Gabriel de Braga Boeing - Consulado Geral do Japão em Curitiba

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Gabriel de Braga Boeing – Bolsista MEXT 2014 de Graduação
Os últimos 10 meses têm sido uma mistura de várias sensações: saudades, cansaço,
satisfação, felicidade e até mesmo medo.
Cheguei no Japão na melhor época possível: a primeira semana de Abril, cerejeiras
florescendo e tempo agradável. Depois de chegar no aeroporto, fui buscado por um taxista que
me trouxe para o que seria minha casa pelo ano seguinte. O dormitório e o prédio que temos
aula aqui na Universidade de Osaka são no Campus mais distante do centro da cidade (Minoo)
(fica, literalmente, nas montanhas), porém para chegar às aulas tenho que andar menos de um
minuto, pois moro dentro do Campus.
O dormitório não é a melhor moradia do mundo. Mas dá para viver e é super barato
(19000 ienes por mês, no primeiro mês você paga o equivalente a dois meses e mais umas
taxas, tendo que desembolsar de cara algo em torno de 46000 ienes). É preciso aprender que
existem pessoas de várias nacionalidades e culturas diferentes e que nem todos cuidam tão bem
das instalações comuns assim (diga-se de passagem a cozinha). Há outros tipos de dormitório,
alguns com banheiro no quarto, alguns com o banho em prédio separado etc.
Quanto às aulas, na primeira semana tivemos basicamente apenas reuniões de
orientação, pessoas nos levando ao banco para criar uma conta, registrando o endereço no
cartão de estrangeiro (algo semelhante à nossa identidade no Brasil) etc. Logo depois
começamos a ter várias provas de nivelamento, no meu caso, Japonês, Inglês, Matemática,
Física e Química (no caso de humanas Japonês, Inglês, História, Política e Economia) (aqueles
com notas boas em inglês não precisam frequentar as aulas) e também uma entrevista em
japonês (Aqueles que vieram sabendo nada de japonês tiveram, ao invés da prova de
nivelamento de japonês, aulas de Katakana e Hiragana todo dia da segunda semana durante a
manhã). As turmas são separadas baseando-se nessas provas e entrevista.
TODAS as aulas são em japonês e o ritmo das aulas é bem acelerado, pois ao fim do
primeiro ano precisamos estar aptos a assistir aulas em japonês juntamente com os japoneses.
Lá por Julho temos as provas “de treino”, que servem para sabermos como serão as provas de
verdade e se precisaremos frequentar classes extras ou não. Durante esse primeiro ano há três
períodos de provas: Setembro, Dezembro e Fevereiro. As provas de Setembro e Dezembro são
decisivas para a decisão da faculdade para qual você vai depois desse primeiro ano. As provas
de Fevereiro servem apenas para fechar as notas e se graduar desse primeiro ano intensivo. As
provas geralmente são de todas as matérias que você está estudando e ainda mais uma prova
de apresentação oral.
Com o passar do tempo, ao invés de apenas aulas de gramática, passamos a ter aulas de
redação, leitura, audição, apresentação oral e TCC.
Quanto às universidades, primeiro é necessário escolher a área que você quer estudar,
depois pesquisar quais universidades públicas têm o seu curso, escolher 7 universidades e
informa-las ao ministério. A partir dessas universidades e das suas notas e a sua presença (a
presença é EXTREMAMENTE importante) será decidido para qual universidade você irá no ano
seguinte.
É tudo muito puxado, aulas das 8:50 às 16:10, férias muito reduzidas (no máximo 2 semanas e
meia), muitos relatórios e dever de casa todo dia, mas em compensação há viagens organizadas
pela universidade e há muitas pessoas com as quais se pode fazer amizade.
Estou meio triste pelo fim desse primeiro ano, mas ao mesmo tempo ansioso pelo início
da minha vida universitária no Japão!
Quanto à diferença cultural, realmente, é muito diferente do Brasil. Os japoneses, ao
contrário dos Brasileiros, não são acostumados a encostar nas pessoas. Quanto à comida,
muitos podem descrever a comida japonesa como insossa, ao contrário da brasileira, em que
colocamos muitos temperos. Frutas e carne bovina são muito caros, além de os cortes que
estamos acostumados a ver no Brasil não serem achados facilmente aqui. Porém há sites de
produtos brasileiros na internet e há restaurantes brasileiros (churrascarias) por aqui. Não digo
que é fácil de se adaptar, mas tem um jeito pra tudo.
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