CRESCIMENTO, PRODUÇÃO DE BIOMASSA E ASPECTOS FISIOLÓGICOS DE PLANTAS DE MENTHA PIPERITA L. CULTIVADAS SOB DIFERENTES DOSES DE FÓSFORO E MALHAS COLORIDAS Girlene Santos Souza1*, Uasley Caldas Oliveira1, Jain Santos Silva1, Janderson Carmo Lima1 RESUMO: O objetivo desse trabalho foi avaliar o crescimento, a produção de biomassa e os aspectos fisiológicos de Mentha piperita cultivada em diferentes doses de fósforo e qualidade de luz. As plantas foram cultivadas em vasos sob malhas de 50% de sombreamento nas cores azul e vermelho e a pleno sol (0% de sombreamento) por três meses. Utilizaram-se quatro doses de fósforo (0, 60, 120 e 180 kg ha-1 de P2O5) na forma de superfosfato triplo. Adotou-se o delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições, em um fatorial 4x3 (doses de fósforo e qualidade de luz). Foram avaliadas as seguintes características de crescimento: altura do ramo principal, número de folhas, área foliar, matéria seca das folhas, caule e raízes e os índices fisiológicos: razão de área foliar (RAF), área foliar específica (AFE), razão de peso foliar (RPF) e os teores de clorofila a e b. Não foi observada diferença significativa entre as doses de fósforo utilizadas e, portanto, a produção de biomassa nas plantas de Mentha piperita não foi influenciada pela adubação fosfatada. Entretanto, a qualidade de luz interferiu de forma significativa na maioria das variáveis analisadas, ocasionando acréscimo no acúmulo de biomassa seca da parte aérea e da raiz e aumento nos teores de clorofila a e b. Tais resultados evidenciam que o uso de malhas coloridas pode ser modulada durante o cultivo de Mentha piperita, a fim de se obter características morfológicas desejáveis e maximizar o crescimento e a produção de biomassa nessa espécie. Palavras-chave: hortelã, qualidade de luz, nutrição mineral, radiação. GROWTH, BIOMASS PRODUCTION AND PHYSIOLOGICAL ASPECTS OF MENTHA PIPERITA L. PLANTS GROWN UNDER DIFFERENT LEVELS OF PHOSPHORUS AND COLORED NETS ABSTRACT: This study aimed to evaluate the growth, biomass production and physiological aspects of Mentha piperita grown in different phosphorus levels and light quality. Plants were grown in pots for three months under nets with 50% shading, blue and red color, and under full sun condition(0% shade). Treatments consisted of four levels of phosphorus (0, 60, 120 and 180 kg ha-1 P2O5) as triple superphosphate. A completely randomized design was adopted, with four replications in a factorial 4x3 (phosphorus and light quality). The following growth characteristics were evaluated: main stem height, number of leaves, leaf area, leaf, stem and root dry mass, plus the physiological indices: leaf area ratio (LAR), specific leaf area (SLA), leaf weight ratio (LWR) and chlorophyll a and b concentrations. It was not observed significant difference between the doses of phosphorus, and therefore biomass production in plants of Mentha piperita was not influenced by phosphorus fertilization. However, the quality of light interferes significantly in most variables, resulting in increased accumulation of shoot and root dry biomass and chlorophyll a and b increased levels. These results show that the use of colored nets can be modulated during cultivation of Mentha piperita, in order to obtain desired morphology and maximize the growth and biomass production in this species. Keywords: Peppermint, light quality, nutrition, radiation. ______________________________________________________________________________________________ 1 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas. UFRB, Campus Cruz das Almas, Centro. CEP: 44380-000. Cruz das Almas, BA – Brasil. E-mail: [email protected]. Autor para correspondência. Recebido em: 29/08/2012 Aprovado em: 03/12/2013 Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p.35-44, dez. 2013. G. S. Souza et al. INTRODUÇÃO O gênero Mentha pertence à família da Lamiaceae e compreende um número muito grande de