Página 7 Pecuária extensiva liberada de licenciamento ambiental Uma portaria da Fepam eximiu a criação de bovinos e ovinos de corte em sistema extensivo no Rio Grande do Sul da necessidade de obter licenciamento ambiental no órgão. Com isso, um dos principais entraves para frigoríficos obterem financiamentos no Estado é eliminado. A medida leva em conta o baixo impacto da pecuária no ambiente natural e a plena integração dos animais com os ecossistemas locais, comprovados durante séculos de prática da atividade em solo gaúcho. A portaria 48/2011 do órgão estadual, publicada em 25 de maio no Diário Oficial do Estado, reconhece que os produtores vêm “adotando práticas de sustentabilidade e responsabilidade ambiental, como recolhimento de embalagens de medicamentos, agrotóxicos e afins aos comerciantes/fabricantes, conforme as legislações que regulam a matéria para cada um desses insumos, bem como a disposição correta de lodo de banheiros carrapaticidas”. Também considera que “a atividade de bovinocultura/ovinocultura de corte, em sistema extensivo, está em um contexto onde as excretas animais fazem parte de um ciclo de nutrientes e elementos do solo, bem como contribui na dispersão de sementes e propágulos da vegetação nativa”. Embora o licenciamento Atividade está integrada ao ambiente natural e gera pouco impacto não viesse ocorrendo na prática, devido a dificuldades de operacionalizá-lo junto ao vasto universo de pecuaristas de todos os tamanhos, era uma exigência legal que poderia ser cobrada a qualquer momento. Além disso, a falta de licenciamento de produtores que fornecem gado para abate vinha impedindo frigoríficos de obter financiamentos junto a instituições financeiras, limitando modernização e novos investimentos da in- dústria, explica Fernando Adauto Souza, consultor da Farsul. Segundo ele, essa exigência de licenciamento de fornecedores era voltada principalmente para a região Norte do país, como forma de evitar o estímulo econômico a frigoríficos que comprassem gado de criações implantadas à base de novas áreas de desmatamento. No Rio Grande do Sul, no entanto, não existe associação entre a pecuária e desmatamentos, mesmo assim o licenciamento de produtores era cobrado para fins de empréstimos à indústria. Os sistemas de confinamento seguem precisando de licença ambiental. OIE declara fim de peste histórica A Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) realizou, de 22 a 27 de maio, em Paris, a sua 79ª assembleia anual. O encontro foi marcado pela declaração de erradicação da peste bovina - um dos males que levaram à criação da OIE, em 1924, e que ocasionou morte de animais em vários países -, discussão sobre o equilíbrio das forças que compõem o colegiado da organização e outros temas sanitários. Segundo a entidade, agora começa uma nova fase no trabalho de erradicação da peste. Embora o vírus não circule mais entre animais vivos, ainda está presente em laboratórios, por exemplo, para produção de vacinas. A FAO, organização mundial para agricultura e alimentação, e a OIE estão trabalhando para implementar recomendações técnicas de confinamento do vírus, para evitar liberação acidental ou mesmo deliberada do mesmo. “Nessa luta histórica contra um dos mais temíveis males a fazendeiros no mundo, a união da comunidade científica, de organizações regi- onais e nacionais, governantes e produtores foi crucial”, comentou William Taylor, presidente do comitê da OIE/FAO para erradicação da peste. De acordo com o veterinário Luiz Alberto Pitta Pinheiro, assessor técnico da Farsul, que participou do encontro na França juntamente com outros representante dos setores público e privado brasileiros, também foi discutida a representação dos países na instituição. Ele explica que a organização dos países africanos, que votam em bloco e somam mais delegados do que os americanos, resulta em excessiva força política para essas nações. A ideia é que os países das Américas também se organizem para votação em unidade. Isso é importante porque cada país tem o mesmo peso, e os votos dos delegados são determinantes na definição de normas, regulamentos e diretrizes sanitárias no mundo. Como o voto de nações de produção insignificante no contexto mundial vale o mesmo que o de gigantes da agricultura, existem algu- mas distorções na tomada de decisões, acredita Pitta Pinheiro. Outro assunto bastante debatido na reunião de Paris foi a carência de veterinários nos setores público e privado da maior parte das nações. Pesquisa realizada entre 108 países membros da OIE indicou que mais da metade deles possui taxas abaixo da mínima recomendada, que é de 35 veterinários por milhão de habitantes no setor público e de 100 veterinários por milhão de habitantes no setor privado.