UNIVERSIDADE VALE DO PARAÍBA INSTITUTO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOENGENHARIA FRANCISCA MIRIANE DE ARAÚJO BATISTA PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA NO MUNICÍPIO DE ALTOS - PIAUÍ São José dos Campos – SP 2013 FRANCISCA MIRIANE DE ARAÚJO BATISTA PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA NO MUNICÍPIO DE ALTOS - PIAUÍ Dissertação apresentada ao programa de PósGraduação em Bioengenharia, como exigência parcial para obtenção do Título de Mestre Engenharia Biomédica Orientadores: Profª. Drª. Josane Mittmann e Profª. Drª. Andreza Ribeiro Simioni São José dos Campos – SP 2013 Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, por processos foto copiadores ou transmissão eletrônica, desde que citada a fonte. Assinatura do aluno: Data: FRANCISCA MIRIANE DE ARAÚJO BATISTA PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA NO MUNICÍPIO DE ALTOS - PIAUÍ Dissertação de Mestrado aprovada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Biomédica do Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia, do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP, São José dos Campos, SP, pela seguinte banca examinadora: Presidente: Prof. Dr. Paulo Roxo Barja (UNIVAP) Orientadora: Profª. Dra. Josane Mittmann (UNIVAP) 4º Membro: Profª. Dra. Andreza Ribeiro Simioni (UNIVAP) Membro Externo: Prof. Dr. Claudemis de Carvalho (FAPI) Profª. Dra. Sandra Maria Fonseca da Costa. Diretora do IP&D – UNIVAP. São José dos Campos, 08 de maio de 2013. “Ao meu marido Fabrício, pela paciência, companheirismo e por acreditar no meu potencial. A minha família, pais, avôs e irmãos que sempre foram as minhas fontes de entusiasmo” Dedico. AGRADECIMENTOS Escolher os agradecimentos de um trabalho acadêmico como a dissertação torna-se uma tarefa muito difícil, pois mesmo sendo individual esse trabalho, existem nos bastidores pessoas que passaram e que de alguma forma ajudaram na produção dessa dissertação, seja com as críticas e sugestões sobre o trabalho ou até mesmo com conforto emocional. Por essa razão, quero expressar os meus sinceros agradecimentos: Às professoras Dra. Josane Mittmann e Dra. Andreza Ribeiro Simioni, pela disponibilidade, boa vontade, incentivo, compromisso, empenho, sugestões e críticas relevantes feitas durante a orientação. Muito obrigada! A meu marido Fabrício, por aceitar minha ausência todos os meses que tive que ir à São Paulo assistir as aulas e pelo seu amor incondicional. Amo você! A minha família por acreditar no meu potencial. Em especial, a meu pai Fabiano Pereira da Silva que sempre me apoiou em todos os meus projetos e sempre vibrou pelo meu sucesso. Aos amigos, que sempre me apoiaram, dos quais destaco, Etielle Andrade e Indira que me ajudaram e incentivaram a conquistar mais esta etapa. À Faculdade CHRISFAPI - Piauí que me incentivou financeiramente e concordou com a minha ausência todos os meses para que eu viesse a me capacitar. Aos meus colegas de Mestrado, principalmente Layana Pacheco, Maria Helena, Priscilla, Marcus e Eliel que se tornaram grandes amigos. Por fim, agradeço a todos que estiveram ao meu lado. PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA NO MUNICÍPIO DE ALTOS - PIAUÍ Resumo O Brasil está entre os países com o maior número de casos de leishmaniose no mundo, acometendo todas as regiões brasileiras, com destaque para as regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste. Dentre os estados do Nordeste, o Piauí é o que apresenta maior incidência de infecção dessa enfermidade, devido aos limitados recursos investidos em diagnóstico, tratamento e controle. Além disso, essa doença está diretamente associada à pobreza, e o Estado ainda apresenta parte representativa da população nessa condição social. Em relação às leishmanioses diagnosticadas no Estado do Piauí, o município de Altos se configura como um dos que apresentam as maiores taxa de incidências da doença, o que justifica a realização de trabalhos que levantem dados sobre a situação epidemiológica da doença no município. Assim, o presente trabalho tem como objetivo descrever o perfil epidemiológico da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) no município de Altos no Estado do Piauí no período de 2007 a 2011, fornecendo dados sobre a ocorrência, frequência e distribuição dos casos notificados. A pesquisa foi realizada a partir de dados epidemiológicos coletados no Sistema de Informações de Agravos de Notificações – SINAN/DATASUS e na Vigilância Epidemiológico e Ambiental do Estado do Piauí. Foram notificados durante o período de estudo 150 casos de LTA, com coeficiente de incidência crescente entre os anos de 2007 a 2010 e uma pequena redução em 2011. O maior número de casos foi observado entre indivíduos com idade produtiva entre 20 e 59 anos, distribuídos homogeneamente entre as regiões urbana e rural. Não foi constatada diferença significativa em relação ao gênero, apesar de se observar um número maior de casos entre os homens nos anos de 2007 e 2011. O principal método para o diagnóstico da LTA foi o clínico-epidemiológico (84%) e maioria dos casos evoluíram para cura (67,3%), sem nenhuma notificação de óbito nesse período. Os dados evidenciam a importância das medidas de controle e/ou prevenção às quais devem ser incorporadas aos hábitos dos moradores locais e priorizadas pela Secretária de Saúde do Estado para diminuir a elevada incidência da doença no município. Palavras-chave: Leishmaniose Tegumentar Americana; Epidemiologia; Saúde Pública. EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF AMERICAN CUTANEOUS LEISHMANIASIS IN THE MUNICIPALITY OF ALTOS – PIAUÍ Abstract Brazil is among the countries with the highest number of cases of leishmaniasis in the world. Leishmaniasis is mainly found in the North, Midwest, and Northeast regions of Brazil. Among the northeastern states, the Piauí has the highest infection rate of this disease, due to limited resources invested in diagnosis, treatment, and control, and it is directly associated with poverty. For leishmaniasis diagnosed in the state of Piauí, the city of Altos has one of the greatest incidence of the disease, which justifies the collection of data on the epidemiological situation of the disease in the city. Thus, this work aims to describe the epidemiology of American cutaneous leishmaniasis (ACL) in the municipality Altos, PI, between 2007-2011, providing data on the occurrence, frequency, and distribution of reported cases. The survey was conducted from epidemiological data collected from the Disease Information Notification System (SINAN / DATASUL) and the Epidemiology and Environmental Surveillance of Piaui State. A total of 150 cases of cutaneous leishmaniasis was reported, with an increase in incidence between the years 2007 to 2010 and a slight decrease in 2011. The largest number of cases was observed among individuals in the productive age between 20 and 59 years, and evenly distributed between urban and rural regions. There was no significant difference in relation to sex, despite observing a larger number of cases among men in the years of 2007 and 2011. The main diagnosis method of ACL was clinical-epidemiological (84%) and most cases were cured (67.3%), without any death notification in this period. The data show the importance of control measures and / or prevention which should be incorporated in the habits of the population and prioritized by the state health secretary to decrease the high incidence of the disease in the city. Key-words: Cutaneous Leishmaniasis Epidemiology, Public Health. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Diferentes estágios do ciclo evolutivos do gênero Leishmania ............................. 17 Figura 2 - Fêmea de flebotomíneo engurgitada...................................................................... 19 Figura 3 - Ciclo biológico do Leishmania, protozoário causador das leishmanioses. ........... 20 Figura 4 - Casos de leishmaniose tegumentar americana e visceral no Piauí entre 1994-2003 ................................................................................................................................................. 22 Figura 5 - Localização do Município de Altos no Estado do Piauí, evidenciando sua localização na mesorregião do Centro-Norte Piauiense. ......................................................... 23 Figura 6 - Limites Geográficos do Município de Altos, Estado do Piauí .............................. 24 Figura 7 - Estratificação dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana por municípios no estado do Piauí, de 2007-2011............................................................................................ 26 Figura 8 - Coeficiente de incidência de LTA no período de 2007-2011 no município de Altos, Piauí. ........................................................................................................................................ 27 Figura 9 - Casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no município de Altos-PI no ano de 2007 .................................................................................................................................... 38 Figura 10 - Casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no município de Altos-PI no ano de 2008 .................................................................................................................................... 39 Figura 11 - Casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no município de Altos-PI no ano de 2009. ................................................................................................................................... 39 Figura 12 - Casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no município de Altos-PI no ano de 2010. ................................................................................................................................... 40 Figura 13 - Casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no município de Altos-PI no ano de 2011. ................................................................................................................................... 40 Figura 14 - Forma clínica da LTA no período de 2007-2011 no município de Altos, Piauí . ................................................................................................................................................. 41 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Principais agentes etiológicos, forma clínica, vetor e reservatório da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA). ............................................................................................... 18 Tabela 2 - Coeficiente de Incidência de Leishmaniose Tegumentar Americana no período de 2007-2011 no município de Altos, Piauí. ................................................................................ 27 Tabela 3 - Casos confirmados de LTA por sexo segundo ano de notificação 2007-2011 no município de Altos, Piauí. ....................................................................................................... 