espécies, dentre elas a Mentha piperita L., planta aromática e medicinal, conhecida como hortelã e menta. Essas plantas são originárias da Europa, suportam temperaturas muito baixas, mas são bem adaptadas ao clima tropical (SOUZA et al., 2007). De acordo com Cassol (2007), a hortelã é utilizada na “medicina popular” para o combate da fadiga geral, atonia digestiva, gastralgia, cólicas, afecções hepáticas, bronquite crônica, dentre outras enfermidades, sendo também empregado como calmante, revitalizante, antidepressivo, antialérgico, carminativo, hipotensor, tônico em geral, antiespamódico. O ambiente em que o vegetal se desenvolve e o tipo de cultivo influenciam no crescimento e na produção de biomassa, além de interferir na composição química dos óleos essenciais (DAVID et al., 2006). A intensidade luminosa, o fotoperíodo, a temperatura e a nutrição mineral podem influenciar diretamente na produção de princípios ativos, ou indiretamente, por meio do aumento de biomassa das plantas de espécies produtoras de óleos essenciais (VALMORBIDA et al., 2006). Embora haja algumas informações relacionadas à influência da intensidade de luz e do papel de nutrientes minerais no crescimento da planta e na produção de biomassa e de óleo essencial de Mentha piperita (DAVID et al., 2006; RODRIGUES et al., 2004), não foram encontrados para essa cultura, estudos relacionados à qualidade de radiação incidente, bem como a investigação conjunta desses fatores ambientais. Além disso, para várias culturas, tem sido cada vez mais comum o uso com sucesso de telados de diferentes colorações 36 (OREN-SHAMIR et al., 2001; SOUZA et al., 2011). As malhas coloridas representam, então, um novo conceito agrotecnológico, tendo como finalidade combinar a proteção física com a filtração diferencial da radiação solar, para promover respostas fisiológicas específicas que são reguladas pela luz (BRANT et al., 2009). A malha vermelha reduz as ondas azuis, verdes e amarelas, acrescentando ondas na faixa espectral do vermelho e do vermelho distante, com transmitância para comprimentos de ondas superiores a 590 nm. Já a malha azul filtra as ondas na faixa do vermelho e do vermelho distante, o que permite a passagem de ondas com transmitância na região do azul-verde (400–540 nm) (SHAHAK et al., 2004). Assim, pode ser colocada a hipótese de que alterações nas características espectrais da radiação solar podem modificar características estruturais e fisiológicas das plantas. Por ser considerada uma cultura exigente em fertilidade do solo e água, foi cultivada como desbravadora nas regiões do interior do Paraná e São Paulo, ocorrendo uma diminuição da área de cultivo com a diminuição das áreas desmatadas. Outros dois fatores que contribuíram para a diminuição da produção de menta foram o advento do mentol sintético e a suscetibilidade das plantas à doença conhecida como "ferrugem da menta", causada pelo fungo Puccinia menthae (WATANABE et al., 2006). Neste contexto, destaca-se o fósforo (P), o qual é com frequência o elemento mais limitante na nutrição das plantas nos solos das regiões tropicais e subtropicais, não só pela baixa concentração, mas também pela capacidade de fixação de P destes solos (MALAVOLTA, 2006). Com isso, o manejo da adubação fosfatada é de grande interesse para a obtenção de uma maior produção de Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p.35-44, dez. 2013. Crescimento, produção de biomassa.... fitomassa, além de influenciar também na aquisição de óleo essencial de melhor qualidade. Assim, a avaliação do crescimento de Mentha piperita submetida à variação de fósforo pode fornecer subsídios para melhores condições de cultivo da espécie. Poucas informações agronômicas estão disponíveis sobre as exigências nutricionais das plantas medicinais, tornando-se necessário o desenvolvimento de estudos que revelem a resposta desta espécie quando são submetidas às técnicas de cultivo, sem afetar o valor terapêutico da planta (GARLET & SANTOS, 2008). Com base no acima exposto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o crescimento, produção de biomassa e aspectos fisiológicos de Mentha piperita L. submetidas aos diferentes níveis de fósforo e cultivadas sob malhas de transmissão de luz diferenciada. 