PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO ELTON DE MATTOS SILVA ESTRATÉGIAS DE MERCHANDISING UTILIZADAS POR MICRO E PEQUENAS EMPRESAS VAREJISTAS EM BELO HORIZONTE ORIENTADOR: Prof. Dr. Dalton Jorge Teixeira BELO HORIZONTE 2003 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO ELTON DE MATTOS SILVA ESTRATÉGIAS DE MERCHANDISING UTILIZADAS POR MICRO E PEQUENAS EMPRESAS VAREJISTAS EM BELO HORIZONTE Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Administração da PUC Minas, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Administração. Orientador: Prof. Dr. Dalton Jorge Teixeira BELO HORIZONTE 2003 CÓPIA Ata da sessão de defesa da dissertação de mestrado do aluno Elton de Mattos Silva do Curso de Mestrado Profissional em Administração da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Às nove horas do dia seis de maio do ano de dois mil e três, na sala 106 do prédio 43 do campus Coração Eucarístico da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, em Belo Horizonte, reuniuse a banca examinadora presidida pelo orientador Prof. Dr. Dalton Jorge Teixeira (Doutor em Geografia, PUC Minas) e composta pelos membros prof(a). Dra. Janete Lara de Oliveira Bertucci (Doutora em Administração, PUC Minas) e prof. Dr. Mauro Calixta Tavares (Doutor em Administração, Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte) para exame da dissertação “Estratégias de Merchandising utilizadas por micro e pequenas empresas varejistas em Belo Horizonte”, de autoria do aluno Elton de Mattos Silva, matriculado no Curso de mestrado Profissional em Administração, de acordo com o Regulamento Geral dos Cursos de Pós-graduação Stricto Sensu da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. No início da sessão de defesa, o presidente da banca informou ao candidato que o tempo disponível para sua apresentação seria de trinta minutos, passando, em seguida, a palavra ao candidato. Encerrada a apresentação do candidato, o presidente retornou a palavra e deu início à discussão da dissertação, passando a palavra a cada um dos membros da banca examinadora. Após manifestação de cada um dos examinadores, a banca reuniuse para definir o resultado, tendo a dissertação sido considerada aprovada. Em seguida, o professor orientador comunicou a todos os presentes o resultado. Na forma regulamentar, foi lavrada a presente ata que é assinada pelos membros da banca examinadora. Belo Horizonte, 06 de maior de 2003 Prof. Dr. Dalton Jorge Teixeira – Orientador – Doutor em Geografia, PUC Minas a Prof . . Dra. Janete Lara de Oliveira Bertucci – Doutora em Administração, PUC Minas Prof. Dr. Mauro Calixta Tavares – Doutor em Administração Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte Dedico esta conquista àquelas pessoas que me acompanharam, sistematicamente, nessa jornada e souberam, cada qual a sua maneira, compreender o despertar da luz do conhecimento, que pode ocorrer em nossa tenra juventude, no processo de evolução para nossa maturidade, ou no limiar de nossa experiência cronológica sobre a terra. À minha esposa Luciana e aos meus pais, Elton e Margarida. Meu sincero e eterno agradecimento... À minha amada esposa, Luciana e aos meus pais, Elton e Margarida, que me inspiraram a estabelecer esse desafio, me apoiaram e deram suporte ao longo da empreitada, incentivando e ajudando a carregar, por dois anos, esse grande fardo, tornando possível esta conquista. Ao meu avô, Elói, por parte de minha mãe, Margarida, a homenagem póstuma de um neto que segue seus passos. Às minhas duas irmãs e minha saudosa irmãzinha, que têm meu profundo respeito. Ao meu orientador, Prof. Dr. Dalton Jorge Teixeira, à primeira coordenadora do Mestrado Profissional em Administração da PUC Minas, Prof. Dra. Janete Lara de Oliveira Bertucci e aos funcionários da CDL-BH e do CITC, que contribuíram com os subsídios necessários para a construção desse conhecimento. E a você, Pulguinha, minha visão do futuro. Desculpe o tempo perdido e as noites em claro. Obrigado pelos dois longos anos de espera e tolerância... Sem você eu não teria conseguido! Muitíssimo obrigado! Elton Não há nada mais difícil do que planejar, mais duvidoso do que obter sucesso, nem mais perigoso de administrar que a criação de uma nova ordem das coisas... Uma vez que os inimigos tenham ocasião de atacar o inovador, eles o farão com a paixão de um guerrilheiro, enquanto os outros o defenderão tão preguiçosamente que o inovador e seus parceiros se tornarão vulneráveis (MAQUIAVEL, 1998). Resumo A partir da conceituação do varejo, na primeira parte desse trabalho, são apresentados os conceitos utilizados para classificar merchandising no Brasil, culminando com uma proposta de uniformização do conceito para o varejo brasileiro, ao considerar, inclusive, o advento do marketing digital e as novas tecnologias disponíveis. A partir dessa conceituação discutiu-se a utilização do merchandising como diferencial competitivo no varejo, levando-se em conta sua evolução para o contexto da economia das experiências. Na etapa final desse trabalho, é realizada a avaliação sobre os fatores motivadores e resultados alcançados por empresários varejistas de micro e pequenas empresas de Belo Horizonte, ao utilizarem o merchandising em seus negócios. SUMÁRIO CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO 14 1.1- Análises iniciais 15 1.2- Problema de pesquisa 16 1.3- Objetivos 19 1.4- Justificativa 20 CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO 22 2.1- A evolução do conceito 23 2.1.1- O varejo 23 2.1.2- Tipos de varejo 25 2.1.3- O varejo de serviços 29 2.1.4- O varejo na virada do milênio 32 2.1.4.1- Perspectiva mundial 32 2.1.4.-2 Perspectiva brasileira 34 2.1.5- Um novo modelo de negócio 37 2.1.6- Os vários conceitos de merchandising 41 2.1.7- Mídia merchandising x merchandising comercial 45 2.1.8- Merchandising como diferencial competitivo 47 2.1.9- Os novos desafios 48 2.1.10- Compreendendo os clientes: a questão do tempo 49 2.1.11- A experiência no varejo moderno 52 2.1.12- A era da experiência 53 2.1.13- Dimensões da experiência 56 2.1.14- Conclusão da evolução do conceito 60 2.2- Métodos e técnicas de merchandising 62 2.2.1- Fatores preliminares 62 2.2.2- Modelos e técnicas de merchandising 64 2.2.3- Conclusão dos modelos de merchandising 68 CAPÍTULO III – METODOLOGIA DE PESQUISA 84 3.1- Tipo de pesquisa 85 3.2- Caracterização do universo e da amostra pesquisada 85 3.3- Concepção do instrumento de coleta de dados 90 3.4- Pesquisa de campo e método de coleta de dados 91 CAPÍTULO IV – RESULTADOS DA PESQUISA 93 4.1- Fatores motivadores e objetivos espontâneos 94 4.2- Análise dos fatores motivadores – respostas estimuladas 97 4.3- Merchandising: estratégia deliberada 100 CAPÍTULO V – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 110 5.1- Implicações acadêmicas 111 5.2- Implicações gerenciais 112 5.3- Considerações finais e sugestões para futuras pesquisas 114 5.4- Limitações, restrições e dificuldades 115 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 116 ANEXOS 124 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Posição do varejo dentro do canal típico de distribuição 25 Figura 2 Tipos de varejistas sem loja 26 Figura 3 A progressão do valor econômico 55 Figura 4 Os campos da experiência 56 Figura 5 O triângulo: três opções diferentes de estratégia 63 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Fases da evolução da promoção de vendas no varejo 17 Quadro 2 Escala de varejo com lojas 31 Quadro 3 Informações sobre o varejo americano 32 Quadro 4 Conceitualização de orçamento de tempo e lazer do consumidor 51 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Análise dos dados 88 Gráfico 2 Universo ajustado 89 Gráfico 3 Perfil dos elementos de pesquisa 90 Gráfico 4 Fatores motivadores e objetivos: estimulados – GEMP 98 Gráfico 5 Fatores motivadores e objetivos: estimulados – GCOL 99 Gráfico 6 Apuração dos conhecimentos adquiridos 101 Gráfico 7 Estado da arte da tecnologia disponibilizada 102 Gráfico 8 Nível dos conceitos disseminados 103 Gráfico 9 Técnicas de merchandising utilizadas 104 Gráfico 10 Critério de aplicação das técnicas de merchandising 106 Gráfico 11 Resultados alcançados com a aplicação das técnicas de merchandising Gráfico 12 Motivos que determinaram o aumento das vendas 108 109 LISTA DE SIGLAS ABRAS Associação Brasileira de Supermercados CDL-BH Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte CITC Centro Internacional de Tecnologia do Comércio ECR Efficient consumer response EDI Eletronic data interchange EUA Estados Unidos da América GCOL Grupo formado pelos elementos de pesquisa constituídos pelos proprietários de negócios varejistas de micro e pequeno porte. GEMP Grupo formado pelos elementos de pesquisa colaboradores IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística OMS Organização Mundial da Saúde ONU Organização das Nações Unidas PDV Ponto de venda PIB Produto interno bruto QR Quick response SBT Sistema Brasileiro de Televisão SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SKU Stock keeping unit TI Tecnologia da informação UFMG Universidade Federal de Minas Gerais 14 CAPÍTULO I INTRODUÇÃO 15 1.1- Análises iniciais Na era do cliente, o varejo assume uma posição de destaque devido a sua proximidade com o consumidor final. No entanto, com a competitividade que se instalou no cenário mundial, principalmente no que diz respeito à equiparação qualitativa de produtos e serviços oferecidos no mercado, está cada vez mais difícil sobreviver, mesmo para os varejistas. Nas palavras de McKenna (1996 p. 48): para sobreviver em mercados dinâmicos, as empresas precisam estabelecer estratégias que sobrevivam às mudanças turbulentas no mercado. Têm que construir alicerces fortes que não sejam derrubados pelas tempestades. Dessa forma, os conceitos do marketing experimentaram uma elevação do seu grau de importância na gestão estratégica das empresas do varejo, “dando o tom em que a orquestra deveria executar a música”, ou seja, emanando as diretrizes para a elaboração de estratégias que aumentassem o seu potencial de competição. Dentre esses, destaca-se o conceito de merchandising, relacionado à forma de disponibilização do produto para o cliente e intimamente ligado ao ponto de venda, como apresentado por Parente (2000, p. 293): “para o varejista, todas as decisões de marketing convergem para a loja.” O merchandising vem se firmando como o grande diferencial competitivo das empresas de varejo para o novo milênio. Sua importância é ratificada por Engel, Blackwell e Miniard (1995, p. 525), quando afirmam que: “o produto mais bem projetado, produzido e anunciado não vale nada até que os varejistas o tornem disponível para os consumidores no formato de respostas rápidas e a custos que criem consumidores satisfeitos”. A proposta desse trabalho ao apresentar a evolução do sistema de varejo relacionado ao conceito de merchandising é demonstrar a importância das técnicas de merchandising face à intensa competitividade das empresas de varejo no mercado atual e analisar os objetivos e resultados alcançados pela utilização das técnicas de merchandising no mercado de micro e pequenas empresas de varejo de Belo Horizonte. 16 1.2- Problema de pesquisa Segundo Chalmers (1965), a origem do comércio data da mesma época da existência do homem vivendo em sociedade. Naquele momento o homem compreendeu que seria impossível a sobrevivência se vigorasse o sistema da apropriação à força das mercadorias que desejasse, vendo-se obrigado a idealizar o sistema de trocas, que lhe possibilitaria, mediante a renúncia de algo seu, obter o que pertencia a outros. A particularidade da capacidade de valorização dos objetos por parte de alguns e a maneira de exibir as suas utilidades e usos, inspiradas numa característica humana inata – o dom de negociar – e, catalisado pela ambição, fez surgir a figura do vendedor ambulante, que, na sua tentativa de disponibilizar mais facilmente suas mercadorias, ou aquelas que lhe eram confiadas por outros, resolveu se embrenhar mundo afora, com produtos próprios e de terceiros, levandoos ao encontro do comprador potencial. Nessas primeiras observações, é possível apreciar os fundamentos do composto de marketing, destacando-se a preocupação com a promoção – a arte de negociar – e a praça – a disponibilidade dos produtos. Chalmers (1965) considera que a base de todo o sucesso residia no espírito do encantar e cativar os olhos dos interessados, explorando a vaidade da mulher, o orgulho do homem e os desejos de ambos, ou seja, a criação de uma forma eficaz de expor a mercadoria em um ambiente adequado, que pudesse seduzir o interesse dos consumidores, propiciando, de maneira espontânea, o ato da compra e a opção por determinado ponto de venda específico. Com o tempo, ainda segundo Chalmers (1965), aqueles vendedores ambulantes abriram pequenas lojas nos povoados que se foram formando e aperfeiçoando desse modo os seus métodos espontâneos de expor e vender. Desde aquela época, até os tempos atuais, pode ser encontrado, em feiras livres e nos negócios comerciais mais humildes, o produto bem à vista do cliente e o vendedor apregoando em voz alta as vantagens e diferenciais de suas mercadorias. Assim, Chalmers (1965) divide em seis fases a evolução do processo de promoção de vendas no varejo: 17 QUADRO 1 Fases da evolução da promoção de vendas no varejo 1ª Fase 2ª Fase 3ª Fase 4ª Fase 5ª Fase 6ª Fase Oferta da mercadoria diretamente ao consumidor, em sua residência (quanto mais distante melhor, evitando a concorrência) Vendedores ambulantes, evoluindo, fixam estabelecimento e transformamse em feirantes e pequenos lojistas (primeiros núcleos comerciais) Utilização da voz e ruídos (música, etc.) para atrair a atenção. Apresentação dos produtos nas portas e janelas, definindo o ramo de negócio, com o objetivo de atrair o consumidor. Utilização de placas e letreiros nas fachadas e interior dos estabelecimentos, combinando símbolos, letras, etc. Utilização de estratégias de ofertas diversas (saldos de balanço, liquidação para mudança de negócios/estação), para atrair o consumidor. FONTE – Adaptado, de Chalmers (1965, p. 11), pelo autor da dissertação. Assim, segundo Chalmers (1965), o sistema de produção e distribuição em massa, na base de maior rotação de estoques, gerou a concorrência, aumentando e tornando-se mais aguerrida a cada dia que passa e, dessa forma, contribuindo para a necessidade do surgimento e aplicação de novas técnicas mercadológicas que possam proporcionar a perenidade das empresas. O composto mercadológico, em sua conjugação mais ampla, busca criar demanda para os produtos e isso, por sua vez, cria uma série de expectativas no cliente. Essas expectativas podem ser frustradas, atendidas ou superadas, conforme a experiência obtida pelo cliente ao visitar as lojas. Pesquisas relatadas por Geary (1998), mostram que mais de 80% das decisões de compras são feitas enquanto o cliente está dentro da loja: “toda a propaganda do mundo não poderia ter como resultado esse percentual de compras em potencial!” (GEARY, 1998, p. 3). Assim, genericamente, enquanto o marketing funciona como um líder decidindo conceitualmente o que fazer, o merchandising executa fisicamente, operacionalmente esta decisão, transformando a loja em um imenso palco, no local em que a ação está sendo implementada. O marketing define o que e onde vender e o merchandising como e por que vender. 18 Pode-se, assim, inferir que o merchandising entra em ação depois que a maioria das outras atividades mercadológicas cumpriram seu papel: atrair a atenção do cliente até o ponto de venda. Mas de que adianta todo esse esforço se o local não estiver adequado, cumprindo e superando as expectativas geradas no consumidor, expondo, dispondo e exibindo os produtos com profissionalismo, tornando-os visíveis, bem iluminados, dispostos em um clima sugestivo e sedutor? Nesse sentido, Geary (1998, p. III) relata: há algumas décadas, a expressão merchandising visual (grifo nosso) lucrativo podia ser considerada uma contradição. Muitos lojistas achavam, e continuam achando, que merchandising visual (grifo nosso) é uma despesa sem retorno mensurável – é bom, mas não é imprescindível. Com o passar dos anos, no entanto, o merchandising visual (grifo nosso) deixou de ter uma função meramente estética (a arte), tornando-se um instrumento de vendas mais quantificável e de resultados mensuráveis (a ciência). Ou seja, o merchandising deixou de ser um mero esforço de organização e limpeza, visando cumprir funções básicas relacionadas ao atendimento aos clientes, para ser considerado uma tecnologia de gestão para o varejo. Assim, diversos autores, como Parente (2000), Levy e Weitz (2000), Churchill e Peter (2000), Geary (1998) e Cobra (1990), apresentam exemplos da aplicação do merchandising como tecnologia do varejo. Entretanto, os exemplos, ou análises da utilização do merchandising estão limitados a empresas de médio e grande porte, ou, quando são encontrados exemplos e análises enfocando micro e pequenas empresas, representam empresas varejistas ligadas a grandes grupos empresariais ou redes de franquias. Ou seja, para um segmento econômico – micro e pequenas empresas – que representa 96,2% dos estabelecimentos comerciais registrados no Brasil, conforme dados do Sebrae (2002), muito pouco existe de concreto sobre os objetivos e resultados que levam a aplicação da tecnologia do merchandising. Como toda tecnologia, o merchandising necessita do aporte de recursos, tanto tecnológicos, como financeiros, caracterizando-se como um investimento empresarial. Não basta a uma loja apenas ter uma boa aparência do ponto de vista de (sic) merchandising e apresentação de produtos. Quem tem condições de gastar enormes quantias de dinheiro e tempo para melhorar a aparência de sua loja sem ter a certeza de que terá um ótimo retorno para o seu investimento? As lojas modernas não podem se contentar em atrair e estimular o cliente a comprar, e comprar cada vez mais. Do ponto de vista do lojista, elas precisam ter bons lucros. (GEARY, 1998, p. IV). 19 E, considerando ainda, que o merchandising bem estruturado “[...] consegue desviar a mão do consumidor para a esquerda ou para a direita”, como afirma Ramos (1987, p. 44), tornando o consumidor menos fiel à sua marca e, conforme pesquisa apresentada por Chalmers (1965), em que 31% dos pesquisados afirmaram que deixam de comprar em determinada loja devido à má organização, desarrumação, falta de limpeza, etc., será que a tecnologia de gestão do merchandising vem sendo adequadamente empregada pelas empresas varejista de micro e pequeno porte, como uma estratégia deliberada para gerar preferências ao cliente a ponto de aumentar a fidelidade, melhorar as vendas, ou mesmo, aumentar a visitação ao ponto de venda, proporcionando maior probabilidade de fechamento das vendas, como é apresentado pelos autores, como os já citados, para as empresas de médio e grande porte? 1.3- Objetivos Geral O trabalho objetiva identificar os principais motivos que têm levado as empresas varejistas de micro e pequeno porte de Belo Horizonte a utilizar as técnicas de merchandising no ponto de venda. Específicos Descrever as principais técnicas de merchandising no ponto de venda, indicadas para serem utilizadas pelas empresas varejistas. Identificar os principais fatores, de caráter genérico, que motivam ou influenciam a utilização do merchandising pelas micro e pequenas empresas varejistas de Belo Horizonte. Analisar a concordância entre os resultados propostos pela literatura na utilização das técnicas de merchandising e os resultados alcançados pelas micro e pequenas empresas varejistas de Belo Horizonte. 20 1.4- Justificativa Após a hegemonia da indústria, verifica-se, no início do século XXI, a ascensão do varejo no mundo. O novo milênio começou com o pêndulo a favor do varejo. Com vendas de 200 bilhões de dólares em 2001, pela primeira vez na história uma companhia do setor, a Wal-Mart sagrou-se a número 1 do planeta, deixando na poeira gigantes como a Exxon e a General Motors (BLECHER, 2002, p.53). No Brasil o varejo vem ocupando uma posição de destaque, tanto em nível de geração de empregos, quanto de movimentação financeira, tendo experimentado um crescimento no número de estabelecimentos de 29,5% na década de 90, segundo Churchill e Peter (2000). Em Minas Gerais, no ano de 1998, o varejo foi responsável pela ocupação de 620 mil pessoas, sendo 128 mil em Belo Horizonte, ou seja, 20,6% desse total. O faturamento do comércio varejista totalizou quase 34 bilhões de reais em Minas Gerais, representando 9,4% do Produto Interno Bruto – PIB – mineiro neste ano. Sendo que Belo Horizonte foi responsável por 31,5% deste faturamento, ou 8,3 bilhões de reais, conforme dados da CDL-BH de 2001. Esse segmento, no entanto, vem enfrentando diversas batalhas no seu dia-adia. A evolução e inovação tecnológica e a forte concentração das empresas varejistas na mão de grandes grupos empresariais vêm determinando o acirramento da concorrência e aumento da competitividade, por meio da aplicação de novas técnicas de gestão, que catalisam o processo evolutivo e a seleção natural, daquilo que Parente (2000) denomina a nova espécie varejista que irá sobreviver no século XXI. As atuais mudanças no comportamento do consumidor, em que “os consumidores também buscam uma experiência de socialização e lazer quando vão às compras” (PARENTE, 2000, p. 19) e como afirmam White e Romeu (2001), que os elementos de estética, criatividade e subjetividade, que no passado foram considerados como inconvenientes, passam a ser características valorizadas pelas empresas, para atrair mais consumidores. Abre-se, assim, uma perspectiva inédita para a utilização do merchandising como uma tecnologia de gestão, que poderá oferecer uma experiência única e inesquecível, considerada por Pine II (2000), o novo patamar na evolução da economia dos serviços em direção à economia das experiências, necessária para 21 criar os diferenciais estratégicos e alcançar a vantagem competitiva no varejo moderno. Verifica-se, contudo, que apesar das micro e pequenas empresas do setor do comércio representarem cerca de 96,2% dos estabelecimentos registrados no Brasil, manter 67,9% da mão-de-obra ocupada e contribuir com 45,3% do PIB brasileiro, segundo dados do Sebrae (2002), nenhuma referência é encontrada sobre a utilização do merchandising como uma tecnologia de gestão para esse segmento de negócios. Também não foi possível identificar a aplicabilidade das técnicas de merchandising, tanto quanto dos resultados que essas técnicas poderiam proporcionar às empresas de micro e pequeno porte. Verificar os resultados que vêm sendo obtidos pela utilização das técnicas de merchandising pelos pequenos varejistas pode ser considerado como relevante em termos da prática, uma vez que “a relevância prática do problema está nos benefícios que podem decorrer de sua solução (GIL, 1995, p. 54)” e, nesse sentido, com o estudo pretende-se contribuir, para um melhor esclarecimento, para o meio empresarial, sobre a utilização das técnicas de merchandising como uma tecnologia de gestão, além de verificar, para o meio acadêmico, se os benefícios que são destacados pelos autores de modelos e técnicas de merchandising podem ser averiguados na experiência prática das micro e pequenas empresas varejistas de Belo Horizonte. Dessa forma, a partir da revisão da bibliografia, no capítulo II, quando é resgatada a evolução histórica do conceito de merchandising, focando sua origem mundial e sua introdução e aplicação no Brasil, projeta-se os desafios do varejo e a contribuição do merchandising como agente diferenciador para a competitividade empresarial, relacionando-se as principais técnicas utilizadas. Através da pesquisa exploratória, metodologicamente detalhada no capítulo III, são identificados e apresentados, no capítulo IV, os resultados da pesquisa, expondo-se os fatores genéricos que motivam ou influenciam a utilização do merchandising pelas micro e pequenas empresas varejistas de Belo Horizonte, permitindo verificar se os resultados que essas alcançaram estão em concordância com os resultados propostos pela literatura e expostos como alcançados em médias e grandes empresas. 