PESQUISA DO CONHECIMENTO POPULAR EM RELAÇÃO AO CONSUMO DE ÁGUA NO MUNICÍPIO DE MORRINHOS – GO Juliana Santana de Curcio¹, Jaqueline Ribeiro de Lima¹, Flaviane de Jesus Vieira¹, Jésica Vieira¹, Francesca Guaracyaba Chapadense¹, Mara Lúcia Lemke de Castro². ¹ Acadêmicos do curso de Ciências Biológicas Unidade Universitária de Morrinhos-UEG ² Professor orientador do curso de Ciências Biológicas Unidade Universitária de Morrinhos-UEG RESUMO A água é o recurso natural mais valioso para a humanidade, elemento fundamental e indispensável ao abastecimento do consumo humano. Com o objetivo de avaliar o nível de consciência da população em relação ao consumo de água, aplicamos 90 questionários sobre uso, desperdício e formas de aproveitamento em residências no município de Morrinhos - GO, os quais obtinham informações dos moradores, tais como, renda familiar, número de residentes, gasto médio mensal de volume de água entre outros. Através dessa análise procuramos entender quais fatores contribuíam para um maior gasto de água e saber das mesmas se havia alguma medida a ser tomada para preservar esse recurso finito e indispensável ao consumo dos seres vivos (humano). Palavras-chave: Consumo de água, Formas de aproveitamento, Consciência da população. INTRODUÇÃO A água é o recurso natural mais valioso para a humanidade, elemento fundamental e indispensável ao abastecimento do consumo humano e ao desenvolvimento de suas atividades agrícolas e industriais, sendo, também de suma importância para a preservação dos ecossistemas animal e vegetal, mas sua escassez representa um problema ambiental crescente para a população (CORRAL-VERDUGO, 2003). A água, além de saciar a sede, é fonte para aquisição de nosso alimento. Sua oferta já não atende a demanda da população mundial, sendo que cerca de um bilhão de pessoas não tem acesso à água potável. Apesar de vários esforços para armazenar e diminuir o seu consumo, ela vem se tornando cada vez mais rara e sua qualidade se deteriora cada vez mais rápido (FREITAS, 2001). No México, recentemente foi declarado que se não houvesse uma grande quantidade de chuva, em poucos meses o país estaria completamente sem esse bem precioso e insubstituível, devido ao aumento significativo do consumo doméstico de água impulsionado pelo crescimento acelerado das cidades (CORRAL-VERDUGO, 2003). E isso vem acontecendo na maioria das nações em desenvolvimento, forçando os governos a implantarem estratégias de conservação de água em áreas urbanas. A relação cidade-água pode ser considerada como as relações homem versus meio. Numa formulação dialética, os termos cidade e água são tidos como dimensões dos termos sociedade versus natureza e podem ser concebidos como uma unidade, uma totalidade contraditória (complementar e conflituosa). A urbanização é um processo social complexo e contraditório caracterizado pela intensificação das relações sociais, econômicas e políticas e pela necessidade de infra-estruturas física e social para garantir a produção, a circulação, o controle, a decisão e o consumo da vida urbana. Na cidade, a água, como recurso vital e econômico múltiplo, é utilizada como fator fundamental de saúde pública e de desenvolvimentos econômicos tais como: tubulações, reservatórios, barragens, usinas e exigem medidas estruturais (obras) e não-estruturais (legislação, planejamento, campanhas). (CUSTÓDIO, 2006). A escassez de água é um problema que abrange componentes psicológicos e sociais, isto é, as pessoas desperdiçam água influenciadas por motivos, crenças, percepções e normas pessoais. A disponibilidade de utensílios e equipamentos para o consumo de água, tamanho das famílias bem como a disponibilidade de recursos financeiros também promovem o desperdício de água. (CORRAL-VERDUGO, 2003). De acordo com a UNESCO (2006), se o consumo de água continuar nesse ritmo, 2,7 bilhões de pessoas vão sofrer com a escassez de