Eliane Giancursi Gomes

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Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
Curso de Graduação em Enfermagem
Eliane Giancursi Gomes
Revisão literária sobre Klebsiella
pneumoniae produtora de Carbapenemase
do tipo KPC
São José do Rio Preto
2016
Eliane Giancursi Gomes
Revisão literária sobre Klebsiella pneumoniae produtora
de Carbapenemase do tipo KPC
Trabalho de Conclusão de
Curso
apresentado
à
Faculdade de Medicina de
São José do Rio Preto para
obtenção
de
grau
de
Enfermeira
Orientadora: Profa. Drª. Mara Correa Lelles Nogueira
São José do Rio Preto
2016
Gomes, Eliane Giancursi
Revisão literária sobre Klebsiella pneumoniae produtora de
Carbapenemase do Tipo KPC/Eliane Giancursi Gomes
São José do Rio Preto, 2016
Monografia (TCC) – Faculdade de Medicina de São José do
Rio Preto – FAMERP
Orientadora: Profa Drª Mara Correa Lelles Nogueira
1. KPC;
2. Multirresistência;
3. Carbapenemase
FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – AUTARQUIA
ESTADUAL
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC
DATA: 02/12/2016.
ORIENTADOR: Professora Doutora Mara Correa Lelles Nogueira.
1º EXAMINADOR: Professora Doutora Ligia Marcia Contrin.
2º EXAMINADOR: Professora Mestre Lara Helk de Souza.
Sumário
Dedicatória .................................................................................................................................... 1
Agradecimentos ............................................................................................................................ 2
Lista de Figuras .............................................................................................................................. 4
Abreviaturas .................................................................................................................................. 5
Resumo ......................................................................................................................................... 6
Abstract ......................................................................................................................................... 8
Introdução ................................................................................................................................... 10
Objetivos ..................................................................................................................................... 15
Material e Métodos .................................................................................................................... 16
Resultados ................................................................................................................................... 17
Figura 1:................................................................................................................................... 17
Figura 2:................................................................................................................................... 19
Figura 3.................................................................................................................................... 20
Figura 4.................................................................................................................................... 21
Figura 5:................................................................................................................................... 22
Discussão ..................................................................................................................................... 23
Conclusão .................................................................................................................................... 27
Referências .................................................................................................................................. 28
Dedicatória
A todos os profissionais que trabalham duro para prestar uma assistência à
saúde de qualidade, com amor e sem medir esforços.
1
Agradecimentos
À minha orientadora, Professora Drª Mara, por ter me acolhido, pelo suporte,
pela orientação e, principalmente, pela paciência;
Aos meus pais, Paulo e Adriana, pelo apoio, pelo carinho, pela compreensão,
por sempre acreditarem em mim e por sempre serem meu porto seguro;
Ao meu namorado, João Velani, pelo incentivo, pelo companheirismo, pelo
apoio e por ser meu refúgio;
À minha eterna amiga-irmã, Monize Alvarenga, por sempre ter uma palavra de
conforto e por todos esses anos de amizade inabaláveis;
Às minhas companheiras de curso, amigas e confidentes Gabriela Alves e
Gabriela Pierobon por todos os dias que passamos juntas;
Aos meus amigos, Flávio Borges e Mônica Máximo, pelos dias de
descontração e de fuga da rotina;
A CCIH do Hospital de Base de São José do Rio Preto por fornecerem os
dados;
Aos meus colegas de classe e todos os profissionais que contribuíram de forma
direta ou indireta para a realização desse trabalho.
2
“Ame todas as coisas, porque em amar está a verdadeira força. Quem ama muito
conquistará muito, e o que for feito com amor estará bem feito”
Van Gogh
3
Lista de Figuras
Figura 1: Sítios acometidos por infecção por K. pneumoniae produtora de KPC
entre abril de 2011 e agosto de 2016
Figura 2: Distribuição temporal dos casos de infecção por K. pneumoniae
produtoras de KPC.
Figura 3: índice de infecção por K. pneumoniae dividido por setor no ano de
2014.