37 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido entre fevereiro e maio de 2012, na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), em Cruz das Almas, sob condições de viveiro. As mudas foram obtidas pelo método de propagação vegetativa (estaquia), medindo cerca de 10 cm de comprimento com diâmetro de 0,3 mm. Foram produzidas 60 mudas em sacos de polietileno (10x15 cm), contendo uma mistura de solo, areia e composto orgânico (3:1:1), as quais foram mantidas em casa de vegetação por 30 dias. O solo utilizado como substrato foi o Latossolo Amarelo Coeso, coletado em área de pastagem natural, do Campus da UFRB, na camada de 0 - 20 cm. Posteriormente, a análise química do solo foi realizada e os resultados são apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Análise química do solo. Cruz das Almas, BA, em 2011. Após o enraizamento, as mudas com aproximadamente 17 cm de altura foram transplantadas para vasos plásticos de 3 litros de capacidade, contendo uma mistura de terra de subsolo, areia e composto orgânico (3:1:1), ao qual foi incorporado uréia (0,3 g vaso-1) e cloreto de potássio (0,15 g vaso-1). Na sequência, foram distribuídas as dosagens de fósforo (kg ha-1 de P2O5), na forma de superfosfato triplo, nos diferentes tratamentos: T1 = 0; T2 = 60; T3 = 120 e T4 = 180 kg ha-1 de P2O5. As plantas foram cultivadas, por 90 dias, sob sombreamento com malhas ChromatiNet nas cores azul, vermelha (50%) e a pleno sol (0%). As malhas avaliadas interceptaram a radiação solar em 50%. O experimento foi conduzido sob um delineamento experimental inteiramente casualizado, em um fatorial 4 x 3 (doses de fósforo e qualidade de luz), com quatro repetições e a unidade experimental consistiu de uma plantas. No final do experimento, foram avaliadas as seguintes características de crescimento: altura do ramo principal, número de folhas, área foliar, matéria seca das folhas, caules e raízes, em 6 plantas de Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p. 35-44 , dez. 2013. G. S. Souza et al. cada tratamento, tomadas ao acaso. A área foliar total por planta foi medida utilizandose medidor de área foliar portátil “AM300 Area Meter” da marca ADC. As plantas foram separadas em folhas, caules e raízes e todo o material foi seco em estufa com circulação forçada de ar a 70 ± 2ºC, até biomassa constante, utilizando-se uma balança analítica com precisão de 10-4g. A razão área foliar (RAF), razão peso foliar (RPF) e área foliar específica (AFE) foram determinadas de acordo com BENINCASA (2004). Posteriormente foi realizada a determinação dos teores de clorofila, a qual foi realizada utilizando-se um medidor eletrônico de clorofila (Clorofilog CFL 1030). Os dados foram submetidos à análise de variância, utilizando-se o programa estatístico SISVAR®, VERSÃO 5.0 (FERREIRA, 2008) e as médias entre os tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO 38 As informações geradas a partir da análise de variância revelaram que não houve efeito significativo da interação entre as doses de fósforo e as qualidades da luz fornecidas às plantas de menta, para a todas as variáveis testadas. Além disso, esses resultados também indicam efeito isolado tanto da aplicação de fósforo como também do uso da qualidade de luz. Verificou-se que as doses de fósforo não influenciaram significativamente os aspectos fisiológicos do crescimento e a produção de biomassa de Mentha piperita, enquanto que os níveis de qualidade de luz apresentaram efeito significativo nas variáveis analisadas, com exceção da razão de área foliar (RAF) e nos teores de clorofila a. Entretanto, observou-se que o maior comprimento do ramo principal foi obtido nas plantas cultivadas com o maior nível de fósforo (Tabela 2), nas plantas cultivadas sob a malha vermelha, que diferiu significativamente as plantas crescidas a pleno sol. Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p.35-44, dez. 2013. Crescimento, produção de biomassa.... 39 Tabela 2. Altura, número de folhas e área foliar de Mentha piperita cultivadas sob diferentes concentrações de fósforo e submetidas a ambientes de luz com 50 % de sombreamento. Cruz das Almas, BA, 2012. Tratamentos Doses de Fósforo 0 kg ha-1 de P2O5 60 kg ha-1 de P2O5 120 kg ha-1 de P2O5 180 kg ha-1 de P2O5 Ambiente de luz Pleno sol Malha Azul Malha Vermelha CV (%) Altura (cm) Número de folhas Área foliar (cm2) 19,87 a 19,19 a 21,14 a 22,50 a 250,33 a 278,97 a 276,77 a 266,75 a 486,01 a 506,00 a 450,01 a 470,24 a 16,59 b 22,54 a 22,89 a 15,52 240,31 b 294,31 a 309,56 a 22,21 330,16 b 554,19 a 550,01 a 17,11 *Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P=0,05). Rodrigues et al. (2004), estudando a Mentha piperita, verificaram que as maiores concentrações de P na solução (24 e 30 mg L-1), promoveram aumentos no crescimento da parte aérea da menta, mas reduziram os teores de óleo essencial, não significando, portanto, ganhos de produção de óleo por planta, por outro lado, menor crescimento das plantas quando cultivadas em baixas concentrações de fósforo (6; 12; 18 mg L-1). O baixo crescimento das plantas deficientes em P está relacionado, provavelmente, com o comprometimento na síntese de proteínas. No tratamento com adubação fosfatada, as plantas apresentaram o maior número de folhas, embora não tenha verificado diferença significativa entre as diferentes doses de fósforo (Tabela 2). Esses resultados concordam com o trabalho de Maia (1998) e David et al. (2006) que verificaram uma redução no número e diâmetro de folhas das plantas de Mentha arvensis e Mentha piperita, respectivamente, cultivadas com deficiência ou omissão de fósforo. Em relação à qualidade espectral, plantas Mentha piperita cultivadas sob a malha vermelha apresentaram maior número de folhas quando comparadas aquelas crescidas em luz plena, que diferiram significativamente. Quanto à variável área foliar (AF), não houve diferenças significativas entre os tratamentos com as doses de fósforo, porém, em valores numéricos, a área foliar foi maior nas plantas cultivadas com a dose de 60 Kg ha-1 de P2O5 (Tabela 2). Sob sombreamento, observou-se uma maior AF nas plantas cultivadas sob as malhas vermelha e azul que diferiram significativamente daquelas cultivadas a pleno sol. Resultados similares foram observados em hortelã-japonesa, uma espécie da mesma família da Mentha piperita, cultivada sob diferentes malhas, por Chagas et al. (2010), que atribuíram o aumento da área foliar nas plantas mais à intensidade do que à qualidade espectral da luz. De acordo com Taiz e Zeiger (2010), como estratégia adaptativa, as plantas submetidas aos baixos níveis de irradiância expandem as folhas para aumentar a captação da energia luminosa e permitir maior eficiência fotossintética e, consequentemente, maior fixação de carbono. Ao contrário do observado por Chagas et al. (2010), no presente trabalho, a expansão foliar, em Mentha piperita, parece estar relacionada Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p. 35-44 , dez. 2013. G. S. Souza et al. mais à qualidade do que à intensidade da luz, conforme observado em plantas cultivadas sob diferentes malhas (vermelha e azul) com a mesma intensidade de radiação (50%). As concentrações de fósforo não influenciaram o acúmulo de massa seca da 40 parte aérea e da raiz das plantas de Mentha piperita durante o seu de desenvolvimento, sendo que a dose de 120 kg ha-1 de P2O5 induziu um aumento de 88% e 95% dessa massa seca, respectivamente (Tabela 3). Tabela 3. Massa da matéria seca de folha (MSF), caule (MSC), raiz (MSF), massa seca total (MST) e relação raiz/parte aérea de plantas de