ISBN 978-85-92816-00-1 ANAIS Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 FICHA CATALOGRÁFICA ASSOCIACAO BAHIANA PARA ESTUDO DO FIGADO - ABEF Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 Digitalizado (PDF). Responsável: Raymundo Paraná Ferreira Filho – Coordenador do evento 2 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 ÍNDICE DE AUTORES Cláudio Augusto Marroni | P-11; P-28 Cláudio de Almeida Quadros | P-07 Claudio Moura Lacerda | P-32; P-51 A Adriane Dal Bosco | P-28 Alan Hudson Areal | P-06 Alberi Feltrin | P-33 Alberto Farias | P-25 Alberto Pereira Firmino Filho | P-06; P-57 Alcindo Pissaia Júnior | P-13 Alexandre Ferreira | P-24; P-49 Alice Rocha de Magalhães | P-08; P-46; P-52 Aline Alves Lopes | P-51; P-55 Aline Coelho Rocha | P-26; P-39 Alisson Silva Fonseca | P-31; P-45 Amanda Vier | P-05; P-10; P-12; P-33 Américo Amorim | P-32; P-51 Ana Carolina Pereira da Silva | P-01; P-14 Ana Débora Uchoa Soares | P-21; P-35; P-37 Ana Márcia Lima Feitosa | P-43 Ana Paula de Andrade Lima | P-27 Ana Paula Peres Martins Gomes | P-50; P-53 Andrea Benevides Leite | P-21; P-35; P-37 Andrea de Góes Trindade Mello | P-19; P-46; P-52 Andrea Doria Batista | P-30 Andreas Stocker | P-31; P-45 Andrine Alves Vasconcelos | P-30 Anelisa Schettini Streva | P-15 Antonio Ricardo Andrade | P-02 Antonio Sergio Marcelino | P-24; P-49 Antonio Silaide de Araujo Junior | P-55 D Daniel Ferraz de Campos Mazo | P-26 Daniela Silva Nascimento | P-15 Daphne Benatti Gonçalves Morsoletto | P-13 E Edmar Santana Oliveira Filho | P-54 Edmundo Pessoa Lopes | P-30 Edson Abdala | P-25 Eduardo Carboni da Silva | P-13 Elizângela Gonçalves Schemitt | P-28 Emerson Santana Santos | P-56 Erika Naegel Sirqueira | P-16; P-17; P-46; P-52 Ethiane de Jesus Sampaio | P-48 Evandro de Oliveira Souza | P-26 Everton Felipe do Vale Araújo | P-06; P-57 F Fabiano Alvim-Pereira | P-56 Fernanda Anjos Bastos | P-58 Felicidade Mota Pereira | P-15 Flair José Carrilho | P-26 Francielli Licks | P-28 G Gabriel Nuncio Benavides | P-39 Gardenia Costa do Carmo | P-21 Gilda Porta | P-26; P-39 Giovanni Cerri | P-25 B Beatriz Silva Brito | P-07; P-08 Bernardo Times de Carvalho | P-32 Betânia da Silva Rocha | P-39 Brunna Carolline Arruda de França Lima | P-27 Bruno Oliveira Pedreira | P-09; P-19; P-46; P-52 Bruno Rodrigo de Fontes | P-51; P-55 Bruno Silva Souza | P-58 H Haydee Conceição Lordelo Nascimento | P-15 Helen Carolina Perussolo | P-13 Helma Pinchemel Cotrim | P-02; P-16; P-17; P-23; P-40; P-47 Humberto Silva | P-24; P-49 C I Camilla Bezerra Bastos | P-43 Camilla Maria de Alencar Saraiva | P-32; P-38; P-55 Carine Raquel Blatt | P-33; P-42 Carla Hilário da Cunha Daltro | P-40 Carolina Barbosa Pereira | P-30 Cayane Hanuccha Lima | P-16; P-17 Celina Maria Costa Lacet | P-20 Celso Nilo Didoné Filho | P-13 Cirley Maria de Oliveira Lobato | P-06; P-31; P-41; P-54; P-57 Cláudia Alexandra Pontes Ivantes | P-13 Claudia Cristina Kaiser | P-56 Claudineia Almeida de Souza | P-23; P-47 Iasmin Barreto | P-23; P-47 Igor da Silva | P-16; P-17 Igor Lima de Oliveira | P-56 Irene Kazue Miura | P-26; P-39 Isabelle Hsu Lee Ramos | P-27 Izabel dos Santos Cruz | P-48 J Jane Meire Magalhães | P-33 João Natan Moreira Gomes | P-50; P-53 João Paulo Cândido Barbosa | P-35; P-37 João Paulo Vilela Rodrigues | P-33 Joel Schmillevitch | P-24; P-25; P-49 Jorge Bastos | P-02 3 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 Jose Milton de Castro Lima | P-43 Jose Otho Leal Nogueira | P-43 Josieli Raskopf Colares | P-28 Juçara Magalhães Simões | P-58 Júlia Duarte Dias Freitas | P-48 Juliana Barbosa Lima | P-35 Juliana Custódio Lima | P-50; P-53 Júnior André da Rosa | P-05; P-10; P-12; P-33 Juvenal E. Silva | P-58 Maria Cristina Chammas | P-25 Maria de Fátima Alécio Mota | P-20 Maria Isabel Schinoni | P-31; P-45; P-58 Maria Isabel Magalhães Andrade dos Santos | P-31; P45 Maria Tereza Sampaio de Sousa Lira | P-55 Mariana Marcherzan Piva | P-10; P-05; P-12; P-33 Mariana Rolim Fernandes Macedo | P-21 Mariane Vecchi | P-33 Marianne Carneiro Mascarenhas | P-36; P-44 Marina Rodrigues Teixeira | P-05; P-10; P-12; P-33 Mário Pessoa | P-26; P-39 Martoni da Silva Moura | P-06 Marysabel Pinto Telis Silveira | P-33 Matheus Filgueira Bezerra | P-32 Matheus William Becker | P-42 Maurício de Souza Campos | P-58 Melquior Brunno Mateus de Matos | P-06; P-57 Miguel Yasuo Tomita Nicacio | P-06; P-57 Mitermayer Galvão dos Reis | P-15; P-31; P-45 Mylena Pessoa Capistrano | P-43 K Karoline Baldiati de Souza | P-42 Katia Cristina Kampa | P-13 Kellyane Carvalho | P-16; P-17 L Laecio Leitão Batista | P-30; P-32; P-51 Lara Rigon Leonhardt | P-11 Larissa Araújo Rodrigues | P-50; P-53 Laura Vilar Guedes | P-26 Lenyta Oliveira Gomes | P-05; P-10; P-12; P-33 Leonardo Assis Bertollo | P-15 Leonardo Régis Leira Pereira | P-33 Liana Aguiar Couto | P-50; P-53 Liana Codes | P-02 Liliane de Andrade Carvalho | P-51; P-55 Lisiana do Nascimento Fontoura | P-42 Lívia Maria Sampaio Pinheiro | P-43 Lorena Vitório da Costa Januário | P-20 Lucas Carbalho Dantas | P-41 Lucas da Silva Bordoni | P-08; P-36; P-44 Lucia de Araújo Costa Beisl Noblat | P-33 Luciana Cidrão Frota | P-21; P-35 Luciano Fonseca | P-16; P-17 Luciano Kalabric Silva | P-15; P-31; P-45 Ludmila Meneses da Cunha Ramos | P-20 Luis Carlos Aragão | P-15 Luisa de Andrade Lima Vieira de Melo | P-27 Luiz Antonio de Freitas | P-02 Luiz Augusto Carneiro D´Albuquerque | P-39 Luiz Carneiro D'Albuquerque | P-25 Luiza dos Santos Menezes | P-08; P-36; P-44 N Naiade Almeida | P-47 Naiade Silveira Almeida | P-23; P-40 Nara Madalena Loula dos Anjos | P-03 Nelma Carneiro de Araujo | P-03 Nelma Pereira Santana | P-15 Norma Arteiro Filgueira | P-30; P-32; P-38; P-51; P-55 Norma Jucá | P-51 Norma Possa Marroni | P-28 Norma Thomé Jucá | P-32 O Olival Fonseca Neto | P-32; P-51 P Pacheco, S.R | P-31; P-45 Patricia Gurgel Luz | P-01; P-14 Patricia Momoyo Yoshimura | P-26; P-39 Paula Cenira Senger | P-13 Paulo Bittencout | P-02 Paulo Miranda Cavalcante Neto | P-27; P-55 Paulo Sérgio Vieira de Melo | P-32; P-51 Priscilla Luna da Silva | P-21; P-37 M Manuela Novaes de Andrade | P-07 Manuella Conde Pereira Heine | P-40 Marcela de Melo Cavalcanti e Leitão | P-27; P-55 Marcela Ferro Campiolo | P-13 Marcela Rodrigues Alves Feitosa | P-27 Marcela Souza da Silva | P-36; P-44 Marcelo Carvalho Vieira de Melo | P-27 Marcia Oliveira Barreto Dantas | P-09 Marcos Aurélio Fonseca Magalhães Filho | P-20 Marcos Eugênio Ramalho Bezerra | P-30 Mareni Rocha Farias | P-05; P-10; P-12; P-33 Maria Alice Santana Zarife | P-15; P-31; P-45 R Rafael Pinto Lourenço | P-48 Rafaela Botelho Alves | P-30 Raquel Rocha dos Santos | P-23; P-40; P-47 Raymundo Paraná Ferreira Filho | P-02; P-15; P-31; P45; P-58 Rebeca Loureiro Santos | P-04 Renata Minuzzo Hartmann | P-28 Renata Silva de Cerqueira | P-03 Robércia dos Anjos Pimentel | P-58 Robert Eduard Schaer | P-58 4 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 Roberto Lemos | P-32; P-51 Roberto Meyer | P-58 Robson de Jesus | P-15 Rozangela Maria de Almeida Fernandes Wyszomirska | P-20 Thálisson Figueiredo | P-16; P-17 Thayrine Medeiros Milhomem | P-57 Thor Oliveira Dantas | P-06 Ticiane Reis | P-23; P-47 Tomas Neri Beder | P-27 S V Sabrina Alves Fernandes | P-11; P-28 Sabrina Couto Brito da Silva | P-48 Sabrina Rodrigues de Figueiredo | P-03 Sarah de Souza Lira Gameleira | P-20 Sergio Cardoso Ramos Filho | P-36; P-44 Sidelcina Rugieri Pacheco | P-31; P-45 Silvia Romero Pinheiro da Rocha | P-35; P-37 Songeli Menezes Freire | P-58 Soraya Castro Trindade | P-58 Valéria de Oliveira Moreira | P-04; P-16; P-17; P-19 Valkercyo Araújo Feitosa | P-55 Vanessa Silva Morais | P-03 Venancio Alves | P-25 Vincenzo Puglieze | P-25 Vinícius de Oliveira Santos | P-04 Viviane Gomes Nóbrega | P-04; P-07; P-08; P-19 T Y W Wanda Regina Caly | P-26 Tamara Saba Schriek | P-04; P-19 Tarson Maia Furtado de Aquino | P-35; P-37; P-50; P-53 Yana Marília de Araújo Silva | P-27 5 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 RESUMOS DOS PÔSTERES 6 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-01 Título: A aprendizagem baseada em problemas no estudo morfofuncional do fígado Autor(es): Patricia Gurgel Luz, Ana Carolina Pereira da Silva Instituição: Centro Universitário Tiradentes INTRODUÇÃO: O Ministério da Educação busca recursos que facilitem o aprendizado e a preparação dos estudantes para o mercado de trabalho. Baseado nisso, o Centro Universitário Tiradentes (UNIT/AL) instituiu o método Problem-Based Learning (PBL) no Curso de Medicina, visando um currículo integrado e integrador. O presente resumo busca esclarecer o proveito do método para o estudo morfofuncional do fígado, realizado pelas matérias de imaginologia, anatomia e histologia. Constitui-se de um relato de experiência e levantamento de dados. MATERIAIS E MÉTODOS: O estudo se dá nos laboratórios anatômico e morfofuncional, com peças cadavéricas e artificiais, negatoscópio, projetor de mídia e microscópio óptico. Para o levantamento de dados, utilizou-se um questionário online aplicado aos discentes do 1º ao 4º período do Curso de medicina do UNIT/AL, por meio da ferramenta Google Docs, com anonimato dos voluntários. A amostra, de 189 pessoas, respondeu tais indagações: O PBL na matéria de imaginologia te ajudou a compreender o órgão?; O PBL na matéria de histologia te ajudou a compreender o órgão?; O PBL na matéria de anatomia te ajudou a compreender o órgão?; O método lhe causa curiosidade e interesse sobre o órgão? RESULTADOS: Os discentes estudam de forma ativa, se empenham na resolução de problemas e ministram aulas, demonstrando leituras realizadas. As respostas obtidas para as matérias imaginologia, histologia e anatomia foram, respectivamente: 85,2%, 68,8% e 89,4%. Além disso, 88,4% dos alunos afirmaram que o PBL gera interesse no estudo do órgão. DISCUSSÃO: Koh et al, 2008, em sua revisão sistemática, concluiu que o PBL gera efeitos positivos no conhecimento médico após a graduação. O presente estudo concorda com tal influência positiva, devido a maioria dos pesquisados terem se mostrados motivados e satisfeitos na forma de estudo do órgão em questão. De acordo com o Ministério da Saúde, 2006, 4 milhões de brasileiros possuem alguma doença hepática, o que reforça a necessidade de se ter uma formação médica apta em preparar profissionais capazes de entender as doenças hepáticas morfofuncionalmente. CONCLUSÃO: Observa-se a satisfação dos discentes com a aplicação do método na área da hepatologia. É possível concluir que o empenho dos alunos facilita a consolidação de um conhecimento integrado nas disciplinas propostas, consequentemente boa formação profissional. 7 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-02 Título: A doença hepática gordurosa não alcoólica em pacientes submetidos a transplante de figado: recorrência ou “Nash de novo”? Autor(es): Antonio Ricardo Andrade, Helma Pimentel Cotrim, Paulo Bittencout, Liana Codes, Jorge Bastos, Raymundo Paraná, Luiz Antonio de Freitas Instituição: Programa de Pós Graduação em Medicina e Saúde Medicina e Saúde, Faculdade de Medicina – Universidade Federal da Bahia; Grupo de Transplante de Fígado-Hospital Português da Bahia- C-HUPES- UFBA; Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz- Fiocruz - Bahia Introdução: A Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica/ (DHGNA) é a mais frequente hepatopatia no mundo ocidental sendo a 3ª. causa de transplante hepático. Está associada à obesidade, resistência insulínica (RI) e síndrome metabólica (SM). Objetivo: A recorrência de DHGNA tem sido discutida em pós-transplantados de fígado. Objetivo: avaliar a relevância e características clínicas da recorrência ou “NASH de novo”? Pacientes e Métodos: estudo de corte transversal, que incluiu pacientes pós- transplante hepático de um único Centro de Transplante. Foram realizadas avaliações clínicas, laboratoriais, e histológica do explante e biópsias no fígado transplantado. Resultados: Foram estudados 119 pacientes, 79% homens, com idade média de 55±13,7 anos. As principais doenças levaram ao transplante foram hepatite pelo VHC e DAF (alcoólica); 36.8% e 20.2 % respectivamente. A DHGNA estava presente em 7,9% dos pacientes no pré-transplante. No pós transplante a DHGNA estava presente em 7,9% dos pacientes. Tacrolimus como imunossupressor foi utilizada por 93% dos pacientes. A SM estava presente em 49,6% dessa população. Notou-se aumento expressivo de Diabetes (DM) e Hipertensão arterial (HAS) comparados aos períodos pré e pós-transplante (aumento de 288% {17 pacientes para 49} e de 352,9% {17 pacientes para 60} respectivamente). HOMA-IR>3 foi observado em 4.3% e HOMA-β alterado em 94%. A ferritina foi normal em todos os casos. Em 43,7% apresentavam esteatose à ultrassonografia. Desses 55,7% apresentavam SM e 21,1% apresentavam elevação de aminotranferases e à biópsia hepática esteatose em 8 casos e NASH sem fibrose em 3. Conclusões: “NASH de novo” foi o resultado mais relevante nessa amostra de pacientes de transplantados de fígado, que apresentavam peculiaridades como ausência de resistência à insulina e hiperferritinemia, e histologia menos agressiva. A associação com SM clássica não foi significante, sendo relevante a frequência de HAS e DM, possivelmente induzidos pelo imunossupressor. 8 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-03 Título: Abscesso hepático piogênico e suas complicações sistêmicas: um relato de caso Autor(es): Nara Madalena Loula dos Anjos, Vanessa Silva Morais, Sabrina Rodrigues de Figueiredo, Nelma Carneiro de Araujo, Renata Silva de Cerqueira Instituição: Hospital Santo Antônio - Obras Sociais Irmã Dulce Introdução: O abscesso hepático é uma condição relativamente rara, com incidência anual de 2,3 casos por 100.000 pessoas. Segundo a etiologia, as principais formas de classificação são: abscesso piogênico, amebiano e fúngico, sendo o primeiro o mais comum, responsável por 80% dos casos. Podem estar associados a apendicite, doenças do trato biliar, transplante hepático, neoplasias e mais raramente a helmintíase, principalmente Schistosoma mansoni e Ascaris lumbricoides. Relato de Caso: Paciente 60 anos, masculino, HAS, com passado de TVP há 04 anos e Esquistossomose há 30 anos, com queixa de astenia, hiporexia e desconforto abdominal há 17 dias, sem fatores de melhora ou piora, associada a febre, náuseas e 01 episódio de vômito. Nega enterorragia, melena, acolia fecal, colúria, pirose, regurgitação e saciedade precoce. Relata ainda episódio de diarreia, com fezes pastosas. Fez uso de Ciprofloxacino durante 7 dias, sem melhora do quadro. Internado para investigação diagnóstica, evoluindo com icterícia, sinais de resposta inflamatória sistêmica (taquicardia, taquipneia e leucocitose) e derrame pleural à direita; TC de abdome evidenciando hepatomegalia com imagem multiloculada e septações grosseiras em lobo direito, sugerindo abscesso; parasitológico de fezes com ovos de Ascaris lumbricoides; hemoculturas negativas. Não foram realizadas drenagem e cultura do abscesso. Avaliado pela cirurgia geral, que indicou conduta conservadora, sendo tratado apenas com antibioticoterapia (Quais?). Apresentou piora importante do estado geral, sendo submetido a intubação orotraqueal por rebaixamento do nível de consciência, evoluindo a óbito. Discussão:O diagnóstico de abscesso hepático depende da anamnese, exame físico, achados radiológicos, aspiração e cultura do material do abscesso. O desenvolvimento de novas técnicas radiológicas, a melhoria na identificação microbiológica, e o avanço das técnicas de drenagem, bem como a melhoria dos cuidados de suporte, reduziram a mortalidade para 5-30%. Apesar disso, se não for tratada adequadamente, esta infecção permanece fatal. Apresenta graves complicações como sepse, empiema resultante da propagação contígua ou peritonite por ruptura do abscesso. O tratamento deve incluir, além de antibioticoterapia, drenagem percutânea ou cirúrgica. Idade acima de 50 anos, achados pulmonares ao exame físico, abscessos múltiplos e sorologia negativa para ameba são características relacionadas a abscesso piogênico. Entre os fatores predisponentes para esse tipo de abscesso, foram descritas as parasitoses intestinais, principalmente S. mansoni e A. lumbricoides. A situação acima descrita revela algumas das complicações graves de abscessos hepáticos. A etiologia e fator predisponente do abscesso não foram confirmados no caso, sendo possível o diagnóstico de abscesso piogênico idiopático ou abscesso piogênico associado a esquistossomose mansônica crônica. 9 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-04 Título: Adenocarcinoma de vesícula biliar associado a hepatoblastoma em paciente atendido na emergência Autor(es): Viviane Gomes Nóbrega, Vinícius de Oliveira Santos, Rebeca Loureiro Santos, Tamara Saba Schriek, Valéria de Oliveira Moreira Instituição: Universidade Federal da Bahia Introdução: hepatobastoma é um tumor raro, que acomete crianças menores de 3 anos, com predomínio no sexo masculino. Apresenta como quadro clínico de massa abdominal em hipocôndrio direito, anorexia, perda de peso, dor abdominal e existem associações com outras patologias como pólipos adenomatosos. O adenocarcinoma de vesícula biliar é relativamente raro, sua incidência aumenta com a idade, sendo mais prevalente em mulheres. Infelizmente, é nono câncer mais letal do trato gastrintestinal. Material e método: paciente admitido no Hospital Universitário Professor Edgar Santos – HUPES de Salvador-BA. Como parte da investigação do caso utilizou-se anamnese e exame físico, estudo de prontuário e avaliação de exames complementares. Resultados: RSL, 49 anos, sexo feminino. Em mar/2016, procurou emergência do HUPES com queixa de dor em HCD irradiada para dorso, associada a náuseas calafrios e empachamento há 4 meses. A dor foi graduada pelo o paciente de 8/10, negou febre, icterícia e acolia. Durante o exame físico a paciente apresentava discreta dor à palpação de flanco direito, sem sinais de irritação peritoneal, sem massas palpáveis e sem visceromegalias. O hemograma completo, eletrólitos, perfil hepático, proteínas totais e frações, Ur, Cr, tempo de sangramento, amilase e sorologias estavam dentro da normalidade. Rx de tórax e ECG não apresentaram anormalidades. USG de abdome revelou padrão sugestivo de lama e cálculo biliar. Então, o paciente foi submetido à VLC no segundo DIH para colecistectomia. Mas durante o procedimento foi observado vesícula espessa com tumoração e calcificações em corpo e infundíbulo de aspecto neoplásico, sendo optado o abortamento do procedimento e realização de biopsia e estadiamento clínico por TC de abdome e tórax. A TC de abdome evidenciou formação expansiva na vesícula biliar de provável natureza neoplásica; nódulos hepáticos de provável etiologia blastomatosa; linfonodomegalia hilar hepática e retroperitoneal; pequena quantidade de líquido livre na pelve; densificação do mesentério na goteira parietocólica direita; colelitíase. A paciente foi encaminha para o setor de oncologia e segue em tratamento. Discusões: a paciente do sexo feminino, 49 anos, não estando dentro da faixa etária de maior incidência para câncer de vesícula, idade igual ou superior a 65 anos, nem para o hepatoblastoma que tem incidência em crianças menores que 3 anos. E por esses motivos associado, a história clinica e ao padrão sugestivo da USG fez a equipe suspeitar de colecistite aguda que culminou levando a paciente para cirurgia. Conclusão: o carcinoma de vesícula biliar apresenta comportamento agressivo que associado à extensa drenagem linfática, frequentemente resulta em rápida progressão da doença. O único tratamento curativo é a ressecção cirúrgica radical com margem livre. O tratamento do hepatoblastoma consiste na ressecção completa do tumor. Não se tem relato na literatura de associação entre hepatoblastoma e câncer de vesícula biliar. 