unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Campus de Bauru EXPERIMENTO 1 - MEDIDAS E ERROS **************************************************************************** 1. Objetivos: • • Propiciar ao estudante a compreensão dos conceitos básicos de medidas; Avaliação e propagação de erros experimentais. 2. Fundamentos Teóricos: Os trabalhos de laboratório normalmente são realizados com o objetivo de se medir grandezas de interesse prático, ou ainda, para se determinar a relação de interdependência entre duas ou mais grandezas que intervém em um fenômeno, isto é, para a investigação de uma lei. O objetivo imediato da operação de medir uma grandeza é verificar quantas vezes ela contém a grandeza de mesma espécie, adotada como padrão. Estes procedimentos normalmente envolvem o uso de aparelhos, com os quais se efetuam medidas. O valor numérico de uma grandeza, em relação a uma unidade, será sempre determinado aproximadamente, devido à ocorrência inevitável dos erros de medida. Os fatores que intervêm na medida de uma grandeza podem ser de ordem objetiva (natureza do objeto de medida, qualidade dos instrumentos utilizados) ou de ordem subjetiva (escolha do método de medida, habilidade do operador). • Erros: Chamamos de valor verdadeiro de uma grandeza, aquele que seria obtido se a medida fosse feita de maneira perfeita e com instrumentos perfeitos. Isto é impossível de ser conseguido, mesmo sendo o mais cuidadoso possível. Devemos esperar então que exista sempre uma discordância entre o valor obtido no resultado da medida e o valor verdadeiro. A essa discordância, chamaremos erro absoluto. Com relação a sua origem, podemos classificar os erros de duas maneiras: ♦ erros acidentais: são aqueles que ocorrem ao acaso, não dependendo da habilidade do operador. ♦ erros sistemáticos: são aqueles que dependem da habilidade do operador. • Estimativa de Erros: Para minimizar os possíveis erros que ocorrem na execução de um experimento, tomamos várias vezes a mesma medida e segundo as leis da Estatística, admitimos que o valor 4201- Laboratório de Física I Prof. Beto Grandini 1 unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Campus de Bauru mais provável da grandeza a ser medida, X*, seja a média aritmética de todos os valores encontrados, isto é: X* = 1 n ∑ Xi n i =1 (1) A seguir, definimos o desvio da medida, ∆Xi, como sendo a diferença entre o valor medido (Xi) e o valor mais provável (X*), isto é: ∆Xi = Xi - X* (2) Devemos notar, que os desvios ora possuirão sinal positivo e ora negativo. Segundo as regras da Estatística, a soma de todos os desvios da medida deve ser nula. Definimos agora, o desvio médio, como o valor médio dos valores absolutos dos desvios das medidas, isto é: ∆X * = 1 n ∑ Xi − X * n i =1 (3) Com base no exposto acima, convencionamos representar corretamente a medida de uma grandeza na forma de um intervalo: X = ( X* ± ∆X* ) u (4) onde: u é a unidade de medida da grandeza. Isto significa que um outro observador, quando medir a mesma grandeza, tomando os mesmos cuidados, obterá um valor de X dentro daquele intervalo. É muito útil ainda definirmos o desvio relativo, que é um número puro que caracteriza a precisão da medida, como: r%= ∆X * X 100 (%) X* (5) Um parâmetro que dá uma medida mais apropriada da dispersão das observações é o desvio padrão, definido como: τ = 1 n ( X i − X *)2 ∑ n i =1 (6) Um erro acidental não deve possuir módulo maior que três vezes o desvio padrão. A este valor, chamamos de desvio tolerável e seu cálculo nos indica se estamos dentro de uma faixa de segurança aceitável. 4201- Laboratório de Física I Prof. Beto Grandini 2 unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Campus de Bauru EXEMPLO: Vamos tomar como exemplo, algumas medidas efetuadas na determinação do peso atômico do carbono: x1=12,0080 x4=12,0101 x7=12,0107 x2=12,0095 x5=12,0102 x8=12,0116 x3=12,0097 x6=12,0106 x9=12,0129 Obtenha a partir dos dados acima, o valor mais provável; o desvio médio; o desvio relativo; o desvio padrão; o desvio tolerável e escreva a medida na forma correta. • Algarismos Significativos: São algarismos significativos do resultado de uma medida, todos aqueles que temos razões para aceitar que são corretos, acompanhados do primeiro algarismo duvidoso. Os resultados das medidas, devem ser apresentados apenas com seus algarismos significativos. Por exemplo, quando efetuamos a média dos valores da tabela acima, encontramos o valor 12,0103667 e o desvio médio 0,000962963. Todos os algarismos do desvio, a partir da vírgula, que são zero são considerados corretos. O primeiro diferente de zero é considerado duvidoso. Ora, se temos dúvida neste algarismo, os subsequentes serão mais duvidosos ainda. Então, os demais devem ser desprezados e os algarismos significativos são os zeros e o 4. Assim, o valor mais provável deve possuir o mesmo número de casas após a vírgula que o desvio, isto é: X = ( 12,010 ± 0,001 ) u.m.a. (7) É regra prática, que ao se abandonar algarismos significativos, deve-se elevar de uma unidade o valor do último