Figura 4: índice de infecção por K. pneumoniae dividido por setor no ano de
2015.
Figura 5: índice de infecção por K. pneumoniae dividido por setor até agosto de
2016.
4
Abreviaturas
CCIH: Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
HB: Hospital de Base
KPC: Klebsiella pneumoniae carbapenemase
K. pneumoniae: Klebsiella pneumoniae
5
Revisão literária sobre Klebsiella pneumoniae produtora de
Carbapenemase tipo KPC
Resumo
Introdução: Nos dias atuais, as infecções por Klebsiella pneumoniae
produtoras de carbapenemase tipo KPC são um importante problema de saúde
pública em todo o mundo. Apresentam resistência aos antibióticos betalactâmicos,
e
estão
entre
os
principais
patógenos
resistentes
a
carbapenêmicos isolados de infecções relacionadas à assistência à saúde
(IRAS). As infecções provocadas por estas bactérias são graves e atingem
pacientes vulneráveis e variados sítios do organismo. Em muitos casos, ocorre
co-resistência a outras classes de antibióticos, como aminoglicosídeos e
quinolonas, o que dificulta o tratamento e leva a altas taxas de mortalidade.
Objetivos: avaliar a literatura relacionada à K. pneumoniae produtora de
Carbapenemase tipo KPC, às infecções no Brasil, analisar os índices de
infecção no Hospital de Base (HB) de São José do Rio Preto entre os anos de
2011 e 2016 e identificar estratégias para diminuir os índices de infecção por
este patógeno. Metodologia: foram realizadas revisão da literatura científica
relacionada às infecções por K. pneumoniae produtora de carbapenemase
KPC e consulta do prontuário eletrônico de pacientes do Hospital de Base de
São José do Rio Preto acometidos por tais infecções, visando o levantamento
de dados epidemiológicos. Resultados: de abril de 2011 a agosto de 2016
ocorreram 933 casos de infecção por K. pneumoniae produtora de
carbapenemase do tipo KPC no Hospital de Base. O primeiro caso registrado
6
foi em abril de 2011 e nesse ano totalizaram-se onze casos e 46% de
mortalidade. Em 2012 foram registrados três casos e 33% de mortalidade. Já
em 2013 ocorreram 44 casos e 54,5% mortalidade. Em 2014 foram
confirmados 193 casos com 50,7% de mortalidade. Em 2015 ocorreram 381
com 50% de mortalidade. Até agosto de 2016 foram registrados 299 casos com
42,4% de mortalidade. Os setores com os maiores índices de infecção foram
as UTIs e admissão. O principal sítio acometido foi o trato urinário. Conclusão:
observa-se que as infecções por K. pneumoniae produtora de KPC são graves
devido a ampla resistência aos antimicrobianos, ao estado crítico dos pacientes
acometidos e ao alto índice de mortalidade. Como há poucas opções de
tratamento, a melhor estratégia é a prevenção. Para isso é necessário a
conscientização dos profissionais quanto a gravidade dessas infecções e
quanto a importância dos cuidados em relação à higienização de mãos e uso
de EPIs no ambiente hospitalar.
7
Abstract
Introduction:
Nowadays,
infections
by
Klebsiella
pneumoniae
carbapenemase (KPC)-producing are an important matter of public health
worldwide. It exhibits resistance to beta-lactam antibiotics and are among the
main carbapenems resistant pathogens isolated from healthcare-associated
infections (HAI). The infections caused by these bacteria are severe and reach
vulnerable patients and various sites of the body. In many cases, co-resistance
occurs to other classes of antibiotics such as aminoglycoside and quinolone
antibiotics, which complicates treatment and leads to high mortality rates.
