Tópicos teóricos Anatomia topográfica do Abdome 2016 Aulas I e II: Parede do Abdome Tópico 1 A parede do abdome envolve a cavidade abdominal e a cavidade pélvica (cavidade abdominopélvica) com os órgãos abdominais e pélvicos. O volume e a pressão nesse espaço sofrem grandes variações. As paredes anterior e lateral do abdome estendem-se desde o rebordo costal ou margem costal até a abertura superior da pelve menor ou verdadeira, delimitada pela: 1) sínfise púbica, anteriormente; 2) linha pectínea e linha arqueada, lateralmente (ambas formam a linha terminal); e pelo 3) promontório sacral, posteriormente. O abdome e pelve são envolvidos predominantemente por músculos: 1) cranial pelo diafragma; 2) caudal pelo assoalho pélvico (músculo levantador do ânus e coccígeo); 3) dorsal pelos músculos da parede posterior do abdome (psoas maior e menor, ilíaco e quadrado lombar) e pelos músculos do dorso, e; 4) ventral e lateral pelos músculos anterolaterais do abdome, ou seja, pelos músculos oblíquo externo e interno, transverso, reto do abdome e piramidal; (formando o que, na rotina clínica se denomina parede do abdome). Tópico 2 O canal inguinal representa uma passagem oblíqua bilateral (4 a 5cm de comprimento) na parede antero-inferior do abdome formada a partir de um espessamento e evaginação do peritônio parietal (o processo vaginal). A partir da sua formação, os gubernáculos (tecido conjuntivo fibroso mesenquimal que se estende dos polos inferiores das gônadas aos primórdios do escroto/lábios maiores, as denominadas intumescências labioescrotais) arrastam os testículos pelos canais inguinais até os escrotos ou os ovários até a pelve. As extensões inferiores dos gubernáculos no sexo feminino, atravessam os canais inguinais e se fixam nos lábios maiores do pudendo, os denominados ligamentos redondos do útero (ligamentos de fixação desse órgão). Tópico 3 São limites do canal inguinal: A) Assoalho: ligamento inguinal ou de *Poupart (lateralmente) e o ligamento lacunar ou de *Gimbernat (extremidade medial do ligamento inguinal); B) Parede anterior: aponeurose do músculo oblíquo externo e mais lateralmente por fibras do músculo oblíquo interno ; C) Parede posterior: fáscia transversal lateralmente e tendão conjunto ou ligamento falciforme medialmente; D) Teto: fibras arqueadas dos músculos oblíquo interno e transverso. O ligamento inguinal representa a parte inferior e tendínea da aponeurose do músculo oblíquo externo. Se estende da espinha ilíaca anterosuperior até o tubérculo púbico. Sua margem livre, ou terço medial se fixa ao púbis através do ligamento pectíneo ou de *Cooper. Esse feixe recebe o nome de ligamento lacunar. Portanto, o ligamento pectíneo ou de Cooper são fibras aponeuróticas que se continuam lateralmente ao ligamento lacunar ao longo da linha pectínea do púbis. O anel inguinal profundo representa uma abertura na fáscia transversal. O anel inguinal superficial representa uma abertura na aponeurose do músculo oblíquo externo. *Epônimos (denominações dadas `as estruturas anatômicas pelos autores que a descreveram. Termos utilizados pelos clínicos e cirurgiões). Aulas I e II: Cavidade Abdominal Tópico 1 A cavidade abdominal representa um espaço delimitado pela parede abdominal externamente e envolvida pela fáscia transversal (tecido conjuntivo que envolve desde a face inferior do diafragma até o assoalho pélvico internamente). Essa cavidade contém as vísceras abdominais e a cavidade peritoneal. A cavidade peritoneal que está delimitada pelas porções parietal e visceral do peritônio, contém apenas um filme líquido produzido pelo seu mesotélio (camada mais superficial de células simples pavimentosas que constitui histologicamente parte do peritônio), que evita o atrito entre as vísceras, por exemplo, durante os movimentos peristálticos. O líquido ascítico ocupa o espaço da cavidade peritoneal distendendo a parede abdominal de forma característica. Tópico 2 A cavidade abdominal apresenta como um dos seus conteúdos o trajeto descendente da aorta abdominal e seus ramos. Tem início através da sua passagem pelo hiato aórtico no diafragma e com trajeto, em parte, `a esquerda dos corpos vertebrais lombares, ao nível de L4 dá origem a seus ramos terminais, as artérias ilíacas comuns direita e esquerda. Nesse trajeto dá origem a ramos parietais que suprem a musculatura, tecido conjuntivo e adiposo, ossos e articulações da parede abdominal: 1) artérias frênicas inferiores; 2) artérias lombares e; 3) artéria sacral mediana; e, principalmente, a ramos viscerais que irrigam os órgãos ou vísceras da cavidade abdominal: 1) tronco celíaco (origina as artérias gástrica esquerda, esplênica e hepática comum); 2) artéria mesentérica superior; 3) artérias suprarrenais médias; 4) artérias renais; 5) artérias gonadais (ovarianas ou testiculares) e; 6) artéria mesentérica inferior .