ALFABETIZAÇÃO CARTOGRà FICA

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Iniciemos observando as informações sobre a
distribuição da população brasileira
Informação por meio do texto:
Informação por meio do
mapa demográfico:
“A
população do Brasil está
distribuída
pelo seu
território
de
forma
desigual. Enquanto no
litoral tem uma grande
concentração de pessoas
em certos locais e no
interior
do
país,
encontramos
grandes
vazios demográficos.”
Notemos que tanto o texto quanto o mapa trazem a mesma informação.
A diferença é que no texto o aluno precisa compreender o texto e utilizar sua imaginação para ter
uma ideia do que isso significa, enquanto no mapa ele pode obter a informação visualizar a
distribuição desigual da população pelo território. Contudo, para isso, ele precisa ser alfabetizado
cartograficamente para torna-se capaz de ler e compreender este mapa.
A Alfabetização Cartográfica: considerações
• Quando se aborda o tema alfabetização, logo se pensa
no ato de ler e também no de escrever;
• A alfabetização cartográfica é parte integrante do
processo ensino-aprendizagem, pelo qual as crianças
das séries iniciais devem vivenciar para tornarem-se
aptas a interpretar e elaborar os mapas.
• O mapa é uma forma de representação do espaço com
símbolos, legendas e escalas que fazem com que o
aluno busque potencializar habilidades e competências
do sistema para entendê-lo, decifrá-lo e utilizá-lo.
Linguagem Gráfica
Título: traz o tema da
representação
Distribuição demográfica do Brasil
Números: os graus da latitude
e longitude, habitantes por
km2
Cores: localização e
direção dos rios, a
distribuição da população
Símbolos: as capitais dos
estados
Legenda: indicando o
significado das corres
Linhas: indicando as
delimitações dos estados e dos
países
Escala: : indicando quantas
vezes a área do território do
Brasil foi reduzido
Orientação: indica as direções
A cartografia é um importante conteúdo do
ensino por ser uma linguagem peculiar da
Geografia, por ser uma forma de representar
análises e sínteses geográficas, por permitir a
leitura de acontecimentos, fatos e fenômenos
geográficos pela sua localização e pela
explicação dessa localização, permitindo assim
sua espacialização.
• Entende-se, portanto, que na comunicação cartográfica, a
mensagem é passada a partir de um conjunto de signos
previamente organizados para representar o espaço geográfico.
• A educação cartográfica não envolve apenas letras e números, mas,
cores, formas e símbolos.
• Acredita-se que, trabalhar cartografia no ensino de geografia é um
dos grandes desafios da disciplina.
• O leitor precisa ter estruturas de pensamento que o permita
entender e estabelecer raciocínios analíticos para a elaboração de
explicações sobre os fenômenos representados.
• Por isso, autores como Francischett (2001), Almeida (2006),
Pissinati e Archela (2007), Almeida e Nogueira (2009), defendem
que, para a leitura eficiente de mapas, torna-se imperativo a
alfabetização cartográfica.
Para saber ler o mapa, são necessárias
determinadas habilidades, tais como reconhecer
escalas, saber decodificar as legendas, ter senso de
orientação.
A capacidade de entender um espaço
tridimensional (altura, profundidade e largura)
representado de forma bidimensional (altura e
largura), sendo plano em sua essência, aliado à
concepção de que a terra é redonda e, portanto,
não há ‘em cima’ nem ‘em baixo’, poderá ser
desenvolvida a partir da realização de diversas
atividades de mapeamento.
Na alfabetização cartográfica o interesse é o da
compreensão do símbolo como representação gráfica, ou
seja, estimular a criança a expressar-se e a explorar os
símbolos criados, que representam ideias ou objetos na
sua concepção, no seu olhar, do seu entorno.
As práticas escolares devem visar o desenvolvimento de
procedimentos que levem o aluno à compreensão e
apreensão do espaço terrestre, sempre partindo de sua
realidade mais próxima, com o objetivo de que, ao final
das séries iniciais do Ensino Fundamental, o aluno possa
ser capaz de observar, conhecer, analisar, explicar e
representar os lugares.
Ao desenvolver a capacidade de análise, o aluno se
desprende do físico, do vivido e pode ousar no espaço,
organizar-se e representá-lo em forma de mapa, carta,
maquete, croqui etc.
A eficácia da linguagem cartográfica
A linguagem cartográfica, para que possa ter efeito na construção do
conhecimento geográfico, necessita que os alunos precisem desenvolver seus
próprios mapas.
Eles precisam produzir suas representações da realidade, pondo em prática
esquemas mentais já alcançados, como nos mapas mentais, ou aprendendo
novos elementos da Cartografia para representar da melhor maneira a
realidade. Os alunos devem ter a oportunidade de ler mapas, de localizar
fenômenos, de praticar correlações entre esses fenômenos.
Desse modo, a representação do espaço não pode partir de produtos
prontos, pré-fabricados e finalizados.
