As propostas dos candidatos a prefeito do Rio para tirar 100 mil do

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O Globo, 1 de outubro de 2016
As propostas dos candidatos a prefeito do Rio para
tirar 100 mil do desemprego
Por: Marcello Corrêa
Cariocas fazem fila para dar entrada no Seguro Desemprego, no posto do
Sine, em Madureira Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo/4-10-2015
Quem assumir a prefeitura do Rio no ano que vem terá o desafio de
gerar empregos na cidade que tem o segundo pior saldo de vagas com carteira
assinada entre as capitais do país, melhor apenas do que São Paulo. Segundo
dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged),
divulgados pelo Ministério do Trabalho, as empresas cariocas demitiram
112.215 trabalhadores a mais do que contrataram, no acumulado em 12
meses até agosto. São Paulo, maior economia do país, tem a pior marca, com
169.129 postos eliminados. As propostas dos candidatos para lidar com essa
crise variam desde o estímulo direto, com novas obras e consequente geração
de emprego, até o investimento em capacitação e empreendedorismo.
A recessão de dois anos que afeta todo o país está por trás dos números
ruins da economia carioca, segundo analistas. Mas o Rio sofre
especificamente os efeitos da crise do setor de petróleo, que influencia uma
densa cadeia de serviços. Os dados mais recentes têm ainda a influência do
fim da Olimpíada, que gerou empregos em obras e em trabalhos temporários.
Uma das principais estratégias do candidato Pedro Paulo (PMDB) é
gerar vagas por meio de obras tocadas pela própria prefeitura. O indicado do
prefeito Eduardo Paes é o único que promete gerar um número exato de
vagas. Em seu programa de governo, prevê a criação de 112 mil empregos
diretos em 25 projetos da prefeitura, como a construção de 58 quilômetros
de BRT e 23 quilômetros de VLT. O plano de gerar emprego por meio de
obras do próprio município é citado ainda nos programas dos candidatos
Índio da Costa (PSD), que prevê uso de mão de obra em reparos de prédios
públicos, e Cyro Garcia (PSTU), que defende a criação de uma estatal para
tocar obras públicas.
A construção civil foi o setor da economia carioca que mais sofreu
com a crise, refletindo principalmente dois fatores: o fim das obras para os
grandes eventos e a crise do setor imobiliário, que vive um momento de
incerteza em todo o país. No acumulado em 12 meses até agosto, o número
de demissões no segmento superou o de contratações em 45.878. Roberto
Kauffman, presidente do Sinduscon-Rio, entidade que reúne as empresas do
setor no estado, diz que a principal demanda é ampliar as oportunidades de
empreendimentos em áreas próximas aos corredores do BRT.
— A primeira oportunidade no Rio seria a execução de bairros de uso misto
(industrial não poluente, comercial e residencial) ao longo dos terrenos de
corredores de mobilidade urbana. O papel da prefeitura seria ajustar a
legislação para se poder construir esses bairros — afirma.
Bruno Sobral, pesquisador da Uerj especialista em economia
fluminense, pondera que a estratégia de gerar empregos por meio de novas
obras pode ser arriscada.
— O sucesso desse modelo (de desenvolvimento por meio de obras públicas)
foi por meio do aumento da capacidade de endividamento. A pergunta é: o
município vai conseguir manter essa capacidade? — questiona o professor,
que é crítico do atual governo. — Existe um risco de promessas não
realizáveis. O Rio não é uma bolha blindada. Tem que pensar que a
conjuntura em que a capacidade de manter essa lógica foi possível, em
grande medida, por causa de uma renegociação de dívida de 2009, vai ter
que começar a ser paga.
Líder nas pesquisas, Marcelo Crivella (PRB) é econômico ao listar as
propostas diretamente relacionadas à geração de emprego. O candidato
concentra seu plano de ação em dois eixos: incentivo ao empreendedorismo
e capacitação de jovens. Ele promete criar, até 2019, 20 centros de
capacitação, chamados oficinas para o emprego. Projetos de qualificação
também são defendidos por Índio da Costa e Jandira Feghali (PCdoB).
O incentivo ao empreendedorismo é outro destaque entre as propostas.
Marcelo Freixo (PSOL), por exemplo, cita em seu plano de governo a criação
de incubadoras de cooperativas municipais e propõe o estímulo à
formalização do comércio informal, com o combate às vendas de
mercadorias ilícitas.
Entre representantes de setores, as principais demandas são de redução
de burocracia e da carga tributária. Esses dois pontos são destacados como
missões da gestão municipal no Mapa do Comércio do Estado do Rio,
elaborado pela Fecomércio-RJ, em parceria com a FGV-Rio.
O economista-chefe do Sistema Firjan destaca que a estrutura tributária ainda
é um entrave para a atração de investimentos na cidade.
— Poderia ter uma política para tentar atrair de volta o setor de
tecnologia e financeiro. A atividade é importante para as indústrias porque
torna os negócios na cidade mais próximos — avalia o especialista.
As ações estão relacionadas ao desafio de diversificar a economia
local. A ideia de investir em vocações cariocas é quase unanimidade. Seis
dos dez planos analisados citam, por exemplo, o termo economia criativa: os
de Pedro Paulo, Freixo, Índio da Costa, Alexandre Molon, Carlos Osorio e
Carmen Migueles. Para João Saboia, professor do Instituto de Economia da
UFRJ e especialista em mercado de trabalho, em muitos casos as propostas
precisam ser mais bem detalhadas, inclusive em relação à definição do que
a chamada economia criativa significa, já que o termo é muito abrangente:
— São cartas de intenção que os candidatos estão colocando. Acho correto
quando eles dirigem para segmentos que têm potencial, mas é preciso
lembrar do contexto complexo em que o Rio está inserido.
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