Objectives: to evaluate the literature related to K. pneumoniae carbapenemase
(KPC)-producing, and infections in Brazil; to analyze the rates of infection in the
Hospital de Base (HB) of São José do Rio Preto between 2011 and 2016, and
identify strategies to reduce infection rates by this pathogen. Methodology:
review of the scientific literature related to infections by K. pneumoniae
carbapenemase (KPC)-producing and consultation of electronic health record of
patients from the Hospital of São José do Rio Preto with such infections were
held, aiming the epidemiological data collection. Results: From April 2011 to
August
2016
occurred
933
cases
of
infection
with
K.
pneumoniae
carbapenemase (KPC)-producing in the Hospital de Base. The first case was
registered in April 2011 and, in that year, there was a total of 11 cases and a
mortality taxa of 46%. In 2012 were registered three cases and 33% of
mortality. In 2013, 44 cases occurred and 54.5% of mortality. In 2014 were
confirmed 193 cases with 50.7% mortality. In 2015, 381 cases registered and
50% mortality. Until August 2016, 299 cases were recorded with 42.4%
8
mortality rate. The sectors with the highest rates of infection were the ICUs and
admission. The main site affected was the urinary tract. Conclusion: It was
observed that the infections by K. pneumoniae producing KPC are severe due
to the broad antimicrobial resistance, to the critical condition of the patients and
the high mortality rate. As there are few treatment options, the best strategy is
prevention. This requires awareness of the professionals related to the severity
of these infections and the importance of care in relation to the cleaning of
hands and use of PPE in the hospital environment.
9
Introdução
Com a introdução dos antimicrobianos como terapia foram relatados
quase simultaneamente os primeiros casos de resistência bacteriana. Ressaltase que esses mecanismos foram desenvolvidos não apenas devido ao uso
inadequado dos antibióticos na medicina humana, mas também em outros
setores como a agricultura e agropecuária, que utilizam antibióticos em
plantações e rações dos animais1.
Klebsiella pneumoniae é um bacilo gram-negativo não esporulado,
imóvel e anaeróbio facultativo, da família Enterobactericeae. O nome foi
designado em homenagem ao microbiologista alemão Edwin Klebs, em 1885,
por Trevisan. É facilmente encontrada na água, esgoto, solo e plantas bem
como em mucosas da orofaringe e trato gastrointestinal de seres humanos e
animais2.
É um patógeno oportunista associado a infecções relacionadas à
assistência a saúde (IRAS), sendo importantes agentes de infecção de corrente
sanguínea, infecção associada ao uso de cateter, pneumonia associada a
ventilação mecânica e infecção de trato urinário3,4,5. Há também registros de
infecção por incisões cirúrgicas e em partes moles3.
Sendo um micro-organismo adaptado ao ambiente hospitalar, deve-se
destacar os grupos vulneráveis a infecção por esse patógeno, sendo eles os
pacientes com história de uso prévio de antibióticos de amplo espectro e com
longa permanência hospitalar6. Há também vulnerabilidade em pacientes
10
transplantados, com idade avançada4, em uso de cateter de acesso central,
sonda vesical de demora, sonda nasogastrica/nasoentérica 6, comorbidades
cardiovasculares e imunossupressão8. Também foram citados com o maior
risco de infecção os pacientes internados em Unidades de Terapia
Intensiva3,4,5,6.
Sua virulência está associada à presença de cápsula polissacarídica,
sistema de captação de ferro, adesinas fimbriais e lipopolissacarídeo 2. A
cápsula constitui seu principal mecanismo de virulência, pois o protege de
fagocitose e de fatores bactericidas presentes no soro, além de atuar na
aderência ao epitélio, favorecendo assim a ocorrência de uma infecção 7.
Nos dias atuais, um aspecto importante das infecções por K.
pneumoniae é a resistência aos principais antibióticos usados para o
tratamento de infecções nosocomiais, o que dificulta o tratamento e resulta em
altos índices de morbidade e mortalidade7,8.
Neste contexto, os carbapenêmicos representam uma importante
alternativa, pois possuem amplo espectro de atividade e são bem tolerados
pelos pacientes, sendo considerados a última linha de defesa contra infecções
por linhagens multirresistentes1,9. Seu uso é restrito ao ambiente hospitalar,
para o tratamento de infecções graves, e não deve ser usada como profilaxia
cirurgica9. Porém, o uso intenso colaborou para o desenvolvimento de
mecanismos de resistência, tornando as opções de tratamento ainda mais
restritas5,6.