10 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-05 Título: Análise dos Tratamentos de Pacientes Submetidos à Transplante de Fígado com Recidiva de Hepatite Viral Crônica C. Autor(es): Junior Andre da Rosa, Marina Rodrigues Teixeira, Mariana Marchezan Piva, Amanda Vier, Lenyta Oliveira Gomes, Mareni Rocha Farias Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Introdução: Hepatite viral C (VHC), cirrose e hepatocarcinoma constituem as principais causas dos transplantes hepáticos. No pós-transplante, a taxa de reinfecção virológica é universal (varia de 95% a 100%), resultando muitas vezes em progressão rápida da hepatite aguda para crônica e cirrose. O tratamento de pacientes pós-transplante possui limitações decorrentes das interações com os imunossupressores, além dos eventos adversos (EA) dos medicamentos para a infecção por VHC. Recentemente, os fármacos sofosbuvir (SOF), daclatasvir (DAC) e simeprevir (SIM) foram incorporados ao SUS para tratamento da hepatite C. Estudos clínicos prometem eficácia acima de 90% e eventos adversos em apenas 1 a 1,5% dos casos. Neste sentido, estudos de fase IV podem ser ferramentas que orientam o manejo adequado quanto a segurança e eficácia do tratamento. Objetivo: Analisar os tratamentos com DAAs em pacientes de transplante de fígado, na cidade de Florianópolis. Método: Estudo descritivo, prospectivo observacional realizado com pacientes, atendidos pelo Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), na Farmácia Escola da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, no período de novembro de 2015 a abril de 2016. Resultados: 11 pacientes foram incluídos nesta análise, a média de idade foi de 61,8 anos, sendo 9 (81,8%) do gênero masculino. Foram realizados 3 transplantes em 2011, 3 em 2014 e 1 nos anos 2008, 2009, 2010, 2012 e 2013, Em relação ao genótipo, 7 (63,6%) pacientes são portadores do genótipo 1 e 4 (26,4%) genótipo 3; a média da carga viral do grupo de pacientes analisados é de 868.680 cópias/ml. Somente dois pacientes possuem biópsias com escores superiores a F3/A3 na escala de Metavir. Todos os pacientes realizaram tratamento pré–transplante, 9 com RBV+INF e 2 com outros. Destes, 8 não obtiveram RVS e um não concluiu o tratamento devido os EA. Nove pacientes utilizam SOF+DAC+RBV e 2 utilizam SOF+DAC. O tempo de tratamento é 12 semanas (10 pacientes) e 24 semanas (1). Todos os pacientes utilizam os medicamentos imunossupressores micofenolato+tacrolimo (8), tacrolimo (2) e sirolimo (1). Observou-se que 63,6% dos pacientes apresentaram pelo menos um EA, sendo que oito apresentaram três ou mais reações. Os EA mais comuns foram dor nas articulações/corpo (63,6%; n=7), alterações de humor (45,4%; n= 5), dor de cabeça (45,4%; n= 5). Até o momento nenhum dos pacientes transplantados em terapia com DAAs necessitou utilização de eritropoietina ou filgrastima. Conclusão: A inclusão de pacientes transplantados no protocolo clínico para tratamento de hepatite C permitiu o acesso ao tratamento com DAAs, antes permitido apenas pela via judicial. O acompanhamento da eficácia e segurança do tratamento neste grupo é importante para elucidar as questões desafiadoras desta população, especialmente a eficácia em portadores de genótipo 3, cirróticos descompensados e utilização concomitante de terapia imunossupressora. 11 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-06 Título: Análise parcial da elastografia hepática (Fibroscan) realizada em pacientes com hepatopatias crônicas em seis munícipios do Acre Autor(es): Cirley Maria de Oliveira Lobato, Alan Hudson Areal, Thor Oliveira Dantas, Martoni da Silva Moura, Alberto Pereira Firmino Filho, Everton Felipe do Vale Araújo, Melquior Brunno Mateus de Matos, Miguel Yasuo Tomita Nicacio Instituição: UFAC Introdução: Fibrose hepática é um processo cicatricial decorrente de uma resposta do fígado a um processo necro-inflamatório associado principalmente a vírus, álcool e doenças metabólicas. A elastografia hepática transitória (Fibroscan©[FS]) adquiriu importante destaque na prática clínica ao avaliar a fibrose hepática analisando sua rigidez, utilizando um sistema de ultrassons. Objetivo: Verificar o perfil elastográfico dos hepatopatas acompanhados nos serviços de referência do Acre, de acordo com sua etiologia. Metodologia: Estudo transversal, tendo como fonte de dados os resultados obtidos no fibroscan, juntamente com dados laboratoriais e epidemiológicos em 6 municípios acreanos, que foram analisados no programa SPSS 20.0. Resultados: Dos 1679 pacientes, 888 (52,9%) eram do sexo masculino, média de idade de 45 anos (DP±14,51), 44,8% procedentes de Rio Branco, 17,6% de Cruzeiro do Sul, 16,5% de Tarauacá. Quanto a etiologia, 534 tinham Vírus da Hepatite C (VHC), 683 Vírus da Hepatite B (VHB), destes, 161 tinham Vírus da Hepatite D (VHD), e 230 Esteatose Hepática (EH). A média de todos os resultados foi de 11.01 kPa (DP±10,82). A média nos VHC foi de 15.3 kPa (DP±12,3); VHB de 7.89 kPa (DP±7,3), VHD de 15.49 kPa (DP±14,32) e EH de 6.84 kPa (DP±3,85). Nos pacientes que realizaram o CAP, a média foi de 229 (DP±61,52); 172,71 (DP±94,72); 196,46 (DP±108,67); 260,54 e (DP±87,02), VHC, VHB, VHD e EH respectivamente. Discussão: Existe uma alta prevalência das hepatites virais na região amazônica. O resultado encontrado em VHC não difere do encontrado na literatura, no qual um grande percentual dos pacientes são F3/F4. Já a infecção pelo VHB apresentou menor percentual do valor de kPa quando comparado ao VHC e VHD. A elastografia, mesmo que não validado no delta, teve uma tendência a ser mais elevado, possivelmente pelas características da infecção, tratamento tardio ou ausente, sendo determinante na evolução da fibrose. Quanto ao CAP, apresentou-se um valor maior em pacientes com EH, quando comparado com as doenças virais, das quais o VHC foi o mais associado a um CAP, semelhante ao que é encontrado na literatura, principalmente, quando se trata do genótipo 3. Conclusão: O VHD tem uma tendência a apresentar um perfil elastográfico mais elevado, quando comparado a outros vírus e a esteatose, entretanto é necessário mais estudos que estabeleçam a relação com a fibrogênese nestes pacientes. 12 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-07 Título: Ascite volumosa em paciente portador de esquistossomose e adenocarcinoma de sigmóide Autor(es): Manuela Novaes de Andrade, Cláudio de Almeida Quadros, Beatriz Silva Brito, Viviane Gomes Nóbrega Instituição: Universidade do Estado da Bahia Introdução: Ascite é definida pelo acúmulo de líquido livre na cavidade abdominal, resultado da ultrafiltração sanguínea que causa uma efusão peritoneal. As principais causas de acúmulo desse líquido são as hepatopatias, dentre elas destaca-se a hipertensão portal, que é resultado da interação entre o fluxo sanguíneo e resistência vascular hepática e tem, como um dos principais fatores etiológicos em nosso meio, a esquistossomose. Outras causas menos comuns porém muito importantes são as neoplasias malignas. A carcinomatose peritoneal, por exemplo, é uma doença avançada que leva ao quadro ascítico secundário à ação das células tumorais. Material/Método: Paciente atendido no ambulatório da coloproctologia do Hospital Aristides Maltez em abril de 2016. Para este relato foram utilizados dados da anamnese, exame físico, resultados da colonoscopia, USG abdominal, EDA e exames laboratoriais. Resultado: C.S.S., sexo masculino, 35 anos, negro, portador de esquistossomose com hipertensão portal e varizes esofágicas. Relata dor abdominal a cerca de um ano associada a hematoquezia, emagrecimento e alteração do ritmo intestinal. Nega HAS,DM e etilismo. Ao exame físico encontra-se caquético, descorado ++/IV, com ascite volumosa, hepatoesplenomegalia e tumoração palpável em região de flanco direito. Resultados de exames: HB 13,3; HT 40,0%; PLQ 230.000/mm3; TP 25,4%; RNI 2,85; PT 4,9 g/dL; albumina 1,8 g/dL; globulina 3,1 g/dL; GGT 32 UI/L; FA 250 U/L; TGO 30 U/L; TGP 35 U/L; Anti HCV não reagente; HBsAg não reagente, CEA 5,3. USG abdome total - fibrose peri-portal, ectasia da veia portal, hepatoesplenomegalia. EDA Varizes de esôfago. Colonoscopia - Tumoração em sigmóide distal, a 20 cm da borda anal, tumefação vegetante, friável e estenosante; pontilhado esbranquiçado em canal anal. Anatomia patológica: adenocarcinoma pouco diferenciado; Reto: retite crônica inespecífica. Discussão: Paciente desnutrido, sem condições de ser submetido a retossigmoidectomia no momento. Foi submetido a confecção de colostomia para desobstrução intestinal e, após melhora clínica será submetido a tratamento cirúrgico. Realizada coleta de líquido ascítico - aspecto exudativo - para análise citológica e esclarecimento etiológico. Devido a presença de ascite volumosa e estágio avançado da neoplasia, suspeitouse de quadro ascítico secundário a hipertensão portal e/ou carcinomatose peritoneal. A análise citológica do líquido, no entanto, foi negativa para células oncóticas. Conclusão: A ascite é uma manifestação clínica que pode ser causada por diversos mecanismos, sendo que o mais comum são as afecções hepáticas. Além da hepatopatia apresentada, o paciente possui neoplasia de cólon, a qual pode ter causado um quadro de carcinomatose peritoneal contribuindo, desse modo, o elevado volume ascítico. A esquistossomose, por ser muito comum em nossa região, deve ser pensada sempre como diagnóstico diferencial. 13 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-08 Título: Associação de colangite esclerosante primária e retocolite ulcerativa em paciente de 17 Anos - um relato de caso Autor(es): Beatriz Silva Brito, Viviane Gomes Nóbrega, Luiza dos Santos Menezes, Lucas da Silva Bordoni, Alice Rocha de Magalhães Instituição: Universidade do Estado da Bahia Introdução: A colangite esclerosante primária (CEP) é caracterizada pela inflamação de canais de bile intra e extra-hepáticos, com consequente cicatrização e obstrução. Compreende, assim, uma das causadoras de hipertensão portal e cirrose, podendo causar colangiocarcinoma em até 30% dos casos. Embora não tenha sua fisiopatologia esclarecida, a hipótese da autoimunidade é a mais sustentada. Como é uma doença rara, sua investigação e diagnóstico são precedidos pelas doenças normalmente associadas, como a Retocolite Ulcerativa (RCU).Os achados laboratoriais apontam aumento de fosfatase alcalina e transaminases de 3 a 5 vezes acima do normal. Métodos: Paciente avaliado no Hospital Geral Roberto Santos – HGRS (Salvador/Ba) em abril de 2015.Como parte do atendimento e investigação do caso utilizou-se avaliação médica com anamnese e exame físico, estudo de prontuário e avaliação de exames complementares. Resultados: Paciente masculino,17 anos, com diagnóstico de RCU há 2 anos, se mantém assintomático com o uso de Mesalazina oral e supositório. Há 3 meses, evoluiu com dor em hipocôndrio direito com flutuações de intensidade. Nega etilismo, tabagismo e uso de drogas ilícitas. Ao exame físico foi constatada dor à palpação profunda em hipocôndrio direito, sem dor à descompressão, com borda hepática palpável 2cm abaixo do rebordo costal. Abdome plano, simétrico e sem circulação colateral; ruídos hidroaéreos presentes. Sem alterações dos demais segmentos. Aos exames laboratoriais: Hb11,3,Ht35,9%,BT1,1;BD0,2;BI0,9;VHS26,PCR<5,TGO121,TGP174, FA980, GGt400, portanto,sendo constatada elevação das enzimas canaliculares e transaminases. Solicitado CPRM que evidenciou discreta irregularidade das vias biliares intra-hepáticas e do colédoco, com áreas de estreitamento da sua luz. Introduzido Ursacol 900mg,paciente evoluiu com compensação clínica ainda sendo acompanhado ambulatoriamente com prescrição de Mesalazina oral, Mesalazina supositório e Ursacol. Discussão: A resposta ao tratamento com ácido ursodeoxicólico (Ursacol) evidencia o diagnóstico de CEP, em um caso divergente da epidemiologia da doença. Além de apresentar taxa de incidência de aproximadamente 40 pessoas por milhão, o acometimento é mais registrado em homens com idade média de 43 anos–sendo o paciente do sexo masculino,17 anos. No entanto, a associação e o quadro prévio de RCU estão presentes em cerca de 70% dos portadores de CEP, de forma a promover investigação, diagnóstico e introdução terapêutica precoces. Dessa forma, tem-se um melhor prognóstico e prevenção de cirrose–que em estágio avançado tem como indicação o transplante hepático, único tratamento comprovado a longo prazo para CEP. Conclusão: Paciente com dor em hipocôndrio direito, alterações na dejeções e alteração de enzimas canaliculares 3 ou 5x maiores do que valores de referências são sinais sugestivos de CEP.O diagnóstico é confirmado por exame diagnóstico específico para vias biliares, como o CPRM, que evidencia estreitamento da luz compatível com a colangite esclerosante primária. 14 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-09 Título: Avaliação da Taxa de Mortalidade por cirrose hepática na cidade de Salvador Autor(es): Bruno Oliveira Pedreira, Marcia Oliveira Barreto Dantas Instituição: Universidade Federal da Bahia Introdução: A cirrose hepática é uma doença crônica de elevada morbimortalidade situada entre as 20 principais causas de morte no mundo. Apresenta uma série de complicações associadas a internação hospitalar, sendo também o principal fator de risco para o desenvolvimento de carcinoma hepatocelular. É resultado de um processo fibrocicatricial secundário à agressão contínua de diferentes etiologias no fígado, os quais se destacam Doença Alcóolica do Fígado, Vírus da hepatite B e C. Objetivos: Descrever a taxa de mortalidade por cirrose hepática, por sexo, na cidade de Salvador. Métodos: Estudo epidemiológico de cunho analítico baseado no banco de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade, entre 2003 a 2012. Foram calculadas as taxas de mortalidade por ano e gênero no período de 2003 a 2012 e avaliada a significância da tendência da curva apresentada. Todos os grupos foram analisados individualmente através do método de regressão linear simples. Resultados: Em Salvador, a taxa global de mortalidade por cirrose hepática caiu de 3,2 em 2003 para 2,7 óbitos por 100 mil habitantes em 2012, o que corresponde a uma diminuição de 16% do número de mortes. A análise das taxas de mortalidade específicas para cada sexo revela redução destas, tanto em homens quanto em mulheres: em pessoas do sexo masculino, a redução na taxa de mortalidade foi de 5,2 em 2003 para 4,5 óbitos por 100 mil habitantes em 2012, totalizando uma redução de 13%; já em pessoas do sexo feminino, a redução foi de 1,5 em 2003 para 1 óbito por 100 mil habitantes em 2012, totalizando uma redução de 33%. Durante os 10 anos analisados, a redução na taxa de mortalidade ocorreu mais expressivamente em mulheres, as quais sempre apresentaram menor média de eventos quando comparadas aos homens (p<0,0001). Apesar de ambos os sexos terem apresentado redução nas taxas de mortalidade, esta não ocorreu de forma significativa. O declínio nas taxas de mortalidade de ambos os grupos não ocorreu de forma contínua, sendo o pico de menor incidência para os homens o ano de 2008; para as mulheres, 2007 e, para o total global, 2009. Discussão: Diante desse perfil epidemiológico é importante destacar a queda na taxa de mortalidade por cirrose hepática na cidade de Salvador nos anos analisados, que pode ser atribuída a melhoria na condição de saúde da população como um todo. A morte como causa da cirrose geralmente resulta das complicações inerentes à história natural da doença como hemorragia digestiva alta, encefalopatia hepática, peritonite bacteriana, síndrome hepatopulmonar e hepatorrenal. Conclusão: A redução global na mortalidade por cirrose hepática em Salvador nos 10 anos de análise foi de 16%, notadamente esse número foi mais expressivo no sexo feminino, atingindo redução de 33%, enquanto que no sexo masculino houve decréscimo de 13%. 15 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-10 Título: Avaliação do porcentual de eventos adversos ocorridos nos pacientes, portadores de VHC, tratados com Telaprevir ou Boceprevir, em um Centro de Aplicação de Medicamentos Injetáveis (Cami). Autor(es): Marina Rodrigues Teixeira, Lenyta Oliveira Gomes, Junior Andre Da Rosa, Amanda Vier, Mariana Marcherzan Piva, Mareni Rocha Farias Instituição: Universidade Federal De Santa Catarina Introdução: O vírus da hepatite C (VHC), pertence à família Flaviviridae e possui diferentes genótipos e subtipos. Por ano morrem 350 mil pessoas infectadas por VHC. O tratamento objetiva eliminar a infecção viral e prevenir complicações hepáticas e é considerado eficiente quando alcançada resposta viral sustentada (RVS). No intuito de melhorar a RVS e a qualidade de vida dos pacientes, novos antivirais como os inibidores de protease, telaprevir (TVR) e boceprevir (BOC), foram incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, as respostas observadas na prática clínica foram insatisfatórias e rapidamente estes IP foram substituídos por novos fármacos. Objetivo: Analisar os eventos adversos (EA) registrados para pacientes que utilizaram TVR e BOC no CAMI do Hospital Nereu Ramos, em Florianópolis-SC. Metodologia: Estudo retrospectivo com base nos registro de prontuários dos pacientes atendidos no CAMI, no período de 2012 a 2015. Aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (CAAE: 27185514.3.1001.0121).Resultados: Foram analisados os prontuários de 209 pacientes, destes 63% utilizaram TVR e 34% utilizaram BOC. Os EA foram semelhantes em ambos. 90% dos pacientes apresentaram EA hematológicos, 63% necessitaram fazer uso eritropoetina e/ou filgrastima e destes 10% precisaram de transfusões de concentrados de hemácias. Os outros EA mais frequentes foram às reações de pele (TVR - 87% e BOC - 70%), náuseas (TVR – 69% e BOC - 80%), alterações de humor (TVR – 60% e BOC 66%) e diarreia (TVR - 42% e BOC – 39%). A RVS por intenção de tratamento (IT) do TVR foi 61%. Aproximadamente 28% dos tratamentos necessitaram ser interrompidos, 50% por EA graves e 50% por não resposta viral rápida ao tratamento. A taxa de recidiva foi de 8,8%. Para o BOC, o comportamento foi semelhante, 54% de RVS por IT, 14% dos pacientes não responderam ao tratamento e 12% tiveram que suspende-lo por EA graves. A taxa de recidiva (17%) do BOC foi maior que o TVR. Conclusão: O presente estudo observou que, embora os IP demonstrem produzir uma taxa RVS superior as terapias prévias disponibilizadas pelo SUS, induzem um maior número de EA, sendo alguns de potencial gravidade, os quais podem interferir na adesão do tratamento. Este fato, somado a exclusão destes IP do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas, em 2015, traz a reflexão do real custo x efetividade destes medicamentos, o que leva a questionar as literaturas de referência e a importância da utilização de metodologias científicas, que possibilitam uma análise robusta das evidências para a incorporação de novas tecnologias no SUS, devido os investimentos escassos em saúde que não devem ser desperdiçados. 16 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-11 Título: Avaliação nutricional através da análise do vetor da bioimpedância elétrica e ângulo de fase de pacientes cirróticos Autor(es): Sabrina Alves Fernandes, Lara Rigon Leonhardt, Claudio Augusto Marroni Instituição: Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre A escolha do método para a avaliação nutricional dos pacientes com cirrose hepática ainda é um desafio devido ao estado de hidratação (edema e ascite), não existindo até o momento um padrão áureo. Analisar a composição corporal quanto à hidratação e integridade da membrana celular de pacientes cirróticos de variadas etiologias pelo método BIVA. Estudo de delineamento transversal com cirróticos de diferentes etiologias Os métodos empregados para a avaliação nutricional foram Ângulo de Fase (AF) e BIVA, através da BIA. Foram avaliados 189 pacientes com média de idade de 56,9 (± 11,0 anos), sendo 62% do gênero masculino. Destes, 55% apresentaram Escore Child-Pugh A e a etiologia prevalente foi VHC (46%). Os pacientes com mau prognóstico classificados a partir do AF são significativamente mais velhos (p<0,001), mais frequentemente mulheres (p=0,039), apresentaram maior proporção de Child C (p<0,001) e a etiologia mais comum foi o VHC (p=0,031). Houve associação estatisticamente significativa entre o escore child e a etiologia (p<0,001), sendo que os pacientes com etiologia de álcool apresentaram maior proporção de Child A e os com VHC + Álcool apresentaram maior prevalência de Child C. Os pacientes foram classificados conforme o BIVA em: Normal (33,3%), Bom Estado (12,2%), Desidratado (14,8%), Edema (36,5%) e Mal Nutrido (3,2%). Os pacientes em bom estado tem uma média de idade significativamente menor que aqueles com classificação Normal e Edema. Os pacientes em Bom Estado possuem AF significantemente maior do que todos os demais grupos. Além disso, os com Edema e Mal Nutridos apresentam AF significantemente menor do que todos os demais grupos. Os pacientes com Edema apresentaram maior proporção de Child C. Os pacientes com classificação de BIVA Normal apresentam maior prevalência de álcool, os em Bom Estado e Desidratado apresentam maior prevalência de outras etiologias e os com Edema maior prevalência de VHC. Houve associação estatisticamente entre as classificações BIVA e AF (p<0,001), sendo que o mau prognóstico foi mais prevalente nos pacientes com Edema e Mal Nutridos. Também os pacientes em Bom Estado apresentaram maior prevalência de bom prognóstico. Este estudo foi capaz de definir pontos de mensuração do BIVA conforme características do cirrótico. Também determinar o real estado de hidratação e de celularidade destes pacientes, comparando com sua condição clínica através do escore Child-Pugh. 17 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-12 Título: Avalição do perfil de segurança de Sofosbuvir, Daclatasvir e Semiprevir no tratamento de pacientes portadores de Hepatite C Crônica atendidos em um Centro de Dispensação de Medicamentos do CEAF Autor(es): Lenyta Oliveira Gomes, Marina Rodrigues Teixeira, Júnior André da Rosa, Amanda Vier, Mariana Marchezan Piva, Mareni Rocha Farias Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Introdução: A Hepatite C é um importante problema de saúde pública, sendo considerada a principal causa de cirrose, insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular. No Brasil, os últimos dados epidemiológicos publicados pelo Ministério da Saúde (MS), em 2011, relatam que 5 em 100 mil pessoas estão infectadas pelo vírus da hepatite C. Recentemente, os fármacos sofosbuvir (SOF), daclatasvir (DAC) e simeprevir (SIM) foram incorporados ao SUS para tratamento da patologia. Os estudos clínicos com estes fármacos apontaram eficácia superior a 90% e apenas 1 a 1,5% dos pacientes apresentaram eventos adversos (EA). A incidência de EA durante um tratamento é determinante para a adesão eresposta terapêutica. Assim, torna-se importante a realização de estudos de fase IV que avaliem a segurança do tratamento. Objetivo:Avaliar os EA resultantes do tratamento de pacientes portadores de hepatite C com SOF, DAC e SIM, associados ou não à ribavirina (RBV), por meio do acompanhamento farmacoterapêutico (ACFT). Métodos: Estudo descritivo, prospectivo observacional realizado com 127 pacientes, atendidos pelo Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), na Farmácia Escola da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, no período de novembro de 2015 a abril de 2016. O ACFT foi realizado e registrado mensalmente, durante todo tratamento. Os registros foram feitos em uma ficha previamente elaborada com base no protocolo clínico do Ministério da Saúde. As informações sobre os EA foram coletadas a partir do relato dos pacientes durante as consultas de ACFT. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da UFSC (CAAE: 27185514.3.1001.0121 ). Resultados: Observou-se que 95% (n= 121) dos pacientes apresentaram pelo menos um EA, sendo que 64,5% (n= 82) apresentaram três ou mais reações. Os EA mais comuns foram fadiga (47,2%; n= 60), alterações de humor (46,5%; n= 60), cefaléia (45%; n= 57), alterações na mucosa oral (40,2%; n= 51), reações cutâneas (37,8%; n= 48), náuseas ou vômito (37,8%; n= 48), dores no corpo (39,4%; n= 50) e insônia (23,6%; n= 30). Os EA menos frequentes foram diarreia (8,7%; n= 11), alterações anorretais (8,7%; n= 11) e redução da libido (5,5%; n= 7). A anemia ocorreu em 17,3% (n= 22) dos pacientes, 8,7% (n= 11) com maior gravidade, sendo que 6,3% (n= 8) necessitaram reduzir a dose de ribavirina e 2,4% (n=3) utilizaram eritropoetina. O abandono da terapia por EA foi de apenas 1,5% (n= 2), devido à depressão severa. Conclusões:O percentual de pacientes que manifestaram EA foi maior que os relatados nos estudos clínicos utilizados para a incorporação destes medicamentos. Porém, a prevalência e gravidade foram semelhantes. Os EA mais frequentes foram de carácter leve e de fácil manejo. Os resultados do presente estudo corroboram, em parte, os dados observados na literatura. 18 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-13 Título: Baixa Positividade de Cultura de Líquido Ascítico de Pacientes com Peritonite Bacteriana Espontânea em um Serviço Terciário Autor(es): Katia Cristina Kampa, Eduardo Carboni da Silva, Marcela Ferro Campiolo, Celso Nilo Didoné Filho, Paula Cenira Senger, Helen Carolina Perussolo, Daphne Benatti Gonçalves Morsoletto, Alcindo Pissaia Júnior, Cláudia Alexandra Pontes Ivantes Instituição: Hospital Nossa Senhora das Graças de Curitiba Introdução: Peritonite Bacteriana Espontânea (PBE) é a infecção mais comum nos pacientes cirróticos com ascite. O diagnóstico é feito através de paracentese (PS) com coleta de líquido ascítico (LA). Materiais e métodos: Coleta de LA, colocado em frasco de cultura, homogeneizado e encaminhado ao laboratório de microbiologia. O LA permaneceu encubando em máquina automatizada até sua positividade ou até completar 7 dias. Foi também realizada cultura para anaeróbios. Considera-se PBE quando a contagem no LA de polimorfonucleares (PMN) é > ou = a 250/mm3. Resultados: Foram realizadas 60 PS em 39 pacientes, no período de fevereiro de 2015 a fevereiro de 2016. Vinte e quatro pacientes (61,5%) eram do sexo masculino e 15 (38,5%), do sexo feminino. A etiologia da cirrose foi variada predominando álcool e doença hepática gordurosa não alcoólica. Das 60 coletas, onze (18,34%) apresentaram critérios citológicos para PBE mas apenas duas (18,18%) amostras tiveram cultura positiva, com crescimento das seguintes bactérias: Streptococcus pnemoniae e Escherichia coli ESBL. Outros 2 pacientes também tiveram cultura positiva, mas diagnóstico de bacterascite. Dos 39 pacientes, sete estavam com profilaxia para PBE, todos por já terem apresentado essa complicação antes, mas nenhum dos 2 pacientes com PBE estavam em terapia profilática. O MELD dos pacientes variou de 8 a 31, com média de 16. Nenhuma cultura para anaeróbios foi positiva. Discussão: A PBE é uma complicação frequente nos pacientes cirróticos com ascite. A cultura não é necessária para o diagnóstico, mas tem por objetivo identificar o patógeno, verificar a resistência ao tratamento empírico inicial. A principal fonte de contaminação é a flora intestinal, devido translocação bacteriana. Com o aumento da sobrevida de pacientes cirróticos, aumento da hospitalização e inscrição em fila de transplantes, a terapia empírica pode ser ineficaz; e portanto existe a necessidade de guiar o tratamento conforme o perfil de sensibilidade do patógeno, para isso métodos com aumento da positividade da cultura em pacientes com PBE tornam-se imprescindíveis. Conclusão: Esse estudo mostrou uma taxa de positividade na cultura de LA por métodos convencionais extremamente baixa (18,18%). Novos estudos e novas técnicas são necessários para aprimorar o diagnóstico etiológico da PBE para que se possa tratar de forma adequada estes pacientes e conhecer a flora bacteriana presente em nosso ambiente hospitalar. 19 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-14 Título: Caracterização das notificações de hepatite A no município de Maceió entre 2011 e 2015 Autor(es): Ana Carolina Pereira da Silva, Patricia Gurgel Luz Instituição: Centro Universitário Tiradentes Introdução: A Hepatite A, acomete muitos contextos no mundo, variando segundo a sua ocorrência, magnitude e agente etiológico. Com o aumento de áreas periféricas e carentes, percebe-se uma influência na dispersão do vírus. Em países que possuem precárias condições sanitárias e socioeconômicas é possível observar alta incidência da Hepatite A. Com base nisso, o Ministério da Saúde, em 2014, incluiu a vacina contra o patógeno responsável por essa doença, no Calendário Nacional de Vacinação do Sistema Único de Saúde. Com isso, o objetivo do estudo foi caracterizar a prevalência da doença ao decorrer dos anos, associando às imunizações realizadas. Materiais e Métodos: Foram obtidos os dados disponíveis no DATASUS junto ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-NET) e o Programa Nacional de Imunizações. Foi utilizado o programa Microsoft Excel para análise dos dados. Resultados: Percebeu-se o número de casos confirmados das Hepatites Virais e o número de doses aplicadas para cada vacina no município de Maceió/AL nos anos de 2011 a 2015. No período estudado a Hepatite A prevaleceu com maior quantidade de casos, possuindo 58,65% do total das notificações de Hepatites Virais. O ano de 2015 possuiu a menor quantidade de casos e a maior quantidade de doses administradas, o ano de 2011, no entanto, possuiu o maior número de casos e o menor número de doses aplicadas. Discussão: Os resultados das análises e pesquisas realizadas garantem que a prevalência de Hepatite A varia com o nível socioeconômico de determinada população. O presente estudo concorda que áreas mais carentes trazem maiores condições de transmissão devido ao menor acesso à saúde. Pode-se observar uma tendência de queda ao decorrer dos anos analisados no município de Maceió, fato que possivelmente está associado às imunizações aplicadas. Por meio desse contexto, percebe-se que a vacina é uma boa profilaxia e um bom custo-benefício, como foi relatado na Itália sobre um surto envolvendo 889 pessoas, onde gastou-se o equivalente a 662 dólares por paciente. Conclusão: Existe uma relação entre o aumento da cobertura vacinal e o declínio na prevalência da Hepatite A. Ressalta-se, dessa forma, a importância de uma imunização efetiva na população, bem como a melhora das condições de saúde nos contextos de vulnerabilidade social. 20 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-15 Título: Caracterização genotípica do vírus da hepatite C (VHC) em hemofílicos e portadores de outras coagulopatias no Estado da Bahia Autor(es): Daniela Silva Nascimento1; Robson de Jesus1; Nelma Pereira Santana2; Anelisa Schettini Streva²; Luis Carlos Aragão²; Maria Alice Sant’anna Zarife4; Felicidade Mota Pereira4; Leonardo Assis Bertollo4; Haydee Conceição Lordelo Nascimento4; Raymundo Paraná³; Mitermayer Galvão dos Reis1; Luciano Kalabric Silva1 Instituições: 1 Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Fiocruz-BA, Salvador-BA ² Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Estado da Bahia (HEMOBA), Salvador-BA ³ Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador-BA 4 Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN-BA), Salvador-BA Introdução: Portadores de coagulopatias congênitas possuem o risco de serem portadores de hepatite C devido ao uso de sangue/derivados antes da implantação das políticas do sangue. Em um estudo realizado na Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (HEMOBA) há 16 anos com hemofílicos, a soroprevalência do VHC foi de 42,2% (IC 95% 36,5%-48,1%), sendo que o genótipo 1 do VHC (74%) foi o mais prevalente, seguido pelos genótipos 3 (22%) e 2 (4%). (Silva et al., 2005). O objetivo desse estudo foi atualizar a prevalência de infecção e a caracterização genotípica do (VHC) nesta população. Materiais e Métodos: Entre fevereiro de 2014 e janeiro de 2016, foram incluídos no estudo 172 pacientes com coagulopatias congênitas atendidos na Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (HEMOBA), mediante assinatura do TCLE, entrevista e coleta de amostras de sangue. As amostras foram encaminhadas ao Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN-BA) para realização do teste sorológico ELISA de 4. geração (Axsym, Abbott), exames moleculares para detecção qualitativa, quantificação e genotipagem do VHC-RNA, pelo método Abbott Real Time HCV. Resultados: Como esperado a maioria dos participantes foi do sexo masculino 94%; vivem em cidades do interior da Bahia (69%), são pardos ou negros (77%) e estado civil solteiro (69%). A idade média foi de 26,2 anos e desvio padrão de 15,9 anos (mín. 2 – máx. 71). A coagulopatia congênita mais frequente foi a hemofilia A (81%). A maioria dos pacientes (91%) já realizaram transfusão de sangue/derivados e destes, 31% o fizeram antes de 1992. A soroprevalência do VHC foi de 23% (IC 95% 17% - 30%), com dois casos soropositivos nascidos após 1992. A viremia foi detectada em 70% dos soropositivos (IC 95% 53% - 83%). A maioria dos soropositivos (80%), tinham conhecimento prévio da infecção, mas apenas 24% destes chegaram a realizar o tratamento antiviral. O genótipo 1 foi o mais frequente (77%), seguido do genótipo 3 (9%) e do genótipo 2 (5%). Discussão: Embora, tenha-se observado uma redução significante na soroprevalência do VHC neste grupo, essa taxa é cerca de 15 vezes maior que o observado na população geral da Bahia. A distribuição genotípica foi semelhante à encontrada em estudo realizado anteriormente. O percentual de tratados entres os que tinham conhecimento prévio da infecção pelo VHC é muito baixo. Conclusão: O diagnóstico e a genotipagem molecular são ferramentas indispensáveis para a identificação e tratamento genotipo-específico dos infectados pelo VHC com as novas drogas de ação direta (DAAs). As DAAs apresentam RVS de aproximadamente 90% e poderão amenizar o impacto causado pelas infecções ocorridas no passado nesta população. Os resultados demonstram semelhança na distribuição genotípica, e que houve uma importante redução na soroprevalência, apesar da taxa ainda ser elevada, e existir risco residual de infecção pelo VHC entre coagulopatas congênitos nascidos após 1992. 21 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-16 Título: Carcinoma Hepatocelular em pacientes não cirróticos Autor(es): Valéria Moreira Érika Sirqueira, Thálisson Figueiredo, Cayane Hanuccha Lima, Kellyane Carvalho, Igor Da Silva, Luciano Fonseca, Helma Pimentel Cotrim Instituição: Grupo de Estudos da Esteato-Hepatite não Alcoólica (NASH)- CNPQ–FMB–C-HUPES –UFBA; Serviço de Anatomia Patológica do C- HUPES- UFBA Introdução: O carcinoma hepatocelular (CHC) é a 5ª.causa mais comum de câncer e é a principal causa de mortalidade em pacientes com cirrose. Os seus principais fatores de riscos são o vírus B (VHB) e C (VHC) da hepatite, doença alcóolica do fígado (DAF), e a esteatoepatite não alcóolica (NASH). Nesses casos a cirrose está presente em cerca de 80-90% dos casos. Objetivos: Descrever as principais características do CHC relacionadas às diversas etiologias em pacientes com e sem cirrose. Pacientes e Métodos: Estudo de série de casos, que avaliou casos de CHC procedentes de Serviços de Gastro-Hepatologia e Anatomia Patológica entre 2010 a 2015. Os dados clínicos dos pacientes foram obtidos em consultas clínicas e através de prontuários. Os diagnósticos histológicos de CHC foram obtidos através da análise de peças cirúrgicas, explantes de fígado e biópsias hepáticas. A confecção do banco e análise dos dados foi realizada pelo programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS Inc., Chicago, Illinois, EUA, Release 16.0.2, 2008). Resultados: Foram identificados 164 casos de CHC nesse período. A média de idade dos pacientes foi de 60±11 anos (2291), e 76,8% eram do gênero masculino. Desses 71 pacientes (43,3%) tiveram diagnóstico histológico, 50 (71,4%) eram cirróticos e 21 (29,6%) casos eram não cirróticos (CHC-NC). Os principais fatores de risco para CHC associado à cirrose foram 56% VHC, 2% VHB e 18% DAF. Entre os CHC-NC os principais 23,8% associavamse ao VHC, 4,8% ao VHB, 4,8% à NASH. Conclusões: Nesta grande série de pacientes, embora o CHC tenha predominado em pacientes com cirrose, foi relevante a frequência de pacientes com CHC sem cirrose, sugerindo a possibilidade de outros mecanismos independentes de cirrose que contribuem para o desenvolvimento desse tumor primário do fígado também em nosso meio. 22 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-17 Título: Carcinoma Hepatocelular na Bahia: Principais Etiologias e Características Clínicas Autor(es): Érika Sirqueira Thálisson Figueiredo, Valéria Moreira, Cayane Hanuccha Lima, Kellyane Carvalho, Igor Da Silva, Luciano Fonseca, Helma Pimentel Cotrim Instituição: Grupo de Estudos da Esteato-Hepatite não Alcoólica (NASH)- CNPQ–FMB–C-HUPES –UFBA; Serviço de Anatomia Patológica do C- HUPES- UFBA Introdução e Objetivos: o carcinoma hepatocelular (CHC) apresenta-se como a quinta causa mais prevalente de câncer em todo o mundo e em terceira causa, entre todos os tipos de canceres de óbito dos pacientes, depois do de pulmão e estômago. Estima-se que mais de 80% dos casos de CHC ocorram em países da Ásia e da África, sendo que nesses locais ele é mais associado à infecção pelo vírus da hepatite C e B. Consideramos assim de interesse avaliar quais as principais causas e características clínicas de pacientes com CHC na Bahia. Pacientes E Métodos: estudo de série de casos, que avaliou casos de CHC procedentes de Serviços de GastroHepatologia e Anatomia Patológica entre 2010 a 2016. Os dados clínicos dos pacientes foram obtidos em consultas clínicas e através de prontuários. Variáveis avaliadas: idade, gênero, fatores de risco e formas de diagnóstico. Diagnóstico de CHC: critério internacional de Barcelona (Bruix J 2001). Variáveis avaliadas: idade, gênero, etiologias, fatores de risco, diagnóstico por imagem (no e dimensão dos nódulos) e diagnóstico histológico. A computação dos dados e análise estatística foram realizados pelo programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS Inc., Chicago, Illinois, EUA, Release 16.0.2, 2008). Resultados: foram incluídos no banco de dados 155 casos de CHC, a média de idade dos pacientes foi de 60±12 anos, e 77,4% eram do gênero masculino. Os principais fatores de risco para o CHC foram: vírus da hepatite C (VHC) 38,4% (63); doença alcoólica do fígado (DAF) 18,3% (30); vírus B da hepatite, em 8,4% (14); esteatoepatite não alcoólica (NASH) em 7,3% (12); hemocromatose 0,6% (01). Hipertensão porta foi observada em 41,3%. Diagnóstico por imagem foi realizado em 127 dos casos: 64 casos (50,4%) apresentavam nódulos únicos; 33 (26,0%) 2 ou 3 nódulos e 3 (23,6%) múltiplos nódulos). Conclusões: Múltiplos fatores são responsáveis pelo CHC, nesta amostra da população na Bahia, entre eles os mais frequentes foram o VHC, DAF ,VHB e NASH. Palavras-Chaves: Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica; Carcinoma Hepatocelular; Esteato-Hepatite 23 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-19 Título: Casos de Hepatite B Crônica no Brasil em Gestantes Autor(es): Bruno Oliveira Pedreira, Andrea de Góes Trindade Mello, Viviane Gomes Nóbrega, Tamara Saba Schriek, Valéria de Oliveira Moreira Instituição: Universidade Federal da Bahia Introdução: A hepatite B crônica é uma doença com alta prevalência mundial, com cerca de 400 milhões de pessoas infectadas. Configura-se como importante causa de cirrose hepática associada ou não à hepatite D, não obstante aproximadamente 30 a 50% dos pacientes com hepatite B crônica podem evoluir para um desfecho desfavorável com o carcinoma hepatocelular antes do estágio de cirrose. A transmissão por via sexual, parenteral e vertical são possíveis formas de contágio; sendo que a infecção do feto por via transplacentária ou até 1 ano de vida a partir do contato com o sangue materno ou liquido amniótico no parto são formas comuns e ao mesmo tempo preocupantes de contaminação, uma vez que a chance de cronificação da doença nesses casos é altíssima, cerca de 90%. Objetivos: Verificar a quantidade de casos de hepatite B crônica em gestantes notificados no ano de 2009 a 2013 no território brasileiro. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo com base em dados secundários fornecidos pelo banco de dados do Sistema de Identificação de Agravos e Morbidade (SINAN), no sistema eletrônico do Ministério da Saúde (SINASC/DATASUS). Foi coletada a quantidade de notificações de hepatite B crônica em mulheres grávidas no Brasil no ano 2009 ao de 2013, separando-se os casos por trimestre gestacional de diagnóstico.Resultados: no ano de 2009, foram 1115 casos, com 216 detectados no 1º trimestre, 446 no 2º trimestre e 424 no 3º trimestre de gestação. Em 2010, foram 1112 casos, com distribuição de 239, 406 e 436 detectados no 1º, 2º e 3º trimestres, respectivamente. 2011 apresentou 1194 detecções, com distribuição de 257, 430 e 474 nos trimestres de gestação. 2012 teve 1093 notificações, com divisão de 254, 380 e 422 e 2013 teve 1020 casos, 240, 379 e 365 entre os 3 trimestres da gestação. Nos 5 anos analisados, o trimestre com mais notificações foi o terceiro.Conclusões: Os dados demonstram que não houve grandes oscilações de casos diagnosticados nos últimos 5 anos, mesmo com maior acessibilidade à vacinação. Considerando que a transmissão vertical representa até 40% dos novos casos no mundo destaca-se a necessidade de consolidação da investigação da hepatite B crônica na gravidez, bem como a imunoprofilaxia para as crianças nascidas de mães com essa afecção visando uma forma eficaz de reduzir significativamente a disseminação da doença. 