O aluno deve construir seu conceito de mapa, ele precisa dar conta do que é
um mapa, de como é produzido: por meio do sistema de coordenadas, em
escala, a partir de uma projeção do espaço tridimensional sobre o plano do
papel.
Alfabetizar não é apenas repetir, copiar, escrever, alfabetizado é aquele
que se apropria do símbolo e o utiliza para fazer as suas criações, a sua
cultura. Estar alfabetizado na geografia é, segundo CASTROGIOVANNI
(1998), relacionar espaço com natureza, natureza com sociedade, é
perceber a interação entre os aspectos sociais, econômicos, políticos,
culturais. É saber situar-se e posicionar-se frente às questões do
mundo, é perceber que o espaço é disputa de poder e ter um
posicionamento com relação às desigualdades sociais-espaciais.
Quando se fala em alfabetizar entende-se a interpretação e domínio
de símbolos que possam ser utilizados em outras dimensões. A
alfabetização cartográfica refere-se ao processo de domínio e
aprendizagem de uma linguagem constituída de símbolos, de uma
linguagem gráfica (a cartografia possui códigos e símbolos definidos –
convenções cartográficas).
No entanto, não basta à criança desvendar o universo simbólico dos
mapas; é necessário criar condições para que o aluno seja leitor crítico
de mapas ou um mapeador consciente. O processo de alfabetização
cartográfica compõe essa apropriação e interpretação dos símbolos
cartográficos, que podem oportunizar ao aluno a aplicabilidade
posterior em leituras de mapas e contextos espaços-temporais.
A linguagem cartográfica depende das concepções
que professores e alunos têm da Geografia e do seu
ensino.
Se entendermos a Cartografia como uma ciência ou
disciplina que trata apenas de localizar e descrever
os lugares, seu uso será restrito a mera localização e
descrição dos fenômenos.
A linguagem cartográfica será apropriada e usada,
tanto no ensino superior quanto no básico,
dependendo das concepções que os diferentes
sujeitos sociais possuem dos elementos a ela
relacionados.
Fazer a leitura do mundo por meio da leitura dos
mapas
• Consideramos que a leitura do mundo é fundamental para que todos nós,
que vivemos em sociedade, possamos exercitar nossa cidadania.
• Queremos tratar aqui sobre qual a possibilidade de aprender a ler,
aprendendo a ler o mundo; e escrever, aprendendo a escrever o mundo.
Para tanto, buscamos refletir sobre o papel da geografia na escola, em
especial no ensino fundamental, no momento do processo de
alfabetização.
• Uma forma de fazer a leitura do mundo é por meio da leitura do espaço, o
qual traz em si todas as marcas da vida dos homens. Desse modo, ler o
mundo vai muito além da leitura cartográfica, cujas representações
refletem as realidades territoriais, por vezes distorcidas por conta das
projeções cartográficas adotadas.
• Ler o mundo da vida, ler o espaço e compreender que as paisagens que
podemos ver são resultado da vida em sociedade, dos homens na busca
da sua sobrevivência e da satisfação das suas necessidades.
• O aprofundamento no estudo da alfabetização
cartográfica busca demonstrar uma linha de
pensamento, em que a cartografia se apresenta
como um conhecimento geográfico que é parte
integrante do cotidiano do aluno e, certamente,
irá acompanhá-lo por toda a vida, fazendo a
diferença em sua trajetória, como um saber
específico aplicado que resulta em integração
social; uma validação do espaço que ocupa.
• Nesse sentido, a importância da alfabetização
cartográfica está aliada ao exercício da cidadania.
Valer-se dela para sua autonomia, seu bem estar
social e econômico, bem como conhecer-se e
reconhecer-se no espaço geográfico.
Resumo
• A alfabetização cartográfica refere-se ao processo de domínio
e aprendizagem de uma linguagem constituída de símbolos,
de uma linguagem gráfica (a cartografia possui códigos e
símbolos definidos – convenções cartográficas).
• A alfabetização consiste não apenas em ler, interpretar e
compreender os mapas, mas também em compreender o
mundo por meio dos mapas.
• Da mesma maneira que na alfabetização se ensina a criança a
ler e escrever, na alfabetização cartográfica, se ensina a
criança a interpretar e elaborar seus próprios mapas.
• É um processo que acompanha todo o percurso escolar do
aluno. Ou seja, pode se iniciar no 1º ano e se estender até ao
9º ano.
Na próxima etapa iremos
trabalhar
com
as
possibilidades
de
se
desenvolver a alfabetização
cartográfica a partir do 1º
ano.
Referência
FERREIRA, Leiko N. de B. F. Alfabetização cartográfica e Formação do professor: Um aprendizado
significativo (Mestrado em educação) Unisal – Americana, 2011.
DIAS, Tielle S. Cartografia nas séries iniciais do ensino fundamental: para ler além das
convenções. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
CALLI, Helna C. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos iniciais do ensino
fundamental. Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 66, p. 227-247, maio/ago. 2005. Disponível em
<http://www.cedes.unicamp.br>
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