água até 2025. A água, além de ser vital para o homem é condição fundamental para o desenvolvimento A água, recurso indispensável e finito está ligada aos modos de vida e, esta condição implica estratégias econômicas e políticas assim como práticas de solidariedade da sociedade (KUHNEN & SILVEIRA, 2007). As formas de promover o uso sustentável da água e, em decorrência conservá-la nos aspectos quantitativos e qualitativos, podem ser por meio de ações de economia, as quais envolvem o uso racional da água e o uso de fontes alternativas, e por meio das ações de preservação dos mananciais hídricos (SANTOS, et. al 2006). O nosso país é privilegiado em recursos hídricos com um volume armazenado de água subterrânea da ordem de 58.000 km3, sendo uma fonte imprescindível para o consumo humano das populações que não tem acesso à rede pública de abastecimento ou quando tem, o fornecimento é irregular. No Brasil, o aqüífero subterrâneo abastece 6.549.363 domicílios (19% do total), e, destes, 68,78% estão localizados na área rural11,94% da população nacional (IBGE, 1994). As ações de uso racional são basicamente ações de combate ao desperdício quantitativo, enquanto a utilização de fontes alternativas consiste em utilizar outras fontes que não àquelas normalmente utilizadas como mananciais, ou seja, águas superficiais e subterrâneas. Destacam-se, portanto, a água de reuso e a água da chuva. As ações de preservação englobam aquelas de proteção à qualidade das águas no manancial, o que inclui tratamento de resíduos líquidos, entre outras (SANTOS, et al 2006). Em vista aos problemas relacionados à água e da importância da mesma, o presente trabalho visa avaliar o nível de conscientização da população no município de Morrinhos - GO em relação ao consumo de água, verificar a disponibilidade de alternativas dos moradores para evitar o uso abusivo da mesma de modo a aproveitá-la e analisar se a renda familiar influencia no seu consumo. MATERIAL E MÉTODOS Estudo exploratório descritivo realizado no período de fevereiro a setembro do ano de 2008 no Município de Morrinhos - GO, onde foram observados os níveis de consciência da população em relação ao uso, consumo e desperdício de água. Foram analisados os dados de 90 pessoas residentes da cidade de Morrinhos – GO através de um questionário contendo nove questões sobre o consumo de água, desperdício e forma de aproveitamento. Através desse questionário pudemos classificar as pessoas quanto ao nível de poder aquisitivo (renda familiar) e comparar se a quantidade de salários mensais influenciava no consumo de água. Na análise estatística empregou-se análise de variância (ANOVA) para estabelecer se as medias estudadas são ou não estatisticamente iguais e o teste de Tukey para estabelecer a diferença mínima significante (dms) das médias das amostras. Os resultados foram trabalhados estatisticamente pelo programa Microsoft Office Excel 2007, para construção de gráficos e tabelas que relacionaram os dados obtidos através do questionário. RESULTADOS E DISCUSSÃO Das 90 pessoas entrevistadas, todas consideram a água de suma importância, porém apenas 82,3% sabem as conseqüências do mau uso desta. (Dados não mostrados) Efetuou-se a análise entre as variáveis consumo de água e renda familiar. Figura 1. Figura 1: Consumo residencial de água encanada por pessoa, segundo a renda familiar em Morrinhos GO (n=90). Médias acompanhadas de mesma letra não diferem estatisticamente (p<0.0001, dms=1.62). Observamos, portanto, que a proporção de consumo de água é significativamente maior entre pessoas que apresentam renda familiar acima de cinco salários mínimo. As pessoas com renda familiar ≤ 1 salário não apresentaram diferença significante em relação às pessoas com renda familiar de 2 a 5 salários mínimos, onde famílias com menor poder aquisitivo demandam da água em quantidade reduzida. Em relação as formas utilizadas pela