24 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-20 Título: Cirrose Hepática: Correlação entre Marcadores Séricos de Fibrose e Score Prognóstico de Child-Pugh e Meld Autor(es): Sarah de Souza Lira Gameleira, Ludmila Meneses da Cunha Ramos, Marcos Aurélio Fonseca Magalhães Filho, Lorena Vitório da Costa Januário, Rozangela Maria de Almeida Fernandes Wyszomirska, Maria de Fátima Alécio Mota, Celina Maria Costa Lacet Instituição: Santa Casa de Misericórdia de Maceió e Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas Introdução: Na cirrose hepática (CH), cerca de 40% dos pacientes são assintomáticos, dificultando o diagnóstico precoce e a determinação da prevalência da doença. Biópsia hepática é considerada padrão-ouro para o diagnóstico da CH, entretanto apresenta limitações. Marcadores não invasivos de fibrose hepática têm sido empregados no estudo dos pacientes hepatopatas e nos cirróticos, pois expressam lesão hepática que frequentemente estão associadas a alterações funcionais. Material e Método: Estudo de coorte prospectivo e transversal, com amostra de 51 pacientes, realizado na Santa Casa de Maceió. Os pacientes foram classificados de acordo com os critérios de D’Amico G et al. (2006) em cirrose hepática compensada (CHC) (estágio I/estágio II) ou cirrose hepática descompensada (CHD) (estágio III/estágio IV) após serem submetidos a exame clínico e complementar para pesquisa de ascite, varizes esofágicas e hemorragia digestiva alta. No estadiamento da fibrose foram realizados exames laboratoriais para o cálculo dos índices APRI e FIB-4. Os escores prognósticos utilizados foram Child-Pugh e MELD. Dados laboratoriais e índices foram submetidos ao teste t student (p<0,05). Não sendo atendidos os pressupostos de parametria, utilizou-se o Mann-Whitney (p<0,05). Testes estatísticos foram executados no programa BioEstat 5.0. Resultados: Em nossa amostra, a faixa etária predominante foi acima de 50 anos, com média de 61,2 anos, sem diferença relativa ao gênero. Etiologia alcoólica foi predominante (37,25%), seguida da viral (21,56%). A maioria dos pacientes apresentavam CHD (74,50%). Observou-se diferença significante entre as formas compensadas e descompensadas nas variáveis: plaquetas (p=0,0096), albumina (p<0,0001), bilirrubina total (p=0,0061), TAP/INR (p<0,0001) e creatinina (p=0,0048). Na avaliação da fibrose, foi verificado alto grau de fibrose pelo índice FIB4 em 70,58% dos pacientes (83,33% com CHD), e no APRI em 49,01% (88% na forma de CHD). Houve correlação da fibrose hepática avançada com prognóstico desfavorável pelo MELD quando se utilizou índice APRI em 95,45% e FIB4 em 93,33%. Correlação da fibrose avançada com Child C ocorreu em 63,63% pelo APRI e em 56,66% pelo FIB4. Discussão: Nossos resultados demonstram que a correlação de fibrose avançada através do escores APRI e FIB4 e gravidade da doença pelos escores Child-Pugh e MELD é verificada de forma mais significativa na CHD. Esses resultados são corroborados pela literatura, que relata progressão da fibrose nos estadiamentos mais avançados da doença. Foi verificada correlação significante entre fibrose avançada medida através dos índices APRI e FIB4 com escore prognóstico MELD, que representa, atualmente, a melhor forma de predizer a evolução desses pacientes. Conclusão: Os índices APRI e FIB-4 foram concordantes na determinação da fibrose avançada. A correlação da fibrose com gravidade hepática foi melhor avaliada pelo MELD. 25 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-21 Título: Cirrose por Deficiência de Alfa-1 Antitripsina em Jovem: Relato de Caso Autor(es): Ana Débora Uchoa Soares, Andrea Benevides Leite, Gardenia Costa do Carmo, Luciana Cidrão Frota, Mariana Rolim Fernandes Macedo, Priscilla Luna da Silva Instituição: Hospital Geral de Fortaleza Introdução: A deficiência de α-1-antitripsina (α-1AT) é uma doença rara, de acometimento pulmonar devido à ineficácia na inibição da elastase, e também causa de cirrose hepática, que pode advir pela reação inflamatória em torno dos grânulos contendo a enzima no hepatócito. Há relato de ocorrência de 1:2.000/5.000 indivíduos e somente cerca de 10% desenvolvem doença hepática. Não há tratamento específico para a hepatopatia, que segue os princípios utilizados para outras etiologias: abstinência alcoólica, dieta adequada, e na cirrose, tratamento das complicações e transplante hepático. Material e métodos: Revisão de prontuário. Resultado: Paciente feminina, aos 16 anos, em 2003, apresentou distensão abdominal, desconforto em HCD e dispneia aos esforços. A US evidenciou hepatomegalia e ascite. Realizou tratamento sintomático, sem assistência médica. O quadro involuiu em 3 meses, permanecendo assintomática por 8 anos. No dia 28/02/13, apresentou episódios de hematêmese e melena. Encaminhada a gastroenterologia do HGF, realizou EDA que demonstrou varizes de esôfago. Exames em 01/03/13: Hb 7,8g/dL; Leuc 19580/mm3; Plaq 74330/mm3; INR 2,02; BT 0,98mg/dL; BD 0,55mg/dL; alb 3,0g/dL; TGO 32U/L; TGP 19U/L; FA 186U/L; γGT 58U/L; anti-HBc NR; anti-HBs reagente; HCV NR; anti-músculo liso NR; anti-LKM1 NR; FAN NR; anti-mitocôndria NR; eletroforese de proteínas: pico policlonal na fração gama; ceruloplasmina 30mg/dL; α-1AT 2,19mg/dL (VR: 0,9 – 2mg/dL); VDRL NR; sorologias para Chagas, toxoplasmose, CMV, HIV, HTLV I e II NR. US de abdome 03/03/13: fígado de contornos lobulados, bordas serrilhadas, ecotextura finamente heterogênea, moderada ascite e sinais de hipertensão portal. Recebeu alta com melhora clínica. Não aderiu ao tratamento nem seguimento às consultas ambulatoriais. Em 16/05/14, quando foram encontrados níveis elevados de FA e γGT, submeteu-se a biópsia hepática cujo laudo foi sugestivo de cirrose, com grânulos citoplasmáticos PAS positivos e diastase resistentes, compatível com deficiência de α-1AT. Discussão: Relatamos o caso uma jovem com cirrose por deficiência de α-1AT, cujos exames de bioquímica não ajudaram a suspeitar do diagnóstico. Apesar de ser uma doença de depósito, a primeiras dosagens de FA e γGT estavam apenas discretamente aumentadas. O nível sérico de α-1AT, que habitualmente está diminuído, neste caso encontrava-se discretamente acima do LSN. Importante atentar que a α-1AT comportase como proteína de fase aguda e seus níveis séricos podem estar aumentados durante inflamações e infecções. Neste caso, o diagnóstico apenas foi firmado após biópsia hepática. Conclusão: O diagnóstico da hepatopatia por deficiência de α-1AT pode ser retardado ou perdido pelo encontro de níveis normais da enzima. É importante realizar a dosagem da enzima durante períodos de estabilidade clínica, isentos de infecção ou inflamação, ou proceder à biopsia hepática para pesquisar grânulos PAS positivos, antes de classificar a cirrose como criptogênica 26 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-23 Título: Consumo Alimentar de Energia e Gorduras por Pacientes com Doença Hepática Gordurosa não Alcoólica Autor(es): Claudineia Almeida de Souza, Raquel Rocha dos Santos, Iasmin Barreto, Naiade Silveira Almeida, Ticiane Reis, Helma Cotrim Instituição: Universidade Federal da Bahia Introdução: Os hábitos alimentares dos pacientes com doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) parecem estar diretamente relacionados com o surgimento e progressão da DHGNA. Diante da escassez de dados sobre o padrão da dieta e ingestão de nutrientes por pacientes com DHGNA em nosso meio, o objetivo deste trabalho é avaliar o consumo alimentar de energia e gorduras da dieta por indivíduos com DHGNA atendidos ambulatoriamente. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, no qual pacientes com DHGNA, atendidos no período de março de 2015 a abril de 2016 foram avaliados. Vinte e quatro pacientes concluíram o estudo, com o preenchimento do registro alimentar de três dias para a análise do consumo alimentar. Os registros foram transpostos e calculados utilizando-se um programa para cálculo de dieta (AVANUTRI®). A média do consumo de energia, gorduras totais, colesterol, ácidos graxos saturados (AGS), ácidos graxos poliinsaturados (AGPI) e ácidos graxos monoinsaturados (AGMI) dos três dias foi avaliada segundo as recomendações da I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (2005). O valor sérico de ALT foi coletado em prontuário. Utilizou-se o teste Qui-Quadrado para avaliar as variáveis categóricas. Resultados: A amostra foi composta por 83,3% pacientes adultos, 70,8% do sexo feminino, estando 87,5% com os níveis séricos de ALT normais. Aproximadamente 46,0% e 91,7% dos pacientes apresentaram consumo de energia e de colesterol de acordo com o recomendado, respectivamente, sendo que 75,0% tiveram um consumo de gorduras totais abaixo do recomendado. Todos os pacientes apresentaram a ingestão AGS, AGPI e AGMI de acordo com a recomendação. O marcador de lesão hepática (ALT) não apresentou associação com o consumo alimentar (p > 0,05). Discussão: Existem poucas evidências na literatura descrevendo o consumo alimentar desses pacientes e mostrando associação do tipo de gordura e valor energético da dieta com a esteatose hepática. Em um estudo realizado com pacientes brasileiros com DHGNA, foi observado que a ingestão de gorduras totais apresentava-se acima do recomendado, diferindo do presente estudo. Quanto ao valor calórico da dieta, os resultados corroboram com o encontrado em outros estudos, no qual pacientes com DHGNA normalmente possuem ingestão alimentar normocalórica. No que se refere aos tipos de gorduras, estudos revelam que pacientes com DHGNA normalmente apresentam baixa ingestão dietética de AGPI e AGMI, com consumo de AGS maior que o recomendado, o que difere dos resultados encontrados no qual todos os pacientes apresentaram consumo adequado de AGS, AGPI e AGMI. Conclusão: Observou-se que não há consumo alimentar elevado de energia e gorduras por este grupo de indivíduos com DHGNA. 27 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-24 Título: Contribuição da Elastografia ARFI e da Ultrassonografia em Exames Inconclusivos da Elastografia Transitória em Pacientes com Hepatite C Autor(es): Joel Schmillevitch, Antonio Sergio Marcelino, Alexandre Ferreira, Humberto Silva Instituição: Centro de Diagnósticos Schmillevitch e Sociedade Brasileira dos Pacientes com Hepatite C (SBPH) Introdução: A elastografia transitória (FibroScan), por não realizar o modo B, apresenta dificuldades em pacientes obesos, e em pacientes com cirurgia, tumores, cistos, e outras causas que não permitem o exame no lobo hepatico direito. Este trabalho demonstra que a complementação com a ultrassonografia e a elastografia ARFI, podem determinar o grau de fibrose do fígado. Material e Métodos: Foram analisados 25 pacientes entre janeiro de 2014 a março de 2016, portadores do vírus da hepatite C. Os 25 pacientes realizaram a elastografia transitória (FibroScan), com laudos inconclusivos, e em seguida foram encaminhados para a realização de exames de ultrassonografia e a elastografia ARFI no equipamento S2000 da Siemens Resultados: As causas de laudos inconclusivos na elastografia transitória foram: obesidade em 14 pacientes, hepatectomia direita em 2 pacientes, Síndrome de Down com mal formação do gradeado costal direito (1 caso), fígado policistico (1 caso), cisto gigante no lobo hepa´tico direito (1 caso), e lobos hepáticos direitos de pequenas dimensões (6 casos). A elastografia ARFI determinou o grau de fibrose hepática em sete pacientes obesos, sendo inconclusiva em 7 pacientes obesos com espessuras do tecido adiposo superiores a 3 centimetros. A elastografia ARFI determinou o grau de fibrose com medidas no lobo hepáticoesquerdo. Conclusões: A elastografia ARFI e a ultrassonografia, colaboram na avaliação dos graus de fibrose em pacientes portadores do virus da hepatite C com laudos inconclusivos na elastografia transitória. 28 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-25 Título: Contribuição da Elastografia ARFI na Avaliação da Fibrose Hepática após o Transplante de Fígado Autor(es): Joel Schmillevitch, Maria Cristina Chammas, Alberto Farias, Vincenzo Puglieze, Edson Abdala, Giovanni Cerri, Venancio Alves, Luiz Carneiro D'Albuquerque Instituição: Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (INRAD) Introdução: Os pacientes submetidos ao transplante do fígado, são submetidos periodicamente a exames laboratoriais e biópsias hepáticas para avaliação do grau de recidiva da doença, principalmente na avaliação do grau de fibrose do fígado. Nos últimos anos, novos métodos diagnósticos não invasivos tem sido desenvolvidos com essa finalidade. A elastografia ARFI, acoplada a equipamento de ultrassonografia tem demonstrado boa correlação com a biópsia do fígado na quantificação dos graus de fibrose em hepatopatias cronicas pré e pós-transplante. Método e Casuítica: Foram avaliados 61 pacientes, submetidos ao transplante do fígado no Departamento de Gastroenterologia – Serviço de Transplante e Cirurgia do Fígado da Faculdade de Medicina da USP. Os pacientes foram submetidos a biópsia hepática, pelo menos 1 ano após o transplante. Os graus de fibrose do fígado foram classificados de acordo com a tabela Metavir. Os pacientes realizaram a elastografia ARFI no equipamento S2000 da Siemens, com 20 medidas nos segmentos 5 e 8 e o resultado em metros por segundo. Resultados: Dos 61 pacientes submetidos ao transplante hepático, 30 eram portadores do vírus da hepatite C. Dos 61 pacientes, 18 apresentaram na biópsia hepática, grau de fibrose grau zero, 26 grau 1, 12 grau 2, 4 grau 3, e 1 paciente grau 4. O Teste de Mann-Whitney demonstrou que houve diferença estatisticamente, entre os valores da elastografia ARFI encontrados entre os grupos F0-F1 e F2-F3 e F4 (p=0,034), com valor de corte na elastografia ARFI de 1,28m/s entre F0-F1 e F2-F3-F4. Conclusões: A elastografia ARFI apresentou boa correlação com a biópsia hepática em pacientes submetidos ao transplante hepático e poderá ser incluído no protocolo de avaliação desses pacientes, com o objetivo de diminuir o número de biópsias hepáticas. 29 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-26 Título: Deficiência de Lipase Ácida Lisossomal como Etiologia de Hepatopatia Crônica Autor(es): Aline Coelho Rocha, Gilda Porta, Irene Kazue Miura, Laura Vilar Guedes, Wanda Regina Caly, Patricia Momoyo Yoshimura, Evandro De Oliveira Souza, Daniel Ferraz De Campos Mazo, Flair José Carrilho, Mário Pessoa Instituição: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) Introdução: A Deficiência de Lipase Ácida Lisossomal (LAL-D), é uma rara doença genética, causada pela mutação do gene LIPA, responsável pela codificação da enzima lipase ácida lisossomal. Essa doença cursa com aumento da deposição de ésteres de colesterol e triglicérides nos lisossomos em diversos tecidos, sendo o fígado e coração, os principais órgãos afetados. Esse acúmulo de gordura hepática é responsável por um quadro de esteatose/esteatohepatite, fibrose e progressão para cirrose hepática. Objetivo: relatar o caso de uma paciente com cirrose por LAL-D, diagnosticada após a descoberta da mesma doença em sobrinho da paciente de 6 anos de idade, assintomático, com hepatomegalia e dislipidemia com HDL baixo e LDL elevado. Material, métodos e resultado: CBS, gênero feminino, 45 anos, iniciou investigação de anemia e hepatoesplenomegalia em 1997. Na pesquisa realizou biópsia de medula óssea evidenciando numerosos macrófagos com material PAS positivo e fosfatase ácida fortemente positiva, compatível com histiocitose azul marinho. A suspeita foi de doença de Niemann Pick B. Como mantinha hepatoesplenomegalia realizou biópsia hepática, mostrando presença de macrófagos xantomizados, células de Kupffer com amplos citoplasmas vacuolizados e claros, fibrose em espaços-porta, aspectos histológicos sugestivos de Niemann-Pick. Naquela época, este diagnóstico de Doença de Niemann Pick foi realizado sem a dosagem de esfingomielinase. Evoluiu nestes 19 anos com aparecimento de diarréia crônica e hipoalbuminemia. Realizou colonoscopia e enteroscopia cujo resultado mostrou inúmeros depósitos nodulares de histiócitos com material PAS e Giemsa positivos, além de pólipos vilosos e túbulo-vilosos com displasias de baixo a alto grau em todo o trânsito de cólon e delgado. Em 2009 teve diagnóstico de neoplasia de mama, realizando mastectomia e quimioterapia com tamoxifeno de 2009 a 2015. Durante este período, evoluiu com hipercalemia , anasarca, sem piora expressiva de função hepática, porém com posterior piora de função renal. Ascite refratária desde 2014. A confirmação da LAL-D realizado no sobrinho, levou à suspeita diagnóstica de que sua tia fosse portadora da mesma doença, sendo solicitado exame de dosagem da enzima em papel filtro, evidenciando atividade de enzima igual a zero, compatível com LAL-D. Discussão: A presença de histiócitos em biópsia de medula e em hepatócitos deve sempre levantar a suspeita de doença lisossomal que inclui LAL-D e Niemann Pick B. A dosagem de atividade enzimática de LAL é obrigatória na presença de histiócitos azul marinho. Na presença de consanguinidade todos os familiares de primeiro grau ou aqueles com doença hepática devem realizar a dosagem da atividade da enzima LAL, para prevenção de evolução da doença. A diarréia crônica com má absorção intestinal é secundária ao depósito de histiócitos com material ceróide em lâmina própria. Conclusão: A deficiência de LAL deve ser lembrada no diagnóstico diferencial das doenças hepáticas, principalmente aquelas que cursam com dislipidemia, esteatose na biópsia hepática, e nos casos de cirrose criptogênica. 30 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-27 Título: Dermatocelulite Necrotizante Secundária ao Uso de Interferon no Tratamento da Hepatite C Crônica. Relato de Caso Autor(es): Paulo Miranda Cavalcante Neto, Marcela de Melo Cavalcanti e Leitão, Marcela Rodrigues Alves Feitosa, Tomas Neri Beder, Yana Marília de Araújo Silva, Brunna Carolline Arruda de França Lima, Isabelle Hsu Lee Ramos, Luisa de Andrade Lima Vieira de Melo, Ana Paula de Andrade Lima, Marcelo Carvalho Vieira de Melo Instituição: Hospital Geral Otávio de Freitas - SES/PE Introdução: O alvo da terapia antiviral para paciente com infecção crônica pelo vírus da hepatite C (VHC) é erradicar o HCV-RNA que é previsto pela obtenção de uma resposta virológica sustentada (RVS) que quando alcançada está associada a mais de 97% de chance de negativar carga viral e, portanto, cura. Efeitos adversos são observados em 80% dos pacientes recebendo terapia combinada com interferon-α e ribavirina e são mais prevalentes em países que ainda não dispõem de regimes de tratamento livre de interferon. A própria infecção pelo HCV está associada com complicações dermatológicas incluindo vasculite leucocitoclástica, porfiria cutânea tarda, líquen plano, eritema nodoso, urticária, eritema multiforme e poliarterite nodosa. Ambas as medicações, isoladamente, estão relacionadas com erupção cutânea não específica, pruriginosa, associada com pele seca e escamosa. Quando usadas em conjunto, os efeitos tóxicos parecem ser ainda mais comuns. Manifestações dermatológicas no sítio de injeção são eritema e induração; nódulos dolorosos com vesículação central; ulceração e necrose, além de alergia. Caso haja reações graves no local de injeção, devese iniciar tratamento local específico, reavaliar técnica de injeção e evitar aplicar na região afetada posteriormente. Material e métodos – relato de caso através de revisão de prontuário e revisão da literatura. Relato do caso: Uma paciente de 47 anos, portadora de Hepatite C crônica genótipo 3, e hipotireoidismo, em uso de Interferon-α e Ribavirina (únicas drogas disponíveis à época pelo protocolo do Ministério da Saúde do Brasil) há 8 meses, acompanhada no ambulatório de hepatologia, é admitida com queixa de astenia, cefaleia, febre e episódios eméticos iniciados há 1 mês, associado a dor, hiperemia e eritema em glúteo esquerdo. Nessa região, evoluiu com lesão ulcerada, surgimento de áreas de necrose e solução de continuidade com tecido subcutâneo. Diagnosticada com dermatocelulite necrotizante de glúteo esquerdo de 19 x 10cm e raiz de coxa ipsilateral de 5 x 4 cm, foi submetida a desbridamento radical a bisturi com ressecção da pele e tecido celular subcutâneo comprometidos. Permaneceu em acompanhamento com a comissão de curativos do serviço. Avaliação da cirurgia plástica orientou aplicação de curativo à vácuo quando houve redução moderada do tamanho das lesões. Recebeu alta em boas condições clínicas para acompanhamento ambulatorial e houve cicatrização adequada após 10 semanas. Conclusão: Os autores descrevem um caso de ulceração e necrose cutânea secundários ao uso de interferon que se apresentou como dermatocelulite necrotizante em vigência da 30ª semana de tratamento do vírus da hepatite C, chamando a atenção para a avaliação regular durante o curso terapêutico e a detecção precoce de efeitos adversos com intervenção adequada. 31 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-28 Título: Efeito da Melatonina na Cirrose Biliar Secundária Induzida pela Ligadura de Ducto Biliar Autor(es): Sabrina Alves Fernandes, Josieli Raskopf Colares, Elizângela Gonçalves Schemitt, Renata Minuzzo Hartmann, Francielli Licks, Adriane Dal Bosco, Cláudio Augusto Marroni, Norma Possa Marroni Instituição: Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre A cirrose hepática caracteriza-se pelo surgimento de septos e nódulos fibróticos. Estudos têm demonstrado a participação de espécies reativas de oxigênio na fisiopatologia da cirrose causada por esteatose biliar secundária. A melatonina (Mel) vem sendo estudada e citada em diferentes estudos como potente antioxidante. O presente estudo tem como objetivo investigar os efeitos da Mel em ratos com cirrose biliar secundária, induzida pelo modelo de ligadura de ducto biliar (LDB). Foram utilizados 32 ratos machos Wistar (±300 g), divididos em quatro grupos: CO (controle), CO+Mel, LDB e LDB+Mel. A Mel foi administrada a partir do 15° dia após a LDB até o 28° dia. No 29° dia foi coletado o sangue, língua, fígado e baço, após todos os animais foram mortos por exsanguinação. Ao se avaliar as transaminases, observa-se que as enzimas ALT, AST e FA apresentam-se significativamente aumentadas no grupo LDB quando comparadas aos grupos controles, bem como observa-se uma diminuição significativa do grupo LDB+Mel quando comparado ao grupo LDB. As RHS e RES, apresentaram um aumento no grupo LDB quando comparado aos grupos CO e CO+Mel, bem como uma diminuição no grupo LDB+Mel em comparação com o grupo LDB. Quanto ao ganho de peso, os animais dos grupos CO e CO+Mel apresentaram um ganho de peso de 24,6% e 29,3%, respectivamente; o grupo LDB teve um ganho de 8% e no grupo LDB+Mel observa-se um ganho de peso de 21,7%. Os grupos CO, CO+Mel e LDB+Mel apresentaram um ângulo de fase (AF) de 22,7%, 20,52% e 17,7%, respectivamente; já o grupo LDB apresentou um AF de 5,9%. Na avaliação da LPO, através da técnica do TBARS, observou-se diferença estatística do grupo LDB quando comparado aos grupos CO e CO+Mel e uma redução da LPO no grupo LDB+Mel. As enzimas CAT e SOD apresentaram redução no grupo LDB com relação aos controles; e quando administrado a Mel, observa-se um aumento significativo no grupo LDB+Mel. As enzimas GPx, GST e GSH, apresentaram aumento significativo do grupo LDB com relação aos controles e uma diminuição significativa do grupo LDB+Mel com relação ao grupo LDB. Na análise histológica do tecido hepático (HE e picrosirius), pode-se observar um parênquima hepático normal com cordões de hepatócitos bem definidos e sem deposição de fibrose nos animas dos grupos controles, no grupo LDB observa-se desorganização tecidual, presença de infiltrado inflamatório e fibrose. Quando administrada Mel no grupo LDB+Mel, observa-se uma restauração do parênquima. Na avaliação da língua dos animais (HE e microscopia eletrônica), observamos uma preservação das papilas filiformes e botões gustativos fungiformes nos grupos CO e CO+Mel. No grupo LDB observa-se uma destruição das papilas filiformes e um comprometimento da queratinização. No grupo LDB+Mel estes padrões ficam próximos aos dos controles. Os resultados sugerem um efeito protetor da Mel quando administrada em ratos com cirrose biliar secundária induzida por ligadura de ducto biliar. 