22 CAPÍTULO II REFERENCIAL TEÓRICO 23 2.1- A evolução do conceito 2.1.1- O varejo Varejo representa a venda por miúdo, a retalho, conforme Ferreira (1975), sendo a expressão originada do ato de medição de tecidos às varas – parâmetro de medição utilizado na época do Brasil colonial. Assim, a utilização da palavra varejo vem do ato de se cortar em retalhos uma peça de fazenda. Para Levy e Weitz (2000), a palavra retalho é originada da tradução da palavra em inglês retail que, por sua vez, deriva da palavra francesa retaillier (sic), que significa cortar em pedaços, ou em pequenas quantidades. E, de acordo com The american heritage dictionary (2000), retail significa a venda de bens ou commodities em pequenas quantidades, diretamente aos consumidores. Segundo Parente (2000), a definição de varejo está representada no conjunto de todas as atividades que envolvem o processo de venda de produtos e serviços para atender a uma necessidade pessoal do consumidor final. Para Levy e Weitz (2000), varejo é um conjunto de atividades de negócios que adiciona valor a produtos e serviços vendidos a consumidores para seu uso pessoal e familiar. O conceito de adicionar valor, para esses autores representa fornecer variedade, pequenas quantidades, manter estoque e fornecer serviços agregados aos produtos. Já para Churchill e Peter (2000), valor para o cliente representa a diferença entre as percepções do cliente quanto aos benefícios e quanto aos custos da compra e uso de produtos e serviços. Kotler (2000), por sua vez, define que o varejo inclui todas as atividades relativas à venda de produtos ou serviços diretamente aos consumidores finais, para uso pessoal e não comercial. Um varejista ou uma loja de varejo é qualquer empreendimento comercial cujo faturamento provenha principalmente da venda de pequenos lotes no varejo. A partir dessas definições, que podem ser consideradas as mais atuais, é estabelecida uma linha uniforme quanto à caracterização do varejo como o elo intermediário, que cria valor nos sistemas de distribuição entre o produtor e o consumidor. Cumpre, nesse sentido, as funções de fornecer, receber, fracionar, ou dividir e estocar os produtos dos fabricantes, ou dos atacadistas, disponibilizando-os 24 aos consumidores finais, com a conveniência de tempo e lugar, ou seja, facilitação da venda. Churchill e Peter (2000) consideram o marketing voltado para o valor como uma filosofia empresarial que se concentra em desenvolver e entregar um valor superior para os clientes como modo de alcançar os objetivos da organização e apresentam, as maneiras pelas quais o varejo pode criar valor: A-Varejo criando valor a montante (para o atacado, ou fabricantes): colocando os produtos à disposição dos consumidores; coletando e divulgando dados sobre os consumidores e seu comportamento de compra; assumindo riscos na compra de produtos perecíveis; promovendo os produtos dos fabricantes; oferecendo serviços eficientes de distribuição física. B-Varejo criando valor a jusante (para seus clientes, ou consumidor final): colocando produtos à disposição no momento e no lugar em que os consumidores desejam comprá-los; facilitando as compras ao aceitar cartões de crédito ou oferecer planos de pagamento e venda de produtos em pequenas quantidades; tornando conveniente ou prazerosa a experiência de comprar; oferecendo variedade de marcas para possibilitar comparações; fornecer serviços especiais como entrega ou alterações e consertos nos produtos. Pode ser estabelecida, a partir das definições apresentadas por autores como Churchill e Peter (2000), Levy e Weitz (2000) e Parente (2000) que a atividade do varejo está relacionada à utilização dos produtos e serviços adquiridos para uso pessoal, não comercial. Assim, pode-se afirmar que o consumo final distingue o sistema de varejo de outros elos intermediários na cadeia de distribuição, caracterizando a sua função como tornar as compras do consumidor final as mais fáceis e cômodas possíveis. Ao se deparar com fabricantes ou atacadistas executando atividades de venda de produtos e serviços diretamente ao consumidor final, apesar de estarem exercendo atividades de varejo, não são considerados varejistas, pois a atividade não se caracteriza como sua principal fonte geradora de receita. Da mesma forma, não pode ser tido como atividade típica do varejo, o processo de venda para clientes 25 institucionais que compram produtos e serviços para revenda, ou utilização como insumo em suas atividades empresariais; mesmo quando realizadas por varejistas. Levy e Weitz (2000) tipificam como empresas que não são apenas varejistas, aquelas empresas que podem vender mercadorias e serviços a outras empresas e não só a consumidores finais. Kotler (2000, p. 540) afirma, de maneira análoga, que um estabelecimento varejista “é qualquer empreendimento comercial cujo faturamento provenha principalmente (grifo nosso) de pequenos lotes no varejo”. E Las Casas (1994) define como negócios varejistas àqueles que têm mais de 50% de suas operações decorrentes da venda a varejo. MANUFATURA ou FÁBRICA ATACADO VAREJO CONSUMIDOR FINAL FIGURA 1 – Posição do Varejo dentro do canal típico de distribuição FONTE – Adaptado, de Levy e Weitz (2000, p. 26), pelo autor da dissertação. 2.1.2- Tipos de varejo Quando se fala em varejo, conforme relatam tanto Parente (2000), quanto Levy e Weitz (2000), além ainda de Churchill e Peter (2000) e Cobra (1990), é comum ser levado a pensar que a atividade de varejo seja exercida exclusivamente por meio de uma loja. Porém, para todos esses autores, as atividades varejistas podem ser realizadas também pelo telefone, pelo correio, pela internet ou, ainda, diretamente ao consumidor – sem a necessidade da loja – incluindo a casa do consumidor; caracterizando aquilo que se denomina o varejo sem loja. Levy e Weitz (2000) utilizam, para tipificar o varejo sem lojas, uma classificação baseada na forma de comunicação entre o varejista e o cliente, como se pode ver na FIG.2. 26 CLIENTES Correio, telefone Vendedores “porta a porta” Telefone Sistema eletrônico interativo Impressos, correios Varejista de catálogo Mala direta Varejista de vendas diretas Varejista de compras em casa, pela TV Varejista eletrônico (futuro) FIGURA 2 – Tipos de varejistas sem lojas FONTE – Adaptado, de Levy e Weitz (2000, p. 77), pelo autor da dissertação. Parente (2000) ratifica a FIG.2, ao enfatizar que o varejo sem loja utiliza-se de estratégias de marketing que não estão baseadas em loja, sendo: marketing direto, vendas diretas, máquinas de venda – vending machines – e varejo virtual. E, assim, esquematiza o sistema varejista segundo a classificação: A-Varejo com loja Alimentícias Não alimentícias Serviços B-Varejo sem loja Marketing direto Vendas diretas Máquinas de venda (vending machines) Varejo virtual A partir da definição dos dois tipos principais de empresas varejistas encontradas, podem ser apresentados as classificações, definições e principais exemplos: Para o varejo com loja: Lojas Especializadas: operam com uma seleção profunda (especialização) em um número limitado de categorias de produtos. Normalmente são lojas direcionadas para certo segmento de consumidores – marketing de nicho. Atraem os consumidores pelo sortimento de produtos, atenção pessoal (serviços) e atmosfera mais íntima. Tipos principais: 27 Lojas de linhas limitadas: sortimento profundo com poucas linhas de produtos afins. Fórum, M.Officer e Vide Bula. Lojas de linha única: enfatizam uma única linha de produtos. Gelateria Parmalat, Vila Romana e Hering. Matadoras ou especialistas de categoria (category killer): estreita variedade, mas grande sortimento de mercadorias. Grandes lojas que oferecem preços baixos, muito atrativos. Livrarias Saraiva e Leitura e PBKid’s. Lojas de materiais (home-improvement centers): é um especialista de categoria que combina uma loja de ferragens tradicional e ferramentas. Enfoca o fornecimento de materiais e informações aos consumidores que fazem a manutenção e melhoria de suas casas sozinhas. Incluem extenso sortimento de materiais para construção. Leroy-Merlin, Casa Show e Castorama. Lojas de consumo em massa: operam com uma mistura ampla, mas um tanto superficial de produtos. Em geral, oferecem produtos mais populares que aqueles oferecidos em lojas especializadas. Atraem mais clientes, pois realizam tanto vendas planejadas como por impulso. Principais tipos: Superlojas (supercenters): apresentam, além de completa linha de produtos perecíveis, razoável gama de produtos não alimentícios, como têxteis e eletrônicos. É um modelo de negócio ainda pouco evoluído no Brasil. Supermercados: negócios estruturados em departamentos que oferecem estoque relativamente amplo e completo de produtos alimentícios. São operados no sistema de auto-serviço. Podem ser classificados em compactos e convencionais; além dos minimercados. Pão de Açúcar, Epa, Zona Sul, Champion, Verde Mar e Sé. Hipermercados: Uma combinação entre loja de descontos e supermercado em uma única instalação. Diferencia-se das superlojas pelo grande destaque que é dado para o setor de não-alimentos. Carrefour, Extra, Cândia, Bom Marche e Super Center Wall Mart. Lojas de departamentos: negócios que operam com diversas linhas de mercadorias, tais como roupas prontas e acessórios femininos, roupas masculinas e infantis, tecidos, pequenos utensílios e móveis domésticos; 28 organizadas em departamentos distintos com a finalidade de promoção, atendimento, contabilidade e controle. C&A, Renner e Riachuelo. Lojas de desconto ou Clubes atacadistas (Warehouse clubs): oferecem um sortimento de mercadorias limitado (compacto) com pouco serviço a preços baixos para consumidores finais e pequenos negócios. Prestam apenas limitado atendimento ao cliente e chegam a cobrar uma taxa para o cliente usar a loja. Podem atuar tanto no varejo, quanto no atacado. Sam’s Club, Makro e Apoio. Magazines: são modelos tradicionais e compactos de lojas de departamentos de linha limitada, com predomínio de seções da linha dura (eletrodomésticos, móveis etc.). Ponto Frio, Arapuã e Casas Bahia. Lojas de variedades: vendem uma diversidade de mercadorias populares e de preços baixos e populares, tais como papelaria, artigos para presentes, acessórios femininos, ferragens leves, brinquedos, utilidades domésticas, produtos de confeitaria etc. Dadalto, Americanas. Pontas de estoque (off price retalier): oferecem preço mais baixo para produtos fora da estação ou com uma variedade limitada de cores e tamanhos. Sketch, Benetton e Vila Romana (ponta de estoque de roupas). Showrooms de catálogos: pontos de revenda a varejo que os consumidores visitam para fazer compras de artigos descritos em catálogos enviados para suas residências. Esse modelo de negócio ainda pouco evoluído no Brasil. Lojas de conveniência: Empresas varejistas cuja principal vantagem para os consumidores é a conveniência da localização e do horário de funcionamento. São varejistas com grande margem de lucro e alta rotatividade de estoque. Fornecem variedade e sortimento de mercadorias limitados em um local acessível. AM-PM, Select e EntrePosto. Lojas semi-especializadas: Operam com uma seleção limitada de mercadorias com bom nível de sortimento. Localizam-se em pontos estratégicos, caracterizandose pela conveniência para os consumidores, diferenciando-se das lojas de conveniência por seu estilo mais despojado, atmosfera intimista e preços mais acessíveis. Principais tipos: Bares: também denominados botecos, botequins, lanchonetes, bares e cafés. Oferecem uma linha restrita de mercearia de consumo imediato, 29 concentrada em cigarros, balas, chocolates e salgadinhos, além de bebidas alcoólicas e não alcoólicas. Mercearias: também chamados de armazéns ou empórios, oferecem uma linha básica de produtos de mercearia, frios, laticínios e bazar. Padarias: formato varejista peculiar, onde boa parte de sua receita é proveniente da fabricação própria de pães e bolos. Atende as necessidades de conveniência do consumidor, sendo bem sucedida em regiões densamente povoadas. Para o varejo sem loja: Marketing Direto: é definido como um sistema de marketing interativo entre vendedor e consumidor que utiliza um ou mais veículos de comunicação para produzir um contato com o cliente, ou conseguir um pedido de compra. Os principais exemplos são: vendas por telefone, internet, catálogos, revistas, jornais, rádios, televisão. Os consumidores efetuam seus pedidos pelo correio, telefone ou internet. Diversas denominações são encontradas para praticar o marketing direto, como mala direta, telemarketing, anúncio para resposta imediata (ligue já), marketing online (varejo virtual e e-marketing) e marketing direto integrado. Venda Direta (ou venda porta a porta): é um formato de varejo em que o vendedor contata o cliente diretamente, em local conveniente, na casa dele ou no trabalho, e demonstra os benefícios da mercadoria, recebe um pedido e entrega a mercadoria para o cliente. Exemplo: vendas porta a porta da Avon, reuniões domésticas da Tupperware. Máquinas de Vendas (Vending machines): máquinas que entregam um produto quando o consumidor insere cédulas, moedas, fichas, ou cartões de crédito/débito. Como a transação pode ser completada sem interação pessoal, os clientes podem adquirir a mercadoria ou serviço a qualquer hora do dia. São colocadas em locais convenientes, de grande tráfego, como aeroportos e locais de trabalho para vender bebidas, ou estações de metrô, vendendo tickets, como na cidade de São Paulo. 2.1.3- O varejo de serviços Levy e Weitz (2000) e Parente (2000) consideram que as atividades de varejo são mais abrangentes ao ratificarem sua definição de varejo como a venda não só 30 de produtos, mas também de serviços. A isso, denominam varejo de serviços. E, nesse aspecto, incluem como atividades típicas do varejo a venda de serviços como a estada em hotéis, exames médicos, cortes de cabelo, aluguel de fitas de vídeo, a entrega de uma pizza, salões de beleza, academias de ginástica ou bibliotecas, serviços financeiros, academias, educação e parques de diversão entre outros. Levy e Weitz (2000) exemplificam a exuberância do varejo de serviços por meio da exposição de um dia típico de Sábado, cuja citação (nomes dos estabelecimentos) foi adaptada para a realidade brasileira: Depois de comer um pão de queijo e tomar um café em uma lanchonete, você vai lavar e secar suas roupas, deixa um terno na lavanderia a seco, leva um filme para ser revelado na Drogaria Araújo e se dirige para o Jair Óleos para trocar o óleo do seu carro. Como está com pressa, passa pelo “drive-through” do McDonalds para lanchar rápido e não se atrasar para o corte de cabelo às 13H00. No meio da tarde, você está pronto para um mergulho na BH Rio Sport Center. Depois de passar em casa para trocar de roupa, você sai para jantar, ir ao cinema e dançar com um amigo. Finalmente, você termina seu dia com um café na Cafeteria 3 Corações, tendo interagido com 10 diferentes varejistas de serviços durante o dia (LEVY e WEITZ, 2000, p. 59). Assim, Levy e Weitz (2000) destacam os formatos de varejo baseados na ênfase – mercadorias x serviços – considerando o grau de oferta, ou disponibilidade de serviços ao consumidor final. Dessa forma, propõem uma escala para o varejo com lojas (ver QUADRO 6), em que, seguindo a série da parte superior para a parte inferior, podem ser encontradas as lojas especializadas em auto-atendimento, ofertantes de poucos serviços. Passa-se pelos especialistas de categorias, que além de enfatizarem o auto-atendimento, contam com funcionários disponíveis para responder perguntas e demonstrar mercadorias. Em seguida são encontradas as óticas, que além de venderem molduras, óculos e lentes de contatos, também fornecem serviços como o exame de vista, ajuste e reparos em armações. Chega-se ao extremo oposto – final – da escala onde são encontrados os varejistas de serviços, que geralmente podem ter algum produto associado ao serviço, como refeições nos aviões e talões de cheques nos bancos. 31 QUADRO 2 Escala de varejo com lojas Apenas mercadorias / sem serviços Lojas de desconto Supermercado Especialista de categoria Lojas de departamentos Lojas de produtos diferenciados Óticas Restaurantes Linhas Aéreas Bancos / Universidades Apenas serviços / sem mercadorias FONTE – Adaptado, de Levy e Weitz (2000, p. 62), pelo autor da dissertação. Para Parente (2000), existe certa dificuldade em separar o varejo considerado de mercadorias – tradicionalmente percebido pela maioria das pessoas – do varejo de serviços. Tal afirmação está baseada nos diversos formatos varejistas que são encontrados como uma combinação dessas duas atividades. Caracterizam-se como exemplos dessa condição as lojas de produtos para animais, onde parte da atividade refere-se aos serviços de banho, tosa e consulta veterinária; e parte à venda de produtos. Ainda, como exemplo, Parente (2000) cita os restaurantes, que contam com alto grau de integração entre a venda de produtos e de serviços. Também, Levy e Weitz (2000) consideram que muitas organizações como bancos, hospitais, spas, clínicas, empresas de entretenimento e universidades, tradicionalmente não são consideradas como varejistas. Entretanto, afirmam os autores, em face do acirramento da concorrência, tais organizações estão adotando princípios de varejo para atrair clientes e satisfazer suas necessidades. Essa afirmação pode ser constatada ao se visitarem os grandes centros urbanos, onde podem ser encontradas as ofertas de escolas, clínicas e bancos em 32 outdoors ou o estabelecimento da distribuição intensiva dos serviços bancários, como vem sendo praticado pelo banco Bradesco nas agências dos correios, ou pela Caixa Econômica Federal, nas agências lotéricas ou, ainda, a exposição de faixas nas portas das agências bancárias, ofertando descontos e taxas mais atraentes que a concorrência: todas essas atividades promocionais até então típicas do varejo de mercadorias. 2.1.4- O varejo na virada do milênio 2.1.4.1- Perspectiva mundial O varejo é considerado por Levy e Weitz (2000) como um dos maiores setores da economia global. Nos Estados Unidos, os números que corroboram tal afirmação são significativos: QUADRO 3 Informações sobre o varejo americano O total de gastos em mercadorias vendidas por varejistas americanos foi maior do que a soma total dos gastos com saúde, habitação e recreação. O varejo americano é responsável por 20,8% do nível de emprego. As vendas no varejo somaram US$ 2.340 trilhões. FONTE: Dados referentes à economia americana do ano de 1995, citados por Levy e Weitz (2000 p. 28-29). Levy e Weitz (2000) afirmam que o varejo está vivendo um período de mudanças dramáticas e excitantes, principalmente, devido às mudanças demográficas e às necessidades do consumidor. A principal mudança, segundo Levy e Weitz (2000), está relacionada com a redução do tempo disponível, para que as pessoas de uma família tenham tempo para executar a prioridade natural do varejo: ir às compras. Essa situação tem provocado os varejistas a desenvolverem meios que permitam ajudar os consumidores a encontrar o que querem o mais rápido possível. 33 Assim, o varejo eletrônico vem para permitir aos consumidores acessar a compra de produtos em todo o mundo sem a necessidade de sair de suas casas. Segundo previsões informadas por Levy e Weitz (2000), o varejo eletrônico e os catálogos serão responsáveis por 55% de todas as vendas no varejo americano. Em vista disso, pode-se considerar que a falta de tempo disponível para ir às compras e as facilidades proporcionadas pelo varejo eletrônico estarão impulsionando, ou melhor, determinando o surgimento de um novo tipo de diferencial para dar perenidade ao varejo com loja – o oferecimento de experiências no ponto de venda: experiências sensoriais, visuais, olfativas, degustativas e táteis. Ou seja, o varejo com loja tradicional deverá, para competir com a conveniência do varejo eletrônico – varejo virtual –, estar se reposicionando em busca da oferta de experiências excitantes para incentivar e atrair os consumidores. Ratificando essa posição, pode ser encontrado em Levy e Weitz (2000) o relato do caso de um shopping outlet e uma loja de tênis – ambas organizações varejistas – que detêm, nos Estados Unidos, a fama de maiores atrações turísticas em suas localidades. E, destacam o mall da cidade de Minnesota (Hall of América), também nos EUA, que recebeu maior número de visitantes, em 1996, que a quantidade total de turistas que visitaram a Disney World, o Grand Canyon e Graceland em conjunto. Levy e Weitz (2000) destacam que esses novos desafios – a competição com o varejo eletrônico, redução do tempo disponível para compras e as mudanças nos hábitos dos consumidores – estão sendo amparados por grandes avanços em tecnologia da informação, no que tange à gestão dos negócios, principalmente relacionados à logística e tomada de decisão no varejo. Para Levy e Weitz (2000), se a tecnologia vem permitindo os avanços nas estratégias do varejo, empresas de alta tecnologia da área industrial – como a Dell Computer – ou de serviços – como instituições financeiras e de saúde – vêm descobrindo o varejo, como solução estratégica para o desenvolvimento de seus negócios, revitalizando os conceitos e técnicas do varejo no novo milênio. 34 2.1.4.2- Perspectiva brasileira Parente (2000) considera que o varejo no Brasil vem assumindo uma importância crescente, amparando sua afirmação na figuração das empresas varejistas nos róis que destacam as maiores empresas do País. Por meio de uma visão perspectiva do passado – os anos 60 – Parente (2000) sugere uma ampla reformulação nos formatos dos negócios varejistas brasileiros. Exemplifica a reformulação citando os modelos atuais, não existentes naquela década, como shopping center, hipermercados, lojas de conveniência, clubes de compras, auto-serviços de material de construção, lanchonetes fast-food, restaurantes por quilo, redes de franquia, locadoras de vídeo, pet shops e lojas de informática. Parente (2000) considera essa evolução – alterações drásticas ocorridas no formato dos negócios – para projetar o futuro do varejo brasileiro, quando afirma que muitos dos atuais formatos de lojas deixarão de existir, desaparecendo, conseqüentemente, muitas das empresas atuais e provocando o surgimento de tantas outras. Considera, assim, como sendo as principais tendências do varejo brasileiro para as próximas décadas, as quais estão descritas a seguir em dezesseis tópicos: 1. globalização: aumento do ritmo de globalização, seguindo a tendência manifestada a partir da metade da década de 90, quando grandes grupos e corporações internacionais iniciaram o processo de aquisições, fusões e formação de alianças estratégicas. No Brasil, a década de 90 foi marcada pela tendência de globalização no setor de alimentos – Carrefour, McDonalds, Wall Mart, Casino, Sonae etc. –, antevendo-se para a 1ª década de 2000 uma intensa expansão de empresas mundiais do varejo de não-alimentos – instituições financeiras, confecção, saúde etc; 2. consolidação: cada vez mais aumentará a concentração e controle do varejo, ou seja, algumas poucas empresas assumindo uma crescente participação no volume dos negócios varejistas, principalmente devido à chegada de grandes grupos estrangeiros; 3. poder: com a consolidação, reforça-se o poder dos varejistas frente a seus fornecedores – aumento da capacidade de negociar, ou até impor preços pelos varejistas. A utilização de marcas próprias representa uma estratégia para 35 enfraquecimento dos fabricantes, uma vez que retira a força da marca dos grandes fabricantes do ponto de venda consolidado; 4. integração: em nome do baixo custo e alta eficiência, como valor supremo para os consumidores, varejistas e fornecedores convergirão para a maior integração de seus sistemas de gestão informatizados. As primeiras incursões estão relacionadas ao Efficient Consumer Response – ECR –, no varejo de produtos alimentícios, Quick Response – QR –, no varejo de produtos não alimentares, ou ao gerenciamento de categorias (ou gerenciamento por categorias); 5. polarização: o varejo estará polarizado entre os massificados – empresas de grande porte, com presença nacional, utilizando sistemas logísticos sofisticados, como o Eletronic Data Interchange – EDI – e os especializados – empresas menores que conhecem profundamente seus consumidores, especializadas no atendimento de necessidades específicas. Estabelece-se, assim, um vácuo no posicionamento para as médias empresas, gerando dificuldades e novos desafios. 6. permeabilidade: cada vez mais as fronteiras que delimitam os modelos varejistas se tornarão flexíveis, determinando uma concorrência fragmentada entre os diversos formatos do varejo – padarias x farmácias; lojas de conveniência x supermercados; hipermercados x lojas especializadas de eletrodomésticos etc; 7. tecnologia da informação – TI –: o varejo profissional, cada vez mais competitivo, investirá nas tecnologias que disponibilizem o tempo de seus dirigentes para atividades de caráter estratégico, como análise de tendências, operações logísticas, negociações, merchandising etc; 8. profissionalização e competência dos talentos humanos: a sofisticação tecnológica e mercadológica irá demandar, cada vez mais, profissionais especializados e qualificados para a operação e gestão dos sistemas e processos; 9. composição: a criatividade do varejo integrando negócios diferentes, que passarão a conviver dentro do mesmo espaço como cafés+livrarias, padarias+farmácias, locadora de vídeo+supermercados, otimizando as plataformas dos negócios varejistas; 10. varejo sem loja: aumento da participação do varejo sem loja, via vendas pela televisão, por catálogo, vendas porta a porta, máquinas automáticas e internet. Das modalidades de varejo sem loja, o varejo eletrônico – virtual – será o que apresentará crescimento mais explosivo e, ao mesmo tempo, enfrentará seu maior desafio: a entrega dos produtos; 36 11. varejo de serviços: a economia dos serviços, em que muitas das atividades não são imediatamente reconhecidas como varejo, irá sinalizar suas características varejistas; experimentando ampla expansão face ao aumento da renda dos consumidores: salões de beleza, locadoras de vídeo, lavanderias, serviços de manutenção de carro, restaurantes, academias de ginástica, escolas, clínicas médicas etc. 12. relacionamento: os consumidores, cada vez mais exigentes e desejosos de receber respostas eficientes, estarão mais predispostos a estabelecer relações contínuas com as empresas varejistas; 13. comportamento: a busca de conveniência e a falta de tempo são características marcantes que vêm moldando o comportamento dos consumidores e seus hábitos. Agilidade no atendimento e nos caixas, programação visual (layout e sinalização), funcionamento 24 horas, entregas em domicílio, vendas virtuais e integração de centros de consumo são operações básicas que ocorrem, concomitante com a busca da experiência de socialização e lazer dos consumidores quando vão às compras. Cresce a oferta de ambientes que permitirão maior socialização dos consumidores dentro das lojas – cafés, lanchonetes etc. 14. auto-serviço: crescimento do auto-serviço em formatos de varejo até então resistentes, como as lojas de material de construção, de materiais de escritório, de brinquedos, autopeças e confecções; 15. perfil do mercado: interiorização do poder de consumo, diminuição da força jovem e crescimento da terceira idade. Aumenta, também, o número de domicílios com um só residente, a mulher no mercado de trabalho é marcante e se desenvolvem as atenções para o indivíduo – saúde, alimentação e condicionamento físico; 16. ponto de venda: os shoppings centers após encantarem os consumidores da classe A e B em seu surgimento, rendem-se, agora, além desses, aos consumidores da classe C. Isto tem provocado três movimentos distintos: a) a absorção da classe D pelos centros planejados de rua, que se popularizam; b) a necessidade de os shoppings centers se especializarem em formatos específicos, segmentados e adequados às necessidades das comunidades, agora predominantemente C e c) o surgimento, no comércio de rua, de micro regiões especializadas no varejo para a classe de alta renda, expulsa do seu antigo templo de consumo (shoppings). 