população de Morrinhos - GO na economia de água.Dos entrevistados, 26,7% assumiram que há desperdício de água na residência e 73,3% afirmaram que não há. Nas residências que não há desperdício de água, alguns moradores adotam formas de aproveitamento, sendo que a maior parte 43% reutilizam a água, 23% reduzem o tempo no banho e 31% não fazem nada. Em relação à água como recurso limitante houve uma notável diferença na opinião dos moradores do município de Morrinhos - GO, onde 80% da população acredita que a água pode acabar em um determinado tempo e 20% acredita que a mesma não é limitante. (Dados não mostrados). Segundo dados da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) recomenda como consumo ideal de água 200 litros por dia por pessoas. Das pessoas que acreditam que a água é um recurso limitante, 39,45% acham que seriam por falta de consciência da população, 12,68% por problemas ambientais, apenas. 5,64% por falta de responsabilidade do governo e 23,94% opinaram por todas as anteriores. Figura2. Figura2: Possíveis fatores influentes na escassez de água. (P. A. = problemas ambientais; F. C. P. = Falta de consciência da população; F. R. G. = Falta de responsabilidade do Governo; T. A. = Todas as alternativas e N.A. = Nenhumas das alternativas). Ao questionar se as pessoas concordariam em racionar o consumo de água, 63,3% disseram que sim e 26,7% não aceitariam. Figura 3. Figura 3: Disponibilidade da população à respeito da racionalização da água em Morrinhos- GO. Mostrando que se o governo precisasse implantar medidas em uma possível escassez de água, a maior parte da população seria a favor. CONCLUSÃO Finalizada a pesquisa e através dos dados obtidos, podemos observar que há maior prevalência de desperdício de água nas famílias com renda superior a 5 salários mínimo, e diante desse fato notamos que essas utilizam muitas vezes a água de forma irresponsável (lavar calçadas, carros, abastecer piscina). Dentre os moradores entrevistados 26,7% afirmaram que há desperdício de água em suas residências e apenas 69% adotam maneiras para evitar o desperdício. Diante desses resultados recomenda-se: Evitar banhos demorados, pois em média banho de 20 minutos consome 120 litros, Não escovar os dentes com a torneira aberta, pois um minuto com a torneira a gastam 22,3 litros de água, não lavar a calçada com mangueiras, pois na maioria das vezes somente varrê-la é necessário, evitar lavar o carro com mangueira, deve-se usar um balde, regar as plantas o mínimo necessário, evitando desperdiçar água, na cozinha ao lavar a louça cuidar para desligar a torneira enquanto se está ensaboando-a, consertar os vazamentos que por mínimos que sejam são portas de desperdício de água, reutilizar a água da máquina de lavar roupas para lavar a casa, aguar as plantas entre outros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CORRAL-VERDUGO, V. Determinantes psicológicos e situacionais do comportamento de conservação de água: um modelo estrutural. Estud. psicol.(Natal). 8 (2) Natal May/Aug, 2003. CUSTÓDIO, V. A relação cidade-água nos artigos dos anais da Associação de Geógrafos Brasileiros (AGB). GEOUSP-Espaço e Tempo, São Paulo, nº 20, pág.175182, 2006. FREITAS, M. B. de; BRILHANTE, O. M.;ALMEIDA,L. M.de; Importância da análise de água para a saúde pública em duas regiões do Estado do Rio de Janeiro: enfoque para coliformes fecais, nitrato e alumínio. Cad. Saúde Pública. 17 (3) Rio de Janeiro May/June, 2001. IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Dados sobre Domicílios no Estado do Rio de Janeiro. Anuário Estatístico do Brasil. 54-Rio de Janeiro, 1994. KUHNEN, A; SILVEIRA, S.M.da. Uso e consumo da água: um problema que interessa à Psicologia?Estud. pesqui. Psicol. 7(1) Rio de Janeiro Jun, 2007. UNESCO-El água como fontes de conflictos:repaso de los conflictos en el mundo.In Oficina Regional de Ciência e Tecnologia da UNESCO,2006.