11
O principal mecanismo de resistência aos carbapenêmicos é a produção
de carbapenemases do tipo KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase).
Estas enzimas são beta-lactamases, que hidrolisam o anel beta-lactâmico
impedindo que os antimicrobianos da classe dos beta-lactâmicos interajam com
as proteínas ligadoras de penicilina da parede celular bacteriana 4,10,7,11. Estão
entre as beta-lactamases mais versáteis, pois apresentam uma ampla atividade
hidrolítica, conferindo resistência a quase todos os β-lactâmicos e aos
inibidores de β-lactamases2,11,12,13. Hidrolizam cefalosporinas (cefalotina,
cefazolina,
cefoxitina,
cefuroxima,
cefotaxima,
ceftazidima,
ceftriaxona,
cefepima) penicilinas (oxacilina, ampicilina, amoxicilina), monobactâmicos
(aztreonam) e os carbapenêmicos9 (ertapenem, imipenem, meropenem)2. Os
inibidores de beta-lactamases como ácido clavulânico, sulbactam e tazobactam
não apresentam efeito inibitório sobre as carbapenemases2,10,13.
As carbapenemases tipo KPC são codificadas por genes localizados em
plasmídios4, o que permite sua transferência para outras bactérias através do
processo denominado conjugação3. Além disso, as bactérias produtoras de
KPC são frequentemente resistentes a várias outras classes de antibióticos,
como aminoglicosídeos (amicacina, neomicina, gentamicina) e quinolonas
(ciprofloxacina, levofloxacina, norfloxacina). Como consequência, o tratamento
é restrito ao uso de polimixinas, tigeciclina e aminoglicosídeos associados ao
imipenem. Esta realidade é preocupante, pois a limitação das opções
terapêuticas resulta em alta mortalidade14.
12
O
primeiro
caso
de
infecção
por
K.
pneumoniae
produtora
de
carbapenemase do tipo KPC ocorreu em 1996 no estado da Carolina do Norte,
Estados Unidos e, posteriormente, entre os anos de 2001 e 2002 foram
registrados em Nova York2,15. Até o final de 2007 cerca de vinte estados dos
Estados Unidos registraram casos de infecções por K. pneumoniae produtora
de carbapenemase KPC16.
O primeiro caso internacional foi registrado em Paris no ano de 2004, em
um paciente previamente tratado em Nova York. Foi considerada, portanto, a
transmissão intercontinental15. Em seguida foram registrados casos em outros
países como Grécia, Israel e China16.
Na América Latina, o primeiro caso foi registrado em Meddelin, Colombia,
no ano de 2005. Nesse mesmo período mais dois casos foram registrados em
pacientes sem história de viagem ao exterior15.
No Brasil, o primeiro relato ocorreu em 2009, com a descrição de K.
pneumoniae carreadoras de blaKPC-2 isoladas em Recife no ano de 200617.
Desde então sua incidência tem aumentado significativamente 18 e encontramse amplamente disseminadas no país19.
No Hospital de Base de São José do Rio Preto (HB), o primeiro caso de
infecção por K. pneumoniae produtora de carbapenemase tipo KPC foi
registrado em abril de 2011. Até o mês de agosto de 2016, foram confirmados
933 casos. Esta realidade é preocupante, pois o HB é um importante hospitalescola de nível terciário do Estado de São Paulo, com 727 leitos, que atende a
uma população de dois milhões de habitantes dos 102 municípios pertencentes
13
à Divisão Regional de Saúde de São José do Rio Preto (DRS 15). Na
instituição são realizadas cirurgias cardíacas, neurocirurgias, atendimento ao
trauma e transplantes. Devido à complexidade da assistência médica prestada
na instituição e à gravidade dos quadros clínicos dos pacientes atendidos,
programas de prevenção e controle das infecções são de grande importância.