37 2.1.5- Um novo modelo de negócio Com a evolução econômica e o acirramento da concorrência, necessidades e circunstâncias, conforme relata Silva (1990), transformaram as lojas de varejo, fazendo com que, nos Estados Unidos, em meados do século XIX, as mercearias, armazéns e empórios começassem sua transformação de lojas de pleno serviço para lojas em que cada um decide, sozinho, o que comprar. A isso se denominou auto-serviço: a forma de vender pela qual o comprador tem a liberdade de fazer a escolha dos produtos que deseja, apanha-los e leva-los consigo até as caixas registradoras para pagá-los, sem que para isso haja qualquer interferência ou serviço de pessoal da loja. (SILVA, 1990, p. 22) Zimermman (1959) esclarece as “necessidades e circunstâncias” mencionadas por Silva (1990): antes mesmo de acontecer a batalha entre as cadeias e os supermercados, os especialistas reconheciam que a intenção de impor restrições às cadeias visando tornar sua operação inviável não constituía uma solução para a concorrência. Com um sentido realista razoável disseram que a competição com as cadeias deveria ser realizada com armas novas: com preços baixos, estabelecimentos limpos, boa publicidade e novos métodos de exposição dos artigos e de incentivo às vendas (ZIMERMMAN, 1959, p. 31). (Tradução do autor da dissertação). Zimermman (1959) se referia à aguerrida competição que já se instalara entre os varejistas independentes e cadeias de lojas varejistas, e que se estenderia ao novo formato de varejo que surgia – os supermercados. Entretanto, Zimermman (1959) conflita com Silva (1990) no que se refere ao período em que ocorreu o acirramento da concorrência no ambiente competitivo. Para o primeiro, o aumento da competitividade ocorria no período de 1920-1930, em contraposição ao segundo que relata os meados do século XIX como o período em que se iniciou o processo de acirramento competitivo e que veio a provocar a catalisação do processo evolutivo do varejo. Zimermman (1959) demonstra o estado de precariedade da maioria das instalações comerciais, no período 20-30, como pode ser observado na citação: uma loja bem iluminada era um verdadeiro luxo. Pois, geralmente os negócios estavam na penumbra. Nos açougues não havia refrigeração [...]. A arte de vender era apenas mais uma expressão no vocabulário do vendedor. A única coisa que ocorria ao vendedor fazer era uma sugestão aos clientes, oferecendo-lhe outro artigo depois da compra. Todas as mercadorias existentes estavam atrás do balcão. O cliente tinha que pedir o que queria. As exposições de artigos eram feitas sobre o balcão ou nas janelas, como também eram muito freqüentes as exposições no chão/passeio (ZIMERMMAN, 1959, p. 32). Tradução do autor da dissertação. 38 E apresenta o início da utilização do sistema de auto-serviço, de forma sistemática, no ano de 1927: “nesta mesma época, as cadeias começaram também a expor artigos, em pequena escala, sobre o chão do negócio e em mostruários (ZIMERMMAN, 1959, p. 33)”. (Tradução do autor da dissertação). Assim, pode ser encontrada em Zimermman (1959) a definição do marco histórico da utilização do auto-serviço, por um comerciante de nome Clarence Saunders, em 1916, no Estados Unidos, ao inaugurar o estabelecimento denominado Pigly Wiggly, “uma loja de pescados com auto-serviço em que o cliente escolhia a mercadoria exposta sobre alguns mostradores e pagava em dinheiro (ZIMERMMAN, 1959, p. 46)”. (Tradução do autor da dissertação). Silva (1990) atribui a essa técnica de vendas no varejo, que tomou forma no início do século XX, a responsabilidade pela enorme revolução que se operou no comércio, nesse século, conforme ratifica a Associação Brasileira de Supermercados: o auto-serviço se firmaria nos Estados Unidos após a Grande Depressão, ocorrida em 1929. Pressionados pela necessidade de barateamento de custos e de manutenção das vendas, os comerciantes começaram a adotálo com resultados favoráveis (SUPERMERCADOS, 1993, p. 19). É tal a importância da técnica na mudança de hábitos e atitudes dos consumidores e dos próprios comerciantes, criando novas formas de atividades humanas, criando indústrias, processos e formas de administração que levou Silva (1990) a considerá-la muito mais que uma técnica, mas uma filosofia. A influência do sistema de auto-serviço foi tão marcante, em nível mundial, que levou Zimermman (1959) a escrever: o auto-serviço iniciou sua expansão mundial pouco depois da Segunda Guerra Mundial. Muitos visitantes estrangeiros vieram ao nosso país com vontade de aprender coisas sobre o supermercado, de tanto haviam lido e ouvido falar. Tinham muito interesse em saber por si mesmos por que era tão atrativo para o público americano e se seria possível sua implantação em seus respectivos países (ZIEMMERMAN, 1959, p. 355). (Tradução do autor da dissertação). E enfatiza o sucesso e repercussão do modelo: alguns daqueles europeus acreditavam, sem dúvida, que poderiam aplicar o auto-serviço em seus sistemas de comercialização a varejo, porém sobre uma base mais modesta. Gradualmente foram chegando notícias da abertura de negócios com auto-serviço, geralmente de pequeno tamanho e que obtinham um êxito razoável. O auto-serviço agradava as consumidoras européias ... (ZIEMMERMAN, 1950, p. 356). (Tradução do autor da dissertação). De uma forma não tão contundente, mas com a mesma importância relativa aos resultados que geraram, pode-se constatar a importância do sistema de auto- 39 serviço nas afirmações da Associação Brasileira de Supermercados: “a configuração atual do supermercado é fruto de numerosas adaptações de uma idéia básica, a de auto-serviço, em torno da qual se construiu o moderno conceito de vendas a varejo (SUPERMERCADOS, 1993, p. 19). Parente (2000), ao enfocar as tendências varejistas para as próximas décadas, projeta uma constante e sólida migração de setores, que tradicionalmente operam por meio do serviço de vendedores, para o modelo do auto-serviço, exemplificando a tendência nas lojas de material de construção, material de escritório, brinquedos, autopeças, confecções e farmácias. A história não contada Como pode ser constatado, o sistema de auto-serviço representou o marco para a evolução e o reconhecimento das atividades do varejo nos tempos modernos. Entretanto, não pode passar sem registro a referência da utilização das mais modernas técnicas do varejo, principalmente no que se refere ao merchandising, no século XIX, atribuída a Émile Zola. Em seu romance The ladies’ paradise, Zola (1998) nos apresenta a utilização dos modernos conceitos de merchandising, na loja de departamentos francesa Bon Marché. A partir das notas introdutórias da versão traduzida para o inglês de Nelson (1998), podem ser encontradas indicações e referências à utilização dos modernos conceitos de merchandising, já naquele período: o livro The ladies’ paradises é um importante texto, pois, enquanto PotBouile concentrou-se na vida privada da burguesia, sua seqüência marca o desejo de Zola de avançar na sua perspectiva social e abraçar o papel da realidade sócioeconômica através da sua representação do mundo na loja de departamentos. O modelo para a loja de Mouret é o Bom Marché, primeira loja de departamento de Paris e a maior loja de departamento no mundo, antes de 1914. [...] A loja de departamentos em The ladies’ paradise é um símbolo do capitalismo, o Segundo Império, a experiência da cidade, e a família burguesa; é o emblema da cultura commoditizada e dos novos sistemas de moda; e é o lugar das atitudes sexuais e relacionamento entre as classes do século dezenove. O espaço físico da loja é também o espaço social e cultural. A representação de Zola das ilusões que definem a cultura do consumo como tão subversiva quanto a oferecida pelo filósofo alemão e crítico cultural Walter Benjamin no seu ‘Arcades Project’, um estudo incompleto, mas seminal da ‘fantasmagoria’ da experiência urbana e do consumerismo moderno (NELSON, 1998, p. VIII). (Tradução do autor da dissertação). 40 Ao longo do romance são evidentes as referências aos mecanismos de sedução utilizados pelo varejo de hoje, incluindo a criação de layouts diferenciados para seções e áreas dentro da mesma loja; o modelo de disposição de mercadorias que “obrigam” os clientes a percorrerem diversos departamentos e áreas antes de encontrarem o produto que procuram e a sedução visual de displays e das vitrines, tanto externas como internas dos negócios comerciais. Os efeitos criados e os detalhes descritos por Zola, são de tal forma minuciosos e próximos dos conceitos da aplicação do merchandising no varejo moderno que levaram Nelson (1998) a afirmar: “a loja de departamentos não vendia apenas mercadorias, mas todo o processo de consumo, transformando a atividade mundana de comprar numa experiência sensorial e prazerosa (NELSON, 1998, p. XII). (Tradução do autor da dissertação). E, fazendo referência ao modelo de compras empregado, finaliza a introdução do romance: a loja de departamento, na descrição de Zola, é um símbolo ambíguo do progresso. Ela ajudou as mulheres a se estabelecerem historicamente na esfera pública, e parece ter aumentado o poder e autonomia do consumidor; [...] A loja de departamento, em sua personificação da cultura de consumo, foi – e é – uma máquina gigante e precisa fabricante de sonhos (NELSON, 1998, p. XXIII). (Tradução do autor da dissertação) Assim, a leitura do romance pode servir como referência para a avaliação da utilização dos conceitos e técnicas de merchandising no limiar do século XIX, a todo estudioso que tenha interesse em conhecer uma gênese da tecnologia do varejo. É importante expor, ainda, que as técnicas ilustradas no romance dizem respeito, não só ao merchandising, como também a outras técnicas do marketing, como a utilização do marketing direto e da logística: o departamento tinha a princípio, aproximadamente dez vendedoras ocupadas, mas agora já tinha mais de trinta. Algumas abriam cartas, outras as liam [...], davam a cada uma um número de série que era repetido em caixas abertas sobre a mesa; depois, quando as cartas tinham sido distribuídas pelos deferentes departamentos e os departamentos tinham enviados os artigos, estes artigos eram colocados dentro das caixas de acordo com o número de série (ZOLA, 1998, p. 42). (Tradução do autor da dissertação). Mas, para melhor apresentar a importância e a contribuição de Zola, ratificando a proposta do elo perdido na história do merchandising moderno, é imperiosa a citação de duas significativas passagens do seu romance, destacadas a seguir: a paixão exclusiva de Mouret era a conquista da mulher. Ele queria que ela fosse a rainha em sua loja; ele havia construído este templo para ela, para 41 colocá-la a sua mercê. Suas táticas eram para intoxica-la com atenções afetuosas, barganhar seus desejos e explorar sua excitação. Ele remexia seu cérebro noite e dia por novas idéias. Já para resguardar às delicadas senhoras do problema de subir escadas, ele instalou dois elevadores forrados com veludo. Complementando ele abriu um buffet, onde frutas frescas e biscoitos eram servidos gratuitamente, e uma sala de leitura, uma colossal galeria luxuosamente decorada, onde ele eventualmente realizava exibições de quadros. Mas sua mais inspirada idéia [...], foi a conquista da mãe, através da criança; ele explorou todo tipo de força especulou com cada tipo de sentimento, criou departamentos para meninos e meninas, parou as mães quando elas passavam, oferecendo figuras e balões para seus bebês (ZOLA, 1998, p. 234). (Tradução do autor da dissertação). E escute, Bourdoncle, isto é o que irá acontecer... Primeiro, uma circulação contínua de consumidores irá espalhá-los por todos os lugares, irá multiplicá-los e irá fazê-los perder a cabeça; em segundo lugar quando eles tiverem de se dirigir de um lado ao outro da loja – por exemplo, se eles quiserem um forro, depois de terem comprado um vestido – estas viagens em diferentes direções, os farão ver o tamanho da loja; em terceiro lugar, eles são forçados a ir através dos departamentos onde eles nunca pisaram, tentações se revelarão quando eles passarem...e eles sucumbirão; em quarto lugar... (ZOLA, 1998, p. 237). (Tradução do autor da dissertação). 2.1.6- Os vários conceitos de merchandising Conforme estará sendo apresentando a seguir, o conceito e definição do termo merchandising, no Brasil, é bastante variável de autor para autor e envolve diversas perspectivas. Nesse sentido, torna-se importante a apresentação dessas perspectivas para melhor compreensão do conceito. Para Chalmers (1965), merchandising pode ser conceituado por meio de duas afirmativas: “em termos genéricos, podemos chamar de merchandising a última fase que estuda a colocação da mercadoria ao alcance imediato do consumidor. (CHALMERS, 1965, p. 79)”. E merchandising representa uma etapa avançada na arte de comerciar, substituindo os velhos métodos pela moderna técnica de levar a mercadoria ao encontro do consumidor, oferecendo-a nos pontos de vendas, ou onde quer que ele esteja, através de ofertas oportunas e informações dirigidas bem ao alcance do seu entendimento e de seu bolso. (CHALMERS, 1965, p. 79) Pode ser destacada, nessas duas citações, a perspectiva de o merchandising se tratar do último estímulo para colocação do produto ao alcance do consumidor, ressaltando aquilo que Chalmers (1965) considera como uma etapa avançada em substituição a velhos métodos de levar a mercadoria ao consumidor. Ou seja, 42 disponibilizar o produto onde o consumidor estiver, não só no ponto de venda, mas ao alcance de seu entendimento. A utilização do termo merchandising pode ser encontrada de forma tão ampla e há tanto tempo, como cita Manzo (1966), descrevendo atividades do controle de estoque dos atacadistas e varejistas, designando o intento de fabricante em campanhas de propaganda ou ainda nas atividades de compra e venda dos varejistas e atacadistas, além de confundido com concursos, cuponagem e até mesmo como idéias para embalagens. Silva (1990) afirma que o conceito de merchandising varia de um país para outro, tanto quanto entre ramos de atividades diferentes, chegando, inclusive em alguns casos, como em alguns setores da atividade industrial americana, a abranger o conceito de marketing. E, em se tratando do emprego da palavra no Brasil, aponta: merchandising é o planejamento e a operacionalização de atividades que se realizam em estabelecimentos comerciais, principalmente em lojas de varejo e de auto-serviço, como parte do complexo mercadológico de bens de consumo, tendo como objetivo expô-los ou apresentá-los de maneira adequada a criar impulsos de compra na mente dos consumidores, ou usuário, tornando mais rentáveis todas as operações nos canais de marketing (SILVA, 1990, p. 17). Silva (1990), como Chalmers (1965), utiliza a mesma perspectiva relacionada ao local de realização do merchandising – lojas, ou seja, o ponto de venda – e explicita a necessidade da criação dos impulsos na mente dos consumidores, caracterizando o merchandising como uma atividade que aumenta a rentabilidade das operações comerciais. Entretanto, pode ser percebido, de forma objetiva, que o esforço do merchandising está dirigido, não para o ponto de venda, especificamente, mas, para a mente dos consumidores ou usuários; análogo ao que Ries e Trout (1993) definem acerca do conceito de posicionamento, como uma batalha pela mente do consumidor. Ainda no Brasil, a partir de 1973, conforme apresenta Lois (1994), o termo merchandising assumiu uma outra conotação, relativamente à divulgação de mensagens na mídia televisiva. O aparecimento da conceituação de merchandising, nesse contexto, teve como ponto de partida uma telenovela da Rede Globo de Televisão, em 1973 – Cavalo de Aço: uma garrafa de conhaque Dreher foi, casualmente, posta no cenário pelo regra-três (sic). Funcionou como propaganda poderosa de produto, pois a situação dramática ficou em segundo plano na memória do telespectador, destacando-se a marca do conhaque. Naquela época, ninguém poderia imaginar que estivesse fazendo publicidade, porque este tipo de anúncio era, então, incomum. Não distante disso, a preocupação, por parte das 43 emissoras, era evitar a aparição de qualquer marca de produto no vídeo ou no contexto da narrativa (LOIS, 1994, p. 112). E conceitua merchandising: o termo que designa, em mídia, a veiculação de menções ou aparições de um produto, serviço ou marca, de forma não ostensiva e aparentemente casual, em um programa de TV ou rádio, filme cinematográfico, espetáculo teatral, fotonovela etc (LOIS, 1994, p. 111). Ramos (1987) explica que, nesse sentido, no merchandising como mídia televisiva, a polêmica criada é grande, principalmente entre os publicitários – alguns conceituam como promoção de vendas, outros sustentam que é uma tática de marketing englobando divulgação e promoção de vendas. Mas, da mesma forma como a grande maioria dos autores pesquisados nesse trabalho, não define uma posição clara sobre a utilização das duas formas do conceito de merchandising, mas deixa sua contribuição: merchandising é a publicidade fora dos intervalos comerciais, [...], integrando o contexto das novelas. Articula-se em nível inconsciente, indireto e subjetivo. Geralmente, se baseia na Exibitécnica, isto é, a técnica de expor, exibir e dispor os produtos (RAMOS, 1987, p. 42). Pode ser percebido nessas duas últimas citações um viés bastante diferente daqueles até então abordados, porém com uma nuança comum: a ação do merchandising como dirigida à mente dos consumidores, nesse último caso, agindo de forma consciente, mas subjetiva. Face à intensa exposição e exploração na mídia televisiva a partir de 1973, permitiu-se a popularização do termo, tendo sido, provavelmente, o agente provocador de tanta confusão e dispersão do significado no Brasil. A utilização do termo, sob esse aspecto – mídia televisiva –, conforme relata a Universidade de Franca (1998), está relacionada à necessidade dos primeiros estúdios de cinema americanos em viabilizar a produção de um filme, em que uma equipe de produção saiu à cata de móveis, artigos de vestuário, utensílios domésticos, veículos e toda sorte de objetos de cena. Importava em não se pagar nada por essas mercadorias, ao mesmo tempo em que não se cobrava nada pela sua aparição na tela. Mas logo os estúdios e seus fornecedores perceberam que a aparição dos produtos produzia efeitos diretos nas suas vendas. A técnica, denominada nos Estados Unidos como product placement, se sofisticou de tal forma que muitos anunciantes a utilizam como forma integrante de sua estratégia de marketing. 44 Cobra (1990) também atribui ao largo emprego do termo merchandising, no Brasil, a grande confusão em torno de seu verdadeiro significado, sendo confundido com a promoção de vendas ou, mesmo, virando sinônimo de material de ponto de venda. Propõe a seguinte definição: compreende um conjunto de operações táticas efetuadas, no ponto de venda, para se colocar no mercado o produto ou serviço certo, na quantidade certa, no preço certo, no tempo certo, com o impacto visual adequado e na exposição correta. Envolvem a embalagem, displays, técnicas de preços e ofertas especiais. Pode ser executada sem o auxílio do vendedor, por promotores ou demonstradores ou por uma ação conjunta desses no ponto de venda, ou através de televisão, cinema, revista etc. É basicamente o cenário do produto no ponto de venda (COBRA, 1990, p. 643). Pode ser observada, nessa definição, uma primeira tentativa de se estabelecer um conceito único para as diversas interpretações do termo no Brasil. Entretanto, ainda não é possível ser considerada completa, uma vez que não é percebida uma clara explicação do como se dá a ação conjunta via televisão, cinema, revista etc. A questão que fica, observando as citações anteriores é: onde está o impulso da compra, onde está a motivação para a compra? A definição dada por Cobra (1990), apesar da inclusão de dois detalhes importantes – criar um impacto visual e um cenário para o produto – está muito mais para a definição do termo em sua forma americana, do que de uma definição ampla de sua utilização no Brasil. O emprego ou definição da palavra merchandising também não é considerado fácil, conforme afirma Pancrázio (2000, p. 28) ao citar João de Simoni: “merchandising é, sem dúvida, o mais confuso, enigmático e incompreensível termo no campo de marketing”. Para esse autor, a definição está retratada na citação: o merchandising é a atividade de marketing mais próxima à decisão de compra. Por ser realizada no ponto-de-venda, é óbvio que o merchandising atua no momento mais importante do marketing, que é quando o consumidor decide-se entre esta ou aquela marca. [...] É uma estratégia de comunicação realizada no ponto de venda. [...] Dirige-se ao público final – consumidor ou comprador empresarial. [...] Utiliza técnicas que visam destacar o produto ou serviço junto ao público. Busca motivar as compras de produtos e serviços por impulso (PANCRAZIO, 2000, p. 29). Novamente é estabelecido o momento da decisão da compra, o momento da opção por uma ou outra marca, como o âmago da ação do merchandising, viabilizando a compra por impulso. Como essa decisão parece ocorrer apenas no ato da compra, percebe-se novamente a importância ressaltada ao ponto de venda. E, ainda, introduz o conceito do merchandising como uma estratégia de comunicação. 45 Como comentado inicialmente, existem diversas interpretações para o termo no Brasil. Por meio das citações e avaliações do emprego do termo, pode ser percebida a configuração de duas linhas distintas: aquela relacionada à ação do merchandising no ponto de venda e aquela relacionada fora do ponto de venda. Ambas, contudo, relacionadas à comunicação – no ponto e fora do ponto de venda. Assim, corroborando a interpretação, podem ser encontradas as definições do termo no Dicionário de Comunicação (RABAÇA e BARBOSA, 1987, p. 396): no ponto de venda: (classificação do autor da dissertação). Conjunto de operações de planejamento e de supervisão da comercialização de produtos e serviços nos locais, períodos, preços e quantidades que melhor possibilitarão a consecução dos objetivos de marketing. Fora do ponto de venda: (classificação do autor da dissertação). Termo que designa, em mídia, a veiculação de menções ou aparições de um produto, serviço ou marca, de forma não ostensiva e aparentemente casual, em programa de tv ou de rádio, filme cinematográfico, espetáculo teatral, fotonovela, etc. Técnica de inserir anúncios não declaradamente publicitários no contexto de uma encenação, com a devida naturalidade. E, conforme também apresentam Cobra (1990) e Pancrázio (2000), essas duas interpretações estão relacionadas a um ponto comum: a construção de um cenário para o produto, em duas vertentes: o merchandising em mídia, ou mídia merchandising e o merchandising comercial ou promocional, no ponto de venda. Um ligado diretamente ao ato da comercialização de produtos e realizado no ponto de venda – merchandising comercial; e o outro ligado à divulgação e realizado fora do ponto de venda – mídia merchandising. 