Aula: 26 Temática: Cinética Química – Leis e Constantes de Velocidade Nesta aula vamos começar o estudo da cinética química, que investiga as velocidades de reação. Veremos como podem ser medidas. A cinética química é o estudo da velocidade e mecanismo pelos quais uma espécie química é convertida em outra. A velocidade é a massa ou número de mols de produto produzido ou reagente consumido por unidade de tempo. O mecanismo é a sequência dos eventos químicos individuais que resultam na produção da reação observada. A primeira etapa para uma análise da cinética é determinar a estequiometria da reação e identificar as reações laterais. O principal objetivo é o de determinar as concentrações de reagentes e produtos em função do tempo. Um parâmetro de deve ser controlado é a temperatura. As reações dependem da temperatura e, por isso, em análises experimentais simples a tendência é mantê-la constante no sistema reacional. O método de acompanhamento das mudanças de concentração depende das espécies envolvidas e do modo de alteração (rápido ou lento). O avanço de uma reação cujo sistema operacional contenha pelo menos um componente gasoso pode provocar mudança na pressão, caso o sistema opere a volume constante. Então, o acompanhamento deste avanço pode ser a verificação das mudanças da pressão em relação ao tempo. A medição espectrofotométrica da absorção de luz numa certa região do espectro por uma espécie química é uma técnica muito usada de acompanhamento de uma reação quando a substância presente tem características de absorção em região de fácil acesso no espectro eletromagnético. A determinação da composição para acompanhamento das reações também pode ser realizada usando a espectrometria de massa, a FÍSICO-QUÍMICA cromatografia em fase gasosa, a ressonância magnética nuclear e a ressonância do spin do elétron (reações que envolvem radicais). As velocidades das reações dependem da composição e da temperatura da mistura reacional. Consideremos [J] a molaridade de um participante da seguinte reação, num certo instante. A + 2B → 3C + D A velocidade de consumo instantânea de um dos reagentes é − d[R] / dt, onde R é um dos reagentes (A ou B), sendo esta uma grandeza positiva. A velocidade de formação de um dos produtos (C ou D), P, é d[P] / dt, sendo esta também uma grandeza positiva. Com estas definições e com a estequiometria da reação temos: d [D ] 1 d [C ] d [ A] 1 d [B ] = =− =− dt 3 dt dt 2 dt Para não ficarmos com várias velocidades associadas a uma reação definimos a velocidade da reação, v, como: υ= 1 d [J ] ν J dt onde νJ é o coeficiente estequiométrico de J na equação, com valor negativo para reagentes e positivo para produtos. Em muitos casos verificamos que a velocidade da reação é proporcional às concentrações dos reagentes, então: v = k [A] [B]. O coeficiente k é a constante de velocidade, também chamado velocidade específica. A constante de velocidade depende da temperatura e não depende das concentrações. Uma lei de velocidade é uma equação que fornece a velocidade da reação em função das concentrações de todas as espécies presentes, num certo instante: v = f ([A], [B],...). A lei de velocidade é FÍSICO-QUÍMICA determinada experimentalmente e não pode ser deduzida da equação química da reação. Por exemplo, para a reação entre hidrogênio e bromo: k [H 2 ] [Br2 ] v= [Br2 ] + k ' [HBr ] 32 H2 (g) + Br2 (g) → 2 HBr (g) Percebemos que a estequiometria é muito simples, mas a lei de velocidade é complicada. Quando a lei de velocidade reflete a estequiometria da reação, trata-se de uma coincidência. Sabendo a lei de velocidade poderemos deduzir a composição da mistura em qualquer instante de tempo, por outro lado, conhecida a composição da mistura poderemos prever a velocidade do avanço da reação. Muitas leis de velocidade são encontradas na forma: v = k [ A] [B ] K a b A potência a que está elevada e a concentração de um componente da mistura é a ordem da reação em relação à espécie química. Por exemplo, a reação que tenha a lei de velocidade v = k [A] [B], é de primeira ordem em A e de primeira ordem em B. A ordem global da reação é a soma das ordens individuais (a + b +...). No exemplo acima, a lei de velocidade é de segunda ordem. A ordem não é necessariamente inteira, podendo ter valores fracionários. Quando velocidade da reação é independente da concentração de reagentes, a reação apresenta lei de velocidade de ordem zero. Somente as reações heterogêneas podem ter ordem zero global, como é o caso da decomposição catalítica da fosfina, PH3, sobre o tungstênio a quente em pressões elevadas. A lei de velocidade desta reação é v = k. A fosfina se decompõe a velocidade constante até desaparecer. FÍSICO-QUÍMICA Em geral, a diferença entre as reações homogênea e heterogênea é que a primeira ocorre em uma única fase e a segunda em pelo menos duas fases. Os fatores que podem afetar uma reação homogênea são temperatura, pressão e composição. Uma reação heterogênea depende no número de fases presentes e os fatores que podem afetar a reação são transferência de massa, transferência de calor, temperatura, pressão e composição. Já as reações que apresentam lei de velocidade como a do exemplo da reação entre hidrogênio e bromo, não têm ordem global. A reação não mostra ordem definida em relação ao Br2 nem ao HBr. Em nossa primeira aula relacionada à cinética química vimos à definição de velocidade da reação. Definimos também a constante de velocidade e a lei de velocidade e vimos o que representam em nossas análises. Iniciaremos a próxima aula com os métodos para determinação da lei de velocidade. FÍSICO-QUÍMICA