Formação de Professores e História da matemática Uma visão a partir da obra de Malba Tahan Esp. Denise Aparecida Enes Ribeiro1 Universidade Regional do Cariri. INTRODUÇÃO O presente trabalho busca refletir sobre as novas metodologias do ensino da matemática, disciplina das mais importantes do currículo escolar, porém ainda detentora da “fama” de difícil e com altos índices de reprovação. Uma tendência em andamento e que vem recebendo atenção seria a de se valorizar a inserção da História da Matemática no currículo de forma dinâmica, não só presa a biografias, mas na forma como a matemática estrutura-se enquanto ciência historicamente. Nessa perspectiva, Santos (2009, p.20) apud Ferreira diz que a História da Matemática: [...] dá a este aluno a noção exata dessa ciência, como uma ciência em construção, com erros e acertos e sem verdades universais. Contrariando a ideia positivista de uma ciência universal e com verdades absolutas, a História da Matemática tem este grande valor de poder também contextualizar este saber, mostrar que seus conceitos são frutos de uma época histórica, dentro de um contexto social e político. Um exemplo seria a prática de Júlio César de Mello e Souza, mais conhecido como o escritor Malba Tahan, cujo livro “O Homem que Calculava” foi seu maior sucesso. Júlio C. M. Souza, também foi professor de matemática e já em sua época buscava inovar e criticava a forma tradicionalista que a matemática era ensinada. Mostraremos um breve relato de sua biografia e carreira como escritor e dialogar com autores que tem influenciado a educação matemática. Esperamos assim colaborar na formação dos futuros professores de Matemática. 1 [email protected] JÚLIO CÉSAR DE MELLO E SOUZA, O HOMEM QUE CALCULAVA Ao perguntar a meus alunos do ensino fundamental, sobre quem era Malba Tahan e sobre sua obra, a maioria não tinha conhecimento. Também o mesmo foi verificado no Ensino Superior, com alunos do curso de Matemática da Unidade Descentralizada de Campos Sales, pólo da URCA. Esses alunos realizaram pesquisa com professores das escolas da região. Verificou-se também entre esses, a mesma falta de informação. Mas quem foi Júlio César de Mello e Souza (Malba Tahan)? Nascido no Rio de Janeiro a 06/05/1895 viveu sua infância em Queluz, cidade do interior paulista junto dos pais e irmãos: era o quinto de nove filhos. Ingressou no colégio militar do Rio de Janeiro em 1906, onde permaneceu por três anos. Em 1909 entra no colégio Pedro II, donde lhe veio a ideia de ser professor. Posteriormente, já formado, foi detentor de várias cátedras na área de Matemática: Colégio Pedro II, por 12 anos, na Universidade do Brasil, (Escola Nacional de Belas Artes), mais tarde transferido para a Faculdade Nacional de Arquitetura, no Instituto de Educação no Rio. Tornou-se porém, conhecido por sua obra literária, a qual começou com uma mistificação; usava o nome Malba Tahan e para este personagem criou toda uma vida e com ele escreveu vários livros: “O homem que Calculava”, “Contos de Malba Tahan”, “Lendas do deserto”, Céu de Alá”, “A sombra do Arco-Íris”, entre outros. Precisou desta mistificação para publicar seus livros, pois à sua época havia grande valorização de escritores estrangeiros. Sobre a relevância de sua obra, vejamos o que o grande escritor Monteiro Lobato disse a seu respeito: “ela ficará a salvo da vassoura do tempo” (LOBATO, apud LORENZATO, 2004, pg.66). Destaca-se como sua contribuição para a educação matemática: o Uma crítica severa da didática usual dos cursos de matemática da primeira metade deste século; o Seu pioneirismo no uso da História da Matemática; o A defesa de um ensino baseado na resolução de problemas não mecânicos e que tivessem algum significado para o aluno; o A exploração de atividades recreativas como recursos didáticos e material concreto no ensino da matemática. Malba Tahan era conhecido e respeitado tanto como escritor como professor, dando inúmeras palestras e cursos. Faleceu em 18/06/ 1974, na cidade de Recife, onde estava para proferir uma palestra sobre “A Arte de Ler e Contar Estórias”, nome de um de seus livros. A IMPORTÂNCIA DE SE TRABALHAR MALBA TAHAN EM SALA DE AULA Já no prefácio de seu livro “Matemática divertida e curiosa”, Malba Tahan apresenta uma dura crítica aos professores de matemática de sua época: Os professores de matemática- salvo raras exceções- tem em geral acentuada tendência para o algebrismo acentuado e enfadonho. Em vez de problemas práticos interessantes e simples exigem sistematicamente de seus alunos, verdadeiras charadas, cujo sentido o estudante não chega a penetrar. É bastante conhecida a frase do geômetra famoso que depois de uma aula na Escola Politécnica exclamou radiante: ‘Hoje sim estou satisfeito: Dei uma aula e ninguém entendeu!’ ( TAHAN, 2001, pg.06). Ernesto Rosa Neto, em seu livro, Didática da Matemática (2002), também afirma ser a matemática uma disciplina fácil, pois caminhou muito historicamente e evoluiu conforme a humanidade. Trás uma homenagem a Malba Tahan no mesmo livro, na seção por ele intitulada “camelidades malbatahânicas” onde apresenta uma série de pegadinhas, problemas curiosos e desafios matemáticos. Indica que sua utilização pode ser feita em: competições, murais e jornais, sala de aula, tarefas e outras situações. Nota-se aí já uma preocupação de autores atuais em valorizar e resgatar a obra de Malba Tahan. O pensamento de Malba Tahan, também não se distância muito de Ubiratan D’Ambrósio (1991, pg.1), quando este diz que “há algo errado na Matemática que estamos ensinando. O conteúdo que procuramos passar adiante através dos sistemas escolares