2.1.7- Mídia merchandising x merchandising comercial De acordo com Pancrázio (2000), mídia merchandising está relacionada à divulgação de um produto, serviço ou marca em um meio diferente do ponto de venda, principalmente em meios de comunicação e, portanto, distante física e mentalmente do ato de comercialização. Então, a primeira questão que surge é: o que é, ou onde é o ponto de venda? E ainda conforme Pancrázio (2000), enquanto em mídia merchandising o produto, serviço ou marca são mostrados de modo indireto e subjetivo dentro de determinado cenário, no merchandising comercial a presença do produto é clara, 46 explícita e ostensiva, figurando como a grande estrela em exibição e não como um coadjuvante ou adereço. A Segunda questão é: o que importa é a demonstração ostensiva e explícita do produto, ou o resultado de sua exposição – a geração do impulso à compra? Ao que se pode responder: face às modernas tecnologias hoje disponíveis, como a telefonia digital, celulares, internet e, em curto espaço de tempo, a televisão interativa, já é possível perceber que o conceito de ponto de venda estará cada vez mais permeável, proporcionando o avanço do varejo sem loja de forma sólida e consistente – o varejo eletrônico. Nesse contexto, o argumento de que mídia merchandising está relacionado, exclusivamente, à divulgação de produtos e longe do ponto de venda, cai por terra. O consumidor, dentro de sua casa, ou de posse de um telefone celular, poderá receber informações e divulgações instantâneas que o motivarão a adquirir determinados produtos. Nesse exato momento, sua televisão interativa, ou seu telefone celular, permitirá a um simples toque de uma tecla, ou mesmo no visor, onde estará sendo exposto o produto, responder ao seu impulso de compra provocado, adquirindo a mercadoria desejada, mesmo estando fora ou distante fisicamente do local onde a mesma se encontra armazenada. Pode-se prever que os sistemas de interatividade, seja na residência do consumidor, no local de trabalho, ou mesmo nas lojas de varejo, se transformarão na grande arma do merchandising como fator de diferenciação. Alguns podem ser levados a pensar que se trata apenas de um exercício de futurologia, mas a inovação está relacionada ao ato de introduzir algo novo e, conforme está proposto, a definição do conceito de merchandising deve estar relacionada ao presente, a sua aplicação cotidiana e preparada para o futuro. Este futuro não está tão distante quanto muitos podem imaginar. Hoje, as pessoas ao se instalarem em suas poltronas para assistirem aos programas de televisão, são sistematicamente impelidas, via ambientes criados pelas novelas, reality shows – programas de realidade – ou programas especializados em vendas de produtos, a adquirir, naquele momento, os produtos que estão sendo expostos ou demonstrados – objetiva, ou subjetivamente. Hoje, ainda são necessárias duas ferramentas – a televisão, para que sejam visualizados e apreciados os produtos e o telefone ou a internet, para que sejam extravasados os impulsos de compra gerados. A fusão das duas ferramentas já é uma realidade – a televisão digital –, restando agora a 47 democratização de seu uso, que se dará por meio da ampliação de sua utilização, que otimizará ou reduzirá os custos, permitindo o acesso pelos consumidores. A resposta à Segunda questão já foi dada, face ao objetivo do merchandising. Ou seja, estando o objetivo do merchandising relacionado à geração do impulso à compra, pouco importa a discussão se o produto, serviço ou marca figura como a estrela principal ou secundária, se figura de forma direta ou indireta dentro dos cenários elaborados pelo merchandising. Deve-se estar atento é sobre o impacto que tal cenário trará para o mercado-alvo que se pretende atingir. Ou, como nos apresenta Geary (1998, p. III): “merchandising visual pode ser descrito como o efeito final de todos os estímulos visuais no ambiente comercial, abrangendo tudo que o cliente vê de forma global”. Face ao exposto, pode ser apresentada uma definição abrangente para interpretação do termo merchandising no Brasil, que proporcionará uma visão de seus objetivos originais e contemplará seu emprego e aplicação atual e futuro: “merchandising é uma técnica de comunicação, deliberada ou não, dirigida ao consumidor, visando expor, destacar ou apresentar produtos ou serviços de maneira adequada a motivar e criar impulsos de compra na mente dos consumidores”. 2.1.8- Merchandising como diferencial competitivo O sistema de produção e distribuição em massa, na base da maior rotação de estoques, gerou a concorrência, aumentando-a e tornando-a mais aguerrida a cada dia que passa e, dessa forma, contribuiu para a necessidade do surgimento e aplicação de novas técnicas mercadológicas que pudessem proporcionar a perenidade das empresas, via conquista de consumidores. Nesse sentido, Levy e Weitz (2000) consideram que, para os varejistas, em função de os consumidores de hoje terem uma ampla variedade de escolha em termos de mercadorias, tanto quanto de lojas, está cada vez mais difícil criar uma vantagem diferencial com base na mercadoria, no preço, na promoção ou na localização. Tal situação se torna cada vez mais peculiar, quando é ampliado o leque de opções de compras para fora das lojas, ou seja, as compras via catálogos, telefone, ou internet, o avanço do varejo eletrônico. Portanto, afirmam os autores, mais do que nunca, os varejistas precisam criar um design de loja excitante com 48 técnicas comerciais inovadoras, para fazer com que as pessoas optem por sua loja e se sintam motivadas a se deslocarem até lá e ir às compras. Da mesma forma, afirma Parente (2000, p. 293): “nenhuma outra variável do mix varejista provoca tanto impacto inicial no consumidor como a loja em si”. E, por meio da resposta à questão: por que os consumidores preferem uma loja à outra, mesmo quando ambas oferecem essencialmente os mesmos produtos ao mesmo preço e são igualmente acessíveis? Dada por Boyd e Levy (1971, p. 37): a resposta está em que as casas varejistas têm personalidades ou imagens distintas e os consumidores favorecem a uma ou a outra em virtude de tais intangíveis. Dificilmente haverá um modo de explicar a preferência da freguesia por uma das grandes mercearias em cadeia em relação a outra, exceto na base mencionada. As lojas de varejo, como os produtos que vendem, têm imagens de “marca”. O consumo não pode ser definido simplesmente em termos de desejos ou necessidades, mas a partir de uma série de símbolos que fazem com que as pessoas se sintam atraídas a consumir. Esses símbolos devem ser observados pelos varejistas, preocupando-se com a criação de uma atmosfera favorável ao consumo, via merchandising. É possível, assim, afirmar, baseado nas definições até aqui expostas, que o novo diferencial competitivo no negócio do varejo está relacionado ao merchandising. Dessa forma, as decisões sobre a atmosfera da loja, a apresentação interna e a externa deverão estar contempladas no plano estratégico da empresa de varejo, em conformidade com todas as demais ações de marketing desenvolvidas. Pois tais ações irão, basicamente, trazer o cliente ao ponto de venda, seja ele qual for, e caberá, então, ao merchandising fornecer o impulso definitivo à compra pelo cliente. 2.1.9- Os novos desafios Um dos maiores desafios do varejo no mundo moderno é conseguir atrair a atenção dos consumidores, que são continuamente bombardeados por estímulos que competem por sua capacidade limitada. Nesse sentido, o ponto de venda apresenta-se como palco principal onde são desenvolvidas as mais variadas performances em busca da fidelização do cliente. Performances essas que, a cada 49 dia que passa, vêm se aprimorando e reinventando para configurar-se como um dos diferenciais de competitividade do varejo. Inicialmente, o trabalho realizado no ponto de venda em busca da atenção do consumidor esteve restrito à constituição do cenário, desenvolvendo-se apenas os aspectos físicos, tais como cores, layout, displays, sinalização, para citar alguns. Considerando que o ambiente do varejo apresenta características de hipercompetição, em que uma vantagem competitiva não consegue se sustentar por muito tempo, trabalhar apenas o cenário tornou-se insuficiente, uma vez que tal procedimento já não se configura como diferencial, mas sim, como característica. Nas palavras de D’Aveni (1995, p. 193): “Quando as empresas compreendem que suas vantagens não são sustentáveis, elas buscam constantemente novas vantagens, dirigindo a competição escalada acima e contribuindo para a hipercompetição”. Dessa forma, é preciso criar um novo diferencial, baseado no entendimento dos fatores que podem influenciar o foco de atenção do consumidor. E a idéia de inserir a performance no cenário para torná-lo ainda mais atrativo vem ao encontro das necessidades do consumidor moderno, preocupado com questões relacionadas a sua qualidade de vida, valorizando muito o seu tempo disponível e buscando continuamente o seu aproveitamento máximo. Assim, a possibilidade de associar atividades não discricionárias ao lazer é constantemente almejada por todos. Nesse enfoque, o varejo moderno, via aplicação de técnicas específicas no ponto de venda, contribui, ao aumentar o tempo disponível dos consumidores, transformando o ato de comprar em momentos de lazer que proporcionam experiências agradáveis e únicas, e que, se devidamente retribuídas (valor percebido pelos consumidores), proporcionam um diferencial competitivo para o negócio. 2.1.10- Compreendendo os clientes: a questão do tempo Baseado em informações de diversas reportagens apresentadas por Cardozo (2002), Hopaczky (2002), Tófoli (2002), Avaliação de Mercado (2001), Cardozo (2001), Monteiro (2001), R.A. (2001), Lima (2000), Sabino (2000) e Castelo (1998), os consumidores estão mudando a maneira como percebem e gastam o seu tempo. 50 E as inovações tecnológicas têm contribuído fortemente para isso, facilitando cada vez mais a vida das pessoas. Nos fins dos anos 70, a geração formada por jovens cabeludos e libertários deu lugar à geração yuppie, integrada a um sistema individualista e ansiosa por sucesso pessoal e financeiro, que impulsionava as pessoas ao trabalho, dando origem ao que ficou conhecido como os workaholics, no início, valorizados pela sociedade – tidos como super-homens e valorizados pelas organizações. O tempo era percebido, pelos consumidores desse período, por meio de dois componentes: a dedicação obsessiva ao trabalho e o lazer, relegado a uma condição mínima para o convívio social e familiar. Hoje, mesmo as organizações que valorizavam o profissional viciado no trabalho, reconhecem que, se não houver um equilíbrio entre a vida e o trabalho, não será bom para a empresa, pois poderá levar as pessoas a doenças como o stress e a depressão. Assim, pode ser percebido, no dia-a-dia das pessoas, uma preocupação crescente com a questão da saúde, através das campanhas relacionadas às pesadas restrições ao cigarro, os alertas quanto ao uso de bebidas alcoólicas, passando pela alimentação saudável e culminando na questão da qualidade de vida, que representa o conjunto de atividades que contribuem para a saúde física e mental dos indivíduos. Como uma resposta ao movimento citado, que valorizava o trabalho, toda a questão da qualidade de vida passa pela valorização do lazer. Nesse sentido, as inovações tecnológicas, principalmente as que economizam o tempo obrigatório das pessoas, vem sendo muito bem recebidas e rapidamente assimiladas pelos consumidores. Uma visão mais contemporânea, conforme ensinam Engel, Blackwell e Miniard (2000), permite percebê-lo por meio de três componentes: trabalho, tempo não-discricionário e lazer. Dessa forma, trabalho pode ser considerado como o tempo pago, ou seja, o tempo pelo qual as pessoas são remuneradas. O lazer, também chamado tempo discricionário, foi definido por Voss (1967) como o período quando um indivíduo não sente um sentido de compulsão ou obrigação econômica, legal, moral ou social, nem de necessidade fisiológica. A escolha de como utilizar tal período de tempo pertence unicamente ao indivíduo. Já o tempo não-discricionário refere-se ao tempo gasto em atividades não remuneradas, porém obrigatórias. Pode-se citar, como exemplo: abastecimento de veículos, compras para a casa etc. 51 À gestão destas três parcelas do tempo disponível é dado o nome de orçamentos de tempo. Os orçamentos de tempo das pessoas passam a ter uma importância semelhante ao seu orçamento monetário e, assim, configura-se como um novo recurso a ser utilizado como diferencial de competitividade. Desse modo, o foco de atenção do varejo deverá ser dirigido a esse último tipo de tempo – o tempo não discricionário. A análise de recursos temporais em marketing é um reconhecimento contemporâneo do princípio que Benjamin Franklin transmitiu a um jovem comerciante em 1748: “lembre-se de que tempo é dinheiro”; “tu amas a sua vida? Então, não desperdices tempo; pois é desta matéria que é feita e vida” (ENGEL, BLACKWELL e MINIARD, 2000, p. 214). Essas informações, segundo Engel, Blackwell e Miniard (2000) são importantes para explicação de uma nova tendência, ou da mudança de uma tendência: os consumidores estão tão preocupados com o tempo gasto assim como com o dinheiro. Pois, além da categoria econômica, a categoria temporal constitui-se como um dos recursos-chave dos consumidores, determinando as restrições de caráter monetário e temporal a tais consumidores. Um consumidor, ao optar por gastar seu tempo em determinadas atividades, poderá estar alterando seus padrões monetários, caso aquele tempo possa ser utilizado para geração de trabalho e renda. QUADRO 4 Conceitualização de orçamento de tempo e lazer do consumidor Conceitos tradicionais de lazer Trabalho 24 horas Lazer Conceitos contemporâneos de lazer Trabalho Tempo pago Tempo não-discricionário Tempo obrigatório 24 horas Lazer Tempo discricionário Apenas o tempo discricionário é verdadeiramente tempo de lazer. FONTE – Adaptado, de Engel, Blackwell e Miniard (2000, p. 208), pelo autor da dissertação. 52 Assim, torna-se fundamental observar como é gasto o tempo. Muitos consumidores, face à sua crescente falta de tempo, valorizam o tempo de lazer tanto quanto valorizam o dinheiro. Segundo Engel, Blackwell e Miniard (2000), os consumidores podem ganhar rendas elevadas, mas viver em estado de pobreza de tempo. Esses consumidores são muito exigentes no valor das horas limitadas disponíveis para atividades de lazer e estão dispostos a pagar mais para aproveitar seu tempo de lazer, expandindo o potencial de mercado para coisas como viagens aéreas, por exemplo. Orçamentos de tempo são semelhantes a orçamentos de dinheiro no sentido de que são influenciados por outras pessoas no domicílio ou na família. Desse modo, conforme afirmam Engel, Blackwell e Miniard (2000), muitos produtos são comercializados para enriquecer os orçamentos de tempo dos consumidores via do uso de tempo policrônico. Tempo policrônico envolve a combinação de atividades simultaneamente, tais como comer enquanto assiste televisão ou trabalhar com um computador laptop enquanto se viaja de avião. Esse conceito também foi chamado de uso de tempo dual e contrasta com desempenhar apenas uma atividade de cada vez – uso de tempo monocrônico. Considerando que, na maior parte das vezes, o tempo pago não pode ser negociado – isso implicaria uma redução da renda, uma vez que grande parte das pessoas tem determinado período de tempo específico designado para exercer suas atividades laborais, toda a negociação é feita em função do tempo nãodiscricionário, pois os consumidores podem ganhar tempo de lazer ao diminuir gastos de tempo não-discricionário. A idéia é associar atividades obrigatórias ao lazer, concluem Engel, Blackwell e Miniard (2000). 2.1.11- A experiência no varejo moderno Transformar as atividades obrigatórias em momentos de lazer, eis o grande desafio do varejo moderno em busca da fidelização de clientes e da sustentabilidade de vantagens competitivas. Fernandes (1999) vem ratificar esse ponto, ao descrever que o consumidor se sente atraído por ambientes que lhe tragam conforto, segurança, satisfação e que o afastem das pressões cotidianas, determinando a 53 busca, em sua experiência de compra, de entretenimento, prazer estético ou relaxamento. Como experiências são por definição, “eventos íntimos que acontecem em resposta aos estímulos” (Furtado, 2001), o objetivo é criar uma vivência holística que atinja os aspectos racionais e emocionais por meio dos cinco sentidos. O varejo moderno deve estar preparado para oferecer o tempo policrônico aos seus clientes, conjugando a razão de suas compras à emoção e prazer proporcionados pela experiência no ponto de venda. Deste modo, os varejistas precisam criar um design de loja excitante com técnicas comerciais inovadoras que associem elementos de lazer, para fazer com que as pessoas optem por sua loja e se sintam motivadas a se deslocarem até lá e ir às compras. As tendências mudaram, mas os princípios básicos do marketing, criados nos anos 50 e 60, de buscar atender às necessidades do cliente, continuam vigorando. Uma das premissas mais importantes é a de que os clientes são seres racionais que compram características e benefícios funcionais baseados em suas necessidades. Acontece que no século XXI surge uma nova necessidade, praticamente unânime, a necessidade de tempo. O marketing tradicional deve considerar essa necessidade e procurar atendê-la, por meio do conceito de merchandising, com o desenvolvimento de experiências. Ou seja, uma vez que, conforme já apresentado nesse trabalho, o merchandising é uma técnica de comunicação, deliberada ou não, dirigida ao consumidor, visando expor, destacar ou apresentar produtos ou serviços de maneira adequada e criar impulsos de compra na mente dos consumidores, o planejamento de merchandising, cuja tônica seja a criação de uma atmosfera envolvente, de um ambiente favorável e de uma experiência inesquecível ao consumo de seu mercado alvo deve figurar como um dos pontos da pauta estratégica das decisões do varejista moderno – cabe ao merchandising fornecer o impulso definitivo à compra pelo cliente. 2.1.12- A era da experiência Cabe, então, entender o conceito de experiência para que ela possa ser devidamente aplicada ao conceito de merchandising. 54 Pine II (2000), ao apresentar os estágio em que as empresas evoluíram, partindo da agricultura (1o estágio), passando pelos bens manufaturados (2o estágio) e com o advento dos serviços (3o estágio), afirma que as empresas são, constantemente, impelidas a avançar para patamares inéditos, em busca de diferenciais que lhes proporcionem a vantagem competitiva. Assim, Pine II (2000) sugere que vem sendo alcançado um novo estágio, no qual as empresas devem tentar proporcionar uma experiência memorável, inesquecível – a era da experiência. Desse modo, pode ser considerado que a economia dos serviços encontra-se em seu ponto mais alto, estando surgindo um modelo baseado num resultado econômico diferente. Tal evolução encontra-se retratada na FIG. 3, em que podem ser observadas: a dinâmica do mercado, conciliando as variáveis de preço (do preço de mercado ao preço diferenciado – premium); a posição competitiva das empresas (de indiferenciadas a diferenciadas) relativa à natureza do grau de diferenciação que estabelece para seus produtos; o grau de importância ou preocupação (de irrelevante a relevante) relacionado aos desejos e necessidades dos clientes; a característica dos padrões de diferenciação dos produtos, ou serviços (commoditização x personalização), proporcionada pela evolução nos estágios propostos por Pine II (2000). Segundo Pine II (2000), as experiências são freqüentemente confundidas como uma forma de serviço ou um detalhe de marketing. Entretanto, experiências representam muita mais que apenas um serviço, mostram algo que os clientes estão dispostos a pagar para passar o tempo ao desfrutarem de eventos memoráveis que lhes são oferecidos em troca de seu comprometimento pessoal. Experiências representam algo que proporcione um envolvimento pessoal do consumidor e esse vivencie um acontecimento inesquecível de caráter absolutamente pessoal, não podendo ser vivenciado por duas pessoas da mesma forma. 55 Diferenciada Relevantes Propor Experiências Personalização “Era da experiência” Posição Oferecer Necessidades Competitiva serviços dos clientes “Era dos serviços” Fabricar produtos “Era industrial” Commoditização Extrair commodities “Era agrária” Irrelevantes Indiferenciada de Mercado Preço Premium FIGURA 3 – A progressão do valor econômico FONTE – Pine II (2000, p. 90). Assim, Pine II (2000) sugere que o ato da compra está cada vez mais dividido em dois atos: a aquisição de bens genéricos (commodities), no qual a maioria das pessoas quer pagar o mínimo necessário, recorrendo a meios impessoais de compra, como a internet, a venda por telefone, ou a venda por catálogo, e a participação na experiência que a loja se propõe a oferecer, usufruindo dos investimentos realizados pelos varejistas, ao transformarem suas lojas em experiências agradáveis, em que as pessoas vão querer passar mais tempo, dispondo-se até a pagar mais pelo que comprarem, chegando ao ponto, como acontece em alguns negócios de entretenimento, ou mesmo nas feiras e festivais, de pagarem para entrar. Evitar a commoditização dos negócios varejistas representa, para Pine II (1999), colocar as experiências agradáveis em cena. Nos Estados Unidos, palavras como shoppertainment – mistura de compras (shopping) e entretenimento (entertainment) – e entertailing – entretenimento (entertainment) e varejo (retailing) – já vêm se popularizando, conforme sustenta Pine (1999), à medida que os varejistas incorporam o conceito de entretenimento em seu formato de negócio. 56 2.1.13- Dimensões da experiência Face à utilização sistemática das atividades de entretenimento para oferecer uma experiência, muitos imaginam que propor uma experiência significa entreter, afirma Pine II (2000). Entretanto, oferecer uma experiência está relacionado ao conceito de envolvimento dos clientes, classificado em duas grandes dimensões: grau de participação e grau de comprometimento. O grau de participação, segundo Pine II (2000), pode variar da passividade, colocando o cliente como observador, até a sua participação ativa, transformando o mesmo no protagonista do evento. Já o grau de comprometimento, varia da atenção do cliente com o evento, até sua imersão física ou virtual com o desenrolar do evento. A partir do cruzamento dessas duas dimensões, são gerados quatro quadrantes, responsáveis pelas formas distintas de gerar experiências (FIG. 4). Relação de absorção, comprometer atenção máxima Requer atenção, mas também, participação ativa Absorção passiva, por meio dos sentidos Entretenimento Educação Participação passiva Participação ativa Estética Escapismo Mergulha, mas é um espectador Imersão máxima e ação como protagonista Relação de imersão, mergulhar, viajar FIGURA 4 – Os campos da experiência FONTE – Pine II (2000, p. 86). 57 O primeiro quadrante, chamado experiência do entretenimento, é caracterizado por uma absorção passiva do evento por meio dos sentidos – cliente como observador –, demandando grande atenção do cliente – televisão, shows etc. O segundo quadrante, denominado experiência educativa, determina a participação ativa e grande atenção do cliente – jogos empresariais, cursos de culinária etc. O terceiro quadrante, a experiência estética, é caracterizado pela absorção passiva do evento – espectador –, mas com um profundo mergulho – imersão total, máximo grau de atenção – museus, paisagens, ópera etc. Finalmente, a experiência escapista do quarto quadrante determina a participativa ativa e imersão total do cliente no evento – jogos virtuais, internet, cassino etc. Para Pine II (2000), apesar de cada um dos quadrantes representar um conceito de experiência, as experiências mais ricas são aquelas que têm um pouco de cada um dos quadrantes, ou seja, a convergência dos quadrantes. Nesse ponto, pode-se obter o máximo de comprometimento, que é determinante para alcançar um nível de diferenciação, proporcionando o desejo nas pessoas de passar o maior tempo possível desfrutando da experiência. Criando experiências em quatro passos Pine II (2000) apresenta, como o primeiro passo a ser dado no desenvolvimento de um modelo de experiência, a definição de um tema, a partir do qual a empresa irá organizar as impressões que serão levadas aos clientes. Esse tema deverá contemplar o script da estória, a qual terá a participação daqueles que se transformam em convidados – os clientes. O tema deve alterar o sentido da realidade diária via manipulação do ambiente, do tempo e até da imagem dos clientes; devendo respeitar o caráter da empresa, ser realista em sua abordagem e evitar o preciosismo de detalhes. Uma vez definido o tema, parte-se, segundo Pine II (2000), para o estabelecimento de harmonia nas lembranças e sinais que irão confirmar a experiência na imaginação do cliente. Novamente, excessos ou escassez de sinais contribuem para geração de impactos negativos, desacreditando o tema. As principais dimensões a serem observadas são o tempo cronológico, o local da 58 representação, a tecnologia empregada, o grau de fidelidade, o nível de refinamento e dimensão na representação. Não existe um parâmetro preestabelecido, mas a necessidade de se obter uma harmonia entre essas dimensões. A incorporação de souvenirs auxilia a perpetuação de lembranças, de forma a fazer o cliente recordar sua passagem pela experiência e permitir a ele compartilhála com outros, funcionando como disseminador da experiência, afirma Pine II (2000). Um outro artifício que pode ser utilizado, segundo Pine II (2000), é o de agregar sensações que estimulem os cinco sentidos, exclusivamente orientados para a ratificação do tema central. Engel, Blackwell e Miniard (2000) afirmam que a utilização de aromas interfere na forma como os consumidores realizam suas compras: “Na Filadélfia, clientes de lojas de jóias demoravam-se mais nos balcões perfumados. Em Chicago, era mais provável as pessoas comprarem e pagarem mais por pares de tênis quando o ambiente era perfumado. Em Las Vegas, jogadores numa fileira perfumada de máquinas caça-níqueis gastaram de 33 a 53% a mais”. (ENGEL, BLACWELL e MINIARD, 2000, p. 507). A música, conforme Bruner II (1990), influencia de forma interessante o comportamento de compra dos clientes. E Smith (1966) descreve um estudo desenvolvido em supermercados com variação do volume da música, em que ficou demonstrado que consumidores expostos a música alta levavam menos tempo fazendo compras, mas gastam a mesma quantidade de dinheiro que aqueles expostos à música suave. Lançando mão da tecnologia como ferramenta que possa garantir a permanência do consumidor no interior das lojas, Furtado (2001) apresenta algumas soluções desenvolvidas para criação de uma “atmosfera” que propicie formas inovadoras e divertidas de contato para viabilizar a criação de experiências: • Personificação e tematização: uso de manequins em movimento, animatronics (figuras que cantam e se agitam) e toda uma gama de personagens e objetos que podem estar parados, mas com uma atitude que presume um movimento. • Instalações: emprego de móveis e displays giratórios; canhões que projetam imagens em manequins ou frases no chão e nas paredes em diferentes posições; banners e flâmulas em movimento contínuo, simulando vento dentro da loja. 59 • Projeção do produto (product placement in the air): display que projeta o produto exposto em terceira dimensão, quando é olhado de frente. Lembra as imagens holográficas, mas na busca dos cinco sentidos, emite fragrâncias e aromas. • Imagens: vídeo walls, televisões em vitrines, sistemas multimídia, grandes painéis fotográficos ou back lights que apresentam cenas em contínua renovação. • Vitrine multimídia (Window Shopping): aplicação do conceito “24.7.360” – poder comprar 24 horas por dia, sete dias por semana, 360 dias por ano. Um totem multimídia colocado do lado de fora da loja, que projeta imagens num monitor ou em numa tela de cristal líquido localizado dentro da vitrine. O consumidor pode acessar o site da empresa para obter mais informações ou fazer seus pedidos, mesmo nos horários em que a loja esteja fechada. • Multimídias inseridos no próprio display: inserir um multimídia em um display de gravatas, que ensine ao consumidor vários tipos de nós ou os nós mais adequados, de acordo com o estilo da peça escolhida. • Mundo dos sentidos (Land of senses): displays envolventes que proporcionam a percepção de todos os sentidos em um único equipamento. Exibe o próprio produto em sistema auto-serviço (tato); utiliza um multimídia que apresenta a última campanha publicitária (visão/audição); borrifa fragrâncias e aromas no ar (olfato); e oferece degustação (paladar). • Experimente-me (Try me on): software para lojas de vestuário que permite a simulação do uso de diversas roupas pelo consumidor, a partir de suas medidas – permite a experimentação de muito mais peças. • Cápsula de som (Sound shower): um dome, ou totem (espécie de guarda chuva), que funciona como um nicho onde apenas a pessoa ouve o que está sendo tocado, em lugar de se usar head-phones para ouvir música. • Luz em movimento: utiliza a iluminação fade in/fade out, isso é, a luz sobre um determinado produto vai progressivamente diminuindo enquanto outro item começa suavemente a ser iluminado e a receber o destaque. Minicanhão que fica girando em todas as direções e iluminando diferentes 60 produtos. Mudança de cores na iluminação com o uso de filtros e de fibras ópticas, simulando o mesmo produto em diferentes cores. • Luz em movimento com som: um corte brusco de iluminação de um produto a outro, acompanhado de efeito sonoro para chamar mais a atenção. 