VITÓRIA, ES, DOMINGO, 05 DE MARÇO DE 2017 ATRIBUNA 27 Economia RODRIGO GAVINI/AT Terminais portuários vão destravar investimentos EWANDRO PETROCCHI disse que é necessário mão de obra especializada para lidar com a tecnologia da indústria INDÚSTRIA AUTOMOTIVA Contratação de técnicos, pintores e engenheiros ltamente especializada, a indústria automobilística requer profissionais em diversos ramos, mas as maiores chances são para quem se aperfeiçoa em tecnologia embarcada. Por outro lado, também não faltam oportunidades em profissões tradicionais nas áreas de solda, pintura, engenharia e no ramo técnico. O gerente do Senai Vitória, Ewandro Petrocchi, explicou essa tendência. “Os automóveis, independentemente se leves ou pesados, têm tecnologias altamente sofisticadas de eletrônica embarcada, que é a eletrônica que existe dentro dos veículos. É necessário mão de obra especializada para lidar com essa tecnologia.” No Senai Vitória, há dois cursos disponíveis, o Técnico em Mecânica de Manutenção Automotiva e o A curso de qualificação em Eletrônica Embarcada, este voltado para quem tem certa experiência e quer ampliar os conhecimentos. Por ser ampla, a cadeia produtiva do setor automobilístico permite a contratação de diversos tipos de profissionais, que atuam, por exemplo, na produção de vidros automotivos, de peças de capotaria e eletrônicas, além de motores. O presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Marcos Guerra, acredita que o crescimento das empresas já instaladas — Volare e Agrale —, com a retomada da economia e do consumo, vai permitir a criação de novos empregos. “Hoje, esse setor cria 7.223 empregos diretos em 1.592 empresas, que incluem das oficinas mecânicas até as duas grandes montado- ras do Estado. Esse número pode dobrar em pouco tempo com a volta da estabilização do consumo e graças a essas empresas. Mas, não temos de ficar de olho só nos empregos das montadoras, mas nas empresas que vão compor a cadeia de abastecimento dessas companhias”, disse Guerra. Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2015, compilados pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial do Espírito Santo (Ideies), dessas 1.592 empresas, a grande maioria — 1.487 — é de manutenção e reparação de veículos. Outras 53 são de fabricação de cabines, carrocerias e reboques, 36 de recondicionamento e recuperação de motores, 13 de fabricação de peças e acessórios para veículos, entre outras. ANTONIO COSME - 11/05/2015 DIVULGAÇÃO O QUE ELES DIZEM Para que a indústria automobilística se desenvolva no Espírito Santo, investimentos em infraestrutura portuária, que vão ajudar a escoar a produção, precisam ser concretizados. “Projetos privados ou Parcerias Público-Privadas (PPPs) reforçam o ambiente competitivo e parte dos empresários espera isso. É um fator de competitividade”, frisou o secretário de Desenvolvimento Econômico e Urbano de Linhares, Luiz Fernando Lorenzoni. O Norte é a região do Espírito Santo que concentra os investimentos da área automobilística até o momento: a Volare e a Agrale, já instaladas em São Mateus; a D2D, prometida para Jaguaré; e a Librelato, que deverá ir para Linhares. E alguns dos projetos portuários privados mais importantes do Estado estão prometidos para essa região, como o da Imetame (em Aracruz); o da Petrocity (em São Mateus) e o da MLog (em Linhares). Outra ação importante, que pode ajudar a deslanchar os investimentos no setor automobilístico, na opinião de Lorenzoni, é a duplicação da BR-101, que corta o Estado, um aporte privado de mais de R$ 1,8 bilhão. As obras da primeira etapa começaram em abril do ano passado. MARCELO ANDRADE - 01/07/2011 > 1919: a pri- meira linha de montagem do País foi inaugurada pela Ford, que passou a montar o Modelo T, o Ford “Bigode”, cujas peças chegavam em caixas de madeira. > 1925: a General Motors (GM) inaugura sua linha no Brasil. > 1950: a Volkswagen importa o primeiro Fusca para testar sua aceitação no Brasil. > 1 95 2: Getúlio Vargas proíbe a importação de autopeças com similar nacional. > 1956: foi criado o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (Geia), órgão do governo Kubitschek que estabeleceu normas para a criação da indústria automobilística brasileira. A fabricação local era um dos alicerces, até então as empresas só montavam aqui. > 1956: ganharam as ruas os primeiros carros de passeio fabricados no País: Romi-Isetta e DKW-Vemag Universal. Iniciam a produção no País a GM e a Mercedes-Benz. Um ano depois, foi a vez da Volkswagen. > 1959: é lançado o primeiro Fusca totalmente feito no Brasil. > 1978: é quebrada a marca de 1,6 milhão de veículos produzidos no ano. > 1993: a Vo lks wagen fabrica de novo o Fusca. > 2005: pela 1ª vez, a venda de veículos flex fuel supera a dos a gasolina, com 53,6%. > 2016: a indústria chega a 60 anos, com mais de 70 milhões de veículos comercializados. Fonte: Anfavea. NAVIOS: investimentos em portos “Setor dá fôlego para impulsionar a economia” O setor automotivo, em locais estratégicos no Estado, ainda vai crescer muito ” A indústria automotiva no Brasil desde a criação ANÁLISE SAGRILO “ Saiba mais Marcos Guerra, presidente da Findes Com a recuperação econômica, as empresas âncoras no Estado poderão atrair outras “ ” José Eduardo de Azevedo, secretário A cada emprego que surge em uma montadora, até 15 são criados nos fornecedores “ ” Durval de Freitas, presidente do Cdmec “A instalação de empresas da indústria automobilística traz a perspectiva de aumento e, principalmente, diversificação de atividades econômicas para a região. A cadeia produtiva dessa indústria é muito extensa. Sua produção cria demanda para a indústria de autopeças, que, por sua vez, estimula a siderurgia e metalurgia. A etapa do escoamento da produção gera demanda para o setor de serviços — vendas, divulgação, armazenamento, entre outros. Assim sendo, tem fôlego para impulsionar Arilda Teixeira, economista e professora doutora da Fucape a economia. Mas, para que esse potencial se confirme, é necessário haver condições estruturais e fiscais adequadas. As primeiras são espaço físico, infraestrutura capaz de atender as atividades que envolvem sua cadeia produtiva, capital humano e mercado consumidor. A segunda é a carga tributária não impeditiva à atividade, inclusive externa. O fisco precisa conter seu ímpeto de tributar para não matar o “animal spirit” dos agentes econômicos, que geram a sua receita”.