Licitação do Sistema Ônibus de Porto Alegre Anexo V Diretrizes Futuras para o Sistema de Transporte Coletivo por Ônibus do Município de Porto Alegre Anexo V Diretrizes Futuras para o Sistema de Transporte Coletivo por Ônibus do Município de Porto Alegre 1. Apresentação Este anexo tem como objetivo apresentar as diretrizes previstas para o Sistema de Transporte Coletivo por ônibus do Município de Porto Alegre, caracterizando a futura rede de transporte que incluirá os sistemas de transporte coletivo BRT e Metrô. Em função da complexidade envolvida com a implantação destes projetos e a necessidade de envolver o território metropolitano (linhas metropolitanas com destino a Porto Alegre) para qualificar a rede de transporte coletivo urbano e metropolitano a efetivação destas diretrizes dependerá, principalmente, da conjugação de esforços do Poder Público nas esferas municipal, estadual e federal. Este é um processo dinâmico que requer participação dos diversos atores envolvidos, resultando em soluções benéficas tanto aos usuários do transporte coletivo quanto a configuração territorial dos municípios. As diretrizes apresentadas neste anexo sintetizam o que se almeja para o Sistema Integrado de Transporte. Desta forma, é de essencial importância que as futuras concessionárias compreendam tais informações, ainda que tal planejamento esteja sujeito a adaptações e detalhamentos. 2. Sobre o Futuro Sistema Integrado de Transporte de Porto Alegre e RMPA Porto Alegre e sua Região Metropolitana têm vivenciado problemas de mobilidade urbana que impactam de forma direta o seu desenvolvimento. Em razão da grande dependência entre os municípios, as atribulações entre os fluxos de deslocamentos extrapolaram os limites territoriais, impactando não apenas o âmbito municipal, mas passando a representar um problema único de todo o conjunto urbano conurbado, e, como resultado deste cenário, verifica-se cada vez mais a desagregação da qualidade de vida em função do elevado consumo de horas diárias despendidas com deslocamentos. Conjuntamente, a economia dos sistemas públicos de transporte torna-se crescentemente deficitária, uma vez que o afastamento entre as moradias e os locais de atividade, juntamente com a inexistência de um sistema de transporte integrado passa a demandar maiores investimentos públicos ocasionando maiores custos operacionais. Por esta razão os problemas de mobilidade urbana devem ser pensados de forma integrada incorporando todos os municípios do conjunto metropolitano. Com vistas a buscar soluções para os problemas de mobilidade, a Prefeitura de Porto Alegre tem evoluído seus estudos através da elaboração do Plano Integrado de Transporte e Mobilidade Urbana (PITMUrb), concluído em 2009, consolidando diretrizes para qualificar a mobilidade no âmbito da RMPA, abrangendo: novo modelo de gestão, soluções funcionais integradas, modelo de financiamento e plano de investimento e execução das soluções. 1 Este plano foi elaborado a partir da integração institucional formalizada em novembro de 2003 entre o governo Federal, o estado do Rio Grande do Sul e o município de Porto Alegre visando ao desenvolvimento e à implantação de um Sistema Integrado de Transporte (SIT). Para tanto, foram considerados 13 dos 31 municípios que compõem a RMPA, que contemplam 85% da sua população residente. São eles: Porto Alegre, Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Eldorado do Sul, Esteio, Gravataí, Guaíba, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Viamão. O SIT tem como principal premissa a adoção de um sistema integrado de transporte com flexibilidade operacional, minimizando, para os bairros com grande demanda, a necessidade de realização de transferências compulsórias e constituindo-se na reestruturação funcional para articulação física, operacional e tarifária do sistema de transporte público coletivo da RMPA, estabelecendo rigorosa integração entre os sistemas urbanos e metropolitanos sobre pneus e sobre trilhos e os sistemas alimentadores, através da implantação de uma Rede Estrutural Multimodal Integrada de Transporte (REMIT), conforme mostra a Figura 1. Figura 1. Eixos de sustentabilidade do novo Sistema Integrado de Transporte (SIT) Os eixos de sustentabilidade necessários para o desenvolvimento e implementação