28 Tabela 4 - Casos confirmados de LTA por zona segundo ano de notificação 2007-2011 no município de Altos, Piauí. ....................................................................................................... 29 Tabela 5 - Casos confirmados de Leishmaniose Tegumentar Americana por faixa etária segundo ano de notificação 2007-2011 no município de Altos, Piauí. ................................... 31 Tabela 6 - Distribuição mensal, média e desvio padrão (dp) dos casos confirmados de Leishmaniose Tegumentar Americana no período de 2007-2011 no município de Altos, Piauí. ................................................................................................................................................. 32 Tabela 7 - Distribuição dos casos confirmados de Leishmaniose Tegumentar Americana no período de 2007-2011 no município de Altos, Piauí. .............................................................. 34 Tabela 8 - Critérios de confirmação de LTA no período de 2007-2011 no município de Altos, Piauí. ........................................................................................................................................ 35 Tabela 9 - Exames de confirmação de LTA no período de 2007-2011 no município de Altos, Piauí. ........................................................................................................................................ 35 Tabela 10 - Distribuição de Casos Positivos segundo Localidade na Zona Urbana de Residência do Paciente. ........................................................................................................... 36 Tabela 11 - Distribuição de Casos Positivos segundo Localidade na Zona Rural de Residência do Paciente. ........................................................................................................... 37 Tabela 12 - Desfecho dos casos de LTA no período de 2007-2011 no município de Altos, Piauí. ........................................................................................................................................ 42 LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS ATP - Adenosinas Trifosfatos CNES - Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde DNA – Ácido Desoxirribonucleico GTP - Guanosina Trifosfato HUT - Hospital de Urgência de Teresina IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDRM - Intradermorreação de Montenegro IDTNP - Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela LC - Leishmaniose Cutânea LCM - Leishmaniose Cutâneomucosa LM - Leishmaniose Mucosa LTA - Leishmaniose Tegumentar Americana LVA - Leishmaniose Visceral Americana OMS - Organização Mundial da Saúde PS – Posto de Saúde RIFI - Reação da Imunofluorescência Indireta SIM - Sistema de Mortalidade SINAN - Sistema de Informações de Agravos de Notificações WHO – Organização Mundial de Saúde SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13 1.1 MOTIVAÇÃO .............................................................................................................. 13 1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 14 1.2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 14 1.2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 14 2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 15 2.1 LEISHMANÍASES ....................................................................................................... 15 2.2 LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA ................................................... 16 2.3 ETIOLOGIA ................................................................................................................. 17 2.4 FLEBOTOMÍNEOS E HOSPEDEIROS RESERVATÓRIOS .................................... 18 2.5 CICLO BIOLÓGICO ................................................................................................... 20 2.6 DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E CONTROLE .................................................... 21 2.7 EPIDEMIOLOGIA DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR NO PIAUÍ................... 22 3 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................. 23 3.1 CARACTERÍSTICA DA PESQUISA ......................................................................... 23 3.2 CENÁRIO DE ESTUDO.............................................................................................. 23 3.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO ....................................................................................... 24 3.4 COLETA DE DADOS.................................................................................................. 24 3.5 TRATAMENTO DOS DADOS ................................................................................... 25 3.6.1 Análise estatística ................................................................................................ 25 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 26 4.1 COEFICIENTE DE INCIDÊNCIA .............................................................................. 26 4.2 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA LTA NO MUNICÍPIO DE ALTOS ..................... 28 4.3 DISTRIBUIÇÕES DE OCORRÊNCIAS MENSAIS DOS CASOS NO MUNICÍPIO DE ALTOS ......................................................................................................................... 31 4.4 UNIDADE NOTIFICADORA NO MUNICÍPIO DE ALTOS .................................... 33 4.5 DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS SEGUNDO CRITÉRIO E EXAME DE CONFIRMAÇÃO DA LTA NO MUNICÍPIO DE ALTOS .............................................. 34 4.6 DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS SEGUNDO LOCALIDADE E ANÁLISE ESPACIAL ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ 36 4.7 TAXA DE LETALIDADE PARA LTA NO MUNICÍPIO DE ALTOS ..................... 40 4.8 FORMA CLÍNICA DA LTA NO MUNICÍPIO E DESFECHO DOS CASOS........... 41 5 CONCLUSÃO..................................................................................................................... 43 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 44 ANEXO A: SINAN ............................................................................................................... 51 ANEXO B: BANCO DE DADOS PLUVIOMÉTRICOS ...................................................... 54 13 1 INTRODUÇÃO 1.1 MOTIVAÇÃO Este estudo foi motivado pela alta incidência das leishmanioses, considerada como uma doença de grande impacto na saúde pública, em todo mundo (ALVAR et al., 2012; PITTNER et al., 2009). Apesar disso, ainda existem grandes lacunas no conhecimento sobre a epidemiologia desta endemia, como em relação a frequência, distribuição espacial, perfil epidemiológico, populações de mosquito e identificação de vetores envolvidos na transmissão. A vigilância em saúde é a responsável por detectar qualquer risco que possa interferir na saúde do ser humano, seja individual ou coletivo, procurando notificar doenças que causem maior impacto no processo de vida humana e que apresentem uma alta incidência de morbimortalidade, maior capacidade de disseminação, surtos, epidemias, dentre outros fatores (BRASIL, 2010). Tanto a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) quanto a Leishmaniose Visceral Americana (LVA) devem ser registradas, de acordo com as normas do Sistema de Informações de Agravos de Notificações (SINAN), para que possa ser realizada a investigação epidemiológica (BRASIL, 2002). A investigação epidemiológica deve ser realizada logo após a notificação, objetivando saber como se deu a transmissão, qual a fonte de infecção, quais os fatores determinantes, os tipos de agentes biológicos envolvidos no processo, determinar o período de transmissibilidade, fatores de risco, entre outros, que busquem o controle ou a erradicação de um evento qualquer que possa causar um surto ou epidemia em uma população (BRASIL, 2002). Neste cenário, a identificação pode contribuir como um indicador da intensidade da transmissão em áreas endêmicas, associada com a distribuição e abundância, permitindo estabelecer medidas mais efetivas para o controle dos vetores. Estudos epidemiológicos da doença, nas últimas décadas, têm sugerido mudança em seu comportamento. Considerada inicialmente como antropozoonose de animais silvestres que acometia ocasionalmente pessoas em contato com florestas em zonas rurais desmatadas, atualmente passando a ocorrer em regiões urbanas e periurbanas (HEUSSER JUNIOR, 2010; NEVES et al., 2011). Além disso, é considerada pela Organização Mundial da Saúde (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2012) como uma das cinco doenças infecto-parasitárias endêmicas de maior relevância (DESJEUX, 2004; GUERRA et al., 2007; SILVA et al., 2008; MOTTA; MIRANDA, 2011). No Brasil é encontrada a maior prevalência de todo o continente 14 Americano, destacando-se as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste como regiões endêmicas (SILVA et al., 2007; SAMPAIO et al., 2009; MOTA; MIRANDA, 2011). Em um levantamento bibliográfico realizado foi verificado que no Nordeste, especificamente no estado do Piauí, vários trabalhos já foram desenvolvidos com intuito de notificar casos de leishmaniose e identificar as espécies de flebotomíneos. No entanto, não foram suficientes para definir um perfil epidemiológico dos municípios que compõem o estado, devido aos problemas relacionados às questões ambientais e sociais, incluindo o desflorestamento, urbanização e de leituras dos bancos de dados epidemiológicos (COSTA; PEREIRA; ARAÚJO, 1990; VEXENAT et al., 1994; ANDRADE FILHO, 2001; WERNECK et al., 2008; SILVA et al., 2007). A realização desse trabalho no município de Altos, estado do Piauí, justifica-se por apresentar o segundo maior índice da doença no estado, perdendo apenas para a capital Teresina, necessitando, portanto, de trabalhos que avaliem principalmente o perfil epidemiológico da doença no município. Diante desses fatos, a pesquisa servirá de apoio a outros trabalhos, além de enfatiza medidas de intervenção em saúde. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo geral Descrever o perfil epidemiológico da Leishmaniose Tegumentar Americana no município Altos – PI, no período de 2007 a 2011. 