Cálculo II Bioengenharia César Silva Departamento de Matemática Universidade da Beira Interior 2009/2010 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 1 / 460 Bibliografia – Apostol, T.M., Cálculo, Vol. 1 e 2, Reverté, 1993 – Azenha, A., Jerónimo, M. A., Elementos de Cálculo Diferencial e Integral em R e Rn , McGraw-Hill, 1995 – Dias Agudo, F.R., Análise Real, Vol. I, Escolar Editora, 1989 – Demidovitch, B., Problemas e exercícios de Análise Matemática, McGrawHill, 1977 – Lima, E. L., Curso de Análise, Vol. 1 e 2, Projecto Euclides, IMPA, 1989 – Lima, E. L., Análise Real, Vol. 1 e 2, Colecção Matemática Universitária, IMPA, 2004 – Mann, W. R., Taylor, A. E., Advanced Calculus, John Wiley and Sons, 1983 – Sarrico, C., Análise Matemática – Leituras e exercícios, Gradiva, 3a Ed., 1999 – Stewart, J., Calculus (International Metric Edition), Vol. 1 e 2, Brooks/Cole Publishing Company, 2008 – Swokowski, E. W., Cálculo com Geometria Analítica, Vol. 1 e 2, McGrawHill, 1983 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 2 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 3 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais Sucessões de números reais Séries de números reais Série de potências e série de Taylor 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 4 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais Sucessões de números reais Definição e exemplos Sucessões limitadas e sucessões monótonas Sucessões convergentes Subsucessões Infinitamente grandes Séries de números reais Série de potências e série de Taylor 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 5 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais Sucessões de números reais Definição e exemplos Sucessões limitadas e sucessões monótonas Sucessões convergentes Subsucessões Infinitamente grandes Séries de números reais Série de potências e série de Taylor 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 6 / 460 §1.1.1 Definição e exemplos Uma sucessão é uma correspondência que a cada número natural n faz corresponder um e um só número real. Assim, uma sucessão é uma função real de variável natural, ou seja, uma sucessão é uma função u : N → R. Para designarmos o valor da função em n costuma usar-se a notação un em vez de u(n). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 7 / 460 §1.1.1 Definição e exemplos Aos valores u1 , u2 , . . . , un , . . . chamamos termos da sucessão e ao valor u1 chamamos termo de ordem 1 ou primeiro termo da sucessão; ao valor u2 chamamos termo de ordem 2 ou segundo termo da sucessão; ao valor u3 chamamos termo de ordem 3 ou terceiro termo da sucessão; etc À expressão un chamamos termo geral da sucessão. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 8 / 460 §1.1.1 Definição e exemplos Escreveremos (u1 , u2 , . . . , un , . . .), ou (un )n∈N , ou simplesmente (un ) para indicar a sucessão u. O conjunto u(N) = {un : n ∈ N} designa-se por conjunto dos termos da sucessão (un )n∈N . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 9 / 460 §1.1.1 Definição e exemplos Exemplos de sucessões a) Façamos isto é, un = 1 para todo o n ∈ N, (1, 1, . . . , 1, . . .) é a sucessão constante e igual a 1. Mais geralmente, dado c ∈ R e fazendo vn = c para qualquer n ∈ N, temos a sucessão constante e igual a c. Neste caso v(N) = {c} . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 10 / 460 §1.1.1 Definição e exemplos Exemplos de sucessões (continuação) b) Consideremos a sucessão de termo geral un = (−1)n . O primeiro termo desta sucessão é u1 = (−1)1 = −1. O segundo termo desta sucessão é u2 = (−1)2 = 1. O terceiro termo desta sucessão é u3 = (−1)3 = −1. O quarto termo desta sucessão é u4 = (−1)4 = 1. E assim sucessivamente. Podemos concluir que os termos de ordem par são todos iguais a 1 e que os termos de ordem ímpar são todos iguais a −1. Assim, a lista que se segue dá-nos todos os termos da sucessão −1, 1, −1, 1, −1, 1, −1, 1, −1, 1, . . . e o conjunto dos termos desta sucessão é u(N) = {−1, 1} . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 11 / 460 §1.1.1 Definição e exemplos Exemplos de sucessões (continuação) c) Seja u a sucessão definida por un = n. Então u(N) = N. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 12 / 460 §1.1.1 Definição e exemplos Exemplos de sucessões (continuação) d) Seja 1 para todo o n ∈ N. n Podemos escrever esta sucessão das seguintes formas: un = ou ou 1 1 1 1 1, , , , . . . , , . . . , 2 3 4 n 1 n 1 . n Neste exemplo temos u(N) = César Silva (UBI) , n∈N 1 :n∈N . n Cálculo II 2009/2010 13 / 460 §1.1.1 Definição e exemplos Observação O exemplo a) mostra que (un )n∈N e u(N) são coisas diferentes e que, por conseguinte, não devem ser confundidas. Neste exemplo tem-se (un ) = (1, 1, 1, . . . , 1, . . .), enquanto que u(N) = {1} . Algo de semelhante acontece no exemplo b). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 14 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais Sucessões de números reais Definição e exemplos Sucessões limitadas e sucessões monótonas Sucessões convergentes Subsucessões Infinitamente grandes Séries de números reais Série de potências e série de Taylor 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 15 / 460 §1.1.2 Sucessões limitadas e sucessões monótonas Uma sucessão (un )n∈N diz-se limitada se existirem números reais a e b tais que a ≤ un ≤ b para todo o n ∈ N; ou ainda, se existirem números reais a e b tais que un ∈ [a, b] para todo o n ∈ N. Como todo o intervalo [a, b] está contido num intervalo da forma [−c, c], para algum c ∈ R, uma sucessão (un ) é limitada se existir um número real c > 0 tal que un ∈ [−c, c] para todo o n ∈ N, o que é equivalente a existe c > 0 tal que |un | ≤ c para todo o n ∈ N. As sucessões que não são limitadas dizem-se ilimitadas. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 16 / 460 §1.1.2 Sucessões limitadas e sucessões monótonas Exemplos a) A sucessão de termo geral un = 4 + (−1)2 = ( 3 5 se n é ímpar; se n é par; é limitada pois 3 ≤ un ≤ 5 para qualquer número natural n. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 17 / 460 §1.1.2 Sucessões limitadas e sucessões monótonas Exemplos (continuação) b) Consideremos a sucessão de termo geral un = Como n+2 . n n 2 2 n+2 = + =1+ n n n n podemos concluir que 1 ≤ un ≤ 3 para cada número natural n. Assim, esta sucessão é limitada. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 18 / 460 §1.1.2 Sucessões limitadas e sucessões monótonas Exemplos (continuação) c) A sucessão un = n2 não é limitada. De facto, u1 = 1; u2 = 4; u3 = 9; u4 = 16; . . . pelo que a sucessão não é limitada superiormente. d) A sucessão de termo geral vn = −n também não é limitada pois v1 = −1; v2 = −2; v3 = −3; . . . ou seja, esta sucessão não é limitada inferiormente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 19 / 460 §1.1.2 Sucessões limitadas e sucessões monótonas Uma sucessão (un )n∈N diz-se crescente se un+1 ≥ un para todo o n ∈ N e diz-se decrescente se un+1 ≤ un para todo o n ∈ N. Equivalentemente, (un )n∈N é crescente se un+1 − un ≥ 0 para todo o n ∈ N e é decrescente se un+1 − un ≤ 0 para todo o n ∈ N. Uma sucessão diz-se monótona se for crescente ou se for decrescente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 20 / 460 §1.1.2 Sucessões limitadas e sucessões monótonas Exemplos de sucessões monótonas a) Consideremos a sucessão de termo geral un = un+1 − un = 2n − 1 . Como n+1 2(n + 1) − 1 2n − 1 − (n + 1) + 1 n+1 = 2n − 1 2n + 1 − n+2 n+1 = (2n + 1)(n + 1) − (2n − 1)(n + 2) (n + 1)(n + 2) = 2n2 + 2n + n + 1 − (2n2 + 4n − n − 2) (n + 1)(n + 2) = 2n2 + 3n + 1 − 2n2 − 3n + 2 (n + 1)(n + 2) = 3 ≥0 (n + 1)(n + 2) para qualquer número natural n, a sucessão é crescente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 21 / 460 §1.1.2 Sucessões limitadas e sucessões monótonas Exemplos de sucessões monótonas (continuação) b) Para a sucessão de termo geral un = 2n + 1 , temos n 2(n + 1) + 1 2n + 1 − n+1 n 2n + 1 2n + 3 − = n+1 n un+1 − un = = (2n + 3)n − (2n + 1)(n + 1) n(n + 1) = 2n2 + 3n − (2n2 + 2n + n + 1) n(n + 1) = 2n2 + 3n − 2n2 − 3n − 1 n(n + 1) = −1 ≤0 n(n + 1) para qualquer número natural n. Logo a sucessão é decrescente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 22 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais Sucessões de números reais Definição e exemplos Sucessões limitadas e sucessões monótonas Sucessões convergentes Subsucessões Infinitamente grandes Séries de números reais Série de potências e série de Taylor 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 23 / 460 §1.1.3 Sucessões convergentes Dados uma sucessão (un )n∈N e um número real a, dizemos que (un ) converge ou tende para a se para qualquer ε > 0, existe N ∈ N tal que |un − a| < ε para todo o número natural n > N . A condição é equivalente às condições |un − a| < ε −ε < un − a < ε, a − ε < un < a + ε e un ∈ ]a − ε, a + ε[. Assim, uma sucessão (un ) converge ou tende para um número real a se para qualquer ε > 0, existe N ∈ N tal que a − ε < un < a + ε para cada número natural n > N ; ou se para qualquer ε > 0, existe N ∈ N tal que un ∈ ]a − ε, a + ε[ para cada número natural n > N . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 24 / 460 §1.1.3 Sucessões convergentes Geometricamente, uma sucessão un tende para a se dado ε > 0 todos os termos da sucessão estão na “faixa” limitada pela rectas y = a − ε e y = a + ε a partir de determinada ordem. A figura seguinte ilustra esse facto. b a+ε b b a b b a−ε b b b 1 2 3 4 N N +1 N +2 N +3 N +4 b Interpretação geométrica do limite de uma sucessão César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 25 / 460 §1.1.3 Sucessões convergentes Qualquer uma das notações lim un = a, n→∞ limn→∞ un = a, lim un = a, n lim un = a, un → a é usada para exprimir o facto de que a sucessão (un ) converge para a. Uma sucessão (un )n∈N diz-se convergente se existe um número real a tal que un → a. As sucessões que não são convergentes dizem-se divergentes. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 26 / 460 §1.1.3 Sucessões convergentes As sucessões constantes são convergentes. Se un = c para qualquer número natural n, temos |un − c|=0 para cada n ∈ N, pelo que, dado ε > 0, tomando N = 1 vem |un − c| < ε para qualquer n > N . Logo (un ) converge para c. 1 A sucessão de termo geral un = converge para zero. De facto, dado n ε > 0, basta escolher um número natural N tal que N ε > 1 e, por conseguinte, 1/N < ε. Assim, para n > N , temos |un − 0| = 1/n < 1/N < ε, o que prova que un → 0. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 27 / 460 §1.1.3 Sucessões convergentes Unicidade do limite Sejam (un ) uma sucessão e a e b dois números reais. Se un → a e un → b, então a = b. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 28 / 460 §1.1.3 Sucessões convergentes Dadas duas sucessões u = (un )n∈N e v = (vn )n∈N de números reais, define-se a soma de u e v, e designa-se por u + v, a sucessão cujo termo de ordem n é un + vn , isto é, (u + v)n = un + vn . De modo análogo se define a diferença, o produto e o quociente de u e v (este último apenas na hipótese de se ter vn 6= 0 para todo o n ∈ N): (u − v)n = un − vn , (uv)n = un vn e, na hipótese de vn 6= 0 para todo o n ∈ N, u v César Silva (UBI) n = un . vn Cálculo II 2009/2010 29 / 460 §1.1.3 Sucessões convergentes Assim, se u e v são as sucessões dadas por 2 1, 4, 9, . . . , n , . . . e 1 1 1 1, , , . . . , , . . . , 2 3 n respectivamente, então u + v é a sucessão dada por 1 1 1 1 + 1, 4 + , 9 + , . . . , n2 + , . . . 2 3 n = 9 28 n3 + 1 2, , , . . . , ,... 2 3 n ! e a diferença de u e v, u − v, é a sucessão 1 1 1 1 − 1, 4 − , 9 − , . . . , n2 − , . . . 2 3 n César Silva (UBI) Cálculo II = ! 7 26 n3 − 1 0, , , . . . , ,... . 2 3 n 2009/2010 30 / 460 §1.1.3 Sucessões convergentes Continuando a usar as sucessões u e v dadas por 1, 4, 9, . . . , n2 , . . . e 1 1 1 1, , , . . . , , . . . , 2 3 n = (1, 2, 3, . . . , n, . . .) o produto uv é a sucessão 1 1 1 1.1, 4. , 9. , . . . , n2 . , . . . 2 3 n e o quociente u é a sucessão v 9 n2 1 4 , , ,..., ,... 1 1/2 1/3 1/n César Silva (UBI) ! = 1, 8, 27, . . . , n3 , . . . . Cálculo II 2009/2010 31 / 460 §1.1.3 Sucessões convergentes As sucessões que convergem para zero designam-se por infinitésimos. O produto de um infinitésimo por uma sucessão limitada é um infinitésimo. Exemplo Para todo o x ∈ R, temos lim n→∞ sen(nx) = 0. De facto, n 1 sen(nx) = sen(nx) n n é o produto de um infinitésimo por uma sucessão limitada e, portanto, converge para zero. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 32 / 460 §1.1.3 Sucessões convergentes Álgebra dos limites Sejam (un ) e (vn ) sucessões tais que lim un = a e lim vn = b. Então a) (un + vn )n∈N é convergente e lim(un + vn ) = lim un + lim vn = a + b; b) (un − vn )n∈N é convergente e lim(un − vn ) = lim un − lim vn = a − b; c) (un . vn )n∈N é convergente e lim(un . vn ) = lim un . lim vn = a . b; un d) se b 6= 0 e vn = 6 0 para todo o n ∈ N, é convergente e vn n∈N lim César Silva (UBI) un vn = lim un a = . lim vn b Cálculo II 2009/2010 33 / 460 §1.1.3 Sucessões convergentes Suponhamos que un → a e que todos os termos un pertencem ao domínio de uma função f . Se f é contínua em a, então f (un ) → f (a). Como consequência imediata temos a seguinte propriedade. Seja (un ) uma sucessão convergente para a ∈ R e p > 0. Então a) se un → a, então (un )p → ap ; b) se un ≥ 0 para todo o n ∈ N, então César Silva (UBI) Cálculo II √ √ p u → p a. n 2009/2010 34 / 460 §1.1.3 Sucessões convergentes Seja f é um função com domínio contendo o conjunto dos números naturais. Se lim f (x) = a, x→+∞ então lim f (n) = a. n→+∞ Exemplo Como lim 1+ 1 x x = e, lim 1+ 1 n n = e. x→+∞ temos n→+∞ César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 35 / 460 §1.1.3 Sucessões convergentes Teorema da sucessão enquadrada Sejam (un ), (vn ) e (wn ) sucessões e suponha-se que existe uma ordem p ∈ N tal que un ≤ vn ≤ wn para todo o número natural n > p. Se un → a e wn → a, então César Silva (UBI) vn → a. Cálculo II 2009/2010 36 / 460 §1.1.3 Sucessões convergentes Exemplo de aplicação do teorema da sucessão enquadrada Vejamos que r 4+ Como 2≤ r 1 4+ 2 ≤ n s 1 4+4 + n 1 → 2. n2 2 1 n = s 2+ 1 n 2 =2+ 1 n e 1 → 2, n pelo teorema da sucessão enquadrada temos de ter 2+ r 4+ César Silva (UBI) 1 → 2. n2 Cálculo II 2009/2010 37 / 460 §1.1.3 Sucessões convergentes Toda a sucessão convergente é limitada. Observação O recíproco não é verdadeiro. A sucessão de termo geral un = (−1)n é limitada, mas não é convergente. Todas as sucessões ilimitadas são divergentes. Exemplo Já vimos que a sucessão de termo geral un = n2 não é limitada. Logo não é convergente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 38 / 460 §1.1.3 Sucessões convergentes As sucessões monótonas e limitadas são convergentes. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 39 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais Sucessões de números reais Definição e exemplos Sucessões limitadas e sucessões monótonas Sucessões convergentes Subsucessões Infinitamente grandes Séries de números reais Série de potências e série de Taylor 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 40 / 460 §1.1.4 Subsucessões Se (un ) é uma sucessão e (nk ) é uma sucessão de números naturais estritamente crescente, isto é, n1 < n2 < . . . < nk < nk+1 < . . . , a sucessão (unk ) = (un1 , un2 , . . . , unk , . . .) diz-se uma subsucessão de (un ). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 41 / 460 §1.1.4 Subsucessões As subsucessões de uma sucessão convergente são convergentes para o mesmo limite da sucessão. Exemplo A sucessão de termo geral un = (−1)n é divergente pois tem duas subsucessões que convergem para valores diferentes. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 42 / 460 §1.1.4 Subsucessões Teorema de Bolzano-Weierstrass Todas as sucessões limitadas têm subsucessões convergentes. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 43 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais Sucessões de números reais Definição e exemplos Sucessões limitadas e sucessões monótonas Sucessões convergentes Subsucessões Infinitamente grandes Séries de números reais Série de potências e série de Taylor 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 44 / 460 §1.1.5 Infinitamente grandes Existem sucessões divergentes que, pelas propriedades de que gozam, merecem ser estudadas. Essas sucessões designam-se por infinitamente grandes. Diz-se que uma sucessão (un ) tende para mais infinito ou que é um infinitamente grande positivo, e escreve-se un → +∞, ou lim un = +∞, se para cada L > 0, existe p ∈ N tal que un > L para qualquer natural p > N . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 45 / 460 §1.1.5 Infinitamente grandes Se −un → +∞ diz-se que (un ) tende para menos infinito ou que a sucessão (un ) é um infinitamente grande negativo e escreve-se un → −∞, ou lim un = −∞. Diz-se ainda que (un ) tende para infinito ou que (un ) é um infinitamente grande se |un | → +∞ e escreve-se un → ∞ César Silva (UBI) ou Cálculo II lim un = ∞. 2009/2010 46 / 460 §1.1.5 Infinitamente grandes Exemplos A sucessão de termo geral un = n tende para mais infinito, a sucessão de termo geral vn = −n tende para menos infinito e a sucessão de termo geral wn = (−1)n n tende para infinito. A sucessão (wn ) é um exemplo de um infinitamente grande que não é nem um infinitamente grande positivo, nem um infinitamente grande negativo. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 47 / 460 §1.1.5 Infinitamente grandes Observações a) Os infinitamente grandes positivos e os infinitamente grandes negativos, são infinitamente grandes. A sucessão de termo geral wn = (−1)n n mostra que o contrário nem sempre se verifica. b) Resulta imediatamente da definição que se un → +∞, então (un ) é limitada inferiormente. c) Da definição resulta imediatamente que se (un ) e (vn ) são duas sucessões tais que un ≤ vn a partir de certa ordem e un → +∞, então César Silva (UBI) vn → +∞. Cálculo II 2009/2010 48 / 460 §1.1.5 Infinitamente grandes Sejam (un ) e (vn ) duas sucessões de números reais. a) Se un → +∞ e (vn ) tende para a ∈ R ou para +∞, então (un + vn ) → +∞. b) Se un → −∞ e (vn ) tende para a ∈ R ou para −∞, então (un + vn ) → −∞. c) Se un → ∞ e (vn ) tende para a ∈ R, então (un + vn ) → ∞. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 49 / 460 §1.1.5 Infinitamente grandes Vê-se assim que pode usar-se a regra do limite da soma desde que se adoptem as convenções (+∞) + a = +∞ = a + (+∞) (−∞) + a = −∞ = a + (−∞) ∞+a =∞=a+∞ (+∞) + (+∞) = +∞ (−∞) + (−∞) = −∞ onde a é um número real qualquer. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 50 / 460 §1.1.5 Infinitamente grandes Observação Se un → +∞ e vn → −∞, então nada se pode dizer sobre (un + vn ) pois em alguns casos (un + vn ) é convergente, noutros é divergente. Por isso, não fazemos nenhuma convenção para o símbolo (+∞) + (−∞); este símbolo designa-se por símbolo de indeterminação. Algo de semelhante acontece com ∞ − ∞. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 51 / 460 §1.1.5 Infinitamente grandes Sejam (un ) e (vn ) duas sucessões de números reais. a) Se un → +∞ e se (vn ) tende para a > 0 ou tende para +∞, então un .vn → +∞. b) Se un → +∞ e se (vn ) tende para a < 0 ou tende para −∞, então un .vn → −∞. c) Se un → −∞ e se (vn ) tende para a > 0 ou tende para +∞, então un .vn → −∞. d) Se un → −∞ e se (vn ) tende para a < 0 ou tende para −∞, então un .vn → +∞. e) Se un → ∞ e (vn ) tende para a ∈ R \ {0} ou tende para ∞, então un .vn → ∞. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 52 / 460 §1.1.5 Infinitamente grandes Adoptando as convenções que se seguem, vê-se que se pode usar a regra do limite do produto: (+∞) × a = +∞ = a × (+∞) onde a ∈ R+ (−∞) × a = −∞ = a × (−∞) onde a ∈ R+ (+∞) × a = −∞ = a × (+∞) onde a ∈ R− (−∞) × a = +∞ = a × (−∞) onde a ∈ R− ∞ × a = ∞ = a × ∞ onde a ∈ R \ {0} (+∞) × (+∞) = +∞ = (−∞) × (−∞) (+∞) × (−∞) = −∞ = (−∞) × (+∞) ∞×∞=∞ César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 53 / 460 §1.1.5 Infinitamente grandes Observação Não se faz nenhuma convenção para os símbolos 0 × (+∞), 0 × (−∞) e 0 × ∞, pois são símbolos de indeterminação. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 54 / 460 §1.1.5 Infinitamente grandes Seja (un ) uma sucessão de termos não nulos. a) Se un → ∞, então 1 → 0. un b) Se un → 0, então 1 → ∞. un c) Se un → 0 e un > 0 a partir de certa ordem, então 1 → +∞. un d) Se un → 0 e un < 0 a partir de certa ordem, então 1 → −∞. un César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 55 / 460 §1.1.5 Infinitamente grandes A regra do limite quociente pode manter-se desde que se adoptem as seguintes convenções 1 =0 ∞ 1 =∞ 0 1 = +∞ 0+ 1 = −∞ 0− onde 0+ significa que un → 0 e un > 0 a partir de certa ordem e 0− significa que un → 0 e un < 0 a partir de certa ordem. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 56 / 460 §1.1.5 Infinitamente grandes Observação Os símbolos e ∞ ∞ 0 0 são símbolos de indeterminação. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 57 / 460 §1.1.5 Infinitamente grandes Exemplo a) Dado a ∈ R, consideremos a sucessão de termo geral un = an . Se a > 1, então temos an → +∞. Quando a = 1, então un = 1n = 1 pelo que a sucessão tende para 1. Se a < −1, então an → ∞. Para a = −1 obtemos a sucessão (−1)n que já vimos anteriormente. Esta sucessão é divergente. Se −1 < a < 1, então an → 0. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 58 / 460 §1.1.5 Infinitamente grandes Exemplo (continuação) a) (continuação) Assim, lim an = +∞ 1 0 não existe ∞ César Silva (UBI) Cálculo II se a > 1 se a = 1 se −1 < a < 1 se a = −1 se a < −1 2009/2010 59 / 460 §1.1.5 Infinitamente grandes Exemplo (continuação) b) Calculemos lim (3n − 2n ). Como lim 3n = +∞ e lim 2n = +∞, temos uma indeterminação do tipo ∞ − ∞. No entanto, pondo em evidência 3n temos n n n lim (3 − 2 ) = lim 3 n = lim 3 2n 1− n 3 1− n 2 3 = +∞ × (1 − 0) = +∞ × 1 = +∞ César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 60 / 460 §1.1.5 Infinitamente grandes Exemplo (continuação) c) Calculemos lim 2n + 5n+1 . Temos uma indeterminação pois 2n+1 + 5n lim 2n + 5n+1 +∞ +∞ + (+∞) = . = n+1 n 2 +5 +∞ + (+∞) +∞ Podemos levantar a indeterminação da seguinte forma lim 2n 5n+1 + 2n+1 + 5n César Silva (UBI) 2n 5n × 5 + + ×5 5n 5n = lim n = lim n 2 × 2 5n 2 × 2 + 5n + n 5n 5 n 2 +5 0+5 5 = = lim n =5 2 0×2+1 ×2+1 5 2n 5n Cálculo II 2009/2010 61 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais Sucessões de números reais Séries de números reais Definição e exemplos Séries de termos não negativos Critério de Leibniz; convergência absoluta Série de potências e série de Taylor 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 62 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais Sucessões de números reais Séries de números reais Definição e exemplos Séries de termos não negativos Critério de Leibniz; convergência absoluta Série de potências e série de Taylor 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 63 / 460 §1.2.1 Definição e exemplos Paradoxo de Aquiles Numa corrida entre um atleta velocista (Aquiles) e uma tartaruga é dada uma vantagem inicial em termos de distância à tartaruga. Zenão defende que Aquiles jamais alcançará a tartaruga porque quando chegar ao ponto onde a tartaruga partiu, ela já terá percorrido uma nova distância; e quando Aquiles percorrer essa nova distância, a tartaruga já terá percorrido uma nova distância e assim sucessivamente. Este famoso paradoxo foi proposto por Zenão da Elea no século V a.c.. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 64 / 460 §1.2.1 Definição e exemplos 200 m 40 m 8m Suponhamos que a vantagem inicial que Aquiles dá à tartaruga é 200 m, que a velocidade de Aquiles é 5 m/s e que a velocidade da 200 = 40 s para chegar ao ponto de tartaruga é 1 m/s. Aquiles demora 5 onde a tartaruga partiu. Entretanto, a tartaruga percorreu 40 1 × 40 = 40 m. Em seguida, Aquiles demorou = 8 s para chegar onde 5 a tartaruga estava e a tartaruga andou 1 × 8 = 8 m e assim sucessivamente... Será que Aquiles consegue alcançar a tartaruga? César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 65 / 460 §1.2.1 Definição e exemplos No primeiro ponto, o ponto inicial da tartaruga, Aquiles percorreu 200 metros; no ponto seguinte Aquiles percorreu (no total) 200 200 + 5 metros; no terceiro ponto Aquiles percorreu 200 200/5 200 200 + = 200 + + 2 5 5 5 5 metros; no quarto ponto Aquiles percorreu 200 200 200 200 + + 2 + 3 5 5 5 metros; e assim sucessivamente. O paradoxo de Aquiles tem por detrás aquela que, provavelmente, foi a primeira série da história! 