Mentha piperita cultivadas sob diferentes concentrações de fósforo e submetidas a ambientes de luz com 50 % de sombreamento. Cruz das Almas, BA, 2012. Tratamentos Doses de Fósforo 0 kg ha-1 de P2O5 60 kg ha-1 de P2O5 120 kg ha-1 de P2O5 180 kg ha-1 de P2O5 Ambiente de luz Pleno sol Malha Azul Malha Vermelha CV (%) MSF (g) MSC (g) MSR (g) MST (g) Raiz/Parte aérea 1,65 a 1,73 a 1,78 a 1,57 a 2,12 a 2,08 a 2,14 a 1,88 a 3,65 b 4,11 ab 4,64 a 4,43 ab 7,43 a 7,92 a 8,58 a 7,89 a 0,97 a 1,18 a 1,28 a 1,27 a 1,51 b 1,65 ab 1,88 a 22,27 1,42 b 2,04 b 2,70 a 16,07 2,56 b 5,11 a 4,94 a 19,75 5,51 b 8,82 a 9,53 a 18,73 0,93 b 1,46 a 1,14 b 18,29 *Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P=0,05). Os resultados encontrados para adição de adubação concordam com os resultados de outros trabalhos com Mentha x piperita, os quais verificaram que na ausência de nitrogênio, fósforo e potássio a massa total e a massa foliar das plantas foram reduzidas (PEGORARO et al., 2010). Por outro lado, dentre os tratamentos com qualidade de luz, as malhas coloridas proporcionaram às plantas maior eficiência na aquisição de biomassa, diferindo significativamente daquelas cultivadas sem sombreamento. Pegoraro et al. (2010), realizando experimento com Mentha piperita L., observaram que a intensidade da luz e nutrição do substrato influenciaram de forma positiva e significativa a biomassa da plantas. Costa et al., (2012) ao estudar o crescimento vegetativo de hortelã-pimenta, sob malhas coloridas e ambiente pleno sol, concluíram que as plantas de hortelãpimenta são insensíveis à qualidade de luz para produção de fitomassa e expansão foliar, sendo sensíveis apenas quanto a intensidade de luz, de forma que o sombreamento em pregado pelas malhas (50%), independente de sua cor, foi benéfico em relação às plantas cultivadas a pleno sol. Neste presente trabalho, observou-se que as plantas de Mentha piperita produziram maior biomassa seca total quando cultivadas sob malha vermelha. A exposição à luz vermelha e vermelha distante durante o crescimento e desenvolvimento foliar influencia o desenvolvimento de cloroplastos para Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p.35-44, dez. 2013. Crescimento, produção de biomassa.... garantir sobrevivência mais eficiente à planta o que pode influenciar o aumento da capacidade fotossintética das plantas sem cobertura e com cobertura vermelha, quando comparadas à azul e à termorefletora (KASPERBAUER, 1995). Em contrapartida, outros autores quantificaram menor densidade da radiação fotossinteticamente ativa sob tela azul o que influenciou em menor peso fresco de frutos de morango (COSTA et al., 2011) e menor comprimento de folhas e do pecíolo e largura máxima das folhas de Phalaenopsis sp. (LEITE et al., 2008). Ao se avaliar a relação raiz:parte aérea, os cultivos sob malhas vermelha e azul foram os que apresentaram maior crescimento das raízes em valor numérico 41 (1,14; 1,46 respectivamente) (Tabela 3). Afreen et al. (2005) também observaram uma menor redução no crescimento das raízes de plantas de G. uralensis sob incidência de luz azul. Em relação à razão de área foliar (RAF), que expressa à área foliar útil para fotossíntese (BENINCASA, 2004), verificou-se que não houve efeito significativo entre os fatores níveis de qualidade de luz e doses de fósforo. Já para razão de peso foliar (RPF), que representa a fração de matéria seca produzida pela fotossíntese, não houve influência do fósforo, mas o uso das malhas vermelha e azul influenciaram de forma significativa quando comparadas as plantas cultivadas a pleno sol (Tabela 4). Tabela 4. Área foliar específica (AFE), razão de área foliar (RAF), Razão peso foliar (RPF) e teores de clorofila a e b de Mentha piperita cultivadas sob diferentes concentrações de fósforo e submetidas à ambientes de luz com 50 % de sombreamento. Cruz das Almas, BA, 2012. Tratamentos Doses de Fósforo 0 kg ha-1 de P2O5 60 kg ha-1 de P2O5 120 kg