1.2.2 Objetivos específicos • Determinar a ocorrência, a frequência e a distribuição espacial dos casos de leishmaniose a partir de dados notificados; • Identificar a distribuição dos casos segundo características da doença, dos serviços de notificação e do diagnóstico; • Fornecer subsídio para a elaboração de estratégias de controle da doença; 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 LEISHMANIOSES As leishmanioses são zoonoses causadas por protozoários digenéticos da ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae, gênero Leishmania (ROSS, 1903). Nas Américas, são transmitidas entre os animais e o homem pela picada das fêmeas de diversas espécies de flebotomíneos (Diptera, Psychodidae, Phlebotominae) pertencentes ao gênero Lutzomyia (SHAW et al., 1987; MARZOCHI, 1992; YOUNG; DUNCAN, 1994). Compreendem um espectro de doenças distribuídas mundialmente em regiões tropicais e subtropicais, com alta capacidade do protozoário de se adaptar a diferentes ecossistemas do inseto e de infectar diferentes espécies de mamíferos (WHO, 2000; ROUGERON et al., 2010). Apresentam-se sob duas formas clínicas distintas: a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), que acomete pele e mucosas, e a Leishmaniose Visceral Americana (LVA), que causa comprometimento de órgãos internos, especialmente o fígado e o baço. A importância das leishmanioses reside não somente na sua alta incidência e ampla distribuição geográfica, mas também na possibilidade de assumir formas graves, com altas taxas de mortalidade nos casos não tratados de LVA e alta morbidade nos casos de LTA, que podem causar desde infecções inaparentes, oligossintomáticas, até lesões destrutivas e desfigurantes, constituindo-se em um importante problema de saúde pública (GONTIJO; CARVALHO, 2003; MARZOCHI, 1992). A estimativa de infecção é de 12 milhões de casos por ano, com uma incidência de 11,5 milhão de casos para leishmaniose cutânea e 500 mil para a forma visceral (WHO, 2002; PICADO et al., 2010; RAMAN et al., 2012). O Brasil está entre os países com o maior número dessa doença, acontecendo principalmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste. Dentre os estados do Nordeste, o Piauí apresenta maior incidência da infecção diagnosticada, principalmente por ser uma doença classificada como negligenciada, devido aos limitados recursos investidos em diagnóstico, tratamento e controle, e estar diretamente associada com a pobreza (ANDRADE FILHO; SILVA; FALCÃO, 2001; GONÇALVES, 2010; NUNES et al., 2010). 16 2.2 LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA É uma afecção dermatológica que continua sendo endêmica em várias regiões do mundo. No Brasil já foram reconhecidas sete espécies dermotrópicas que causam a doença, sendo uma do subgênero Leishmania e seis do subgênero Viannia, dos quais as principais são L. (Leishmania) amazonensis, L. (Viannia) brazilieses, e L.(Viannia) guyanensis (GONTIJO; CARVALHO, 2003; BRASIL, 2009). A LTA tem diferentes características epidemiológicos, diversificando de acordo com o ambiente biogeográfico em que prevalece a infecção, ocorrendo principalmente em áreas florestais desmatadas, urbanizadas, locais em que houve a adaptação do vetor às modificações do meio, em áreas rurais e urbanas. Dessa forma o homem participa de uma variedade de fatores que predispõem a sua exposição ao parasito, por estar cada vez mais presente fora dos focos naturais de seus limites geográficos (MAYWALD et al., 1996; GOMES; NEVES, 1998). Apresenta-se sob diferentes formas clínicas: cutânea, mucosa ou mucocutânea, nas quais os sinais clínicos vão depender da espécie do parasita (BRASIL, 2009). As lesões cutâneas geralmente são associadas à picada do mosquito. Após um período determinado de incubação, a doença pode manifestar os sintomas depois de um trauma local, ativando assim uma infecção latente, acometendo principalmente as palmas das mãos, planta dos pés e couro cabeludo. A lesão inicial na pele pode medir alguns milímetros, aparecendo ulcerações, com fundo granulotematoso e bordas infiltradas em moldura, mas também podem aparecer lesões disseminadas, verrucosas ou nodulares e sem dor (PERU, 2000; MEJÍA; RESTREPO; TORO, 2008; BRASIL, 2009). Podem ser as lesões cutâneas de forma localizada, aparecendo lesões únicas ou múltiplas no mesmo local da picada do mosquito, geralmente causada pela espécie L. (V.) braziliensis; disseminada, que surge por propagação na corrente sanguínea do hospedeiro, com lesões distantes do local da picada e distribuídas em várias partes do corpo, sendo ocasionada principalmente por L. (V.) guyanensis; e difusa, mais difícil de acontecer, sendo considerada forma grave da leishmaniose cutânea (LC), é mais comum em pacientes que não desenvolvem resposta imunológica ao antígeno da Leishmania (CIMERMAN; CIMERMAN, 2008). Uma pequena parte dos indivíduos que apresentam a LC desenvolvem a leishmaniose mucosa (LM) ou cutâneomucosa (LCM). Muitas vezes LM ou LCM se desenvolve devido a um tratamento mal sucedido ou mesmo após anos da cura da LC inicial, ocasionando assim a forma severa da doença, que geralmente atinge os tecidos das vias aéreas superiores, 17 principalmente à mucosa nasal e oral, causando danos consideráveis (BRASIL, 2009; GONZÁLEZ et al., 2009; DINIZ; COSTA; GONÇALVES, 2011). Os sinais mais observados nas mucosas afetadas são lesões infiltradas, ulcero-crostosas, perfuração septo nasal, ulcero destrutivas, em sua forma crônica leva à mutilação e severas deformidades (MOTA; MIRANDA, 2011). As principais formas que a LM apresenta são: tardia, que podem aparecer depois de meses ou anos da lesão de pele, geralmente acomete a via oro-respiratória; de origem indeterminada, em que as lesões na via oro-respiratória surgem isoladas, não se detectando nenhuma forma de LC prévia; primária, onde a picada do mosquito pode, eventualmente, ser na mucosa dos lábios ou genitais, originando a lesão; concomitante, na qual ocorre a lesão cutânea ativa ao mesmo tempo que a lesão mucosa, que ocorre quando há disseminação direta da lesão cutânea para outras partes do corpo, perto de orifícios corporais, principalmente para regiões aerodigestivas (BRASIL, 2009; MOTA; MIRANDA, 2011). 2.3 ETIOLOGIA Os agentes etiológicos da leishmaniose no Brasil, segundo o Ministério da Saúde (2006), são protozoários tripanosomatídeos do gênero Leishmania, parasita intracelular obrigatório das células do sistema fagocítico mononuclear, com uma forma flagelada ou promastigota (Figura 1A), encontrada no tubo digestivo do inseto vetor e outra aflagelada ou amastigota (Figura 1B) nos tecidos dos vertebrados. Figura 1 - Diferentes estágios do ciclo evolutivos do gênero Leishmania. A - Forma Promastígota; B - Forma Amastigota. Fonte: Brasail (2006). As principais espécies de Leishmania pertencem a dois subgêneros: Viannia e Leishmania. No Brasil, várias espécies comumente isoladas em pacientes com LTA (Tab. 1) 18 são responsáveis pela transmissão dessa doença; no entanto, a espécie usualmente presente é a L. (V.) braziliensis, esta sendo mais conhecida por ser o agente etiológico causador da “úlcera de Bauru”, “nariz de tapir” ou “ferida brava” (CALDAS et al., 2001; BASANO; CAMARGO, 2004), seguida da L. (L.) Amazonensis que também é amplamente distribuído em áreas endêmicas, e mais escassa a L. (V.) guyanensis (RIBEIRO, 2009). Tabela 1 - Principais agentes etiológicos e forma clínica. Agente Etiológico L. (V.) guyanensis L. (L.) amazonensis L. (V.) braziliensis L. (V.) lainsoni Forma Clínica Cutânea Cutânea Cutânea, cutâneomucosa Cutânea L. (V.) shawi Cutânea L. (V.) naiffi L. (V.) lindenbergi Cutânea Cutânea Fonte: Alvar et al. (2012). 2.4 FLEBOTOMÍNEOS E HOSPEDEIROS RESERVATÓRIOS Os flebotomíneos transmissores da leishmaniose são mosquitos fêmeas pertencentes a ordem Diptera, Família Psychodidae, Sub-Família Phlebotominae e gênero Lutzomyia. No Brasil existem mais de 200 espécies de vetores da doença em humanos, as principais transmissoras da LTA são Lutzomyia whitmani, Lu. intermedia, Lu. wellcomei, Lu. umbratilis, Lu. anduzei, Lu. flaviscutellata, Lu. olmeca, dentre outras, e a principal responsável pela LVA é a espécies Lu. longipalpis (GONTIJO; CARVALHO, 2003; BASANO; CAMARGO, 2004; SILVA et al., 2007; MAIA-ELKHOURY et al., 2008). São insetos pequenos, de coloração clara, corpo coberto de pelos, voos com pequenos saltos e pousos com asas entreabertas (Figura 2), e que na fase adulta tem a capacidade de se adaptar a diferentes climas, tendo um tempo de vida médio de 20 dias. Dentre as suas denominações as mais conhecidas são mosquito palha, tatuquiras, cangalhinha e asa dura (BRASIL, 2009). Mudanças climáticas como a chuva e temperatura são fatores propícios para a reprodução desses seres, já que há uma interligação entre o aumento de flebotomíneos e a 19 humidade e incidência de chuvas, que favorecem o desenvolvimento da vegetação e o acúmulo de matéria orgânica no solo contribuindo para o surgimento de novos criadouros. O sangue é o alimento essencial para o mosquito fêmea, pois este possui uma proteína que favorece o desenvolvimento de seus ovos. A procura desse nutriente frequentemente acontece ao amanhecer e ao entardecer, sua mordida ocasiona uma pápula cor-de-rosa envolta por uma superfície eritematosa de 10-20 mm de diâmetro (SHARMA; SINGH, 2008). Figura 2 - Fêmea de flebotomíneo Fonte: Brasil (2007). Os hospedeiros das diferentes espécies de Leishmania podem ser invertebrados e vertebrados; estes últimos incluem vários mamíferos: roedores, canídeos, marsupiais, até mesmo o homem que e considerado um reservatório acidental. O cão (Canis familiaris), por exemplo, é considerado o reservatório doméstico que mais participa da cadeia de transmissão da infecção tanto na LVA quanto na LTA (NEVES, 2005). Entre os animais silvestres, o roedor da espécie Proechimys sp., a raposa Cerdocyon thous, os marsupiais Metachirus sp. e Didelphis sp., dentre outros, são os principais reservatórios da L. (L.) amazonensis (BASANO; CAMARGO, 2004; PITTNER et al., 2009). 20 2.5 CICLO BIOLÓGICO O protozoário Leishmania apresenta duas fases evolutivas em seu ciclo biológico: a promastigota e a amastigota. Esta é encontrada no sistema mononuclear fagocitário (SMF) do hospedeiro, e aquela é encontrada no trato digestório do flebotomíno, podendo estar livre ou aderida a parede intestinal. Quando a fêmea hematófoga pica um organismo que esteja infectado, ingere os macrófagos que estão parasitados pelas amastigotas, as quais sofrem divisão binária e se transformam em formas promastigotas, que se multiplicam e migram para o aparelho bucal do inseto, prontas para transmitir a infecção (REY, 2008). Ao picar uma pessoa, o flebotomíneo libera com sua saliva as formas promastigotas flageladas, que são fagocitadas pelos macrófagos, e em seu interior diferenciam-se em amastigotas, que não possuem flagelo, mas uma única organela com seu DNA, em seguida multiplicam e após a morte do macrófago são liberadas podendo infectar outros macrófagos livres (Figura 3). O tempo em que as amastigotas vão se disseminar no corpo vai depender da espécie de Leishmania (NEVES, 2005; HABIF, 2012). Figura 3 - Ciclo biológico do Leishmania, protozoário causador das leishmanioses. Fonte: Pereira (2009) O estágio de propagação do parasita no corpo pode demorar de meses a anos, sem que os sintomas e sinais aparentes da infecção se manifestem, o que vai depender da susceptibilidade do hospedeiro e de seu estado imunológico. Quando os macrófagos infectados se localizam na pele desenvolve-se a LC, na disseminação para os órgãos a LVA, 21 podendo atingir ainda as mucosas LM ou as regiões mucocutâneas na qual desenvolve a LCM (SHARMA; SINGH, 2008). 