conduz a seguinte integração: C A o ∫ kdt = XA o Resolvida à integração, tem-se: C A o ( M − 1) kt = ln M − XA M(1 − X A ) dX A ∫ (1 − XA ).( M − XA ) o ou (C Bo ) − C A o kt = ln C BC A o C Bo C A Se as concentrações de A e B são conhecidas em dois instantes quaisquer, tem-se: ( ) k t2 −t 1 = CA o 1 − C Bo CA 2 CA1 ln − ln C C B1 B2 2.2.3 – Se as concentrações iniciais dos reagentes forem pouco diferentes entre si: Neste caso, a equação ln M − XA não pode ser utilizada, pois: M (1 − X A ) ln M − XA M (1 − X A ) ≅ ln 1 que conduz a uma indeterminação matemática. Esta equação deve ser escrita sob outra forma: C A − CB C Ao − CBo 1 o ln 1 − o 1− − ln C Ao − CBo C Ao CA Fazendo C A − CB = ε e desenvolvendo em série, vem: o o kt = 1 ε 1 ε kt = − − ε C Ao 2 C Ao 2 2 ε 1 ε ... − C − 2 C ... A A ⇒ kt = 1 1 1 ε 1 − − 2 − 2 C A C Ao 2 C A C A o +... 2.2.4 – Quando a concentração de um dos reagentes é muito maior do que a do outro: Por exemplo, se: C Bo C Ao = M >> 1 . Neste caso, em que o reagente (B) está em grande excesso, há degeneração da ordem reacional, recaindo-se em uma cinética de pseudo-primeira ordem (ver item 2.4). 2.3 – Terceiro Caso : Estequiometria : A + 2B → produtos Lei de Velocidade :–rA = kCACB A + 2 B → Produtos que é de 1 ordem em relação a A e B, e portanto de 2 Seja a reação: ordem global. Este é o caso de uma reação não elementar. a a dC A = kC A CB = kC Ao (1 − X A )C Ao ( M − 2 X A ) dt dX A dC − A = kC A2 o (1 − X A )( M − 2 X A ) = kC Ao (1 − X A )( M − 2 X A ) ou dt dt − ou: Após a integração, tem-se : ln CB C Ao CBo C A = ln M − 2XA M (1 − X A ) = C Ao ( M − 2) kt , para M≠2 _____________________________________________________3 Notas de Aula – Prof. Dr. Marco Antonio Pereira Escola de Engenharia de Lorena - USP - Cinética Química Capítulo 04 – Reações a Volume Constante: Irreversíveis e XA 1 1 1 − = = 2 kt , para M = 2 C A C Ao C Ao (1 − X A ) aA + bB → Produtos e que obedece Generalizando, tem-se que se a reação química é do tipo a a uma cinética de 2 ordem expressa por: ln − dC A = akC A CB a integração conduz a : dt ( ) CB CB = ln o + aCBo − bC Ao kt CA C Ao 2.4 - Caso Especifico : As Reações de Pseudo Primeira Ordem Imagine uma reação que tenha uma equação de velocidade que é função da concentração de várias substâncias. Quando esta reação química for realizada numa condição onde todas as concentrações iniciais, exceto uma, são suficientemente altas, o que ocorre é que a concentração baixa de um dos reagentes faz com ele permaneça praticamente constante durante a reação. Como apenas uma das concentrações varia apreciavelmente durante o experimento, a ordem cinética efetiva se reduz à ordem relativa a uma única substância. Se esta última ordem é unitária, diz-se então que a reação segue uma cinética de pseudo-primeira ordem neste experimento particular. 3 - Reações Irreversíveis de Terceira Ordem a As reações irreversíveis de 3 ordem ocorrem quando os expoentes que aparecem elevando os termos de concentração na equação de velocidade somados são iguais a 3. Estas reações são muito raras. 3.1 – Primeiro Caso : Estequiometria : A + B + D → produtos Lei de Velocidade :–rA = kCACBCD Tem-se que : − rA = − dC A = kC A C BC D onde dt C B = C Bo − C A o + C A e na equação de velocidade conduzem a : − C A o − C A = C Bo − C B = C D o − C D C D = C Do − C A o + C A e ( )( dC A = kC A C Bo − C A o + C A C D o − C A o + C A dt ) A integração por frações parciais fornece: CB CA 1 1 ln o + ln o + CB C Bo − C Ao C Do − C Ao CA C A o − C Bo C Do − C Bo ( )( ) + ( ( 1 )( C A o − C Do C Bo − C Do )( ) ln C Do CD ) = kt _____________________________________________________4 Notas de Aula – Prof. Dr. Marco Antonio Pereira Escola de Engenharia de Lorena - USP - Cinética Química Capítulo 04 – Reações a Volume Constante: Irreversíveis ou (C Ao 1 )( )( − C Bo C Bo − C Do C Do − C A o ) CA ln C Ao (CBo −CDo ) C ( CDo −CAo ) C ( CAo −CBo ) B C Bo D C Do = kt 3.2 – Segundo Caso : Estequiometria : 2A + B → Produtos 2 Lei de Velocidade :–rA = kCA CB dC A = kC 2A C B dt CA o CA + − C A = 2(C Bo − C B ) ou C B = C Bo − 2 2 C A o CA dC 2 C Bo − . − A = kC A + 2 2 dt − rA = − Tem-se então que : Onde : C A o e: As frações parciais neste caso são da forma: 1 C2A (C Bo − C A o / 2 + C A / 2) = α C 2A + β γ onde α,β e γ são constantes. + C A C Bo − CA o / 2 + CA / 2 E integrado tem-se: 1 2 1 − ( 2C B o − C A o ) C A C A o e 1 C 2A Observação : Se a reação for e − C Bo C A CA o 2 + ≠2 (2C − C ) 2 ln C C = kt para M = C Ao B Bo Bo Ao − 1 C 2A o = kt para M = CA o C Bo 2 A + B → Produtos com C A o =2 = 2C Bo dC B dC B = kC 2A C B tem-se então que : − = k ( 2C B ) 2 C B = 4 kC 3B dt dt cuja integração fornece: 1 C 2B − 1 C 2Bo = 8kt para CA o C Bo =2 3.3 – Terceiro Caso : Estequiometria : A + B → Produtos 2 Lei de Velocidade :–rA = kCACB Uma equação de velocidade deste tipo para a estequiometria apresentada é comum para reações não elementares. Por exemplo, para A + B → Produtos tem-se que : − rA = − dC A = kC 2BCA dt _____________________________________________________5 Notas de Aula – Prof. Dr. Marco Antonio Pereira Escola de Engenharia de Lorena - USP - Cinética Química Capítulo 04 – Reações a Volume Constante: Irreversíveis e integrando: ( C A o − C Bo )( C Bo − C B ) C Bo C B e 1 C 2A − 1 C 2A o + ln CA o C B C Bo C A = 2 kt = ( C A o − C Bo ) 2 kt para CA o C Bo para CA o ≠1 C Bo = 1. 4 - Reações de Ordem Zero: A reação é de ordem zero, quando a velocidade de conversão é independente da concentração dos materiais. Assim: − rA = − dC A = k onde integrando, tem-se: C A o − C A = C A o X A = kt dt para t < C A o /k _____________________________________________________6 Notas de Aula – Prof. Dr. Marco Antonio Pereira