TEORIA DA APRENDIZAGEM SOCIAL - ALBERT BANDURA Os principais enfoques teóricos sobre o desenvolvimento humano são divididos entre quatro classes, sendo elas: a Teoria Maturacional, que estuda a origem biológica e origem do código genético; a Teoria da Aprendizagem, estudo das transformações geradas por conta de estímulos do ambiente; a Teoria Psicanalítica, estudo da dinâmica da personalidade e a Teoria Cognitiva, estudo das estruturas e processos cognitivos. Albert Bandura, psicólogo canadense, nascido em 1925, iniciou seus estudos pelo comportamento agressivo, publicando sua primeira obra em 1959 “Adolescent Agression”. Seu estudo se enquadra na Teoria da Aprendizagem que estuda o comportamento humano por meio da observação do comportamento do outro e suas consequências, dessa forma sua teoria parte do aprendizado social. O estudo de Albert Bandura considera os mesmos pressupostos do condicionamento operante, marcados pela Teoria de Skinner de comportamento por associação entre estímulo e resposta, porém Bandura vai muito além, pois considera que o comportamento depende do mundo simbólico interno e conta com a previsão das consequências do comportamento. Dessa forma, para Bandura, no condicionamento operante a consciência das respostas são levadas em consideração, todas as mudanças comportamentais são mediadas cognitivamente. (...) o condicionamento operante dificilmente se obtém sem consciência das respostas requeridas para o reforço; em algumas circunstâncias, a expectativa de reforço é mais poderosa do que o próprio reforço (...) (ROSA,2003) O sistema simbólico de auto-estimulação pode se dar a partir de um estímulo externo e uma resposta manifesta. O sistema de autorregulação e autocontrole, da mesma forma, se dão a partir da percepção das consequências do comportamento, levando em conta os processos cognitivos e que muitos comportamentos são adquiridos pela observação de um modelo. Bandura no estudo do comportamento deu maior notação a aprendizagem pela observação de um modelo, que intitulou de modelação. Em várias culturas as crianças apresentam padrões de comportamento, conhecimentos e atitudes, aprendidos e modificados, por meio do padrão apresentado pelos adultos. Isto significa que não é somente um ensaio entre erros e acertos, mas a consequência dessa experiência. Essa aprendizagem observacional contribui para o desenvolvimento de mecanismos cognitivos e nas pautas sociais. Segundo Rosa (2003)”A teoria da Aprendizagem Social supõe que o ser humano seja um agente intencional e reflexivo, dotado de prerrogativa de autodireção, no que concerne ao comportamento.” O processo de aprendizagem por observação e seus mecanismos Atenção – Para que a aprendizagem ocorra é necessário a atenção quanto aos comportamentos exibidos pelo modelo e suas consequências. A valoração dada à actividade é atribuída a sua utilidade, contribuindo para fortalecer a atenção. Retenção – O comportamento observado é retido na memória por meio de um sistema de codificação para que possa posteriormente ser resgatado. Esses acontecimentos são transformados na memória em representações mentais, em forma de imagens simbólicas ou símbolos verbais. Os comportamentos podem ser mentalmente praticados, antecipando prováveis consequências, dessa forma tornam-se quase que automáticos, proporcionando a pessoa espaço para novas aprendizagens. Reprodução Motora – Nessa fase o comportamento observado é retido, organizado e adaptado pela utilização posterior de acordo com as circunstâncias e capacidades individuais. Reforço e Motivação – Nem todos os padrões comportamentais retidos pela memória são postos em prática, para Bandura existe distinção entre aquisição e desempenho. O desempenho depende de reforçamentos anteriores. Esses factores determinam a decisão de agir ou de manifestar alguma atitude. Modelagem e comportamento agressivo Em sua teoria Bandura, caracteriza os factores internos e externos que interferem nos processos humanos de aprendizagem. Sua teoria conta com mais de cinquenta obras publicadas, e iniciou seus estudos, pelo comportamento agressivo, relevando o comportamento da observação de modelos reais e simbólicos nas pautas imitativas de agressão, demonstrando que as crianças expostas a modelos de comportamento agressivo, não só apresentam a resposta imitativa como também podemos salientar que elas se apresentam em maior número que o modelo. O modelo agressivo proporciona um comportamento desinibitório para a agressão, tanto para a criança como para o adulto. Processos vicários Os fenómenos de aprendizagem directa podem ocorrer levando em consideração o processo vicariante, que se dá pela observação do comportamento de outra pessoa e suas consequências, dessa forma observando se aprende a falar, a nadar. Se o modelo apresentar um comportamento desastrado o observador provavelmente não irá se engajar no mesmo comportamento e inversamente se um comportamento apresentar consequências positivas, dependerá do observador imitar o modelo. Ambiente, factores pessoais e comportamento Dentro da perspectiva cognitivo-social existe uma relação de equivalências entre o ambiente, os fatores pessoais e o comportamento. Bandura conceitua essa equivalência de reciprocidade triádica, mas isso não representa equidade quanto à intensidade. A influência exercida por esses factores variam no indivíduo e de acordo com a situação, podendo assim um prevalecer o outro em maior peso. Podemos exemplificar com um ambiente