2.6 DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E CONTROLE O diagnóstico pode ser clínico e epidemiológico, associado a resultados de exames laboratoriais (BRASIL, 2011). Os exames mais realizados na LTA são a Intradermorreação de Montenegro (IDRM) que indica a hipersensibilidade tardia aos parasitas da Leishmania, Reação da Imunofluorescência Indireta (RIFI), que geralmente é positivo na forma cutânea difusa e mucosa disseminada (SAMPAIO et al., 2009) e o Parasitológico, que possibilita encontrar o parasita no corpo do hospedeiro, sendo o exame mais confiável (LOPES, 2006; BRASIL, 2010). Os tratamentos mais empregados desde 1945 até os dias atuais são os que fazem uso de antimoniais, entre os quais o mais utilizado é o antimonial pentavalente, disponibilizado sob duas formas: antimoniato de N-metilglucamina e o estibogluconato de sódio. Ambos têm resultados semelhantes nas formas clínicas da LTA, a eficácia equivalente é explicada pelo fato de serem da mesma classe farmacológica e apresentarem mecanismos de ação e farmacocinética semelhantes, sendo o primeiro distribuído pelo programa de controle da LTA do Ministério da Saúde do Brasil (BRASIL, 2007; LIMA et al., 2007). Os antimoniais pentavalente (Sb5+) agem no organismo interferindo na estrutura do macrófago infectado com amastigotas de Leishmania, interrompendo o processo metabólico do ciclo do acido cítrico e da glicólise, o que leva a uma diminuição ou até mesmo inibição das adenosinas trifosfatos (ATP) e guanosina trifosfato (GTP), provocando a morte das amastigotas (BRASIL, 2007; LIMA et al., 2007). Quando não há resposta ao tratamento outros medicamentos são utilizados, como os antibióticos pentamidinas e anfotericina B, de ação leishmanicida, geralmente de segunda escolha (LIMA et al., 2007; ALMEIDA; SANTOS, 2011). Essas drogas são tóxicas, e muitas vezes, causam reações adversas graves levando, em algumas ocasiões, a interrupção do tratamento. O insucesso do tratamento na maioria das vezes está relacionado à resistência do parasita às drogas, ao uso irregular e à distância dos indivíduos que moram bastante afastados dos serviços de saúde (RODRIGUES et al., 2006). O controle da LTA deve ser abordado de maneira abrangente, incluindo ações como: vigilância epidemiológica, medidas de atuação na cadeia de transmissão, medidas educativas, 22 medidas administrativas e vacinas. São apontadas alternativas que passam pela estruturação dos serviços de saúde, com respeito ao diagnóstico, no desenvolvimento de drogas de aplicação tópica ou por via oral. Com relação ao perfil de transmissão peri-urbano, além das medidas antivetoriais e de um eficiente sistema de vigilância epidemiológica, a redução da transmissão está intimamente relacionada com a melhoria das condições de vida da população (OLIVEIRA, 2011). 2.7 EPIDEMIOLOGIA DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR NO PIAUÍ Com base na análise epidemiológica da doença no Piauí, pode-se perceber que o Estado notificou 152 casos de LTA no ano de 2003, com incidência de 5,2 casos/100 mil hab. (Figura 4). Em 2005, o Piauí notificou 248 casos de LTA, com coeficiente de detecção de 8,3 casos por 100 mil hab. e percentual de cura clínica de 63,7%, destacando-se os municípios de Teresina, Pedro II e Altos, com 54,4% do total de casos do estado. Em 2009, o Estado notificou 104 casos de LTA, com coeficiente de detecção de 3,3 casos por 100 mil hab., destacando-se novamente os municípios de Altos e Teresina com 51% do total de casos do estado. Figura 4 - Casos de leishmaniose tegumentar americana e visceral no Piauí entre 1994-2003. Fonte: SVS/MS O gênero masculino representou 60,6% dos casos e 95,2% eram maiores de 10 anos. O percentual de cura clínica foi de 67,3% e 42,3% foram confirmados por critério laboratorial (BRASIL, 2005; 2007; 2009; 2011). 23 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 CARACTERÍSTICA DA PESQUISA Trata-se de uma pesquisa retrospectiva, com abordagem descritiva e quantitativa, realizada através de dados epidemiológicos de problema em saúde pública no município de Altos, no estado do Piauí, no período de 2007 a 2011. As pesquisas quantitativo-descritivas se delimitam em investigações de busca de dados relevantes que tem como finalidade análise de dados, fenômenos, variáveis, dentre outros. Podem ser realizadas técnicas formais que se aproximam de estudos experimentais, caracterizados pela obtenção de dados estatísticos, com o objetivo de averiguar as hipóteses (LAKATOS; MARCONI, 2010). 3.2 CENÁRIO DO ESTUDO O município de Altos está localizado na região norte de estado do Piauí, na mesorregião do Centro-Norte Piauiense (Figura 5), compreende uma área de 958 km2 e tem como limites os municípios de José de Freitas e Campo Maior a norte, ao sul Pau D`arco, a leste Coivaras, e a oeste Teresina (Figura 6). Figura 5 - Localização do Município de Altos no Estado do Piauí, evidenciando sua localização na mesorregião do Centro-Norte Piauiense. 24 Figura 6 - Limites Geográficos do Município de Altos, Estado do Piauí. O município foi criado pelo Decreto-Lei nº 52 de 29 de março de 1938 e está localizado entre as coordenadas geográficas 05º02’17” de latitude sul e 42º27’36” de longitude oeste, e dista cerca de 37 km da capital do estado Teresina. A população total é de 38.822 habitantes com uma densidade demográfica de 40,5 hab/km2, onde cerca de 71,6% das pessoas estão na zona urbana (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA, 2010). Situada a 180 m acima do nível do mar, possui clima tropical quente, com baixas amplitudes térmicas, variando de 20ºC a 30ºC. A precipitação pluviométrica média anual é definida no Regime Equatorial Marítimo, com isoietas anuais entre 800 a 1.600 mm, cerca de 5 a 6 meses como os mais chuvosos e período restante do ano de estação seca. Os meses de fevereiro, março e abril correspondem ao trimestre mais úmido da região (AGUIAR, 2004). 3.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO Foram incluídos no estudo 150 casos de pacientes residentes no município de Altos, registrados e notificados nas Unidades Básicas de Saúde ou Unidades de Referência para o atendimento de casos, após confirmação laboratorial, com ou sem localização precisa do local 25 de infecção, no período de 2007 a 2011. Foram excluídos aqueles cuja suspeita não foi confirmada por testes laboratoriais. 3.4 COLETA DE DADOS Os dados foram colhidos na base de dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificações – SINAN/DATASUS e na Vigilância Epidemiológico e Ambiental do Estado do Piauí. Em seguida foi feita uma investigação epidemiológica contemplando (TELES, 2011): • Descrição do perfil epidemiológico - sexo, idade, localidade, raça, escolaridade, zona, frequência anual de casos, recursos utilizado para diagnóstico (critério de confirmação e exames realizados) e tratamento (desfecho); • Cálculos dos indicadores epidemiológicos - coeficiente de incidência de LTA, coeficiente de prevalência, proporção de casos com cura clínica e taxa de letalidade, média. Após, foi feito um georreferenciamento das áreas com casos confirmados de LTA utilizando mapas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para análise espacial das áreas urbanas, periurbanas e rurais do município de Altos. Por fim, foi feito um levantamento em consultas à base de dados do IBGE buscando: área geográfica, população e distribuição. Os dados das variáveis ambientais tais como chuvas foram obtidos na base de dados da Secretária do Meio Ambiente do Estado do Piauí. 3.5 TRATAMENTO DOS DADOS Para os cálculos estatísticos e compilação de gráficos, todos os casos foram organizados em planilhas eletrônicas para que se procedesse à análise, a determinação do perfil epidemiológico e a identificação de eventuais problemas que necessitem ser tratados nas ações de vigilância epidemiológica. Os dados foram estatisticamente analisados para estimativas de risco. Áreas com frequência de casos confirmados identificados foram referenciadas para análise geoestatística (geoprocessamento). 26 3.5.1 Análise estatística Nas análises univariadas foi aplicado o Teste Qui-Quadrado (χ²) de aderência e para análise bivariada foi aplicado o Teste Qui-Quadrado (χ²) de independência para verificar associação entre as variáveis; os dados foram distribuídos em tabelas de contingência de dupla entrada; para amostras com população conhecida, foi utilizado o Teste Qui-Quadrado (χ²) de tendência. Considerando sempre um nível de significância de p < 0,05. O processamento dos dados e a análise estatística foram realizados através do programa SSPS®, versão 18.0. 27 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO No que se refere a estudos da situação de LTA no estado do Piauí, percebe-se que pouco tem se realizado. A maioria dos estudos (COSTA; PEREIRA; ARAÚJO, 1990; VENEXAT, 1994; SILVA et al., 2007; WERNECK et al., 2008; RODRIGUES, 2008; SILVA, 2009; GOUVÊA, 2011; SOARES et al., 2011) enfatizam principalmente dados sobre a LVA. Em pesquisa realizada na base do DATASUS entre os anos de 2007 e 2011, foi possível observar que no estado do Piauí foram notificados e confirmados 779 casos de LTA. Destes, 672 dos casos confirmados de LTA eram residentes no estado. Os municípios com os maiores números de casos de LTA nesse período (2007 a 2011) foram: Teresina (27%), Altos (21,8%) e Pedro II (3,8%), todas essas cidades localizadas na região centro-norte do Estado (Figura 7). Figura 7 - Estratificação dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana por municípios no estado do Piauí, de 2007-2011. 4.1 COEFICIENTE DE INCIDÊNCIA Os números de ocorrências de LTA no município de Altos no período de 2007 a 2011 totalizaram 150 casos confirmados e residentes no local. Deste total, 144 (96%) 28 corresponderam a novos casos, três (2%) equivaleram às recidivas e três (2%) aos casos ignorados. A incidência da leishmaniose no período estudado se comportou conforme o que se observa na Tabela 2 e Figura 8. Evidencia-se a alça epidêmica da leishmaniose no município de Altos, com correlação positiva até o ano de 2010, em que se observa pico de incidência (100,5/100.000 habitantes). Ressaltando que, segundo os parâmetros de classificação de áreas de transmissão de LTA, coeficientes maiores ou iguais a 71,0/100.000 habitantes são classificados como “muito alto” para o risco de transmissão do agravo (BRASIL, 2010). Tabela 2 - Coeficiente de Incidência de Leishmaniose Tegumentar Americana no período de 2007-2011 no município de Altos, Piauí. Ano Nº casos População Coef. Incidência 2007 2008 2009 2010 2011 21 28 32 39 30 38.328 39.430 39.735 38.822 39.030 54,8 71,0 80,5 100,5 76,9 χ2 de tendência A = 28,38 e p = 0,099. Figura 8 - Coeficiente de incidência de LTA no período de 2007-2011 no município de Altos, Piauí. Coeficiente (por 100.000 habitantes) 120 100 80 60 40 20 0 2007 2008 2009 2010 2011 Ano Ao observar esses dados, percebe-se que os índices no município seguem o mesmo padrão observado para o Estado, com pico epidêmico no ano de 2010, havendo a necessidade, portanto, de se avaliar uma série histórica maior, com o intuito de se confirmar o mesmo 29 comportamento cíclico nos coeficientes de detecção da população. Além disso, análises mostram também que o coeficiente segue uma tendência nacional, apresentando flutuações cíclicas em intervalos regulares (BRASIL, 2007). O Brasil é o país com maior número de casos de LTA da América do Sul. Desde os anos 1980, tem havido um aumento no número de casos registrados de 4.560 casos em 1980 para 35.748 em 1995, com surtos frequentes. No período de 1988 a 2009, o país apresentou média anual de 27.093 casos registrados e coeficiente médio de detecção de 16,0 casos por 100 mil habitantes, observando uma tendência ao crescimento da endemia, registrando os coeficientes mais elevados nos anos de 1994 e de 1995, quando atingiram níveis de 22,83 a 22,94 casos por 100.000 habitantes, respectivamente (BRASIL, 2011; ALVAR et al., 2012). Analisando ainda, o número de casos e a população residente no município de Teresina e Altos no quinquênio do estudo, constata-se que a incidência da doença em Teresina é aproximadamente 01(um) caso para cada 4.523,5 habitantes, no município de Altos a incidência é de aproximadamente 01(um) caso para cada 258,8 habitantes. Isso mostra que o município de Altos tem maior risco para a doença, necessitando de atenção maior do estado e da Saúde Municipal para esta doença. 