200 + César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 66 / 460 §1.2.1 Definição e exemplos Se (an ) é uma sucessão de números reais, chamaremos série gerada por (an ) à expressão a1 + a2 + · · · + an + · · · obtida por adição (formal) dos termos da sucessão. A cada série fica associada uma sucessão (sn ), a que se chama sucessão das somas parciais de (an ), definida por s1 = a1 s2 = a1 + a2 s3 = a1 + a2 + a3 .. . sn = a1 + a2 + · · · + an .. . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 67 / 460 §1.2.1 Definição e exemplos A série diz-se convergente ou divergente conforme seja convergente ou divergente a sucessão das somas parciais (sn ). Quando a série é convergente, o limite da sucessão (sn ) designa-se por soma ou valor da série. Para representarmos a série (ou a sua soma, quando exista) usam-se os símbolos a1 + a2 + · · · + an + · · · ; ∞ X n=1 an ; X an e o contexto onde se usam estes símbolos indicará se estão a representar a série ou a sua soma. Dizemos que duas séries são da mesma natureza se são ambas convergentes ou ambas divergentes. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 68 / 460 §1.2.1 Definição e exemplos Observação Em certos casos pode haver vantagem em que o primeiro valor que o índice n toma seja um inteiro diferente de um, o que não traz nenhuma dificuldade na teoria que irá ser exposta. Assim, ∞ X 1 n − 1 n=2 ∞ X 1 n + 1 n=0 e designam a mesma série, enquanto que ∞ X 1 n=6 n designa uma série diferente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 69 / 460 §1.2.1 Definição e exemplos Exemplo ∞ X 2 , representamos abaixo os primeiros termos da n(n + 1) n=1 2 e da sucessão (sn ) das somas parciais sucessão de termo geral an = n(n + 1) Para a série 2 s3 b s2 b a1 b b b b s10 s9 s8 s7 s6 s5 b s4 b b b s1 a2 b a3 b 1 2 3 a4 b 4 a5 b 5 a6 a7 a8 a9 b b b b b 6 7 8 9 10 a10 Aparentemente a sucessão das somas parciais aproxima-se de 2... César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 70 / 460 §1.2.1 Definição e exemplos Exemplo (continuação) De facto, atendendo a que sn = = n X k=1 n X k=1 2 2 2 = − conclui-se que k(k + 1) k k+1 2 k(k + 1) 2 2 − k k+1 2 2 2 2 2 2 2 + − + − + ···+ − 2 2 3 3 4 n n+1 2 = 2− n+1 = 2− e portanto 2 = 2. n+1 Conclui-se que a série converge e tem soma s = 2. César Silva (UBI) s = lim sn = lim 2 − Cálculo II 2009/2010 71 / 460 §1.2.1 Série harmónica A série Definição e exemplos ∞ X 1 n n=1 designa-se por série harmónica. Consideremos ainda a respectiva sucessão das somas parciais e tomemos a subsucessão dessa com termos com índice da forma 2k , ou seja, a subsucessão (s2k ): 1 1 > 2 2 1 1 1 1 1 = s2 + + > + 2 × = 2 × 3 4 2 4 2 1 1 1 1 1 1 1 = s22 + + + + > 2 × + 4 × = 3 × 5 6 7 8 2 8 2 s2 = 1 + s22 s23 k k Em geral temos s2k > . Como lim = +∞, concluímos que lim sn = +∞ e, 2 2 consequentemente, a série harmónica é divergente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 72 / 460 §1.2.1 Definição e exemplos Série geométrica Dado r ∈ R, consideremos a série ∞ P r n que habitualmente se designa n=0 por série geométrica. A sucessão (sn )n∈N0 das somas parciais será, neste exemplo, dada por sn = 1 + r + · · · + r n = Isto permite-nos concluir que a série geométrica é ( n+1 1 − r 1−r n + 1 convergente divergente Além disso, quando |r| < 1 a sua soma é igual a César Silva (UBI) Cálculo II se r 6= 1 se r = 1. se |r| < 1, se |r| ≥ 1. 1 . 1−r 2009/2010 73 / 460 §1.2.1 X Definição e exemplos X Sejam an e bn duas séries convergentes cujas somas são A e B, respectivamente. Então a série X (an + bn ) é convergente e a sua soma é A + B. X Seja an uma série convergente cuja soma é A e seja λ um número real. Então a série X (λan ) é convergente e a sua soma é λA. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 74 / 460 §1.2.1 Se X Definição e exemplos X bn é uma série divergente, então X bn são duas séries divergentes, a an é uma série convergente e é uma série divergente. Note-se no entanto que, se série X X (an + bn ) an e X (an + bn ) pode ser convergente ou divergente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 75 / 460 §1.2.1 Definição e exemplos Exemplos a) A série +∞ X n=1 1 1 + n−1 n(n + 1) 5 +∞ X n=1 é convergente porque as séries 1 n(n + 1) e n=1 também são convergentes. Além disso, como +∞ X n=1 +∞ X 1 5n−1 +∞ X1 2 1 = , n(n + 1) 2 n(n + 1) n=1 podemos concluir que a sua soma é 1 pois já sabemos que soma da série +∞ X +∞ +∞ X 1 X 1 2 é 2. Quanto à série = é uma série geométrica n−1 n(n + 1) 5 5n n=1 n=1 n=0 1 5 1 = . Assim, a soma da série de razão e a sua soma é 5 1 − 1/5 4 +∞ X n=1 1 1 + n−1 n(n + 1) 5 César Silva (UBI) é 1+ 5 9 = . 4 4 Cálculo II 2009/2010 76 / 460 §1.2.1 Definição e exemplos Exemplos (continuação) b) A série +∞ X n=1 7 3n−1 1 + n é divergente porque a série +∞ X n=1 7 3n−1 = +∞ X n=1 7 n−1 1 3 é convergente e a série +∞ X 1 n n=1 é divergente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 77 / 460 §1.2.1 Definição e exemplos Voltemos ao exemplo inicial de Aquiles e da tartaruga. A série envolvida neste exemplo é X 1 200 +∞ = 200 n 5 5 n=0 n=0 +∞ X . 1 1 é convergente pois < 1 e a sua 5 5 Como série geométrica de razão soma é n 1 5 = , o ponto onde Aquiles ultrapassa a tartaruga é 1 − 1/5 4 200 × César Silva (UBI) 5 = 250 m. 4 Cálculo II 2009/2010 78 / 460 §1.2.1 Definição e exemplos Nem sempre é fácil calcular a soma de uma série convergente, não se conhecendo mesmo uma expressão para a soma de algumas séries bastante simples. Assim, no que se segue, vamos estudar critérios que nos permitem saber se uma série é ou não convergente, sem estarmos preocupados com a soma no caso da série ser convergente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 79 / 460 §1.2.1 Se X Definição e exemplos an é uma série convergente, então lim an = 0. P Assim, se (an ) não converge para 0, a série an é divergente. Por exemplo, a série X n n+1 n é divergente porque a sucessão converge para um. n + 1 n∈N No entanto, o recíproco deste teorema não é válido pois a série harmónica X1 n 1 convergir para zero. é divergente apesar da sucessão n n∈N César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 80 / 460 §1.2.1 Sejam X an e X Definição e exemplos bn duas séries. Suponhamos que existe N ∈ N tal que an = bn para qualquer número natural n > N. Então são da mesma natureza. César Silva (UBI) X an e X Cálculo II bn 2009/2010 81 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais Sucessões de números reais Séries de números reais Definição e exemplos Séries de termos não negativos Critério de Leibniz; convergência absoluta Série de potências e série de Taylor 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 82 / 460 §1.2.2 Séries de termos não negativos Nesta secção Xvamos estudar séries de números reais não negativos, ou seja, séries an tais que an ≥ 0 para cada n ∈ N. Obviamente, pelo que já vimos anteriormente, a teoria que vamos apresentar mantém-se válida se an ≥ 0 a partir de certa ordem. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 83 / 460 §1.2.2 Séries de termos não negativos Critério geral de comparação Sejam X an e a) Se X bn é convergente, então b) Se X X bn séries de termos não negativos tais que an ≤ bn a partir de certa ordem. an é divergente, então César Silva (UBI) X X an também é convergente. bn também é divergente. Cálculo II 2009/2010 84 / 460 §1.2.2 Séries de termos não negativos Exemplos de aplicação do critério geral de comparação a) Consideremos a série ∞ X 1 n=1 0≤ n2 . Uma vez que 2 2 1 ≤ para qualquer número natural n = 2 n n(2n) n(n + 1) e, como vimos anteriormente, a série ∞ X 2 n(n + 1) n=1 é convergente, podemos afirmar que a série ∞ X 1 n=1 César Silva (UBI) n2 é convergente. Cálculo II 2009/2010 85 / 460 §1.2.2 Séries de termos não negativos Exemplos de aplicação do critério geral de comparação (continuação) b) Estudemos a série ∞ X 1 n=1 Como 0≤ e a série nα , α ≥ 2. 1 1 ≤ 2 para qualquer n ∈ N e qualquer α ≥ 2 nα n X 1 n2 é convergente, a série X 1 nα César Silva (UBI) também é convergente quando α ⩾ 2. Cálculo II 2009/2010 86 / 460 §1.2.2 Séries de termos não negativos Exemplos de aplicação do critério geral de comparação (continuação) c) A série ∞ X 1 n=1 pois 0≤ e a série nα é divergente para α ≤ 1 1 1 ≤ α para cada n ∈ N e para cada α ≤ 1 n n X1 n é divergente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 87 / 460 §1.2.2 Séries de termos não negativos Séries de Dirichlet As séries ∞ X 1 n=1 nα , com α ∈ R, designam-se por séries de Dirichlet. Nos exemplos anteriores já estudámos a natureza destas séries quando α ⩽ 1 e α ⩾ 2. Quando 1 < α < 2, a série é convergente. Assim, +∞ X 1 é nα n=1 César Silva (UBI) ( convergente divergente Cálculo II se α > 1, se α ⩽ 1. 2009/2010 88 / 460 §1.2.2 Séries de termos não negativos Critério do limite X X Sejam an e bn séries de termos não negativos com bn 6= 0 para cada n ∈ N. an a) Se lim = ` com ` 6= 0 e ` 6= +∞, então as séries bn b) Se lim c) Se lim X X an e bn são da mesma natureza. X an = 0 e a série bn é convergente, então a série bn X an também é convergente. X an = +∞ e a série bn é divergente, então a série bn César Silva (UBI) X an também é divergente. Cálculo II 2009/2010 89 / 460 §1.2.2 Séries de termos não negativos Exemplos de aplicação do critério do limite a) A série ∞ X 3n2 + 4 é convergente porque 2n4 + 3n + 1 n=1 3n2 + 4 ≥0 e 2n4 + 3n + 1 e 3n2 + 4 4 3 3n4 + 4n2 = lim 2n + 3n + 1 = lim 4 1 2n + 3n + 1 2 n2 ∞ X 1 n=1 César Silva (UBI) 1 ≥ 0 para qualquer n ∈ N, n2 n2 é convergente. Cálculo II 2009/2010 90 / 460 §1.2.2 Séries de termos não negativos Exemplos de aplicação do critério do limite (continuação) b) Consideremos a série sen ∞ X 1 sen . É óbvio que n n=1 1 ≥0 e n 1 ≥ 0 para cada n ∈ N. n Como lim e ∞ X 1 n n=1 é divergente, César Silva (UBI) ∞ X n=1 sen sen 1 n 1 n =1 1 também é divergente. n Cálculo II 2009/2010 91 / 460 §1.2.2 Séries de termos não negativos Critério de D’Alembert Seja X an uma série de termos positivos tal que a) Se λ < 1, então b) Se λ > 1, então César Silva (UBI) lim X X an+1 = λ. an an é convergente. an é divergente. Cálculo II 2009/2010 92 / 460 §1.2.2 Séries de termos não negativos Exemplos de aplicação do critério de D’Alembert a) Provemos que a série X 2n n! nn é convergente. É óbvio que 2n n! > 0 qualquer que seja n ∈ N. nn Como 2n+1 (n + 1)! 2 2 2nn (n + 1)n+1 = lim < 1, = lim lim n n = n 2 n! (n + 1) (1 + 1/n) e nn pelo critério de D’Alembert, a série César Silva (UBI) Cálculo II X 2n n! nn é convergente. 2009/2010 93 / 460 §1.2.2 Séries de termos não negativos Exemplos de aplicação do critério de D’Alembert (continuação) b) A série é divergente. Como X n3n n3n > 0 para cada n ∈ N e (n + 1) 3n+1 n+1 = 3 > 1, = lim 3 n 3n n pelo critério de D’Alembert a série lim é divergente. César Silva (UBI) X n3n Cálculo II 2009/2010 94 / 460 §1.2.2 Séries de termos não negativos Critério de Cauchy Seja X an uma série de termos não negativos tal que a) Se λ < 1, então b) Se λ > 1, então César Silva (UBI) lim X X √ n an = λ. an é convergente. an é divergente. Cálculo II 2009/2010 95 / 460 §1.2.2 Séries de termos não negativos Exemplos de aplicação do critério de Cauchy a) Vejamos que a série X n + 1 n2 n é divergente. Como n+1 n n2 ≥ 0 qualquer que seja n ∈ N e lim s n n+1 n n2 = lim n+1 n pelo critério de Cauchy, a série César Silva (UBI) n = lim 1 + X n + 1 n2 Cálculo II n 1 n n = e > 1, é divergente. 2009/2010 96 / 460 §1.2.2 Séries de termos não negativos Exemplos de aplicação do critério de Cauchy (continuação) b) À série X n 3n também podemos aplicar o critério de Cauchy. Como n 3n ≥ 0 para cada n ∈ N e lim √ √ n n 3n = lim 3 n n = 3, o critério de Cauchy garante-nos que é divergente. César Silva (UBI) X n 3n Cálculo II 2009/2010 97 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais Sucessões de números reais Séries de números reais Definição e exemplos Séries de termos não negativos Critério de Leibniz; convergência absoluta Série de potências e série de Taylor 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 98 / 460 §1.2.3 Critério de Leibniz; convergência absoluta Critério de Leibniz Se (an ) é uma sucessão decrescente convergente para zero, então a série +∞ X (−1)n an n=1 é convergente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 99 / 460 §1.2.3 Critério de Leibniz; convergência absoluta Observações a) Se (an ) é uma sucessão decrescente convergente para zero, então an ≥ 0 para qualquer n ∈ N. b) As séries da forma +∞ X (−1)n an n=1 designam-se por séries alternadas. c) O critério de Leibniz também é válido para séries da forma +∞ X n+1 (−1) an ou da forma n=1 César Silva (UBI) +∞ X (−1)n an . n=k Cálculo II 2009/2010 100 / 460 §1.2.3 Critério de Leibniz; convergência absoluta Exemplos 1 é decrescente pois n 1 1 n − (n + 1) −1 an+1 − an = − = = ≤0 n+1 n n(n + 1) n(n + 1) a) A sucessão de termo geral an = para qualquer n ∈ N. Além disso, lim an = lim n→+∞ n→+∞ 1 1 = = 0. n +∞ Pelo critério de Leibniz, a série +∞ X (−1)n n n=1 é convergente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 101 / 460 §1.2.3 Critério de Leibniz; convergência absoluta Exemplos (continuação) b) Estudemos a natureza da série +∞ X (−1)n . Como n2 n=1 1 n2 − (n + 1)2 n2 − (n2 + 2n + 1) −2n − 1 1 − = = = 2 ≤0 2 2 2 2 2 2 (n + 1) n n (n + 1) n (n + 1) n (n + 1)2 1 para qualquer n ∈ N, ou seja, a sucessão de termo geral an = 2 é n decrescente, e 1 1 1 = = = 0, lim n→+∞ n2 (+∞)2 +∞ o critério de Leibniz garante-nos que a série é convergente. César Silva (UBI) +∞ X (−1)n n2 n=1 Cálculo II 2009/2010 102 / 460 §1.2.3 Critério de Leibniz; convergência absoluta Exemplos (continuação) c) Estudemos a natureza da série +∞ X (−1)n an com an = n=1 n+1 . A n sucessão (an ) é decrescente pois an+1 − an = = = = para qualquer n ∈ N. César Silva (UBI) ≤ n+2 n+1 − n+1 n (n + 2)n − (n + 1)2 n(n + 1) 2 n + 2n − (n2 + 2n + 1) n(n + 1) −1 n(n + 1) 0 Cálculo II 2009/2010 103 / 460 §1.2.3 Critério de Leibniz; convergência absoluta Exemplos (continuação) c) (continuação) No entanto, como n+1 1 n 1 = lim + = lim 1 + = 1, n→+∞ n→+∞ n n n n→+∞ n lim an = lim n→+∞ não podemos aplicar o critério de Leibniz pois lim an 6= 0. Mas se lim an = 1, a sucessão de termo geral (−1)n an é divergente pois a subsucessão dos termos de ordem par converge para 1 e a subsucessão dos termos de ordem ímpar converge para −1. Assim, a série +∞ +∞ X X n+1 é divergente. (−1)n an = (−1)n n n=1 n=1 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 104 / 460 §1.2.3 Uma série módulos +∞ X Critério de Leibniz; convergência absoluta an diz-se absolutamente convergente se a série do n=1 +∞ X n=1 |an | é convergente. As séries absolutamente convergentes são convergentes, ou seja, se +∞ X n=1 então +∞ X |an | é convergente, an também é convergente. n=1 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 105 / 460 §1.2.3 Critério de Leibniz; convergência absoluta Observação O recíproco do resultado anterior não se verifica. A série +∞ X (−1)n n n=1 é convergente, mas a sua série dos módulos +∞ n X 1 (−1) = n n n=1 n=1 +∞ X é a série harmónica que já vimos ser divergente. As séries convergentes cuja série dos módulos é divergente dizem-se simplesmente convergentes, semi-convergentes ou condicionalmente convergentes. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 106 / 460 §1.2.3 Critério de Leibniz; convergência absoluta Exemplos +∞ X (−1)n é n2 n=1 convergente. Uma outra forma de vermos que é convergente é através da série do módulos: a) Através do critério de Leibniz concluímos que a série +∞ +∞ X X (−1)n 1 = . n2 n2 n=1 n=1 +∞ X 1 é uma série de Dirichlet com α = 2 e, portanto, é 2 n n=1 convergente. Logo Ora a série +∞ X (−1)n n2 n=1 é absolutamente convergente e, portanto, é convergente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 107 / 460 §1.2.3 Critério de Leibniz; convergência absoluta Exemplos (continuação) b) Estudemos a natureza da série n ∈ N, se tem +∞ X n=1 n2 cos n . Como, para qualquer + 2n + 3 1 1 |cos n| cos n = = 2 ≤ 2 0≤ 2 2 n + 2n + 3 n + 2n + 3 n + 2n + 3 n +∞ X 1 e a série é convergente, pelo critério geral de comparação, a série 2 n n=1 +∞ X cos n n2 + 2n + 3 é convergente. Logo n=1 +∞ X cos n 2 + 2n + 3 n n=1 é absolutamente convergente e, por conseguinte, é convergente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 108 / 460 §1.2.3 Critério de Leibniz; convergência absoluta Exemplos (continuação) c) Consideremos a série +∞ X (−1)n n=1 n+1 . A sua série dos módulos é n2 + 2 +∞ +∞ X X n+1 n n+1 = (−1) 2 2 n +2 n=1 e, como n=1 n +2 n+1 2 +2 n2 (1 + 1/n) 1 + 1/n n2 + n n = lim = lim = 1, lim = lim 2 1 n→+∞ n2 (1 + 2/n) n→+∞ 1 + 2/n n→+∞ n→+∞ n + 2 n +∞ +∞ X X n+1 1 pelo critério do limite, as série e , por serem séries de termos n2 + 2 n n=1 n=1 positivos, são da mesma natureza. Como a série harmónica é divergente, a série +∞ X n+1 n=1 n2 + 2 também é divergente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 109 / 460 §1.2.3 Critério de Leibniz; convergência absoluta Exemplos (continuação) c) (continuação) Acabámos de ver que a série dos módulos de +∞ X (−1)n n=1 +∞ divergente. Vejamos, usando o critério de Leibniz, que a série X n+1 é n2 + 2 (−1)n n=1 convergente. Como lim n→+∞ n+1 é n2 + 2 n(1 + 1/n) 1 + 1/n n+1 1+0 = lim = lim = =0 n→+∞ n2 (1 + 2/n2 ) n→+∞ n(1 + 2/n2 ) n2 + 2 +∞(1 + 0) e n+2 n+1 n2 + 3n − 1 − 2 = ··· = − ≤0 2 (n + 1) + 2 n +2 ((n + 1)2 + 2)(n2 + 1) para qualquer n ∈ N, pelo critério de Leibniz a série +∞ X n=1 (−1)n n+1 n2 + 2 é convergente. Assim, esta série é simplesmente convergente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 110 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais Sucessões de números reais Séries de números reais Série de potências e série de Taylor 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 111 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Sejam a0 , a1 , . . . , an , . . . os termos de uma sucessão e a um número real. A série +∞ X n=0 an (x − a)n = a0 + a1 (x − a) + a2 (x − a)2 + · · · + an (x − a)n + · · · designa-se por série de potências de x − a. Dizemos que a série está centrada em a e que os números an são os coeficientes da série. As séries +∞ X xn , n! n=0 +∞ X n (x − 2)n 2 n + 1 n=0 e +∞ X n=0 n(x − π)n são séries de potências centradas, respectivamente, em 0, 2 e π. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 112 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Observações a) Há séries de potências que não começam em zero. Por exemplo, a série +∞ +∞ X 1 n X xn x = n n n=1 n=1 tem de começar em um. Obviamente, tudo o que vamos estudar nesta secção contínua válido para estas séries. b) Quando x = a e n = 0 obtemos (x − a)n = 00 que, apesar de não estar definido, no contexto das séries convencionamos ser igual a 1. c) Uma série de potências pode convergir para determinados valores de x e divergir para outros. d) Para x = a, tendo em conta a observação b), a série é sempre convergente. Aliás, se x = a temos +∞ X an (x − a)n = a0 . n=0 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 113 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos de séries de potências +∞ X xn . Aplicando o critério de n+1 n=0 D’Alembert à série dos módulos +∞ +∞ X X xn |x|n = n + 1 n+1 n=0 n=0 a) Estudemos a série de potências (que é obviamente uma série de termos positivos) temos n+1 lim n→+∞ |x| 1+ n + 2 = lim n + 1 |x| = lim n n→+∞ n→+∞ n + 2 |x| 1+ n+1 1 n |x| = 1 . |x| = |x| 2 n +∞ X xn é absolutamente convergente para |x| < 1. e, portanto, a série n+1 n=0 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 114 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos de séries de potências (continuação) a) (continuação) Se |x| > 1, temos lim n→+∞ e, portanto, |x|n+1 n + 2 = |x| > 1 |x|n n+1 n+1 n |x| |x| ≥ n+2 n+1 a partir de certa ordem. Daqui concluímos que para |x| > 1 a sucessão de xn termo geral não converge para zero e, consequentemente, a série n+1 +∞ X xn é divergente quando |x| > 1. n+1 n=0 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 115 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos de séries de potências (continuação) a) (continuação) Falta ver o que acontece quando |x| = 1. Se x = 1, então obtemos a série +∞ +∞ X X 1 1 = , n + 1 n=1 n n=0 isto é, obtemos a série harmónica que já vimos ser divergente. Para x = −1, temos a série alternada ∞ ∞ n+1 n X X (−1) (−1) = n+1 n n=1 n=0 que é convergente (ver os exemplos do critério de Leibniz). Assim, esta série é convergente para x ∈ [−1, 1[ e é divergente para x ∈ ] − ∞, −1[ ∪ [1, +∞[. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 116 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos de séries de potências (continuação) b) Consideremos a série de potências +∞ n X x . Aplicando o critério de n! n=0 D’Alembert à série dos módulos +∞ n +∞ n X X x |x| = n! n! n=0 n=0 (que é obviamente uma série de termos positivos) tem-se n+1 |x| 1 n! (n + 1)! |x| = lim |x| = 0 . |x| = 0, = lim lim n n→+∞ n + 1 n→+∞ (n + 1)! n→+∞ |x| n! +∞ n X x o que permite concluir que a série é absolutamente convergente n! n=0 para todo o x ∈ R. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 117 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos de séries de potências (continuação) c) Estudemos a natureza da série série dos módulos lim n→+∞ nxn . Aplicando o critério de Cauchy à n=0 +∞ X n=0 temos +∞ X |nxn | = +∞ X n=0 n n |x| q √ n n |x|n = lim n n |x| = 1 . |x| = |x| . n→+∞ Assim, a série é absolutamente convergente para |x| < 1. Para |x| > 1 a série é divergente. Para |x| = 1 a série também é divergente. Portanto, a série +∞ X nn xn n=0 converge se x ∈ ] − 1, 1[ e diverge se x ∈ ] − ∞, −1] ∪ [1, +∞[. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 118 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Sejam a0 , a1 , . . . , an , . . . os termos de uma sucessão e a um número real. Então a) existe um número real r ≥ 0 tal que a série de potências +∞ X n=0 an (x − a)n converge absolutamente quando |x − a| < r e diverge quando |x − a| > r; ou b) a série de potências +∞ X n=0 an (x − a)n converge absolutamente para qualquer x ∈ R. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 119 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor O número r do resultado anterior designa-se por raio de convergência da série de potências +∞ X n=0 an (x − a)n . Se estivermos no caso da alínea b) costuma-se fazer r = +∞. O conjunto dos x para os quais a série é convergente designa-se por intervalo de convergência da série de potências +∞ X n=0 an (x − a)n . Note-se que o intervalo de convergência de uma série de potências é um dos quatro intervalos seguintes: ]a − r, a + r[ , César Silva (UBI) [a − r, a + r[ , ]a − r, a + r] Cálculo II ou [a − r, a + r] . 2009/2010 120 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Observações a) Do critério de D’Alembert resulta que, an . se o limite existe, então r = lim n→+∞ an+1 De facto, supondo x 6= a e an 6= 0 para qualquer n ∈ N, como an+1 (x − a)n+1 = lim |an+1 | |x − a| = λ |x − a| , lim n→+∞ an (x − a)n n→+∞ |an | pelo critério de D’Alembert, a série é absolutamente convergente se λ |x − a| < 1 ⇔ |x − a| < 1/λ.Além disso, se λ |x − a| > 1 ⇔ |x − a| 1/λ,a série é divergente porque (an (x − a)n )n∈N não converge para zero. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 121 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Observações (continuação) b) De forma análoga prova-se, usando o critério de Cauchy, que, se o limite existe, então r= 1 lim n→+∞ César Silva (UBI) Cálculo II q n . |an | 2009/2010 122 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos +∞ X xn e n+1 n=0 provámos que o raio de convergência desta série é r = 1 e que o seu intervalo de convergência é [−1, 1[. a) Já estudamos a natureza da série de potências b) Num exemplo anterior vimos o raio de convergência da série de +∞ X xn é r = +∞ e, consequentemente, o seu intervalo de potências n! n=0 convergência é ] − ∞, +∞[= R. c) Também já vimos que a série +∞ X nxn tem como raio de n=0 convergência r = 1 e o seu intervalo de convergência é ] − 1, 1[. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 123 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos (continuação) d) Estudemos a série de potências lim n→+∞ +∞ X (x − 1)n . Como n2 2n n=1 1 (n + 1)2 2n+1 n2 2n = lim = lim 2(1+1/n)2 = 2, 1 n→+∞ n→+∞ n2 2n (n + 1)2 2n+1 concluimos que a série é absolutamente convergente quando |x − 1| < 2 ⇔ x − 1 < 2 ∧ x − 1 > −2 ⇔ ⇔ x ∈ ] − 1, 3[ e é divergente quando x ∈ ] − ∞, −1[ ∪ ]3, +∞[. Falta ver o que acontece quando x = −1 e x = 3. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 124 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos (continuação) d) (continuação) Quando x = 3 temos +∞ +∞ +∞ X X X 2n 1 (3 − 1)n = = 2 2n 2 2n 2 n n n n=0 n=0 n=0 que é uma série de Dirichlet convergente. Quando x = −1 vem +∞ +∞ +∞ +∞ X X X X (−1 − 1)n (−2)n (−1)n 2n (−1)n = = = , n2 2 n n2 2 n n2 2 n n2 n=0 n=0 n=0 n=0 e esta série é convergente. Para vermos isso podemos usar o critério de Leibniz ou então ver que a sua série dos módulos +∞ +∞ +∞ X X (−1)n |(−1)n | X 1 = = n2 n2 n2 n=0 n=0 n=0 é convergente. Assim, o raio de convergência da série e o seu intervalo de convergência é [−1, 3]. César Silva (UBI) Cálculo II +∞ X (x − 1)n ér=2 n2 2 n n=1 2009/2010 125 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos (continuação) e) Consideremos a série de potências +∞ X n (x − 2)n . 2+1 n n=1 Como n n3 + 2n2 + 2n +1 lim =1 = lim 3 n+1 n + n2 + n + 1 (n + 1)2 + 1 n2 concluímos que, se |x − 2| < 1, isto é, se x ∈ ]1, 3[, a série é absolutamente converge. Se |x − 2| > 1 a série diverge. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 126 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos (continuação) e) (continuação) Se x = 3, obtemos a série +∞ X +∞ X n n n (3 − 2) = , 2+1 2+1 n n n=1 n=1 que é uma série de termos positivos, pelo que estudaremos a sua natureza recorrendo ao critério do limite, fazendo a comparação com a série harmónica. Como lim n2 n/(n2 + 1) = lim 2 =1 1/n n +1 concluímos que para x = 3 a série tem a mesma natureza da série harmónica e, portanto, diverge. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 127 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos (continuação) e) (continuação) Além disso, se x = 1 obtemos a série +∞ X n=1 (−1)n n . A n2 + 1 n é decrescente visto que 2 n +1 n −n2 − n + 1 n+1 − 2 = 2 < 0 para todo o n ∈ N. 2 (n + 1) + 1 n + 1 (n + 2n + 2)(n2 + 1) sucessão de termo geral an = Por outro lado, uma vez que temos lim n→+∞ 1 n 1 n = lim = lim = =0 n2 + 1 n→+∞ n2 (1 + 1/n2 ) n→+∞ n(1 + 1/n2 ) +∞ podemos concluir pelo critério de Leibniz que, para x = 1, a série converge. Assim, a série converge para x ∈ [1, 3[ e diverge para x ∈ ] − ∞, 1[ ∪ [3 + ∞[. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 128 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor No intervalo de convergência I de uma série de potências +∞ X n=0 an (x − a)n fica bem definida a função f : I → R dada por f (x) = +∞ X n=0 an (x − a)n = a0 + a1 (x − a) + a2 (x − a)2 + · · · + an (x − a)n + · · · . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 129 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Propriedades da função f (x) = Seja +∞ X n=0 P+∞ n=0 an (x − a)n an (x − a)n uma série de potências com raio de convergência r e com intervalo de convergência I. Consideremos a função f : I → R definida por f (x) = +∞ X n=0 an (x − a)n . Então a) a função f é contínua em I; b) a função f é de classe C ∞ em ]a − r, a + r[; César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 130 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Propriedades da função f (x) = P+∞ n=0 c) para cada x ∈ ]a − r, a + r[ tem-se f 0 (x) = +∞ X n=0 an (x − a)n (continuação) [an (x − a)n ]0 , ou seja, f 0 (x) = +∞ X nan (x − a)n−1 +∞ X (n + 1)an+1 (x − a)n n=1 = n=0 = a1 + 2a2 (x − a) + 3a3 (x − a)2 + · · · + nan (x − a)n−1 + · · · César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 131 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Propriedades da função f (x) = P+∞ n=0 d) para cada x ∈ ]a − r, a + r[ tem-se Z " +∞ X an (x − a)n (continuação) # (x − a)n+1 an f (x) dx = +C n+1 n=0 a2 a1 = C + a0 (x − a) + (x − a)2 + (x − a)3 + · · · + 2 3 an n+1 + (x − a) + ··· n+1 ou seja, a função g dada por g(x) = +∞ X n=0 an (x − a)n+1 n+1 é uma primitiva de f . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 132 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos a) Seja f : R \ {1} → R a função dada por f (x) = 1 . 1−x Quando estudámos a série geométrica vimos que para cada x ∈ ] − 1, 1[ temos +∞ X n=0 xn = 1 = f (x). 1−x Verificamos então que f admite um desenvolvimento em série de potências de x no intervalo ] − 1, 1[. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 133 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos (continuação) b) Como 1 1−x 0 = 10 (1 − x) − 1(1 − x)0 0(1 − x) − 1(−1) 1 = = , 2 2 (1 − x) (1 − x) (1 − x)2 usando o exemplo anterior e uma das propriedades anteriores, temos, para x ∈] − 1, 1[, 1 = (1 − x)2 = 1 1−x +∞ X 0 nxn−1 = n=1 César Silva (UBI) = Cálculo II +∞ X (xn )0 n=0 +∞ X (n + 1)xn n=0 2009/2010 134 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos (continuação) c) O estudo que fizemos da série geométrica permite-nos concluir, para cada x ∈ ] − 1, 1[, que +∞ +∞ X X 1 1 = = (−x)n = (−1)n xn . 1+x 1 − (−x) n=0 n=0 1 tem-se 1+x +∞ X xn+1 ln(1 + x) = C + (−1)n n+1 n=0 Como ln(1 + x) é uma primitiva de para algum C ∈ R. Como ln(1 + 0) = 0, tem-se C = 0 e, por conseguinte, ln(1 + x) = +∞ X (−1)n n=0 César Silva (UBI) xn+1 para qualquer x ∈] − 1, 1[. n+1 Cálculo II 2009/2010 135 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos (continuação) d) Usando novamente a série geométrica, para x ∈ ] − 1, 1[, temos +∞ +∞ X X 1 1 2 n = = (−x ) = (−1)n x2n 1 + x2 1 − (−x2 ) n=0 n=0 e, pelas propriedades estudadas, tem-se para x ∈ ] − 1, 1[ arc tg x = C + +∞ X (−1)n n=0 x2n+1 2n + 1 para algum C ∈ R. Como arc tg 0 = 0, concluímos que C = 0 e, portanto, arc tg x = +∞ X (−1)n n=0 César Silva (UBI) x2n+1 para x ∈ ] − 1, 1[. 2n + 1 Cálculo II 2009/2010 136 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Seja f : D → R uma função de classe C ∞ . Se f puder ser escrita na forma f (x) = +∞ X n=0 an (x − a)n = a0 + a1 (x − a) + a2 (x − a)2 + · · · + an (x − a)n + · · · para x ∈ ]a − r, a + r[ ⊆ D, com r > 0, dizemos que f admite uma representação em série de potências de x − a no intervalo ]a − r, a + r[. As funções que admitem uma representação em série de potências num intervalo não degenerado da forma ]a − r, a + r[ dizem-se funções analíticas no ponto a. Dada uma função analítica num ponto a, como calcular os coeficientes an ? César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 137 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Se para cada x ∈ ]a − r, a + r[ se tem f (x) = a0 + a1 (x − a) + a2 (x − a)2 + · · · + an (x − a)n + · · · então f (a) = a0 . Derivando obtemos f 0 (x) = a1 + 2a2 (x − a) + 3a3 (x − a)2 + · · · + nan (x − a)n−1 + · · · e, portanto, f 0 (a) = a1 . Derivando novamente obtemos f 00 (x) = 2 a2 + 3 × 2 a3 (x − a) + · · · + n × (n − 1) an (x − a)n−2 + · · · o que implica f 00 (a) = 2 a2 . Iterando o processo obtemos f (n) (a) = n! an ⇔ an = f (n) (a) n! para cada n ∈ N0 (com f (0) = f ). Assim, f (x) = f (a) + f 0 (a) f 00 (a) f (n) (a) (x − a) + (x − a)2 + · · · + (x − a)n + · · · 1! 2! n! César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 138 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Fórmula de Taylor (com resto de Lagrange) Sejam I um intervalo, f: I →R uma função de classe C n , n + 1 vezes diferenciável em int I e a um ponto de I. Para cada x ∈ I \ {a}, existe c estritamente entre a e x tal que f (x) = f (a) + f 0 (a) (x − a) + f (n) (a) f 00 (a) (x − a)2 + · · · + (x − a)n + Rn (x) 2! n! onde Rn (x) = César Silva (UBI) f (n+1) (c) (x − a)n+1 . (n + 1)! Cálculo II 2009/2010 139 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Ao polinómio pn (x) = f (a) + f 0 (a) (x − a) + f (n) (a) f 00 (a) (x − a)2 + · · · + (x − a)n 2! n! chamamos polinómio de Taylor de grau n da função f em torno de x=aea f (n+1) (c) Rn (x) = (x − a)n+1 (n + 1)! resto Lagrange de ordem n da função f em torno de x = a. Se a = 0 a fórmula de Taylor designa-se por fórmula de MacLaurin e o polinómio de Taylor designa-se por polinómio de MacLaurin. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 140 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Dada uma função f : D → R de classe C ∞ , designa-se por série de Taylor de f em a a série +∞ X f (n) (a) (x − a)n n! n=0 = f (a) + f 00 (a) f (n) (a) f 0 (a) (x − a) + (x − a)2 + · · · + (x − a)n + · · · 1! 2! n! No caso particular em que a = 0 obtemos a série +∞ X f (n) (0) n f 0 (0) f 00 (0) 2 f (n) (0) n x = f (0) + x+ x + ··· + x + ··· n! 1! 2! n! n=0 que se designa por série de MacLaurin de f . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 141 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Pelo que foi visto anteriormente, uma função f de classe C ∞ é analítica num ponto a interior ao domínio se existe r > 0 tal que f (x) = +∞ X f (n) (a) (x − a)n n! n=0 para cada x ∈ ]a − r, a + r[. Assim, da fórmula de Taylor resulta imediatamente o seguinte resultado. Seja f : D → R uma função de classe C ∞ e seja Rn (x) o resto de Lagrange de ordem n da função f em torno de x = a ∈ D. Se existir r > 0 tal que para cada x ∈]a − r, a + r[⊆ D se tem lim Rn (x) = 0, n→+∞ então a função f é analítica em x = a. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 142 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos a) A função exponencial, f (x) = ex , é de classe C ∞ e f (n) (x) = ex o que implica f (n) (0) = 1 para qualquer n ∈ N. A fórmula de Maclaurin com resto de Lagrange será xn ec xn+1 x2 + ··· + + Rn (x), com Rn (x) = 2! n! (n + 1)! e onde c é um número entre 0 e x. Como c n+1 emax{0,x} |x|n+1 e x , (n + 1)! ≤ (n + 1)! temos ec xn+1 =0 lim Rn (x) = lim n→+∞ n→+∞ (n + 1)! e, por conseguinte, a função exponencial é analítica em torno da origem e ex = 1 + x + ex = 1 + x + César Silva (UBI) +∞ n X x x2 xn + ···+ + ··· = . 2! n! n! n=0 Cálculo II 2009/2010 143 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos (continuação) b) A função seno, f (x) = sen x, é de classe C ∞ e f (n) (x) = cos x − sen x − cos x sen x pelo que f César Silva (UBI) (n) (0) = ( 0 (−1)k+1 se se se se n = 4k − 3, k ∈ N; n = 4k − 2, k ∈ N; n = 4k − 1, k ∈ N; n = 4k, k ∈ N; se n = 2k, n ∈ N; se n = 2k − 1, n ∈ N. Cálculo II 2009/2010 144 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos (continuação) b) (continuação) Assim, a fórmula de Maclaurin, com resto de Lagrange, da função seno é sen x = x − x3 x5 x2n+1 + + · · · + (−1)n + R2n+1 (x), 3! 5! (2n + 1)! com R2n+1 (x) = (−1)n sen c x2n+2 (2n + 2)! e c um número entre 0 e x. Como lim R2n+1 (x) = 0, a função n→+∞ seno é analítica em torno da origem e sen x = x − +∞ X x3 x2n+1 x5 x2n+1 (−1)n + + · · · + (−1)n + ··· = . 3! 5! (2n + 1)! (2n + 1)! n=0 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 145 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Exemplos (continuação) c) De modo semelhante prova-se que a função coseno é analítica na origem e que cos x = 1 − = +∞ X n=0 César Silva (UBI) x2n x2 x4 + + · · · + (−1)n + ··· 2! 4! (2n)! (−1)n x2n . (2n)! Cálculo II 2009/2010 146 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Façamos uma lista das principais séries de Taylor deduzidas nestes capítulo. ex = +∞ n X x , n! n=0 sen x = cos x = +∞ X x∈R (−1)n n=0 +∞ X (−1)n n=0 +∞ X 1 = xn , 1 − x n=0 ln(1 + x) = arc tg x = +∞ X x2n , (2n)! x∈R x∈R x ∈ ] − 1, 1[ (−1)n n=0 +∞ X (−1)n n=0 César Silva (UBI) x2n+1 , (2n + 1)! xn+1 , n+1 x2n+1 , 2n + 1 Cálculo II x ∈ ] − 1, 1[ x ∈ ] − 1, 1[ 2009/2010 147 / 460 §1.3 Série de potências e série de Taylor Observação Nem todas as funções de classe C ∞ num dado intervalo aberto são analíticas nesse intervalo. Por exemplo, se f : R → R é a função definida por ( 2 se x 6= 0 e−1/x f (x) = 0 se x = 0 pode-se provar que f é de classe C ∞ e f (n) (0) = 0. Obviamente, a sua série de MacLaurin +∞ X f 0 (0) f 00 (0) 2 f (n) (0) n f (n) (0) n x = f (0) + x+ x + ··· + x + ··· n! 1! 2! n! n=0 é identicamente nula e, portanto, é diferente de f em qualquer intervalo da forma ] − r, r[, r > 0. Logo f não é analítica em x = 0. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 148 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade Breves noções de topologia em Rn Funções de Rn em Rm Limites Continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 149 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade Breves noções de topologia em Rn Os espaços Rn Distâncias e normas Bolas e conjuntos limitados Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Conjuntos abertos e conjuntos fechados Funções de Rn em Rm Limites Continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 150 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade Breves noções de topologia em Rn Os espaços Rn Distâncias e normas Bolas e conjuntos limitados Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Conjuntos abertos e conjuntos fechados Funções de Rn em Rm Limites Continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 151 / 460 §2.1.1 Os espaços Rn Recordemos que se identifica o conjunto R dos números reais com a recta 0 César Silva (UBI) a Cálculo II 2009/2010 152 / 460 §2.1.1 Os espaços Rn Os elementos do conjunto R2 = {(x1 , x2 ) : x1 , x2 ∈ R} podem ser representados no plano da seguinte forma x2 b b a P (a, b) x1 Representação geométrica de um ponto de R2 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 153 / 460 §2.1.1 Os espaços Rn Os elementos do conjunto R3 = {(x1 , x2 , x3 ) : x1 , x2 , x3 ∈ R} podem ser representados no espaço da seguinte forma x3 c b P (a, b, c) b x2 a x1 Representação geométrica de um ponto de R3 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 154 / 460 §2.1.1 Os espaços Rn Podemos generalizar este género de conjuntos para qualquer número natural n. Assim, definimos o conjunto Rn utilizando o produto cartesiano, ou seja, Rn = |R × R × · · · × R} {z n vezes é o conjunto formado por todos os elementos da forma x = (x1 , . . . , xn ) onde xi é um número real para i = 1, . . . , n. A cada elemento xi chamamos i-ésima coordenada de x. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 155 / 460 §2.1.1 Os espaços Rn Em Rn vamos considerar duas operações, a adição (entre elementos de Rn ) e a multiplicação de um número real por um elemento de Rn , definidas, para cada x = (x1 , . . . , xn ) e y = (y1 , . . . , yn ) em Rn e para cada λ ∈ R, da seguinte forma: x + y = (x1 , . . . , xn ) + (y1 , . . . , yn ) = (x1 + y1 , . . . , xn + yn ) e λx = λ (x1 , . . . , xn ) = (λx1 , . . . , λxn ) . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 156 / 460 §2.1.1 Os espaços Rn A adição e a multiplicação verificam, para cada x = (x1 , . . . , xn ) , y = (y1 , . . . , yn ) e z = (z1 , . . . , zn ) em Rn e para cada λ, µ em R, as seguintes propriedades: a) x + y = y + x; b) x + (y + z) = (x + y) + z; c) (0, . . . , 0) ∈ Rn é o elemento neutro da adição; d) −x = (−x1 , . . . , −xn ) é o simétrico de x = (x1 , . . . , xn ), já que x + (−x) = (0, . . . , 0); e) λ (µx) = (λµ) x; f ) λ (x + y) = λx + λy; g) (λ + µ) x = λx + µx; h) 1 x = x. Por se verificarem estas propriedades, é costume dizer que Rn é um espaço vectorial. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 157 / 460 §2.1.1 Os espaços Rn Associada a estas operações está uma outra operação, a subtracção, que é definida, para cada x = (x1 , . . . , xn ) e y = (y1 , . . . , yn ) em Rn , por x − y = (x1 , . . . , xn ) − (y1 , . . . , yn ) = (x1 − y1 , . . . , xn − yn ). Sempre que não haja perigo de confusão, representaremos um elemento genérico de R2 por (x, y) em vez de (x1 , x2 ). Da mesma forma, um elemento genérico de R3 será por vezes representado por (x, y, z) em vez de (x1 , x2 , x3 ). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 158 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade Breves noções de topologia em Rn Os espaços Rn Distâncias e normas Bolas e conjuntos limitados Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Conjuntos abertos e conjuntos fechados Funções de Rn em Rm Limites Continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 159 / 460 §2.1.2 Distâncias e normas Em R, observando a figura que se segue |x − y| x y Distância entre dois números reais x e y verificamos que a distância entre dois números reais x e y é dada por d(x, y) = |x − y| . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 160 / 460 §2.1.2 Distâncias e normas Vejamos como calcular a distância entre dois elementos de R2 . Para isso consideremos dois pontos x = (x1 , x2 ) e y = (y1 , y2 ) e façamos a sua representação geométrica. x2 b d( y2 b x, y) x 2 − y2 x 1 − y1 x1 y1 Distância entre dois pontos de R2 Pelo teorema de Pitágoras concluímos que a distância entre x e y é dada por q d(x, y) = (x1 − y1 )2 + (x2 − y2 )2 . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 161 / 460 §2.1.2 Distâncias e normas Do mesmo modo, a distância entre dois pontos x = (x1 , x2 , x3 ) e y = (y1 , y2 , y3 ) é dada por d(x, y) = q (x1 − y1 )2 + (x2 − y2 )2 + (x3 − y3 )2 . b x = (x1 , x2 , x3 ) b y = (y1 , y2 , y3 ) Distância entre dois pontos de R3 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 162 / 460 §2.1.2 Distâncias e normas De um modo geral, dados x = (x1 , . . . , xn ) e y = (y1 , . . . , yn ) em Rn , a distância entre x e y calcula-se usando a seguinte fórmula: d(x, y) = César Silva (UBI) q (x1 − y1 )2 + (x2 − y2 )2 + · · · + (xn − yn )2 . Cálculo II 2009/2010 163 / 460 §2.1.2 Distâncias e normas Associado à definição de distância temos o conceito de norma. Dado x = (x1 , . . . , xn ) ∈ Rn , a norma de x é dada por q kxk = x21 + x22 + · · · + x2n . Repare-se que se representarmos por 0 o vector nulo (0, . . . , 0) temos kxk = kx − 0k = d(x, 0) pelo que a norma de x = (x1 , . . . , xn ) é apenas o comprimento do vector x, tal como ilustra a figura seguinte no caso particular de R2 : x = (x1 , x2 ) x2 x1 Além disso, dados x = (x1 , . . . , xn ) e y = (y1 , . . . , yn ) em Rn , temos d(x, y) = kx − yk. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 164 / 460 §2.1.2 Distâncias e normas Para quaisquer x, y ∈ Rn e para qualquer λ ∈ R, as seguintes propriedades são verdadeiras: a) kxk ≥ 0 b) kxk = 0 se e só se x = 0; c) kλxk = |λ| kxk; d) kx + yk ≤ kxk + kyk. (desigualdade triangular) As três primeiras propriedades apresentadas anteriormente são fáceis de verificar. Já a última propriedade é mais difícil de provar. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 165 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade Breves noções de topologia em Rn Os espaços Rn Distâncias e normas Bolas e conjuntos limitados Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Conjuntos abertos e conjuntos fechados Funções de Rn em Rm Limites Continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 166 / 460 §2.1.3 Bolas e conjuntos limitados Seja a = (a1 , . . . , an ) um ponto de Rn . Chama-se bola aberta de centro a e raio r > 0 ao conjunto Br (a) = {x ∈ Rn : d(x, a) < r} = {x ∈ Rn : kx − ak < r} = n n x∈R : q (x1 − a1 )2 + (x2 − a2 )2 + · · · + (xn − an )2 <r = x ∈ Rn : (x1 − a1 )2 + (x2 − a2 )2 + · · · + (xn − an )2 < r 2 e bola fechada de centro a e raio r ≥ 0 ao conjunto o Br [a] = {x ∈ Rn : d(x, a) ≤ r} = {x ∈ Rn : kx − ak ≤ r} = n n x∈R : q (x1 − a1 )2 + (x2 − a2 )2 + · · · + (xn − an )2 ≤r o = x ∈ Rn : (x1 − a1 )2 + (x2 − a2 )2 + · · · + (xn − an )2 ≤ r 2 . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 167 / 460 §2.1.3 Bolas e conjuntos limitados O conjunto Sr (a) = {x ∈ Rn : d(x, a) = r} = {x ∈ Rn : kx − ak = r} = n x ∈ Rn : q (x1 − a1 )2 + (x2 − a2 )2 + · · · + (xn − an )2 = r = x ∈ Rn : (x1 − a1 )2 + (x2 − a2 )2 + · · · + (xn − an )2 = r 2 designa-se por esfera de centro a e raio r ≥ 0. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 o 168 / 460 §2.1.3 Bolas e conjuntos limitados Em R a distância entre dois elementos é dada pelo módulo da diferença e, por conseguinte, as bolas são intervalos e as esferas conjuntos com dois pontos: a−r a a+r a−r a a+r a−r a a+r Bola aberta, bola fechada e esfera de centro a ∈ R e raio r César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 169 / 460 §2.1.3 Bolas e conjuntos limitados A figura seguinte ilustra, em R2 , os três conjuntos definidos anteriormente: r a2 b a1 r a2 b r a2 b a1 a1 Bola aberta, bola fechada e esfera de centro (a1 , a2 ) e raio r César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 170 / 460 §2.1.3 Bolas e conjuntos limitados Em R3 a bola de centro a = (a1 , a2 , a3 ) e raio r pode ser representada por ab r Representação geométrica em R3 da bola de centro a = (a1 , a2 , a3 ) e raio r César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 171 / 460 §2.1.3 Bolas e conjuntos limitados Um subconjunto A de Rn diz-se limitado se estiver contido em alguma bola centrada na origem, isto é, A ⊆ Br [0] para algum r > 0, ou seja, se existir r > 0 tal que kxk ≤ r para cada x ∈ A. Os subconjuntos de Rn que não são limitados dizem-se ilimitados César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 172 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade Breves noções de topologia em Rn Os espaços Rn Distâncias e normas Bolas e conjuntos limitados Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Conjuntos abertos e conjuntos fechados Funções de Rn em Rm Limites Continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 173 / 460 §2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Seja A um subconjunto não vazio de Rn . Um ponto a ∈ Rn diz-se interior a A se existir ε > 0 tal que Bε (a) ⊆ A. O ponto a diz-se exterior a A se existir ε > 0 tal que Bε (a) ⊆ Rn \ A. Um ponto a ∈ Rn diz-se fronteiro a A se para cada ε > 0, Bε (a) ∩ A 6= ∅ e Bε (a) ∩ (Rn \ A) 6= ∅. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 174 / 460 §2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto A figura que se segue ilustra estes três conceitos. a c b Pontos interiores, pontos exteriores e pontos fronteiros O ponto a é um ponto interior ao conjunto, o ponto b é um ponto exterior ao conjunto e o ponto c é um ponto fronteiro ao conjunto. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 175 / 460 §2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto O conjunto dos pontos interiores a A designa-se por interior de A e representa-se por int A ou A◦ . O conjunto dos pontos exteriores a A chama-se exterior de A e representa-se por ext A. O conjunto dos pontos fronteiros de A diz-se a fronteira de A e representa-se por fr A. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 176 / 460 §2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Observações a) Da definição resulta imediatamente que int A, ext A e fr A são conjuntos disjuntos dois a dois e que Rn = int A ∪ ext A ∪ fr A. b) Outra consequência imediata da definição é a seguinte int A = ext (Rn \ A) César Silva (UBI) e Cálculo II fr A = fr (Rn \ A) . 2009/2010 177 / 460 §2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Exemplos a) Consideremos os conjuntos A = (x, y) ∈ R2 : 1 < x < 2 ∧ 1 < y < 2 B = (x, y) ∈ R2 : 3 ≤ x ≤ 4 ∧ 1 ≤ y ≤ 2 C = (x, y) ∈ R2 : 5 ≤ x ≤ 6 ∧ 1 < y < 2 Estes conjuntos estão representados na figura seguinte y 2 A B C 1 1 César Silva (UBI) 2 3 Cálculo II 4 5 6 x 2009/2010 178 / 460 §2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Exemplos a) (continuação) Então o interior destes três conjuntos é dado por int A = int B = int C = o exterior é dado por ext A = ext B = ext C = (x, y) ∈ R2 : 1 < x < 2 ∧ 1 < y < 2 (x, y) ∈ R2 : 3 < x < 4 ∧ 1 < y < 2 (x, y) ∈ R2 : 5 < x < 6 ∧ 1 < y < 2 , (x, y) ∈ R2 : x < 1 ∨ x > 2 ∨ y < 1 ∨ y > 2 (x, y) ∈ R2 : x < 3 ∨ x > 4 ∨ y < 1 ∨ y > 2 (x, y) ∈ R2 : x < 5 ∨ x > 6 ∨ y < 1 ∨ y > 2 , e a fronteira é dada por fr A = fr B = fr C = (x, y) ∈ R2 : ((y = 1 ∨ y = 2) ∧ 1 ≤ x ≤ 2) ∨ ((x = 1 ∨ x = 2) ∧ 1 ≤ y ≤ 2) (x, y) ∈ R2 : ((y = 1 ∨ y = 2) ∧ 3 ≤ x ≤ 4) ∨ ((x = 3 ∨ x = 4) ∧ 1 ≤ y ≤ 2) (x, y) ∈ R2 : ((y = 1 ∨ y = 2) ∧ 5 ≤ x ≤ 6) ∨ ((x = 5 ∨ x = 6) ∧ 1 ≤ y ≤ 2) . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 179 / 460 §2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Exemplos b) Dada a bola aberta Br (a) de centro a e raio r > 0 tem-se int (Br (a)) = Br (a) ext (Br (a)) = Rn \ Br [a] fr (Br (a)) = Sr (a). O interior, o exterior e a fronteira da bola fechada Br [a] de centro a e raio r > 0 coincidem, respectivamente, com o interior, o exterior e a fronteira de Br (a). c) É óbvio que int Rn = Rn , ext Rn = ∅ e fr Rn = ∅. d) Também temos int ∅ = ∅, ext ∅ = Rn e fr ∅ = ∅. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 180 / 460 §2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Um ponto a ∈ Rn diz-se aderente a um subconjunto A ⊆ Rn se para cada ε > 0, Bε (a) ∩ A 6= ∅. O conjunto dos pontos aderentes de um conjunto A designa-se por aderência ou fecho de A e representa-se por A. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 181 / 460 §2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Exemplos a) Considerando novamente os conjuntos n o n o A = (x, y) ∈ R2 : 1 < x < 2 ∧ 1 < y < 2 n o B = (x, y) ∈ R2 : 3 ≤ x ≤ 4 ∧ 1 ≤ y ≤ 2 C = (x, y) ∈ R2 : 5 ≤ x ≤ 6 ∧ 1 < y < 2 temos A= B = C = César Silva (UBI) n o (x, y) ∈ R2 : 1 ≤ x ≤ 2 ∧ 1 ≤ y ≤ 2 n o (x, y) ∈ R2 : 3 ≤ x ≤ 4 ∧ 1 ≤ y ≤ 2 n o (x, y) ∈ R2 : 5 ≤ x ≤ 6 ∧ 1 ≤ y ≤ 2 Cálculo II 2009/2010 182 / 460 §2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Exemplos (continuação) b) Seja Br (a) a bola aberta de centro a e raio r > 0. Então Br (a) = Br [a]. c) Também se tem Rn = Rn e ∅ = ∅. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 183 / 460 §2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto É evidente que para qualquer subconjunto A de Rn se tem A = int A ∪ fr A e int A ⊆ A ⊆ A. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 184 / 460 §2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Sejam A um subconjunto de Rn e a ∈ Rn . Diz-se que a é um ponto de acumulação de A se para cada ε > 0, Bε (a) ∩ (A \ {a}) 6= ∅. O conjunto dos pontos de acumulação de um conjunto A representa-se por A0 e designa-se por derivado. Os pontos de A que não são pontos de acumulação de A designam-se por pontos isolados. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 185 / 460 §2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Exemplos a) Seja n o A = (x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 < 1 ∪ {(2, 2) , (−2, 2)} . O conjunto A tem a seguinte representação geométrica y 2 1 -2 César Silva (UBI) Cálculo II 2 x 2009/2010 186 / 460 §2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Exemplos (continuação) a) (continuação) Então se A = (x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 < 1 ∪ {(2, 2) , (−2, 2)} tem-se (x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 < 1 , ext A = (x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 > 1 \ {(2, 2) , (−2, 2)} , fr A = (x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 = 1 ∪ {(2, 2) , (−2, 2)} , A = (x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 ≤ 1 ∪ {(2, 2) , (−2, 2)} , A0 = (x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 ≤ 1 . int A = Os pontos (2, 2) e (−2, 2) são pontos isolados de A. Além disso o conjunto A é limitado porque A ⊆ B3 [0]. b) É óbvio que (Rn )0 = Rn e que (∅)0 = ∅. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 187 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade Breves noções de topologia em Rn Os espaços Rn Distâncias e normas Bolas e conjuntos limitados Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Conjuntos abertos e conjuntos fechados Funções de Rn em Rm Limites Continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 188 / 460 §2.1.5 Conjuntos abertos e conjuntos fechados Um subconjunto A de Rn diz-se aberto se A = int A e diz-se fechado se A = A. b a conjunto aberto conjunto fechado Conjuntos abertos e conjuntos fechados César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 189 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade Breves noções de topologia em Rn Funções de Rn em Rm Definição e exemplos Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Limites Continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 190 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade Breves noções de topologia em Rn Funções de Rn em Rm Definição e exemplos Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Limites Continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 191 / 460 §2.2.1 Definição e exemplos Seja D um subconjunto não vazio de Rn . Uma função f : D ⊆ Rn → Rm associa a cada elemento x = (x1 , . . . , xn ) de D um e um só elemento de Rm que representaremos por f (x). Como f (x) ∈ Rm , tem-se f (x) = (f1 (x), f2 (x), . . . , fm (x)) onde f1 : D ⊆ Rn → R f2 : D ⊆ Rn → R .. . fm : D ⊆ Rn → R. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 192 / 460 §2.2.1 Definição e exemplos Assim, cada função f : D ⊆ Rn → Rm pode ser definida por m funções f1 : D ⊆ Rn → R f2 : D ⊆ Rn → R .. . fm : D ⊆ Rn → R, funções essas que se designam por funções coordenadas de f . Nestas condições escreve-se f = (f1 , f2 , . . . , fm ) . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 193 / 460 §2.2.1 Definição e exemplos As funções f : D ⊆ Rn → R designam-se por funções escalares e as funções f : D ⊆ Rn → Rm , m > 1, designam-se por funções vectoriais. O conjunto D no qual está definida a função designa-se por domínio de f e o conjunto de todas as imagens de uma função designa-se por contradomínio de f , ou seja, o contradomínio de uma função f : D ⊆ Rn → Rm é o conjunto f (D) = {f (x) ∈ Rm : x ∈ D} . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 194 / 460 §2.2.1 Definição e exemplos Exemplos de funções f : D ⊆ Rn → Rm a) Seja f a função dada por f (x, y) = (f1 (x, y), f2 (x, y), f3 (x, y)) = (ln(y − x), sen x, 1) . O domínio de f é o conjunto n o D = (x, y) ∈ R2 : y − x > 0 n = (x, y) ∈ R2 : y > x o Obviamente, f : D ⊆ R2 → R3 e o seu contradomínio é o conjunto n o f (D) = (a, b, c) ∈ R3 : − 1 ≤ b ≤ 1, c = 1 . Esta função é uma função vectorial pois o seu contradomínio é um subconjunto de R3 . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 195 / 460 §2.2.1 Definição e exemplos Exemplos de funções f : D ⊆ Rn → Rm (continuação) a) (continuação) Façamos a representação geométrica do domínio da função f : n D = (x, y) ∈ R2 : y > x y o y=x D 1 1 César Silva (UBI) Cálculo II x 2009/2010 196 / 460 §2.2.1 Definição e exemplos Exemplos de funções f : D ⊆ Rn → Rm (continuação) b) Consideremos a função escalar dada por f (x, y) = x ln y 2 − x . O domínio de f é o conjunto n o D = (x, y) ∈ R2 : y 2 − x > 0 n o = (x, y) ∈ R2 : y 2 > x Assim, f : D ⊆ R2 → R e o contradomínio de f é R. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 197 / 460 §2.2.1 Definição e exemplos Exemplos de funções f : D ⊆ Rn → Rm (continuação) b) (continuação) Façamos a representação geométrica do domínio da função f : n o D = (x, y) ∈ R2 : y 2 > x y D x = y2 √ 2 1 1 César Silva (UBI) Cálculo II 2 x 2009/2010 198 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade Breves noções de topologia em Rn Funções de Rn em Rm Definição e exemplos Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Limites Continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 199 / 460 §2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Dada uma função f : D ⊆ Rn → Rm designa-se por gráfico de f o conjunto G (f ) = {(a, f (a)) : a ∈ D} . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 200 / 460 §2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Gráfico da função dada por f (x, y) = x2 + y 2 Seja f a função dada por f (x, y) = x2 + y 2 . O domínio desta função é R2 e o seu contradomínio é [0, +∞[. O gráfico desta função é o conjunto G (f ) = n o (x, y), x2 + y 2 : (x, y) ∈ R2 . Costuma identificar-se o ponto (x, y), x2 + y 2 de R2 × R com o ponto 2 2 3 x, y, x + y de R . Assim, G (f ) = César Silva (UBI) n o x, y, x2 + y 2 : (x, y) ∈ R2 . Cálculo II 2009/2010 201 / 460 §2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Gráfico da função dada por f (x, y) = x2 + y 2 (continuação) Façamos a representação geométrica do gráfico de f : f (x, y) 5 b 2 1 y x César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 202 / 460 §2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Sejam f : D ⊆ Rn → R uma função e k ∈ R. O conjunto Ck = {x ∈ D : f (x) = k} designa-se por conjunto de nível k. Em R2 os conjuntos de nível designam-se por curvas de nível e em R3 designam-se por superfícies de nível. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 203 / 460 §2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Curvas de nível da função dada por f (x, y) = x2 + y 2 Consideremos novamente a função f : R2 → R dada por f (x, y) = x2 + y 2 . As curvas de nível desta função são n o Ck = (x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 = k . Assim, se k < 0 temos Ck = ∅. Se k = 0 temos C0 = {(0, 0)}. Finalmente, para k√> 0 a curva de nível é uma circunferência centrada em (0, 0) e de raio k. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 204 / 460 §2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Curvas de nível da função dada por f (x, y) = x2 + y 2 (continuação) As curvas de nível 1, 2 e 3 estão representadas na figura seguinte y 1 César Silva (UBI) Cálculo II √ √ 2 3 x 2009/2010 205 / 460 §2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Curvas de nível da função dada por f (x, y) = x2 + y 2 (continuação) As curvas de nível podem ajudar a representar geometricamente o gráfico da função: f (x, y) 3 2 1 y x César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 206 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade Breves noções de topologia em Rn Funções de Rn em Rm Limites Definição, propriedades e exemplos Limites relativos e limites direccionais Continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 207 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade Breves noções de topologia em Rn Funções de Rn em Rm Limites Definição, propriedades e exemplos Limites relativos e limites direccionais Continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 208 / 460 §2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Comecemos por recordar a definição de limite para funções ou seja, quando n = m = 1. f : D ⊆ R → R, Sejam D um subconjunto de R, f : D → R uma função, a um ponto de acumulação de D e b ∈ R. Diz-se que b é o limite (de f ) quando x tende para a, e escreve-se lim f (x) = b, x→a se para cada ε > 0, existe δ > 0 tal que |f (x) − b| < ε para qualquer x ∈ D tal que 0 < |x − a| < δ. Simbolicamente, tem-se o seguinte lim f (x) = b ⇔ ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 < |x − a| < δ ⇒ |f (x) − b| < ε) x→a César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 209 / 460 §2.3.1 Definição, propriedades e exemplos A figura seguinte ilustra o conceito de limite de funções f : D ⊆ R → R. y f (a) b b+ε b+ε b b−ε b−ε a+δa+δa+δ a−δa−δa−δ a−δaa+δ x Interpretação geométrica do conceito de limite de uma função real de variável real César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 210 / 460 §2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Para generalizarmos o conceito de limite para funções f : D ⊆ Rn → Rm temos de utilizar normas em vez de módulos. Deste modo, sejam D um subconjunto de Rn , f : D ⊆ Rn → Rm uma função, a um ponto de acumulação de D e b ∈ Rm . Dizemos que b é o limite de f quando x tende para a, e escreve-se lim f (x) = b, x→a se para cada ε > 0, existe δ > 0 tal que kf (x) − bk < ε para qualquer x ∈ D tal que 0 < kx − ak < δ. Simbolicamente, tem-se o seguinte: lim f (x) = b ⇔ ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 < kx − ak < δ ⇒ kf (x) − bk < ε) . x→a César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 211 / 460 §2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Para interpretar geometricamente a definição de limite basta observar que kf (x) − bk < ε é equivalente a f (x) ∈ Bε (b) e que 0 < kx − ak < δ é equivalente a x ∈ Bδ (a) \ {a} . Rn f Rm D f (D) f (a) δ a ε b x f (x) Interpretação geométrica do limite em a de uma função f : D ⊆ Rn → Rm César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 212 / 460 §2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Se a for um ponto isolado do domínio D, então a definição dada atrás não se pode aplicar porque, quando a é um ponto isolado de D, é possível escolher δ > 0 tal que 0 < kx − ak < δ é falso para qualquer x ∈ D. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 213 / 460 §2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Propriedades a) O limite de de uma função (quando existe) é único. b) Sejam D um subconjunto de Rm tal que a = (a1 , . . . , an ) ∈ Rn um ponto de acumulação de D e seja b = (b1 , . . . , bm ) ∈ Rm . Se uma função tal que f : D ⊆ Rn → Rm f = (f1 , . . . , fm ) , então lim f (x) = b se e só se lim fi (x) = bi , i = 1, . . . , m. x→a César Silva (UBI) x→a Cálculo II 2009/2010 214 / 460 §2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Propriedades (continuação) c) Sejam D ⊆ Rn , f, g : D → Rm , α : D → R e a um ponto de acumulação de D. Suponhamos que existem lim f (x), lim g(x) e lim α(x). x→a Então x→a x→a i) existe lim [f (x) + g(x)] e x→a lim [f (x) + g(x)] = lim f (x) + lim g(x); x→a x→a x→a ii) existe lim [α(x)f (x)] e x→a h i h i lim [α(x)f (x)] = lim α(x) . lim f (x) ; x→a x→a 1 e α(x) iii) se lim α(x) 6= 0, existe lim x→a x→a lim x→a César Silva (UBI) x→a 1 1 = . α(x) lim α(x) Cálculo II x→a 2009/2010 215 / 460 §2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Propriedades (continuação) d) Sejam D um subconjunto de Rn , a um ponto de acumulação de D e f, g : D ⊆ Rn → R. Suponhamos que lim f (x) = 0 x→a e g é uma função limitada numa bola centrada em a. Então lim [f (x).g(x)] = 0. x→a César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 216 / 460 §2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Propriedades (continuação) e) Sejam f : Df ⊆ Rn → Rm e duas funções tais que g : Dg ⊆ Rm → Rk f (Df ) ⊆ Dg . Suponhamos que a ∈ Rn é um ponto de acumulação de Df e que b ∈ Dg é um ponto de acumulação de Dg . Se lim f (x) = b e x→a lim g(x) = g(b), x→b então lim (g ◦ f )(x) = lim g(f (x)) = g(b). x→a César Silva (UBI) x→a Cálculo II 2009/2010 217 / 460 §2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Rn Rm Df f Df f a b Dg b = f (a) b Rk g (Dg ) g g(b) = g(f (a)) b g◦f Composição de funções César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 218 / 460 §2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Exemplos a) Seja f : R2 → R3 a função definida por f (x, y) = (x + y, sen(x + 2y), cos x) . Então f = (f1 , f2 , f3 ) onde f1 , f2 , f3 : R2 → R são as funções definidas por f1 (x, y) = x + y, César Silva (UBI) f2 (x, y) = sen(x + 2y) Cálculo II e f3 (x, y) = cos x. 2009/2010 219 / 460 §2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Exemplos (continuação) a) (continuação) Como lim f1 (x, y) = lim f2 (x, y) = (x,y)→(π/2,0) (x,y)→(π/2,0) lim x + y = π/2 + 0 = π/2 lim sen(x + 2y) (x,y)→(π/2,0) (x,y)→(π/2,0) = sen(π/2 + 2.0) = sen(π/2) = 1 lim (x,y)→(π/2,0) f3 (x, y) = lim (x,y)→(π/2,0) cos x = cos(π/2) = 0, temos lim (x,y)→(π/2,0) = f (x, y) lim (x,y)→(π/2,0) f1 (x, y), lim (x,y)→(π/2,0) = (π/2, 1, 0) . César Silva (UBI) Cálculo II f2 (x, y), lim (x,y)→(π/2,0) f3 (x, y) 2009/2010 220 / 460 §2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Exemplos (continuação) b) Seja f : R2 → R a função dada por xy 2 f (x, y) = x2 + y 2 0 se (x, y) 6= (0, 0), se (x, y) = (0, 0). Esta função pode ser escrita, quando (x, y) 6= (0, 0), da seguinte forma y2 . x 2 x + y2 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 221 / 460 §2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Exemplos (continuação) b) (continuação) Como 0≤ x2 lim (x,y)→(0,0) x=0e y2 é limitada, pois x2 + y 2 y2 ≤ 1 para cada (x, y) ∈ R2 \ {(0, 0)} , + y2 podemos concluir que xy 2 = 0. (x,y)→(0,0) x2 + y 2 lim e, consequentemente, lim (x,y)→(0,0) César Silva (UBI) f (x, y) = 0. Cálculo II 2009/2010 222 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade Breves noções de topologia em Rn Funções de Rn em Rm Limites Definição, propriedades e exemplos Limites relativos e limites direccionais Continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 223 / 460 §2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Seja A um subconjunto de D ⊆ Rn e a um ponto de acumulação de A. Chama-se limite relativo a A da função f : D ⊆ Rn → Rm no ponto a (ou limite quando x tende para a no conjunto A) ao limite em a (quando exista) da restrição de f a A e usa-se a notação lim f (x). x→a x∈A César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 224 / 460 §2.3.2 Limites relativos e limites direccionais É evidente para qualquer função f : D ⊆ Rn → R se existe lim f (x), x→a então também existe lim f (x) x→a x∈A para qualquer subconjunto A de D tal que a é ponto de acumulação de Ae lim f (x) = lim f (x). x→a x∈A x→a Assim, se existirem dois limites relativos distintos, o limite não existe. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 225 / 460 §2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Além disso, dada uma função f : D ⊆ Rn → R, se A1 e A2 são dois subconjuntos de Rn tais que a é ponto de acumulação de A1 e de A2 , D = A1 ∪ A2 e existem e são iguais os limites lim f (x) x→a x∈A1 e lim f (x), x→a x∈A2 então também existe lim f (x) x→a e lim f (x) = lim f (x) = lim f (x). x→a César Silva (UBI) x→a x∈A1 Cálculo II x→a x∈A2 2009/2010 226 / 460 §2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Exemplo Seja f : R2 \ {(0, 0)} → R a função definida por f (x, y) = x2 − y 2 . x2 + y 2 Considerando os conjuntos A = {(x, 0) : x ∈ R \ {0}} e B = {(0, y) : y ∈ R \ {0}} temos lim (x,y)→(0,0) (x,y)∈A x2 = lim 1 = 1 x→0 x2 x→0 f (x, y) = lim f (x, 0) = lim x→0 e lim (x,y)→(0,0) (x,y)∈B −y 2 = lim −1 = −1. y→0 y 2 y→0 f (x, y) = lim f (0, y) = lim César Silva (UBI) y→0 Cálculo II 2009/2010 227 / 460 §2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Exemplo (continuação) Como lim (x,y)→(0,0) (x,y)∈A f (x, y) 6= lim (x,y)→(0,0) (x,y)∈B f (x, y), não existe lim (x,y)→(0,0) César Silva (UBI) f (x, y). Cálculo II 2009/2010 228 / 460 §2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Para funções reais de variável real, f : D ⊆ R → R, considerando os conjuntos Da+ = {x ∈ D : x > a} = D ∩ ]a, +∞[ e Da− = {x ∈ D : x < a} = D ∩ ] − ∞, a[, obtemos os limites laterais à direita e à esquerda da seguinte forma lim+ f (x) = lim f (x) x→a x→a x∈Da+ e lim f (x) = lim f (x), x→a− x→a x∈Da− desde que a seja ponto de acumulação de Da+ e de Da− , respectivamente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 229 / 460 §2.3.2 Limites relativos e limites direccionais A generalização natural dos limites laterais a funções f : D ⊆ Rn → Rm é dada pelos limites direccionais. Se a e v são elementos de Rn , com v 6= 0, então x ∈ Rn : x = a + tv, t ∈ R+ é a semi-recta de origem a e com a direcção e o sentido de v. Dada uma função fazendo f : D ⊆ Rn → Rm , A = x ∈ D : x = a + tv, t ∈ R+ , e supondo que a é ponto de acumulação de A, chama-se a lim f (x) x→a x∈A limite (direccional) de f no ponto a segundo v. Este limite obtém-se calculando lim+ f (a + tv). t→0 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 230 / 460 §2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Observações a) Sejam D um subconjunto de Rn , f : D ⊆ Rn → R uma função e a, v ∈ Rn . Se existe lim f (a + tv), t→0+ então, fazendo u = λv, λ ∈ R+ , também existe lim f (a + tu) t→0+ e lim f (a + tv) = lim+ f (a + tu). t→0+ t→0 b) Tendo em conta a observação anterior, para calcular os limites direccionais basta considerar vectores de norma um. Assim, para funções f : D ⊆ R2 → R, basta considerar vectores v = (cos α, sen α) , α ∈ [0, 2π[. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 231 / 460 §2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Exemplo Consideremos novamente a função f : R2 \ {(0, 0)} → R definida por f (x, y) = Fazendo x2 − y 2 . x2 + y 2 v = (cos α, sen α) , com α ∈ [0, 2π[, temos t2 cos2 α − t2 sen2 α t→0+ t2 cos2 α + t2 sen2 α = cos2 α − sen2 α lim f (0 + t cos α, 0 + t sen α) = lim t→0+ e, como os limites direccionais dependem do vector v, podemos concluir que não existe lim (x,y)→(0,0) César Silva (UBI) f (x, y). Cálculo II 2009/2010 232 / 460 §2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Para funções f : D ⊆ R → R é fácil provar que se existem lim f (x) e x→a+ lim f (x) x→a− e lim f (x) = lim f (x), x→a+ x→a− então também existe lim f (x) x→a e lim f (x) = lim f (x) = lim f (x). x→a x→a+ x→a− No entanto, para funções f : D ⊆ Rn → Rm , n > 1, é possível existirem e serem iguais todos os limites direccionais, sem que o limite da função exista. Vejamos um exemplo em que isso acontece. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 233 / 460 §2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Exemplo No ponto (0, 0) todos os limites direccionais da função f : R2 \ {(0, 0)} → R definida por f (x, y) = x2 y x4 + y 2 são iguais a zero. De facto, fazendo v = (cos α, sen α) , com α ∈ [0, 2π[, temos, para α ∈]0, π[∪]π, 2π[, t3 cos2 α sen α t→0+ t→0+ t4 cos4 α + t2 sen2 α 0 t cos2 α sen α = = 0. = lim 2 0 + sen2 α t→0+ t cos4 α + sen2 α lim f ((0, 0) + tv) = lim f (t cos α, t sen α) = lim t→0+ César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 234 / 460 §2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Exemplo (continuação) Se α = 0 vem lim f (t, 0) = lim t→0+ t→0+ t2 0 = lim 0 = 0. t4 + 02 t→0+ e se α = π temos lim f (−t, 0) = lim t→0+ t→0+ (−t)2 0 = lim 0 = 0. (−t)4 + 02 t→0+ Assim, todos os limites direccionais são iguais a zero. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 235 / 460 §2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Exemplo (continuação) No entanto, considerando o conjunto n A = (x, y) ∈ R2 \ {(0, 0)} : y = x2 temos lim (x,y)→(0,0) x∈A o t4 1 1 t2 .t2 = lim = lim = 4 2 2 4 t→0 2t t→0 2 t→0 t + (t ) 2 f (x, y) = lim f (t, t2 ) = lim t→0 que é diferente dos limites direccionais. Logo não existe lim x2 y . + y2 (x,y)→(0,0) x4 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 236 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade Breves noções de topologia em Rn Funções de Rn em Rm Limites Continuidade Definição, propriedades e exemplos Teorema de Weierstrass 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 237 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade Breves noções de topologia em Rn Funções de Rn em Rm Limites Continuidade Definição, propriedades e exemplos Teorema de Weierstrass 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 238 / 460 §2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Sejam D um subconjunto de Rn , f : D ⊆ Rn → Rm uma função e a ∈ D. Diz-se que f é contínua no ponto a se para cada ε > 0, existir δ > 0 tal que kf (x) − f (a)k < ε para qualquer x ∈ D tal que kx − ak < δ. Simbolicamente, f é contínua em a ⇔ ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (kx − ak < δ ⇒ kf (x) − f (a)k < ε) . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 239 / 460 §2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Assim temos a seguinte interpretação geométrica de continuidade num ponto. Rn f Rm D f (D) δ a ε x f (a) f (x) Função de Rn em Rm contínua no ponto a César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 240 / 460 §2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Dizemos que a ∈ D é um ponto de descontinuidade de f : D ⊆ Rn → Rm se f não é contínua em a. Uma função f : D ⊆ Rn → Rm é contínua se for contínua em todos os pontos de D. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 241 / 460 §2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Observações a) Ao contrário do que acontece na definição de limite, só faz sentido considerar pontos do domínio D quando estamos a investigar a continuidade de uma função. b) Se a é um ponto isolado de D, então a função f : D → Rm é contínua em a. De facto, dado ε > 0, basta escolher δ > 0 tal que Assim, a condição Bδ (a) ∩ D = {a} . x ∈ D ∧ kx − ak < δ é equivalente a x = a e, por conseguinte, kf (x) − f (a)k = 0 < ε. Em particular, se D só tem pontos isolados, então qualquer função f : D → Rm é contínua. c) Se a ∈ D é um ponto de acumulação de D, então f : D → Rm é contínua em a se e só se lim f (x) = f (a). x→a César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 242 / 460 §2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Exemplos a) Num exemplo anterior estudamos a função f : R2 → R3 dada por f (x, y) = (x + y, sen(x + 2y), cos x) e vimos que lim (x,y)→(π/2,0) f (x, y) = (π/2, 1, 0) . Como f (π/2, 0) = (π/2, 1, 0) , a função é contínua no ponto (π/2, 0). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 243 / 460 §2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Exemplos (continuação) b) Seja f : R2 → R a função é definida por 2 2 x − y se (x, y) 6= (0, 0) f (x, y) = x2 + y 2 0 se (x, y) = (0, 0). Fazendo A = (x, y) ∈ R2 : x = 0 e B = (x, y) ∈ R2 : y = 0 , temos lim (x,y)→(0,0) x∈A 02 − y 2 −y 2 = lim 2 = lim −1 = −1 2 2 y→0 0 + y y→0 y y→0 f (x, y) = lim f (0, y) = lim y→0 e lim (x,y)→(0,0) x∈B x2 x2 − 02 = lim 2 = lim 1 = 1. 2 2 x→0 x x→0 x→0 x + 0 f (x, y) = lim f (x, 0) = lim César Silva (UBI) x→0 Cálculo II 2009/2010 244 / 460 §2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Exemplos (continuação) b) (continuação) Como lim (x,y)→(0,0) x∈A não existe f (x, y) 6= lim (x,y)→(0,0) x∈B f (x, y), x2 − y 2 . (x,y)→(0,0) x2 + y 2 lim Logo a função não é contínua em (0, 0). No entanto, em qualquer ponto (a, b) 6= (0, 0) esta função é contínua porque x2 − y 2 a2 − b2 lim = = f (a, b). a2 + b2 (x,y)→(a,b) x2 + y 2 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 245 / 460 §2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Propriedades a) Sejam uma função tal que f : D ⊆ Rn → Rm f = (f1 , . . . , fm ) e a um elemento de D. Então f é contínua em a se e só se todas as suas funções coordenadas fi são contínuas em a. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 246 / 460 §2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Propriedades (continuação) b) Sejam f, g : D ⊆ Rn → Rm duas funções contínuas em a ∈ D e α: D → R uma função contínua em a. Então f + g e αf são contínuas em a e, se α(a) 6= 0, então 1 é contínua em a. α César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 247 / 460 §2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Propriedades (continuação) c) Sejam e f : Df ⊆ Rn → Rm g : Dg ⊆ Rm → Rk duas funções tais que f (Df ) ⊆ Dg . Se f é contínua em a ∈ Df e g é contínua em f (a), então g ◦ f é contínua em a. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 248 / 460 §2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Exemplo Seja f : R2 → R a função dada por 2 x y f (x, y) = x4 + y 2 0 se (x, y) 6= (0, 0), se (x, y) = (0, 0). Já vimos num exemplo anterior que fazendo A = (x, y) ∈ R2 : y = 0 e B = (x, y) ∈ R2 : y = x2 , temos 0 x2 0 = lim 4 = lim 0 = 0 x→0 x x→0 x→0 x4 + 02 lim f (x, y) = lim f (x, y) = lim f (x, x2 ) = lim (x,y)→(0,0) x∈A (x,y)→(0,0) e (x,y)→(0,0) x∈B César Silva (UBI) lim x→0 f (0, y) = lim x2 x2 x4 1 1 = lim = lim = . x→0 x4 + (x2 )2 x→0 2x4 x→0 2 2 Cálculo II 2009/2010 249 / 460 §2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Exemplo (continuação) Como lim (x,y)→(0,0) x∈A f (x, y) 6= não existe lim lim (x,y)→(0,0) x∈B f (x, y), x2 y + y2 (x,y)→(0,0) x4 e, portanto, a função não é contínua em (0, 0). No entanto, em qualquer ponto (a, b) 6= (0, 0) esta função é contínua porque pode ser escrita como a composição de funções contínuas. Outra forma de provarmos que f é contínua em qualquer pontos (a, b) 6= (0, 0) é observarmos que a2 b x2 y = = f (a, b). a4 + b2 (x,y)→(a,b) x4 + y 2 lim César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 250 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade Breves noções de topologia em Rn Funções de Rn em Rm Limites Continuidade Definição, propriedades e exemplos Teorema de Weierstrass 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 251 / 460 §2.4.2 Teorema de Weierstrass Seja f : D ⊆ Rn → R uma função escalar e A um subconjunto não vazio de D. Dizemos que f tem um máximo (absoluto) no ponto a ∈ A ou que f (a) é um máximo (absoluto) de f em A se f (x) ≤ f (a) para todo o x ∈ A. Quando f (x) ≥ f (a) para todo o x ∈ A, dizemos que f tem um mínimo (absoluto) no ponto a ∈ A ou que f (a) é um mínimo (absoluto) de f em A. Os máximos e mínimos (absolutos) de f em a dizem-se extremos absolutos de f em A. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 252 / 460 §2.4.2 Teorema de Weierstrass Teorema de Weierstrass Seja f : D ⊆ Rn → R uma função contínua num subconjunto não vazio, fechado e limitado A ⊆ D. Então f tem máximo e mínimo em A. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 253 / 460 §2.4.2 Teorema de Weierstrass Exemplo Sejam n o A = (x, y) ∈ R2 : |x| ≤ 1, |y| ≤ 1 e f a função dada por f (x, y) = x + y sen x. A função f é contínua em R2 e, portanto, é contínua em A. Como A é fechado e limitado, f tem máximo e mínimo no conjunto A. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 254 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn Derivadas parciais e derivadas direccionais Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Derivada da função composta Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Teorema da função implícita Extremos locais e extremos absolutos Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 255 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn Derivadas parciais e derivadas direccionais Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Derivada da função composta Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Teorema da função implícita Extremos locais e extremos absolutos Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 256 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Comecemos por recordar como se define derivada de funções reais de variável real. Sejam D um subconjunto não vazio de R, f : D → R e a ∈ D um ponto de acumulação de D. Diz-se que f é derivável ou diferenciável em a se existe (e é finito) o limite: lim x→a f (x) − f (a) . x−a Tal limite (quando existe) diz-se a derivada de f no ponto a e df (a). Fazendo a representa-se por f 0 (a), Df (a) ou ainda por dx mudança de variável x = a + h, temos f (a + h) − f (a) . h→0 h f 0 (a) = lim Aqui têm apenas de se considerar os valores de h tais que a + h ∈ D. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 257 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Diz-se que a função f : D → R é derivável ou diferenciável em D se for derivável em todo o ponto de D e à nova função f 0 : D → R, que a cada ponto x ∈ D faz corresponder f 0 (x), chama-se derivada de df f e representa-se também por Df ou . dx César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 258 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais O quociente f (a + h) − f (a) h representa o declive da recta que passa pelos pontos (a, f (a)) e (a + h, f (a + h)) . Fazendo h tender para zero, a recta que passa nos pontos (a, f (a)) e (a + h, f (a + h)) , vai tender para a recta tangente ao gráfico de f e que passa no pontos (a, f (a)). Assim, geometricamente, a derivada de uma função num ponto do domínio é o declive da recta tangente ao gráfico da função no ponto considerado. Portanto, a recta tangente ao gráfico de uma função f no ponto (a, f (a)) é a recta de equação y = f (a) + f 0 (a)(x − a). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 259 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais y = f (a) + f 0 (a)(x − a) f f (a (a + + h) h) f (a + h) f (a) b b b b b f 0 (a) = tg α α a a + ah + ah + ah + h Interpretação geométrica do conceito de derivada César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 260 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Pretendemos generalizar o conceito de derivada a funções f : D ⊆ Rn → Rm . Por uma questão de economia de escrita, consideraremos, inicialmente, funções f : D ⊆ R2 → R. Como habitualmente, escreveremos (x, y) em vez de (x1 , x2 ) para representar os elementos de R2 . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 261 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Sejam D um subconjunto não vazio de R2 e f : D ⊆ R2 → R uma função. A derivada parcial de f em relação a x (ou em ordem a x) é a função ∂f que se obtém derivando (caso a derivada exista) f em relação a x, ∂x tratando y como se fosse uma constante. Por exemplo, se f : R2 → R é a função definida por f (x, y) = 2x3 y − 4x sen(πy), temos ∂f (x, y) = 6x2 y − 4 sen(πy). ∂x De igual modo, a derivada parcial de f em relação a y (ou em ordem a ∂f que se obtém derivando (caso a derivada exista) f em y) é a função ∂y relação a y, tratando x como se fosse uma constante. Assim, no exemplo dado temos ∂f (x, y) = 2x3 − 4πx cos(πy). ∂y César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 262 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Vejamos como definir de modo mais formal as derivadas parciais. Sejam D um subconjunto de R2 , f : D ⊆ R2 → R uma função e (a, b) ∈ D. Suponhamos que (a, b) é um ponto de acumulação de {(x, y) ∈ D : y = b} . Representa-se por ∂f (a, b), fx0 (a, b) ∂x ou Dx f (a, b), a derivada parcial de f em relação a x (ou em ordem a x) no ponto (a, b) e define-se da seguinte forma ∂f f (a + h, b) − f (a, b) (a, b) = lim h→0 ∂x h quando este limite exista (e seja finito). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 263 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Analogamente, se (a, b) ∈ D é ponto de acumulação de {(x, y) ∈ D : x = a} , representa-se por ∂f (a, b), fy0 (a, b) ∂y ou Dy f (a, b), a derivada parcial de f em ordem a y no ponto (a, b) e define-se da seguinte forma ∂f f (a, b + k) − f (a, b) (a, b) = lim , k→0 ∂y k quando este limite existe. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 264 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais z ∂f (a, b) = tg α ∂x ∂f (a, b) = tg β ∂y f (a, b) b b y β a α x Interpretação geométrica das derivadas parciais César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 265 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Seja f : D ⊆ R2 → R uma função. A função que a cada (x, y) associa ∂f (x, y) designa-se por (função) derivada parcial de f em ordem ∂x a x e representa-se por ∂f , fx0 ∂x ou Dx f. Obviamente, o seu domínio é o conjunto (x, y) ∈ D : existe ∂f (x, y) . ∂x Do mesmo modo, define-se (função) derivada parcial de f em ordem a y que se representa por ∂f , fy0 ∂y César Silva (UBI) ou Cálculo II Dy f. 2009/2010 266 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Exemplos de derivadas parciais a) Considerando a função f : R2 → R definida por f (x, y) = x2 + y 2 + sen(xy) temos e César Silva (UBI) ∂f (x, y) = 2x + y cos(xy) ∂x ∂f (x, y) = 2y + x cos(xy). ∂y Cálculo II 2009/2010 267 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Exemplos de derivadas parciais (continuação) b) A função f : R2 → R definida por f (x, y) = sen x2 + y 3 + ex−cos(xy) tem as seguintes derivadas parciais e ∂f (x, y) = 2x cos x2 + y 3 + (1 + y sen (xy)) ex−cos(xy) ∂x ∂f (x, y) = 3y 2 cos x2 + y 3 + x sen (xy) ex−cos(xy) . ∂y César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 268 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Exemplos de derivadas parciais (continuação) c) Seja f : R2 → R a função definida por 2 (x − 1)y f (x, y) = (x − 1)2 + y 2 0 Então se (x, y) 6= (1, 0), se (x, y) = (1, 0). f (1 + h, 0) − f (1, 0) ∂f (1, 0) = lim = lim h→0 h→0 ∂x h 0 0 2 = lim h = lim = lim 0 = 0 h→0 h h→0 h→0 h (1+h−1)02 (1+h−1)2 +02 h −0 e f (1, 0 + k) − f (1, 0) ∂f (1, 0) = lim = lim k→0 k→0 ∂y k = lim k→0 César Silva (UBI) 0 k2 k = lim k→0 (1−1)k2 (1−1)2 +k2 k −0 0 = lim 0 = 0. k k→0 Cálculo II 2009/2010 269 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Exemplos de derivadas parciais (continuação) d) Seja f : R2 → R a função dada por 2 x f (x, y) = x2 + y 2 0 se (x, y) 6= (0, 0), se (x, y) = (0, 0). Então ∂f f (0 + h, 0) − f (0, 0) (0, 0) = lim = lim h→0 h→0 ∂x h h2 h2 +02 h −0 = lim h→0 h2 h2 h = lim h→0 1 h e este limite não existe. Logo f não tem derivada parcial em ordem a x no ponto (0, 0). Por outro lado, f (0, 0 + k) − f (0, 0) ∂f (0, 0) = lim = lim k→0 k→0 ∂y k 0 0 2 = lim k = lim = lim 0 = 0. k→0 k k→0 k k→0 César Silva (UBI) Cálculo II 02 02 +k2 k −0 2009/2010 270 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Nas definições de derivadas parciais, dadas atrás, consideramos acréscimos da função quando o ponto do domínio percorre segmentos paralelos aos eixos. Este facto sugere que generalizemos a definição de derivadas parcial segundo qualquer direcção. Dados um subconjunto D de R2 , uma função f : D ⊆ R2 → R, a = (a1 , a2 ) ∈ D e u = (u1 , u2 ) um vector de R2 , chama-se derivada de f no ponto a segundo o vector u ao limite, quando existe, f (a1 + tu1 , a2 + tu2 ) − f (a1 , a2 ) f (a + tu) − f (a) = lim t→0 t→0 t t lim e representa-se por fu0 (a) César Silva (UBI) ou Du f (a). Cálculo II 2009/2010 271 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Quando kuk = 1 as derivadas segundo vectores costumam designar-se por derivadas direccionais, se bem que será mais correcto falar em derivada dirigida ou derivada radial segundo u pois a derivada, para além de depender da direcção, também depende do sentido de u. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 272 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais z fu0 (a, b) = tg α f (a, b) b b a u y α x Interpretação geométrica da derivada segundo um vector César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 273 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Exemplo Consideremos a função f : R2 → R definida por xy 2 f (x, y) = x2 + y 2 0 se (x, y) 6= (0, 0) se (x, y) = (0, 0) Fazendo u = (cos α, sen α), α ∈ [0, 2π[, temos f (0 + t cos α, 0 + t sen α) − f (0, 0) t 2 2 t cos α t sen α 2 cos2 α + t2 sen2 α t = lim t→0 t 3 t cos α sen2 α = lim 3 t→0 t (cos2 α + sen2 α) fu0 (0, 0) = lim t→0 = sen2 α cos α. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 274 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Dada uma função f : D ⊆ R2 → R e considerando os vectores e1 = (1, 0) e e2 = (0, 1), temos f (a + te1 ) − f (a) t f (a1 + t, a2 ) − f (a1 , a2 ) = lim t→0 t ∂f = (a) ∂x fe0 1 (a) = lim t→0 e f (a + te2 ) − f (a) t→0 t f (a1 , a2 + t) − f (a1 , a2 ) = lim t→0 t ∂f = (a). ∂y fe0 2 (a) = lim César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 275 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais No caso geral em que temos uma função f : D ⊆ Rn → Rm definimos, para a = (a1 , . . . , an ), as seguintes derivadas parciais: ∂f f (a1 + h, a2 , . . . , an ) − f (a1 , . . . , an ) ∂f (a) = (a1 , . . . , an ) = lim h→0 ∂x1 ∂x1 h ∂f f (a1 , a2 + h, a3 , . . . , an ) − f (a1 , . . . , an ) ∂f (a) = (a1 , . . . , an ) = lim h→0 ∂x2 ∂x2 h .. . ∂f ∂f f (a1 , . . . , an−1 , an + h) − f (a1 , . . . , an ) (a) = (a1 , . . . , an ) = lim h→0 ∂xn ∂xn h César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 276 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais ∂f (x) designa-se por ∂x1 (função) derivada parcial de f em ordem a x1 e representa-se por A função que a cada x = (x1 , . . . , xn ) associa ∂f , fx0 1 ∂x1 ou Dx1 f. Obviamente, o seu domínio é o conjunto ∂f (x) . x ∈ D : existe ∂x1 Do mesmo modo, define-se (função) derivada parcial de f em ordem a xi , i = 2, . . . , n, que se representa por ∂f , fx0 i ∂xi César Silva (UBI) ou Cálculo II Dxi f. 2009/2010 277 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Também podemos definir derivadas segundo vectores para funções f : D ⊆ Rn → Rm . Assim, se f : D ⊆ Rn → Rm e a = (a1 , . . . , an ) ∈ D chama-se derivada de f no ponto a segundo o vector u = (u1 , . . . , un ) ∈ Rn ao limite, caso este exista, lim t→0 f (a1 + tu1 , a2 + tu2 , . . . , an + tun ) − f (a1 , a2 , . . . , an ) f (a + tu) − f (a) = lim t→0 t t e representa-se por fu0 (a) César Silva (UBI) ou Du f (a). Cálculo II 2009/2010 278 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Quando as derivadas kuk = 1, fu0 (a) designam-se por derivadas direccionais, se bem que o mais correcto seria falar em derivada dirigida ou derivada radial segundo u, pois esta derivada para além de depender da direcção também depende do sentido de u. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 279 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Se considerarmos em Rn os vectores e1 = (1, 0, . . . , 0), e2 = (0, 1, 0, . . . , 0), . . . , en = (0, . . . , 0, 1) temos fe0 1 (a) = ∂f (a) ∂x1 fe0 2 (a) = ∂f (a) ∂x2 .. . fe0 n (a) = César Silva (UBI) ∂f (a). ∂xn Cálculo II 2009/2010 280 / 460 §3.1 Derivadas parciais e derivadas direccionais Das propriedades dos limites resulta imediatamente que se temos f : D ⊆ Rn → Rm e f = (f1 , . . . , fm ) , m > 1 ∂f (a) = ∂x1 ∂f1 ∂f2 ∂fm (a), (a), . . . , (a) ∂x1 ∂x1 ∂x1 ∂f (a) = ∂x2 ∂f1 ∂f2 ∂fm (a), (a), . . . , (a) ∂x2 ∂x2 ∂x2 ∂f1 ∂f2 ∂fm (a), (a), . . . , (a) ∂xn ∂xn ∂xn .. . ∂f (a) = ∂xn e para cada vector u ∈ Rn , fu0 (a) = (f1 )0u (a), (f2 )0u (a), . . . , (fm )0u (a) . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 281 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn Derivadas parciais e derivadas direccionais Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Derivada da função composta Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Teorema da função implícita Extremos locais e extremos absolutos Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 282 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Uma das primeiras propriedades do cálculo diferencial de funções reais de variável real diz que se uma função tem derivada num ponto, então a função é contínua nesse ponto. Para funções com mais do que uma variável isso não acontece. É possível existirem todas as derivadas direccionais, sem que a função seja contínua nesse ponto. Vejamos um exemplo em que isso acontece. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 283 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Exemplo Consideremos a função f : R2 → R definida por x2 y f (x, y) = x4 + y 2 0 se (x, y) 6= (0, 0), se (x, y) = (0, 0). Comecemos por calcular as derivadas parciais ∂f f (h, 0) − f (0, 0) 0−0 0 (0, 0) = lim = lim = lim = lim 0 = 0 h→0 h→0 h h→0 h h→0 ∂x h e ∂f f (0, k) − f (0, 0) 0−0 0 (0, 0) = lim = lim = lim = lim 0 = 0. k→0 k→0 k→0 k k→0 ∂y k k César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 284 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Exemplo (continuação) Por outro lado, fazendo u = (cos α, sen α) , α ∈ [0, 2π[, temos f (0 + t cos α, 0 + t sen α) − f (0, 0) t→0 t 2 2 t cos α t sen α 4 cos4 α + t2 cos2 α t = lim t→0 t 2 cos α sen α = lim 2 t→0 t cos4 α + sen2 α 2 cos α se α ∈ [0, 2π[\ {0, π}, sen α = 0 se α ∈ {0, π}. fu0 (0, 0) = lim César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 285 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Exemplo (continuação) Vejamos que a função f não é contínua em (0, 0). Fazendo n o A = (x, y) ∈ R2 : y = 0 temos lim (x,y)→(0,0) x∈A (x,y)→(0,0) x∈B n o B = (x, y) ∈ R2 : y = x2 , 0 x2 0 = lim 4 = lim 0 = 0 4 2 x→0 x x→0 x→0 x + 0 f (x, y) = lim f (x, 0) = lim x→0 e lim e x2 x2 x4 1 1 = lim = lim = , x→0 x4 + (x2 )2 x→0 2x4 x→0 2 2 f (x, y) = lim f (x, x2 ) = lim x→0 o que mostra que não existe limite no ponto (0, 0) e, portanto, a função não é contínua nesse ponto. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 286 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Este exemplo mostra que uma função ter derivadas parciais ou derivadas direccionais não é uma condição suficiente para que uma função seja contínua num ponto. É, portanto, necessário um conceito mais forte. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 287 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Pode-se provar que Uma função f : D ⊆ R → R tem derivada no ponto a ∈ D de acumulação de D se e só se existem um número real c e uma função r : D∗ → R tais que f (a + h) = f (a) + ch + r(h) para cada h ∈ D ∗ e r(h) = 0, h→0 h lim onde D ∗ = {h ∈ R : a + h ∈ D} . Além disso, nas condições anteriores tem-se c = f 0 (a). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 288 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Assim, dados uma função f : D ⊆ R2 → R e um ponto (a, b) interior a D, dizemos que f é diferenciável em (a, b) se existirem as derivadas parciais de f no ponto (a, b) e existir uma função r : D ∗ → R, onde n o D ∗ = (h, k) ∈ R2 : (a + h, b + k) ∈ D , tal que r(h, k) =0 (h,k)→(0,0) k(h, k)k lim e f (a + h, b + k) = f (a, b) + ∂f ∂f (a, b)h + (a, b)k + r(h, k) ∂x ∂y para quaisquer (h, k) ∈ D ∗ . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 289 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Fazendo (h, k) → (0, 0) em f (a + h, b + k) = f (a, b) + ∂f ∂f (a, b)h + (a, b)k + r(h, k) ∂x ∂y temos lim (h,k)→(0,0) = lim f (a + h, b + k) (h,k)→(0,0) = f (a, b) ∂f ∂f f (a, b) + (a, b)h + (a, b)k + r(h, k) ∂x ∂y o que mostra que uma função é contínua nos pontos onde é diferenciável! César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 290 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Exemplos a) Seja f : R2 → R a função definida por f (x, y) = 2 2 x y x2 + y 2 0 se (x, y) 6= (0, 0), se (x, y) = (0, 0), e estudemos a diferenciabilidade de f no ponto (0, 0). Para f ser diferenciável em (0, 0) tem de existir r : R2 → R tal que r(h, k) √ =0 (h,k)→(0,0) h2 + k2 lim e f (h, k) = f (0, 0) + ∂f ∂f (0, 0) h + (0, 0) k + r(h, k) ∂x ∂y para qualquer (h, k) ∈ R2 . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 291 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Exemplos (continuação) a) (continuação) Assim, calculemos as derivadas parciais de f no ponto (0, 0): h2 .02 −0 2 2 f (h, 0) − f (0, 0) 0 ∂f (0, 0) = lim = lim h + 0 = lim = lim 0 = 0, h→0 h→0 h→0 h h→0 ∂x h h 02 .k 2 −0 2 2 ∂f f (0, k) − f (0, 0) 0 (0, 0) = lim = lim 0 + k = lim = lim 0 = 0. k→0 k→0 k→0 k k→0 ∂y k k De f (h, k) = f (0, 0) + resulta que César Silva (UBI) ∂f ∂f (0, 0) h + (0, 0) k + r(h, k) ∂x ∂y h2 k2 = r(h, k). h2 + k2 Cálculo II 2009/2010 292 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Exemplos (continuação) a) (continuação) Como r(h, k) √ lim = (h,k)→(0,0) h2 + k2 h2 k 2 2 2 √ h +k lim (h,k)→(0,0) h2 + k2 h2 k2 √ = lim (h,k)→(0,0) (h2 + k 2 ) h2 + k 2 k h2 √ = lim k 2 2 (h,k)→(0,0) h + k h2 + k2 =0 h2 k são limitadas, podemos e √ 2 2 2 h +k h + k2 concluir que a função é diferenciável em (0, 0). pois as funções César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 293 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Exemplos (continuação) b) Estudemos no ponto (0, 0) a diferenciabilidade da função f : R2 → R dada por x2 y f (x, y) = x2 + y 2 0 se (x, y) 6= (0, 0), se (x, y) = (0, 0). Comecemos por calcular as derivadas parciais de f no ponto (0, 0): f (h, 0) − f (0, 0) ∂f (0, 0) = lim = lim h→0 h→0 ∂x h h2 .0 −0 0 + 02 = lim = lim 0 = 0 h→0 h h→0 h h2 e 02 .k −0 2 2 f (0, k) − f (0, 0) 0 ∂f (0, 0) = lim = lim 0 + k = lim = lim 0 = 0. k→0 k→0 k→0 k k→0 ∂y k k César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 294 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Exemplos (continuação) b) (continuação) Para f ser diferenciável no ponto (0, 0) tem de existir r(h, k) √ =0e r : R2 → R tal que lim (h,k)→(0,0) h2 + k2 f (h, k) = f (0, 0) + ∂f ∂f (0, 0) h + (0, 0) k + r(h, k). ∂x ∂y Desta última igualdade vem r(h, k) = h2 k . h2 + k2 Vejamos que não existe h2 k r(h, k) √ √ = lim . (h,k)→(0,0) h2 + k2 (h,k)→(0,0) (h2 + k2 ) h2 + k2 lim César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 295 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Exemplos (continuação) b) (continuação) Fazendo A = (h, k) ∈ R2 : h = k temos r(h, k) h r(h, h) h3 √ √ = lim √ = lim √ = lim 2 2 2 2 2 2 h→0 2 2|h| h→0 h→0 2h (h,k)→(0,0) h +k h +h 2h lim (h,k)∈A e este último limite não existe porque lim h→0+ 1 h √ = √ 2 2|h| 2 2 e lim h→0− 1 h √ =− √ . 2 2|h| 2 2 Logo não existe r(h, k) √ (h,k)→(0,0) h2 + k2 lim e, portanto, f não é diferenciável em (0, 0). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 296 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Dada uma função f : D ⊆ R2 → R diferenciável num ponto (a, b) interior a D, chama-se plano tangente ao gráfico de f no ponto (a, b, f (a, b)) ao plano definido pela equação z = f (a, b) + ∂f ∂f (a, b)(x − a) + (a, b)(y − b). ∂x ∂y Por exemplo, para a função f : R2 → R definida por f (x, y) = 2 2 x y x2 + y 2 0 se (x, y) 6= (0, 0), se (x, y) = (0, 0), que já vimos ser diferenciável em (0, 0), o plano tangente ao gráfico de f no ponto (0, 0, f (0, 0)) é dado pela equação z = 0. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 297 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Se f : D ⊆ R2 → R diferenciável num ponto (a, b) interior a D, a L(x, y) = f (a, b) + ∂f ∂f (a, b)(x − a) + (a, b)(y − b) ∂x ∂y chamamos aproximação linear de f no ponto (a, b) e costuma escrever-se f (x, y) ≈ f (a, b) + César Silva (UBI) ∂f ∂f (a, b)(x − a) + (a, b)(y − b). ∂x ∂y Cálculo II 2009/2010 298 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Exemplo Seja f : R2 → R a função dada por f (x, y) = x ey + sen y. Esta função é diferenciável no ponto (0, 0). Como ∂f (x, y) = ey ∂x temos e ∂f (x, y) = x ey + cos y ∂y ∂f (0, 0) = 1 e ∂x ∂f (0, 0) = 1. ∂y Tendo em conta que f (0, 0) = 0, uma equação do plano tangente ao gráfico de f no ponto (0, 0, f (0, 0)) = (0, 0, 0) é z = f (0, 0) + = x + y. César Silva (UBI) ∂f ∂f (0, 0)(x − 0) + (0, 0)(y − 0) ∂x ∂y Cálculo II 2009/2010 299 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Exemplo (continuação) A aproximação linear de f no ponto (0, 0) é dada por f (x, y) ≈ f (0, 0) + ≈ x + y. ∂f ∂f (0, 0)(x − 0) + (0, 0)(y − 0) ∂x ∂y Usando a aproximação linear temos De facto, f (0.1, 0.2) ≈ 0.1 + 0.2 = 0.3 f (0.1, 0.2) = 0.3208096066... e f (1, 1) ≈ 1 + 1 = 2. e f (1, 1) = 3.559752813... ou seja, a primeira aproximação é bastante melhor do que a segunda. Tal deve-se ao facto de a distância de (0.1, 0.2) a (0, 0) ser menor do que a distância de (1, 1) a (0, 0). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 300 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Uma função f : D ⊆ Rn → R diz-se diferenciável num ponto interior a = (a1 , . . . , an ) de D se existirem todas as derivadas parciais de f no ponto a e uma função r : D∗ → R, onde tal que D ∗ = {h = (h1 , . . . , hn ) ∈ Rn : a + h ∈ D} , r(h) =0 khk→0 khk lim e f (a + h) = f (a) + ∂f ∂f (a)h1 + · · · + (a)hn + r(h), ∂x1 ∂xn isto é, f (a1 + h1 , . . . , an + hn ) ∂f ∂f = f (a1 , . . . , an ) + (a1 , . . . , an )h1 + · · · + (a1 , . . . , an )hn + r(h1 , . . . , hn ), ∂x1 ∂xn para cada vector h = (h1 , . . . , hn ) ∈ D ∗ . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 301 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Tal como acontecia para funções de R2 para R, se f é diferenciável em a ∈ D, então f é contínua em a. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 302 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Uma função f : D ⊆ Rn → Rm , com f = (f1 , . . . , fm ), diz-se diferenciável num ponto a = (a1 , . . . , an ) interior a D se todas as funções f1 , . . . , fm são diferenciáveis em a. Assim, f é diferenciável em a se as funções f1 , . . . , fm admitem, no ponto a, derivadas parciais em relação a todas as variáveis e existem funções r1 , . . . , rm : D ∗ → R tais que ∂f1 ∂f1 (a)h1 + · · · + (a)hn + r1 (h) f1 (a + h) = f1 (a) + ∂x1 ∂xn . .. ∂fm ∂fm fm (a + h) = fm (a) + (a)h1 + · · · + (a)hn + rm (h) ∂x1 ∂xn para cada h = (h1 , . . . , hn ) ∈ D ∗ = {h = (h1 , . . . , hn ) ∈ Rn : a + h ∈ D} e rm (h) r1 (h) = · · · = lim = 0. lim khk→0 khk khk→0 khk César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 303 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Usando matrizes temos que f é diferenciável em a = (a1 , . . . , an ) se e só se as funções f1 , . . . , fm admitem, no ponto a, derivadas parciais em relação a todas as variáveis e existem funções r1 , . . . , rm : D∗ → R tais que f1 (a + h) .. . fm (a + h) = f1 (a) .. . fm (a) para cada h ∈ D ∗ e lim khk→0 César Silva (UBI) + ∂f1 (a) ∂x1 .. . ∂fm (a) ∂x1 ∂f1 h1 r1 (h) (a) ∂xn . . .. .. . . . .. + .. ∂fm ··· (a) hn rm (h) ∂xn ··· rm (h) r1 (h) = · · · = lim = 0. khk khk→0 khk Cálculo II 2009/2010 304 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm A matriz ∂f1 ∂x (a) 1 Ja (f ) = ... ∂fm (a) ∂x1 ∂f1 (a) ∂xn .. .. . . ∂fm ··· (a) ∂xn ··· diz-se a matriz jacobiana de f no ponto a. Quando f é diferenciável em a a matriz jacobiana de f em a designa-se por derivada de f no ponto a e representa-se por f 0 (a) ou Df (a). Quando n = m, o determinante de J diz-se o jacobiano da função f e representa-se por ∂ (f1 , . . . , fn ) . ∂ (x1 , . . . , xn ) César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 305 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Propriedades a) Se f, g : D ⊆ Rn → Rm são diferenciáveis num ponto a interior a D, então i) f + g é diferenciável em a e (f + g)0 (a) = f 0 (a) + g0 (a); ii) para qualquer λ ∈ R, λf é diferenciável em a e (λf )0 (a) = λf 0 (a). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 306 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Propriedades b) Se f, g : D ⊆ Rn → R são diferenciáveis num ponto a interior a D, então i) f.g é diferenciável em a e (f.g)0 (a) = f 0 (a)g(a) + f (a)g0 (a); ii) se g(a) 6= 0, f é diferenciável em a e g 0 f g César Silva (UBI) (a) = f 0 (a)g(a) − f (a)g0 (a) . [g(a)]2 Cálculo II 2009/2010 307 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Propriedades c) Se f : D ⊆ Rn → Rm é diferenciável em a e u = (u1 , . . . , un ) ∈ Rn , então existe fu0 (a) e ∂f1 ∂x (a) 1 .. fu0 (a) = f 0 (a) .u = . ∂fm (a) ∂x1 ∂f1 (a) u1 ∂xn .. .. .. . . . . ∂fm ··· (a) un ∂xn ··· d) Sejam D um subconjunto de Rn e f : D ⊆ Rn → R uma função para a qual existem todas as derivadas parciais. Então f é diferenciável em todos os pontos em que n − 1 dessas derivadas parciais são contínuas. Em particular, se todas as derivadas parciais são contínuas num ponto, a função é diferenciável nesse ponto. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 308 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Dada uma função f : D ⊆ Rn → R, chama-se gradiente de f no ponto a ∈ D, e representa-se por (∇f ) (a) ou ao vector (∇f ) (a) = (grad f ) (a), ∂f ∂f (a), . . . , (a) , ∂x1 ∂xn desde que existam todas as derivadas parciais (de primeira ordem) de f no ponto a. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 309 / 460 §3.2 Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm É de notar que se f : D ⊆ Rn → R é uma função diferenciável num ponto a interior a D, a propriedade c) que vimos anteriormente fica fu0 (a) u1 ∂f ∂f ∂f ∂f (a) · · · (a) · ... = (a) u1 + · · · + (a) un . = ∂x1 ∂xn ∂x ∂x 1 n un Recordando que dados b = (b1 , . . . , bn ) e c = (c1 , . . . , cn ) em Rn , o produto escalar ou interno entre b e c é dado por hb, ci = b1 c1 + b2 c2 + · · · + bn cn , tem-se fu0 (a) = César Silva (UBI) ∂f ∂f (a) u1 + · · · + (a) un = h(∇f )(a), ui . ∂x1 ∂xn Cálculo II 2009/2010 310 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn Derivadas parciais e derivadas direccionais Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Derivada da função composta Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Teorema da função implícita Extremos locais e extremos absolutos Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 311 / 460 §3.3 Derivada da função composta Derivada da função composta Sejam f : Df ⊆ Rn → Rm g : Dg ⊆ Rm → Rk e funções tais que f (Df ) ⊆ Dg . Suponhamos que a é um ponto interior de Df . Se f é diferenciável em a e g é diferenciável em f (a), então g ◦ f é diferenciável em a e (g ◦ f )0 (a) = g0 (f (a)) · f 0 (a). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 312 / 460 §3.3 Derivada da função composta Fazendo x = (x1 , . . . , xn ) , f (x) = y = (y1 , . . . , ym ) e g(y) = z = (z1 , . . . , zk ) resulta que a matriz jacobiana de f no ponto a é ∂f1 ∂f1 ∂x (a) · · · ∂x (a) 1 n .. .. .. Ja (f ) = . . . ∂fm ∂fm (a) · · · (a) ∂x1 ∂xn e a matriz jacobiana de g no ponto b = f (a) é a matriz ∂g1 ∂y1 (b) .. Jb (g) = . ∂gk (b) ∂y1 César Silva (UBI) ∂g1 (b) ∂ym .. .. . . . ∂gk ··· (b) ∂ym ··· Cálculo II 2009/2010 313 / 460 §3.3 Derivada da função composta Pondo h = g ◦ f , como h0 (a) = (g ◦ f )0 (a) = g 0 (f (a)) · f 0 (a) = g 0 (b) · f 0 (a), tem-se Ja (h) = Jb (g) · Ja (f ). Assim, ∂h1 (a) ∂x1 .. . ∂hk (a) ∂x1 e, portanto, ∂h1 (a) ∂xn .. .. = . . ∂hk ··· (a) ∂xn ··· ∂g1 (b) ∂y1 .. . ∂gk (b) ∂y1 ∂g1 (b) ∂ym .. .. . . . ∂gk ··· (b) ∂ym ··· ∂f1 (a) ∂x1 .. . ∂fm (a) ∂x1 ∂f1 (a) ∂xn .. .. . . ∂fm ··· (a) ∂xn ··· ∂gi ∂f1 ∂gi ∂f2 ∂gi ∂fm ∂hi (a) = (b) (a) + (b) (a) + · · · + (b) (a). ∂xj ∂y1 ∂xj ∂y2 ∂xj ∂ym ∂xj para i = 1, . . . , k e j = 1, . . . , n. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 314 / 460 §3.3 Derivada da função composta Omitindo os pontos onde estamos a calcular as derivadas parciais e substituindo as notações ∂hi ∂gi ∂f` , e ∂xj ∂y` ∂xj por ∂zi ∂zi ∂y` , e , ∂xj ∂y` ∂xj respectivamente, a última igualdade do slide anterior fica ∂zi ∂y1 ∂zi ∂y2 ∂zi ∂ym ∂zi = + + ··· + . ∂xj ∂y1 ∂xj ∂y2 ∂xj ∂ym ∂xj César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 315 / 460 §3.3 Derivada da função composta Exemplo Sejam f : R2 → R3 e g : R3 → R2 as funções dadas por f (x, y) = x2 , 3xy, sen(x + y) e g(u, v, w) = (u + v − w, 2uv) . Estas duas funções são diferenciáveis em todo o seu domínio. Então pelo que ∂f1 (x, y) = 2x, ∂x ∂f1 (x, y) = 0, ∂y ∂f2 (x, y) = 3y, ∂x ∂f2 (x, y) = 3x, ∂y ∂f3 (x, y) = cos(x + y), ∂x ∂f3 (x, y) = cos(x + y), ∂y 2x 0 3y 3x J(x,y) (f ) = . cos(x + y) cos(x + y) César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 316 / 460 §3.3 Derivada da função composta Exemplo (continuação) Quanto à função g, atendendo que g(u, v, w) = (u + v − w, 2uv), temos ∂g1 (u, v, w) = 1, ∂u e ∂g2 (u, v, w) = 2v, ∂u e, consequentemente, ∂g1 (u, v, w) = 1, ∂v ∂g2 (u, v, w) = 2u ∂v " ∂g1 (u, v, w) = −1, ∂w ∂g2 (u, v, w) = 0 ∂w # 1 1 −1 J(u,v,w) (g) = . 2v 2u 0 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 317 / 460 §3.3 Derivada da função composta Exemplo (continuação) Fazendo h = g ◦ f , temos J(x,y) (h) = Jf (x,y) (g) · J(x,y) (f ) e, portanto, vem 2x 0 −1 3y 3x . 0 cos(x + y) cos(x + y) J(x,y) (h) = " 1 1 6xy 2x2 = " 2x + 3y − cos(x + y) 3x − cos(x + y) 18x2 y 6x3 César Silva (UBI) # Cálculo II # 2009/2010 318 / 460 §3.3 Derivada da função composta Exemplo (continuação) Este resultado pode ser confirmado directamente pois, mantendo h = g ◦ f , temos h(x, y) = (g ◦ f )(x, y) = g(f (x, y)) = g(x2 , 3xy, sen(x + y)) = (x2 + 3xy − sen(x + y), 6x3 y) pelo que " 2x + 3y − cos(x + y) 3x − cos(x + y) J(x,y) (h) = 18x2 y 6x3 César Silva (UBI) Cálculo II # 2009/2010 319 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn Derivadas parciais e derivadas direccionais Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Derivada da função composta Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Teorema da função implícita Extremos locais e extremos absolutos Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 320 / 460 §3.4 Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Sejam D um subconjunto de R2 e f : D ⊆ R2 → R uma função. Suponhamos existe a derivada parcial (de primeira ordem) de f em relação a x. Designaremos por fx002 , ∂2f , ∂x2 00 fxx , Dx22 f ou 2 Dxx f ∂ ∂f , caso exista, e chamar-lhe-emos derivada ∂x ∂x parcial de segunda ordem da função f duas vezes em ordem a x. a derivada (fx0 )0x ≡ César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 321 / 460 §3.4 Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Do mesmo modo se definem a derivada de segunda ordem de f duas vezes em relação a y: fy002 ≡ 00 fyy 0 ∂ ∂f ∂2f 2 0 2 = ≡ Dy2 f ≡ Dyy f = fy ≡ ; y ∂y 2 ∂y ∂y a derivada de segunda ordem de f em relação a x e depois em relação a y: 0 ∂ ∂f ∂2f 2 00 ≡ Dxy f = fx0 y = ; fxy ≡ ∂y∂x ∂y ∂x a derivada de segunda ordem de f em relação a y e depois em relação a x: 0 ∂2f ∂ ∂f 00 2 fyx ≡ ≡ Dyx f = fy0 . = x ∂x∂y ∂x ∂y César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 322 / 460 §3.4 Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz A partir das derivadas de segunda ordem podemos definir as derivadas de terceira ordem, e assim sucessivamente como é ilustrado no esquema seguinte. 2 fx002 ≡ ∂ f ∂x2 ∂f fx0 ≡ ∂x 00 fxy ≡ ∂2f ∂y∂x ∂3f ∂x3 ∂3f ≡ ∂y∂x2 fx0003 ≡ fx0002 y 000 fxyx ≡ ∂3f ∂x∂y∂x 000 fxy 2 ≡ ∂3f ∂y 2 ∂x 000 fyx 2 ≡ ∂3f ∂x2 ∂y 000 fyxy ≡ ∂3f ∂y∂x∂y fy0002 x ≡ ∂3f ∂x∂y 2 f 2 00 fyx ≡ ∂ f ∂x∂y ∂f fy0 ≡ ∂y 2 fy002 ≡ César Silva (UBI) ∂ f ∂y 2 Cálculo II fy0003 ≡ ∂3f ∂y 3 2009/2010 323 / 460 §3.4 Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Sejam D um subconjunto de Rn , n > 1, e f : D ⊆ Rn → Rm uma função. Dados dois inteiros positivos i e j inferiores ou iguais a n, ∂f supondo que existe , representaremos por ∂xi ∂2f ∂xj ∂xi ou fx00i xj ∂f em ordem a xj , caso exista, e ∂xi chamar-lhe-emos derivada parcial de segunda ordem de f primeiro em relação a xi e depois em relação a xj . a derivada parcial de De forma semelhante podemos definir as derivadas de ordem três, de ordem quatro, etc. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 324 / 460 §3.4 Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Exemplos a) Seja f : R2 → R a função dada por f (x, y) = x4 + 3xy 2 + 4y 3 . Então ∂f (x, y) = 4x3 + 3y 2 ∂x ∂f (x, y) = 6xy + 12y 2 . ∂y e Assim, ∂2f (x, y) = 12x2 ∂x2 ∂2f (x, y) = 6y, ∂y∂x e enquanto que ∂2f (x, y) = 6y ∂x∂y e ∂2f (x, y) = 6x + 24y. ∂y 2 Este exemplo parece sugerir que as derivadas cruzadas (ou mistas) ∂2f ∂2f e são iguais. ∂y∂x ∂x∂y César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 325 / 460 §3.4 Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Exemplos (continuação) b) Seja f : R2 → R a função definida por x3 y f (x, y) = x2 + y 2 0 se (x, y) 6= (0, 0), se (x, y) = (0, 0). 00 (0, 0) e f 00 (0, 0). Como Vamos calcular fxy yx fx0 (0, k) − fx0 (0, 0) k→0 k 00 fxy (0, 0) = lim e fy0 (h, 0) − fy0 (0, 0) , h→0 h 00 fyx (0, 0) = lim temos de calcular fx0 (0, y) e fy0 (x, 0). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 326 / 460 §3.4 Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Exemplos (continuação) b) (continuação) Atendendo a que, para y 6= 0, h3 y −0 f (h, y)−f (0, y) 0 h2 y h2 +y 2 fx0 (0, y) = lim = lim = lim 2 2 = 2 = 0 h→0 h→0 h→0 h +y h h y e h3 .0 −0 2 2 f (h, 0) − f (0, 0) 0 fx0 (0, 0) = lim = lim h + 0 = lim = lim 0 = 0 h→0 h→0 h→0 h h→0 h h temos fx0 (0, y) = 0. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 327 / 460 §3.4 Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Exemplos (continuação) b) (continuação) Por outro lado, para x 6= 0, tem-se x3 k −0 2 2 x3 x3 f (x, k)−f (x, 0) = =x = lim x +k = lim 2 fy0 (x, 0) = lim k→0 k→0 x +k 2 k→0 k k x2 e 03 .k −0 2 2 f (0, k) − f (0, 0) 0 fy0 (0, 0) = lim = lim 0 + k = lim = lim 0 = 0 k→0 k→0 k→0 k k→0 k k temos fy0 (x, 0) = x. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 328 / 460 §3.4 Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Exemplos (continuação) b) (continuação) Usando o facto de fx0 (0, y) = 0 e fy0 (x, 0) = x, tem-se 00 fxy (0, 0) = lim k→0 fx0 (0, k) − fx0 (0, 0) 0−0 0 = lim = lim = lim 0 = 0 k→0 k→0 k k k k→0 e fy0 (h, 0) − fy0 (0, 0) h−0 h = lim = lim = lim 1 = 1, h→0 h→0 h h→0 h→0 h h 00 fyx (0, 0) = lim 00 e f 00 podem o que prova que as derivadas mistas (ou cruzadas) fxy yx ser diferentes! César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 329 / 460 §3.4 Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Exemplos (continuação) b) (continuação) Para esta função f : R2 → R que, recorde-se, é dada por 3 x y se (x, y) 6= (0, 0), f (x, y) = x2 + y 2 0 se (x, y) = (0, 0), se tem fx0 (x, y) = e 4 2 3 x y + 2x y fy0 (x, y) = César Silva (UBI) (x2 + y 2 )2 0 5 3 2 x −x y (x2 + y 2 )2 0 Cálculo II se (x, y) 6= (0, 0), se (x, y) = (0, 0), se (x, y) 6= (0, 0), se (x, y) = (0, 0). 2009/2010 330 / 460 §3.4 Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Exemplos (continuação) b) (continuação) Além disso, 00 fxx (x, y) = 5 3 3 6xy − 2x y (x2 + y 2 )3 00 fxy (x, y) = 0 se (x, y) 6= (0, 0), se (x, y) = (0, 0), 6 4 2 2 4 x + 6x y − 3x y (x2 + y 2 )3 0 00 fyx (x, y) = 6 4 2 2 4 x + 6x y − 3x y (x2 + y 2 )3 1 00 fyy (x, y) = César Silva (UBI) 3 3 5 2x y − 6x y (x2 + y 2 )3 0 se (x, y) 6= (0, 0), se (x, y) = (0, 0), se (x, y) 6= (0, 0), se (x, y) = (0, 0), se (x, y) 6= (0, 0), se (x, y) = (0, 0). Cálculo II 2009/2010 331 / 460 §3.4 Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Acabámos de ver que as derivadas mistas podem não ser iguais. No entanto, há casos em que é possível garantir à partida que as derivadas mistas são iguais. O próximo teorema, conhecido como teorema de Schwarz ou de Clairaut, dá-nos condições em que tal facto acontece. Teorema de Schwarz Sejam D um subconjunto aberto de Rn , n > 1, e f : D ⊆ Rn → R uma função. As derivadas fx00i xj e fx00j xi são iguais em todos os pontos em que fx0 i e fx0 j sejam diferenciáveis. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 332 / 460 §3.4 Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Seja D um subconjunto aberto de Rn . Uma função f : D ⊆ Rn → R diz-se de classe C k , k ∈ N, se existem todas as derivadas parciais de f até à ordem k e todas essas derivadas são contínuas. Corolário do Teorema de Schwarz Seja D um subconjunto aberto de Rn . Se f : D ⊆ Rn → R é uma função de classe C 2 , então fx00i xj (x) = fx00j xi (x) para qualquer x ∈ D. Corolário do Teorema de Schwarz Sejam D um subconjunto aberto de Rn e f : D ⊆ Rn → R uma função de classe C k . Então é indiferente a ordem de derivação até à ordem k. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 333 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn Derivadas parciais e derivadas direccionais Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Derivada da função composta Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Teorema da função implícita Extremos locais e extremos absolutos Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 334 / 460 §3.5 Teorema da função implícita Existem funções que não são definidas explicitamente, são apenas definidas implicitamente. Por exemplo, a equação (1 + x2 )y + sen x = 0 define implicitamente y como função de x, aliás podemos inclusive definir explicitamente y como função de x pois a equação dada é equivalente a sen x . y=− 1 + x2 Será que a equação (1 + x2 )y + sen(xy) = 0 também define y como função de x? Neste segundo caso não conseguimos resolver a equação em ordem a y e, por conseguinte, não podemos fazer o que fizemos no caso anterior. O teorema da função implícita permite-nos responder a este tipo de questões. Além disso, permite-nos também calcular a derivada da função. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 335 / 460 §3.5 Teorema da função implícita Teorema da função implícita (n = 2) Sejam D um subconjunto aberto de R2 e F : D ⊆ R2 → R uma função com derivadas parciais de primeira ordem contínuas. Suponhamos que existe (a, b) ∈ D tal que ∂F (a, b) 6= 0. ∂y Então existem um aberto O ⊆ R que contém a e uma e uma só função F (a, b) = 0 e f: O ⊆R→R com derivada contínua tal que f (a) = b e F (x, f (x)) = 0 para qualquer x ∈ O. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 336 / 460 §3.5 Teorema da função implícita Nas condições do teorema anterior diz-se que F (x, y) = 0 define implicitamente y como função de x e usa-se a notação y(x), dy dx ou y0 f (x), df dx ou f 0, em vez de respectivamente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 337 / 460 §3.5 Teorema da função implícita Além disso, como F (x, y(x)) = 0 temos pela derivada da função composta ∂F ∂F dy (x, y) + (x, y) =0 ∂x ∂y dx pelo que ∂F (x, y(x)) dy . (x) = − ∂x ∂F dx (x, y(x)) ∂y César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 338 / 460 §3.5 Teorema da função implícita Exemplo Consideremos a função F : R2 → R definida por F (x, y) = x3 + 2xy + y 4 − 4. As derivadas parciais de F são ∂F (x, y) = 3x2 + 2y ∂x e ∂F = 2x + 4y 3 ∂y Como as derivadas parciais de F são funções contínuas, ∂F F (1, 1) = 0 e (1, 1) = 2 · 1 + 4 · 13 = 6 6= 0, ∂y pelo teorema da função implícita F (x, y) = 0 define implicitamente y como função de x num aberto O ⊆ Rn ao qual 1 pertence e y(1) = 1. Além disso, ∂F ∂F (1, y(1)) (1, 1) 5 dy ∂x (1) = − = − ∂x =− . ∂F ∂F dx 6 (1, y(1)) (1, 1) ∂y ∂y César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 339 / 460 §3.5 Teorema da função implícita Vamos agora generalizar o teorema da função implícita para funções F : D ⊆ Rn+1 → R, n > 1. Por uma questão de simplicidade de escrita vamos escrever F (a1 , . . . , an , b) e F (x1 , . . . , xn , y) F (a1 , . . . , an , an+1 ) e F (x1 , . . . , xn , xn+1 ), em vez de respectivamente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 340 / 460 §3.5 Teorema da função implícita Teorema da função implícita Sejam D um subconjunto aberto de Rn+1 e F : D ⊆ Rn+1 → R uma função com derivadas parciais de primeira ordem contínuas. Suponhamos que existe (a1 , . . . , an , b) ∈ D tal que ∂F (a1 , . . . , an , b) 6= 0. ∂y Então existem um aberto O ⊆ Rn que contém (a1 , . . . , an ) e uma e uma só função f : O ⊆ Rn → R F (a1 , . . . , an , b) = 0 e com derivadas parciais contínuas tal que f (a1 , . . . , an ) = b e F (x1 , . . . , xn , f (x1 , . . . , xn )) = 0 para qualquer (x1 , . . . , xn ) ∈ O. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 341 / 460 §3.5 Teorema da função implícita Tal como no caso n + 1 = 2 dizemos que F (x1 , . . . , xn , y) = 0 define implicitamente y como função de (x1 , . . . , xn ) e usamos a notação y(x1 , . . . , xn ) e ∂y , ∂xi f (x1 , . . . , xn ) e ∂f , ∂xi em vez de respectivamente. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 342 / 460 §3.5 Teorema da função implícita Da equação F (x1 , . . . , xn , y(x1 , . . . , xn )) = 0, pela derivada da função composta tem-se ∂F ∂y ∂F (x1 , . . . , xn , y(x1 , . . . , xn )) + (x1 , . . . , xn ) = 0 (x1 , . . . , xn , y(x1 , . . . , xn )) ∂xi ∂y ∂xi e, portanto, ∂F (x1 , . . . , xn , y(x1 , . . . , xn )) ∂y ∂xi . (x1 , . . . , xn ) = − ∂F ∂xi (x1 , . . . , xn , y(x1 , . . . , xn )) ∂y César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 343 / 460 §3.5 Teorema da função implícita Exemplo Vejamos que a equação xyz sen(x + 2y − z) = π define implicitamente z como função de x e de y numa vizinhança do ponto (π/2, 1, 2). Para isso consideremos a função F (x, y, z) = xyz sen(x + 2y − z) − π. Calculemos as derivadas parciais de F : ∂F (x, y, z) = yz sen(x + 2y − z) + xyz cos(x + 2y − z), ∂x ∂F (x, y, z) = xz sen(x + 2y − z) + 2xyz cos(x + 2y − z), ∂y ∂F (x, y, z) = xy sen(x + 2y − z) − xyz cos(x + 2y − z). ∂z César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 344 / 460 §3.5 Teorema da função implícita Exemplo (continuação) Como as derivadas parciais de F são contínuas, π π , 1, 2 = π sen +2·1−2 −π =π−π =0 F 2 2 e π π ∂F π , 1, 2 = π/2 sen + 2 · 1 − 2 − π cos + 2 · 1 − 2 = π/2, ∂z 2 2 2 pelo teorema da função implícita, a equação F (x, y, z) = 0 define implicitamente z como função de x e de y. Além disso, ∂F π , 1, 2 ∂z π 4 2 , 1 = − ∂x 2 =− =− ∂F π ∂x 2 π/2 π , 1, 2 ∂z 2 e ∂F π , 1, 2 ∂z π π ∂y 2 ,1 = − = −2. =− ∂F π ∂y 2 π/2 , 1, 2 ∂z 2 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 345 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn Derivadas parciais e derivadas direccionais Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Derivada da função composta Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Teorema da função implícita Extremos locais e extremos absolutos Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 346 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Recordemos os conceitos de máximo e de mínimo absoluto. Seja f : D ⊆ Rn → R uma função escalar e A um subconjunto não vazio de D. Dizemos que f tem um máximo (absoluto) no ponto a ∈ A ou que f (a) é um máximo (absoluto) de f em A se f (x) ≤ f (a) para todo o x ∈ A. Quando f (x) ≥ f (a) para todo o x ∈ A, dizemos que f tem um mínimo (absoluto) no ponto a ∈ A ou que f (a) é um mínimo (absoluto) de f em A. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 347 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Recordemos também o Teorema de Weierstrass. Teorema de Weierstrass Seja f : D ⊆ Rn → R uma função contínua num subconjunto não vazio, fechado e limitado A ⊆ D. Então f tem máximo e mínimo em A. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 348 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Sejam D um subconjunto não vazio de Rn e f : D ⊆ Rn → R uma função escalar. Dizemos que f tem um máximo local no ponto a ∈ D se existir ε > 0 tal que f (x) ≤ f (a) para qualquer x ∈ D ∩ Bε (a) e que f tem um mínimo local no ponto a ∈ D se existir ε > 0 tal que f (x) ≥ f (a) para qualquer x ∈ D ∩ Bε (a). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 349 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Um ponto do domínio de uma função em que é atingido um valor de máximo designa-se por ponto de máximo ou ponto maximizante. Do mesmo modo, um ponto do domínio de uma função em que é atingido o valor de mínimo designa-se por ponto de mínimo ou ponto minimizante. Os máximos e os mínimos de uma função dizem-se extremos da função e os pontos onde a função atinge os extremos designam-se por pontos de extremo ou extremantes. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 350 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Teorema de Fermat Seja f : D ⊆ Rn → R uma função diferenciável num ponto a interior a D. Se f (a) é um extremo local de f , então ∂f ∂f ∂f (a) = (a) = · · · = (a) = 0. ∂x1 ∂x2 ∂xn César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 351 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Os pontos a ∈ D tais que ∂f ∂f ∂f (a) = (a) = · · · = (a) = 0 ∂x1 ∂x2 ∂xn designam-se por pontos de estacionaridade ou por pontos críticos. Os pontos de estacionaridade que não são extremantes designam-se por pontos de sela. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 352 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Assim, a primeira coisa que temos de fazer para determinar os extremos locais de uma função f : D ⊆ Rn → R diferenciável é resolver o sistema ∂f (a) = 0, ∂x1 ∂f ∂x (a) = 0, 2 César Silva (UBI) .. . ∂f (a) = 0. ∂xn Cálculo II 2009/2010 353 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Exemplo Seja f : R2 → R a função definida por f (x, y) = x3 + 3x2 − y 2 . Esta função é diferenciável em todo o seu domínio. Atendendo a que ∂f (x, y) = 3x2 + 6x ∂x e ∂f (x, y) = −2y, ∂y calculemos os seus pontos de estacionaridade: ∂f =0 3x2 + 6x = 0 3x(x + 2) = 0 x = 0 x = −2 ∂x ⇔ ⇔ ⇔ ∨ −2y = 0 ∂f = 0 y = 0 y = 0 y = 0 ∂y Assim, os pontos de estacionaridade de f são (0, 0) e (−2, 0). Será que algum deles é extremante? César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 354 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Exemplo (continuação) Fazendo y = √ 3x em f (x, y) = x3 + 3x2 − y 2 . temos e, como e √ f (x, 3x) = x3 + 3x2 − 3x2 = x3 √ f (x, 3x) > 0 se x > 0 √ f (x, 3x) < 0 se x < 0, tendo em conta que f (0, 0) = 0, concluímos que (0, 0) não é extremante, ou seja, é um ponto de sela. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 355 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Exemplo (continuação) Por outro lado, f (x, y) − f (−2, 0) = x3 + 3x2 − y 2 − 4 = x3 + 2x2 + x2 − 4 − y 2 = x2 (x + 2) + (x − 2)(x + 2) − y 2 = (x2 + x − 2)(x + 2) − y 2 = (x − 1)(x + 2)(x + 2) − y 2 = (x − 1)(x + 2)2 − y 2 e, como (x − 1)(x + 2)2 − y 2 ≤ 0 para qualquer x ∈ B1 ((−2, 0)), o ponto (−2, 0) é um ponto de máximo. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 356 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos A forma como no exemplo anterior verificámos que (0, 0) não era extremante e que (−2, 0) era um maximizante não é muito prática. Vejamos uma forma mais prática de o fazer. Para isso precisamos da matriz hessiana. Dada uma função f : D ⊆ Rn → R de classe C 2 chama-se matriz hessiana de f num ponto a ∈ D à matriz ∂2f ∂2f (a) (a) ∂x1 ∂x2 ∂x1 ∂x1 ∂2f ··· (a) ∂x1 ∂xn ∂2f ∂2f (a) (a) · · · ∂x2 ∂x1 ∂x2 ∂x2 Hf (a) = .. .. .. . . . ∂2f ∂2f ∂2f (a) ∂x1 ∂xn . .. . ∂2f (a) (a) · · · (a) ∂xn ∂x1 ∂xn ∂x2 ∂xn ∂xn César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 357 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Suponhamos que a é um ponto de estacionaridade de f e por facilidade de escrita representemos a matriz hessiana de f no ponto a por a1,1 a1,2 · · · a1,n a2,1 a2,2 · · · a2,n Hf (a) = . .. . . .. . . . . . an,1 an,2 · · · an,n César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 358 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Façamos ∆0 = 1 ∆1 = a1,1 a a a a ∆2 = det 1,1 1,2 = 1,1 1,2 a2,1 a2,2 a2,1 a2,2 a1,1 a1,2 a1,1 a1,2 a1,3 ∆3 = det a2,1 a2,2 a2,3 = a2,1 a2,2 a3,1 a3,2 a3,1 a3,2 a3,3 .. . a1,1 a1,1 a1,2 · · · a1,n a2,1 a2,2 · · · a2,n a2,1 ∆n = det . = . . . . .. . . .. .. .. an,1 an,1 an,2 · · · an,n a1,3 a2,3 a3,3 a1,2 a2,2 .. . an,2 · · · a1,n · · · a2,n . = det Hf (a). .. . .. · · · an,n Os ∆i , i = 1, . . . , n, chamam-se menores principais da matriz Hf (a). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 359 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Então a) se em ∆0 = 1, ∆1 , ∆2 , . . . , ∆n só houver permanências de sinal, ou seja, todos os ∆i , i = 1, . . . , n, são positivos, então f (a) é um mínimo local de f ; b) se em ∆0 = 1, ∆1 , ∆2 , . . . , ∆n só houver variações de sinal, ou seja, (−1)i ∆i > 0, i = 1, . . . , n, então f (a) é um máximo local de f ; c) se em ∆0 = 1, ∆1 , ∆2 , . . . , ∆n houver permanências de sinal e variações de sinal, então a é um ponto de sela. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 360 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Exemplos a) Voltando ao exemplo inicial da função definida por já vimos que f (x, y) = x3 + 3x2 − y 2 ∂f ∂f (x, y) = 3x2 + 6x e (x, y) = −2y ∂x ∂y e que os pontos de estacionaridade são (0, 0) e (−2, 0) pois ∂f =0 3x2 + 6x = 0 3x(x + 2) = 0 x = 0 x = −2 ∂x ⇔ ⇔ ⇔ ∨ . −2y = 0 ∂f = 0 y = 0 y = 0 y=0 ∂y Além disso, a matriz hessiana de f é " Hf (x, y) = César Silva (UBI) 6x + 6 0 0 −2 Cálculo II # . 2009/2010 361 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Exemplos (continuação) a) (continuação) Assim, Hf (0, 0) = " e, como ∆0 = 1, ∆1 = 6 6 0 0 −2 e # ∆2 = −12, o ponto (0, 0) é um ponto de sela. Por outro lado # " −6 0 Hf (−2, 0) = 0 −2 e atendendo a que ∆0 = 1, ∆1 = −6 e ∆2 = 12 o ponto (−2, 0) é um ponto de máximo local. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 362 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Exemplos (continuação) b) Seja f : R3 → R a função dada por f (x, y, z) = x2 + y 2 + 3z 2 + yz + 2xz − xy. Os pontos de estacionaridade de f são dados por ∂f 2x − y + 2z = 0 2x + 2z − y = 0 =0 ∂x ∂f = 0 ⇔ 2y + z − x = 0 ⇔ −x + 2y + z = 0 ∂y ∂f = 0 2x + y + 6z = 0 6z + y + 2x = 0 ∂z e a matriz hessiana é x=0 ⇔ y=0 z = 0 2 −1 2 Hf (x, y, z) = − 1 2 1 . 2 1 6 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 363 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Exemplos (continuação) b) (continuação) Para esta matriz hessiana 2 −1 2 Hf (0, 0, 0) = −1 2 1 , 2 1 6 temos 2 −1 2 2 −1 = 3, ∆3 = −1 2 1 = 4, ∆0 = 1, ∆1 = 2, ∆2 = −1 2 2 1 6 pelo que f tem um mínimo local no ponto (0, 0, 0). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 364 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Observações a) Se f (a) é um mínimo local de f , então ∆1 ≥ 0, ∆2 ≥ 0, . . . , ∆n ≥ 0. b) Se f (a) é um máximo local de f , então ∆1 ≤ 0, ∆2 ≥ 0, . . . , (−1)n ∆n ≥ 0. c) O recíproco das duas alíneas anteriores é falso. d) Outro processo de determinar se um ponto de estacionaridade é extremante utiliza os valores próprios da matriz hessiana. i) Se os valores próprios da matriz hessiana são todos positivos, então temos um ponto de mínimo. ii) Se os valores próprios da matriz hessiana são todos negativos, então temos um ponto de máximo. iii) Se a matriz hessiana tiver valores próprios positivos e valores próprios negativos, então temos um ponto de sela. iv) Se a matriz hessiana tiver valores próprios nulos, e os valores próprios não nulos tiverem todos o mesmo sinal nada se pode concluir. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 365 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Exemplo Calculemos os pontos de estacionaridade da função dada por f (x, y) = x2 y − y. Para isso temos de resolver o sistema ∂f =0 2xy = 0 ∂x ⇔ x2 − 1 = 0 ∂f = 0 ∂y ⇔ y = 0 x = 1 ∨ y = 0 . x = −1 Assim, os pontos de estacionaridade de f são (1, 0) e (−1, 0). A matriz hessiana de f é 2y 2x Hf (x, y) = . 2x 0 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 366 / 460 §3.6 Extremos locais e extremos absolutos Exemplo (continuação) Assim, Hf (1, 0) = e, portanto, ∆0 = 1, ∆1 = 0 0 2 2 0 e ∆2 = −4. Pelas alíneas a) e b) das observações concluímos que (1, 0) é um ponto de sela. Por outro lado, 0 −2 Hf (−1, 0) = −2 0 e para este caso também temos ∆0 = 1, ∆1 = 0 e ∆2 = −4 o que permite concluir do mesmo modo que (−1, 0) é um ponto de sela. Podíamos ter chegado à mesma conclusão verificando que os valores próprios de ambas as matrizes são −2 e 2. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 367 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn Derivadas parciais e derivadas direccionais Diferenciabilidade de funções de Rn em Rm Derivada da função composta Derivadas de ordem superior. Teorema de Schwarz Teorema da função implícita Extremos locais e extremos absolutos Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 368 / 460 §3.7 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Suponhamos que pretendemos determinar quais as dimensões do rectângulo de perímetro igual a 2 que tem a área máxima. Designemos comprimentos dos lados do rectângulo por x e y, x y O que pretendemos é determinar o valor máximo da função A(x, y) = xy no conjunto dos pontos (x, y) (ambos não negativos) que verificam 2x + 2y = 2, ou seja César Silva (UBI) x + y = 1. Cálculo II 2009/2010 369 / 460 §3.7 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Como x + y = 1 é equivalente a y = 1 − x, obtemos para os pontos que verificam esta condição A(x, y) = A(x, 1 − x) = x(1 − x). Basta portanto determinar o valor de x ∈ [0, 2] que maximiza a função A(x, 1 − x). Como A0 (x, 1 − x) = 0 ⇔ [x(1 − x)]0 = 0 ⇔ 1 − 2x = 0 ⇔ 1 x= , 2 podemos construir o seguinte quadro 0 1/2 A0 (x, 1 − x) + + 0 A(x, 1 − x) % max 2 − − & Concluímos que x = 1/2 corresponde a um ponto de máximo da função cuja segunda coordenada é y = 1 − 1/2 = 1/2. O tal rectângulo é um quadrado de lado 1/2. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 370 / 460 §3.7 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Na resolução anterior foi fundamental conseguirmos resolver a equação x+y =1 em ordem a y. Como fazer se tal não for possível? A resposta é dada pelo método dos multiplicadores de Lagrange. Vejamos um exemplo. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 371 / 460 §3.7 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Exemplo Pretendemos determinar os extremos absolutos da função sujeita à condição f (x, y) = x2 + y x2 + y 2 = 1. Para isso consideramos uma nova função L(x, y, λ) = x2 + y + λ(x2 + y 2 − 1), e calculamos os seus pontos de estacionaridade: ∂L ∂x (x, y, λ) = 0 2x + 2xλ = 0 ∂L ⇔ ⇔ 1 + 2yλ = 0 ∂y (x, y, λ) = 0 ∂L 2 2 x +y −1=0 ∂λ (x, y, λ) = 0 x = 0 λ = −1 x = 0 ⇔ ⇔ ——– ∨ y = 1/2 λ = −1/2 2 2 y =1 x = 3/4 y = ±1 César Silva (UBI) Cálculo II 2x(1 + λ) = 0 ——– ——– λ = −1 ∨ y = 1/2 √ x = ± 3/2 2009/2010 372 / 460 §3.7 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Exemplo (continuação) Os candidatos a extremo absoluto são √ √ (0, 1), (0, −1), ( 3/2, 1/2) e (− 3/2, 1/2). Como sabemos que o conjunto C = (x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 = 1 é compacto e a função f (x, y) = x2 + y é contínua, o Teorema de Weierstrass garante-nos que temos um máximo e um mínimo absoluto de f em C. Como √ √ f (0, 1) = 1, f (0, −1) = −1 e f (− 3/2, 1/2) = f ( 3/2, 1/2) = 5/4, concluímos que o máximo absoluto é 5/4 e o mínimo absoluto é −1. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 373 / 460 §3.7 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Vamos agora descrever o método geral para determinar os pontos candidatos a extremo. Dada uma função de classe C 1 , f : D ⊆ Rn → R, para determinar os extremos desta função sujeita às m ≤ n condições φ1 (x1 , . . . , xn ) = 0, . . . , φm (x1 , . . . , xn ) = 0, com φ1 , . . . , φm funções de classe C 1 , consideramos a função L(x1 , . . . , xn , λ1 , . . . , λn ) = f (x1 , . . . , xn ) + λ1 φ1 (x1 , . . . , xn ) + · · · + λm φm (x1 , . . . , xn ). Determinamos os pontos de estacionaridade desta nova função. Entre estes pontos encontram-se pontos tais que as primeiras n coordenadas correspondem às coordenadas dos pontos de extremo da função f . Os λi que surgem na função L designam-se por multiplicadores de Lagrange. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 374 / 460 §3.7 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Exemplos a) Pretendemos determinar, utilizando os multiplicadores de Lagrange, os extremos absolutos da função f (x, y, z) = x + 2y sujeita às restrições x + y + z = 1 e y 2 + z 2 = 4. Como o conjunto n o (x, y, z) ∈ R3 : x + y + z = 1 ∧ y 2 + z 2 = 4 é um conjunto limitado e fechado e a função f é contínua, pelo Teorema de Weierstrass, f tem máximo e mínimo absolutos neste conjunto. Vamos determiná-los usando o método dos multiplicadores de Lagrange. Escrevemos a nova função L(x, y, z, λ, µ) = x + 2y + λ(x + y + z − 1) + µ(y 2 + z 2 − 4). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 375 / 460 §3.7 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Exemplos (continuação) a) (continuação) Temos ∂L (x, y, z, λ, µ) = 0 ∂x ∂L ∂y (x, y, z, λ, µ) = 0 ∂L (x, y, z, λ, µ) = 0 ∂z ∂L ∂λ (x, y, z, λ, µ) = 0 ∂L ∂µ (x, y, z, λ, µ) =0 ⇔ César Silva (UBI) ⇔ 1+λ = 0 2 + λ + 2µy = 0 λ + 2µz = 0 x+y+z =1 2 2 ⇔ y +z =4 λ = −1 √ µ = − 2/4 √ z=− 2 x=1 √ y= 2 ∨ Cálculo II λ=1 √ µ = 2/4 √ z= 2 x=1 √ y=− 2 λ = −1 2µy = −1 2µz = 1 2009/2010 376 / 460 §3.7 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Exemplos (continuação) a) (continuação) Obtivemos dois candidatos a ponto de extremo: √ √ √ √ (1, 2, − 2) e (1, − 2, 2). Uma vez que f (1, e √ √ √ 2, − 2) = 1 + 2 2 √ √ √ f (1, − 2, 2) = 1 − 2 2, √ √ concluímos que 1 + 2 2 é máximo absoluto e que 1 + 2 2 é mínimo absoluto. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 377 / 460 §3.7 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Exemplos (continuação) b) Pretendemos determinar os extremos absolutos da função no conjunto f (x, y, z) = x2 + 2xy − 4x + 8y C = {(x, y) : 0 ≤ x ≤ 1 ∧ 0 ≤ y ≤ 2} . Como o conjunto C é um conjunto limitado e fechado e a função f é contínua, pelo Teorema de Weierstrass f tem máximo e mínimo absolutos neste conjunto. Os extremos absolutos podem estar no interior ou na fronteira de C. Começamos por determinar todos os extremos locais de f no interior do conjunto C. Para tal começamos por determinar os pontos de estacionaridade de f que estão em C: ( ( ( ∂f 2x + 2y − 4 = 0 y=6 ∂x (x, y) = 0 ⇔ ⇔ . ∂f (x, y) = 0 2x + 8 = 0 x = −4 ∂y Como o ponto (−4, 6) não está no interior de C concluímos que não há extremos no interior de C. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 378 / 460 §3.7 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Exemplos (continuação) b) (continuação) Vamos agora determinar os pontos de estacionaridade na fronteira recorrendo ao método dos multiplicadores de Lagrange. Para o segmento de recta escrevemos a função S1 = {(x, y) : y = 0 ∧ 0 ≤ x ≤ 1} L1 (x, y, λ) = x2 + 2xy − 4x + 8y + λy. Temos ∂L1 ∂x (x, y, λ) = 0 ∂L1 ∂y (x, y, λ) = 0 ∂L1 ∂λ (x, y, λ) = 0 2x + 2y − 4 = 0 ⇔ 2x + 8 + λ = 0 y=0 x = 2 ⇔ y=0 λ = −12 . Obtivemos o ponto (2, 0) no entanto (2, 0) ∈ / S1 pelo que não o devemos considerar. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 379 / 460 §3.7 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Exemplos (continuação) b) (continuação) Para o segmento de recta S2 = {(x, y) : y = 2 ∧ 0 ≤ x ≤ 1} escrevemos a função L2 (x, y, λ) = x2 + 2xy − 4x + 8y + λ(y − 2). Temos ∂L2 ∂x (x, y, λ) = 0 ∂L2 (x, y, λ) = 0 ∂y ∂L2 (x, y, λ) = 0 ∂λ ⇔ 2x + 2y − 4 = 0 2x + 8 + λ = 0 y − 2 = 0 ⇔ x = 0 λ = −8 . y = 2 Obtivemos o ponto (0, 2) no entanto (0, 2) ∈ / S2 pelo que não o devemos considerar. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 380 / 460 §3.7 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Exemplos (continuação) b) (continuação) Para o segmento de recta S3 = {(x, y) : x = 0 ∧ 0 ≤ y ≤ 2} escrevemos a função L3 (x, y, λ) = x2 + 2xy − 4x + 8y + λx. Temos ∂L3 ∂x (x, y, λ) = 0 ∂L3 (x, y, λ) = 0 ∂y ∂L3 (x, y, λ) = 0 ∂λ ⇔ 2x + 2y − 4 + λ = 0 2x + 8 = 0 x = 0 ⇔ x = −4 x=0 . λ = −12 O sistema é impossível pelo que não obtemos candidatos a extremo neste caso. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 381 / 460 §3.7 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Exemplos (continuação) b) (continuação) Para o segmento de recta S4 = {(x, y) : x = 1 ∧ 0 ≤ y ≤ 2} escrevemos a função L4 (x, y, λ) = x2 + 2xy − 4x + 8y + λ(x − 1). Temos ∂L4 ∂x (x, y, λ) = 0 ∂L4 (x, y, λ) = 0 ∂y ∂L4 (x, y, λ) = 0 ∂λ ⇔ 2x + 2y − 4 + λ = 0 2x + 8 = 0 x − 1 = 0 ⇔ x = −4 x=1 . λ = −12 O sistema é impossível pelo que não obtemos candidatos a extremo neste caso. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 382 / 460 §3.7 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Exemplos (continuação) b) (continuação) Assim, temos apenas como candidatos as extremo os pontos de intersecção de cada par de segmentos, isto é os vértices do rectângulo C: (0, 2), (0, 0), (1, 0) e (1, 2). Como referimos, de acordo com o Teorema de Weierstrass, entre as imagens destes quatro pontos estão os extremos absolutos de f em C. Atendendo a que f (0, 2) = 16, f (0, 0) = 0, f (1, 0) = −3 e f (1, 2) = 17, concluímos que o máximo absoluto é 17 e o mínimo absoluto é −3. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 383 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Teorema de Fubini Integração em regiões mais gerais Mudança de coordenadas Aplicação ao cálculo de áreas e volumes 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 384 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Teorema de Fubini Integração em regiões mais gerais Mudança de coordenadas Aplicação ao cálculo de áreas e volumes 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 385 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Para definirmos o conceito de integral é necessário explorar primeiro o conceito de partição de um intervalo fechado e limitado de Rn . Dados a = (a1 , . . . , an ), b = (b1 , . . . , bn ) ∈ Rn , com ai < bi , i = 1, . . . , n, designamos os conjuntos da forma [a, b] = {(x1 , . . . , xn ) ∈ Rn : ai ≤ xi ≤ bi , i = 1, . . . , n} = [a1 , b1 ] × · · · × [an , bn ] por intervalo fechado e limitado de Rn . É fácil de verificar que quando n = 1, os intervalos fechados e limitados coincidem com os habituais intervalos fechados e limitados de R; quando n = 2 os intervalos fechados e limitados são rectângulos e quando n = 3 os intervalos fechados e limitados são paralelepípedos rectângulos. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 386 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Dado um intervalo (fechado e limitado) I = [a, b] de Rn , com a = (a1 , . . . , an ) e b = (b1 , . . . , bn ), definimos o volume elementar de I, que denotamos por vol(I), por vol(I) = n Y (bi − ai ). i=1 Verifica-se imediatamente que quando n = 1 o volume elementar é o comprimento do intervalo, para n = 2 o volume elementar é a área do rectângulo e que quando n = 3 o volume elementar é o volume usual do paralelepípedo. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 387 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Dado um intervalo fechado e limitado I de Rn , designa-se por partição ou subdivisão de I qualquer colecção P = {I1 , . . . , Ik } , onde os Ij são intervalos fechados e limitados de Rn não sobrepostos (i.e. sem pontos interiores comuns) e cuja reunião é I, ou seja, int Ii ∩ int Ij = ∅ para i, j = 1, . . . , n e i 6= j e I= k [ Ii . i=1 É evidente que nestas condições se tem vol(I) = k X vol(Ii ). i=1 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 388 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Exemplo O conjunto h i h i P = {I1 , I2 , I3 , I4 , I5 } h i onde I1 = 0, 14 × 0, 31 , I2 = 0, 14 × h i 1 4, 1 h 1 3 i × 0, e I5 = I4 = intervalo [0, 1] × [0, 1]. h i 1 4, 1 × h h 1 2 , i3 3 1 3, 1 i h i , I3 = 0, 14 × h i 2 3, 1 , constitui uma partição do 1 I3 I5 I2 I1 I4 0 César Silva (UBI) 1 Cálculo II 2009/2010 389 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Sejam I um intervalo (fechado e limitado) de Rn , P = {I1 , . . . , Ik } uma partição de I e f : I ⊆ Rn → R uma função limitada. Chama-se soma superior de Darboux relativa à partição P ao número real S(f, P ) = k X M (f, Ii ) vol(Ii ), i=1 onde M (f, Ii ) = sup {f (x) : x ∈ Ii } = sup f (x). x∈Ii Analogamente, chama-se soma inferior de Darboux relativa à partição P ao número real s(f, P ) = k X m(f, Ii ) vol(Ii ), i=1 onde m(f, Ii ) = inf {f (x) : x ∈ Ii } = inf f (x). x∈Ii César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 390 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades y m7 m3 m2 =m4 =m8 m6 m5 m1 b b a ∥ x0 x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7 b ∥ x8 x Interpretação geométrica das somas inferiores de Darboux para funções f: I ⊆R→ R César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 391 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades y b b a ∥ x0 x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7 b ∥ x8 x Interpretação geométrica das somas superiores de Darboux para funções f : I ⊆ R → R César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 392 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades M (f, B) M (f, B) m(f, B) m(f, B) B B Interpretação geométrica das somas inferiores e das somas superiores de Darboux para funções f : I ⊆ R2 → R César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 393 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Exemplos de somas superiores e de somas inferiores a) Seja I um intervalo de Rn e consideremos a função f : I ⊆ Rn → R definida por f (x) = c. Dada uma partição P = {I1 , . . . , Ik } de I temos m(f, Ii ) = c e M (f, Ii ) = c e, consequentemente, s(f, P ) = k X m(f, Ii ) vol(Ii ) = S(f, P ) = k X i=1 César Silva (UBI) c vol(Ii ) = c M (f, Ii ) vol(Ii ) = k X k X vol(Ii ) = c vol(I) i=1 i=1 i=1 e k X c vol(Ii ) = c i=1 Cálculo II k X vol(Ii ) = c vol(I). i=1 2009/2010 394 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Exemplos de somas superiores e de somas inferiores (continuação) b) Sejam I um intervalo de Rn e f : I ⊆ Rn → R a função definida por f (x) = ( 0 1 se x ∈ I ∩ Qn , se x ∈ 6 I ∩ Qn . Para qualquer partição P = {I1 , . . . Ik } de I temos m(f, Ii ) = 0 pelo que s(f, P ) = k X e M (f, Ii ) = 1, m(f, Ii ) vol(Ii ) = i=1 e S(f, P ) = k X 0 vol(Ii ) = 0 i=1 M (f, Ii ) vol(Ii ) = i=1 César Silva (UBI) k X k X 1 vol(Ii ) = vol(I). i=1 Cálculo II 2009/2010 395 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Seja I um intervalo fechado e limitado de Rn . Uma função f : I ⊆ Rn → R diz-se integrável à Riemann em I se existir um e um só número A tal que s(f, P ) ≤ A ≤ S(f, P ) para qualquer partição P de I. O único número A que verifica a desigualdade anterior designa-se por integral de Riemann de f em I e representa-se por Z f (x) dx. I César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 396 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Exemplos do integral de Riemann a) Consideremos novamente a função f : I ⊆ Rn → R definida por f (x) = c. Já vimos que para qualquer partição P de I tem-se s(f, P ) = c vol(I) = S(f, P ). Assim, s(f, P ) ≤ c vol(I) ≤ S(f, P ) para qualquer partição P de I e c vol(I) é o único número real que verifica as estas desigualdades. Logo f é integrável à Riemann em I e Z f (x) dx = c vol(I). I César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 397 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Exemplos do integral de Riemann (continuação) b) Já vimos que para a função f : I ⊆ Rn → R, definida por f (x) = ( se x ∈ I ∩ Qn , se x ∈ 6 I ∩ Qn 0 1 se tem s(f, P ) = 0 e S(f, P ) = vol(I) qualquer que seja a partição P de I. Portanto, se A ∈ [0, vol(I)] tem-se 0 = s(f, P ) ≤ A ≤ S(f, P ) = vol(I) para qualquer partição P de I, o que mostra que f não é integrável à Riemann em [0, 1]. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 398 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades É também comum escrever Z I f (x1 , . . . , xn ) dx1 · · · dxn para designar o integral de Riemann de f no intervalo fechado I. É ainda usual escrever Z bn an ··· Z b1 a1 f (x1 , . . . , xn ) dx1 · · · dxn para designar Z [a1 ,b1 ]×···×[an ,bn ] César Silva (UBI) f (x1 , . . . , xn ) dx1 · · · dxn . Cálculo II 2009/2010 399 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Em dimensão dois é usual escrever f (x, y) em vez de f (x1 , x2 ) e denota-se assim o integral de Riemann em I por ZZ f (x, y) dx dy. I Analogamente em dimensão três usa-se frequentemente a notação ZZZ f (x, y, z) dx dy dz. I Facilmente se verifica que, no caso n = 1, o conceito de integral aqui apresentado coincide com o conceito de integral de Riemann definido em Cálculo I. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 400 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Propriedades dos integrais Seja I um intervalo fechado e limitado de Rn . a) Se f, g : I ⊆ Rn → R são funções integráveis em I, então f + g é integrável em I e Z [f (x) + g(x)] dx = I Z f (x) dx + I Z g(x) dx. I b) Se λ é um número real e f : I ⊆ Rn → R é uma função integrável em I, então λ f é integrável em I e Z λ f (x) dx = λ I César Silva (UBI) Cálculo II Z f (x) dx. I 2009/2010 401 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Propriedades dos integrais (continuação) c) Sejam I1 e I2 dois intervalos (fechados e limitados) de Rn não sobrepostos e tais que I = I1 ∪ I2 e seja f : I ⊆ Rn → R. Então f é integrável em I se e só se é integrável em I1 e em I2 . Além disso, nas condições anteriores, temos Z I César Silva (UBI) f (x) dx = Z f (x) dx + I1 Cálculo II Z f (x) dx. I2 2009/2010 402 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Propriedades dos integrais (continuação) d) Se f, g : I ⊆ Rn → R são duas funções integráveis em I tais que f (x) ≤ g(x) para cada x ∈ I, então Z I César Silva (UBI) f (x) dx ≤ Z Cálculo II g(x) dx. I 2009/2010 403 / 460 §4.1 Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Propriedades dos integrais (continuação) e) Seja f : I ⊆ Rn → R uma função integrável. Então |f | é integrável em I e Z Z f (x) dx ≤ |f (x)| dx. I I f ) Se f : I ⊆ Rn → R é uma função contínua, excepto num número finito de pontos, então f é integrável. Em particular, as funções contínuas são integráveis. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 404 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Teorema de Fubini Integração em regiões mais gerais Mudança de coordenadas Aplicação ao cálculo de áreas e volumes 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 405 / 460 §4.2 Teorema de Fubini Teorema de Fubini Sejam I um intervalo fechado e limitado de Rn , J um intervalo fechado e limitado de Rm e f : I × J ⊆ Rn × Rm → R uma função limitada e integrável. Se f é integrável (como função de x) em I para qualquer y ∈ J, então Z I×J César Silva (UBI) f (x, y) dx dy = Z Z J Cálculo II I f (x, y) dx dy. 2009/2010 406 / 460 §4.2 Teorema de Fubini Teorema de Fubini para funções contínuas Sejam I um intervalo fechado e limitado de Rn , J um intervalo fechado e limitado de Rm e f : I × J ⊆ Rn × Rm → R uma função contínua e, consequentemente, integrável à Riemann em I × J. Então a) f é integrável (como função de x) em I para qualquer y ∈ J; b) a função g(y) = é integrável em I e Z I×J César Silva (UBI) Z f (x, y) dx I f (x, y) dx dy = Z Z J Cálculo II I f (x, y) dx dy. 2009/2010 407 / 460 §4.2 Teorema de Fubini Exemplos a) Calculemos o integral Z xy 2 dx dy. Então [0,1]×[2,3] Z xy 2 dx dy = Z 3Z 1 = Z 3 Z 3 2 [0,1]×[2,3] 0 2 = " 2 = " xy 2 dx dy y3 6 x2 y 2 2 #x=1 dy x=0 y2 − 0 dy 2 #y=3 y=2 19 27 8 − = . = 6 6 6 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 408 / 460 §4.2 Teorema de Fubini Exemplos (continuação) a) (continuação) Este integral também pode ser calculado da seguinte forma: Z xy 2 dx dy = [0,1]×[2,3] Z 1 0 = Z = 1 1 0 Z 3 xy 2 dy dx 2 0 Z Z xy 3 3 y=3 dx y=2 27x 8x − dx 3 3 1 19x dx 3 0 x=1 19x2 = 6 x=0 19 19 = −0= . 6 6 = César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 409 / 460 §4.2 Teorema de Fubini Exemplos (continuação) b) Calculemos Z xy 2 z dx dy dz: [0,1]×[0,2]×[1,3] Z 2 xy z dx dy dz = [0,1]×[0,2]×[1,3] = = Z Z Z 1 1 1 3Z 2Z 1 0 xy 2 z dx dy dz 0 3Z 2 " 3Z 2 y2z 0 0 x2 y 2 z 2 2 #x=1 x=0 dy dz = " César Silva (UBI) 3 Cálculo II Z 3 1 " y3 z 6 #y=2 dz y=0 #z=3 8z 2 8z dz = 12 1 6 8 16 72 − = = 12 12 3 = Z dy dz z=1 2009/2010 410 / 460 §4.2 Teorema de Fubini Exemplos (continuação) b) (continuação) Outro processo seria Z xy 2 z dx dy dz = Z 1 [0,1]×[0,2]×[1,3] = Z 3Z 2Z 1 0 0 z dz Z 3 1 = " z2 2 César Silva (UBI) Cálculo II 2 y 2 dy 0 z=1 Z 1 x dx 0 #z=3 " 9 1 − 2 2 16 = 3 = xy 2 z dx dy dz y3 3 #y=2 " y=0 x2 2 #x=1 x=0 81 32 2009/2010 411 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Teorema de Fubini Integração em regiões mais gerais Mudança de coordenadas Aplicação ao cálculo de áreas e volumes 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 412 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Seja f : D ⊆ Rn → R uma função limitada definida num subconjunto limitado D ⊆ Rn . Sejam I um intervalo de Rn fechado e limitado tal que D está contido no interior de I e f˜: I ⊆ Rn → R a função dada por f˜(x) = ( f (x) 0 se x ∈ D se x ∈ I \ D Dizemos que f é integrável em D se f˜ for integrável em I e definimos o integral de f em D por Z D César Silva (UBI) f (x) dx = Z f˜(x) dx. I Cálculo II 2009/2010 413 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Verifica-se facilmente que a escolha do intervalo I não influencia a definição anterior, nem o valor Z f (x) dx. D As propriedades que vimos para integrais de funções definidas em intervalos também se verificam para este tipo de integrais. Veremos em seguida essas propriedades. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 414 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Propriedades dos integrais Seja D um subconjunto limitado de Rn . a) Se f, g : D ⊆ Rn → R são funções integráveis em D, então f + g é integrável em D e Z [f (x) + g(x)] dx = D Z f (x) dx + D Z g(x) dx. D b) Se λ é um número real e f : D ⊆ Rn → R é uma função integrável em D, então λ f é integrável em D e Z λ f (x) dx = λ D César Silva (UBI) Cálculo II Z f (x) dx. D 2009/2010 415 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Propriedades dos integrais (continuação) c) Sejam D1 e D2 dois subconjuntos limitados de Rn tais que int (D1 ∩ D2 ) = ∅ e D = D1 ∪ D2 e seja f : D ⊆ Rn → R. Se f é integrável em D1 , em D2 e em D, então Z D César Silva (UBI) f (x) dx = Z f (x) dx + D1 Cálculo II Z f (x) dx. D2 2009/2010 416 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Propriedades dos integrais (continuação) d) Se f, g : D ⊆ Rn → R são duas funções integráveis em D tais que f (x) ≤ g(x) para cada x ∈ D, então Z D César Silva (UBI) f (x) dx ≤ Z Cálculo II g(x) dx. D 2009/2010 417 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Propriedades dos integrais (continuação) e) Seja f : D ⊆ Rn → R uma função integrável. Então |f | é integrável em D e Z Z ≤ f (x) dx |f (x)| dx. D César Silva (UBI) D Cálculo II 2009/2010 418 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Seja D um subconjunto limitado de R2 da forma D = (x, y) ∈ R2 : a ≤ x ≤ b ∧ ϕ1 (x) ≤ y ≤ ϕ2 (x) , onde ϕ1 , ϕ2 : [a, b] ⊆ R → R são funções limitadas em [a, b]. y y = ϕ2 (x) D y = ϕ1 (x) a César Silva (UBI) b Cálculo II x 2009/2010 419 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Se f : D ⊆ R2 → R é uma função limitada e integrável em n o D = (x, y) ∈ R2 : a ≤ x ≤ b ∧ ϕ1 (x) ≤ y ≤ ϕ2 (x) , recorrendo ao teorema de Fubini, temos ZZ f (x, y) dx dy = D Z b a Z ϕ2 (x) ϕ1 (x) f (x, y) dy ! dx, desde que a função f (x, y) seja (como função de y) integrável em [ϕ1 (x), ϕ2 (x)] para qualquer x ∈ [a, b]. Este integral também se costuma representar por ZZ f (x, y) dA. D É de referir que se as funções ϕ1 , ϕ2 e f são contínuas, excepto num número finito de pontos, então f é integrável em D. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 420 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Analogamente, se D é um subconjunto limitado de Rn da forma n o D = (x, y) ∈ R2 : ψ1 (y) ≤ x ≤ ψ2 (y) ∧ c ≤ y ≤ d , onde ψ1 , ψ2 : [c, d] ⊆ R → R, tem-se ZZ D César Silva (UBI) f (x, y) dx dy = Z c d Z ψ2 (y) ψ1 (y) Cálculo II f (x, y) dx ! dy. 2009/2010 421 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Exemplos a) Seja D ⊆ R2 o conjunto dos pontos de [0, 1] × [0, 1] que estão entre a parábola de equação y = x2 e a recta de equação y = x. y = x2 y 1 Calculemos y=x bb 1 ZZ x xy 2 dA. D César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 422 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Exemplos (continuação) a) (continuação) Então ZZ Z 1Z x = Z 1 = " 2 xy dA = D 0 0 = = César Silva (UBI) x2 2 xy dy dx = Z 0 1 " x · x3 x(x2 )3 − dx = 3 3 x5 x8 − 15 24 #x=1 = x=0 xy 3 3 #y=x Z x4 x7 − dx 3 3 0 1 dx y=x2 1 1 − − (0 − 0) 15 24 24 − 15 9 = 15 · 24 15 · 24 1 1 = . 5·8 40 Cálculo II 2009/2010 423 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Exemplos (continuação) a) (continuação) Este integral também podia ter sido calculado da seguinte forma: ZZ xy 2 dA = D Z 1Z Z 1 0 = 0 " √ y xy 2 dx dy = y Z 1 0 " x2 y 2 2 #x=√y dy x=y √ Z 1 3 ( y)2 y 2 y 2 y 2 y y4 − dy = − dy 2 2 2 0 2 #y=1 1 1 y5 y4 − (0 − 0) = − = − 8 10 8 10 y=0 4 1 5 − = . = 40 40 40 César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 424 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Exemplos (continuação) b) A função f : R2 → R dada por f (x, y) = xy 3 é contínua em R2 e o conjunto n o D = (x, y) ∈ R2 : x ≥ 0 ∧ y ≥ 0 ∧ x ≤ −4y 2 + 3 também pode ser também definido por ) ( √ 3 2 2 ∧ 0 ≤ x ≤ −4y + 3 . D = (x, y) ∈ R : 0 ≤ y ≤ 2 Logo f é integrável em D. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 425 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Exemplos (continuação) b) (continuação) Assim, ZZ f (x, y) dx dy = Z 0 D = Z √ 3 2 √ 3 2 0 = Z 0 = Z 0 √ 3 2 √ 3 2 Z 3−4y 2 xy 3 dx dy 0 1 2 3 x y 2 x=3−4y2 César Silva (UBI) 9 − 12y 2 + 8y 4 y 3 dy 2 9 3 y − 12y 5 + 8y 7 dy 2 9 4 y − 2y 6 + y 8 8 27 = . 256 = dy x=0 Cálculo II √ 3 2 0 2009/2010 426 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Exemplos (continuação) b) (continuação) Também podíamos ter definido D da seguinte forma D= ( 2 (x, y) ∈ R : 0 ≤ x ≤ 3 ∧ 0 ≤ y ≤ r 3−x 4 ) e, portanto, ZZ f (x, y) dy dx = Z 3Z Z 3 0 D = 0 = César Silva (UBI) " 0 x 4 9x2 128 p 3−x 4 xy 3 dy dx = − x3 32 2 + dx = x4 256 Cálculo II Z x=0 p 3−x 3 9x x3 − + dx 64 32 64 0 #x=3 #y= xy 4 3 0 3−x 4 " Z = 4 4 dx y=0 3x2 27 . 256 2009/2010 427 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Situações semelhantes às anteriores ocorrem noutras dimensões. Em particular, em R3 , por exemplo numa região da forma D = (x, y, z) ∈ R3 : a ≤ x ≤ b ∧ ϕ1 (x) ≤ y ≤ ϕ2 (x) ∧ ψ1 (x, y) ≤ z ≤ ψ2 (x, y) , onde ϕ1 , ϕ2 : [a, b] → R e ψ1 , ψ2 : {(x, y) ∈ R2 : a ≤ x ≤ b ∧ ϕ1 (x) ≤ y ≤ ϕ2 (x)} → R são funções limitadas. Temos nesse caso ZZZ f (x, y, z) dx dy dz = D Z b a Z ϕ2 (x) ϕ1 (x) Z ψ2 (x,y) ψ1 (x,y) f (x, y, z) dz ! dy ! dx desde que os integrais interiores existam. Podemos estabelecer resultados semelhantes para regiões como a acima onde os papeis das variáveis “estejam trocados”. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 428 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Exemplo A função f : R3 → R dada por f (x, y, z) = xy é contínua em R3 e, portanto, é integrável na região D = (x, y, z) ∈ R3 : 0 ≤ y ≤ 1 ∧ 0 ≤ x ≤ y ∧ 0 ≤ z ≤ x + 2y . Além disso, ZZZ = Z f (x, y, z) dx dy dz = D 1Z y 0 = Z 0 = Z 0 1Z y Z 1 0 xyz z=x+2y 0 César Silva (UBI) 4 y + y 4 dy = 3 Z Z 0 x2 y + 2xy 2 dx dy = Z 0 y 0 dx dy = z=0 0 1 Z 5 5 y y + 15 5 1 xy dz dx dy 0 1Z y y=1 Cálculo II x+2y y=0 xy(x + 2y) dx dy x=y x3 y 2 2 dy +x y 3 x=0 0 = 4 15 2009/2010 429 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Situações semelhantes podem ser resolvidas de forma correspondente em Rn , n ≥ 4. Muitas vezes queremos calcular integrais em regiões que se podem decompor-se em regiões mais simples. Naturalmente, se em cada uma destas regiões mais simples conseguirmos calcular o integral, apelando à linearidade do integral relativamente à região de integração, podemos calcular integral original. O próximo exemplo ilustra esta forma de proceder. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 430 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Exemplo A função f : R2 → R dada por f (x, y) = 2x2 y é contínua em R2 e, portanto, é integrável no conjunto n D = (x, y) ∈ R2 : |x| ≤ y ≤ 2 − x2 o pois as funções |x| e 2 − x2 são contínuas. Para calcularmos o integral de f em D vamos dividir D em duas regiões: e n D1 = (x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ 1 ∧ x ≤ y ≤ 2 − x2 n o D2 = (x, y) ∈ R2 : − 1 ≤ x ≤ 0 ∧ −x ≤ y ≤ 2 − x2 o Como D = D1 ∪ D2 e int (D1 ∩ D2 ) = ∅, podemos calcular o integral de f em D à custa dos integrais de f em D1 e D2 . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 431 / 460 §4.3 Integração em regiões mais gerais Exemplo (continuação) Assim, porque ZZ f (x, y) dx dy = Z 1 0 D1 = Z ZZ f (x, y) dx dy = D2 = Z 1 0 −1 Z 1 0 concluímos que ZZ f (x, y) dx dy = D César Silva (UBI) Z 2 2x y dy dx = x 0 e 2−x2 Z 0 4x2 − 5x4 + x6 dx = 2−x2 Z 1 2x2 y dy dx = −x Z 0 4x2 − 5x4 + x6 dx = ZZ ZZ Cálculo II y=2−x2 y=x x2 y 2 y=−x dx x=1 = x=0 y=2−x2 x7 4x3 − x5 + 3 7 D2 D1 x2 y 2 4x3 x7 − x5 + 3 7 −1 f (x, y) dx dy + 10 21 dx x=0 = x=−1 f (x, y) dx dy = 10 21 20 . 21 2009/2010 432 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Teorema de Fubini Integração em regiões mais gerais Mudança de coordenadas Aplicação ao cálculo de áreas e volumes 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 433 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas Muitas vezes é necessário recorrer a outros sistemas de coordenadas para calcular determinados integrais pois a geometria da região de integração ou determinadas simetrias da função que queremos integrar tornam o cálculo consideravelmente mais fácil em determinadas coordenadas e não noutras. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 434 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas Seja U ⊆ Rn um conjunto aberto. Dizemos que uma função g : U ⊆ Rn → Rn é uma mudança de coordenadas em U se verificar as seguintes condições: a) g é de classe C 1 ; b) g é injectiva; c) det g0 (x) 6= 0 para todo o x ∈ U . César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 435 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas Teorema de mudança de coordenadas Sejam U ⊆ Rn um conjunto aberto, f : D ⊆ Rn → R uma função integrável em D e g : U ⊆ Rn → Rn uma mudança de coordenadas tal que g(U ) = D. Então é integrável em U e Z D César Silva (UBI) f ◦ g : U ⊆ Rn → R f (y) dy = Z U f (g(x)) det g0 (x) dx. Cálculo II 2009/2010 436 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas No caso particular n = 1 recuperamos a fórmula de integração por substituição, que vimos no Cálculo I. De facto, sejam f : [a, b] → R uma função integrável em [a, b] (com a < b) e g : [c, d] → R uma mudança de coordenadas com g([c, d]) = [a, b], g(c) = a e g(d) = b. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 437 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas Como g é uma mudança de coordenadas, temos que det g0 (x) = g0 (x) 6= 0 para todo x ∈ D. Porque g0 é continua (uma vez que g é de classe C 1 em U ) concluímos que g não muda de sinal em [c, d]. Atendendo a que g(c) = a < b = g(d) temos g0 (x) > 0 para todo o x ∈ [c, d]. Assim, |g0 (x)| = g0 (x) e portanto Z b f (x) dx = a César Silva (UBI) Z c d f (g(t))|g0 (t)| dt = Cálculo II Z c d f (g(t))g0 (t) dt. 2009/2010 438 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas Em seguida vamos ver as três mudanças de coordenadas mais usadas: • as coordenadas polares; • as coordenadas cilíndricas; • e as coordenadas esféricas. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 439 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas As coordenadas polares são coordenadas em R2 definidas por ( y b r x = r cos θ y = r sen θ θ x com r ∈ ]0, +∞[ e θ ∈ ]0, 2π[. As variáveis r e θ correspondem, respectivamente, à distância à origem e ao ângulo formado pelo vector (x, y) e o semi-eixo positivo dos xx. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 440 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas Seja n o U = (r, θ) ∈ R2 : r > 0 e θ ∈ ]0, 2π[ e g : U ⊆ R2 → R2 dada por g(r, θ) = (r cos θ, r sen θ) = (x, y). Em U podemos concluir que g é injectiva notando que para cada r0 > 0 fixo, a função h(θ) = (r0 cos θ, r0 sen θ) é injectiva (descreve a circunferência de raio r0 com excepção do ponto (x, y) = (r0 , 0)). Note-se que quando r = 0 perdemos a injectividade. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 441 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas Temos ainda 0 det g (r, θ) = det " cos θ −r sen θ sen θ r cos θ # = r(cos2 θ + sen2 θ) = r pelo que podemos concluir que g é de classe C 1 em U e que det g0 (r, θ) 6= 0 para todo o (r, θ) ∈ U. Obtemos o seguinte caso particular do teorema de mudança de coordenadas para o caso das coordenadas polares ZZ f (x, y) dx dy = D com D1 tal que César Silva (UBI) ZZ f (r cos θ, r sen θ)r dr dθ D1 g(D1 ) = D. Cálculo II 2009/2010 442 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas Exemplo de mudança para coordenadas polares Consideremos a região n o D = (x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 ≤ 4 e x ≥ y e y ≥ 0 , cuja representação geométrica é y x2 + y2 =4 2 y=x 2 x César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 443 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas Exemplo de mudança para coordenadas polares (continuação) Temos que ZZ ex 2 +y 2 dx dy = D Z 0 π = 4 2 Z π/4 2 er r dθ dr = 0 Z 0 2 2 " 2 2 h iθ=π/4 er r θ 0 π er e r dr = 4 2 r2 Z #r=2 r=0 = θ=0 dr π 4 (e − 1). 8 É de notar que a mudança de coordenadas que fizemos não está nas condições do Teorema de mudança de coordenadas. No entanto, para estarmos nas condições do Teorema de mudança de coordenadas bastaria considerar um conjunto “ligeiramente” mais pequeno e, por isso, o valor do integral não se altera. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 444 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas As coordenadas cilíndricas são coordenadas em R3 definidas por x = r cos θ y = r sen θ z b z = z y com z ∈ R, r ∈ ]0, +∞[ e θ ∈ ]0, 2π[ e r θ que correspondem de alguma forma x a considerar coordenadas polares em cada plano z = z0 . As variáveis r, θ correspondem, respectivamente, à distância do ponto (x, y, 0) à origem e ao ângulo que vector (x, y, 0) faz com o semi-eixo positivo dos xx. A variável z continua a corresponder à coordenada cartesiana z. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 445 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas Seja n U = (r, θ, z) ∈ R3 : r > 0, θ ∈ ]0, 2π[ e z ∈ R e g : U ⊆ R3 → R3 dada por o g(r, θ, z) = (r cos θ, r sen θ, z) = (x, y, z). Em U podemos concluir que g é injectiva notando que para cada r0 > 0 e z0 fixos, a função h(θ) = (r0 cos θ, r0 sen θ, z0 ) é injectiva (descreve no plano z = z0 a circunferência de raio r0 centrada em (0, 0, z0 ) com excepção do ponto = (r0 , 0, z0 )). Note-se que se r = 0 perdemos a injectividade. Além disso, que não poderíamos por exemplo considerar θ ∈ [0, 2π[ uma vez que deixaríamos de ter um conjunto aberto. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 446 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas Atendendo a que cos θ −r sen θ 0 det g0 (r, θ, z) = det sen θ r cos θ 0 = r(cos2 θ + sen2 θ) = r 0 0 1 concluímos que g é de classe C 1 em U e que det g0 (r, θ, z) 6= 0 para todo o (r, θ, z) ∈ U. Obtemos assim o seguinte caso particular do teorema de mudança de coordenadas para coordenadas cilíndricas: ZZZ f (x, y, z) dx dy dz = D onde D1 é tal que César Silva (UBI) ZZZ f (r cos θ, r sen θ, z)r dr dθ dz D1 g(D1 ) = D. Cálculo II 2009/2010 447 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas Exemplo de mudança para coordenadas cilíndricas Consideremos a região n o D = (x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 ≤ 4 ∧ 1 ≤ z ≤ 2 . Temos que a função f : R3 → R dada por f (x, y, z) = cos(x2 + y 2 + z) é integrável em D e usando coordenadas cilíndricas temos ZZZ = cos(x2 + y 2 + z) dx dy dz D Z 2 Z 2π 1 = Z 1 0 2 Z 2π 0 Z 2 cos(r 2 + z)r dr dθ dz = 0 Z 1 2 Z 2π 1 (sen(4 + z) − sen z) dθ dz = 2 h = π − cos(4 + z) + cos z César Silva (UBI) iz=2 z=1 Z 0 2 1 ir=2 1h dθ dz sen(r 2 + z) r=0 2 π(sen(4 + z) − sen z) dz = π(− cos 6 + cos 2 + cos 5 − cos 1). Cálculo II 2009/2010 448 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas Tal como aconteceu com o exemplo da mudança para coordenadas polares, é de notar que a mudança de coordenadas que fizemos no exemplo anterior não está nas condições do Teorema de mudança de coordenadas. No entanto, para estarmos nas condições do Teorema de mudança de coordenadas bastaria considerar um conjunto “ligeiramente” mais pequeno e, por isso, o valor do integral não se altera. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 449 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas As coordenadas esféricas são coordenadas em R3 definidas por z x = r cos θ sen ϕ y = r sen θ sen ϕ z = r cos ϕ b r ϕ y com r ∈ ]0, +∞[, θ ∈ ]0, 2π[ θ e ϕ ∈ ]0, π[. As variáveis r, θ e x ϕ correspondem, respectivamente, à distância do ponto (x, y, z) à origem, ao ângulo que o vector (x, y, 0) faz com semi-eixo positivo dos xx e ao ângulo que o vector (x, y, z) faz com o semi-eixo positivo dos zz. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 450 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas Seja n o U = (r, θ, ϕ) ∈ R3 : r > 0, θ ∈ ]0, 2π[ e ϕ ∈ ]0, π[ e dada por g : U ⊆ R3 → R3 g(r, θ, ϕ) = (r cos θ sen ϕ, r sen θ sen ϕ, r cos ϕ) = (x, y, z). Em U a aplicação g é injectiva. De facto, para cada r0 > 0 fixo, as variáveis θ ∈ ]0, 2π[ e ϕ ∈ ]0, π[ geram uma esfera de raio r0 com excepção do meridiano que passa pelo ponto (x, y, z) = (r0 , 0, 0). César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 451 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas Atendendo a que cos θ sen ϕ −r sen θ sen ϕ r cos θ cos ϕ det g 0 (r, θ, ϕ) = det sen θ sen ϕ r cos θ sen ϕ r cos ϕ sen θ = −r2 sen ϕ cos ϕ 0 −r sen ϕ concluímos que g é de classe C 1 em U e que det g0 (r, θ, ϕ) 6= 0 para todo o (r, θ, ϕ) ∈ U. Obtemos portanto o seguinte caso particular do teorema de mudança de coordenadas para o caso das coordenadas esféricas: ZZZ f (x, y, z) dx dy dz D = ZZZ f (r cos θ sen ϕ, r sen θ sen ϕ, r cos ϕ)r 2 sen ϕ dr dθ dϕ D1 com D1 tal que César Silva (UBI) g(D1 ) = D. Cálculo II 2009/2010 452 / 460 §4.4 Mudança de coordenadas Exemplo de mudança para coordenadas esféricas Se D = (x, y, z) ∈ R3 : 1 ≤ x2 + y 2 + z 2 ≤ 4 , então usando coordenadas esféricas temos ZZZ (x2 + y 2 + z 2 )2 dx dy dz = Z 2 1 D = Z = 2π 0 2 1 Z Z Z Z r 6 − cos ϕ ϕ=π ϕ=0 θ=2π 2r θ θ=0 dr = 4π 6 1 r4 r2 sen ϕ dϕ dθ dr 0 2π 0 2 π dθ dr r7 7 r=2 = r=1 508 π. 7 Também neste exemplo se verifica algo de semelhante ao que aconteceu nos exemplos de coordenadas polares e de coordenadas cilíndricas, ou seja, não estamos nas condições do Teorema de mudança de coordenadas, mas isso não causa problemas pelas mesmas razões que também não causava nas duas outras mudanças de coordenadas. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 453 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn Integral de Riemann: definição, exemplos e propriedades Teorema de Fubini Integração em regiões mais gerais Mudança de coordenadas Aplicação ao cálculo de áreas e volumes 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 454 / 460 §4.5 Aplicação ao cálculo de áreas e volumes Como se deduz da construção feita na primeira secção deste capítulo, o integral de uma função f não negativa com n variáveis, x1 , . . . , xn , integrável numa dada região limitada R é numericamente igual ao volume ((n + 1)-dimensional) da região (n + 1)-dimensional compreendida entre o seu gráfico e o plano n-dimensional de equação xn+1 = 0. Assim concluímos que o volume VR de uma região R ⊆ Rn limitada é dado por Z VR = caso o integral exista. César Silva (UBI) R 1 dx1 · · · dxn , Cálculo II 2009/2010 455 / 460 §4.5 Aplicação ao cálculo de áreas e volumes Em particular, se C ⊆ R2 é uma região limitada, a sua área AC é dada por ZZ AC = 1 dx dy C e se D ⊆ R3 é um sólido limitado, o seu volume VD é dado por VD = ZZZ 1 dx dy dz, D desde que os integrais considerados existam. César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 456 / 460 §4.5 Aplicação ao cálculo de áreas e volumes Exemplos a) Seja o n C = (x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 ≤ 1 e y ≥ |x| . A área da região C é dada por AC = = ZZ Z 0 = Z 1 dx dy C 1Z 1 3π 4 π 4 h iθ= 3π r θ 0 " π r2 = 2 2 π = . 4 César Silva (UBI) r dθ dr Cálculo II 4 θ= π 4 dr #r=1 r=0 2009/2010 457 / 460 §4.5 Aplicação ao cálculo de áreas e volumes Exemplos (continuação) b) Seja D a região compreendida entre as esferas de raio 1 e de raio 2. O volume da região D é dado por VD = = ZZZ Z 1 = Z 1 = Z 1 dx dy dz D 2 Z 2π 0 2 Z 2π 0 2 " r3 3 28π = . 3 César Silva (UBI) π r 2 sen ϕ dϕ dθ dr 0 h r 2 − cos ϕ h iθ=2π 2r 2 θ 1 = 4π Z θ=0 #r=2 iϕ=π ϕ=0 dθ dr dr r=1 Cálculo II 2009/2010 458 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 459 / 460 Índice 1 Sucessões e séries de números reais 2 Funções de Rn em Rm : limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em Rn 4 Cálculo integral em Rn 5 Integrais de linha 6 Integrais de superfície César Silva (UBI) Cálculo II 2009/2010 460 / 460