educativo muito directivo, muito estruturado que exerce uma pressão ambiental, solicitando ao aluno uma resposta determinada. O contrário pode também ocorrer em lugares com pressões ambientais muito brandas em que os factores pessoais tomarão a função preponderante no sistema regulador. A modelação e imitação Por muito tempo a modelação foi rotulada por imitação, algo meramente reprodutivo, sem considerar os processos de mediação simbólica. Tal ocorrência pode dar-se, realmente, em experiências de laboratório, onde as respostas não têm consequências para os sujeitos, os quais participam em pesquisas para receber recompensa (...) (ROSA,2003). Mas não se trata no caso de ensinar uma criança a falar ou a expressar seus sentimentos, necessidades, ensinar outra idioma, ou a se comportar socialmente. Nesse caso a modelação será beneficiada da observação de modelos capazes. Modelação, aprendizagem de princípios e regras Nesse caso a modelação apresenta um conjunto específico de resposta, e verifica logo após a aprendizagem de seus observadores. Apesar de parecer somente uma imitação do modelo, observa-se que as crianças continuam apresentando esses comportamentos em diversas situações sem a presença de seus modelos. Quando o observador tem um modelo que trata as pessoas que estão ao seu redor com respeito e consideração, o observador mesmo em situações novas irá apresentar comportamentos idênticos ao do seu modelo, tratando com respeito e consideração à todos. Dessa forma a modelação vai gerar um comportamento de respostas apropriadas quando o observador se encontrar em situações de padrões semelhantes. Esse processo necessita de não somente de imitação de comportamento, mas abstracção, generalização e elaboração de princípios, de funções cognitivas sofisticadas. Bandura demonstrou que a aprendizagem por observação permite a aquisição de regras, conceitos e estratégias de selecção, procura de processamento da informação. As crianças ao observarem modelos adultos realizando tarefas inferiam as regras de classificação e as generalizavam em novos estímulos. Portanto demonstrou-se que a modelação no ensino de regras pode ser maior que a experiência directa. Modelação Verbal e modelação de Comportamento O desenvolvimento de novas respostas, requer organização e uma clara representação de elementos de comportamento em padrões de sequências, portanto o comportamento complexo pode se dar pela modelação verbal e da modelação de comportamento. A modelação verbal ocorre quando a resposta a ser aprendida é por meio de instruções verbais e quanto mais detalhadas elas forem, melhor será o desempenho dos aprendizes. A modelação de comportamento é aprendida pelo observador na observação de um modelo, para posteriormente reproduzi-la, para as crianças pequenas essa modelação é mais eficaz que a verbal. A modelação e comportamento criativo A modelação não produz somente a reprodução do comportamento de outrem, mas também enseja padrões criativos e inovadores. Dessa forma, fica evidente a influência da modelação na implementação de mudanças psicológicas mais amplas e complexas. Modelos vivos, representativos e simbólicos Modelos vivos: são aqueles em que se apresenta um modelo de presença física , como o pai é para o filho, um amigo para um companheiro e que este modelo tenha uma relação de convivência, na qual exerça influência sobre a outra. Modelos representativos: podemos descrever como a televisão, os filmes, os meios audiovisuais, em que não ocorre a presença física do modelo. Modelos simbólicos: são encontrados nos livros, em textos escritos, desenhos. Os modelos podem ser reais ou não, o que os identifica é a forma como eles chegam ao observador. Representantes religiosos que transmitem força são também considerados modelos simbólicos. O Professor e a modelação O professor do ponto de vista da teoria da aprendizagem social, é alguém que representa o modelo de comportamento, modelo verbal e simbólico o resultado dependerá da consistência do modelo, de sua adequação quanto aos alunos, da afectividade ou atractividade do professor como modelo. Não só o professor se apresenta como modelo, mas também os próprios alunos, que podem ser se tornar um importante recurso. O estudo referente a Teoria da Aprendizagem Social de Albert Bandura vai além dos conhecimentos tão divulgados de Skinner, no Condicionamento Operante, pois sua teoria comprova que o ser humano é capaz de envolver as funções superiores cognitivas em suas observações e nas consequências delas, podendo memorizar, adaptar, organizar e adequar seus comportamentos. Para Bandura os principais modelos que uma criança possui são seus pais e seus professores, cabendo a eles um dos papéis sociais mais importantes em que a criança adquire padrões de comportamento. Os padrões de comportamento poderão variar de acordo com seus modelos, portanto tanto a família, como o professor devem representar o melhor modelo possível para a criança, recordando que ela observa os adultos em todas as situações de modelação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, Nair Rios. Atmosfera Moral da Escola: a promoção do desenvolvimento ético. Rio de Janeiro: E-papers, 2010. BERNS, Roberta M. Desenvolvimento da Criança. São Paulo: Edições Loyola, 2002. ROSA, Jorge de La (Org.). Psicologia e educação: o significado do aprender. Porto Alegre: Edipucrs, 2003. Disponível em http://pontodeencontrodapedagogia.blogspot.com/2012/08/teoria-daaprendizagem-social-albert.html