Fracasso de Joaquim afunda a economia brasileira

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Núcleo de Educação Popular 13 de Maio - São Paulo, SP
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CRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA
www.criticadaeconomia.com.br
EDIÇÃO Nº1247 – Ano 29; 4 ª Semana Julho 2015.
Fracasso de Joaquim afunda a economia brasileira
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Antes da hora. E os primeiros sinais de pânico já aparecem no mercado.
Instintivamente, a “elite branca” é tomada pelo histerismo (vide os patéticos
comentaristas da Globonews) de quem não tem mais a mínima noção de para
onde está indo sua economia e sua política nacional.
JOSÉ MARTINS
O fracasso da política econômica de Dilma Rousseff Joaquim Levy é naturalmente
teórico e estrondosamente prático. Em termos puramente lógicos: como se pode
aumentar o superávit fiscal (receitas menos despesas) se os dois fatores para alcançar
esse objetivo são armados para trabalhar contra? Concretamente, as receitas descem e as
despesas sobem. De um lado, a queda recorde das receitas deve-se ao desabamento do
nível de atividade econômica. A causa deste desabamento é a política econômica atual
que promove brusca redução do crédito, dos investimentos e do emprego.
De outro lado, o aumento das despesas públicas deve-se exatamente à contínua elevação
da taxa de juros que remunera os credores da dívida pública. A maior do mundo. Só no
Brasil continuam elevando a taxa básica de juros do Banco Central. Até na Índia estão
abaixando, com o Produto Interno Bruto (PIB) na marca de 7,4%.
Como a metade das despesas do orçamento do governo brasileiro corresponde ao
pagamento de juros aos parasitas do sistema, os gastos fiscais não param de subir. E a
inflação continua subindo. Assim fica difícil gerar superávit fiscal. Simples. Só os
economistas de Chicago poderiam imaginar outro resultado para suas asneiras teóricas.
Aos grandes pecados teóricos sempre correspondem punições estrondosamente
práticas. Ao invés do superávit prometido pelo ajuste Dilma Joaquim, corre-se o risco
de se terminar o ano com significativo déficit fiscal! É bom não apostar contra este
prognóstico. É isso que os números estão a mostrar e que levou a dupla Joaquim e
Barbosa, da equipe econômica, a revisar bem mais para baixo do que se esperava a meta
do superávit de 1,1% - imexível, garantia a confiável presidenta, até uma semana atrás –
para 0,15% do PIB. Factível, segundo Joaquim. Abaixou a crista: a primeira meta era
imexível, a nova é factível. Ou seja, a “economia” para pagar os juros dos credores da
dívida passa dos prometidos R$ 63,3 bilhões para míseros R$ 8,75 bilhões. Míseros,
porque para alcançar esta nova meta o governo Dilma aumentará linearmente as
tesouradas nas despesas correntes com a população miserável do país. Quer dizer,
aumentará a miséria das escolas, das creches, das merendas escolares, dos postos de
saúde, da erradicação das endemias, da habitação, do saneamento básico, do seguro
desemprego e tantas outras rubricas impessoais de gastos do governo. Tudo em nome
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do sagrado pagamento dos juros aos parasitas representados nos editoriais do Financial
Times, Veja, Folha, Globonews, etc. Riqueza em um canto, miséria no outro.
A despeito da sua violência explícita, cada vez menos gente acredita que a atual política
econômica Dilma Joaquim possa funcionar. Mesmo que a favor dos rentistas, para
quem ela é implementada com exclusividade. Por isso o mercado foi tomado de enorme
desânimo nesta semana. É inacreditável, mas até os pragmáticos homens do mercado
achavam, até esta semana, do fundo do coração, que o ajuste do Joaquim era a política
correta para seus negócios. Os capitalistas são muito espertos, faz parte do seu “espirito
animal”. Mas nunca foram inteligentes. Esperteza é uma coisa, inteligência é outra.
Quanto maior a primeira, menor a segunda. E quanto mais atrasada a economia
nacional, mais idiota é sua burguesia.
Como, no cérebro dos capitalistas, a atual política iria funcionar? Como eles têm
alguma dificuldade para fazer relações mais profundas, traçavam uma imagem que se
tornou um mantra na opinião pública. Até o Manuel, dono da padaria da esquina, repetia
com ares doutorais: é como tomar um remédio muito amargo de uma vez, depois a
economia começará a melhorar já no ano seguinte.