ha-1 de P2O5 180 kg ha-1 de P2O5 Ambiente de luz Pleno sol Malha Azul Malha Vermelha CV (%) AFE (cm2 g-1) RAF (cm2 g-1) RPF (g g-1) Clorofila a (mg g-1 MF) Clorofila b (mg g-1 MF) 292,82 a 254,10 a 261,53 a 301,89 a 65,96 a 63,31 a 55,05 a 61,62 a 0,24 a 0,23 a 0,22 a 0,21 a 2,23 a 2,46 a 2,47 a 2,39 a 0,61 b 0,62 b 0,81 ab 0,72 a 205,15 b 290,67 a 336,94 a 14,95 60,85 a 65,41 a 59,82 a 14,95 0,28 a 0,19 b 0,20 b 18,91 2,31 a 2,36 a 2,45 a 20,15 0,52 b 0,77 a 0,77 a 18,15 *Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P=0,05). Não foi observada significância entre os fatores qualidade de luz e doses de fósforo para os teores de clorofila a. Em relação à clorofila b, o uso das malhas coloridas proporcionaram maiores concentrações em relação às plantas cultivadas a pleno sol, que deferiram significativamente daquelas cultivadas sob sombreamento (Tabela 4). O aumento da proporção de clorofila b nas plantas sombreadas pode ser considerado como característica importante de adaptabilidade vegetal em ambientes sombreados, uma vez que a clorofila b absorve energia em comprimentos de onda diferentes da clorofila a e a transfere para o centro de reação, maximizando, assim, a captura Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p. 35-44 , dez. 2013. G. S. Souza et al. energética que efetivamente atua nas reações fotoquímicas (TAIZ & ZEIGER, 2010). CONCLUSÕES O uso de malhas coloridas, independente da cor, influenciou o crescimento, produção de biomassa e de pigmentos fotossintéticos em Mentha piperita, em relação ao cultivo a pleno sol, enquanto que as doses de fósforo não interferiu de forma significativa na produção de biomassa, crescimento do ramo principal e nos índices fisiológicos. Em relação às doses de fósforo não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos. Além disso, os resultados obtidos poderão servir como prática de pesquisa no intuito de estudar o papel da qualidade da luz modificada e da nutrição mineral na eficiência terapêutica desta planta com relação aos compostos químicos, principalmente o óleo essencial que é um dos princípios ativos desta espécie, ampliando assim, os focos de informações científicas através da pesquisa, sobre a qualidade de luz no nos aspectos fisiológicos de plantas medicinais. REFERÊNCIAS AFREEN, F.; ZOBAYED, S. M. A.; KOZAI, T. Spectral quality and UV-B stress stimulate glycyrrhizin concentration of Glycyrrhiza uralensis in hydroponic and pot system. Plant Physiology and Biochemistry, v.43, n.12, p.1074-81, 2005. 42 composição do óleo essencial de melissa cultivada sob malhas fotoconversoras. Ciência Rural, Santa Maria, v. 39, n.5, p.1401-1407, 2009. BROWN, B.; HART, J.; WESCOTT, M.P.; Christensen, N.W. The critical role of nutrient management in mint production. Better Crops, v. 87, n.4, p. 9-11, 2003. CASSOL, D.; FALQUETO, A. R.; BACARIN, M. A. Fotossíntese em Mentha piperita e Melissa officinalis sob sombreamento. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v.5, n.2, p.576578, 2007. CHAGAS, J.H.; PINTO, J.E.B.P.; BERTOLUCCI, S.K.V.; FERRAZ, E. de O.; BOTREL, P.P.; SANTOS, F.M. dos. Produção de biomassa seca em plantas de Mentha arvensis L. cultivada sob malhas fotoconversoras. Horticultura Brasileira, Vitória da Conquista, v.28, n.2 p.3422-3427, 2010. COSTA, R. C.; CALVETE, E. O.; REGINATTO, F. H.; CECCHETTI, D.; LOSS, J. T.; RAMBO, A.; Tessaro, F. Telas de sombreamento na produção de morangueiro em ambiente protegido. Horticultura Brasileira, Vitória da Conquista, v.29, n.2. p. 23-34. 2011. BENINCASA, M. M. P. Análise de crescimento de plantas: noções básicas. Jaboticabal: FUNEP, 2004. 42 p. COSTA, A. G.; CHAGAS, J. H.; PINTO, J. E. B. P.; BERTOLUCCI, S. K. V. Crescimento vegetativo e produção de óleo essencial de hortelã-pimenta cultivada sob malhas. Pesquisa Agropecuária brasileira, Brasília, v.47, n.4, p. 534-540, 2012. BRANT, R. da S.; PINTO, J.E.B.P.; ROSA, L.F.; ALBUQUERQUE, C.J.B.; Feri, P.H.; CORRÊA, R.M. Crescimento, teor e DAVID, E.F.S. MISCHAN, M. M.; BOARO, C. S. F. Rendimento e composição do óleo essencial de Mentha piperita L., Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p.35-44, dez. 2013. Crescimento, produção de biomassa.... cultivada em solução nutritiva com diferentes níveis de fósforo. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v.8, n.2, p. 183-188, 2006. FERREIRA, D.F.; SISVAR: um programa para análises e ensino de estatística. Revista Symposium, Recife, v.6, n.2, p 36-41, 2008. GARLET, T.M.B.; SANTOS, O.S. Solução nutritiva e composição mineral de três espécies de menta cultivadas no Sistema hidropônico. Ciência Rural, v. 38, n. 5, p. 1233-1239, 2008. KASPERBAUER, M.J. Light and plant development. In: Plant environment interactions. (WILKINSON, R. E. Ed.). Marcel Dekker Inc., NY, USA, p. 83-123. 1995. LEITE C.A; ITO R.M; GERALD L.T.C; GANELEVIN R; FAGNANI M.A. 2008. Light spectrum management using colored nets aiming to controlling the growth and the blooming of Phalaenopsis sp. Disponível em <http://www.polysack.com/files/e9f9f2aca3 0 0c62ae62d46141f287901.pdf> Acesso em 28 de julho de 2012. MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Ceres, 2006. 638p. MAIA, N.B. Efeito da nutrição mineral na qualidade do óleo essencial da menta (Mentha arvensis L.) cultivada em solução nutritiva. In: Correa Júnior, C.; Ming, L.C.; Scheffer, M.C. (Eds.). Plantas medicinais, aromáticas e condimentares: avanços na pesquisa agronômica. Botucatu: UNESP, 1998. p. 81-95. OREN-SHAMIR, M. GUSSAKOVSKY, E. E.; SHPIEGEL, E.; NISSIM-LEVI, A.; RATNER, K.; OVADIA, R.; GILLER, Y. E.; SHAHAK, Y. Coloured shade nets can 43 improve the yield and quality of Green decorative branches of Pittosporum variegatum. Journal of Horticultural Science and Biotechnology, Ashford, v.76, n.3, p. 353-361, 2001. PEGORARO, R.L.; FALKENBERG, M.B.; VOLTOLINI, C.H.; SANTOS, M.; PAULILO, M.T.S. Produção de óleos essenciais em plantas de Mentha x piperita L. var. piperita (Lamiaceae) submetidas a diferentes níveis de luz e nutrição do substrato. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v.33, n.4, p. 631-637, 2010 RODRIGUES, C.R.; FAQUIN, V.; TREVISAN, D.; PINTO, J. E.B P.; BERTOLUCCI, S. K.V.; RODRIGUES, T.M. Nutrição mineral, crescimento e teor de óleo essencial de menta (Mentha x piperita L.) em solução nutritiva sob diferentes concentrações de fósforo e época de coleta. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.3, p. 573- 578, 2004. SHAHAK, Y.; GUSSAKOVSKY, E.E.; GAL, E.; GAELEVIN, R. Colornets: crop protection and light-quality manipulation in one technology. Acta Horticulturae, v.659, p.143-161, 2004. SOUZA, M. A. A.; ARAUJO, O. J. L.; FERREIRA, M. A.; STARK, E. M. L. M.; FERNANDES, M. A; SOUZA, S. R. Produção de biomassa e óleo essencial de hortelã em hidroponia em função de nitrogênio e fósforo. Horticultura Brasileira, Brasília, v.25, n.1, p. 41-48, 2007. SOUZA, G.S.; SILVA, J. S.; SANTOS, A.R.; GOMES, D.G.; OLIVEIRA, U.C. Crescimento e produção de pigmentos fotossintéticos em Alfavaca cultivada sob malhas coloridas e adubação fosfatada. Enciclopédia Biosfera, Goiânia, v.7, n.13, p. 296-306, 2011. Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p. 35-44 , dez. 2013. G. S. Souza et al. 44 TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. 719p. VALMORBIDA, J; BOARO, C.F.S.; MARQUES, M.O.M; FERRI, A.F. rendimento e composição química de óleos essenciais de Mentha piperita L. cultivada em solução nutritiva com diferentes concentrações e potássio. Revista brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v.8, n.2, p.56-61, 2006. WATANABE C. H; NOSSE T. M; GARCIA C. A; PINHEIRO POVH N. Extração do óleo essencial de menta (Mentha arvensis L.) por destilação por arraste a vapor e extração com etanol. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu v.4, n. 1, p. 76-86, 2006. Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 06, n. 03, p.35-44, dez. 2013.