32 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-30 Título: Encefalopatia Portossistêmica Grave em Paciente Esquistossomótico, Tratada com Oclusão de Shunt Espleno-Renal por Via Endovascular Autor(es): Andrine Vasconcelos Alves, Carolina Barbosa Pereira, Rafaela Botelho Alves, Laecio Leitão Batista, Marcos Eugênio Ramalho Bezerra, Andrea Doria Batista, Norma Arteiro Filgueira, Edmundo Pessoa Lopes Instituição: Hospital das Clínicas-UFPE Introdução: A Encefalopatia portossistêmica (EPS) é um distúrbio funcional do sistema nervoso central geralmente associado à insuficiência hepatocelular aguda ou crônica, mas que ocasionalmente pode se apresentar em portadores de shunts portossistêmicos (SPS) com função hepática preservada. No Nordeste brasileiro, a esquistossomose hepatoesplênica (EHE) é causa frequente de hipertensão portal não cirrótica e consequentemente de SPS, mas são raros os relatos de EPS nesse contexto. Alguns estudos têm relatado melhora significativa da EH em pacientes cirróticos após oclusão dos SPS, mas a literatura é pobre na descrição desse procedimento em pacientes esquistossomóticos. Metodologia: Descrição de caso clínico através de revisão do prontuário e dos exames de imagem. Relato de caso: Um paciente de 52 anos do sexo masculino, procedente da Zona da Mata pernambucana procurou o ambulatório com queixas de surtos recorrentes de EPS há quatro anos. O mesmo era sabidamente portador de EHE, com antecedentes de ligadura elástica de varizes esofágicas, mas sem história de sangramento digestivo. As crises se iniciavam com agitação psicomotora, alteração do ciclo sono-vígília e, nos últimos meses, evoluíam para coma profundo em poucas horas. Relatava quatro episódios de rebaixamento do nível de consciência com necessidade de intubação orotraqueal nos últimos 60 dias. Após medidas para EPS recuperava a consciência em dois a três dias e nos períodos intercrise tinha função cognitiva razoavelmente preservada. Ao exame físico percebia-se hepatoesplenomegalia, mas sem outros sinais de disfunção hepática, como edema, ascite ou icterícia. O paciente tinha provas de função hepática preservadas, com MELD 9. A USG com Doppler confirmou a presença dos achados típicos de EHE, além de volumoso shunt portossistêmico (SPS) esplenorrenal. Durante o internamento apresentou novo episódio de EPS sem causa aparente, evoluindo em 12 horas de um distúrbio de comportamento leve a rebaixamento de consciência grave com 4 pontos na escala de coma de Glasgow. Em outubro de 2015, o paciente foi submetido a tratamento endovascular, com implantação de plug de Amplatzer para oclusão do shunt esplenorrenal, acessado através das veias cava inferior e renal esquerda. Desde então o paciente evolui bem, assintomático e sem recorrência dos episódios de encefalopatia, mesmo após a suspensão de todas as medicações. Conclusão: Os autores descrevem o tratamento com sucesso de encefalopatia hepática grave e ameaçadora à vida em paciente esquistossomótico após oclusão de shunt espleno-renal por via endovascular. 33 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-31 Título: Epidemiologia Molecular do Vírus da Hepatite B no Estado do Acre, Brasil Autor(es): Sidelcina Rugieri Pacheco(1); Maria Isabel Magalhães Andrade dos Santos(1); Andreas Stocker(2); Alisson Silva Fonseca(1) ; Maria Alice Santana Zarife(3); Maria Isabel Schinoni(2); Cirley Maria de Oliveira Lobato(4); Raymundo Paraná(2); Mitermayer Galvão dos Reis(1); Luciano Kalabric Silva(1) Instituição: (1) Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz- Fundação Oswaldo Cruz- Laboratório de Patologia e Biologia Molecular, Salvador, Bahia-Brasil; (2) Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia-Brasil; (3) Laboratório Central de Saúde Pública do Estado da Bahia- LACEN, Salvador, Bahia-Brasil; (4) Hospital das Clínicas de Rio Branco, Acre Introdução: A hepatite B (VHB) é uma infecção crônica, em contrapartida apresenta programas de imunização e tratamento antiviral disponível, entretanto mutações do genoma do VHB, principalmente no gene S e no gene P da região da Transcriptase Reversa (RT), resultam em mutações de escape vacinal e mutações de resistência aos análogos de núcleos(t)ídeos que devem ser rastreadas, devido as suas implicações clínicas. Objetivo: Avaliar mutações de escape vacinal e de resistência aos análogos de núcleos(t)ídeos primárias e secundárias em pacientes com hepatite B crônica. Metodologia: Foram utilizadas ferramentas de biologia molecular através de nested PCR e sequenciamento direto do VHB-DNA das amostras biológicas, provenientes do período de 2012. Resultados: O presente estudo demonstrou em uma amostra de 156 pacientes com VHB crônica proveniente do estado do Acre, na região Norte do Brasil, uma taxa de mutação de resistência aos análogos de núcleos(t)ídeos de 1,2%, as mutações primárias encontradas foram rtA181E, e rt rtT184S/T. As mutações de escape vacinal que estão relacionadas com a redução da antigenicidade do AgHBs, apresentaram uma taxa de 7,1%. Mutações secundárias também foram encontradas, sendo que as mais frequentes foram rtN246S, rtH248N e rtI233V. Os genótipos circulantes foram A, F e D respectivamente e os subgenótipos foram A1, D1, D2, D3, D4, F1 e F2. Conclusão: Devido à emergência das mutações de escape vacinal e mutações de resistência ao tratamento antiviral, e a gravidade da doença hepática provocada pelo VHB, o rastreamento das mutações são importantes devido ao impacto na conduta terapêutica. 34 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-32 Título: Esquistossomose Mansônica em Pacientes Submetidos a Transplante Hepático por Hepatocarcinoma: Uma Série de Casos Autor(es): Camilla Maria de Alencar Saraiva, Norma Arteiro Filgueira, Norma Thomé Jucá, Matheus Filgueira Bezerra, Bernardo Times de Carvalho, Laecio Leitão Batista, Roberto Lemos, Paulo Sérgio Vieira de Melo, Américo Amorim, Olival Fonseca Neto, Claudio Moura Lacerda Instituição: Hospital das Clínicas da UFPE e Hospital Universitário Oswaldo Cruz Introdução: A Esquistossomose mansônica (EM) afeta cerca de 258 milhões de pessoas no mundo, especialmente na África e no nordeste brasileiro. A forma hepatoesplênica acomete 4 a 7% dos pacientes e é caracterizada pela formação de bandas de fibrose periportal, em resposta ao insulto inflamatório causado pelos ovos do parasita, acarretando hipertensão portal pressinusoidal. Na maioria dos casos, o fígado preserva sua função de síntese, exceto quando exposto a injúria isquêmica repetida, ou na presença de outra injúria patológica, como hepatite viral ou etilismo. Estudos egípcios sugerem uma possível associação entre EM e carcinoma hepatocelular (CHC), mas a alta prevalência de coinfecção com vírus C naquela população dificulta a avaliação do real papel da EM na oncogênese. A carcinogênese relacionada a helmintos tem sido estudada, e a associação entre S. haematobium e câncer de bexiga é bem estabelecida. O presente estudo se destina a descrever características clínicas de pacientes que realizaram transplante hepático (TH) como tratamento de CHC, nos quais EM foi a única doença hepática diagnosticada. Métodos: Estudo restrospectivo, tipo série de casos, baseado em dados coletados de prontuários de pacientes que receberam TH por CHC em um centro de referência em Recife, nordeste do Brasil, entre 2000 e 2015. Foram incluídos os casos em que o exame histopatológico do fígado explantado mostrou apenas fibrose hepática esquistossomótica (FHE), na ausência de cirrose ou outras condições. Resultados: Dentre 149 pacientes analisados, sete foram definidos como FHE. Seis dos sete casos eram homens (85,7%), com idade variando de 34 a 74 anos (mediana = 53 anos), e todos reportavam contato com água de rios em áreas endêmicas do nordeste brasileiro. Os motivos de escolha do TH como modalidade terapêutica para o CHC foram: sinais de insuficiência hepática, como ascite e encefalopatia, em quatro pacientes, e envolvimento tumoral bilobar nos outros três. Seis pacientes apresentavam estigmas de hipertensão porta, como plaquetopenia, varizes esofágicas e circulação colateral. Dentre eles, quatro reportaram episódios prévios de hemorragia digestiva varicosa, dos quais três foram submetidos a esplenectomia. Quanto a outros fatores de risco, apenas um paciente possuía marcadores sorológicos de imunidade ao vírus B por infecção pregressa. Apenas um relatou etilismo significativo e não havia tabagistas ativos ao diagnóstico de CHC (dois haviam cessado tabagismo há 20 anos). A análise do explante identificou fibrose de Symmers (FHE) em todos, e em três foram encontrados granulomas esquistossomóticos ativos. Conclusão: A presente série de casos, embora pequena, é a primeira a descrever associação entre CHC e EM baseada na análise in totum do fígado, permitindo a exclusão de outros fatores etiológicos. 35 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-33 Título: Estudo Multicêntrico de Efetividade e Segurança dos Medicamentos Inibidores de Protease Telaprevir e Boceprevir, no Tratamento da Hepatite Viral C, por Meio do Acompanhamento Farmacoterapêutico. Autor(es): Lenyta Oliveira Gomes, Marina Rodrigues Teixeira, Júnior André Da Rosa, Amanda Vier, Mariana Marchezan Piva, Alberi Feltrin, Carine Raquel Blatt, João Paulo Vilela Rodrigues, Leonardo Régis Leira Pereira, Jane Meire Magalhães, Lucia De Araújo Costa Beisl Noblat, Mariane Vecchi, Marysabel Pinto Telis Silveira, Mareni Rocha Farias Instituição: Universidade Federal De Santa Catarina Introdução: A hepatite C crônica é uma doença frequente no Brasil e no mundo. O tratamento medicamentoso tem como objetivo eliminar o vírus e prevenir complicações hepáticas. Diferentes medicamentos foram disponibilizados no Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos anos, visando aumentar a taxas de resposta viral sustentada (RVS) e a segurança. Em 2013, os inibidores de protease (IP) telaprevir (TVR) e boceprevir (BOC) foram incorporados ao SUS. Os estudos que orientaram a inclusão destes fármacos apontavam uma maior taxa de RVS e menor número de eventos adversos (EA) do que os tratamentos anteriores, composto por peg-interferon + ribavirina (PR). Assim, TVR ou BOC, ambos associados a PR, formaram a terapia tripla. Objetivo: Verificar a efetividade e segurança da terapia tripla com TVR ou BOC em pacientes portadores do vírus HCV genótipo 1 acompanhados em diferentes centros de saúde do país. Metodologia: Estudo multicêntrico retrospectivo baseado nos registros dos prontuários de pacientes atendidos em centros de assistência à saúde localizados nas cidades de Florianópolis, Ribeirão Preto, Salvador, Pelotas e Porto Alegre no período de 2012 a 2015. O Estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (CAAE: 27185514.3.1001.0121). Resultados: Os centros participantes possuem estrutura e organização diferentes para o atendimento dos pacientes, representando a diversidade real dos serviços. Foram registrados 761 pacientes, destes 28,2% utilizaram BOC e 71,8% TVR. Em relação aos EA, o uso de TVR provocou mais reações de pele (54,6%) e anorretais (18,5%) que BOC (46,1% e 5,1%, respectivamente). A ocorrência de náuseas foi de 52,6% (BOC) e 42,1% (TVR), alterações de humor 35,5% (TVR) e 44,1% (BOC) e diarreia 22,7% (TVR) e 24,1% (BOC). Os EA hematológicos foram os mais frequentes e ocorreram em pelo menos 76,3% dos pacientes tratados, com ambos IP. Os pacientes fizeram uso pelo menos uma vez de eritropoietina (53,4%), filgrastima (27,1%) e transfusões de concentrados de hemácias (6,9%). A RVS por intenção de tratar (IT) com foi de 32,1% (BOC) e 33,8% (TVR). O dado de RVS não foi informado em 25,1% (BOC) e 30,1% (TVR). Em ambos os casos, um único centro foi responsável por 87% da ausência dos dados da RVS. Os tratamentos foram interrompidos por EA em 15,8% (BOC) e 12% (TVR); e por falha de resposta em 7% (BOC) e 8% (TVR). A taxa de recidiva após o tratamento foi de 9,7% (BOC) e 6,6% (TVR). Conclusão:O presente estudo demonstra que a RVS não foi superior à obtida com PR e que os EA foram mais frequentes. Assim, na prática clínica, a incorporação destes IP não atingiu o objetivo esperado. Isto nos leva a questionar se os estudos de custo efetividade que orientaram a incorporação foram robustos o suficiente para sustentar este fato. Ainda, a significativa falta de informação sobre RVS observada em um dos centros, traz a reflexão sobre as diferenças e limitações relacionadas aos serviços de saúde. 36 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-35 Título: Hepatite B Crônica: Fator de Risco para Tumor Hepático Neuroendócrino? - Relato de Caso Autor(Es): Tarson Maia Furtado de Aquino, Ana Débora Uchoa Soares, João Paulo Cândido Barbosa, Luciana Cidrão Frota, Juliana Barbosa Lima, Silvia Romero Pinheiro da Rocha, Andrea Benevides Leite Instituição: Hospital Geral de Fortaleza INTRODUÇÃO: O câncer de fígado é o 5º mais comum em homens adultos e a 2ª causa de morte no mundo por câncer. A hepatite B crônica (HBC) é a principal causa de carcinoma hepatocelular (CHC), mas é fator de risco para outros tipos de câncer. MATERIAL E MÉTODO: Revisão de prontuário e da literatura, utilizando o PubMed como base de dados. RESULTADOS: Paciente masculino, pardo, 43 anos, agricultor, sem história de etilismo ou tabagismo, previamente hígido, há 2 meses iniciou quadro de dor em hipocôndrio direito (D) associada a hiporexia, adinamia, febre diária e perda de peso não mensurados. Evoluiu com hematêmese e lipotímia, sendo internado para investigação. EDA mostrou varizes esofágicas com red spots e USG de abdome revelou nódulos hepáticos. Submeteu-se a ressonância nuclear magnética de abdome, que evidenciou fígado de dimensões aumentadas, contornos microlobulados e bordos rombos, com volumosa lesão expansiva de aspecto multinodular, heterogênea, predominantemente hipovascular, com áreas de degeneração cística/necrose, ocupando praticamente todo o lobo hepático D, medindo 23,4x18,4x13,2cm, determinando compressão e invasão vascular, trombose porta e invasão de vias biliares. Evoluiu com icterícia e melena, com necessidade de hemotransfusão. Realizou nova EDA, com aposição de bandas elásticas. Ao exame físico apresentava: estado geral comprometido, caquético, ictérico (2+/4+) e hipocorado (2+/4+); abdome doloroso à palpação em hipocôndrio D, fígado endurecido e palpável a cerca de 5cm do rebordo costal D, espaço de Traube ocupado; edema de membros inferiores (2+/4+). Exames complementares revelavam: HBsAg e anti-HBc total reagentes, anti-HBs e anti-HCV não reagentes, BT 3,79 mg/dL (até 1), BD 2,22 mg/dL, AST 347 U/L (até 38), ALT 87 U/L (até 41), FA 1715 U/L (até 250), GGT 757 U/L (até 50), Hb 6.5 g/dL (acima de 13), albumina 2.5 g/dL (acima de 3.5), INR=1.12 (até 1.2). O paciente foi submetido à biópsia hepática percutânea, que evidenciou neoplasia maligna indiferenciada. O estudo imuno-histoquímico mostrou positividade para os anticorpos Ki67, CD99 e sinaptofisina, sendo esse perfil compatível com tumor neuroendócrino (TNE) pouco diferenciado, com sítio primário da neoplasia indefinido. Paciente apresentou piora progressiva do quadro clínico e, devido à doença avançada, foram instituídas medidas de conforto, tendo o paciente falecido 12 dias após a biópsia hepática. DISCUSSÃO: TNEs correspondem a 0,5% dos casos de câncer, sendo primários do fígado apenas 0,3% dos TNEs; 80% dos casos de TNE no fígado são metástases. A coexistência de HBC e vários tipos de TNEs tem sido relatada na literatura, porém sem associação comprovada. O tumor do paciente relatado pode ter relação com o vírus B, ser apenas uma coincidência ou ser um CHC que adquiriu uma diferenciação neuroendócrina. CONCLUSÃO: Apesar de o CHC ser a principal causa de neoplasia maligna hepática em portadores de HBC, outros diagnósticos diferenciais devem ser aventados, ainda que raros. 37 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-36 Título: Hepatite C Associada a Miocardiopatia Chagásica Autor(Es): Lucas da Silva Bordoni, Luiza dos Santos Menezes, Marcela Souza da Silva, Marianne Carneiro Mascarenhas, Sergio Cardoso Ramos Filho Instituição: Universidade Federal Da Bahia - UFBA Introdução: Ascite é o acúmulo patológico de líquido na cavidade peritoneal; uma das principais causas para o seu desenvolvimento está relacionada a cirrose hepática e cardiopatias; sendo a hepatite C com curso crônico um dos fatores que levam ao fígado cirrótico. Descrevemos o caso de uma paciente portadora do vírus da hepatite C e cardiopatia chagásica com quadro de ascite volumosa complicada com desconforto torácico e edema em MMII. Metodologia: Paciente admitida no Hospital Universitário Professor Edgard Santos – HUPES (Salvador, Bahia), no dia 06 de janeiro de 2016, em que foram realizados anamnese, exame físico e avaliação de exames complementares. Resultados: JAJ, 56 anos, feminino, natural de Maragojipe (Bahia, Brasil) e procedente de Salvador (Bahia, Brasil). Procura serviço com queixa de aumento de volume abdominal 23 dias e desconforto respiratório; relata que a ascite apresentou-se na ultima semana, e que há 12 dias começou a cursar com desconforto respiratório progressivo, de moderada intensidade, associado com tosse seca e edema de MMII. Relata que há 01 ano realiza paracenteses de alívio, e é acompanhada em ambulatório de hepatologia por Hepatite C. Nega icterícia, febre, cefaleia, disúria ou alteração de dejeções. Exames complementares: (04/04) Cr 1,7; Cl 107; fosfatase alcalina 164; gama GT 186; Na 129; K3,8; TGO 59; TGP 30; TP 69%; RNI 1,24; proteínas totais 6,7; albumina 3,2; Hb 10,2; leuco 7400; plaq 285mil; (17/04) Cr 2,4; Na 129; K 4,2; Ur 85; Líquido ascético: citologia 583 células (36% polimorfonucleares); (20/05) Anti-VHC reagente e HCV-RNA PCR quantitativo: 4,63 log 4,3x104UI/ml. ECOTT: miocardiopatia dilatada e FE 21%, dilatação do anel da mitral com insuficiência importante; insuficiência tricúspide, hipertensão pulmonar, derrame pericárdico mínimo. Discussão: Paciente com portadora do vírus da hepatite C e cardiopatia chagásica, evoluiu com ascite volumosa complicada com desconforto torácico, além de edema em MMII. A hepatite C pode evoluir cronicamente causando cirrose hepática. Ao caso desta paciente acrescenta-se a miocardiopatia chagásica que evoluiu com insuficiência mitral e tricúspide, posteriormente, hipertensão pulmonar e discreto derrame pericárdico. Conclusão: Miocardiopatia Chagásica é um complicador para pacientes portadores do vírus C que desonvolvem a forma crônica da doença hepática. 38 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-37 Título: Hepatite Isquêmica Induzida por Consumo de Cocaína: um relato de caso Autor(Es): Ana Débora Uchoa Soares, Andrea Benevides Leite, João Paulo Cândido Barbosa, Priscilla Luna da Silva, Silvia Romero Pinheiro Rocha, Tarson Maia Furtado de Aquino Instituição: Hospital Geral de Fortaleza Introdução: A toxicidade induzida pela cocaína é associada a diversas alterações clínicas afetando múltiplos órgãos, com limitadas recomendações para o seu tratamento, sendo sua terapia principal a de suporte e o manejo de complicações associadas. É descrito um largo espectro de apresentações da hepatite induzida por cocaína, desde mínimas elevações nas aminotransferases, hepatite fulminante e morte. O mecanismo não está bem esclarecido, mas parece envolver isquemia hepática e oxidação de metabólitos tóxicos. A seguir, apresentamos o caso de um paciente que evoluiu com hepatite aguda após ingesta de cocaína. Material e Método: Revisão de prontuário. Resultados: Paciente masculino, 30 anos, apresentou em 04/03/16, após libação alcóolica e uso de cocaína em grande quantidade, quadro de dor abdominal, náuseas, vômitos e icterícia. Em 10/03/16 apresentou hematêmese, buscando atendimento médico. Exames laboratoriais: TGO: 4794U/L, TGP: 3122U/L, FA: 306U/L, Lipase: 2219mg/dL, Amilase: 202U/L, INR: 2,12, BT: 11,71mg/dL (BD: 10,56mg/dL), Hb: 15,3g/dL, Leucócitos: 8100/mm3, Plaquetas: 107.000/mm3, Albumina: 3,7g/dL, Creatinina: 6,41mg/dL, Ur: 140mg/dL. Endoscopia Digestiva Alta (14/03/16): pangastrite erosiva intensa com sinais de sangramento recente. Apresentou durante o internamento rebaixamento do sensório, choque séptico de provável foco abdominal sendo transferido a UTI. Tomografia de abdome (13/03/16): Fígado com dimensões aumentadas, lobo direito medindo 25 cm, com redução difusa da atenuação sem outras alterações. Com a realização de medidas de suporte, antibioticoterapia e hemodiálise, evoluiu com melhora clínica e laboratorial, porém com início de diabetes mellitus insulino-dependente. Exames de 05/04/16: Hb: 8,5g/dL, Leucócitos: 8955/mm3, Plaquetas: 252600/mm3, Creatinina: 2,7mg/dL, Uréia: 129mg/dL, BT: 1,31mg/dL (BD: 0,73mg/dL), TGO: 39U/L, TGP: 66U/L. Recebeu alta para acompanhamento ambulatorial. Discussão: O principal acometimento hepático é a necrose aguda. Inicialmente os níveis séricos de aminotransferases e LDH são elevados com mínimo aumento de fosfatase alcalina e o tempo de protrombina está alargado com piora rápida. A bilirrubina aumenta em torna do 2º ao 3º dia. A histologia hepática demonstra necrose centrolobular e esteatose microvesicular. Tais achados laboratoriais estavam presentes no caso, corroborando com os poucos casos descritos na literatura. Nosso paciente, porém, não teve mensuração de LDH, nem foi procedida a biópsia. Na maioria dos casos, o quadro é auto-limitado e os níveis séricos de transaminases normalizam-se em 2 a 3 semanas, tempo semelhante ao caso relatado. Conclusão: O consumo de cocaína vem em crescimento, sendo importante o conhecimento de suas complicações. A escassez de evidências científicas do tratamento nos direciona ao manejo clínico de suporte. Este caso reforça a importância de se questionar sobre o consumo de drogas ilícitas, nos casos de colapso súbito de múltiplos órgãos abdominais. 