2.1.14- Conclusão da evolução do conceito Algumas empresas vêm obtendo bons resultados desenvolvendo o conceito de experiência nas compras. E muitos são os autores que, em artigos publicados em revistas e publicações especializadas, vêm apresentando suas idéias e posições sobre a questão da experiência no varejo como fator diferenciador para obter a opção, ou preferência do consumidor: Ingold e Ribeiro (1995) concluem que a qualidade no varejo reside em estar sempre excedendo as expectativas do consumidor, determinando uma revisão contínua na sua experiência de compra, fazendo com que esta seja mais agradável e estimulante e reduzindo, ao mesmo tempo, o desperdício de tempo e os custos. Prahalad e Hamel (1998) garantem que, quanto maior for o vínculo emocional entre uma marca e o consumidor, maior a sua disposição para levar em consideração a compra do produto. E, citam a Disney World como um exemplo, ao criarem afinidade entre sua marca – Disney – e o consumidor, viabilizando a alavancagem de uma série de produtos de consumo: filmes, programas de televisão, revistas, livros etc. A receita? Encantar os clientes, ficar bem perto deles, medir seu grau de satisfação com produtos e serviços e oferecer-lhes extras para aumentar sua dose de entusiasmo. Para Pine II (1999), a Disney World pode ser considerada um shopping gigante: as pessoas pagam para entrar, divertir-se e, além disso, compram relógios, chapéus ou camisetas com o desenho do Mickey como lembrança. Berry (1999) ratifica a utilização da experiência, afirmando que o varejo moderno vem sendo construído sobre um conceito diferente, que combina, além dos dois fatores que ele considera serem chaves desse setor, a localização e a mercadoria, com o valor da experiência. Assim, para o cliente, a percepção de valor é equivalente à totalidade da experiência no ato da compra, congregando todos os benefícios que ele recebe, como a qualidade da mercadoria, a atenção dos 61 funcionários, o ambiente e a comodidade; em troca do esforço representado pelo ato da compra, nesse caso oferecido pelo cliente, como os custos monetários – preço – e os não-monetários, tais como desconhecimento dos produtos por parte dos funcionários, lentidão dos caixas, falta de um lugar apropriado para estacionar, disposição pouco eficiente ou atraente das mercadorias, além da componente do tempo, como mencionado anteriormente. Nogare (2001) sugere, em um comparativo entre uma loja real e outra virtual, que nada pode substituir a experiência de se ter seu jornal em mãos ao invés de lêlo por meio de um monitor, pois não é possível “... recostar-se e colocar os pés para cima, tomar café enquanto está lendo ...”. E explica que, com o monitor, torna-se um risco, além dos esforços de achar a página, achar o link desejado e esperar que ela carregue. Afirma: o que quero mostrar aqui é que a informação pode ser a mesma, mas a experiência não. Talvez na próxima geração ninguém nem se lembre das alegrias de tomar café da manhã lendo o jornal, mas duvido completamente que possa ser esquecida a sensação de voltar da hora do almoço com um par de sapatos novos, simplesmente “de luxe” (NOGARE, 2001). (Grifo do autor). E Furtado (2001), de uma forma mais abrangente, nos relatou o desenvolvimento de diversos recursos utilizados para tornar viável a “Economia da Experiência”. Ao considerar que “every business is a stage” (todo negócio é um espetáculo), afirma que o varejo vem se tornando uma competição pelo tempo de lazer do consumidor e que capturar o tempo do consumidor na loja significa capturar dinheiro e market share. Nesse sentido, devem ser estabelecidos estímulos que deverão ser incorporados às lojas visando proporcionar maior atratividade e eficiência em capturar a atenção dos consumidores para o negócio: o movimento, a interação e experimentação e a iluminação. O valor atribuído pelo cliente resulta da totalidade de sua experiência no ato da compra. Se o serviço for de má qualidade e os produtos oferecidos estiverem arrumados nas prateleiras como em qualquer outra loja, a maioria dos consumidores procurará pelo preço mais baixo, pois não terá nenhuma razão para pagar mais pelo mesmo artigo. Mas se o varejista oferecer-lhe uma experiência de compra diferente, em que o cliente se sinta recompensado pelos momentos desfrutados, estará construindo uma empresa que tem futuro. Depreende-se que os consumidores estão se acostumando a receber também um pouco de diversão em troca do dinheiro e do tempo gastos em suas 62 compras. E, à medida que o mundo do lazer e o varejo se aproximam, interligandose, convergindo, os varejistas sem atrativos terminarão no esquecimento. Assim, os varejistas são obrigados a inovar constantemente para que o cliente habitual acredite que sempre poderá encontrar alguma novidade, sempre poderá viver uma nova e entusiasmante experiência em suas compras. Utilizar o modelo das experiências no merchandising não representa adotar um mero modismo mercadológico, mas acompanhar a evolução do conceito de merchandising que se pauta pela motivação e criação de impulsos na mente dos consumidores incentivando-os a comprar com fidelidade. 2.2- Métodos e técnicas de merchandising 2.2.1- Fatores preliminares Geary (1998), Parente (2000) e Levy e Weitz (2000), são unânimes em afirmar que os primeiros passos a serem dados, relativamente ao desenvolvimento da técnica do merchandising, estão relacionados ao pressuposto conhecimento de dois itens fundamentais, que se integram e interagem complementarmente: a estratégia geral do negócio, considerando a estratégia global de vendas e; a imagem, ou o posicionamento do negócio em relação ao ser mercadoalvo. A partir da definição do mercado-alvo que se pretende atingir, a empresa varejista deve procurar estabelecer sua estratégia geral de atuação e definir o posicionamento junto a esse mercado. Ou seja, comunicar uma mensagem clara e precisa ao seu mercado, utilizando as definições estabelecidas pelo composto de marketing. O modelo sugerido por Geary (1998), visando estabelecer a estratégia geral, está baseado na opção entre três elementos diferenciadores – produto, preço e serviço – que, segundo a autora, ajudarão a descrever melhor a razão de ser da loja. Esses três elementos diferenciadores podem ser melhor caracterizados e compreendidos pelas definições apresentadas por Hax e Wilde II (2001) no que denominam “Modelo Delta “, representado na FIG. 5. O modelo de Hax e Wilde II (2001) pode ser detalhado como: 63 Melhor produto, ou eficácia operacional – Seu foco principal é produzir a infra-estrutura de custos e ativos mais eficazes para sustentar a posição estratégica da empresa. Relaciona-se com as formas clássicas de concorrência por meio de baixo custo ou diferenciação. Seus fatores relevantes concentram-se em ofertar produtos com os quais a empresa consiga custos menores ao se lançar em uma economia de escala, simplificando seus processos e alcançado uma participação de mercado que lhe permita explorar os efeitos da experiência e do aprendizado. Ou, ainda, a empresa obtenha a diferenciação ao ofertar produtos aprimorados sob o ponto de vista tecnológico ou relacionados à imagem de sua marca, criando laços com os clientes por meio da superioridade intrínseca do produto ofertado – por exemplo, via lançamento rápido de produtos no mercado; Estratégia de lock-in do sistema: Concorrência baseada na microeconomia do sistema: amarração dos complementares, afastamento do concorrente, padrão próprio. Estratégia de soluções para o cliente: Concorrência baseada na microeconomia do cliente: redução dos custos do cliente ou aumento dos lucros. Estratégia de melhor produto: Concorrência baseada na microeconomia do produto: baixo custo ou posicionamento diferenciado FIGURA 5 – O triângulo: três opções diferentes de estratégia FONTE – Adaptado, de Hax e Wilde II (2001, p. 89), pelo autor da dissertação. soluções para o cliente, ou foco no cliente – É representado pelas atividades que atraem, satisfazem e mantêm o cliente. Baseia-se em uma oferta mais ampla de produtos preenchendo a maioria das necessidades do cliente, quando não todas elas. Nesse caso, o foco está centrado no universo econômico do cliente – em contraposição ao anterior que tratava do produto. A medição de desempenho mais importante é a participação do cliente no mercado. O relacionamento é aprimorado com o aprendizado e a personalização, permitindo à empresa prever as necessidades e trabalhar conjuntamente com o cliente visando oferecer novos 64 produtos. Embora o foco no cliente seja crítico para todas as empresas, é importantíssimo quando a posição estratégica for a de soluções totais para o cliente. Essa opção estratégica pode exigir parcerias, no intuito de complementar uma oferta ao cliente; lock-in do sistema, ou inovação – Estabelece um fluxo contínuo de novos produtos e serviços para manter a viabilidade futura do negócio. Em vez de concentrar-se no produto ou no cliente, a empresa leva em consideração todos os participantes importantes do sistema que contribuem para a criação do valor econômico, principalmente os complementares – fornecedor de produtos e serviços que aprimora a oferta global da empresa. Nesse posicionamento estratégico, os laços entre fornecedor e cliente desempenham seu papel mais fundamental: como a empresa pode ganhar ao se complementar a fim de manter afastados os concorrentes e atrair clientes? Como tornar-se o padrão vigente no mercado, ou ser a detentora do padrão por meio da inovação dos complementares? 2.2.2- Modelos e técnicas de merchandising Os principais modelos e técnicas para a elaboração de um projeto de merchandising, baseado em três autores distintos – Parente (2000, Levy e Weitz (2000) e Geary (1998) – têm como principais características e tópicos: A-Conforme Parente (2000) A.1- Atmosfera Apresentação externa: posição, arquitetura e comunicação. Apresentação interna: cinco sentidos, comunicação e processo de compras e conforto. A.2- Layout Tipos; grade, fluxo livre, butique, pista e outros Roubos e perdas A.3- Distribuição do espaço Espaço de apoio e área de vendas Métodos de alocação de espaço: índice de produtividade, indicador de lucro bruto e índice comparativo. 65 Localização consumidor, de departamentos freqüência de e categorias: reposição, comportamento proximidade de do outros departamentos, variações sazonais, fluxo de clientes e gerenciamento de categorias. A.4- Exposição de produtos Princípios da exposição Tipos de equipamentos Formas de expor os produtos Distribuição por produto na categoria – planogramas B-Conforme Levy e Weitz (2000) B.1- Atmosfera Comunicações visuais Iluminação Cor Música Aroma B.2- Layout Tipos: grade, pista de corridas – butique –, forma livre. Áreas de exposição: áreas de destaque, área de vendas e paredes. Flexibilidade do design B.3- Planejamento do espaço Localização dos departamentos: vantagens relativas, produtos de impulso, demanda/destino, sazonais e departamentos adjacentes. Localização da mercadoria e planograma – segundo Levy e Weitz (2000), planograma é o diagrama criado a partir de fotografias, impressões de computador ou acabamentos de artistas que ilustram onde cada SKU – stock keeping unit – deve ser colocada. SKU por sua vez, representa a menor unidade disponível para manter o controle de estoque. Para mercadorias têxteis, uma SKU geralmente significa tamanho, cor e estilo. Produtividade do espaço B.4- Apresentação Idéia Estilo/item 66 Cor Preços Merchandising vertical Merchandising por tonelagem Frontal Móveis C-Conforme Geary (1998) C.1- Imagem Nomes Logomarcas Fachadas: arquitetura externa, placas e vitrinas Entrada Aparência interna: apelo visual, olfato, perfume, iluminação e música C.2- Layout Transição externa x interna Tendência de virar à direita Estrutura de corredores: grade, fluxo livre e pista de corrida Espaços nobres: paredes de impacto, zonas de impacto, foco visual e área de caixa Iluminação C.3- Cenário Tema: sazonal, calendário, mercadoria/produtos, cor e evento Materiais e locais Arranjos, equilíbrio e focos visuais: arranjos em linha, em escada, em pirâmide, em zigue-zague, equilíbrio formal e informal e foco visual Cores Iluminação C.4- Apresentação Segmentação de mercadoria: seções Posicionando instalações Estilo de apresentação: produto, cor, preço e estilo de vida 67 Apresentação da mercadoria: vendas por impulso e acessibilidade (nível dos olhos, viradas para fora, merchandising vertical, marcas variadas e cross merchandising) Postos avançados C.5- Sinalização Posição Imagem Conteúdo C.6- Eventos Entretenimento Treinamento Interação É importante ressaltar que a seqüência de apresentação dos autores obedeceu a um critério aleatório e que os itens apresentados, para cada autor, segue a ordem utilizada pelos mesmos. Baseado nos modelos apresentados, que servem como materiais orientadores para elaboração de projetos de merchandising, podem ser destacados os seguintes pontos: Parente (2000) e Levy e Weitz (2000) dividem as técnicas em quatro blocos específicos, enquanto Geary (1998) aborda, além dos quatro blocos, outros dois blocos extraordinários – Sinalização e Eventos. os itens e abordagens do primeiro bloco extraordinário de Geary (1998), ou seja sinalização, estão contidos no bloco denominado atmosfera, tanto para Parente (2000) como para Levy e Weitz (2000), nos tópicos: Comunicação e processo de compras e Comunicações visuais; respectivamente, dos autores; já o bloco eventos, de Geary (1989), não é destacado explicitamente nos modelos propostos pelos demais autores. É possível perceber, nessa abordagem diferenciada, uma articulação do composto promocional com o composto do ponto de venda, caracterizando uma conjugação estratégica, denominada por Kotler (2000) como a tapeçaria singular necessária para uma estratégia de marketing vencedora. Esse bloco merece ter sua importância reconhecida, principalmente por representar um método eficaz para oferecer experiências reais aos clientes; criando atrativos emocionais 68 e caracterizando um contínuo de novidade e inovação, necessários para o diferencial competitivo, conforme apresentado no item “Dimensões da experiência” desse trabalho; com relação aos demais blocos, podem ser verificadas algumas diferenças de abordagem das técnicas e, inclusive, variações relativas a sua distribuição entre os blocos. Por exemplo, na distribuição das técnicas entre os blocos, Parente (2000) apresenta as definições de áreas de apoio e área de vendas no bloco distribuição do espaço, enquanto Levy e Weitz (2000) apresentam a mesma definição no bloco layout. E, na abordagem do conceito da atmosfera e ambiente do negócio, Parente (2000) desenvolve maiores detalhes, contemplando a explicitação do sentido do tato, enquanto os demais autores não o destacam da mesma forma, apesar de se referirem a esse sentido ao longo das técnicas. Essas diferenças sejam de caráter conceitual ou na distribuição entre os tópicos/títulos atribuídos, não chegam a representar contraposição de conceitos, ou divergências, mas uma ênfase, maior ou menor, de acordo com a importância atribuída pelos autores citados a cada item. Ou seja, as diferenças que podem ser encontradas estão centradas no caráter expositivo de cada obra, de acordo com a importância específica atribuída a um ou outro conceito, do nível de detalhes nas explicações das técnicas apresentadas, ou da forma como cada autor optou por desenvolver – discorrer – as explanações e evoluir o tema na obra. 2.2.3- Conclusão dos modelos de merchandising É possível concluir que, apesar de ocorrerem diferenças entre os formatos de exposição dos modelos das técnicas de merchandising dos autores comparados, as técnicas apresentadas são bastante semelhantes, não tendo sido verificada diferenças de conteúdo e interpretação, existindo, sim, maior ou menor grau de aprofundamento – detalhamento –, de acordo com a importância atribuída por cada autor, especificamente, ou sua categorização – divisão em blocos. Essa conclusão se caracteriza como importante face à possibilidade de se poder utilizar literaturas de autores de países distintos – Parente (2000) é brasileiro, 69 Levy e Weitz (2000), americanos e Geary (1998), canadense – sem, com isso, correr o risco de aplicar técnicas divergentes ou contraditórias. Pode ser constatado, também, que nenhum dos três autores faz referência a diferenças entre a aplicação das técnicas entre grandes, médias, pequenas ou micro empresas. Assim, se pode deduzir que os métodos e metodologias das técnicas de merchandising são as mesmas, independente do porte da empresa. E, uma vez que não existe qualquer diferença relativa a aplicação das técnicas, é possível concluir que o papel do merchandising, comentado pelos diversos autores em “A evolução do conceito”, item desse trabalho, é o mesmo, independente do porte das empresas que aplicam as técnicas. Ou seja, caracterizase como um instrumento de diferenciação competitiva para as empresas varejistas de micro e pequeno porte. E, a partir da análise dos os três modelos e técnicas de merchandising, pôde ser estruturado um modelo básico, unificado, contemplando as técnicas empregadas, os detalhes principais e as principais considerações de cada modelo, para implementação de um projeto de merchandising. E, se constitui esse modelo como mais uma contribuição desse trabalho, tanto para a academia, quanto para o meio empresarial. Detalhamento do modelo proposto A-Atmosfera A atmosfera pode ser entendida como o sentimento psicológico que o negócio deve desenvolver, no consumidor, em sua visita. É também entendida como a personalidade do negócio. Todo o conjunto representado, tanto pela imagem, ou apresentação externa – a primeira visão do consumidor – quanto pela apresentação interna – incluindo as percepções dos cinco sentidos, preços, atendimento, produtos etc – deverá envolver os clientes de forma harmônica e compatível com o posicionamento que o negócio estabeleceu. A.1 Apresentação externa A primeira impressão a ser causada no cliente. 70 A.1.1 Comunicação Nome e logomarca - O nome e a logomarca representam o elemento de identidade visual que projeta a imagem do negócio externamente. Deve buscar identificar os produtos e serviços e corresponder ao posicionamento que se deseja passar aos clientes. Comunicação e sinalização (placas) - Atenção especial deve ser dada à placa, pois deve representar a primeira sinalização percebida pelo consumidor. Cuidados com iluminação e visibilidade, além de informações como telefone e horário de funcionamento são valiosas. A utilização de comunicação via totens, facilita a sinalização do negócio e propicia uma identidade mais forte. Vitrines - Caracterizam-se como uma oportunidade extra de atrair os clientes. Devem ser vistas como uma área nobre do negócio para exposição e demonstração de lançamentos e promoções. São fatores a serem considerados: quantidade, tamanho, formato, cores, temas, produtos expostos e freqüência de renovação. Uma vitrine bem planejada integra-se ao ambiente interno do negócio e permite visibilidade ampla do interior, expondo o todo. A.1.2 Arquitetura Posição - Ter uma boa visibilidade externa contribui para reforçar a lembrança do negócio na mente dos consumidores. Fachada - O estilo arquitetônico deve despertar a atenção do consumidor, projetando a imagem do negócio. Funciona como um comunicador silencioso dos produtos e serviços. Entrada - A entrada representa a transição entre os ambientes interno e externo do negócio. Deve ser desenvolvida visando estimular o consumidor a entrar no negócio. Boa iluminação, piso plano, materiais não escorregadios, desobstrução – eliminar obstáculos – e aspecto convidativo fazem parte dos quesitos para uma entrada adequada. Conveniências - Devem ser considerados aspectos relacionados ao maior conforto e comodidade externa do cliente, como estacionamento, facilidades de acesso – entrada e saída – e segurança. 71 A.2 Apresentação interna Após despertado o interesse do consumidor, o seu foco passa do exterior para o interior do negócio, analisando se deve ou não entrar. A entrada do cliente deve ser considerada a primeira vitória dos varejistas para a conquista do cliente. A.2.1 Os cinco sentidos Cores (visão) - As cores têm efeito significativo em nossas emoções, requerendo habilidade em seu uso para motivar as compras. Iluminação (visão) - A iluminação deve ser usada não só para iluminar o espaço, mas para destacar mercadorias, esculpir espaços, disfarçar elementos e capturar sentimentos. Ou seja, deve ser utilizada, também, para disfarçar elementos menos atrativos que não podem ser mudados. Há uma tendência moderna de iluminar melhor – mais intensidade – as lojas, pois considera-se que a claridade é psicologicamente mais atraente. Considerando, ainda, que a claridade está mais relacionada à percepção das pessoas que a quantidade de iluminação efetivamente utilizada, técnicas apropriadas de iluminação permitem reduzir a quantidade de luz, aumentando a aparência de claridade. Aroma, odores e perfumes (olfato) - O olfato é o sentido que mais impacta nossas emoções. Sendo assim, os aromas podem exercer forte influência – positiva ou negativa – sobre os consumidores. Em negócios alimentícios, como em lojas de cosméticos, ou em lojas de roupas, o aroma serve como reforço positivo às intenções de compra. Por outro lado, instalações sanitárias defeituosas, umidade excessiva, pouca ventilação, fumaça de cigarro etc causam péssima impressão em qualquer negócio. Som e música - A utilização de música no varejo não está mais relacionada ao bom gosto do gerente em tocar determinadas trilhas musicais. A música tem sido tratada com um elemento vital para o design interno do ponto de venda, visando mesclar a música ao ambiente. Questões como características demográficas dos clientes, tráfego interno e iluminação entre outras devem ser alvo da análise para determinação da ambientação musical. 72 Deve-se ter em conta que a música pode ser utilizada tanto para atrair, quanto para afastar consumidores indesejados. Alguns tipos de loja podem explorar a utilização da música combinando a estética visual de veicular, em telões, videoclipes. Músicas mais rápidas tendem a tornar o processo de compra mais acelerado, enquanto a lenta estimula maior permanência do consumidor nas lojas, podendo aumentar o volume das compras. Tato - A utilização do tato, ou o ato de pegar nas mercadorias, visando sentir a textura, flexibilidade etc, gera um prazer antecipado à posse do produto e pode ser significativo no processo de tomada de decisão de compra do consumidor. Essa condição deve ser avaliada ao se projetar o layout, tipo de equipamentos de exposição e o acesso aos produtos. Permitir que os clientes interajam com os produtos antes de adquiri-los pode proporcionar o aumento da confiança na compra e reduzir os índices de devolução. Paladar - Em alguns tipos de negócios, as degustações de produtos são muito estimulantes para uma boa receptividade dos consumidores. Isso pode transformar a experiência de compra em uma atividade mais divertida, prazerosa e, inclusive, educativa. A.2.2 Comunicação A utilização de comunicadores visual ajuda a impulsionar as vendas, fornecendo informações sobre os produtos e sugerindo itens ou compras especiais. Os sinais e grafismos devem agir como uma ponte entre os consumidores e as mercadorias. Ou seja, os comunicadores visuais são utilizados não só para orientar os consumidores, mas também para reforçar a atmosfera a ser criada. O cuidado especial a se ter na sinalização é evitar o excesso de informações, seja em um sinalizador, seja no contexto global da comunicação visual. Os clientes devem ser capazes de compreender a informação do comunicador visual, rapidamente, conforme andam naturalmente pelo estabelecimento. Comunicação visual pode ser traduzida em comunicadores silenciosos. Sinalização - Normalmente é efetuada em três níveis: bem acima do nível dos olhos, utilizada para informação direcional e dos departamentos do negócio. Utiliza-se letras maiores; 73 logo acima do nível dos olhos, sinaliza as categorias dos produtos, ou promoções, elaboradas com letras médias; e ao nível dos olhos e das mãos, onde os clientes examinam os produtos e decidem pela compra, no ponto de venda. Integram-se com a apresentação dos produtos. Pôsteres de parede devem ser utilizados para destacar mercadorias usadas pelo mercado-alvo, sugerindo um estilo de vida, explicando o funcionamento do produto ou visualizando a forma de utilizar o produto. Sinalizações são também utilizadas para transmitir mensagens que enfatizem os diferenciais e vantagens competitivas do negócio. Etiquetas de precificação - Dependendo do grau de sofisticação e da estratégia do negócio, o grau de destaque das etiquetas de preços variará. Negócios mais sofisticados utilizam uma etiquetação mais discreta, enquanto aqueles que trabalham com preço baixo e com produtos mais populares procuram dar grande destaque à etiquetação de preços. Os produtos em oferta especial devem merecer uma sinalização e etiquetação específica. A.2.3 Conforto Está relacionado aos cuidados especiais que devem ser tomados com os elementos que irão proporcionar conforto aos clientes. Largura de corredores - Está intimamente associada ao grau de conforto proporcionado pelo negócio aos seus clientes. Quanto mais largos,maior a sensação de conforto e comodidade de locomoção. Pisos - Além de oferecer segurança e comodidade, os materiais utilizados no piso devem refletir a imagem desejada do negócio. Existem pisos mais ou menos sofisticados, mas a opção de utilização deverá estar integrada à proposta de imagem do negócio. Para o varejo de produtos alimentícios, deve-se ter preocupação na utilização de pisos que comuniquem higiene e que facilitem a limpeza. Temperatura e ruídos - Principalmente nas regiões onde podem ser encontrados extremos de temperatura – frio e calor intensos – a preocupação com a temperatura ambiente do negócio deve ser prevista, visando oferecer o melhor conforto térmico aos clientes. 