Deu errado. Ficaram sabendo nesta semana. E chocou. Agora, a perspectiva do mercado
em geral é que todo o segundo mandato de Dilma seja de recessão, estagnação ou, na
melhor das hipóteses, baixo crescimento em 2017 e 2018. É uma perspectiva ainda
otimista, pois leva em conta apenas as dificuldades internas. Mas sabemos nosotros aqui
da Crítica que estas dificuldades devem se multiplicar aos primeiros sinais de explosão
da China e Estados Unidos. Até agora, nenhuma outra análise está considerando esta
importante variável. Mas isso muda o futuro a ser vislumbrado. De todo modo, os
primeiros sinais de pânico já tomam conta do mercado. Instintivamente, a “elite branca”
é tomada pelo histerismo (vide os apresentadores da Globonews) de quem não tem mais
a mínima noção de para onde está indo a sua economia e sua política nacional.
As previsões de forte derrocada aumentaram depois do fracasso de Joaquim. As
projeções de bancos e consultorias já apontam uma retração mais forte que o previsto
para 2015. Nesta sexta-feira, 24, os economistas do Credit Suisse revisaram sua
previsão de queda do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano de 1,8% para 2,4%. É uma
bela revisão. Nem a Crítica estava tão otimista. E projetam uma retração menor no ano
que vem (-0,6%). Aqui se distanciam das nossas projeções de queda maior que neste
ano. Mas “essa seria a primeira vez desde 1930-1931 que o país teria uma recessão por
dois anos consecutivos”, destacam com muita perspicácia em seu relatório os
economistas do Credit Suisse. Naquela época, a economia mundial sofria os efeitos da
Grande Depressão de 1929. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
o PIB brasileiro, naquele período, recuou 2,1% em 1930 e 3,3% no ano seguinte.
Coincidentemente, é o que nosotros estamos a prever para este ano e o próximo.
Esse nosso “catastrofismo” (softcatastrofismo é a denominação preferida) leva em conta
a continuidade da política econômica de Dilma Joaquim. Aliás, mesmo com essa dupla
tão brilhante fora do governo, com o impeachment (a renúncia é o mais provável) da
primeira e a volta do segundo para sua salinha no Bradesco, a burguesia não tem outra
política econômica no estoque. Não se deve esquecer que se trata da burguesia do
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Brasil, não a dos EUA. E que a economia sempre é política. Pode ser o beócio Aécio, o
pastor Cunha, o filósofo Tiririca, algum general de ditadura militar ou qualquer outro
expediente que a burguesia invente, a sua política econômica não será muito diferente
da atual. É considerando essa continuidade que poderemos assistir já na próxima
semana uma nova elevação da taxa básica de juros. O saco de maldades não tem fim.
Mesmo integrantes do governo, relata o jornal Folha de São Paulo deste sábado, 25,
temem que o Banco Central seja “duro demais” e aumente a Selic em meio ponto
percentual na semana que vem, aprofundando o cenário de recessão econômica. Bancos
públicos e privados também estão preocupados com os sinais de elevação da taxa de
juros para além do desejável e preveem redução ainda maior da oferta de crédito para o
consumo. Até a redução da meta do superávit primário, nesta semana, o mercado e o
governo apostavam ou no aumento de 0,25 ponto percentual ou na manutenção da taxa
Selic no patamar atual de 13,75% ao ano. Diante da surpresa, as projeções passaram a
considerar uma alta de 0,5 ponto percentual. O próprio Banco Central, que trabalhava
com um cenário de aperto fiscal bem maior até 2017, foi pego de surpresa com a queda
abrupta do superávit primário de 1,1% para 0,15% do PIB.
Frente ao cenário de longo prazo, fica automaticamente revogada a insistente
justificativa de que o “remédio amargo” era necessário porque “estamos pagando um
alto preço pelos erros da política econômica dos últimos anos”. E entra imediatamente
em vigor o fato que o alto preço da derrocada econômica que se anuncia será devido aos
erros da política econômica dos últimos sete meses. Aliás, eles nunca explicaram muito
bem que erros foram cometidos pela política econômica de Guido Mantega – ministro
da Fazenda anterior, atualmente perseguido em praça pública como judas pelos mesmos
parasitas burgueses cujos cofres ele nunca deixou de abastecer com sua inteligente
política econômica anticíclica. Como dizíamos em antigos boletins, Mantega era um
ministro da Fazenda que entendia de Economia, uma coisa rara. Seu único equívoco,
dizíamos também naqueles boletins, foi achar que a economia do imperialismo não
existe e que se poderia fazer política econômica de gente grande (EUA, Japão,
Alemanha) em uma economia dominada por uma sórdida protoburguesia.
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