do Plano Integrado de Transporte, foram detalhados no PITMUrb da seguinte maneira: • integração institucional - para conceber, elaborar e implantar um Sistema Integrado de Transporte (SIT) será imprescindível o entendimento das esferas de governo envolvidas, através de uma estrutura institucional que possa definir e executar as políticas necessárias ao desenvolvimento sustentável, os serviços a serem explorados pela iniciativa privada de forma coordenada para todos os 2 modos, implantar um novo marco regulatório e licitar as concessões dos diferentes tipos de serviços do novo sistema; • integração de transporte e intervenções urbanísticas e ambientais – a consolidação de um Sistema Integrado de Transporte, que priorize e qualifique o transporte público, terá função de elemento indutor de desenvolvimento, tanto urbanístico e ambiental, como econômico e social; • integração funcional do transporte - a definição do modelo institucional a ser implantado, associado à definição da rede estrutural multimodal e a forma como ela será integrada, são fundamentais para a formação do Sistema Integrado de Transporte pretendido; • integração tarifária - para transformar uma rede multimodal em um sistema integrado é imprescindível buscar o equilíbrio entre receita e custo, para garantir níveis de serviço adequados, política de renovação de frota, atendimento e adequação da oferta em relação à demanda. Também é fundamental o uso da bilhetagem eletrônica de forma interoperável, permitindo ao usuário se deslocar pelos diferentes modais com um único cartão; • integração de controle e informação ao usuário o Sistema Integrado de Transporte deverá possuir uma estrutura articulada de controle de desempenho dos modos de transporte e de informação ao conjunto dos usuários sobre qualquer tipo de serviço e viagem do sistema integrado; • integração de financiamento – o Sistema Integrado de Transporte deverá possuir mecanismos de articulação e instrumentos legais para obtenção compartilhada de recursos financeiros públicos e privados para viabilizar sua implantação, especialmente a Infraestrutura da rede estrutural multimodal. A Rede Estrutural Multimodal Integrada de Transporte (REMIT) é o elemento estruturador do Sistema Integrado de Transporte (SIT), inserida física e ambientalmente na paisagem urbana, com abrangência que garante a melhoria da acessibilidade e o aumento da mobilidade urbana, através da criação de estações de integração (terminais) e de pontos de conexão e da utilização de tecnologia de transporte de alta capacidade (ônibus e metrô) nos eixos de maior demanda, oferecendo maior atratividade e possibilidade de competir com o transporte individual. A rede estrutural multimodal integrada foi concebida com a premissa básica da não concorrência entre o sistema ônibus e metroviário. A partir de 2011, em função da evolução dos estudos e da disponibilização de recursos para qualificação da infraestrutura urbana, estudos técnicos da EPTC/SMT e Metroplan foram realizados com o objetivo de atualizar o sistema estruturador de média e alta capacidade da REMIT. A Figura 2, a seguir, mostra o atual estágio de evolução desta rede, onde pode ser identificado o seu conjunto de linhas estruturais com caráter multimodal que englobam a atual linha de trem metropolitano, a linha do metrô de Porto Alegre e o conjunto de linhas de BRT urbanas e metropolitanas, integradas física e tarifariamente para garantir qualificação operacional do sistema. 3 Figura 2. Rede Estrutural Multimodal Integrada de Transporte (REMIT) O projeto do Metrô de Porto Alegre abrange um traçado de 25 km de extensão em nível subterrâneo, totalmente segregado, construído através de tecnologia de escavação profunda mecanizada (shield), ao longo do eixo dos principais corredores de ônibus de Porto Alegre: Assis Brasil, Farrapos e Bento Gonçalves. O traçado atende aos desejos de deslocamentos atuais e futuros da população, possibilitando a interligação direta entre diversos bairros e polos de comércio, serviço, educação, saúde e lazer, bem como, conexão entre todos os corredores estruturais de transporte público e privado da capital e da região metropolitana. As avenidas sob as quais se propõe o itinerário do Metrô apresentam demandas de passageiros que podem atingir valores acima de 20.000 usuários/hora/sentido. A sigla BRT representa o conceito Bus Rapid Transit que representa um sistema de transporte coletivo caracterizado pelo alto desempenho, rapidez e qualidade. 