algarismo conservado sempre que o primeiro abandonado for 5 ou mais. Vimos que o desvio deve ser expresso com um único algarismo (o primeiro), então em resultados do tipo: X = (6300 ± 400) m (8) X = (6,3 ± 0,4) x 103 m (9) devem ser escritos na forma: Uma observação que devemos ter sempre em mente é que o desvio deve sempre estar no intervalo 0 < ∆X* < 1. • Propagação de Erros: Na maioria dos casos obtém-se o valor da medida de uma determinada grandeza através de cálculos nos quais se utilizam os valores de medidas de outras grandezas. Neste 4201- Laboratório de Física I Prof. Beto Grandini 3 unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Campus de Bauru caso, diz-se que a medida é indireta. Se as grandezas utilizadas nos cálculos são afetadas de desvios, temos que saber a maneira de operar com estas grandezas. Suponhamos que duas grandezas A e B foram medidas com seus respectivos desvios, tendo sido obtidos os resultados: A = (A* ± ∆A* ) u B = (B* ± ∆B* ) u (10) Somamos ou subtraímos grandezas e seus respectivos desvios, de acordo com as seguintes regras: (A* ± ∆A* ) + (B* ± ∆B* )= (A* + B*) ± (∆A + ∆B ) (A* ± ∆A* ) - (B* ± ∆B* )= (A* - B*) ± (∆A + ∆B ) (11) (12) Multiplicamos ou dividimos grandezas e seus respectivos desvios, de acordo com as seguintes regras: (A* ± ∆A* ) . (B* ± ∆B* )= (A* . B*) ± (B* . ∆A + A* . ∆B ) (13) (A* ± ∆A* ) / (B* ± ∆B* )= (A* / B*) ± (B* . ∆A + A* . ∆B ) / B2 (14) 3. Material Utilizado: • Régua Milimetrada. 4. Procedimento Experimental: 1. Meça, com o auxílio da régua, o tampo da bancada, considerando-o como um bloco uniforme; 2. Tome as medidas necessárias para obter o volume do tampo da mesa utilizando a teoria dos erros; 3. Para cada dimensão, meça em pelo menos cinco regiões diferentes do tampo; 4. Para cada grandeza (dimensão) medida, encontre o seu valor mais provável, o desvio médio, o desvio relativo e o desvio padrão. Escreva cada grandeza na forma correta; 5. Encontre o volume do tampo da mesa, acompanhado do respectivo desvio. Apresente-o na forma correta. 4201- Laboratório de Física I Prof. Beto Grandini 4 unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Campus de Bauru 5. Referências Bibliográficas: • ALBUQUERQUE, W.A. et al.; Manual de Laboratório de Física. São Paulo: McGraw Hill, 1980. • BAILEY, W.C.; Laboratory Manual for General Physics. New York: Kendall/Hunt Publishing Company. 1993. • BERNARD, C.H.; EPP, C.D.; Laboratory Experiments in College Physics, 7th edition. New York: John Wiley & Sons. 1994. • CUTNELL, J.D.; Physics Laboratory Instructions - Mechanics. New York: John Wiley & Sons. 2001. • FEYNMAN, R.P.; LEIGHTON, R.B.; SANDS, M.; The Feynman Lectures in Physics, vol. nd 1, 2 . Ed. New York: Addison Wesley Publishing Co. 1988. • HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Física, vol. 1. São Paulo: Livros Técnicos e Científicos. 1993. • LOYD, D.H.; Physics Laboratory Manual, 2nd edition. New York: International Thomson Publishing. 1997. • NUSSENZVEIG, H.M.; Curso de Física Básica: Mecânica. São Paulo: Edgard Blücher. 1993. • KITTEL, C.; KNIGHT, W.D.; RUDERMAN, M.A.; Curso de Física de Berkeley Mecânica. São Paulo. Edgard Blücher. 1973. • TIPLER, P., Física, vol. 1, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 1995. 4201- Laboratório de Física I Prof. Beto Grandini 5 unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Campus de Bauru 4201- Laboratório de Física I Prof. Beto Grandini 6 unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Campus de Bauru Nome: ______________________________________________ RA: ______________ Nome: ______________________________________________ RA: ______________ Nome: ______________________________________________ RA: ______________ Nome: ______________________________________________ RA: ______________ Nome: ______________________________________________ RA: ______________ Nome: ______________________________________________ RA: ______________ Data: ___/ ___/ ______ EXPERIMENTO 1 - MEDIDAS E ERROS • Dados obtidos: X1 (mm) ∆X1 (mm) X2 (mm) ∆X2 (mm) X3 (mm) ∆X3 (mm) 1 2 3 4 5 média • Grandeza X1: ____________________________ Valor mais provável: ____________________ Desvio médio: ____________________ Desvio relativo: ____________________ Desvio padrão: ____________________ Forma correta: 4201- Laboratório de Física I Prof. Beto Grandini _______________________ 7 unesp • UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Campus de Bauru Grandeza X2: ____________________________ Valor mais provável: ____________________ Desvio médio: ____________________ Desvio relativo: ____________________ Desvio padrão: ____________________ Forma correta: • _______________________ Grandeza X3: ____________________________ Valor mais provável: ____________________ Desvio médio: ____________________ Desvio relativo: ____________________ Desvio padrão: ____________________ Forma correta: • _______________________ Volume: Forma correta: _______________________ OBS: Anexe todos seus cálculos numa folha à parte. 4201- Laboratório de Física I Prof. Beto Grandini 8