Conjunto Código 4º P52 Período Turma T A Data 28/09/06 Leia a crônica a seguir e responda as questões de interpretação e gramática. Atente para a organização das respostas, que devem ser claras e precisas. Não ultrapasse o limite indicado a cada questão, na última página. Rasuras não serão toleradas. AGORA HÁ UM VAZIO NA RUA Estávamos todos, aqui da vizinhança, acostumados a vê-lo, parado em frente à casa dos gatos. Eu o conhecia havia quatro anos. Quieto, acabrunhado, um farol arrebentado, a pintura que foi gelo adquirindo cor macilenta. Os pneus duraram algum tempo, murcharam, carecas. Os cromados cheios de pontos negros. Mas os vidros misteriosamente intactos. O Fusquinha acabou uma espécie de mascote. Tinha às vezes (juro que achei) um ar contentinho, quando contemplado com carinho. Quando algum policial novo passava pela redondeza, parava perplexo. Seria carro roubado, abandonado? Não era. Tinha dono. O Fusca era amigo. Há pontos que vão ficando familiares. Nos habituamos de tal modo que deixamos de vê-los. Nossos olhos circunvagam, detectam e prosseguem. Somente o inusitado, o estranho, o inesperado nos desperta. Passamos, sem ver, porque está ali, há um bom tempo. E então, semana passada, o Fusca desapareceu. Havia qualquer coisa estranha, diferente. O Fusca era um farol, terra à vista. Parecia que a rua inteira estava vazia. Deserta. Agora, ele se foi. Faz dias. Comentou-se muito. Dona Anna, a professora da escola, sempre na porta recebendo alunos. A Solange e o Rafael, a dona Cida, “seu” Godói, o zelador, Taeko, a japonesa da esquina que escreve minhas dívidas de leite e pão em belos ideogramas. Todos sentem. O quê? Saudades? Pode ser. Sidney, o dono, disse que fez negócio com um amigo que pagou com a reforma na casa dele. Afirmou que o motor do Fusca estava ótimo, a lataria é que andava lesada. Quem sabe, dia destes ele passe por aqui, reformado, o brilho da pintura reativado, e os gatos o reconheçam e saltem para seu capô, sentindo que, agora, há um pouco de calor, produzido pelo motor. Por enquanto, falta alguma coisa nesta rua. Adaptado de: BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Folha de São Paulo. 1. Para o narrador do texto, “O Fusca era amigo”. E para os policiais? Eles pensavam da mesma forma? Explique sua resposta. [1,0 ponto] 2. Releia o trecho abaixo, retirado da narrativa, e responda: o que significa a palavra “circunvagam”? [1,0 ponto] “Há pontos que vão ficando familiares. Nos habituamos de tal modo que deixamos de vê-los. Nossos olhos circunvagam, detectam e prosseguem. Somente o inusitado, o estranho, o inesperado nos desperta. Passamos, sem ver, porque está ali, há um bom tempo.” 3. Observe o trecho abaixo. Qual palavra está no diminutivo? Por que o autor o utilizou? “Tinha às vezes (juro que achei) um ar contentinho”? [1,0 ponto] 4. Explique por que as palavras Solange, Rafael, Cida, Godói e Taeko foram iniciadas por letra maiúscula. Em que classe gramatical elas podem ser classificadas? [1,0 ponto] 5. Leia as frases abaixo. Reescreva-as colocando as palavras destacadas no plural. Faça as alterações necessárias para garantir as regras gramaticais: [3,0 pontos] a) “Quieto, acabrunhado, um farol arrebentado, a pintura que foi gelo adquirindo cor macilenta.” (1,0) b) “Sidney, o dono, disse que fez negócio com um amigo que pagou com a reforma na casa dele.” (1,0) c) “Quantas vezes vi um cartão no pára-brisa? Aquele que diz: Se quer vender seu carro, entre em contato comigo?” (1,0) 6. Com base no 1º parágrafo, localize um substantivo: [2,0 pontos] a) coletivo (0,5) b) comum (0,5) c) masculino singular (0,5) d) feminino singular (0,5) 7. Compare os períodos A e B. O que aconteceu com a palavra em destaque? O significado é o mesmo? A classe gramatical é a mesma? Justifique sua resposta. [1,0 ponto] A. “Os pneus duraram algum tempo, murcharam, carecas.“ B. “Falei ontem com o careca da padaria.”