4 Considerando as especificidades de Porto Alegre e a infraestrutura existente, que compreende corredores de ônibus implantados desde a década de 1970, o sistema BRT poderá incorporar soluções de modernização e qualificação tais como: adequação e qualificação física dos terminais e estações; cobrança externa ao veículo nos corredores; adoção de tecnologia de informação ao usuário e de monitoramento em tempo real; adoção de sistemas de segurança pública eficazes; a oferta de tecnologia para os usuários, como som, imagem e wireless; adequação e qualificação da frota (arcondicionado, suspensão a ar, câmbio automático, acessibilidade universal, veículos de piso baixo, combustíveis alternativos). 3. Estudo de Demanda da Rede Estrutural Multimodal Integrada de Transporte Em 2012, a Prefeitura de Porto Alegre realizou Estudo de Demanda com o objetivo de fornecer elementos necessários para elaboração da modelagem da REMIT. O estudo utilizou dados secundários obtidos de bases de dados da EPTC/SMT, METROPLAN e TRENSURB. Também foram usadas informações e bases de dados de outros estudos realizados no âmbito do município de Porto Alegre e de sua região metropolitana. Neste estudo foram simulados 11 cenários, considerando a situação atual e 5 alternativas de rede, onde uma correspondia a uma rede composta somente por linhas BRT e as demais 4 alternativas de traçado do metrô. Os resultados das simulações indicam que todos os cenários avaliados apresentam ganhos com relação à situação sem projeto em quase todos os indicadores de modelagem, sendo que os principais benefícios observados nos cenários avaliados foram os indicadores: redução do custo generalizado, redução dos tempos de viagem, redução dos tempos de espera e diminuição da frota e da quantidade de quilômetros rodados. O cenário R2, com horizonte de operação para 2020, foi simulado com uma linha de metrô da FIERGS até o centro e operação de sistema de linhas de BRT. A simulação aponta para este cenário uma redução média de 14,8% do número de viagens, 34,2% da frota e 31,9% da rodagem percorrida no dia em relação à situação atual (cenário R0). A tabela 1, a seguir, apresenta os resultados estimados para cada uma das bacias operacionais em função das intervenções previstas. É importante ressaltar que os indicadores apresentados foram obtidos com a simulação da rede de linhas de Porto Alegre e linhas intermunicipais da região metropolitana, o que representa que a simulação foi realizada com o compartilhamento da oferta (linhas, horários e frota), demanda (passageiro) e infraestrutura (corredor, estações, terminais e tecnologia) do sistema de transporte. Esta situação se caracteriza como a mais completa e a de maior eficiência, visto que a operação troncalizada será implantada por etapas. Mas cabe ressaltar que a cidade é muito dinâmica e novas simulações devem ser necessárias para confirmar questões quanto ao padrão operacional da rede de transporte, o que impacta nos percentuais apresentados. 5 Tabela 1. Estimativa operacional da implantação do cenário R2 em relação ao R0 Parâmetros (R2/R0) Bacia Operacional Elementos da Rede Integrada Passageiro Viagem Frota Rodagem Norte/Nordeste 1ª fase Metrô + BRT TU01, TU02 -31,9% -28,0% -61,6% -54,9% Leste/Sudeste BRT TU04, TU05, TU06, TU07 15,3% -31,7% -48,4% -42,9% Sul BRT TU10, TU10A, TU12, TU12A 21,9% 1,7% -32,2% -32,0% Pública BRT TU08, TU09, TU11, TU13 45,3% -1,1% 5,7% 2,5% 12,6% -14,8% -34,2% -31,9% Sistema de transporte coletivo por ônibus (média) Fonte: Estudo de Demanda – dados referentes à demanda em operação em 2011 Além disto, a simulação aponta um aumento médio de 12,6% no número de passageiros transportados no sistema de transporte coletivo por ônibus de Porto Alegre. No entanto, a simulação da rede integrada considerou somente o sistema de transporte coletivo, sem incluir modalidades de transporte individual. Ou seja, o acréscimo do percentual observado no parâmetro “passageiro” está relacionado ao número de usuários que realizam uma segunda viagem, sem representar aumento de receita (o estudo de demanda não considera possível atração de passageiro de outros modais). 