Tracoma DESCRIÇÃO DA DOENÇA O tracoma é uma afecção inflamatória ocular, uma ceratoconjuntivite crônica recidivante. Estimativas globais da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2009, revelam que existem em torno de 41 milhões de pessoas no mundo com tracoma ativo. Em decorrência de infecções repetidas, produz cicatrizes na conjuntiva palpebral superior, que podem levar à formação de entrópio (pálpebra com a margem virada para dentro do olho) e triquíase (cílios em posição defeituosa nas bordas da pálpebra, tocando o globo ocular). O atrito poderá ocasionar alterações da córnea, provocando graus variados de opacificação, que podem evoluir para a redução da acuidade visual, até a cegueira. O tracoma inicia-se, sob a forma de uma conjuntivite folicular, com hipertrofia papilar e infiltrado inflamatório difuso, que se estende por toda a conjuntiva, especialmente na tarsal superior. Nos casos mais brandos, os folículos podem regredir espontaneamente. Nos casos mais severos, eles crescem, evoluindo para necrose com formação de pequenos pontos cicatriciais na conjuntiva. SINAIS E SINTOMAS Ardor, prurido, sensação de corpo estranho, fotofobia, lacrimejamento e secreção ocular, especialmente na faixa etária de 1 a 10 anos de idade. Em muitos casos não se revelam sintomas. AGENTE ETIOLÓGICO Bactéria gram-negativa Chlamydia trachomatis, de vida intracelular obrigatória, dos sorotipos A, B, Ba e C. Existem outros sorotipos de C. trachomatis infectantes para o homem, porém estão associados a conjuntivites de inclusão, doenças sexualmente transmissíveis e pneumonia em recém-nascidos. RESERVATÓRIO O homem, com infecção ativa na conjuntiva ou outras mucosas. Crianças até 10 anos de idade, com infecção ativa, configuram o principal reservatório do agente etiológico, nas localidades onde o tracoma é endêmico. VETORES Alguns insetos, como a mosca doméstica (Musca domestica), e/ou a lambe-olhos (Hippelates sp e Liohippelates spp.), podem atuar como vetores mecânicos da bactéria. MODO DE TRANSMISSÃO Contato direto de pessoa a pessoa, ou indireto por meio de objetos contaminados (toalhas, lenços, fronhas etc). PERÍODO DE INCUBAÇÃO De 5 a 12 dias, após contato direto ou indireto. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE A transmissão ocorre enquanto houver lesões ativas nas conjuntivas, o que podem durar anos. SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADE A suscetibilidade é universal, sendo as crianças as mais suscetíveis, inclusive às reinfecções. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Controlar a ocorrência de tracoma, mediante a realização regular de busca ativa de casos e visita domiciliar dos contatos. Acompanhar os focos da doença, para verificar a tendência de expansão da infecção. Realizar o diagnóstico e tratar os casos com infecção ativa, adotando medidas de controle pertinentes. DEFINIÇÃO DE CASO Suspeito Indivíduos que apresentam história de“conjuntivite prolongada”, ou referem sintomatologia ocular de longa duração (ardor, prurido, sensação de corpo estranho, fotofobia, lacrimejamento e secreção ocular), especialmente na faixa etária de 1 a 10 anos de idade. Os comunicantes de casos confirmados de tracoma também devem ser considerados casos suspeitos. VACINAÇÃO Não existe vacinação para prevenir o tracoma. VIAJANTE Não existe necessidade de medidas de controle específicas. Andréia de Pádua Carelli Dantas: [email protected] Daniela Vaz Ferreira: [email protected] Maria de Fátima Costa Lopes: [email protected] Infecciosas e parasitária. Guía de bolso/ www.saude.gov.br/bvs/ pág. 371-376 http://portalsaude.saude.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=11043&Itemid=673