4.2 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA LTA NO MUNICÍPIO DE ALTOS Com relação ao gênero, as populações masculina e feminina do município de Altos não tiveram diferença significativa em relação ao número total de casos, esse dado foi comprovado pelo Test “t” pareado com média de 15 ± 6 para gênero feminino e 15 ± 3 para masculino (p = 0,90), não havendo associação significativa no período do estudo (p = 0,162) (Tab. 3). Tabela 3 - Casos confirmados de LTA por sexo segundo ano de notificação 2007-2011 no município de Altos, Piauí. Ano 2007 2008 2009 2010 2011 N 08 17 17 22 10 Feminino (%) 10,9 22,9 22,9 29,8 13,5 N 13 11 15 17 20 Masculino (%) 17,2 14,4 19,8 22,3 26,3 χ2 independência = 6,55 e p = 0,162 (associação não significativa); #χ2 aderência 30 Comparando a incidência por sexo com dados do Estado obtido no DATASUS/MS, percebe que a média é de 55 ± 16 por ano para sexo feminino e 78 ± 16 por ano para sexo masculino, evidenciando diferença por sexo no Estado, com índices maiores no sexo masculino. Estudos já realizados por outros pesquisadores, dentre os quais pode-se mencionar Barros et al. (1985), confirmam esses dados. Neste trabalho realizado no Espirito Santo, os autores observaram o acometimento da LTA indiferenciado quanto ao sexo, constatando que nas localidades estudadas a leishmaniose, não se reveste de características puramente profissionais, ou seja, na divisão do trabalho entre homens e mulheres do campo principalmente. Lima et al. (1988) corroboram o trabalho feito por Barros et al. (1985) ao afirmarem que as pessoas são atingidas pela enfermidade, independentemente de gênero, ocupação ou tipo de habitação, bastando apenas, estarem expostas ao ambiente do vetor. Já Guerra et al. (2007) e Oliveira (2011), enfatizam em seus trabalhos que a maior frequência de LTA ocorre no sexo masculino, essa ocorrência está intimamente ligado a fato desses estarem mais presentes em locais extradomiciliares realizando atividades laborais, principalmente no hábitat natural do vetor. O que poderia justificar a ocorrência do percentual maior nesse sexo no município de Altos nos anos de 2007 e 2010. Acredita-se também, que a percentagem de mulheres atingidas no município se deve ao fato delas estarem expostas às regiões agrícolas, ajudado seus maridos no aumento da renda familiar, inseridas nas atividades de produção econômica. O percentual de casos de LTA apresentou uma distribuição semelhante entre a zona urbana e rural, com 53,3%, dos casos relacionados na área urbana e um valor de 46,7% dos casos na zona rural (Tab. 4), não havendo associação significativa no período do estudo (p = 0,344). No entanto, no ano de 2007 houve uma diferença no percentual de casos em relação à zona urbana. Tabela 4 - Casos confirmados de LTA por zona segundo ano de notificação 2007-2011 no município de Altos, Piauí. 2007 N % 2008 N % 2009 N % 2010 N % 2011 N % Total N % Urbano 15 71,4 14 50,0 18 56,3 17 43,6 16 53,3 80 53,3 Rural 06 28,6 14 50,0 14 43,8 22 56,4 14 46,7 70 46,7 Zona χ2 = 4,48 e p = 0,344 (associação não significativa). 31 De acordo com dados do censo 2010 do IBGE, 71,6% da população do município vive na zona urbana e a 28,33% na zona rural. Calculando o coeficiente de prevalência da doença pela população de cada zona, percebe-se que a taxa de prevalência é de 0,28 para cada 100 hab. na zona urbana e de 0,63 para cada 100 hab. da zona rural. Analisando os dados de LTA pode se perceber no aspecto epidemiológico da leishmaniose que a taxa de prevalência é maior na zona rural do município, sendo, portanto a leishmaniose cutânea uma zoonose de animais selvagens, sendo transmitida acidentalmente ao homem quando este adentra nas florestas para exploração, extração de madeira, abertura de estradas e mineração, o que se justifica essa equivalência de zona no estudo para LTA. Segundo Basano e Camargo (2004), os principais fatores responsáveis pelos números de casos na zona urbana são os processo migratório, as precariedades em saneamento básico, a baixa condição socioeconômica, o desmatamento desenfreado para construção de assentamentos, estradas, fábricas, o crescimento da agropecuária, entre outros, destruindo e invadindo o hábitat natural do flebotomíneo vetor transmissor da Leishmaniose. De acordo com Werneck et al. (2008), o Piauí foi o primeiro Estado a apresentar um surto epidêmico em meio urbano no Brasil na década de 80, tendo vários determinantes favoráveis para esse acontecimento, como períodos recorrentes de seca, o que levou a movimentação de pessoas com seus animais domésticos já infectados para áreas sem transmissão. Outro fator foi a ocupação de locais recém-desflorestados, ficando-se assim, em contato com o ambiente de reprodução do vetor causador da doença e com reservatórios selvagens portadores do parasita. A Tabela 5 mostra a distribuição dos casos de LTA de acordo com a faixa etária. Os dados mostram que indivíduos de todas as faixas etárias são acometidos, entretanto, como na média do país, o predomínio é em maiores de 10 anos (BRASIL, 2010).Houve no estudo uma prevalência da doença na fase adulta entre os 20 aos 39 anos (n = 64). Silveira et al. (1996) e Lima et al. (2002) corrobora com os dados registrados nos quais a maior incidência de LTA foram registrados entre os anos de 1993 a 1998 entre a faixa etária de 20 a 39 anos, ambos no estado do Paraná. No entanto, a pesquisa chama atenção o acometimento da faixa etária menor que 9 anos e maior que 60 anos, o que sugere que poderá haver mudança no padrão epidemiológico da doença no município. Ao analisar os dados, pode-se observar que no estado do Piauí, também há uma maior prevalência na fase adulta entre os 20 aos 59 anos. Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2007), isso acontece porque indivíduos nessa faixa etária estão na fase produtiva, o que identifica o encontro ocupacional diante dos trabalhos relacionados ao desmatamento, entrada 32 em áreas florestais, em atividades militares, na lavoura, principalmente de subsistência, ficando assim, com maior frequência em contato com o vetor transmissor da espécie causadora dessa patologia. Este fato também foi constatado em estudos realizados em Brasília (NANE et al., 2001), no Paraná (TEODORO et al., 2003) e em Pernambuco (ANDRADE et al., 2012). Tabela 5 - Casos confirmados de Leishmaniose Tegumentar Americana por faixa etária segundo ano de notificação 2007-2011 no município de Altos, Piauí. Faixa etária (anos) ≤9 10-19 20-39 40-59 ≥ 60 2007 2008 2009 2010 2011 Total N % N % N % N % N % N % 01 02 10 06 02 4,8 9,5 47,6 28,6 9,5 01 08 08 07 04 3,6 28,5 28,5 25,0 14,4 01 04 14 08 05 3,2 12,5 43,6 25,0 15,7 01 04 20 08 06 2,6 10,3 51,3 20,5 15,3 01 01 12 09 07 3,3 3,3 40,0 30,0 23,4 05 19 64 38 24 3,3 12,7 42,7 25,3 16,0 χ2 = 12,70 e p=0,695 (associação não significativa). Quanto à distribuição de casos por etnia da LTA no município verifica-se que a ocorrência de notificações é maior na cor parda (80%). De acordo os dados demográficos da população residente por cor, a região Nordeste, apresenta em sua maioria uma população parda, com 61,5%, seguida da cor branca com 29,5% (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA, 2007), o que justifica o percentual mais elevado. Em relação à distribuição dos casos notificados de LTA, segundo escolaridade e ano de registro, percebe-se uma concentração de casos da doença entre os indivíduos com escolaridade de 1º a 4 º série do ensino fundamental (completa e incompleta) com 58% casos. Na pesquisa da ocupação dos pacientes do município de Altos, observou-se que na ficha de investigação (em anexo) correspondente a LTA, quando notificada não se responde o campo de ocupação, assim não é reconhecida pelo sistema de informação. Isso pode ser decorrente das inconsistências no momento da notificação e ao desconhecimento dos códigos pelos registradores que acabam não tendo a preocupação de denominar a ocupação dos pacientes de uma forma que o sistema o reconheça (OLIVEIRA, 2011). 4.3 DISTRIBUIÇÕES DE OCORRÊNCIAS MENSAIS DOS CASOS NO MUNICÍPIO DE ALTOS Na distribuição de ocorrência mensal durante o quinquênio do estudo (Tab. 6), observou-se uma frequência média maior de casos registrados nos meses de fevereiro a maio. 33 De acordo com as informações da Secretária de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMAR) do estado do Piauí os maiores picos pluviométricos do município de Altos acontecem no período de fevereiro a maio, justificado com o período de maior número de casos notificados no estudo (planilha de dados pluviométricos fornecida pelo SEMAR em anexo). Tabela 6 - Distribuição mensal, média e desvio padrão (dp) dos casos confirmados de Leishmaniose Tegumentar Americana no período de 2007-2011 no município de Altos, Piauí. Meses Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Total 2007 02 03 03 04 03 00 01 00 02 01 00 02 21 2008 03 02 06 01 03 02 02 02 06 01 00 28 2009 02 02 03 02 08 03 04 02 03 01 01 01 32 2010 01 06 06 06 07 03 00 00 04 01 04 01 39 2011 03 05 04 06 01 00 02 00 01 01 05 02 30 Total 08 19 18 24 20 09 09 04 12 10 11 06 150 Média (dp) 2,0 ± 0,8 3,8 ± 1,6 3,6 ± 1,5 4,8 ± 1,8 4,0 ± 3,3 1,8 ± 1,6 1,8 ± 1,5 0,8 ± 1,1 2,4 ± 1,1 2,0 ± 2,2 2,2 ± 2,2 1,2 ± 0,8 - Fonte: DATASUS/MS Em um trabalho realizado por Silva et al. (2007), analisando a infecção natural de Lu. longipalpis por Leishmania sp. em Teresina, os autores observaram distribuição mensal e as médias mensais de temperatura, umidade relativa do ar e precipitação pluviométrica, constatando que não há evidência de correlação linear entre esses fatores e a proporção de insetos infectados. O maior percentual de positividade de flebotomíneos ocorreu exatamente quatro meses após a maior média de precipitação pluviométrica. Por tanto, os resultados obtidos no município de Altos são discordantes do trabalho feito por Silva et al. (2007) que se observa o maior número de casos notificados exatamente no período de maior índices pluviométricos. No entanto, Deane (1958), no Ceará, apresentou dados que com os mesmos resultados desse estudo, observando que o mês de maior incidência da doença, ocorreu nos meses de maior pluviometria, levando-o a sugerir que as chuvas favorecem a proliferação do vetor e esta, por sua vez, a maior transmissão da doença. Alguns estudos mostram que os elevados casos de leishmaniose registrados no Estado se dão principalmente por este local ter as condições climáticas favoráveis para o 34 desenvolvimento do vetor que abriga o protozoário causador dessa infecção (SILVA et al., 2007; SOARES et al., 2011). As mudanças ambientais, sócio-demográfica, ação do homem sobre o meio em que vive, dentre outras modificações que vêm ocorrendo ao longo do tempo são causas que contribuem para o aumento e a evolução dos agentes infecciosos que se adaptam e resistem a diferentes diversificações que podem ocasionar um surto epidêmico difícil de ser controlado. Outros fatores prevalentes são a pobreza, a desnutrição, vírus da imunodeficiência humana e a ocupação não planejada em áreas urbanas (CALDAS et al., 2001; MONTEIRO et al., 2005; XIMENES et al., 2007; BARBOSA et al., 2008; SILVA et al., 2012). 