4. Implantação da Rede Estrutural Multimodal Integrada de Transporte Quando da implantação da REMIT, independente do modal e tecnologia, as linhas que compõem os lotes da bacia operacional, conforme descrito no ANEXO II, serão alteradas quanto ao seu traçado, extensão, frequência de viagens, categoria da linha, especificação da frota, entre outros itens. Estas alterações poderão ocorrer em fases caracterizadas pela abrangência como de ajustes de atendimento de território (bairro), de região (um ou mais bairros), de bacia operacional (sistema integrado por linha troncal), ou entre todas as bacias (sistema integrado incluindo linha de ônibus troncal, metrô e integração metropolitana). A especificação tecnológica, incluindo frota, ITS, bilhetagem, descrita no ANEXO III, poderá sofrer alterações de modo a permitir que o sistema de transporte evolua de forma a se adaptar à infraestrutura prevista para a REMIT, à própria evolução tecnológica, aos programas de eficiência energética, à legislação e às alterações de topologia e demanda. Com relação à implantação operacional da linha do sistema metroviário de Porto Alegre (projeto MetrôPoa), o sistema de transporte coletivo por ônibus passará por remodelação do modelo tarifário de modo a possibilitar a compensação multimodal, elemento essencial para viabilizar a implantação da integração prevista na REMIT. Para garantir a aferição de indicadores de custos operacionais, serviços prestados e passageiros transportados, indicadores essenciais para a compensação multimodal, a 6 infraestrutura tecnológica do sistema de transporte deverá estar capacitada com tecnologia e componentes que permitam o controle tarifário. Por fim, a funcionalidade plena da REMIT só ocorrerá quando se viabilizar a integração institucional (autoridades urbanas e metropolitanas), compensação tarifária (legislação e tecnologia de arrecadação/bilhetagem e câmara de compensação) e operacional (compartilhamento da oferta, demanda e infraestrutura). 5. O atual estágio de implantação da infraestrutura para a Rede Integrada Com o objetivo de implantar a REMIT, Porto Alegre está recebendo novos corredores de ônibus e está reformulando seus antigos corredores construídos na década de 80 para receber futuramente um Sistema de Ônibus BRT. Novos corredores e faixa preferencial estão sendo construídos respectivamente nas Avenidas Padre Cacique, Cruzeiro do Sul/Moab Caldas/Teresópolis e Voluntários da Pátria. Os corredores exclusivos existentes nas avenidas Bento Gonçalves, João Pessoa/Azenha, Protásio Alves/Osvaldo Aranha estão sendo reformulados para adequar-se às necessidades do sistema BRT. Após esta fase inicial de obras de construção de vias e pavimentação, está prevista a construção de novas e modernas estações de corredores e terminais de integração, com sistemas inteligentes de bilhetagem eletrônica, monitoramento, controle e informação ao usuário. As estações e terminais serão parte essencial para a funcionalidade do Sistema de Transporte Integrado de Porto Alegre e da Região Metropolitana, como também, para o futuro Metrô, e ainda, à atual linha de trem metropolitano de superfície, Trensurb. Além destas, também estão previstas intervenções para priorizar o transporte coletivo nas Avenidas Borges de Medeiros/Praia de Belas, Salgado Filho, Oscar Pereira, Edgar Pires de Castro. Conforme previsto na Rede de Transporte, também deverão ser implantados novos corredores e faixas exclusivas nos municípios de Viamão, Alvorada, Cachoeirinha e Gravataí, promovendo maior qualificação do transporte. Em relação ao projeto do metrô, a Prefeitura de Porto Alegre, em parceria com o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, lançou o edital da Proposta de Manifestação de Interesse no 001/2013 e aguarda a entrega dos estudos técnicos em nível de detalhamento suficiente para composição do Edital de contratação de Parceria PúblicoPrivada – PPP - do Metrô de Porto Alegre, relativamente à implantação da Fase 1. A entrega dos referidos estudos está prevista para ocorrer em abril do corrente ano. Maiores informações sobre o andamento do processo da PMI estão disponibilizadas através do endereço http://www2.portoalegre.rs.gov.br/portal_pmpa_novo/default.php?p_secao=95. 7