Neste contexto, estudos visando o conhecimento do perfil epidemiológico das
infecções por K. pneumoniae produtora de carbapenemase tipo KPC podem
auxiliar no estabelecimento de protocolos de prevenção da disseminação deste
patógeno no ambiente hospitalar.
14
Objetivos
Avaliar os casos de infecção por Klebsiella pneumoniae produtora de
Carbapenemase tipo KPC no Hospital de Base de São José do Rio Preto entre
os anos de 2011 e 2016. Identificar estratégias para diminuir o índice de
infecção por este patógeno.
15
Material e Métodos
Os prontuários eletrônicos dos pacientes acometidos por infecção pela
Klebsiella pneumoniae produtora de Carbapenemase tipo KPC no Hospital de
Base de São José do Rio Preto entre os anos de 2011 e 2016 foram
consultados. Informações relacionadas aos tipos de espécimes clínicos de
origem da bactéria, setores de internação dos pacientes, período do ano de
maior prevalência das infecções foram obtidas e organizadas em planilhas e
gráficos.
16
Resultados
A Figura 1 mostra a origem das K. pneumoniae produtoras de KPC isoladas
no HB entre abril de 2011 e agosto de 2016. Estas bactérias foram isoladas de
uma grande diversidade de espécimes clínicos, que correspondem aos sítios
acometidos pela infecção. As infecções do trato urinário (32%) foram as mais
comuns. Além disso, uma importante parcela das K. pneumoniae produtoras de
KPC foram isoladas de swabs de vigilância (39%).
4%
3% 2%
5%
6%
39%
9%
32%
Swab
Urina
AT
Sangue
P. de Cateter
Outros
Liquidos
Pele/Osso/P.M
Figura 1: Sítios acometidos por infecção por K. pneumoniae produtora de
KPC entre abril de 2011 e agosto de 2016 (A.T.: aspirado traqueal, P.M: partes
moles, Outros: bile, secreções e abcessos, Líquidos: ascítico, pleural, perfusão,
cefalorraquidiano, LBA e sinovial)
17
A Figura 2 mostra a distribuição dos 933 casos, por mês e ano. Com
relação ao ano de 2011, com total de 11 casos, os meses de maior incidência
foram abril e julho, e o índice de mortalidade foi de 46% (6). Em 2012 foram
confirmados 3 casos. Os meses em que foram registradas as infecções foram
julho, agosto e dezembro. Desses casos, 1 (33%) evoluiu para óbito. Em 2013
foram registrados 44 casos. Os meses de maior incidência de infecções foram
novembro e dezembro. O índice de mortalidade nesse ano foi de 54,5% (24).
Em 2014 foram confirmados 193 casos. Os meses com maiores incidências de
infecções foram setembro e novembro. O índice de mortalidade em 2014 foi de
50,7% (97). Em 2015 foram registrados 381 casos, sendo os meses com
maiores índices de infecção julho, abril e dezembro. O índice de mortalidade foi
de 50% (191). Em 2016 foram registrados 299 casos até o mês de agosto. A
maior incidência de infecções foi nos meses de maio e março. O índice de
mortalidade até o mês de agosto foi de 42,4% (127).
18
51
48
50
43
44
42
40
50
40
36
29
30
31
29 29
28
26
23
20
17
16 14
12 13 13
1091110
8
10
4
3
1 11 21
111
21122211
14 15
21
18
9
4
Apr-11
Jun-11
Aug-11
Oct-11
Dec-11
Feb-12
Apr-12
Jun-12
Aug-12
Oct-12
Dec-12
Feb-13
Apr-13
Jun-13
Aug-13
Oct-13
Dec-13
Feb-14
Apr-14
Jun-14
Aug-14
Oct-14
Dec-14
Feb-15
Apr-15
Jun-15
Aug-15
Oct-15
Dec-15
Feb-16
Apr-16
Jun-16
Aug-16
0
23
22
29 31
Figura 2: Distribuição temporal dos casos de infecção por K. pneumoniae
produtoras de KPC.