4.4 UNIDADE NOTIFICADORA NO MUNICÍPIO DE ALTOS Quanto à rede de saúde existente no município, no ano corrente, há 20 unidades com registro no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Destas, 95% são públicas, com maior prevalência de unidades básica e posto de saúdes destinadas a abrigar as equipes responsáveis pelas ações de saúde no município. Com relação à Atenção Básica, o município conta atualmente com 13 Equipes de Saúde da Família (ESF), um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), um Hospital, um Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e um Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) modalidade I, o que perfaz 99,49% de cobertura populacional. A tabela 7 demonstra a distribuição dos casos de LTA segundo unidade notificadora. É possível observar que as notificações dos casos de LTA se concentram na unidade de saúde (PS) da localidade Bacurizeiro que são responsáveis por 18,6% dos casos notificados durante o período de 2007 a 2011, sendo que a mesma se localiza na zona urbana do município. Além disso, foi possível observar que 13 casos notificados de LTA de pacientes residente em Altos foram feitos em Teresina (n = 12) e Luzilândia (n = 1), estas notificações foram feitas pelo Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela (IDTNP), Hospital de Urgência de Teresina (HUT) e PS Bairro Coroa. Isso demostra a precariedade da atenção prestada pelo município no diagnóstico preciso da doença. 35 Tabela 7 - Distribuição dos casos confirmados de Leishmaniose Tegumentar Americana no período de 20072011 no município de Altos, Piauí. Unidade de notificação IDTNP CS Altos HUT PS Bacurizeio PS Boca de Barro PS São Luís PS Boa Fé PS Prata PS Bom Gosto PS Barrinha PS Bom Passar PS São José PS Estrela Norte PS Traqueira PS Quilombo PS Maravilha PS Bairro Coroa Total geral 2007 5 2 5 1 4 1 2 1 - Ano de notificação 2008 2009 2010 2 1 3 3 1 4 8 4 2 1 3 3 2 4 2 2 1 4 2 2 1 9 3 1 2 1 1 3 2 1 2 5 4 1 2 2 2 1 1 1 - 21 28 33 38 2011 3 4 7 1 3 2 2 2 2 2 1 1 30 Total 11 12 1 28 7 14 6 13 13 8 2 8 13 7 3 3 1 150 Fonte: DATASUS/MS 4.5 DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS SEGUNDO CRITÉRIO E EXAME DE CONFIRMAÇÃO DA LTA NO MUNICÍPIO DE ALTOS De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2011), as informações clínicas e epidemiológicas são de fundamental importância para se associar aos exames de confirmação. O diagnóstico precoce da lesão é essencial para que a resposta terapêutica seja mais efetiva e sejam evitadas as sequelas deformantes e/ou funcionais (MOTA; MIRANDA, 2011). A identificação da espécie é um informe preciso no critério epidemiológico, utilizada para elaborar medidas de controle desse agravo. Os índices de confirmação da LTA no município foram maiores para o diagnóstico clínico-epidemiológico (Tab. 8), com diferença de 124 (84%) do laboratorial (16%). Isso se deve a facilidade da notificação na atenção básica, visto que o critério no clínicoepidemiológico não compromete a confiabilidade dos resultados da doença. 36 Tabela 8 - Critérios de confirmação de LTA no período de 2007-2011 no município de Altos, Piauí. 2007 Critério de avaliação ClínicoEpidemiológico Laboratorial 2008 2009 2010 2011 Total N % N % N % N % n % N % 10 46,7 26 92,9 30 93,8 34 87,2 26 86,7 126 84,0 11 53,4 02 7,1 02 6,3 05 12,8 04 13,3 24 16,0 χ2 = 25,03 e p < 0,001 (associação significativa). Fonte: DATASUS/MS O método de exame de confirmação utilizado para o diagnóstico dos casos suspeitos apresentou mudança no decorrer dos cinco anos. Em 2007 a predominância maior foi do exame parasitológico (69,6%) em relação ao exame de Intradermorreação de Montenegro (IRM) (30,4%). A partir do ano de 2008, o município teve a uma menor participação na detecção de casos suspeitos de LTA, o que se observa uma redução do número de exame para confirmação (Tab. 9). Tabela 9 - Exames de confirmação de LTA no período de 2007-2011 no município de Altos, Piauí. 2007 Exame de 2008 2009 2010 2011 Total confirmação N % N % N % N % N % N % Parasitológico 16 69,6 00 0,0 01 25,0 01 25,0 02 33,3 20 51,3 IDRM 07 30,4 02 100 02 50,0 03 75,0 03 50,0 17 43,6 Histopatológico 00 0,0 00 0,0 01 25,0 00 0,0 01 16,7 02 5,1 Fonte: DATASUS/MS As normativas do Ministério da Saúde indicam que o diagnóstico de certeza da doença é o laboratorial, porque as lesões, em sua maioria, aparecem com diferentes características que tornam difícil sua confirmação. É necessário encontrar o protozoário nos tecidos ou fluidos corporais do hospedeiro que pode ser através: de um esfregaço direto do raspado da borda da lesão; exame histopatológico ou isolamento em cultura (BRASIL, 2010). O exame parasitológico é o método mais específico no diagnóstico laboratorial da leishmaniose. Este consiste na pesquisa de parasitas nos tecidos ou órgãos supostamente infectados, o exame oferece maior sensibilidade para apoio diagnóstico, pois torna possível a visualização de formas amastigotas do parasita, o que proporciona maior segurança para conclusão diagnóstica dos casos (BRASIL, 2006; BOTELHO; NATAL, 2009). 4.6 DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS SEGUNDO LOCALIDADE E ANÁLISE ESPACIAL 37 Os casos de LTA no município foram relatados para diversas localidades, distribuídos de forma dispersa em todo o município. Na zona urbana as localidades com registros de casos em todo o quinquênio do estudo foram os bairros Centro e Ciana. Na análise absoluta do número de casos observa-se que o maior índice foi na localidade Bacurizeiro (Tab. 10). Enquanto que na zona rural as localidades com registros de casos em todo o quinquênio apresentaram distribuição homogênea. Na análise absoluta do número de casos, observa que os maiores índices na localidade Prata e Bom Gosto. Tabela 10 - Distribuição de Casos Positivos segundo Localidade na Zona Urbana de Residência do Paciente. Localidade Alfredo rosa Bacurizeiro Baixão dos Paivas Batalhão Boa Fé Boca de barro Centro Ciana Cícero Paiva DNER Dom Pedro II José Olindo Maravilha Mutirão Santa Inês Santa Luzia Santo Antônio São José São Luís Tinguis Tranqueira Carrasco 2007 3 1 1 2 1 1 1 4 - Ano de notificação 2008 2009 2010 1 1 5 1 1 2 1 2 2 4 1 2 1 2 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 Fonte: DATASUS/MS 2011 2 1 2 2 3 2 1 Total 1 11 1 2 2 6 10 10 1 2 1 1 4 1 4 1 1 2 8 1 2 1 38 Tabela 11 - Distribuição de Casos Positivos segundo Localidade na Zona Rural de Residência do Paciente. (continua) Localidade Ano de notificação Total 2007 2008 2009 2010 2011 Anajás - - - - 1 1 Araçá - - 2 - - 2 Assentamento São Bento - - - 1 - 1 Baixa Bonita - 1 - - - 1 Baixinha - - - 1 - 1 Barrinha - 2 - - - 2 Belém - 1 - - - 1 Boa Fé - - 1 - - 1 Boca de Barro - - 1 - - 1 Bom Gosto 1 - - 3 1 5 Bom Passar - - 1 - - 1 Brejinho - - 1 - - 1 Brejo - - - - 1 1 Carrasco - - 1 - - 1 Chapada - - - - 1 1 Coité - 1 - - - 1 Espinheiro - 1 - 1 - 2 Estrela do Norte - 1 3 - - 4 Flor de Campo - - 1 - 1 2 Formosa - - - 1 - 1 Guaribas - - 1 - - 1 Jatobá - 1 - - - 1 Montanhas - - - 1 1 2 Novo São Bento - - - 1 - 1 Poço de Pedra - - - 2 - 2 Poço dos Negros - - 1 - 1 2 Prata 3 3 - - - 6 Quadro Buritis - - 1 - - 1 Quilombo - 1 - 1 - 2 Retiro - 1 - 1 - 2 Sambaibal - 1 - - - 1 Santa Irene - - - - 2 2 39 Tabela 11 - Distribuição de Casos Positivos segundo Localidade na Zona Rural de Residência do Paciente. (continuação) Localidade Ano de notificação Total 2007 2008 2009 2010 2011 Santa Luz - - 1 - - 1 Santa Maria - - - - 1 1 Santa Rita - - - 2 1 3 São Bento - - - 1 - 1 São João - - - 2 - 2 Sete Buritis - - - - 1 1 Taboca 1 - - 1 1 3 Tês Irmãos - - - - 1 1 Tinguis 1 - - - 1 2 Tranqueira - - - - 2 2 Vista Alegre - - - 1 - 1 Zundão 1 - 2 1 - 4 Fonte: DATASUS/MS A distribuição dos casos tanto na zona urbana quanto na zona rural é mostrada abaixo de acordo com o ano de investigação. Na análise espacial dos casos por ano do quinquênio, observa-se que no ano de 2007 os casos se concentraram na zona urbana na área nordeste e sudeste da área urbana do município, inclusive apresentando bairro com mais de três casos. Já na zona rural os casos focalizam-se na região norte da área rural (Figura 9). Figura 9 - Casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no município de Altos-PI no ano de 2007. 40 No ano de 2008 (Figura 10) observa-se uma maior distribuição dos casos, de modo que na zona urbana os casos foram registrados nas regiões nordeste, sudeste e sudoeste. Na zona rural, além das localidades da região norte, observa o aparecimento de casos também na região sul da área rural. Figura 10 - Casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no município de Altos-PI no ano de 2008. No ano de 2009 (Figura 11) observa-se a intensificação dos casos com aparecimento de áreas com mais de quatro casos, principalmente nas localidades próximo ao centro urbano, e acometimento das mesmas áreas dos anos de 2007 e 2008. Figura 11 - Casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no município de Altos-PI no ano de 2009. 41 No ano de 2010 e 2011 (Figura 12 e 13) observam-se o aparecimento de casos em diversas localidades, distribuídos de forma pulverizada em todo o município tanto na área urbana como na rural, No entanto no ano de 2010 constata-se o pico endêmico de casos, podendo sugerir que isso se deve a menor participação em medidas preventivas. Figura 12 - Casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no município de Altos-PI no ano de 2010. Figura 13 - Casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no município de Altos-PI no ano de 2011. 42 4.7 TAXA DE LETALIDADE PARA LTA NO MUNICÍPIO DE ALTOS Na série histórica do município, a taxa de mortalidade foi nula, o que se enquadra na recomendação do Ministério da Saúde, de que não haja óbitos ou que se alcancem taxas menores de 5% ao ano (BRASIL, 2006). Na pesquisa da taxa de letalidade para Estado do Piauí no mesmo período, observa-se apenas um caso, mas por outra causa, indicando alcance da taxa recomendada pelo MS tanto pelo Estado como pelo município. Segundo Brasil (2006), todo óbito por leishmaniose deve ser investigado para saber as suas causas determinantes, a busca e monitoramento podem ser realizados através de notificações no SINAN, no Sistema de Mortalidade (SIM), registros comunicados informalmente nos serviços ou localidades. Depois da coleta de dados, os profissionais envolvidos devem examinar os casos, procurando medidas que corrijam as falhas e com isso, diminuam a letalidade dessa infecção. 