39 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-38 Título: Hepatite Medicamentosa por Infliximab em Paciente com Retocolite Ulcerativa e Colangite Esclerosante Primária: relato de caso Autor(Es): Norma Arteiro Filgueira, Camilla Maria de Alencar Saraiva Instituição: Hospital das Clínicas da UFPE Introdução: Agentes anti-fator de necrose tumoral (anti-TNF) conquistaram espaço no arsenal terapêutico de portadores de doença inflamatória intestinal (DII), com número crescente de usuários nos últimos anos. Tais medicamentos, embora tragam consigo controle efetivo da doença de base, podem provocar reativação de tuberculose e hepatite B, e o surgimento de doenças desmielinizantes. Hepatotoxicidade por anti-TNF vem sendo reportada em pacientes reumatológicos, com poucos relatos sobre sua ocorrência em pacientes com DII. Sua expressão clínica mais frequente é através de injúria hepatocelular, com marcadores de autoimunidade em mais de 50% dos casos. A lesão hepática costuma ocorrer após infusões repetidas, em média após 13 semanas do início da terapia, mas casos mais precoces podem ser vistos nas reações idiossincráticas. A literatura é pobre quanto à segurança de terapia substitutiva com outros agentes anti-TNF. Material e métodos: Descrição de caso de hepatite medicamentosa por infliximab em paciente portador de retocolite ulcerativa idiopática (RCUI) e colangite esclerosante primária (CEP), através de revisão de prontuário. Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 27 anos, com diagnóstico de RCUI pancolônica há 14 anos e CEP há 10, vinha razoavelmente controlado com uso de mesalazina, prednisona em dose baixa, ácido ursodesoxicólico e fenofibrato, quando apresentou piora clínica, com necessidade de internação. Evoluiu com quadro de colite fulminante refratária a tratamento com corticoide e antibiótico sistêmicos. Indicada terapia de resgate com infliximab, após a qual passou a apresentar melhora gradual da colite. Entretanto, uma semana após a administração da primeira dose do medicamento, observou-se aumento progressivo de enzimas hepáticas, notadamente aminotransferases, sem hiperbilirrubinemia. A investigação de condições infecciosas, como hepatites A, B e C, Herpes, CMV e Clostridium foi negativa. Marcadores de auto-imunidade, como FAN e Ac anti-músculo liso foram negativos e o nível sérico de IgG estava normal. A colângio-ressonância revelou que as alterações de CEP permaneciam muito sutis, sem estenoses significativas. Diante do quadro, foi aventada hipótese de hepatotoxicidade por infliximab, sendo suspensa a administração da segunda dose. O paciente recebeu alta hospitalar com melhora clínica, mas ainda com 10 a 14 evacuações diárias, em uso de mesalazina e prednisona. Após três semanas do uso de infliximab sua bioquímica hepática voltou aos valores basais e o paciente iniciou uso de adalimumab, com controle efetivo da doença intestinal e sem recorrência das alterações hepáticas, permitindo o desmame completo do corticoide, três meses após o surto de colite fulminante. Conclusão: Os autores descrevem um caso de hepatite por reação idiossincrática precoce ao infliximab em paciente com surto fulminante de RCUI, que não recidivou após substituição por adalimumab. 40 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-39 Título: Hepatopatia Crônica por Deficiência de Lipase Ácida Lisossomal Evoluindo para Transplante Hepático Autor(Es): Aline Coelho Rocha, Gilda Porta, Betânia da Silva Rocha, Irene Kazue Miura, Gabriel Nuncio Benavides, Patricia Momoyo Yoshimura, Luiz Augusto Carneiro D´Albuquerque, Mário Pessoa Instituição: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) Introdução: A Deficiência de Lipase Ácida Lisossomal (LAL-D), é uma doença genética rara, causada pela mutação do gene LIPA, responsável pela codificação da enzima lipase ácida lisossomal. Essa doença se caracteriza por deposição de ésteres de colesterol e triglicérides em lisossomos de diversos tecidos decorrente da deficiência da enzima, sendo o fígado e coração os órgãos mais afetados. O acúmulo de gordura hepática pode levar a esteatose/esteatohepatite, e progressão para fibrose, cirrose, falência hepática e algumas vezes necessidade de transplante hepático. Apresentação mais grave da doença, denomidada Wolman, geralmente cursam com hepatomegalia, esplenomegalia, má absorção devido ao depósito lipídico no trato gastrointestinal, esteatorréia, distensão abdominal e calcificação adrenal. Geralmente o óbito ocorre antes do primeiro ano de vida, devido à combinação entre desnutrição, doença hepática e insuficiência adrenal. Material, métodos e resultados: AFLT, gênero masculino, 24 anos, negro, sem comorbidades prévias e pais não consanguíneos. Inicío das manifestações clínicas aos 4 meses de idade com diarréia e que se tornou crônica, associado a hepatomegalia e esplenomegalia e dislipidemia com HDL baixo e LDL elevado, além de elevação de triglicérides. A suspeita diagnóstica de LAL-D foi através do estudo anatomopatológico de tecido hepático que mostrou hepatócitos e histiócitos com inclusões redondas, com lípides. A microscopia eletrônica mostrou inclusões espiculares, de extremidades retas, envoltas por membrana, que pode corresponder a imagens negativas de depósitos de cristais de colesterol. Paciente evoluiu com falência hepática, e foi transplantado aos 16 anos de idade. De co-morbidade, a partir dos 6 anos de idade, começou apresentar insuficiência respiratória decorrente de processo intersticial crônico. Após o transplante hepático (Tx) houve melhora acentuada do quadro respiratório. Do ponto de vista hepático, no pós-transplante apresentou alguns episódios de rejeição celular aguda. Atualmente a biópsia hepática mostra sinais de rejeição crônica com ductopenia, e persistência de elevação de transaminases. Em 2015, 3 anos após o Tx, o paciente realizou dosagem de atividade enzimática de lipase ácida lisossomal (papel filtro) com resultado igual a zero, compatível com LAL-D. O estudo molecular mostrou mutação p.L89P/wt, ainda não descrita na literatura, e considerada patogênica. Discussão: Apesar da indicação de transplante por insuficiência hepática terminal, a doença persiste, já que esta enzima não é produzida pelo fígado, sendo necessário acompanhamento no póstransplante da dislipidemia e reposição com enzima humana recombinante. Conclusão: A pesquisa de LAL-D deve ser suspeitada em pacientes com hepato/esplenomegalia com HDL baixo e LDL elevado em qualquer faixa etária visando o diagnóstico precoce da doença e reposição enzimática, retardando a evolução para doença hepática terminal. 41 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-40 Título: Indicadores de Adiposidade Visceral em Pacientes com Hepatite Crônica C, sem Tratamento Autor(Es): Manuella Conde Pereira Heine, Raquel Rocha dos Santos, Naiade Silveira Almeida, Carla Hilário da Cunha Daltro, Helma Pinchemel Cotrim Instituição: Universidade Federal da Bahia, Salvador-BA Introdução: A hepatite pelo vírus C (HVC) é uma doença com alta frequência de complicações, sobretudo nas fases mais avançadas e, quando associada à doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), tem progressão acelerada devido ao aumento da atividade necroinflamatória e fibrose. O excesso de peso, dentre outros fatores metabólicos e virais, está relacionado ao risco de desenvolvimento da DHGNA nesses pacientes, entretanto, são escassos estudos que avaliam indicadores de adiposidade na HCV. O objetivo deste estudo é avaliar associação entre indicadores de adiposidade e gravidade da doença em pacientes com HCV.Material e método: Pacientes com diagnóstico de HVC atendidos entre janeiro de 2011 e abril de 2013, sem necessidades especiais ou doenças que dificultassem a realização das medidas antropométricas, sem outras doenças hepáticas associadas e com ingestão alcoólica menor que 140g/semana atual. Foi realizada aferição do peso (kg) e altura (m) para avaliação do índice de massa corporal (IMC) e a circunferência de cintura (CC) para identificação da razão cintura estatura (RCEst); o índice de conicidade (IC) e o produto de acumulação lipídica (LAP).Resultados: Vinte pacientes com HCV foram avaliados, 65,0% do sexo feminino, com média de idade de 47,6 ± 10,8 anos. A maioria era genótipo 1 (90,0%), tinha atividade inflamatória à biópsia hepática (80,0%) e algum grau de fibrose (F1-F3) (90,0%) e apenas um (5,0%) tinha cirrose, cinco (25,0%) balonização, sete (35,0%) esteatose hepática. A maioria dos pacientes tinha excesso de peso (sobrepeso e obesidade), CC, IC e RCEst elevados, (65,0%, 77,5%, 53,8%, 75,9%, respectivamente), entretanto não apresentaram associação com a presença de esteatose hepática (P < 0,05). Vale ressaltar que pacientes com menor IMC mostrou uma tendência em ter menor número de esteatose hepática, assim não tinha DHGNA 85,7% dos eutróficos, 61,1% com sobrepeso e 50,0% dos obesos (p = 0,070). Discussão: A frequência de DHGNA em nossa população foi mais baixa do que a encontrada na literatura para pacientes com HVC, isto possivelmente pela elevada ocorrência de sobrepeso, e não de obesidade, em pacientes com genótipo 1. Hourigan et al observaram que o IMC de pacientes com HVC sem esteatose era menor e com menos freqüência de obesidade do que aqueles com esteatose, já Adinolfi et al, não observaram associação entre DHGNA e IMC em pacientes com HVC e identificaram associação positiva entre DHGNA e obesidade visceral na mesma população. Sabe-se que entre os preditores para aumento da mortalidade em pacientes HVC têmse a obesidade, hipertensão, diabetes, resistência à insulina e a síndrome metabólica. Conclusões:Os indicadores de adiposidade visceral não apresentaram associação com a presença de esteatose hepática em pacientes com HVC. Contudo, o excesso de peso foi uma característica comum a grande maioria dos pacientes e merece a devida atenção tanto na prática clínica como na rotina do paciente, a fim de evitar complicações da doença hepática já instaurada em decorrência das comorbidades do excesso de peso e obesidade central. 42 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-41 Título: Interferon Peguilado e Análogos Nucleos(T)Ídeos no Trata-Mento da Hepatite Delta em uma Unidade de Atendimento Especializado da Amazônia Ocidental Autor(Es): Cirley Maria de Oliveira Lobato, Lucas Carvalho Dantas Instituição: Universidade Federal do Acre Introdução: A hepatite Delta é causada pelo HDV na presença do vírus da hepatite B (HBV). O HDV é responsável pela forma mais severa entre as hepatites virais e ainda não tem um tratamento eficaz.. Objetivos: Avaliar a eficácia do tratamento de 56 pacientes com hepatite Delta com interferon peguilado α-2a associado ou não a entecavir em pacientes acompanhados pelo Serviço de Atendimento Especializado do Hospital das Clínicas do Acre (SAE-HD) com relação a resposta bioquímica e virológica utilizando correlações entre as características clínicas, laboratoriais e epidemiológicas de cada paciente. Material e Métodos: Foi realizado uma análise observacional das intervenções terapêuticas realizadas em uma coorte de pacientes com hepatite Delta tratados a partir de meados de 2008 no Serviço de Atendimento Especializado / Hospital Dia do Hospital das Clínicas do Acre. Foram analisados os pacientes que receberam interferon e entecavir, ambos de forma isolada ou associada. Durante as visitas de retorno, as seguintes avaliações foram realizadas: exame físico, testes bioquímicos, testes para HDV-RNA, HBV-DNA, anticorpos e antígenos para hepatite B e anticorpo da hepatite Delta, hemograma completo, alfa feto-proteína plasmática. A duração do seguimento foi calculada com base no início da terapia antiviral até a última consulta do seguimento. A duração da terapia foi calculada a partir da data em que foi efetuada a primeira dose de interferon e/ou entecavir oral até a data da última dose empregada. Resultados: Observou-se que 45,5% dos pacientes da amostra apresentam predominância viral do HDV. A resposta virológica foi alcançada por 44,4% dos pacientes que apresentavam pelo menos um vírus previamente detectável ao início do tratamento. A resposta bioquímica foi alcançada por 37% dos pacientes. O tratamento combinado com Interferon Peguilado e Entecavir em relação à monoterapia com Interferon Peguilado foi pouco associada à eliminação viral [OR: 1,49; p = 0,082; IC95%, 1,06 – 2,904]; Pacientes cujo vírus predominante ao início do tratamento era o HBV apresentaram maiores chances de eliminar o vírus [OR: 1,706 p = 0,052; IC95%, 1,256-2,316]. HBeAg negativo apresenta pouca associação com o alcance de resposta bioquímica e virológica [OR: 2,045; p= 0,054; IC95%, 0,687-6,093]. Conclusão: O grupo de pacientes tratados com Entecavir associado ao Interferon Peguilado não apresentou maiores taxas de eliminação do HDV-RNA em relação ao grupo que recebeu monoterapia com Interferon Peguilado. O grupo que alcançou maior benefício terapêutico foi aquele cujo vírus predominante, ao início do tratamento, era o HBV. Palavras-Chave: Hepatite Delta; Interferon Peguilado; Entecavir. 43 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-42 Título: Lesão Hepática Induzida por Medicamentos: Casos Registrados no Prontuário do Paciente por um Período de 10 Anos Autor(Es): Matheus William Becker, Karoline Baldiati de Souza, Lisiana do Nascimento Fontoura, Carine Raquel Blatt Instituição: Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Introdução: A lesão hepática induzida por medicamentos, internacionalmente conhecida como Drug Induced Liver Injury (DILI) é um quadro clínico de dano hepático decorrente do uso de medicamentos, podendo variar desde a apresentações assintomáticas até falência hepática aguda. De acordo com Council for Internacional Organization of Medical Science (CIOMS) a DILI pode ser classificada em hepatocelular, colestática ou mista. A hepatotoxicidade por medicamentos é um evento comum manifestando-se em 10% das reações adversas à medicamentos, contudo, pouco notificado devido a dificuldade do diagnóstico e semelhança dos sintomas clínicos com as hepatites virais e outras enfermidades hepáticas. Material e método: A população alvo do estudo serão os pacientes diagnosticados nos hospitais Nossa senhora da Conceição, Fêmina, Cristo Redentor e Criança Conceição, que juntos somam 1410 leitos, com doença hepática tóxica no período de 01 de janeiro de 2004 a 31 de dezembro de 2014. Foi realizado um estudo descritivo retrospectivo com base nas informações do prontuário do paciente do sistema informatizado do GHC. Foram incluídos os pacientes com diagnósticos de Doença hepática tóxica (CID 10 K71 e suas subdivisões de K71.0 a K71.9). Os dados coletados a incluem informações sobre medicamentos utilizados, exames laboratoriais e de imagem, local de internação, tempo de internação e desfecho clínico. Resultados: Em 10 anos foram encontrados 36 registros de Doença hepática tóxica nos prontuários dos pacientes. Dentre estes 11 não podem ser considerados DILI por estarem relacionados a outras doenças, tais como HCV, Cirrose por HCV e álcool Síndrome de Alagille, Hepatite Autoimune e Hepatite Epstein-Baar, Anticoncepcionais orais + Adenama Hepático e Etilista. Os 25 casos considerados DILI, envolviam 17 medicamentos, sendo os mais frequentes o paracetamol (n=4, sendo um em associação), carbamazepina (n=4, sendo duas em associação), a clorpromazina (n=3, sendo uma em associação), captopril (n=2), ácido valpróico (n=2, sendo 1 em associação), anti-tuberculostáticos (n=2), fenitoína (n=1)., fluoxetina (n=1), norfloxacino (n=1), tiamazol (n=1), amitriptilina em associação com fenobarbital (n=1), amoxicilina + clavulanato em associação com piperacilina e tazobactam (n=1) . Discussão e conclusões: Foi possível por meio desse estudo verificar que a baixa frequência de DILI nos registros de prontuários de pacientes durante um período relativamente longo de 10 anos, essa baixa frequência provavelmente está associada a baixa notificação e a dificuldade de estabelecer o diagnóstico ou a relação causal com o medicamento. Identifica-se ainda a DILI associada a medicamentos de venda livre como o paracetamol, bem como a medicamentos de uso contínuo como os anticonvulsivantes e os antidepressivos. Os medicamentos ant-ituberculostáticos e alguns antibióticos são medicamentos que aparecem na literatura sobre DILI com bastante frequência. Verifica-se a necessidade de divulgar a informação sobre DILI para os profissionais de saúde para aumentar a vigilância em relação ao uso dos medicamentos, bem como mais estudos de investigação de frequência da DILI para entendermos o problema real que esta representa no Brasil. 44 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-43 Título: Manifestações Inusitadas em Paciente com Hepatite A Autor(es): Camilla Bezerra Bastos, Jose Milton de Castro Lima, Ana Márcia Lima Feitosa, Jose Otho Leal Nogueira, Mylena Pessoa Capistrano, Lívia Maria Sampaio Pinheiro Instituição: Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza Introdução: O Vírus da Hepatite A é causador de Doença Hepática Aguda, Normalmente Benigna e AutoLimitada, que, uma vez Adquirida, Confere Imunidade ao Hospedeiro. Raramente, Evolui para uma Hepatite Fulminante, sendo esta mais comum em pacientes Acima De 40 Anos Ou Que Já Apresentem Co-Infecção Pelo Vírus Da Hepatite C. Além Disso, Pode Estar Associado A Manifestações Extra-Hepáticas, Sendo Mais Comum Um Rash Cutaneo Evanescente E Artralgia, Em 11 A 14% Dos Pacientes, Respectivamente. Pode Haver Uma Variedade Ampla De Outras Manifestações, Porém Muito Raramente, Como: Vasculite Leucocitoclástica, Miocardite, Crioglobulinemia, Trombocitopenia, Glomerulonefrite Etc. Material E Métodos: Prontuário E Acompanhamento Clínico Durante Internação Hospitalar. Resultados: Paciente, Sexo Masculino, 46 Anos, Previamente Hígido, Sem Uso De Medicação Regular Ou Esporádica, Apresentou Quadro De Adinamia, Febre, Tontura, Náuseas, Fadiga E Mialgia Por Duas Semanas. Evoluiu Com Icterícia E Rash Cutâneo Difuso, Associado A Dispnéia Aos Pequenos Esforços. Paciente Com Sinais De Congestão Venosa Sistêmica (Creptos Em Metade Inferiores De Ambos Os Pulmões, Turjência Jugular E Refluxo Hepato-Jugular De 4cm), Insuficiência Renal Aguda (Ira) Dialítica, Disfunção Hepática (Inr De 2,4/Albumina 1,9/Bilirrubina Total 4,8/ Tgo 243/Tgp 136, Dosados Em Uma Mesma Ocasião), Queda Da Hemoglobina (De 15,7 Para 11,4 Durante A Internação), Plaquetopenia (Chegou A 41.000) E Presença De Esquizócitos Em Sangue Periférico. Coombs Direto E Indireto Negativos. Sorologia Para Hepatite A Igm Positiva (Em Duas Dosagens); Ecocardiograma Tt Dentro Da Normalidade; Usg Abdominal Total: Sem Sinais De Hepatopatia Crônica E Hipertensão Portal, Sem Esplenomegalia. Sorologias Para Leptospirose (Igm E Igg Em Duas Ocasioes), Hiv, Cmv (Igm -/Igg +), Ebv (Igm /Igg +), Parvovirus B19 (Igm -/Igg +), Dengue (Igm -/Igg -) E Hepatite B E C Negativas. Hemoculturas E Uroculturas Negativas. Fan Negativo. Urina Tipo I Com Proteinúria 2+. Paciente Foi Submetido A Tratamento Clínico De Suporte E Dialítico, Evoluindo Com Melhora Completa Da Função Hepática, Renal E Da Congestão Venosa Após 3 Semanas Do Início Dos Sintomas, Recebendo Alta Hospitalar. Discussão: Sugerimos No Caso Que, Além De Insuficiencia Renal Aguda (Por Provável Glomerulonefrite) E Rash Cutâneo, Paciente Apresentou Manifestação Ainda Mais Inusitada: Microangiopatia Trombótica, Caracterizada Pela Queda Da Hemoglobina, Plaquetopenia E Presença De Esquizócitos No Sangue Periférico (Na Ausencia De Indícios De Anemia Hemolítica), Provavelmente Desencadeada Por Uma Vasculite Leucocitoclástica Desencadeada Pela Infecção Pelo Vírus A. Conclusão: Apesar De Raro, É De Grande Importância Que A Hepatite A Seja Lembrada Como Doença Potencialmente Grave, Principalmente Em Paciente Acima De 40 Anos, Devendo Estar Atentos Para Manifestações Inusitadas Que Podem Inferir Em Risco De Vida Ao Doente. 