Os dados fornecidos pela Comissão de Controle de Infecção (CCIH) do
HB permitiram estimar a incidência de infecções por K. pneumoniae
produtoras de KPC em pacientes admitidos em diferentes setores do
hospital, nos anos de 2014 a 2016 (Figuras 3, 4 e 5).
19
Índice de infecções por setores - 2014
31
16
11
10
6
5
2
1
16
9
8
3
1
3
1
1
1
1
2
Figura 3: índice de infecção por K. pneumoniae dividido por setor no ano de
2014
20
Índice de infecções por setores - 2015
75
57
55
32
25
13
4
22
20
19
3
12
12
13
2
5
2
3
4
1
Figura 4: índice de infecção por K. pneumoniae dividido por setor no ano de
2015
21
Índice de infecções por setores - 2016
78
36
31
22
15
2
11
37
22
13
6
6
6
3
7
3
1
Figura 5: índice de infecção por K. pneumoniae dividido por setor até agosto
de 2016
22
Discussão
Os dados coletados mostram que o número de casos de infecção por K.
pneumoniae produtora de carbapenemase KPC na insitituição estudada
aumentou de forma não gradativa. A primeira diferença significativa ocorreu
entre os anos de 2012 - 2013 com 41 casos a mais. Já entre os anos de 2013 2014 e 2014 – 2015 as diferenças foram 149 e 188 casos a mais,
respectivamente. Em relação a mortalidade, o ano de 2013 apresentou a maior
porcentagem, com 54%.
Dos anos de 2014 a 2016 os setores que apresentaram o maior número de
infecções foram as UTI e admissão. Os pacientes de UTI são, na maioria,
graves e críticos que necessitam de mais procedimentos invasivos (sonda
nasogastrica/nasoentérica, sonda vesical de demora, cateter central, cateter
periférico, gasometria, ventilação mecânica, traqueostomia, etc) e do uso de
antimicrobianos. Portanto, a internação em UTI tem o risco de colonização e
infecção por K. pneumoniae produtora de carbapenemase KPC aumentado20.
Com relação à “admissão”, este termo refere-se ao grupo de pacientes
transferidos de outras instituições. Nesses casos, a instituição adota protocolos
que preconizam a realização de swab retal e inguinal para a vigilância, visando
identificar pacientes colonizados. Os pacientes permanecem em a utilização de
precaução de contato até o resultado desses exames (CCIH/HB, comunicação
pessoal).
A forma de disseminação da K. pneumoniae produtora de KPC não difere
dos outros microorganismos. A transmissão ocorre no ambiente hospitalar e
23
ocorre por contato com secreções do paciente infectado ou colonizado. Os
veículos dessa transmissão, na maioria das vezes, são as mãos dos
profissionais de saúde e os instrumentos de trabalho usados em vários
pacientes, como estetoscópio, esfigmomanômetro e termômetro11,21. Sendo
assim, a vigilância dos pacientes admitidos consiste em importante medida de
prevenção.
Oliveira et all destacam em seu estudo que o jaleco e uniformes dos
profissionais de saúde também são importantes veículos de disseminação
desses microorganismos hospitalares. As regiões dos bolsos, punho e cintura
foram avaliados como os principais locais de contaminação. Também é vetor
importante na transmissão para a comunidade devido ao uso errôneo de
jalecos fora do ambiente hospitalar e nas proximidades de instituições de
saúde21.
Em um estudo feito por Tanaka e colaboradores destacam-se as
formigas como importante veículos de disseminação de bactérias no ambiente
hospitalar. Nesse estudo foram coletadas 80 formigas dos setores do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília (com exceção do Centro
Cirúrgico e UTI onde não foram encontradas) e do Hemocentro de Marília.
Dessas amostras todas estavam colonizadas por espécies bacterianas e 60%
foram identificadas como K. pneumoniae13.