4.8 FORMA CLÍNICA DA LTA NO MUNICÍPIO E DESFECHO DOS CASOS A forma clínica mais prevalente da LTA no Estado do Piauí foi à forma cutânea com um percentual de 91% dos casos. Analisando os dados do município, observa-se que este segue a mesma tendência, apresentando a forma cutânea como predominante, e um percentual bastante elevado na série histórica, com aumento principalmente no ano de 2010 (Figura 14). Figura 14 - Forma clínica da LTA no período de 2007-2011 no município de Altos, Piauí. Fonte: DATASUS/MS 43 Os resultados encontrados estão de acordo com os obtidos por outros autores nos Estados do Maranhão, Bahia, São Paulo e Pernambuco, que observa a maior ocorrência da forma cutânea dos casos (COSTA et al., 1998; REY, 2008; BRANDÃO-FILHO, 2001). Diniz, Costa e Gonçalvez (2011) afirmam que a forma clínica prevalente na maioria dos casos é a cutânea, seguida de uma pequena porcentagem da forma mucosa. De acordo Mejía, Restrepo e Toro (2008), a Leishmaniose Mucosa pode aparecer depois de vários anos após a cutânea, ou então, ocorrer enquanto a lesão primária da pele ainda está ativa e por extensão direta, a partir da epiderme e mucosa adjacente, quando a transmissão do parasita acontece em um local perto de alguma mucosa, sendo de difícil tratamento e prognóstico. Estima-se que de 3 a 5% dos casos de LC desenvolvam lesão mucosa, geralmente, surge após a cura clínica da LC, com início insidioso e pouca sintomatologia. Na maioria dos casos, a LM resulta de LC de evolução crônica e curada sem tratamento ou com tratamento inadequado (MOTA; MIRANDA, 2011). Portanto, permite-se afirmar que o diagnóstico precoce de LTA é de fundamental importância para a determinação dessas lesões, para se evitar cicatrizações desfigurantes e/ou mutilantes, possibilitando tratamento adequado e reduzindo as chances de prejuízos estéticos ou funcionais. No Estado do Piauí, dos 672 casos notificados no mesmo período da pesquisa 425 evoluíram para cura clínica. No município de Altos, dos 150 casos notificados, 101 tiveram cura, a proporção de casos com cura clínica foi de 67,3 % o que mostra valor bastante relevante para desfecho da doença (Tab. 10). Tabela 12 - Desfecho dos casos de LTA no período de 2007-2011 no município de Altos, Piauí. 2007 2008 2009 2010 2011 Total N % N % N % N % N % N % Cura 14 66,7 28 100 28 87,5 08 20,5 23 76,7 101 67,3 Outros 07 33,3 00 0,0 04 12,5 31 79,5 07 23,3 49 32,7 Fonte: DATASUS/MS Tal fato, a princípio, salienta a necessidade de avaliação da efetividade do tratamento da LTA para que se alcance o máximo de proporção de cura clínica possível. Porém, esta informação merece uma análise mais cuidadosa, devido à qualidade dos dados enviados ao SINAN, visto que, o critério de cura para essa patologia é realizado durante os 12 meses de acompanhamento do doente. Os principais critérios de avaliação da cura são clínicos, sendo eles: redução dos órgãos hipertrofiados (baço e fígado), ausência de febre, regulação de 44 índices hematológicos, ganho gradativo de peso, presença de eosinófilo durante ou no final do tratamento. No entanto, as notificações de abandono dos casos que não completaram o tratamento ou que não compareceram para avaliação clínica no dia previsto devem ser acompanhadas pelo serviço de saúde, com intuito de acompanhar sua gravidade (BRASIL, 2007). No entanto, a insuficiência de estudo no estado, parece incapaz de explicar a totalidade dos casos humanos no município, verificando a necessidade de atenção por parte dos órgãos públicos do Piauí e mais estudos sobre a doença para uma definição precisa, visto que mudanças ambientais têm sido associadas à mudanças no perfil epidemiológico da LTA, com descrições cada vez mais frequentes de surtos. Assim, medidas de controle e/ou prevenção da doença deverão ser incorporadas no dia-a-dia dos moradores e priorizadas pela secretária de saúde do estado, como: atividades de conscientização da população sobre a doença, distribuição de repelentes, distribuição de telas/mosquiteiros e, sobretudo, melhorias nas condições de trabalho, moradia e infraestrutura, principalmente da população rural que praticamente reside e trabalha sob situações de riscos para a doença. 45 5 CONCLUSÃO Conclui-se pela abordagem que há uma ocorrência endêmica de leishmaniose no município, sendo o ano de 2010 de maior número de casos para LTA. A partir do quinquênio estudado, podem-se inferir informações relevantes para a população do município. A ocorrência de LTA é indiferenciada para zona urbana e rural; no entanto, a taxa de prevalência é maior na zona rural do município, caracterizando com o perfil rural para essa doença, mesmo com a presença de casos na zona urbana. Há a necessidade da busca ativa de reservatórios contaminados para que sejam eliminados, interrompendo o ciclo de transmissão da doença nessa zona, além de tratamento de todos os indivíduos infectados. A incidência da doença foi indiferenciada quanto ao gênero mais exposto. A faixa etária de maior prevalência de LTA foi a fase adulta entre os 20 aos 39 anos, propondo-se que investigue a contaminação de reservatórios no ambiente de trabalho. Ressalta-se também que os meses com maiores notificações de LTA foram entre fevereiro e maio, sugerindo medidas profiláticas para erradicação do vetor no tempo de maior índice pluviométrico. A maioria dos diagnósticos foi realizada pelo critério de confirmação clínico epidemiológico, o que indica acesso nos serviço de saúde para esse critério clínico. O número de casos tratados foi bastante relevante, indicando que a maioria dos infectados estão seguindo o esquema terapêutico recomendado pelo Ministério da Saúde, apesar de existir outros casos. A taxa de letalidade da LTA foi nula. A forma clínica mais incidente de LTA foi a LC, com uma minoria de casos de LM, indicando a necessidade de medidas de vigilância e controle para essa doença, com busca ativa de casos precocemente já que é de difícil diagnóstico e tratamento. 46 REFERÊNCIAS AGUIAR, R B. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água subterrânea, estado do Piauí: diagnóstico do município de Altos. AGUIAR, R. B.; GOMES, J. R. C. (Org.) - Fortaleza: CPRM; Serviço Geológico do Brasil, 2004. ALMEIDA, O. L. S; SANTOS, J. M. B. Avanços no tratamento da leishmaniose tegumentar do novo mundo nos últimos dez anos: uma revisão sistemática da literatura. Anais Brasileiro de Dermatologia, v. 86, n. 3, p. 497-506, 2011. ALVAR, J. et al. Leishmaniasis Worldwide and Global Estimates of Its Incidence. PLoS ONE, v. 7, n. 5, e35671, 2012. ANDRADE FILHO, J. D.; SILVA, A. C. L.; FALCÃO, A. L. Phlebotomine Sand Flies in the State of Piauí, Brazil (Diptera: Psychodidadae: Phlebotominae). Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 96, n. 8, p. 1085-1087, 2001. ANDRADE, T. A. S. et al. Perfil epidemiológico dos casos notificados de leishmaniose tegumentar americana no município de Igarassu (PE) no período de 2008 a 2010. Scire Salutis, v. 2, n. 2, p. 5‐15, 2012. BARBOSA, M. G. V. et al. Fauna de flebotomíneos (Diptera: Psychodidae) em um foco de Leishmaniose Tegumentar Americana na área periurbana de Manaus, Estado do Amazonas. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 41, n. 5, p. 485-491, 2008. BARROS, G. C. et al. Foco de leishmaniose tegumentar americana nos municípios de Viana e Cariacica, Estado do Espirito Santo, Brasil. Revista de Saúde pública, v. 19, p. 146-53, 1985. BASANO, S. A.; CAMARGO, L. M. A. Leishmaniose Tegumentar Americana: histórico, epidemiologia e perspectivas de controle. Revista Brasileira de Epidemiologia. v. 7, n. 3, p. 328-337, 2004. BOTELHO, A. C. A.; NATAL, D. Primeira descrição epidemiológica da leishmaniose visceral em Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 42, n. 5, p. 503-508, 2009. BRANDÃO-FILHO, S. P. Ecoepidemiologia da leishmaniose tegumentar americana associada à Leishmania (Viannia) braziliensis na Zona da Mata Atlântica do Estado de Pernambuco, Brasil. Recife. Tese (Doutorado em Ciências). – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Vigilância ambiental em saúde. Brasília: FUNASA, 2002. BRASIL. Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral. Ministério da Saúde do Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Série A. Normas e manuais técnicos. Brasília, DF, 2006. 47 BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. 8. ed. rev. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Leishmaniose visceral: recomendações clínicas para redução da letalidade. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana. 2. ed. Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de recomendações para diagnostico, tratamento e acompanhamento de pacientes com a co-infecção Leishmania-HIV/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica – Brasília: Ministério da Saúde, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema Nacional de Vigilância em Saúde. Relatório de situação: Piauí. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema Nacional de Vigilância em Saúde. Relatório de situação: Piauí. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. 3ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema Nacional de Vigilância em Saúde. Relatório de situação: Piauí / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. 4ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema nacional de vigilância em Saúde. Relatório de situação: Piauí. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. 5ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema Nacional de Vigilância em Saúde. Relatório de Situação: Piauí. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância em saúde: zoonoses. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. CALDAS, A. J. M. et al. Infecção por Leishmania (Leishmania) chagasi em crianças de uma área endêmica de Leishmaniose Visceral Americana na Ilha de São Luís - MA, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. V.34, n.6. p: 445-451, 2001. CIMERMAN, B.; CIMERMAN, S. Parasitologia humana e seus fundamentos gerais. 2ª ed. Editora: Atheneu, São Paulo, 2008. COSTA, C. H. N.; PEREIRA, H. F.; ARAÚJO, M. V. Epidemia de leishmaniose visceral no Estado do Piauí, Brasil, 1980-1986. Revista de Saúde Pública, v. 24, p. 361-72, 1990. 48 COSTA, J. M. L. et al. Estudo comparativo da leishmaniose tegumentar americana em crianças e adolescentes procedentes das áreas endêmicas de Buriticupu (Maranhão) e Corte Pedra (Bahia), Brasil. Revista da Sociedade de Medicina Tropical, v. 31, p. 279-288, 1998. DEANE, L. M. Epidemiologia e profilaxia do calazar americano. Revista brasileira de Malariologia e Doenças Troapicais, v. 10, p. 431-49, 1958. DESJEUX, P. Leishmaninais: current situation and new perspectives. Comparative, Immunology, Microbiology & Infectious Diseases, v. 27, n. 5, p. 305-318, 2004. DINIZ, J. L. C. P.; COSTA, M. O. R.; GONÇALVES, D. U. Mucocutaneous Leishmaniasis: clinical markers in presumptive diagnosis. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 77, n. 3, p. 380-4, 2011. GOMES, A. C.; NEVES, V. L. F. C. Estratégia e perspectivas de controle da leishmaniose tegumentar no Estado de São Paulo. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 31, p. 6, p. 553-558, 1998. GONÇALVES, L. A. M. B. A Biotecnolgia na superação da fome e da pobreza. 2ª ed. Editora: Bibloteca 24 horas. 2010. GONTIJO, B.; CARVALHO, M. L. R. Leishmaniose Tegumentar Americana. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 36, p. 71-80, 2003. GONZÁLEZ, U. Intervenciones para la leishmaniasis americana cutánea y mucocutánea. Cochrane Database of Systematic Reviews, n. 2, p. CD004834, 2009. Disponível em<:http://www.update-software.com//BCP/WileyPDF/EN/CD004834.pdf> Acesso em: set. 2012. GOUVÊA, M. V. Desenvolvimento e validação do modelo preditivo e avaliação de testes de diagnostico por classe latente para o parasitismo por Leishmania chagasi em cães atendido no Hospital Universitário da UFPI. 2011. Tese (Doutorado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Medicina Social, Rio de Janeiro, 2011. GUERRA, J. A. O. et al. Leishmaniose Tegumentar Americana em crianças: aspectos epidemiológicos de casos atendidos em Manaus, Amazonas, Brasil. Caderno de Saúde Pública, v. 23, n. 9, p. 2215-2223, 2007. HABIF, T. P. Dermatologia clínica: Guia colorido para diagnóstico de tratamento. 5ª ed. Editora Elsevier, 2012. HEUSSER JUNIOR, A. et al. Leishmaniose tegumentar canina no município de Balneário Camboriú, Estado de Santa Catarina. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 43, n. 6, p. 713-718. 2010. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. PNAD, 2007. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2007/graficos _pdf.pdf>. Acesso em: 15 de fevereiro de 2013. 49 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE). Censo Demográfico, 2010. Disponível em: <www.ibge.gov.br> Acesso em: 02/01/2013. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de Metodologia Científica. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. LIMA, A. P. et al. Distribuição da leishmaniose tegumentar por imagens de sensoreamento remoto orbital, no Estado do Paraná, Brasil. Anais Brasileiro de Dermatologia, v. 77, n. 7, p. 681-692, 2002. LIMA, E. B. et al. Tratamento da Leishmaniose Tegumentar Americana. Treatment of American cutaneous leishmaniasis. Anais Brasileiro de Dermatologia. v. 8, n. 2, p. 111-24, 2007. LIMA, L. C. et al. Observações sobre a leishmaniose tegumentar, cinco anos após profilaxia.Revista de Saúde pública, v. 22, p. 73-7, 1988. LOPES, A. C. Tratado de Clínica médica. 1ª ed. São Paulo; Roca, 2006. MAIA-ELKHOURY, A. N. S. et al. Visceral leishmaniasis in Brazil: trends and challenges. Caderno de Saúde Pública, v. 24, n. 12, p. 2941-2947, 2008. MARZOCHI, M. C. A. Leishmanioses no Brasil: as leishmanioses tegumentares. Jornal Brasileiro de Medicina, v. 63, n. 5/6, p. 82-104, 1992. MAYWALD, P. G. et al. Leishmaniose tegumentar, visceral e doença de Chagas caninas em municípios do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, Minas Gerais, Brasil. Caderno de Saúde Pública, v. 12, n. 3, p. 321-328, 1996. MEJÍA, P. A.; RESTREPO, R.; TORO, A. M. Leishmaniasis mucocutánea verrucosa: una manifestación inusual. Revista de la Asociación Colombiana de Dermatología y Cirugía Dermatológica, v. 16, n. 2, p. 97-99, 2008. MONTEIRO, E. M. et al. Leishmaniose visceral: estudo de flebotomíneos e infecção canina em Montes Claros, Minas Gerais. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. v. 38, n. 2, p. 147-152, 2005. MOTA, L. A. A.; MIRANDA, R. R. Manifestações dermatológicas e otorrinolaringológicas na Leishmaniose. Arquivos do Instituto de Otorrinolaringologia. v. 15, n. 3, p. 376-381, 2011. NANE, R. Q. et al. Estudo clínico, epidemiológico e terapêutico de 402 pacientes atendidos no Hospital Universitário de Brasília, DF, Brasil. Revista Brasileira de Dermatologia, v. 76, p. 51-62, 2001. NEVES, D. P. Parasitologia humana. 11ª ed. Editora: Atheneu. São Paulo, 2005. NEVES, L. O. et al. Estudo clínico randomizado comparando antimoniato de meglumina, pentamidina e anfotericina B para o tratamento da leishmaniose cutânea ocasionada por Leishmania guyanensis. Anais Brasileiro de Dermatologia, v. 86, n. 6, p. 1092-101, 2011. 50 NUNES, W. S. et al. Epidemiological profile of leishmaniasis at a reference service in the state of Alagoas, Brazil, from January 2000 to September 2008. Brazilian Journal of Infection and Disease, v. 14, n. 4, p. 342-345, 2010. OLIVEIRA, A. C. M. Caracterização epidemiológica da Leishmaniose Tegumentar Americana no município de Rio Branco-Acre no período de 2000 a 2008. 2011. Dissertação (Mestrado) Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2011. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Leishmaniasis: disease information. Disponível em: <http://www.who.int/leishmaniasis/resources/en/>. Acesso setembro de 2012. PEREIRA, Davi Bernes. Ação do vírus recombinante CPMV/PT3 e do peptídeo sintético PT3 na interação entre macrófagos da linhagem J774 e Leishmania major. São José dos Campos, SP, Dissertação (mestrado) - Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, 2009. PERU. Ministerio de Salud. Leishmanioses. Lima: Ministerio de Salud, 2000. PICADO, A. et al. Effect of Village-wide Use of Long-Lasting Insecticidal Nets on Visceral Leishmaniasis Vectors in India and Nepal: A Cluster Randomized Trial. PLoS Neglected Tropical Diseases, v. 4, n. 1, e587. 2010. Doi:10.1371/journal.pntd.0000587. PITTNER, E. et al. Ocorrência de leishmaniose tegumentar em cães de área endêmica no Estado do Paraná. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. v. 61, n. 3, p. 561-565, 2009. RAMAN, V. S. et al. Adjuvants for Leishmania vaccines: from models to clinical application. Frontiers in Immunology. Microbial Immunology, v. 3, n.144, p. 1-15, 2012. REY, L. Parasitologia: parasitos e doenças parasitárias do homem nos trópicos ocidentais. 4ª ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2008. RODRIGUES, A. C. E. Características Epidemiológicas e Distribuição Espacial da Enzootia Canina de Leishmaniose Visceral na Cidade de Teresina - Piauí, no período de 2003 – 2006. Teresina, 2008. Dissertação (Mestrado Profissional em Saúde Pública), Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, 2008. RODRIGUES, A. M. et al. Fatores associados ao insucesso do tratamento da leishmaniose cutânea com antimoniato de meglumina. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 39, n. 2, p. 139-145, 2006. SAMPAIO, R. N. R. et al. Estudo da transmissão da leishmaniose tegumentar americana no Distrito Federal. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 42, n. 6, p. 686690, 2009. SHARMA, U.; SINGH, S. Insect vectors of Leishmania: distribution, physiology and their control. Journal of Vector Borne Diseases v.4, p. 255–272, 2008. 51 SHAW, J. J. et al. Leishmaniasis in Brazil XXIII. The identification of Leishmania braziliensis braziliensis in wild-caught sandflies, using monoclonal antibodies. American Journal of Tropical Medicine Hygiene, v. 81, n. 1, p. 69-72, 1987. SILVA, A. M. et al. Diversidade, distribuição e abundância de flebotomíneos (Diptera: Psychodidae) no Paraná. Neotropical entomology, v. 37, n. 2, p. 209-225. 2008. SILVA, J. G. D. et al. Infecção natural de Lutzomyia longipalpis por Leishmania sp. em Teresina, Piauí, Brasil. Caderno de Saúde Pública, v. 23, v. 7, p. 1715-1720, 2007. SILVA, J. P. et al. Factors associated with Leishmania chagasi infection in domestic dogs from Teresina, State of Piauí, Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 45, p. 4, p. 480-484, 2012. SILVA, R. N. Leishmaniose Visceral: Estudo da Carga Parasitária Em Cães Submetidos a Tratamento Com Miltefosine (Hexadecilfosfocolina). Dissertação (Mestrado) Universidade Federal Do Piauí, Piauí 2009. SILVEIRA, T. G. V. et al. Aspectos epidemiológicos da leishmaniose tegumentar em área endêmica do Estado do Paraná, Brasil. Caderno de Saúde Pública, v. 12, n. 2, p. 141-147, 1996. SOARES, M. R. A. et al. Canine visceral leishmaniasis in Teresina, Brazil: Relationship between clinical features and infectivity for sand flies. Acta Trop., v 117, p. 6–9, 2011. TELES, E. J. C. Perfil epidemiológico da leishmaniose visceral em Barcarena, um município minerário no estado do Pará, Brasil. Dissertação (Mestrado). Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Belém, 2011. TEODORO, U. et al. Influência da reorganização, da limpeza do peridomicílio e da desinsetização de edificações na densidade populacional de flebotomíneos, no município de Doutor Camargo, Estado do Paraná, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 19, p. 18011813, 2003. ROUGERON, V. et al. A battery of 12 microsatellite markers for genetic analysis of the Leishmania (Viannia) guyanensis complex. Parasitology, v. 137, n.13, p.1879-84, 2010. Doi:10.1017/S0031182010000776 VEXENAT, J. A. et al. Visceral leishmaniasis in Teresina, state of Piauí, Brazil: preliminary observations on the detection and transmissibility of canine and sandfly infections. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 89, n. 2, p. 131-135, 1994. WERNECK, G. L. et al. Avaliação da efetividade das estratégias de controle da leishmaniose visceral na cidade de Teresina, Estado do Piauí, Brasil: resultados do inquérito inicial – 2004. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 17, n. 2, p. 87-96, 2008. WHO. World Health Organization. Special Programme for Research and Training in Tropical Diseases, 2000. Disponível em: <http://www.who.int/tdr/index.html>. Acesso em outubro de 2012. 52 WHO. World Health Organization. Leishmaniases, 2002. Disponível em: <http://who.int/zoonoses/diseases/leishmaniasis/en>. Acesso em: 15 de fevereiro de 2013. XIMENES, M. F. F. M. et al. Flebotomíneos (Diptera: Psychodidae) e Leishmaniosesno Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil - Reflexos do Ambiente Antrópico January Neotropical Entomology, v. 36, p. 128-137, 2007. YOUNG, D. G.; DUNCAN, M. A. Guide to the identification and geographic distribution of Lutzomyia sand flies in Mexico, the West Indies, Central and South America (Diptera: Psychodidae). Memoirs of the American Entomological Institute. v. 54, p. 1-881, 1994. REFERÊNCIAS CONSULTADAS COSTA, D. N. C. C. Avaliação da eliminação canina como estratégia de controle de Leishmaniose Visceral Canina a partir de modelos teóricos de dinâmica de transmissão. Dissertação (Mestrado) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2012. 53 ANEXO A: SINAN 54 55 ANEXO B: BANCO DE DADOS PLUVIOMÉTRICOS GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS HÍDRICOS GERÊNCIA DE HIDROMETEOROLOGIA BANCO DE DADOS PLUVIOMÉTRICOS ALTOS CIDADE: ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN 2007 - 617.0 294.0 313.5 0.0 0.0 2008 237.0 333.0 516.0 535.0 115.0 2009 122.5 264.5 - 105.0 528.0 2010 - - 135.5 - - JUL AGO SET OUT NOV 0.0 0.0 0.0 0.0 - 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 45.0 0.0 0.0 0.0 - - - - - DEZ Total Anual - 1224.5 0.0 - 1736.0 0.0 0.0 1065.0 - - 135.5