74 Também é importante a análise dos níveis de ruído que estarão ambientando o negócio, para não se correr o risco de estabelecer um negócio que possa estar sujeito a ruídos desagradáveis para os clientes, desfavorecendo o contato com os vendedores, ou mesmo criando incômodos para o processo de decisão de compra. B-Área de exposição As decisões relativas à alocação do espaço para departamentos, categorias e itens de produtos constituem-se como decisões difíceis e complicadas para os planejadores de merchandising. É necessário responder a questões como: quais os itens, fornecedores, categorias e departamentos trabalhar; qual a quantidade de cada item, onde os produtos serão colocados e qual o espaço a ser ocupado? Normalmente a alocação do espaço é iniciada com base na produtividade das vendas – de acordo com o percentual de participação no faturamento. Entretanto, cinco outros fatores devem ser analisados: 1. a lucratividade do produto; 2. a rotatividade do produto e os estoques previstos – incluindo a área de vendas; 3. como o produto será exposto; 4. quais os itens estratégicos que se quer enfatizar e 5. como se dará a exposição visando atrair os clientes e facilitar as compras. Princípios da exposição Produtos de compra não planejada, ou de impulso devem receber mais espaço de exposição. Produtos localizados na altura dos olhos vendem mais do que os localizados no chão ou acima do nível dos olhos. Produtos de compra planejada e com margens menores devem ser menos favorecidos em termos de visibilidade – comparativamente com os produtos de compra não planejados. Na arrumação dos produtos, facilitar o processo de compra, seja por tamanho, cores ou categoria. Produtos de compra planejada devem ser expostos próximos de produtos complementares de compra não planejada. 75 Estimular a compra de produtos de melhor qualidade, colocando-os ao lado de produtos de preço mais baixo. Consultar, ou utilizar sempre as informações disponibilizadas pelos fabricantes dos produtos. Com relação à alocação de espaços, englobando a definição de áreas, existem métodos estatísticos utilizados para tais definições. Entretanto, decisões desse tipo não é bom que fiquem restritas a um cálculo, mas devem considerar os aspectos do comportamento do consumidor, estratégias de marketing e gerenciamento de categorias. B.1 Distribuição do espaço Basicamente podem ser reconhecidos dois espaços distintos para distribuição do espaço: a área de vendas e a de apoio. Área de apoio - Nessa área localizam-se os depósitos e áreas administrativas. Área de vendas - A área de vendas pode ser subdividida, de acordo como o tamanho do negócio, em área de exposição e de circulação. O principal dilema nessa distribuição de espaço está relacionada com a questão: oferecer mais espaço e conforto aos clientes, ou ocupar a área com mais produtos? A partir da definição da estratégia do negócio, apresentada no item 5.2.1, e das questões relacionadas ao ambiente interno, poder-se-á ter referências para definição dessa questão. B.2 Métodos de alocação de espaço utilizados Índice de produtividade - Baseado na expectativa ou resultado das vendas/m2, estabelece-se o percentual de participação no resultado do negócio, que representará o percentual de espaço ocupado. Índice de lucratividade - Baseado na relação da participação do lucro bruto do departamento no lucro bruto total. Índice do giro do estoque - É um método mais complexo que os anteriores e refere-se ao cálculo do retorno da margem bruta sobre o capital investido em estoque, por departamento ou seção. Tal indicador leva em conta o lucro bruto e o investimento em estoque dos produtos analisados para se calcular o espaço destinado no negócio. 76 B.3 Localização das seções e departamentos Comportamento do consumidor - Ao avaliar duas categorias cujo desempenho de vendas seja equivalente, maior espaço deve ser dado àquela cujo conceito seja de uma compra não planejada pelo consumidor, procurando proporcionar maior visibilidade aos produtos dessa categoria. Freqüência de reposição - Categorias de produtos que exigem grande freqüência de reposição na área de vendas devem ser posicionados onde permitam menor transtorno para o fluxo e seja cômodo para os clientes. Produtos de impulso - Produtos atrativos que têm como característica a compra por impulso devem ser posicionados na parte frontal ou onde possam ser vistos e atraiam os clientes para dentro do negócio. Gerenciamento de categorias - As decisões de localização das seções e departamentos serão influenciadas pelo conceito de gerenciamento de categorias, que leva em conta a importância e o papel desempenhado pelas seções, áreas ou departamentos na imagem e no posicionamento estratégico do negócio. Podem ser destacadas duas categorias de áreas principais: as áreas de demanda/destino - São aquelas áreas onde são posicionados os produtos cuja demanda já tenha sido criada antes de os clientes chegarem ao seu destino. Assim, tais produtos não precisam de locais principais ou privilegiados, pois os clientes que procuram por eles os encontrarão ou irão à procura deles, independentemente de onde estiverem localizados; as áreas de produtos ocasionais ou de conveniência - São aquelas áreas que demonstram pouca capacidade de atrair clientes e de influenciar a imagem do negócio. Recebem, assim, menos espaço e menor importância na localização. Deve-se ter em mente que uma decisão de distribuição das categorias poderá maximizar as margens de lucro, porém comprometer as vendas gerais, ou viceversa. B.4. Organização geral das seções e departamentos Básicas - Contêm os produtos do dia-a-dia. São mais bem posicionados no centro ou no fundo da loja para atrair os clientes. 77 Sazonais - Contêm os produtos de vida curta de prateleira, que precisam ser vendidos rapidamente. Devem ser posicionados na frente do negócio e nas paredes e zonas de impacto. Não sazonais – Assemelham-se às seções básicas, sendo caracterizadas por produtos susceptíveis de promoções no final de estações. Alto impacto - Contém produtos que geram compras por impulso, sendo posicionados nos pontos de maior movimento, na frente do negócio, nas zonas de impacto e próximos ao caixa. Alta lucratividade - São as seções que contêm os artigos que geram margens de lucro acima da média. Devem sem posicionados em pontos nobres, como à frente da loja e áreas de impacto. Baixa lucratividade - São as seções onde os produtos oferecem margens de lucro abaixo da média e não devem ficar nos pontos nobres da loja, a menos que sejam usados como atrativo para os clientes. Devem se localizar próximos às seções de alta lucratividade. Alto risco de furto - Representam as seções com maior índice de perdas devido à suscetibilidade ao furto, como a natureza do produto, tamanho e preço. Deve ficar protegida por balcões, ou vitrines, preferencialmente à vista dos vendedores ou na área do caixa. C-Layout Layout pode ser definido como o posicionamento dos equipamentos, móveis, balcões, paredes, colunas e toda espécie de estrutura utilizada para criação de corredores, que facilitem a movimentação dos clientes no negócio e promovam o relacionamento entre os departamentos e seções. Para isso, é fundamental estabelecer o grau de importância de cada um desses departamentos e seções no resultado de vendas da empresa e, conseqüentemente, dos produtos. Assim, têm-se dois objetivos básicos a serem observados: fluxo de clientes e produtividade do espaço – volume de vendas e lucratividade. Um bom layout possibilita ao varejista estimular o cliente a circular entre os diversos departamentos e seções, proporcionando o aumento das vendas médias por cliente. O layout deve permitir flexibilidade suficiente para movimentação interna dos equipamentos – móveis, mobiliário etc –, mobilidade e modificações dos arranjos, 78 face ao dinamismo e necessidades de acompanhamento das tendências de mercado e do comportamento do consumidor. E, finalmente, deve ser observada a previsão para acesso de deficientes físicos. C.1 Direcionamento C.1.1 Transição É importante a avaliação do ritmo como os clientes entram no negócio e como se comportam. Face a tais aspectos, pode ser necessária a criação de uma área de transição, posicionada logo à entrada do negócio, visando diminuir o ritmo da chegada dos clientes e proporcionar a perspectiva de uma ampla visão do negócio, logo à entrada. Nessa área, deve-se oferecer algo que estimule a atenção do cliente para diminuição de seu ritmo e adaptação ao ambiente interno. C.1.2 Virar à direita Partindo da premissa de que a maioria da população é destra (80%) e baseados na experiência de muitos especialistas em vendas, Geary (1998) aborda a tendência dos consumidores, que não têm um destino definido, de virarem à direita ao entrarem em um local. Recomenda-se, assim, que a área localizada à direita da entrada seja reservada para exposição de produtos que não sejam essenciais aos clientes, mas convenientes, visando estimular a compra. C.2 Áreas de destaque C.2.1 Zonas de impacto São pontos estrategicamente criados em áreas de intenso movimento, normalmente em cruzamentos de corredores, expondo e apresentando produtos com o objetivo de atrair a atenção do cliente para um determinado departamento ou seção e incentivar a compra. C.2.2 Paredes de impacto São as áreas criadas em qualquer parede que buscam atrair a atenção dos clientes. São utilizadas para apresentar lançamentos e temas sazonais. São bastante utilizadas para passar uma mensagem criativa, contar uma história aos clientes. 79 C.2.3 Foco visual Nem todos os pontos do negócio podem chamar a atenção dos clientes. Existem áreas apagadas, que precisam ser trabalhadas, visando convidar o cliente a visitá-la. Muitas destas áreas contam com pontos que se encontram dentro da área de foco visual dos clientes ao circularem pelos corredores principais. Tais pontos devem ser identificados e preparados para provocar o interesse dos clientes. C.2.4 Caixas, check-outs ou ponto de venda – PDV Pode se tornar a peça mais valiosa do layout, pois os clientes estão quase sempre presos nesse local, aguardando o momento de pagarem pelos produtos adquiridos. A exibição de produtos nesses locais poderá proporcionar aumento nas vendas, uma vez que os clientes, entediados de esperar sua vez, gastarão esse tempo fazendo compras. C.3 Estrutura dos corredores C.3.1 Grade Os equipamentos de exposição – gôndolas, por exemplo – estão dispostos paralelamente uns aos outros, formando longos corredores em um padrão repetitivo. Não se configura como o arranjo estético mais agradável, mas é útil para caminhadas de compras em negócios que querem provocar o movimento do cliente por toda a loja. É a disposição típica utilizada em supermercados, hipermercados, farmácias e lojas de desconto. C.3.2 Fluxo livre, ou forma livre Adotam uma variedade de equipamentos de exposição com diferentes tamanhos e formatos, criando um arranjo informal e uma atmosfera mais descontraída para o consumidor, estimulando-o a uma experiência mais agradável de compra. O formato facilita a movimentação e visualização da loja, uma vez que os equipamentos tendem a ser mais baixos. Como os clientes não são guiados, a venda pessoal torna-se muito importante. Exige algum sacrifício dos espaços de estocagem e de exposição para criar o ambiente adequado. Em alguns casos, face à especialização do negócio, são utilizadas butiques – departamentos ou seções projetados para se parecerem com lojas dentro da loja – altamente especializadas, 80 muitas vezes com estilos próprios de marcas e produtos. É comum ser utilizado em lojas de departamentos, de presentes e de confecções. C.3.3 Pista ou loop É um tipo de layout que apresenta um corredor principal que dará acesso às múltiplas seções da loja. Esse corredor faz curvas por toda a loja, fornecendo acesso às várias butiques que se criam. O design encoraja a compra por impulso, fazendo com que os olhos dos clientes ao passarem pela pista, sejam forçados a ver ângulos diferentes em lugar de olhar para apenas um lado do corredor, como o layout de grade. Nesse formato, é potencialmente interessante a utilização das zonas de impacto. É utilizado em lojas de departamentos e lojas especializadas. D-Apresentação das mercadorias Diversas alternativas podem ser utilizadas para definir a forma como os produtos serão apresentados. Devem ser observadas quatro questões básicas para nortear esse processo: alinhamento geral com a imagem da loja; natureza dos produtos expostos, definindo alternativas de armazenamento; tipos de embalagens e equipamentos (móveis) que poderão ser utilizadas para exposição; potencial de lucro desejado. D.1 Temas Para criar maior impacto na apresentação das mercadorias, os produtos devem ser apresentados de forma consistente com a imagem do negócio. Ou seja, devem procurar trazer à mente do cliente o conceito que o negócio quer transmitir, ou contar uma história aos clientes. Além dessa questão, outras três são importantes, também, no que tange à decisão de exposição: a natureza do produto, relativamente à forma como o mesmo pode ser exposto; o tipo de embalagem, que influencia na percepção de valor e o potencial de lucro oferecido pelos produtos. Os temas utilizados podem ser os mais variados, obedecendo a um calendário de eventos, estações, sazonalidades dos produtos, tipos de mercadorias, ou mesmo uma situação comum do dia-a-dia. 81 Orientado pelo estilo, ou idéia - Os produtos são apresentados sugerindo uma imagem ou uma idéia geral de como podem ser combinados e usados, encorajando o cliente a efetuar compras complementares. A apresentação tem o objetivo de tipificar as atividades, atitudes e gostos dos clientes, geralmente combinando mercadorias de vários departamentos afins, com o objetivo de criar um cenário. Orientado pelo produto, ou item - É uma das mais comuns apresentações, em que se oferece ao cliente a oportunidade de encontrar em determinado local todas as opções de um determinado tipo específico de mercadoria que o negócio comercializa. Orientado pela cor - Por ser um dos elementos importantes relacionado ao aspecto motivacional do cliente, a técnica de apresentação orientada pela cor configura-se como uma forma usual e de baixo custo no varejo. A apresentação pode se dar em uma cor única, ou por meio de combinações diversas. Orientado pelo preço - Representa a organização dos produtos em categorias de preços, em que se quer proporcionar facilidade para a pesquisa de preços do cliente. D.2 Arranjos, equilíbrio e focos visuais Densidade - Representa a decisão sobre a quantidade de mercadorias a ser colocada nas prateleiras. Em negócios de maior porte, tal decisão está baseada em softwares específicos. Em negócios de menor porte, deve-se projetar um alvo de capacidade detalhado e monitorar o fluxo de mercadorias até atingir o ponto ideal. Não é recomendável a operação com as prateleiras lotadas – sentimento de esmagamento –, nem muito menos vazias ou com poucas mercadorias – sentimento de pouca variedade, ou de estar tendo dificuldades comerciais. Acessibilidade - Refere-se à habilidade de expor os melhores aspectos dos produtos e proporcionar uma compra com o mínimo de esforço. Nesse item, existem algumas tendências comportamentais que orientam a exposição dos produtos, como a forma de leitura ocidental – da esquerda para a direita e de cima para baixo –, seguindo o movimento natural dos olhos e o melhor campo 82 visual, à altura dos olhos. Com isso, podem ser propostos alguns critérios que proporcionarão maior impacto para a apresentação das mercadorias, como: da esquerda para a direita - Expor de forma a permitir a leitura desejada (do menor para o maior, dos pequenos para os grandes etc.); verticalmente ou merchandising vertical - Representa a exposição do produtos seguindo a orientação da leitura de cima para baixo, proporcionando a exposição de maior variedade de produtos; ao nível dos olhos e das mãos - Posicionar os produtos na altura média dos olhos dos clientes e ao alcance de suas mão, estendidas horizontalmente; virada para fora ou frontal - Representa a exposição da parte frontal, ou de fora do produto, que apresenta maiores detalhes e é mais chamativa aos clientes. Merchandising cruzado (cross merchandising) - Refere-se à exposição de um produto adicional que combina com o artigo principal que o cliente está pensando em comprar. Essa técnica funciona com melhores resultados quando é aplicada em áreas nobres ou de impacto. Merchandising de tonelagem - É a técnica de exposição em que grandes quantidades de mercadorias são expostas juntas, com o objetivo principal de gerar a percepção da quantidade com preços baixos. É bastante usado nos negócios que querem aprimorar e reforçar a imagem de preço. Planogramas - São mapas para determinação dos locais onde os produtos devem estar alocados nas seções ou departamentos. É um diagrama criado a partir de fotografias que ilustram onde cada SKU deve ser colocada. Tais mapas são informatizados, tendo como base as necessidades dos varejistas: Entre outras, rotatividade do estoque e margens de lucro pretendida. O principal objetivo a que se prestam os planogramas refere-se ao monitoramento da produtividade das vendas, visando a otimização da lucratividade. E-Eventos Os eventos representam a oportunidade de se dar um passo à frente da concorrência, proporcionando uma experiência única para os clientes. Devem ter 83 como objetivo o envolvimento e entretenimento dos clientes, valorizando os produtos e serviços oferecidos no negócio. As características e a natureza destes eventos dependerão do objetivo e da estratégia do negócio. Contudo, eles devem oferecer uma forma de encorajar e incentivar os clientes a entrar e comprar, criando uma lembrança mais duradoura da experiência que se quer proporcionar. Principais resultados a serem alcançados com os eventos: atrair novos clientes; reanimar clientes regulares; diferenciar o negócio; gerar publicidade e propaganda boca-a-boca; entreter e criar experiências; aumentar o tráfego de clientes no negócio. Os tipos principais de eventos podem ser divididos em três categorias: Entretenimento - Proporcionar experiências agradáveis via momentos de distração, lazer e recreação; Treinamento - Proporcionar experiências na forma de melhoria do conhecimento dos produtos e serviços, passando informações gerais e realizando demonstrações sobre utilização, manuseio e aplicações; Interação - Proporcionar experiência ao permitir que os clientes interajam com os produtos antes de adquiri-los, aumentando sua confiança na compra. Tornar o cliente o agente da demonstração. Dessa forma, apresentamos a contribuição desse trabalho, propondo um modelo unificado das técnicas empregadas para implementação de um projeto de merchandising, que abrange empresas de diversos portes. 84 CAPÍTULO III METODOLOGIA DE PESQUISA 85 Este capítulo apresenta a metodologia adotada para levantamento de dados, incluindo definições de universo e amostra, construção do instrumento de coleta de dados e procedimentos de campo. 3.1- Tipo de pesquisa A pesquisa utilizada nesse trabalho foi de caráter exploratório, uma vez que se buscou obter maior esclarecimento sobre a utilização de uma determinada técnica, no caso, a utilização do merchandising, com vistas à formulação de problemas mais precisos para estudos posteriores, conforme nos ensina GIL (1995). Tal escolha se deu pelo fato de, em nossas investigações iniciais, não terem sido encontradas informações relacionadas ao tema e Mattar (1999, p. 80) diz que: “é apropriada para os primeiros estágios da investigação quando a familiaridade, o conhecimento e a compreensão do fenômeno por parte do pesquisador são, geralmente, insuficientes ou inexistentes”. Assim, foram coletados dados primários, com utilização de corte transversal, ou seja, os elementos foram medidos uma única vez no tempo, visando atender a um objetivo específico. 3.2- Caracterização do universo e da amostra pesquisada O universo, ou população de pesquisa, em conformidade com o problema de pesquisa apresentado, é formado pelas micro e pequenas empresas varejistas de Belo Horizonte. Com o objetivo de obter o máximo de precisão na determinação do tamanho do universo, recorreu-se ao cadastro mais representativo da cidade de Belo Horizonte: o cadastro utilizado foi o da Câmara de Diretores Lojistas de Belo Horizonte – CDL-BH. A CDL-BH é uma das entidades representativas do comércio varejista de Belo Horizonte e conta hoje com cerca de 10.000 associados. Anualmente, a CDL-BH realiza um censo com seus associados buscando a atualização de dados. 86 A partir desse universo, alguns cortes foram estabelecidos na definição da amostra de pesquisa visando direcionar o estudo e facilitar o procedimento de coleta de dados. O primeiro corte diz respeito ao acesso aos respondentes. Nesse sentido, foram pesquisadas somente as empresas varejistas de micro e pequeno porte de Belo Horizonte, que estavam em atividade no ano de 2002. O segundo corte diz respeito ao entendimento, intenção e utilização dos conceitos de merchandising nos estabelecimentos varejistas. Ou seja, identificar no universo de pesquisa, empresas que objetivamente pudessem ser pesquisadas sobre o emprego das técnicas de merchandising. Desse modo, verificou-se a existência de um treinamento, ofertado pela CDLBH, denominado: “O impacto visual da sua loja: o primeiro passo para atrair clientes”, voltado para empresas varejistas, cuja característica principal é orientar os varejistas para a aplicação das técnicas de merchandising. Esse treinamento oferece, por meio de um guia prático, instrumentos para desenvolvimento das técnicas de merchandising em negócios varejistas. Maiores detalhes poderão ser verificados no ANEXO B. Assim, de acordo com Mattar (1999, p. 83): uma forma de identificar as pessoas certas é indagar junto a administradores que trabalham na área em estudo, estrategicamente situados, quem são os indivíduos com mais experiência, informação, capacidade analítica e capacidade de comunicar suas experiências e conhecimentos. Em se tratando de um estudo exploratório, a utilização dos participantes do treinamento oferecido pela CDL-BH foi considerada como fonte de dados adequada para a realização de uma pesquisa de levantamento de experiência, cujo objetivo “é obter e sintetizar todas as experiências relevantes sobre o tema em estudo e, dessa forma, tornar o pesquisador cada vez mais consciente da problemática em estudo.” (MATTAR, 1999, p. 83). Assim, a amostra de pesquisa compreendeu as micro e pequenas empresas varejistas de Belo Horizonte, em atividade no ano de 2002, que tenham participado do referido treinamento relacionado ao tema merchandising, desenvolvido pela CDLBH, nos últimos cinco anos anteriores à data de realização desse trabalho. E, o critério utilizado para classificar micro e pequenas empresas foi o do número de empregados, baseado nas informações disponibilizadas pelo SEBRAE (2002). 