As ações de biossegurança em hospitais são fundamentais para a
melhoria da qualidade da assistência prestada, para prevenção de surtos e
para a segurança da saúde dos profissionais, pacientes e visitantes. Entre as
24
ações mais frequentes estão a introdução de equipamentos de proteção
individual (EPI) na assistência aos pacientes (independente do diagnóstico ou
suspeita de infecção), medidas de isolamento (precauções padrão e
precauções por rota de transmissão (aérea, gotícula e contato)) e medidas de
contenção biológica de microorganismos nas superfícies e artigos hospitalares
pelos processos de limpeza, desinfecção e esterilização22.
Em relação ao vestuário, o uso restrito de jalecos e aventais somente
em áreas privativas de assistência ao paciente é um importante fator para a
menor contaminação em relação ao vestuário utilizados em áreas não
privativas à assistência como refeitório, biblioteca e outros locais extra
hospitalares21. Portanto o uso indevido deve ser monitorado e advertido.
É importante destacar que a contaminação da roupa pode variar de
acordo com a unidade de internação sendo maior naquelas que atendem
pacientes em condições críticas, como as UTIs. Nesse setor há maior
possibilidade de contato direto do profissional com os pacientes e também a
elevada quantidade de equipamentos, o que contribui para promover maior
contaminação ambiental21. Deve-se preconizar o uso de EPIs completos (luva,
máscara, óculos, avental descartável) durante a assistência com maior risco a
exposição de secreções.
Outro aspecto a ser considerado prioritário é higienização de mãos antes e
depois do cuidado ao paciente21,22,23. É um processo simples, porém é a
melhor ferramenta na prevenção das IRAS pois, quando feito corretamente,
elimina os microorganismos das mães evitando sua disseminação no ambiente
25
hospitalar23. A sensibilização dos colaboradores em relação a importância
desse ato na prevenção e na redução de infecções é indispensável. A
realização da prática deve ser incentivada antes e depois de iniciar o turno e
antes e depois da assistência ao paciente independente da complexidade 24.
26
Conclusão
No período estudado, o número de casos por ano de IRAS por K.
pneumoniae produtora de carbapenemase tipo KPC no HB aumentou
significativamente. As UTIs são os setores com os maiores índices de infecção
e mortalidade e o trato urinário é o principal sítio acometido. Pacientes
admitidos colonizados podem atuar como fonte para a transmissão do
patógeno para outros pacientes.
A prevenção é a melhor estratégia para o controle destas infecções, já que
o tratamento é dificultado pela ampla resistência aos antimicrobianos
apresentada por estas bactérias. Assim sendo, o estabelecimento de medidas
para impedir a contaminação cruzada entre pacientes e profissionais é
indispensável para a redução do número de casos e para o cuidado seguro ao
paciente.
As práticas e comportamentos inseguros que coloquem em risco a saúde e
a vida dos pacientes e profissionais devem ser enfatizadas e relembradas
quando possível pois o comportamento favorável dos profissionais de saúde
para a realização de medidas de controle de disseminação de microorganismos
é imprescindível.
A conscientização da gravidade de infecções por K. pneumoniae produtora
de carbapenemase KPC é um fator essencial para traçar estratégias de
prevenção e de adesão dos profissionais. Como mostrado, pacientes graves
em UTIs estão sujeitos a estas infecções. Os profissionais responsáveis pelo
27
cuidado com tais pacientes devem ser capacitados para a realização de
práticas seguras e conscientizados de sua importância.
Referências
1 – Queiroz GM, et al. Multirresistência microbiana e opções terapêuticas
disponíveis. [Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas] Rev Bras Clin
Med; São Paulo; 2012
2 – Tolentino FM. Investigação de genes de resistência às quinolonas e
aminoglicosídeos
em
Klebsiella
pneumoniae
produtoras
de
carbapenemases do tipo KPC em hospitais do estado de São Paulo. [Pós
graduação em microbiologia] - UNESP São José do Rio Preto (SP); 2015
3 – Maciel BC, Mattos LPV. A Bacteria Multirresistente Klebsiella
Pneumoniae Carbapenamase (KPC). [Trabalho de Conclusão de Curso]
Faculdade
de
Biomedicina.
Centro
Universitário
das
Faculdades
Metropolitanas Unidas – São Paulo; 2013
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