45 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-44 Título: Megacólon Chagásico em Paciente com Passado de Cardiomiotomia à Heller Autor(es): Lucas da Silva Bordoni, Luiza dos Santos Menezes, Marcela Souza da Silva, Marianne Carneiro Mascarenhas, Sergio Cardoso Ramos Filho Instituição: Universidade Federal da Bahia – UFBA Introdução: O megacólon é uma das manifestações da Doença de Chagas, podendo apresentar constipação crônica e severa. O megacolon é o termo utilizado para definir uma dilatação e alongamento do intestino grosso. Essa dilatação ocorre em decorrência a alterações da inervação intrínseca deste órgão. Descreveremos um paciente de 62 anos com obstipação há dois anos, associada a disfagia progressiva e passado de cardiomiotomia a Heller. Metodologia: Paciente admitido no Hospital Universitário Professor Edgar Santos – HUPES, em 04 de março de 2016, onde foram realizados anamnese, exame físico e exames complementares. Resultados: ASS, 62 anos, feminino, natural de Santo Amaro (Bahia, Brasil) e procedente de Salvador (Bahia, Brasil). Procura o serviço com queixa de constipação há 02 anos; relata que possuía ritmo intestinal regular, com dejeções diárias, de aspecto pastoso, até 2014, quando começou a apresentar quadro de constipação progressiva com aumento dos intervalos entre as evacuações. Chegou a ficar até 2 meses sem evacuar, necessitando de lavagem retal no período. Evoluiu com uso de laxativos, duas a três vezes por semana, com dejeções diárias e fezes em cíbalos, em pequena quantidade, com esforço evacuatório, necessitando às vezes a retirada das fezes com o dedo. Refere distensão abdominal, nega presença de sangue ou muco nas fezes. Relata perda de peso no período, porém com recuperação do mesmo. Associado ao quadro, apresenta disfagia progressiva para alimentos sólidos, necessitando a ingesta de água e a realização de manobras para deglutição. Apresentou quadro semelhante anteriormente, onde foi realizada uma cardiomiotomia a Heller em 2011, com melhora dos sintomas em 2 anos e recidiva após esse período. Paciente, mãe, irmão, primo e tio portadores de Doença de Chagas. Exames complementares: ECG (19/11/15): Ritmo sinusal; bloqueio do ramo direito. Laboratoriais (21/01/16) Hb 11; Ht 34,5; Leuco 3790 (sem desvios); Plaq 407000; Ác úrico 5,1; Ureia 18; Cr 1,0; Glicemia 105; Colesterol Total 255; HDL 52; LDL 183; Trig 102. Discussão:Paciente já diagnosticada com a forma intestinal da Doença de Chagas, apresentando megacólon e megaesôfago, evoluindo com constipação crônica e severa. Para chegar no caso da paciente, já sintomático e com disfagia e obstipação, há a necessidade de destruição de pelo menos 50-80% do plexo nervoso, com destruição das células ganglionares periféricas e/ou centrais. O paciente pode também cursar com uma dilatação e alongamento do sigmoide, fecaloma, alça de Wahl e dificuldade para eliminar gases bem como miocardiopatia dilatada e bloqueio de ramo direito. Conclusão: Pacientes provenientes de áreas endêmicas de doença de chagas, com sintomas de obstipação, disfagia progressiva, fecaloma são características das formas intestinais da Doenças de Chagas. Outros sintomas que podem estar associados são dilatação de ventrículos e bloqueio de ramo direito, compatíveis com a forma cardíaca da doença. 46 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-45 Título: Mutações de Resistência aos Análogos aos Núcleos(T)ídeos em Pacientes Virgens de Tratamento com Hepatite B Crônica nas Regiões Nordeste e Norte do Brasil Autor(es): Sidelcina Rugieri Pacheco(1); Maria Isabel Magalhães Andrade Dos Santos(1); Andreas Stocker(2); Alisson Silva Fonseca(1); Maria Alice Santana Zarife(3); Maria Isabel Schinoni(2); Raymundo Paraná(2); Mitermayer Galvão dos Reis(1); Luciano Kalabric Silva(1) Instituição: (1) Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz- Fundação Oswaldo Cruz- Laboratório de Patologia e Biologia Molecular, Salvador, Bahia-Brazil; (2) Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia-Brazil; (3) Laboratório Central de Saúde Pública do Estado da Bahia- LACEN, Salvador, Bahia-Brazil Introdução: Mutações de Resistência aos análogos aos núcleos(t)ídeos foram descritos em pacientes virgens de tratamento para o vírus da Hepatite B, com implicações clínicas. Objetivo: O objetivo deste estudo foi rastrear mutações de resistência aos análogos aos núcleos(t)ídeos na região da transcriptase reversa (RT) e genótipos circulantes em pacientes virgens de tratamento crônicos para Hepatite B, provenientes das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Metodologia: Durante o período de 2012-2015 foram incluídas amostras de VHBDNA isoladas de 189 pacientes (105) do Norte e (84) Nordeste, foram sequenciadas através de nested PCR da região RT submetido a análise mutacional. Resultados: Cinco pacientes virgens de tratamento da região Nordeste (n = 84) tinham mutações de resistência primária, com uma taxa de 6%. Os padrões de mutações foram rtA194T, rtL180M + M204V, rtS202I, rtM204I e rtA181S. Nenhum paciente virgem de tratamento apresentou mutação de resistência na região Norte. Na região do gene S, as frequências de mutações de escape vacinal foram de 2,4% na região Nordeste e 8,6% na região Norte. Os genótipos circulantes na região Nordeste foram A (89.3%), D (2.4%), F (7.1%) e C (1.2%) e na região Norte foram A (59%), D (21%) e F (20%). Conclusão: Rastrear as mutações de resistência antiviral antes do início do tratamento pode contribuir para a tomada de decisão clínica, reduzindo a falha ao tratamento e o risco de progressão para cirrose e carcinoma hepatocelular para CHB. 47 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-46 Título: Nódulos Hipervasculares na Síndrome de Budd Chiari: Um Relato de Caso Autor(es): Bruno Oliveira Pedreira, Alice Rocha de Magalhães, Andrea de Góes Trindade Mello, Erika Naegel Sirqueira Instituição: Universidade Federal da Bahia Introdução: A Síndrome de Budd-Chiari (SBC) é uma doença rara (prevalência 1/100.000 indivíduos) que se caracteriza por alterações clínico-laboratoriais decorrentes do bloqueio do efluxo venoso hepático. É, portanto, uma causa de hipertensão portal pós-sinusoidal que pode evoluir para doença crônica parenquimatosa do fígado e eventualmente para carcinoma hepatocelular (CHC). Vale ressaltar a importância no diagnóstico diferencial com a Doença Veno-oclusiva, haja vista que ambas partilham sinais de hipertensão portal. Metodologia: O paciente foi atendido em um Hospital de referência em Gastro-Hepatologia na Bahia e permaneceu internado em março de 2016. Como parte da descrição do caso se utilizou avaliação médica com anamnese e análise de prontuário. Resultados: Paciente sexo feminino, 27 anos, natural e procedente de Candeias, diagnosticada com Síndrome de Budd-Chiari há 7 anos, retorna ao hospital com queixa de piora da ascite no último mês, mesmo em uso de terapia diurética otimizada. Não apresentou quadro de hematêmese, melena ou alteração do ciclo sono-vigília. Em uso de espironolactona 400 mg/dia, propranolol 120 mg/dia, furosemida 80 mg/dia, ác. Fólico 5mg/dia. Ao exame físico apresentou ascite volumosa (piparote +), presença de circulação colateral tipo porta, anictérica, regular estado geral, ausência de sinais periféricos de hepatopatia crônica, submetida a paracentese de alívio com retirada de 5 litros. Os exames laboratoriais demonstram: perfil hepático (TGO 41; TGP 21; FA 252; GGT 249; BT 0,97; BD 0,51; RNI 1,34; LDH 252; Albumina 3,2); eletrólitos (Na 141; K 3); função renal (Ur: 23; Cr 0,7), pesquisa de estados de hipercoagulabilidade negativos. USG de Abdome: renacalização de veias paraumbilicais e ascite volumosa. RNM acentuado afilamento em veia cava inferior, alteração morfológica no fígado sugerindo hepatopatia crônica, inúmeros nódulos hipervasculares sem padrão wash out. Discussão: A presença de nódulos benignos hipervasculares na SBC faz parte da evolução natural da doença, associada à cirrose hepática, naedida em que se relaciona ao padrão regenerativo encontrado na doença. Todavia, é de extrema relevância estabelecer diagnóstico diferencial com CHC, visando diagnóstico e tratamento precoce, bem como uma correta alocação do paciente à lista de transplante hepático. Preconiza-se a realização de RNM como padrão ouro nessa diferenciação e caracterização quanto o aspecto displásico, nódulos benignos com displasia devem ser acompanhados com novo exame de forma breve. Conclusões: O relato de caso abordou o processo de investigação diagnóstica das lesões hipervasculares e sua importância no estabelecimento de uma conduta adequada. O exame de imagem, wash out negativo, corrobora no diagnóstico de exclusão de CHC. A paciente foi alocada à lista de transplante com Child B (8 pontos) e Meld10. 48 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-47 Título: Parâmetros Clínicos- Antropométricos de Adiposidade Central em Pacientes com Doença Hepática Gordurosa não Alcoólica Autor(es): Iasmin Barreto, Raquel Rocha, Naiade Almeida, Claudineia Almeida, Ticiane Reis, Helma Pimentel Cotrim Instituição: Grupo de Estudos da Esteato-Hepatite não Alcoólica-CNPQ–FMB–C-HUPES –Universidade Federal da Bahia- UFBA; Escola de Nutrição da UFBA Introdução: A obesidade visceral é o principal fator envolvido nas alterações metabólicas, sendo a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) uma delas. O excesso de gordura age como um fator agressor para o parênquima hepático, e consequentemente espera-se aumento das transaminases hepáticas, principalmente a ALT. Assim, indicadores com melhores associações com o tecido visceral podem ser úteis na avaliação da DHGNA. Objetivo: Avaliar os indicadores de adiposidade central em pacientes com DHGNA e a associação destes com a ALT. Métodos: Uma série de 27 pacientes de ambos os sexos, adultos e com diagnóstico de DHGNA atendidos no ambulatório de Esteato-Hepatite (NASH)-UFBA entre 2015-2016. Aferidas medidas antropométricas (peso, altura e circunferência da cintura -CC) para determinação dos indicadores Índice de massa corporal (IMC), Índice de conicidade (índice C), Razão cintura-estatura (RCEst) e níveis séricos de triglicerídeos para identificação do produto de acumulação lipídica (LAP). Esses indicadores foram considerados normais e aumentados segundo pontos de corte já estabelecidos na literatura. Foram avaliados 2 grupos: ALT normal e ALT elevado. Para análise dos dados utilizou-se o teste t student para comparar média e teste exato de fischer para avaliar associação. Resultados: Os pacientes tinham 49,5±8,3anos, 63,0% mulheres e 55,6 apresentavam síndrome metabólica. Apresentavam: IMC(92,6%),CC(92,6%), índice C(85,2%), RCEst(96,3%) e LAP(66,7%). Esses estavam aumentados na maioria dos pacientes, contudo não foram observadas associações com ALT. Pacientes com ALT elevada apresentaram maiores médias de IMC:31,08kg/m², CC:99,42cm, LAP:87,22 quando comparados a aqueles com ALT normal (IMC:30,14kg/m², CC 97,82cm, LAP:63,67), com exceção do índice C e RCEST (p>0,05). Conclusões: Os resultados destacam a elevação de todos os indicadores estudados na população com DHGNA, contudo não foi observada associação entre os indicadores de adiposidade central e ALT. Estudos com maiores grupos amostrais e controlados seriam importantes para melhor analisar a relação entre esses indicadores. Palavras-chaves: Obesidade, avaliação antropométrica, doença hepática gordurosa não alcoólica. 49 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-48 Título: Parâmetros Clínicos e Nutricionais de Pacientes com Doenças Hepáticas Crônicas de uma Unidade Hospitalar de Referência Autor(es): Rafael Pinto Lourenço, Júlia Duarte Dias Freitas, Sabrina Couto Brito da Silva, Ethiane de Jesus Sampaio, Izabel dos Santos Cruz Instituição: Universidade Federal da Bahia Introdução: As Doenças Hepáticas Crônicas (DHC) são caracterizadas por modificações morfológicas e funcionais, as quais promovem alterações no metabolismo de vários nutrientes, ocasionando prejuízos nutricionais. Objetivos: Identificar o perfil clínico e nutricional de pacientes com DHC internados em um hospital universitário. Materiais e Métodos: Estudo transversal, descritivo, realizado com pacientes internados numa enfermaria de referência na cidade de Salvador-Bahia no período de janeiro a abril de 2016. Os dados foram coletados em prontuário digital e as informações clínicas e nutricionais obtidas das últimas evoluções médica e nutricional, respectivamente. Para caracterização da amostra foram coletadas informações como sexo, idade, etiologia, comorbidades e Índice Child Pugh. O perfil nutricional foi obtido através da avaliação de risco nutricional pela ferramenta Nutritional Risk Screen (NRS-2002) e do diagnóstico nutricional, o qual foi obtido pela avaliação do Índice de Massa Corporal (IMC) e pela semiologia nutricional com a análise de sinais de carências nutricionais, especialmente reservas de massa muscular e tecido adiposo corporal. Resultados: Foram internados no período 113 pacientes, sendo 35,4% (n=40) portadores de hepatopatias crônicas com idade entre 18 e 75 anos. Houve maior prevalência do sexo masculino (70%) e a mediana da idade foi de 56,5 anos. Os fatores etiológicos mais prevalentes foram Doença Alcóolica e Infecção por Vírus da Hepatite C, ambos com 31,9%, seguidos por esquistossomose com 10,6%. As comorbidades mais frequentemente observadas foram: Síndrome de Hipertensão Portal (29,5%), seguida de Hemorragias, Encefalopatia e Diabetes Mellitus com 11,5% cada, Hipertensão (10,26%) e Disfunção Renal (9%). Em relação à classificação Child Pugh, A 8,1%; B 35,2%; C 56,7%. A avaliação do risco nutricional identificou 52,5% dos pacientes com risco enquanto que a avaliação nutricional evidenciou 65,8% dos indivíduos com desnutrição e 8% com excesso de peso. Discussão: A desnutrição nos pacientes portadores de DHC pode ser explicada pela regulação da homeostase realizada pelo fígado. São as causas da desnutrição: baixa ingestão alimentar decorrente de dietas restritivas e da perda de apetite; má absorção de gorduras pela redução na síntese de ácidos biliares; perdas protéicas intestinais; redução da síntese e armazenamento proteico; além do hipercatabolismo decorrente de situações como Peritonite Bacteriana, ascite e varizes esofágicas em sangramento. Outro fator que contribui para as deficiências nutricionais nos portadores de DHC é o alcoolismo crônico, pois este aumenta o metabolismo. Conclusão: A desnutrição é uma complicação comum entre os portadores de DHC, sendo preditora de morbimortalidade e relacionada com o avanço da doença, promovendo perda da qualidade de vida do indivíduo. 50 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-49 Título: Projeto Assistencial a População Brasileira com a Elastometria Transitória, em 1646 Pacientes Portadores do Virus da Hepatite C Autor(es): Joel Schmillevitch, Antonio Sergio Marcelino, Alexandre Ferreira, Humberto Silva Instituição: Associação Brasileira dos Pacientes com Hepatite C Introdução: A população brasileira tem pouco acesso à rede pública no que se refere a realização da elastografia hepática em pacientes com o vírus da hepatite C. Este projeto permite a realização de exames gratuitos. Material e Método: Foram analisados 1646 pacientes entre novembro de 2013 e fevereiro de 2015 oriundos de todos estados brasileiros sendo 56% do sexo masculino e 44% do sexo feminino. A elastografia transitória (FibroScan) foi realizado em todos pacientes com os transdutores M e XL. Todos os pacientes tinham exames laboratoriais positivos para hepatite C. Resultados: A faixa etária com maior incidencia foi de 40 a 60 anos (50%) e 29% acima de 60 anos. O tempo de realização do exame foi de até 5 minutos em 80% dos casos. Com relação aos graus de fibrose, 51% dos pacientes apresentaram graus de fibrose F0 e F1 e 49% de F2 a F4. Discussão: O SUS apresenta limitações no atendimento aos pacientes portadores da hepatite C. A elastografia hepa´tica foi referendada pelo Ministério Público, como método diagnóstico válido para receber a medição antiviral. Os 1646 pacientes com hepatite C foram beneficiados sobre a evolução da doença e solicitar medicação de acordo com o grau de fibrose determinado pela elastografia. Conclusões: O projeto da SBPH é importante colaboração para a população brasileira portadora do vírus da hepatite C. 51 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-50 Título: Reativação do Vírus da Hepatite B Associado ao Uso de Rituximab: Diagnóstico e Profilaxia – Uma Revisão da Literatura Autor(es): Tarson Maia Furtado de Aquino, Liana Aguiar Couto, Larissa Araújo Rodrigues, Ana Paula Peres Martins Gomes, João Natan Moreira Gomes, Juliana Custódio Lima Instituição: Hospital Geral De Fortaleza Introdução: A infecção crônica pelo vírus da hepatite B (VHB) atinge aproximadamente 350 milhões de pessoas no mundo. Níveis séricos baixos do DNA viral associado a títulos dentro da normalidade de alanino aminotransferase (ALT) caracterizam doença inativa e baixo risco de progressão clínica. Entretanto, a terapia imunossupressora pode agir como gatilho para a reativação do VHB, sendo essa uma grave complicação possível durante ou após o tratamento, podendo levar à falência hepática e morte. Vários são os fatores de risco associados à reativação, incluindo o uso de Rituximab no controle de neoplasias hematológicas. Também pode atingir pacientes hematológicos que usam outros quimioterápicos e aqueles com tumores sólidos. Material e Método: Revisão de literatura com abordagem narrativa de artigos publicados entre 2004 a 2014, cujas palavras-chave fossem “rituximab”, “hepatitis B virus reactivation”, dos bancos de dados LILACS, SciELO, MEDLINE e PubMed. Resultados/Discussão: A reativação do VHB após imunossupressão é caracterizada por atividade necro-inflamatória da doença hepática em pacientes em status carreador (HBsAg+, anti-HBc+, antiHBs-, DNA VHB indetectável), em infecção por VHB oculta (HBsAg-, anti-HBc+, anti-HBs-) ou pacientes com primo-infecção convalescente (HbsAg-, anti-HBc+ e anti-HBs+). A reativação ocorre mais frequentemente em pacientes com linfoma não-Hodgkin, comparado a pacientes com neoplasias sólidas, apresentando taxas que variam de 24-67%. Quanto aos tumores sólidos, a taxa de reativação varia de 14-21%, sendo o câncer de mama o mais associado (41-56%). O Rituximab, quando utilizado em associação com corticoesteróides nos esquemas quimioterápicos, atua contribuindo para a reativação do VHB devido à supressão do sistema imune e contribuição direta para a replicação, associando-se a mutações específicas do genótipo viral. Considerando o alto risco de hepatite fulminante, prevenir torna-se bastante útil, justificando o rastreamento de hepatite prévia com a pesquisa de HBsAg e anti-HBc IgG antes da quimioterapia. A vacina para VHB é indicada quando os resultados são negativos, e, quando anti-HBc positivo, deve-se iniciar a terapia antiviral independente dos níveis séricos de DNA VHB desde o início da imunossupressão. O antiviral mais eficaz ainda permanece indefinido, assim como o tempo de manutenção da terapia preventiva; a lamivudina é o mais comumente utilizado, por 6 a 12 meses após o término da quimioterapia. Conclusão: Pacientes infectados pelo VHB que utilizaram ou utilizarão o Rituximab como tratamento quimioterápico estão sob o risco de reativação do vírus durante e após a quimioterapia. Por essa razão, o rastreamento de infecção oculta/passada em pacientes HBsAg negativos é fortemente recomendado. O antiviral mais adequado e o tempo de tratamento ainda estão em discussão. 52 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-51 Título: Recorrência do Carcinoma Hepatocelular após Transplante de Fígado: Série de Casos e Análise de Sobrevida Autor(es): Aline Lopes, Norma Arteiro Filgueira, Norma Jucá, Liliane Carvalho, Bruno Fontes, Paulo Sérgio Vieira de Melo, Américo Amorim, Laecio Leitão Batista, Roberto Lemos, Olival Fonseca Neto, Claudio Moura Lacerda Instituição: Hospital das Clínicas da UFPE e Hospital Universitário Oswaldo Cruz Introdução: O transplante hepático (TH) é o tratamento de escolha para carcinoma hepatocelular (CHC) em cirróticos e o seu prognóstico depende do risco de recorrência, que varia de 15 a 20%, o que está associado a prognóstico reservado, com sobrevida mediana de 7 a 10 meses. O objetivo deste estudo é relatar o padrão de recorrência do CHC em pacientes submetidos a TH entre 2000 e 2015 em centro de referência do Recife, analisando a sobrevida.Metodologia: estudo descritivo de pacientes que recidivaram CHC após o TH e análise de sobrevida, com informações coletadas de prontuários e atestados de óbito. A análise estatística foi feita com o programa R for Windows com construção das curvas de Kaplan Meier e regressão proporcional de Cox. Resultados: A amostra consistiu em 22 pacientes, sendo 21 homens, com idade mediana de 62 anos (53-75). As principais indicações de TH foram: hepatite C, doença alcoólica, hepatite B e a associação hepatite C + álcool. A análise dos fígados explantados revelou que apenas 40% dos recorrentes preenchiam os critérios de Milão. A sobrevida livre de doença (SLD) variou de 54 a 2069 dias (mediana de 583 dias), sendo que 50% das recorrências aconteceram no primeiro ano após o transplante (precoce). O fígado foi o primeiro sítio de recorrência em 4 pacientes e ao todo foi acometido em 10 casos (45,4%). 19 pacientes apresentaram recorrência extra-hepática (86,3%), sendo esta a primeira manifestação em 8 deles. Os sítios extra-hepáticos foram: osso, pulmão, linfonodos e peritônio, adrenal, parede abdominal, baço e cérebro. 13 pacientes (59%) apresentaram recorrência para múltiplos órgãos. Pacientes que preenchiam os critérios de Milão apresentaram maior SLD (673 vs 309 dias, p= 0,015). Recorrências precoces foram observadas em apenas 12,5% dos casos que preenchiam os critérios, comparado a 66,7% dos que não preenchiam (p= 0,019). A sobrevida após a recorrência (SAR) variou de 10 a 1899 dias, com mediana de 304 dias. SAR em pacientes com recorrência precoce foi de 200 dias, enquanto na recorrência tardia foi de 636 dias (p = 0,09). 