87 A utilização desse universo justifica-se pelo fato de ser a CDL-BH uma das entidades representativas do comércio varejista de Belo Horizonte, contando, como associados, cerca de 60% dos negócios de varejo existentes em Belo Horizonte. Justifica-se, também, pelo fato de desenvolver uma metodologia de um programa de orientação e capacitação específico sobre a utilização do merchandising em empresas varejistas de micro e pequeno porte, já citado anteriormente, “O impacto visual da sua loja: o primeiro passo para atrair clientes”. Amostragem A partir das informações disponibilizadas pela CDL-BH, referente ao cadastro das empresas e participantes do treinamento “O impacto visual de sua loja – o primeiro passo para atrair clientes”, foram tomadas as seguintes medidas: 1º. passo- Seleção das empresas participantes que se enquadravam no do perfil do número de funcionários – classificação por número de funcionários – menor ou igual a 29; 2º. passo- Triagem de empresas que não se enquadravam no critério de varejo, tais como instituições financeiras, empresas prestadoras de serviço, consultores, indústrias, etc. 3º. passo- Identificação do elemento de pesquisa nos dados fornecidos. Com isso, foram eliminados (desconsiderados) 2,90% (13 unidades) do universo inicial de 449 unidades. A partir dessa triagem, foi iniciado o contato com as unidades amostrais, visando identificar os elementos de pesquisa, tendo sido encontrados os seguintes problemas de pesquisa: em 6,24% (28 unidades) do universo, as ligações não se completaram, tendo sido realizadas oito tentativas em dias alternados; em 19,60% (88 unidades) do universo, não foi possível localizar a unidade amostral, tanto quanto o elemento de pesquisa, devido a mudanças de endereço ou do telefone; em 30,07% (135 unidades), o elemento de pesquisa alegou não ter participado do referido treinamento, caracterizando-se como erro do cadastro fornecido para a pesquisa. 88 Dessa forma, o universo inicial foi ajustado, eliminando-se tais unidades amostrais, encontrando como universo ajustado o total de 185 unidades amostrais, ou 41,29% do universo total inicial. Essas considerações poderão ser observadas no GRÁF. 1. Telefone não atende 6,24% Pessoa não localizada 19,60% Desconsidera dos 2,90% Três tentativas de entrevista 17,59% Universo ajustado 41% Não fizeram o treinamento 30,07% Não trabalha na empresa 7,35% Avaliados 16,26% GRÁFICO 1 – Análise dos dados FONTE – Elaborado pelo autor da dissertação A partir do universo ajustado, foram encontrados os seguintes resultados: 17,84%, ou 33 elementos de pesquisa não puderam ser localizadas via telefone de contato fornecido; não sendo possível executar a pesquisa; 42,70%, ou 79 elementos de pesquisa, não se interessaram em responder a pesquisa, por motivos diversos, sendo apresentados como mais comuns, a falta de tempo ou a solicitação de se manter um contato mais tarde ou em outro horário. Em todos esses casos, foram realizadas três tentativas em dias e horários diferentes – ou naqueles horários determinados pela unidade de observação. 39,46%, ou 73 elementos de pesquisa, foram objeto da entrevista. Essas informações estão apresentadas no GRÁF. 2. 89 Não trabalha na empresa 17,84% Pesquisados 39,46% Três tentativas de entrevista 42,70% GRÁFICO 2 – Universo ajustado FONTE – Elaborado pelo autor da dissertação A partir dos 73 elementos de pesquisa, foram obtidos os seguintes dados: em 52,05%, ou 38 unidades, tratava-se de proprietários/lojistas; em 34,25%, ou 25 unidades, tratava-se de funcionários da empresa e em 13,70%, ou 10 unidades, tratava-se de consultores, arquitetos, decoradores e parentes ajudando o empresário varejista. Assim, a participação no treinamento se dá de forma quase eqüitativa entre empresários varejistas e outras pessoas que colaboram com o negócio, que foram denominados colaboradores. Face a essa primeira constatação, foi estabelecida uma análise em separado dos dois grupos: o grupo formado pelos elementos de pesquisa constituídos pelos proprietários de negócios varejistas de micro e pequeno porte de Belo Horizonte, que foi denominado GEMP, com 38 unidades e o grupo formado pelos elementos de pesquisa colaboradores do primeiro grupo, que foi denominada GCOL, com 25 unidades – total de 63 unidades pesquisadas. Ou seja, foi estabelecido um corte no universo ajustado, visando identificar com maior clareza uniformidades, ou desvios nas respostas apresentadas por esses dois grupos identificados. Esse corte, ou segmentação é assim analisado por Aaker, Kumar e Day (2001, p. 407): em quase todas as pesquisas, uma comparação entre dois grupos oferece informações importantes e, geralmente, é a razão motivadora do estudo. Portanto, é necessário considerar o menor grupo para assegurar que seu tamanho seja suficiente para proporcionar a confiabilidade necessária. Além da comparação entre grupos principais, a análise pode considerar os subgrupos. 90 O perfil dos elementos de pesquisa está representado no GRÁF. 3. Outros 13,70% Proprietário / lojista 52,05% Funcionário 34,25% GRÁFICO 3 – Perfil dos elementos de pesquisa FONTE – Elaborado pelo autor da dissertação 3.3- Concepção do instrumento de coleta de dados Para o desenvolvimento da pesquisa, considerando-se suas características qualitativas, foi utilizado um questionário semi-estruturado, não disfarçado como instrumento de coleta de dados. Sua construção se deu da seguinte forma: • geração de questões relacionadas aos motivos que teriam levado os participantes a participarem de um treinamento sobre merchandising, com vistas a identificar os fatores motivadores para adoção, ou utilização do merchandising nas empresas; • identificação da percepção da eficiência das técnicas que foram alvo do treinamento e do emprego dessas técnicas nas empresas que representavam; • forma como se deu a aplicação das técnicas de merchandising e os resultados que poderiam atribuir à aplicação dessas técnicas; • as questões foram ordenadas e editadas, buscando-se eliminar duplicidade e irrelevâncias; • as questões foram submetidas a dois grupos de especialistas: um formado por instrutores do treinamento e outro por especialistas em marketing, que avaliaram as questões e identificaram a pertinência e adequação da 91 linguagem. Os especialistas foram selecionados utilizando-se a amostragem por conveniência. Cabe ressaltar que o perfil de respondentes foi pré-identificado através do cadastro fornecido, sendo necessário, exclusivamente, no momento da coleta de dados, a confirmação dos dados fornecidos. Após compiladas as contribuições dos especialistas, foi gerado o questionário para desenvolvimento do pré-teste. O pré-teste teve como objetivo corrigir desvios de linguagem e verificar a adequação das questões, procurando conhecer como se daria o comportamento numa situação real de coleta de dados, conforme Mattar (1999). O pré-teste foi submetido a um grupo piloto de três micro e pequenas empresas varejistas de Belo Horizonte, pertencentes à população-alvo desse estudo, com todas as características da amostra pretendida, que foram excluídas do arcabouço amostral. O critério dessas empresas foi não-probabilístico, prevalecendo a conveniência, a partir da facilidade de acesso às mesmas. Após realizadas as correções identificadas no pré-teste, chegou-se ao modelo final do questionário (ANEXO A). 3.4- Pesquisa de campo e método de coleta de dados A pesquisa consistiu na realização de entrevistas junto a representantes de empresas varejistas de micro e pequeno porte de Belo Horizonte, que receberam treinamento, formalmente, sobre a aplicação de técnicas e métodos de utilização do merchandising e que pudessem ter utilizados estas técnicas e métodos em negócios varejistas de micro e pequeno porte. Foram consideradas unidades amostrais, ou seja, a unidade básica que contém os elementos da população a ser submetida à amostragem, conforme Malhotra (2001), as empresas varejistas de micro e pequeno porte e os elementos de pesquisa, ou, conforme Malhotra (2001), o objeto que possui a informação desejada e sobre o qual devem ser feitas inferências, os representantes das unidades amostrais no treinamento “O impacto visual da sua loja: o primeiro passo para atrair clientes”, desenvolvido pela CDL. O método escolhido para a coleta de dados foi a entrevista por telefone, considerado por Aaker, Kumar e Day (2001) o método dominante para a obtenção 92 de informações de grandes amostras. Aaker, Kumar e Day (2001) ratificam a utilização da entrevista por telefone, ao afirmarem que muitas das limitações conhecidas das entrevistas telefônicas estão se revelando de pouca significância para grande parte dos problemas de marketing. Os mesmos autores citam que o Survey Research Center da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos descobriu existir pouca diferença na acuracidade de respostas entre as entrevistas pessoais ou telefônicas. E que, nos resultados da entrevista por telefone, foram obtidas menos respostas diferenciadas, por eliminar impressões subjetivas do entrevistador, superando questões relacionadas à empatia entre entrevistado e entrevistador, tanto quanto redução dos erros de tendência do entrevistador pelo maior anonimato da situação. Após aplicação do questionário, foi feita a revisão, buscando identificar problemas de conteúdo e consistência das informações. Aqueles questionários, considerados corretamente respondidos foram considerados aprovados e compuseram a massa de informações coletadas. Os não aprovados, por qualquer motivo, foram alvo de retorno, ou seja, nova entrevista, com o intuito de corrigir o problema detectado. Quando obtida a correção os questionários eram considerados aprovados e quando verificava-se a impossibilidade de correção, os mesmos eram eliminados. Os questionários considerados consistentes foram alvo de tratamento das informações, conforme apresentado no Capítulo IV – Resultados da Pesquisa. 93 CAPÍTULO IV RESULTADOS DA PESQUISA 94 4.1- Fatores motivadores e objetivos espontâneos A principal questão apresentada aos elementos de pesquisa visou avaliar os fatores motivadores que os levaram a participar do treinamento “O impacto visual de sua loja – o primeiro passo para atrair clientes”. Os resultados obtidos estão descritos a seguir. 1. Considerando o grupo GEMP, puderam ser observadas respostas cujo principal objetivo se caracterizou por uma tentativa de organização da loja, sem que pudesse ser identificado um interesse estratégico na adoção da tecnologia do merchandising. Foram explícitas as respostas sobre o interesse em chamar a atenção imediata dos clientes, mas sem uma conotação de estar sendo feito um investimento em um diferencial estratégico para o negócio, conforme pode ser constatado nestas duas respostas do grupo GEMP: “tenho um comércio e queria saber como organizar as prateleiras, como chamar a atenção dos clientes”. “Para organizar a loja”; 2. em outros casos, o objetivo de participar do treinamento foi a possibilidade de melhoria da aparência do negócio, como um processo rotineiro de mudança da decoração, ainda sem a preocupação com o enfoque estratégico do negócio, conforme pode ser observado por meio das declarações do grupo GEMP: “estava pensando em melhorar as vitrines. Nunca fizemos nada na loja”. “Achei que precisava melhorar a aparência, o visual”... “Queria melhorar o visual da empresa”. “Para melhorar o visual da loja, fazer uma reciclagem”. “Vou em tudo que é novo. Tudo que aparece eu faço. Como era de visual e me preocupo muito com o visual, resolvi fazer”. “Era presidente da associação dos lojistas [...]. Fui participar para dar o exemplo para os outros lojistas [...] para melhorar os aspectos das lojas [...]”; 3. a terceira situação encontrada no grupo GEMP se caracterizou por uma preocupação em identificar técnicas que pudessem auxiliá-los nas mudanças que desejavam implementar em seus negócios. Entretanto, apesar de se verificar uma 95 procura dirigida a uma alternativa de solução, não se pode afirmar que havia consciência sobre os reais resultados que esperavam obter ao participar do treinamento. Ou seja, realizavam uma busca ampla de conhecimentos que, ocasionalmente, poderia lhes proporcionar algum resultado positivo. Não se pode afirmar, novamente, que havia um deliberado interesse em conhecer os resultados que a aplicação das técnicas de merchandising poderiam proporcionar. Assim, a resposta à questão sobre o fator motivador de participar do treinamento foi declarada pelos elementos de pesquisa do grupo GEMP, como: “estávamos montando uma nova loja”. “Estava fazendo uma reforma na loja.” “Tenho duas lojas e me interessei. Estava fazendo a reforma da loja”... “Queria dar um impacto na loja, modificar a loja”. “Para melhorar alguma coisa na lanchonete”. “Tenho loja e queria mudar algumas coisas”. “Necessidade de saber mais, achava que estava faltando algo na empresa”; 4. o quarto subgrupo (do grupo GEMP) de respostas apontou para uma situação de interesse genérico relacionado a um aprendizado contínuo, mas ainda sem denotar, explicitamente, uma causa específica para participar do treinamento, como pode ser observado pelas repostas apresentadas à questão pelos elementos de pesquisa: “curiosidade. Todo curso é válido. Sempre vou aos cursos”. “Tenho uma loja e me interessei pelo curso”. “A Associação do [...] Shopping tem convênio com o (sic) CDL e aí eu me interessei pelo curso”. “Sou designer. É sempre interessante para estar por dentro disso”; 5. o quinto subgrupo (do grupo GEMP) identificado, apresentou, de forma bem mais específica que as demais, respostas indicando um bom grau de esclarecimento quanto aos objetivos que determinaram sua participação no treinamento. Pode ser identificado, pelas respostas apresentadas, o interesse em 96 obter informações que pudessem criar um diferencial estratégico para o negócio, proporcionar diferenciais frente à concorrência e, conseqüentemente, contribuir para a melhoria do desempenho do negócio, como poderá ser avaliado pelas exposições apresentadas a seguir: “para melhoria das vendas. Como a loja é antiga, estávamos buscando novos clientes. E também estava fazendo uma monografia sobre merchandising”. “Trabalho dentro da área, com representação comercial. Na época estava reformando meu show room e queria orientar os clientes do interior, como iluminar a loja, a disposição de mercadorias”. “Por necessidade de mudar layout. Criar um diferencial em relação a concorrência”. “Eu estava com uma obra em andamento e precisava melhorar o aspecto. Aproveitei para fazer o treinamento e criar uma diferença em relação à concorrência”. Ao se observarem os fatores motivadores apresentados pelo grupo que foi denominado GCOL – formado pelos elementos de pesquisa colaboradores dos empresários varejistas –, podem ser percebidas, de forma mais acentuada, algumas das mesmas situações encontradas no grupo GEMP, relativas à falta, ou à ausência do conhecimento dos objetivos e resultados que o treinamento poderia proporcionar. Ou seja, os elementos de pesquisa do grupo GCOL apresentaram, aparentemente, menor grau de esclarecimento que os motivassem a participar do treinamento, conforme será apresentado a seguir: 1. em alguns casos, pode ser encontrado um específico interesse pessoal, despertado por algum agente externo e demonstrado pelas respostas do grupo GCOL: “interesse pessoal”. “Tenho vontade de abrir uma loja”. “Aperfeiçoar mais”. “Achei o tema interessante”. “Um colega que tem uma rede de lojas me convidou. Fui porque como sou arquiteta achei o tema interessante”. 97 “Eu trabalhava numa loja, era a gerente e queria crescer dentro do que faço. Renovar sempre”. “Gosto de mexer com vitrine, com público, com marketing, por isso me interessei”. “Gosto da área de decoração e fui fazer para ver se ajudava meu marido”. “Fui convidada por uma empresa para fazer a parte comercial dela. Fiz o curso para buscar novas informações”; 2. e, em outras afirmações, apenas obedecendo ou cumprindo uma ordem ou orientação superior, sem explicitar objetividade naquilo que deveria ser alcançado com a participação no treinamento, conforme as declarações destacadas do grupo GCOL: “a empresa queria ter idéias novas para a loja. E também fazer uma reciclagem”. “A empresa foi que pediu para fazer o curso”. “A dona da empresa me pediu para ir. Tinha o objetivo de melhorar a visualização da loja”. “Convite do chefe”. Após essas avaliações iniciais, foi possível estabelecer uma primeira conclusão. Refere-se ao pouco esclarecimento ou mesmo percepção dos objetivos que estão por trás da tecnologia do merchandising. Isto é, apesar das grandes vantagens apresentadas por diversos autores citados nesse trabalho, considerando aspectos relacionados a diferenciais competitivos, aumento da competitividade, maior fidelização dos clientes entre outras, é patente a ausência de informações e conhecimento dos resultados que podem ser proporcionados pela utilização da tecnologia do merchandising nas micro e pequenas empresas varejistas de Belo Horizonte. Ou seja, a utilização da técnica encontra-se, ainda, conforme sugere Geary (1998), como uma função estética de algumas décadas atrás, sendo apenas objeto de melhoria da aparência da loja e da apresentação dos produtos. 4.2- Análise dos fatores motivadores – respostas estimuladas No segundo momento das entrevistas, procurou-se estabelecer uma relação direta sobre possíveis causas que pudessem ter estimulado a participação dos 98 elementos de pesquisa a acessar a tecnologia do merchandising. Esses possíveis agentes motivadores foram prospectados via indagações realizadas junto aos instrutores e consultores que ministraram o treinamento “O impacto visual de sua loja – o primeiro passo para atrair clientes”, por meio da avaliação realizada no préteste do questionário de pesquisa e das informações obtidas via levantamentos bibliográficos desse trabalho. Conforme mencionado anteriormente, visando obter maior uniformidade e clareza entre os dois grupos que foram identificados (GEMP e GCOL) como elementos de pesquisa, foram obtidos os resultados apresentados nos GRÁF. 4 e 5. Fatores motivadores - U = 38 proprietários N ão r es po nder am 23,7% A jus t ar -s e à co nco r r ênci a 44,7% M o der niz ar co ncei t o s e t ecnl o gi as 47,4% N eces s idade da empr es a R eco mendação s uper io r 63,2% 0,0% Int er es s e pes s o al 60,5% A per f ei ço ament o 55,3% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% GRÁFICO 4 – Fatores motivadores e objetivos: estimulados – GEMP FONTE – Elaborado pelo autor da dissertação 99 Fatores motivadores - U = 35 colaboradores N o r esponder am 28,6% Ajustar -se à concor r ência 25,7% Moder nizar conceitos e tecnl ogias 40,0% Necessidade da empr esa 37,1% 31,4% R ecomendaç o super ior Inter esse pessoal 60,0% Aper feiçoamento 51,4% 0% 10% 20% 30% 4 0% 50% 60% 70% 80% GRÁFICO 5 – Fatores motivadores e objetivos: estimulados – GCOL FONTE – Elaborado pelo autor da dissertação As respostas estimuladas ajudam a ratificar, de uma forma geral, o baixo grau de esclarecimento quanto à percepção das possíveis vantagens oferecidas pela utilização das técnicas de merchandising. Nessas respostas pode ser constatado que os elementos de pesquisa são, quando se trata do grupo GCOL, dotados de menor grau de esclarecimento quanto aos objetivos pretendidos relacionados a uma melhoria dos resultados para a empresa. Seus objetivos prioritários concentram-se nas respostas relativas a um interesse pessoal, ou aperfeiçoamento técnico. Objetivos ligados a um posicionamento frente à concorrência – ajustar-se à concorrência –, ou percepção da necessidade da empresa são relegados a um segundo plano, apontando para um baixo grau de prioridade relacionado a questões de âmbito estratégico empresarial. Quando os elementos de pesquisa estão representados pelos empresários varejistas, ou seja, o grupo GEMP, a situação se apresenta sob outra perspectiva. Nesse caso, apesar de ainda ser significativo o interesse pessoal e o interesse de aperfeiçoamento técnico, a necessidade de melhorias na empresa surge como principal objetivo ou fator motivador, podendo ser destacada, ainda, a necessidade do posicionamento frente à concorrência, que chega a alcançar quase a metade das respostas estimuladas. Pode-se verificar a ocorrência de baixo grau de esclarecimento das micro e pequenas empresas varejistas de Belo Horizonte pesquisadas, quanto aos 100 resultados proporcionados pela utilização das técnicas ou da tecnologia do merchandising. Deve ser registrada, contudo, a ocorrência de situações isoladas do conhecimento das técnicas e tecnologia do merchandising, sem que isso possa significar uma tendência, mas ilhas de discernimento. Depreende-se, a partir desses dados, que os resultados obtidos com a utilização das técnicas de merchandising sejam pouco significativos, sob o ponto de vista científico, em proporcionar diferenciais competitivos, aumento da competitividade, melhoria dos resultados operacionais e maior fidelidade dos clientes, entre outros, uma vez que, em não se sabendo o que alcançar, ou que resultados esperar, não se poderá mensurá-lo. Ou, se mensurado, mensurar-se-á o imprevisto, o fortuito, o casual o que não constitui uma estratégia, conforme definido por Porter (1996) ou Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000). 4.3- Merchandising: a estratégia deliberada Quanto ao grupo GEMP, que demonstrou discernimento após a enquete estimulada, procurou-se avaliar mais detidamente, visando identificar se tal situação se configurava como casual ou se representava, de forma concisa, uma estratégia deliberada. Nesse sentido, foram levantadas as informações – cruzamento dos dados – relativas às respostas positivas das seguintes questões estimuladas: necessidade de a empresa ajustar-se à concorrência e modernizar conceitos e tecnologias, bem como dos elementos de pesquisa que afirmaram positivamente terem buscado agir estrategicamente – item “Fatores motivadores e objetivos espontâneos, parágrafo 5. Os elementos de pesquisa do grupo GEMP que confirmaram os quesitos mencionados foram considerados na análise seguinte, mesmo tendo apresentado fatores motivadores em participar do treinamento que pudessem ser considerados discrepantes com uma estratégia deliberada, como as seguintes afirmações apresentadas: “vou em tudo que é novo. Tudo que aparece eu faço. Como era de visual e me preocupo muito com o visual, resolvi fazer”. “Na época estava organizando um programa de treinamento do [...] Shopping”. 101 “Tenho um comércio e queria saber como organizar as prateleiras, como chamar a atenção dos clientes”. Entretanto, considerando que se tratava de decisões conscientes a partir das respostas estimuladas, foi realizada a avaliação dos resultados alcançados, ou seja, mensuração de resultados obtidos com a utilização das técnicas de merchandising apresentadas no treinamento “O impacto visual de sua loja – o primeiro passo para atrair clientes”. Os principais resultados alcançados foram: 1. Intensidade da aplicação dos conhecimentos adquiridos 20% dos elementos de pesquisa afirmaram não terem aplicado qualquer conhecimento no negócio, contra 80% que disseram terem feito uso de algum conhecimento adquirido no treinamento. Aplicação dos conhecimentos - U = 15 proprietários Não aplicou 20,0% Não respondeu 0,0% Mais de 50% 33,3% Menos de 50% 46,7% GRÁFICO 6 – Aplicação dos conhecimentos adquiridos FONTE: Elaborado pelo autor da dissertação. 2. Estado da arte da tecnologia apresentada no treinamento A maioria dos elementos de pesquisa (58,3%) considerou que a tecnologia disponibilizada no treinamento “O impacto visual de sua loja – o primeiro passo para atrair clientes” contou com técnicas modernas e inovadoras. Outros 33,3% afirmaram ser a técnica apresentada, apesar de comum, com certo grau de inovação. Com isso, podem ser factíveis duas avaliações: 102 a) percepção, pelos elementos de pesquisa, de diferenciais competitivos que pudessem estar diferenciando o negócio, caso utilizadas; b) o receio ao risco de executar algo fora dos padrões conhecidos – por considerarem as técnicas inovadoras. Essas duas condições, por sua vez, poderiam determinar comportamentos diferentes, como a assunção do risco e implementação das técnicas ou sentimento de impotência ou falta de capacidade para empregar a tecnologia. Ratifica-se a presunção de que os elementos de pesquisa tinham consciência dos objetivos a serem alcançados. Estado da arte da tecnologia - U = 12 proprietários Técnicas ultrapassadas 0,0% Não responderam 8,3% Técnicas comuns com alguma inovação 33,3% Técnicas modernas e inovadoras 58,3% GRÁFICO 7 – Estado da arte da tecnologia disponibilizada FONTE: Elaborado pelo autor da dissertação Assim, apesar de se tratar de uma tecnologia moderna e inovadora para a maioria, os conceitos disseminados e/ou percebidos no treinamento “O impacto visual de sua loja – o primeiro passo para atrair clientes” foram considerados, em sua maior expressão, como parcialmente inéditos (66,7%), o que poderia determinar maior ou melhor comodidade na aplicação das técnicas, subtraindo parte dos riscos apontados anteriormente. 103 Grau de avanço percebido no evento - U = 12 proprietários Não responderam 0,0% Nada de novo 0,0% Conceitos inéditos 33,3% Conceitos parcialmente inéditos 66,7% GRÁFICO 8 – Nível dos conceitos disseminados FONTE: Elaborado pelo autor da dissertação 3. Aplicação das técnicas de merchandising Face ao exposto e a partir das técnicas disseminadas no treinamento “O impacto visual de sua loja – o primeiro passo para atrair clientes”, buscou-se identificar quais dessas técnicas foram exploradas pelos elementos de pesquisa. Considerando os fatores motivadores explicitados de forma espontânea – primeira questão abordada na pesquisa –, em que ocorreu uma significativa recorrência de motivos relacionados à melhoria da organização e do layout – contidos na técnica denominada layout – e dos aspectos relacionados à vitrine – contidos no âmbito da técnica imagem – por meio GRÁF. 9 pode ser observado que essas técnicas garantiram a maior expressividade de utilização, possibilitando ratificar a condição de aplicação deliberada da tecnologia presumida nesse trabalho. Contudo, deve ser levado em conta, também, que esses itens – layout e vitrine – são os itens que apresentam maior conhecimento empírico por parte das pessoas, constatados pelas afirmações vistas nesse trabalho pelos elementos de pesquisa, podendo estar havendo forte correlação nas respostas, mas essa correlação ultrapassa a capacidade de análise – e não é o alvo – desse trabalho. Todavia, nesse sentido, dado o grau de desconhecimento ou dificuldade do emprego de técnicas como eventos, cenários e apresentação das mercadorias é, ou demonstra ser, notória a tendência de utilização das técnicas de merchandising, 104 que, à primeira vista, sejam mais fáceis de aplicação ou estejam no âmbito do conhecimento empírico dos elementos de pesquisa. Mais uma vez podem ser utilizadas as respostas apresentadas, nesse caso a técnica de sinalização, para demonstrar a coerência dessa conclusão (GRÁF. 9). Técnicas aplicadas - U = 12 proprietários 8,3% E v ent o s C enár io s 25,0% S inali zaç o 58,3% 41,7% A pr es ent aç o L ayo ut 66,7% Imagem 66,7% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% GRÁFICO 9 – Técnicas de merchandising utilizadas FONTE: Elaborado pelo autor da dissertação 4. Critérios de aplicação das técnicas Uma vez verificado que os elementos de pesquisa haviam implementado a utilização das técnicas, buscou-se identificar que mecanismos serviram de base para a implementação. O objetivo dessa questão esteve assentado na avaliação do grau de utilização de ferramentas científicas para levar a cabo os objetivos propostos pelos elementos de pesquisa. Constatou-se uma situação circunspeta. Ou seja, o baixo índice de utilização de ferramentas científicas. Tanto o manual de procedimentos fornecido no treinamento “O impacto visual de sua loja – o primeiro passo para atrair clientes”, que contém ferramentas, exemplos e instruções detalhadas para implementação das técnicas de merchandising, quanto à utilização de uma assessoria técnica disponibilizada pela CDL-BH, ou ainda, a contratação de profissionais experientes, todos foram descartados em nome de uma pretensa capacidade e competência de conhecimentos considerada pelos elementos de pesquisa – orientando-se pelo próprio conhecimento. 105 Ao serem cruzados os dados referentes à contratação ou uso de uma referência técnica – bibliografia – agregada ao conhecimento empírico, o percentual de ocorrência foi que 16,7% conciliaram a técnica à experiência. Essa condição provoca distorções quanto ao emprego adequado e correto das técnicas de merchandising e, por conseguinte, nos resultados que poderiam ser alcançados. Nesse sentido, mais uma vez, pode ser considerado pouco adequado um processo de mensuração quantitativa de resultados alcançados com o emprego das técnicas de merchandising. Ainda, com relação à não utilização de referências técnicas – bibliografia –, alguns elementos de pesquisa chegaram a afirmar a desconexão do material com a realidade das empresas, seja em função de o modelo disponibilizado ser considerado com características estrangeiras – metodologia canadense adotada pela CDL-BH no treinamento, com problemas de tradução e adaptação –, seja pelo porte das empresas que participam do treinamento, conforme pode ser constatado pelas afirmações apresentadas a seguir: “o curso é muito bom. Foi muito válido. Mas acho que eles precisam abordar mais a realidade brasileira. Em relação aos resultados, ainda estão recentes. Mas atraiu mais o cliente, as visitas aumentaram e as vendas vêm aumentando”. “Consulto o manual até hoje. Mas acho que está mais ligado a lojas grandes. Quando começou a dar resultado, eu tive que me afastar da loja, por problemas de família e não pude acompanhar”. Nesse momento configurou-se de forma explícita o interesse e necessidade de serem desenvolvidos materiais específicos que possam estar contidos dentro da realidade das micro e pequenas empresas varejistas quanto a utilização das técnicas de merchandising. E, ainda, estabelece a possibilidade de se questionar se a literatura disponível sobre técnicas de merchandising atende adequadamente as necessidades do grupo de micro e empresas varejistas. Cabe avaliar, assim, o estabelecimento de um processo mais criterioso para a prestação do serviço de treinamento e capacitação em técnicas de merchandising. Esse processo deve contemplar, inicialmente, o nivelamento conceitual da tecnologia – conceituação, objetivos e resultados esperados da tecnologia disponível, inclusive uma melhor explicação sobre o caráter científico e não regional da tecnologia, o ferramental disponível – as técnicas que podem ser empregadas, 106 quando e como os procedimentos para utilização – a conscientização e incentivo do uso dos modelos testados e a criação dos indicadores de desempenho – mensuração dos resultados obtidos. Critério de aplicação das técnicas - U = 12 proprietários Or ient o u-s e po r s eus co nheciment o s 83,3% C o nt r at o u pr o jet o da C D L 25,0% C o nt r at o u pr o jet o ext er no 8,3% S egui u o manual 25,0% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 1 0 0% GRÁFICO 10 – Critério de aplicação das técnicas de merchandising FONTE: Elaborado pelo autor da dissertação 5. Resultados alcançados A última questão aberta formulada aos elementos de pesquisa foi relacionada aos possíveis resultados que puderam ser alcançados com a aplicação das técnicas de merchandising. Pelas afirmações colhidas, os elementos de pesquisa afirmam terem percebido resultados operacionais e estratégicos na aplicação das técnicas. Considera-se percebido, uma vez que a pesquisa realizada não identificou a ocorrência da medição formal dos resultados, ou seja, a utilização de técnicas científicas para aferição dos resultados. É exemplar a afirmação dada por um dos elementos de pesquisa: “o ambiente ficou melhor. Os clientes gostaram, mas não houve medição dos resultados”. Ou aquela retratada na apresentação dos possíveis resultados alcançados, mas ratificando a falta de um instrumento de avaliação do desempenho, conforme a afirmação apresentada: “melhorou significativamente a impressão para os clientes que passaram a elogiar a loja. Os resultados avaliados foram baseados no sentimento, pois não desenvolvi mecanismos para avaliar resultados”. 107 E, nos demais casos, como já mencionado, apresentando a avaliação dos resultados percebidos, empiricamente, de uma forma geral, também constatado nas afirmações: “achei um curso excelente. Ainda estou aplicando algumas coisas, mas falta reserva. Notei uma melhoria imediata. Uma melhoria nas vendas. Melhor posicionamento do produto. Melhor tratamento ao cliente”. “Com a aplicação da técnica, obtive Principalmente, o aumento de vendas”. resultados sim! “Fui mudando por etapas. A cada etapa os clientes vinham percebendo as mudanças. Tive que adequar novos clientes às novas necessidades”. Mas, também, contrapondo as afirmações anteriores, foi encontrada uma situação que não relaciona os resultados alcançados com a utilização das técnicas de merchandising. Apesar de ser percebido um resultado positivo na implementação das técnicas, o elemento de pesquisa não relacionou qualquer possibilidade dos resultados alcançados à utilização das técnicas de merchandising, identificada via o depoimento que se segue: “layout melhor, impacto melhor. O perfil do cliente está mudando mais (sic) é devido a outros fatores. O número de clientes vem aumentando, mas acho que não está relacionado com as mudanças e, sim, devido ao boca a boca”. Assim, ainda que a realidade da utilização das técnicas de merchandising não esteja plenamente alinhada com as possibilidades previstas na revisão bibliográfica elaborada nesse trabalho – criação de diferenciais competitivos ou maior fidelização dos clientes – , é factível confirmar a obtenção de resultados e/ou o cumprimento de objetivos traçados para participar do treinamento, que pode ser traduzido pelas exposições feitas pelos elementos de pesquisa, como: “com certeza tive resultados. Antes, o ambiente era muito desorganizado, era mais difícil trabalhar. Com a implantação das técnicas, ficou bem melhor. Deu mais segurança aos clientes”. “Saí do treinamento com várias idéias e adapto de acordo com as necessidades. Com certeza, tive resultados. Sempre que muda a imagem, o layout da loja, os clientes notam. O perfil do cliente vem mudando aos poucos, venho me adequando”. Ao elaborar a última pergunta aberta, procurou-se confirmar a confiabilidade dos resultados que as respostas apresentariam e, assim, a pesquisa foi finalizada 108 com a questão de resposta estimulada sobre os resultados alcançadas com o emprego das técnicas de merchandising. Desse modo, apesar de quase metade dos elementos de pesquisa não apresentarem uma resposta decidida, 50% chegaram a constatar, categoricamente, um aumento das vendas, que, por sua vez, verificado por meio do cruzamento de suas informações, está relacionado ao acréscimo do número de clientes e/ou ao aumento da intensidade de visitas dos clientes ao negócio – possivelmente, maior fidelização. Estes resultados podem ser observados nos GRÁF. 11 e 12. Resutlados obtidos - U = 12 proprietários N o s abe di zer 41,7% M udo u per f i l do s cli ent es 8,3% R eduz iu v endas /cl ient e 0,0% R eduz iu v endas 0,0% A ument o u v is it aç o à l o ja 33,3% A ument o u nr . de client es 33,3% 8,3% A ument o u as v endas /client e A ument o u as v endas 50,0% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% GRÁFICO 11 – Resultados alcançados com a aplicação das técnicas de merchandising FONTE: Elaborado pelo autor da dissertação No GRÁF. 11 pode ser observado, ainda, que 33,3% dos proprietários identificaram tanto um aumento da visitação à loja, quanto um aumento do número de clientes. Mas um expressivo contigente, 41,7% nada souberam afirmar sobre os resultados alcançados pelas técnicas de merchandising. 109 Motivos para aumento das vendas - U = 6 proprietários M udo u per f i l do s client es 16,7% A ument o u v is it aç o à lo ja 50,0% A ument o u nr . de client es 66,7% A ument o u as v endas /client e 16,7% 0% 1 0% 2 0% 3 0% 4 0% 5 0% 6 0% 7 0% 8 0% GRÁFICO 12 – Motivos que determinaram o aumento das vendas FONTE: Elaborado pelo autor da dissertação Ao considerar um aumento das vendas, 66,7% dos proprietários atribuíram tal fato ao aumento do número de clientes. Outros 50% apontaram para um provável aumento da visitação dos clientes, o que pode determinar um maior grau de fidelização. Entretanto, apenas 16,7% dos proprietários são enfáticos em afirmar que o aumento das vendas se deveu ao aumento das vendas por cliente. 110 CAPÍTULO V CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 111 5.1- Implicações acadêmicas A revisão bibliográfica evidenciou a existência de duas interpretações distintas para o conceito de merchandising no Brasil – no ponto de venda e na mídia. Foi possível verificar a interpretação desses conceitos a partir do acompanhamento da evolução histórica do emprego e aplicação do termo merchandising, que incluiu: • o resgate das primeiras referências ao emprego do merchandising no mundo, retratado por meio do que foi denominado nesse trabalho como “a história não contada”: a utilização dos conceitos de merchandising, no século XIX, por Zola (1998); a narrativa histórica de Zimermman (1950), referente ao advento da utilização do auto-serviço no varejo dos Estados Unidos da América, no início do século XX, que veio a ser o agente catalisador da evolução das ferramentas mercadológicas no ponto de venda, em especial o merchandising; • o início da utilização do conceito no Brasil – introdução e momento do surgimento da interpretação em duplicidade, conforme relatos de Lois (1994); a contribuição desse trabalho, ao analisar os fundamentos e objetivos do merchandising, propondo, a partir da interpretação atual e sob a ótica da tecnologia moderna, um conceito unificado para o emprego do termo no Brasil; culminando com a janela que se abre para o futuro, relativo ao emprego do merchandising naquela que foi denominada por Pine II (1999 e 2000) como a era da experiência. – mídia x comercial – a utilização e interpretação atual e a projeção como diferencial competitivo para o varejo, na era da informação. Nessa perspectiva de vanguarda da era da experiência e face as rápidas mudanças que a tecnologia da informação provoca, reformatando conceitos e padrões, esse trabalho apresenta, através da perspectiva de Engel, Blackwell e Miniard (2000), as variáveis tempo e conveniência como agentes propulsores para a mudança do comportamento do consumidor e encaixa o merchandising como a peça estratégica para o desenvolvimento de diferenciais competitivos no varejo moderno. 112 Relativamente às técnicas de merchandising, pode ser constatada a conformidade existente entre três materiais, ou modelos de origens distintas – Levy e Weitz, americanos; Parente (2000), brasileiro e Geary (1998), canadense –, possibilitando demonstrar a convergência de padrões das técnicas de merchandising. Essa convergência dos modelos pode vir a facilitar estudos e análises evolutivas sobre o emprego do merchandising no varejo, principalmente para o Brasil, uma vez que, por ocupar um estágio posterior à implementação de novas tecnologias empregadas por empresas de âmbito multinacional, permitirá, ao conhecer os resultados proporcionados pelo uso das técnicas em outras regiões, selecionar aquelas que proporcionam maior eficácia e adaptá-la, adequadamente, aos padrões brasileiros. Nesse sentido, cumprindo o objetivo geral proposto, foi possível verificar que o motivo majoritário para utilização do merchandising no ponto de venda ainda se atem ao princípio básico da estética, apresentado por Geary (1998), ficando restrita, a um número pequeno de empresas varejistas, a utilização do merchandising como uma ferramenta para geração de diferenciação competitiva, como a própria Geary (1998), além de Parente (2000) e Levy e Weitz (2000) propõem como motivo principal para o investimento nas técnicas de merchandising pelo varejo moderno. Face ao exposto, as afirmações de que o merchandising se constitui como uma ferramenta de caráter estratégico e de melhoria da competitividade ainda não é factível de ser observada, em sua plenitude, como uma decisão deliberada pela maioria das empresas varejistas de micro e pequeno porte de Belo Horizonte. 5.2- Implicações gerenciais Apesar da verificação de que a utilização das técnicas de merchandising são uniformes e convergentes no âmbito internacional, o mesmo não se pode dizer no que se refere aos objetivos gerenciais. Foi verificado ser restrito o conhecimento dos objetivos que podem ser proporcionados pela aplicação das técnicas de merchandising, considerando as micro e pequenas empresas varejistas de Belo Horizonte. Apenas uma pequena parcela das empresas pesquisadas estabeleceu como opção estratégica deliberada a utilização do merchandising para gerar preferências 113 no cliente, desenvolver a fidelização do cliente, melhorar as vendas ou provocar maior visitação aos estabelecimentos varejistas. A maioria das micro e pequenas empresas varejistas de Belo Horizonte, como já dito, está preocupada com o aspecto estético, demonstra-se a importância e necessidade de serem desenvolvidos mecanismos que permitam a essas extrair os benefícios mais valiosos das técnicas de merchandising. A partir dessa constatação, pode-se concluir, também, a necessidade de serem estabelecidas abordagens diferenciadas relacionadas à capacitação e treinamento na utilização das técnicas de merchandising. Como, conforme Geary (1998), o emprego do merchandising evoluiu do interesse puramente estético para o interesse estratégico, as abordagens de treinamento, capacitação e utilização, devem contemplar essa evolução dos interesses específicos dos diversos públicos (empresas) que estarão utilizando a técnicas. Pois, em uma mesma região, podem ser encontradas empresas em estágios diferenciados de evolução estratégica, seja isso reflexo do ambiente de negócios e grau de competitividade, ou mesmo devido a falta de conhecimento científico. Nesse sentido, pode ser sugerido à CDL-BH, a título de adequação do curso “O impacto visual de sua loja: o primeiro passo para atrair clientes” à realidade das micro e pequenas empresas: dividir o curso em dois módulos: básico e avançado, contemplando os dois interesses específicos dos participantes – estético (módulo básico) e estratégico (módulo avançado); informar, quando da aplicação do módulo básico, com significativo grau de detalhes, os diferenciais e vantagens que as técnicas de merchandising poderão proporcionar; preparar os participantes do módulo básico para ingressarem no módulo avançado, informando-os da disponibilidade e acessibilidade; demonstrar, com clareza, a importância da evolução da aplicação da técnica na empresa – do estético para o estratégico; desenvolver e disseminar a utilização de indicadores de desempenho, capacitando as empresas a utilizá-los, como forma de monitoramento das técnicas de merchandising aplicadas; destinar maior período de tempo para tratar do assunto relacionado aos fatores preparatórios para introdução das técnicas de merchandising, que 114 envolve a decisão da estratégia global de vendas e a imagem ou posicionamento do negócio em relação ao seu mercado-alvo. desenvolver um sistema de monitoramento para acompanhamento das empresas participantes do treinamento, obtendo-se subsídios para sensibilizar outras empresas – desenvolvimento de estudos de casos – e mecanismos para aprimoramento contínuo do curso; disponibilizar técnicos especializados para atendimento personalizado aos participantes, com vistas a acompanhar ou mesmo desenvolver o projeto de merchandising; negociar linhas de crédito e financiamento específico para desenvolvimento e implantação de projetos de merchandising em micro e pequenas empresas varejistas, como as linhas disponíveis para projetos de grande porte, relacionados a melhoria da competitividade e produtividade de empresas industriais. 5.3- Considerações finais e sugestões para futuras pesquisas O conceito do merchandising, principalmente como uma ferramenta estratégica, ainda pode ser considerada incipiente no varejo das micro e pequenas empresas de Belo Horizonte, a partir da pesquisa realizada. A utilização do conceito está influenciada ou motivada, principalmente, como uma ferramenta para proporcionar a melhoria da organização física dos negócios ou como uma ferramenta para proporcionar a melhoria do aspecto visual – maior grau de embelezamento. Assim, melhorar a organização interna do negócio ou melhorar o aspecto visual podem ser considerados como os principais fatores, atualmente, que motivam ou influenciam a utilização do merchandising nas micro e pequenas empresas varejistas de Belo Horizonte. Conclui-se a necessidade de serem observados quesitos específicos no tratamento a ser dado às técnicas de merchandising, quando aplicado a micro e pequenas empresas varejistas. Deve ser ressaltada a questão limitadora da amostra no que tange à região/localização das empresas pesquisadas. A partir desse estudo é pertinente recomendar que sejam envidados esforços para melhor adaptação do uso dos 115 conceitos e técnicas dentro de uma linguagem acessível ao perfil – considerando, nesse caso o porte – das empresas varejistas. Nesse sentido, pode ser recomendada a realização de uma pesquisa qualitativa – grupo de foco – , seguida de uma pesquisa quantitativa, com o objetivo de esclarecer os itens que necessitam adaptações para otimizar o emprego das técnicas de merchandising em micro e pequenas empresas varejistas. Assim, configura-se como uma sugestão para novas pesquisas: ampliar o universo de empresas pesquisadas, quanto a região e localização; avaliar e adaptar o emprego dos conceitos de merchandising – linguagem – à utilização em micro e pequenas empresas varejistas; utilizar o método quantitativo de análise para efeito de comprovação estatística dos resultados da utilização das técnicas de merchandising. 5.4- Limitações, restrições e dificuldades Podem ser encontradas, na literatura, inúmeras técnicas para aplicação da tecnologia do merchandising. Nesse estudo em particular, a opção recaiu sobre três alternativas (autores) específicas, visando descrever as principais técnicas utilizadas no ponto de venda. Os fatores que motivaram a escolha foram de caráter subjetivo, baseados na notoriedade dos materiais publicados e seu reconhecimento no meio acadêmico e empresarial. Torna-se desnecessário comentar que materiais relevantes podem ter sido preteridos mas, dentro do propósito desse trabalho, pode ser considerado que a maior parte das técnicas e modelos foi contemplada. 116 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 117 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AAKER, David A.; KUMAR, V. e DAY, George S. Pesquisa de marketing. São Paulo: Atlas, 2001. AVALIAÇÃO DE MERCADO. Vida pessoal, interesses além da vida. Valor Econômico, São Paulo, 5 abr. de 2001. n. 234. Disponível na internet em: <http: //www.valoronline.com.br/valoreconomico/materia.asp?id=562071> Acesso em 30 set. 2002. BERRY, Leonard. O modelo emergente. Revista HSM Management. São Paulo, n.13, p. 58-64, mar./abr. 1999. BLECHER, Nelson. A ditadura do varejo. Revista Exame, São Paulo, v.768, n.12, p. 44-55, jun.2002. BORGES, Robinson. Seiscentos milhões em ação. Valor Econômico, São Paulo, 28 mar. 2002. n. 476. 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Quais os motivos o/a levaram a participar do treinamento? (RESPOSTA LIVRE) 2a. OK! Agora, eu vou apresentar algumas questões e gostaria que você me respondesse se elas foram ou não importantes na sua decisão de participar do treinamento: Motivos 1 2 3 4 5 6 IMPORTANTE NÀO Aperfeiçoamento técnico Recomendação de um superior na empresa Necessidade da empresa em melhorar algo Interesse pessoal próprio Modernização de conceitos e tecnologias Ajustar a empresa à concorrência 2a. Com relação aos conceitos e abordagens, ou seja, à teoria apresentada no treinamento, você pode afirmar que: a) os conceitos e abordagens foram totalmente inéditos b) os conceitos e abordagens foram parcialmente inéditos c) não foi apresentado nada de novo em termos de conceitos ou abordagens de merchandising. 3a. Com relação às técnicas e práticas de merchandising apresentadas, ou seja, o como fazer para executar, você pode dizer que: a) são técnicas modernas e inovadoras b) são técnicas comuns que proporcionam alguma inovação c) são técnicas ultrapassadas mas que contribuem para melhorar a imagem da loja d) são técnicas ultrapassadas sem nenhuma utilidade 126 4a. Você teve oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos no treinamento? a) SIM b) NÃO Se a resposta for NÃO, ENCERRAR A PESQUISA. 5a. Você considera ter aplicado: a) mais de 50% do conhecimento adquirido b) menos de 50% do conhecimento adquirido 6a. Se você se lembra, o treinamento é dividido em seis técnicas (DIZER AS TÉCNICAS). Quais dessas técnicas você chegou a aplicar? Vou dizê-las novamente e você me responde se aplicou ou não: (ANOTAR COMENTÁRIOS DURANTE A RESPOSTA). a) imagem b) layout c) apresentação d) sinalização e) cenários f) eventos g) não sabe/lembra 7a. Como você aplicou essa(s) técnica(s)? (SE TIVER RESPONDIDO (g), ACIMA, PULAR ESTA QUESTÃO). a) b) c) d) seguindo as orientações do manual (livro distribuído no curso); seguindo nossas próprias impressões; a partir de um projeto contratado externamente; a partir de um projeto da CDL/CITC. 8a. Você poderia citar algum tipo de resultado que foi alcançado com a aplicação das técnicas de merchandising? (RESPOSTA LIVRE) 9a. Agora eu vou citar alguns itens e você deve me responder SIM, NÃO ou NÃO SEI, sempre considerando a aplicação das técnicas do curso “Impacto Visual”: Sim Não N/S Questões Houve aumento das vendas totais após a aplicação da técnica Houve aumento das vendas médias por cliente após aplicação da técnica Houve aumento do número de clientes após aplicação da técnica Os clientes passaram a freqüentar ou entrar mais na loja após a aplicação da técnica Houve redução das vendas totais após a aplicação da técnica Houve redução das vendas médias por cliente após a aplicação da técnica Mudou o perfil do tipo de cliente da loja após a aplicação da técnica Bom, eram essas as perguntas. Muito obrigado pela atenção e boa tarde. 127 ANEXO B Em 1997, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte – CDL-BH – estabeleceu uma parceria com o Center for the Study of Commercial Activity Ryerson Polytecnic University Toronto (Ontário-Canadá), via Centro Internacional de Tecnologia do Comércio – CITC –, seu centro de tecnologia, para repasse de um programa metodológico, visando o desenvolvimento de projetos de merchandising visual. Profissionais especializados em merchandising da entidade canadense, estiveram no Brasil repassando a técnica a um grupo de profissionais da CDL-BH, visando a formação de instrutores e consultores para aplicação da metodologia. Esse programa foi denominado: “O Impacto Visual de sua Loja: O Primeiro Passo Para Atrair Clientes”; tendo sido estruturado na tradução e adaptação de materiais desenvolvidos pela instituição canadense e se apoiado na oferta de um workshop de nove horas de duração, dividido em três etapas e utilizando: um livro texto – manual de exercícios e tarefas, que apresenta conceitos, técnicas, práticas, exercícios e sugestões sobre a utilização das técnicas de merchandising para o varejo; 50 lâminas de transparências, mostrando técnicas e estratégias para utilização da tecnologia do merchandising; uma fita de vídeo com duração de 52 minutos, trazendo casos e depoimentos de profissionais e empresários canadenses sobre a utilização e resultados da aplicação das técnicas de merchandising; 109 slides que apresentavam situações antes e depois de utilizadas as técnicas de merchandising, lojas modelos em merchandising entre outros, exemplificando os resultados da aplicação das técnicas. Devido a problemas iniciais, relacionados à dificuldade de implantação própria (auto-implantação) do programa pelos participantes, a CDL-BH ofereceu, como um serviço agregado e sem ônus, um suporte técnico aos participantes do treinamento, para que pudessem ser mais bem orientados na aplicação dos conhecimentos adquiridos, ou mesmo, utilizando o profissional disponibilizado, orientá-los para a contratação de um trabalho específico. Posteriormente, a CDL-BH passou a oferecer, também, o serviço de consultoria para elaboração de projetos de merchandising nas empresas.