13 pacientes (59,1%) realizaram algum tratamento anti-tumoral, sendo 6 submetidos a terapia locorregional (radiofrequência, esplenectomia, adrenalectomia, ressecção de nódulos pulmonares e de parede abdominal) e 10 usaram Sorafenib. Pacientes submetidos a algum tratamento tiveram SAR de 636 dias, comparado a apenas 82 dias dos que receberam apenas tratamento de suporte (p = 0,017). Pacientes que usaram Sorafenib tiveram SAR mediana de 636 dias, comparado a 82 dias dos pacientes submetidos a tratamento de suporte, com razão de risco de 0,13 (IC 95% 0,03 – 0.49 – p = 0,02). Conclusão: esse estudo encontrou associação entre o estadiamento tumoral do explante e a SLD após TH. A SAR foi maior em pacientes cuja recorrência foi precoce e em pacientes que se submeteram a algum tratamento, tanto locorregional quanto sorafenib. 53 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-52 Título: Relato de Caso: A Evolução da Encefalopatia Hepática na Doença Crônica Parenquimatosa do Fígado Autor(es): Erika Naegel Sirqueira, Andrea de Góes Trindade Mello, Bruno Oliveira Pedreira, Alice Rocha de Magalhães Instituição: Universidade Federal da Bahia Introdução: A Doença Crônica Parenquimatosa do Fígado (DCPF) pode ser secundária a uma vasta gama de etiologias que, por diferentes mecanismos fisiopatológicos, levam a um estado permanente de lesão ao fígado, com subsequente reestruturação anormal do parênquima hepático. Apresentando-se assim como um importante fator de risco para o carcinoma hepatocelular. Metodologia: paciente internado C-HUPES/ março de 2016. O relato de caso aborda paciente portador de DCPF, secundária a doença alcoólica do fígado e infecção pelo VHC, foi realizado exame clínico e análise de prontuário. Resultados: paciente masculino, 70 anos há 06 meses apresentou episódio de crise convulsiva espontânea e autolimitada. Em investigação para este episódio foi diagnosticado com hepatopatia parenquimatosa crônica, na ocasião se encontrava anictérico. Há 04 anos realizou tratamento com antiviral IFN-Peg + Ribavirina por 48 semanas, apresentando recidiva ao final da terapia. Há 02 meses apresentou nova crise convulsiva e evoluiu com ascite importante, ficando internado na UTI do Hosp. Geral de Vit. Da Conquista, em coma. Há 04 dias da admissão no HUPES apresentou nova crise convulsiva e, ao ser avaliado em PA, verificou-se ascite volumosa, edema e dor intensa em MMII, além de disfunção renal. No momento, paciente refere piora do estado geral, com desconforto respiratório, com fala lentificada e desorientação há 01 dia. Apresenta aumento do volume escrotal concomitante ao aumento do volume abdominal, indolor. Ao exame físico, se apresentava em mau estado geral, anictérico, com abdome globoso às custas de líquido ascítico (Piparote positivo), tenso e sem circulação colateral, sem visceromegalias, com hérnio inguino-escrotal volumosa à direita e totalmente redutível. Presença de edema em bota (++++/4+). Estava desorientado em tempo e espaço, com fala lentificada, sonolento e com flapping. Glasgow de 14 (AO4/RV4/RM6). Exames complementares: laboratoriais de 28/02/16 (Hb 12,8; Ht 34,9; VCM 99,7; Leuco 4140; Seg 71%; Plaq 111000; Prot 1; Alb 3,2; Ur 55; Cr 2,5; AST 36,5; ALT 21,5; FA 93,5; GGT 110,9; TAP 64%; RNI 1,46) e 02/03/16 (Hb 9,5; Ht 26,8; VCM 100; Leuco 2400; Seg 69%; Plaq 86700; TAP 49%; RNI 1,87; TTPA 42; Ur 62; Cr 1,7) e TC de abdome total com contraste de 19/11/14 evidenciando achados compatíveis com cirrose hepática, associada a sinas de hipertensão portal, com veia porta de diâmetro aumentado e sinais de trombose venosa crônica em veia porta. Discussão: A DCPF tem como causa principal a infecção crônica pelo VHC. Entre suas complicações, está a encefalopatia hepática, resultado da incapacidade do fígado lesado de metabolizar agentes danosos ao sistema nervoso central, sendo o aumento da amônia circulante o principal processo. A presença de encefalopatia representa quadro de DCPF descompensada. A encefalopatia pode ser avaliada através dos critérios de West-Haven. No caso, a presença de desorientação mais Flapping evidente classificam o paciente em II/IV. Conclusão: Alterações de sono-vigília e comportamentais e presença de Flapping indicam que o paciente apresenta DCPF descompensada e recorrente, com quadro de encefalopatia hepática somado a grande ascite. Visto que a taxa de sobrevida após a encefalopatia é baixa, deve-se considerar a possibilidade de transplante hepático. 54 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-53 Título: Resistência ao Análogo de Nucleosídeo Lamivudina no Tratamento da Hepatite B Crônica: Uma Revisão da Literatura Autor(es): Tarson Maia Furtado de Aquino, Liana Aguiar Couto, Larissa Araújo Rodrigues, Ana Paula Peres Martins Gomes, João Natan Moreira Gomes, Juliana Custódio Lima Instituição: Hospital Geral de Fortaleza INTRODUÇÃO: A hepatite viral B é considerada um grave problema de saúde pública que atinge milhões de pessoas em todo o mundo, sendo responsável pelo surgimento de complicações como cirrose hepática e carcinoma hepatocelular. Estima-se que cerca de 40% da população mundial já teve contato com o vírus da hepatite B (VHB) ou são portadores do mesmo. Apesar da existência da vacina, eficaz contra o VHB, ainda não há controle desta infecção e já se tem relatos na literatura de cepas de vírus portadores de mutações genéticas que surgiram por consequência da pressão seletiva exercida por essas vacinas, denominadas mutantes de escape vacinal. A lamivudina (LMV) é um análogo de nucleotídeo sintético, utilizado no tratamento da hepatite B crônica (HBC), que suprime a replicação viral por inibição da atividade da polimerase viral. Embora a LMV seja um medicamento eficaz e bem tolerado, a duração do tratamento é longa e a resistência viral é frequente. O surgimento dessa resistência tem sido uma das principais limitações do tratamento. MATERIAL E MÉTODO: Revisão de literatura com abordagem narrativa de artigos publicados entre 2004 e 2013, cujas palavras-chave fossem “lamivudine”, “treatment chronic hepatitis B” dos bancos de dados MEDLINE, PubMed, LILACS e SciELO. RESULTADOS/DISCUSSÃO: Vários estudos avaliaram quais mutações têm levado à resistência da LMV, que parecem ocorrer no gene da polimerase do VHB. A mutação mais frequentemente associada à resistência é tirosina-metionina-aspartato-aspartato, mutação YMDD, do gene da polimerase do VHB. Tratamentos efetivos têm sido desenvolvidos para controlar e prevenir a progressão da doença, planejando a redução da morbimortalidade. O objetivo do tratamento da infecção da HBC visa cessar a replicação viral e proporcionar uma melhora da histopatologia hepática, reduzindo as chances de desenvolvimento de complicações. Existe uma relação diretamente proporcional entre a duração do tratamento e o surgimento de mutações que promovem resistência viral à LMV. O tratamento por cinco anos leva a uma taxa de resistência que pode atingir cerca de 80%, levantando-se a questão sobre os riscos e benefícios de se utilizar essa droga no tratamento da HBC. O surgimento dessas mutações nos VHB está muito associado à pressão seletiva imposta pela presença da LMV, ou seja, a própria droga seleciona VHB portadores de mutações que lhe dão vantagem evolutiva. CONCLUSÃO: Uma avaliação prévia da resistência do VHB ao tratamento com LMV em pacientes com HBC ou a utilização de um agente antiviral diferente pode aumentar a eficácia do tratamento e prevenir complicações. 55 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-54 Título: Resposta ao Uso de Análogos de Nucleosí(Tí)deos na Hepatite B Crônica em um Centro de Referência na Amazônia Ocidental Autor(es): Edmar Santana Oliveira Filho, Cirley Maria de Oliveira Lobato Instituição: Universidade Federal do Acre Introdução: A infecção crônica pelo vírus da Hepatite B é uam das principais causas de cirrose e Hepatocarcinoma em todo o mundo, representando 75% -90% dos casos mundiais. O objetivo do tratamento para a hepatite B crônica é alcançar a supressão contínua e sustentada da replicação do VHB prevenindo cirrose, carcinoma hepatocelular e insuficiência hepática.Objetivos: Verificar a resposta virológica do uso de entecavir e tenofovir em pacientes portadores de hepatite B crônica, acompanhados no Serviço de Assistência Especializada - SAE. Material e Método: Estudo longitudinal, retrospectivo, com pacientes cadastrados no Centro de Referência de Medicamentos Excepcionais (CREME) para o tratamento de Hepatite B crônica com análogos de nucleosí(tí)deos. Os dados foram coletados do Hórus, Hospub, GAL e Sidis, foram digitados em banco de dados e analisados utilizando o software SPSS versão 20.0. Calculou-se a média, mediana e frequência, e para comparar as variáveis utilizou-se o teste Qui-Quadrado. Resultados: Dos 456 prontuários analisados, a média de idade foi 44,2 anos, 53,6% eram do sexo masculino, 6,4% com carga viral > 106 UI/ml. A supressão viral foi menor nos pacientes com carga viral acima de 10 6 e nos HBeAg+. Não houve resistência até a última análise e ambos os medicamentos mostraram-se eficazes na supressão viral e normalização das transaminases. Conclusão: Tanto o entecavir como o tenofovir mostraram-se eficazes em proporcionar um declínio da carga viral e normalização das transaminases (AST e ALT) nesta população estudada. 56 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-55 Título: Sequestro Hepatoesplênico por Hemoglobinopatia SC Apresentando-se como Síndrome Colestática. Relato de Caso. Autor(es): Paulo Miranda Cavalcante Neto, Bruno Rodrigo de Fontes, Aline Alves Lopes, Camilla Maria de Alencar Saraiva, Liliane de Andrade Carvalho, Maria Tereza Sampaio de Sousa Lira, Antonio Silaide de Araujo Junior, Valkercyo Araújo Feitosa, Marcela de Melo Cavalcanti e Leitão, Norma Arteiro Filgueira Instituição: Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco Introdução: O gene da HbS pode combinar-se com outras anormalidades hereditárias das hemoglobinas, como hemoglobina C (HbC) gerando a hemoglobinopatia SC, umas das variantes mais comuns da anemia falciforme. Caracteriza-se por graus menores de anemia hemolítica e de crises dolorosas, maior tendência à retinopatia periférica e necrose asséptica dos ossos mais tardia. Quanto maior o percentual de HbS, mais grave é a doença. O diagnóstico frequentemente é retardado até que algum evento mais sério ocorra na idade adulta. Como as crises de sequestro esplênico são menos graves que na falciforme, a presença de esplenomegalia é comum em adultos. Podem ocorrer crises de sequestro hepático e esplênico em decorrência do acúmulo de hemácias dentro dos órgãos, gerando a queda dos níveis circulantes e anemia severa, associado a crescimento rápido e doloroso da víscera, o que pode levar a choque hipovolêmico e até óbito. Durante as crises de sequestro hepático podem evoluir com hiperbilirrubinemia, aumento de transaminases e presença ou não de coagulopatia, a depender do tipo de crise hepática. Material e métodos – relato de caso através de revisão de prontuário e revisão da literatura. Relato do caso: Uma paciente de 27 anos foi admitida para investigação de dor em hipocôndrio esquerdo, febre, vômitos, icterícia, colúria e prurido. Ao exame físico, apresentava-se ictérica (4+/4+), hipocorada (2+/4), taquipneica, com abdome doloroso à palpação difusamente e baço palpável 5cm abaixo do rebordo costal esquerdo. Os exames complementares revelaram bicitopenia (anemia importante normocítica e normocrômica e plaquetopenia), leucocitose com neutrofilia, hipoalbuminemia e hiperbilirrubinemia direta (BT=28,9 e BD=23,7). A ultrassonografia de abdome evidenciou apenas esplenomegalia homogênea. Inicialmente foi levantada a hipótese de colangite bacteriana e iniciado antibioticoterapia, mas tal hipótese foi descartada após os exames complementares. Como parte da investigação de hemólise foram realizados: Coombs direto e indireto que foram negativos e eletroforese de hemoglobinas que identificou picos de hemoglobinas S e C. A paciente apresentou melhora progressiva com medidas de suporte e recebeu alta para acompanhamento ambulatorial. Após este episódio, há 5 anos, vem em uso de ácido fólico, mantendo hemoglobina estável, com níveis séricos normais das enzimas hepáticas e de albumina. Conclusão: Os autores descrevem um caso de hemoglobinopatia SC que se apresentou como síndrome colestática em vigência de crise de sequestro hepático e esplênico, chamando a atenção para a inclusão dessa condição no diagnóstico diferencial de pacientes que se apresentam com anemia, colestase e esplenomegalia. 57 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-56 Título: Soroprevalência do Vírus da Hepatite B e C em Citricultores de Lagarto-Se Autor(es): Emerson Santana Santos, Claudia Cristina Kaiser, Fabiano Alvim-Pereira, Igor Lima de Oliveira Instituição: Universidade Federal de Sergipe - Campus Prof. Antônio Garcia Filho INTRODUÇÃO: Os citricultores do Estado de Sergipe são responsáveis por cerca de 40% da produção em todo Nordeste. Apesar de ser o menor estado em território, Sergipe é responsável pela 5a maior produção de citros do país. Estudos epidemiológicos nacionais apontam, para a região nordeste do Brasil, as seguintes prevalências para os marcadores virais da hepatite B e C: HBsAg=0,42%, anti-HBc=9,13% e para o HCV=0,68%. Objetivo deste trabalho foi conhecer a soroprevalência do vírus da hepatite B e C em citricultores do município de Lagarto - Sergipe. MATERIAL E MÉTODO: Trata-se de um estudo epidemiológico do tipo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Federal de Sergipe, sob o número CAAE 12988313.6.0000.5546, de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Realizou-se entrevista por meio de questionário eletrônico e, após concordância e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), amostras de sangue foram colhidas para realização dos seguintes marcadores virais: HBsAg, anti-HBS, anti-HBC, anti-HCV. RESULTADOS: 247 citricultores participaram do estudo, 75% do sexo masculino e 25% do sexo feminino, a idade média foi 41,3 anos. A prevalência de HBsAg foi 0,4%, anti-HBS= 17,4%, anti-HBC=8,5% e antiHCV=0,8%. DISCUSSÃO: A prevalência de Hepatite B e C na população estudada foi semelhante à da relatada na literatura. CONCLUSÃO: Assim como demonstrado em estudos epidemiológicos realizados na região nordeste do país, a população de citricultores de Lagarto teve baixa endemicidade para hepatites B e C. A grande maioria da população de citricultores de Lagarto está susceptível aos vírus da Hepatite B e C. Campanhas de vacinação e de educação em saúde, como o incentivo a equipamentos de proteção individual, podem diminuir o risco para esta população. 58 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-57 Título: Taxa de Resposta Virológica Sustentada em Pacientes com Hepatite C Crônica, Genótipo 1, Tratados com Inibidores de Protease de Primeira Geração na Amazônia Ocidental Autor(es): Cirley Maria de Oliveira Lobato, Alberto Pereira Firmino Filho, Everton Felipe do Vale Araújo, Melquior Brunno Mateus de Matos, Thayrine Medeiros Milhomem, Miguel Yasuo Tomita Nicacio Instituição: UFAC INTRODUÇÃO: Cerca de 170 milhões de pessoas no mundo são portadoras do vírus da hepatite C (VHC) cujo tratamento é a terapia antiviral, dentre os quais os Inibidores de Protease (IP) de primeira geração (Boceprevir e Telaprevir), associados ao Interferon Peguilado e Ribavirina. O objetivo do tratamento é alcançar uma Resposta Virológica Sustentada (RVS), definida como a carga viral indetectável 6 meses após o fim do tratamento. OBJETIVO: Avaliar a RVS nos pacientes com VHC crônico tratados com IP, em um serviço de referência na Amazônia Ocidental. METODOLOGIA: Estudo transversal, tendo como fonte de dados os prontuários médicos dos pacientes tratados durante o período de 2012 a 2015, cadastrados no Serviço de Assistência Especializada de Rio Branco. Os dados clínicos foram coletados antes do tratamento e ao final, e os exames laboratoriais no período pré tratamento, na 4º, 12º, 24º e 48º semana de tratamento, e 6 meses após o término. A análise de dados foi realizada pelo programa SPSS. RESULTADOS: Do total de 102 pacientes, 73 concluíram o tratamento. Destes, 56 (76,7%) eram do sexo masculino, com média de idade de 55 anos (DP ± 7,6), 65 (89%) utilizaram telaprevir e 8 (11%) boceprevir, Do total a RVS foi alcançada em 51 (75%) pacientes, 5 pacientes, que concluíram o tratamento com carga viral indetectável, foram excluídos desta análise por faltar informações após 6 meses do fim do tratamento. Nos pacientes que utilizaram telaprevir a RVS foi de 77%, e com boceprevir de 57,1%. Na análise por qui-quadrado, a RVS não estava relacionada com o valor das plaquetas/ml, TGO, Fosfatase Alcalina (FA), Gama GT (GGT) e METAVIR pré tratamento. E relacionada naqueles pacientes que na 4º, 12ª e 48ª semana tinham queda nos valores TGO, TGP, FA, GGT, Bilirrubina. As principais causas de desistência foram: VHC-RNA positivo na 12º semana, anemia severa, e rush cutâneo. DISCUSSÃO: Estes achados não diferem do encontrados na literatura, que mostra uma taxa de RVS em pacientes HCV genótipo 1 em uso IP de 70% a 80% . Em outros estudos a RVS mostrou-se equivalente entre a utilização de boceprevir e telaprevir, porém neste estudo houve uma discrepância, provavelmente, devido a pouca quantidade de pacientes que utilizaram boceprevir. Quanto aos efeitos adversos não foram diferente de outros estudos. Com relação aos fatores preditivos de RVS, como genótipo, presença de cirrose, esteatose e ao consumo de álcool, neste estudo não foi encontrado significância pelo qui-quadrado. Observou-se maior taxa de RVS naqueles pacientes que normalizaram as enzimas hepáticas, semelhante ao encontrado em outros estudos. CONCLUSÃO: Nesta população, apesar de não ter uma relação significativa com os valores laboratoriais pré-tratamento a RVS foi obtiva em mais de 70% dos pacientes. 59 Anais - Hepatologia do Milênio - 2016 P-58 Título: Frequency of the Hepatitis C and HTLV in the Baby Boomer Population in Bahia- Brazil: Preliminary Results AUTOR(es): Fernanda Anjos Bastos1; Bruno Silva Souza1; Juçara Magalhães Simões2,4; Robert Eduard Schaer2,3,4; Maurício de Souza Campos1,4; Juvenal E. Silva; Soraya Castro Trindade2,4; Robércia dos Anjos Pimentel2; Roberto Meyer2,3,8; Raymundo Paraná5,6; Songeli Menezes Freire2,3,7,8; Maria Isabel Schinoni6,9 INSTITUIÇÃO: 1 Faculdade de Medicina da Bahia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brazil 2 Laboratório de Imunologia e Biologia Molecular, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brazil 3 Departamento de Ciências de Biointeração, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brazil 4 Pós Graduação em Imunologia, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brazil 5 Departamento de Medicina e Suporte Diagnóstico, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brazil 6 Serviço de Gastrohepatologia, Hospital Universitário Professor Edgar Santos, Salvador, Brazil 7 Curso de odontologia, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, Brazil 8 Membro do INCT-DT/CNPq/MCT 9 Departamento de Biofunção, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brazil Introdução: As infecções pelo virus da hepatite C e HTLV são silenciosas, em sua maioria, levando a um diagnóstico tardio e complicações a isso relacionados. As frequências das infecções pelo VHC e HTLV, na Bahia, é de 1,7% e 1,5% em Salvador. Segundo o Center for Diseases Control and Prevent (CDC) mostrou maior prevalência do virus da hepatite C entre nascidos de 1945 a 1965, a geração “baby boom”, sendo que não hpz registros dessa descrição no Brasil. Objetivo: Estudar a prevalência da infecção pelo VHC e HTLV na população de baby boomer, na Bahia. Estudar as formas mais comuns de transmissão e sugerir estratégias para diagnóstico precoce. Método: Estudo de corte transversal. Foi feito um sorteio randomizado para inclusão dos 650 pacientes. Foram feitos teste rápido para hepatite C com kit Alere e o de HTLV por quimioiluminescência. Àqueles cujos testes foram positivos foram encaminhados para atendimento médico. Resultados: A média de idade foi de 50 anos, sendo a maioria mulheres (2:1). A frequência da hepatite C encontrada foi de 3,7%. 79% dos participantes incluídos eram da geração baby boom e 6,8% tinham feito uso de drogas ilícitas. Em relação às formas de transmissão 45,8% dos que tinham hepatite C relataram uso de drogas ilícitas. Entre elas as mais frequentes eram cocaína, crack e heroína. Foi feita a relação entre o uso de drogas ilícitas e a infecção da hepatite C cujo quiquadrado de Pearson foi de 65.754 Pearson, já em relação entre uso de drogas injetáveis e hepatite C obteve-se um quiquadrado de 136.346. Já em relação ao HTLV, a frequência encontrada foi de 1,7%, sendo que 36,4% referiram ter feito transfusão sanguínea antes de 1993. 18.2% dos infectados pelo HTLV tinham usado algum tipo de droga ilícita. A maioria dos participantes (69,1%) não conheciam as hepatites virais. 0,3% dos participantes apresentaram coinfecção VHC e HTLV. Conclusão: A prevalência de HTLV encontrada foi semelhante a de outros estudos, porém pelo VHC foi superior que a relatada. A infecção pelo VHC foi mais prevalente entre a geração “baby boomer”. E foi encontrada uma alta frequência do uso de drogas ilícitas. São necessários mais estudos para esta população. keywords: drugs transmission, hepatitis c, HTLV, baby boomer. 60