é obsoleto, desinteressante e inútil.” D’Ambrósio, um dos precursores da Etnomatemática, no livro Educação Matemática, faz o elogio de Malba Tahan, pois afirma ser o mesmo um modelo no respeito às diferenças, pois seu livro “O Homem que Calculava”, é todo revestido de comentários e referências ao mundo islâmico de forma respeitosa. Hoje num mundo dividido e cheio de ódio e intolerância religiosa, com pessoas influenciadas pela mídia associando os árabes em geral a fanáticos religiosos, generalizando-os como terroristas, apostamos que diante desse contexto, a leitura do livro “O Homem que Calculava” na escola, viria a contribuir para um projeto interdisciplinar abordando não só a matemática, como a literatura, artes e diversidade cultural, trazendo novos conhecimentos aos educandos. Também no mesmo livro, no capítulo dedicado a matemáticos brasileiros, cita o nome de Júlio César de Mello e Souza, homenageando-o junto de outros contemporâneos, como autor de importantes livros na área da didática da matemática. Já nos dizia o grande mestre Paulo Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia: Ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos, nem formar é ação pela qual um sujeito criador dá forma, alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. (FREIRE, 2000, pg. 25) Ao procurar entender e vencer a verdadeira repulsa de alguns alunos à Matemática, Malba Tahan supera as visões de sua época e se aproxima da visão de Paulo Freire, no respeito ao aluno no que tange a sua dificuldade de aprender o conteúdo e buscar a explicação na prática dos professores de matemática, não deixando este ônus (fracasso escolar) apenas com o aluno. Sua metodologia, aproxima-se muito do que chamamos de lúdico-pedagógico. Segundo, Vygotsky (1989), o lúdico influencia enormemente o desenvolvimento da criança. É através do jogo que a criança começa a agir, sua curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração. Nos PCN’s encontramos um referencial importante sobre o recurso de jogos no ensino da matemática: Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na elaboração de estratégias de resolução e busca de soluções. Propicia a simulação de situação-problema que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações; possibilitam a construção de uma atitude positiva perante os erros uma vez que as situações sucedem-se rapidamente e podem ser corrigidas de forma natural, no decorrer da ação sem deixar marcas negativas. (PCN’s, 1998, pg.46-47). Percebemos então que o uso de recursos didáticos pedagógicos considerados de caráter lúdicos são altamente recomendáveis, na busca de tornar a matemática, disciplina acessível a todos e não a um pequeno grupo de alunos privilegiados e considerados mais inteligentes ou que tem um “dom” natural. O uso da contação de estórias, problemas de lógica, curiosidades matemáticas, jogos, história da matemática; tudo isto pertence a este universo, visto estarem relacionados ao prazer, alegria de realizar algo por que se quer, não por obrigação ou medo da nota que se vai alcançar. Numa atividade lúdica, o aluno aprende os conteúdos relacionados ao que o professor espera de forma espontânea, longe de pressão e ainda aprendendo a se relacionar em grupo, fazendo mediações entre o conhecimento, recurso/objeto utilizado e sua realidade. JUNTO AOS PROFESSORES Os alunos das disciplinas de Prática de Ensino de Matemática fizeram então junto aos professores da rede de ensino de Campos Sales e Região, uma pesquisa dirigida, a fim de diagnosticarmos seus conhecimentos em relação à Malba Tahan. Este tema também foi trabalhado junto aos alunos da disciplina de História da Matemática, visto ser Malba Tahan, grande divulgador da mesma, sendo ele próprio importante personagem a ser estudado na história da matemática brasileira. Foram entrevistados 12 professores, por diferentes grupos de alunos em 10 escolas diferentes. Embora seja um universo pequeno, é representativo, visto serem escolas onde os alunos se dirigem para realizar o estágio, muitas delas sendo onde próprio aluno universitário estudou. As perguntas realizadas e que se referem este trabalho foram: 1. Conhece o autor Malba Tahan e já leu algum de seus livros? 2. Se sim, já trabalhou algum livro, ou parte dele em suas aulas? 3. Na sua opinião, os professores utilizam da metodologia da História da Matemática em suas aulas, ou de livros recreativos, como os de Malba Tahan? Justifique. Dos professores entrevistados, 9 alegaram já terem ouvido falar de Malba Tahn , 1 não ouviu falar e 2, não muito, um pouco. Ainda, 3 professores afirmaram terem lido o livro “O Homem que Calculava” e conhecerem o problema dos camelos, que se encontra presente neste livro, capítulo 3. Afirmaram não terem trabalhado Malba Tahan em suas aulas 8 professores, somente 2 já o tinham feito. Novamente o “problema dos camelos” que mostrou ser o mais conhecido neste grupo. Com relação à pergunta sobre a História da Matemática, a resposta da maioria foi: muito pouco (8), não (1), sim (3). As justificativas foram várias, mas podemos destacar: - as exigências das alas superiores e a preocupação com o conteúdo trabalhado em relação ao desempenho da escola em provas externas; - a falta de hábito; - aulas tradicionais, com contas e exercícios; - depende do contexto do assunto. Dos professores que afirmam utilizar deste recurso: - é importante conhecer as raízes da matemática; - andando a passos curtos, mas procurando inovar; - a matemática deve ser contextualizada, de forma prazerosa e de fácil compreensão para o educando. O que podemos perceber pelas respostas dos professores, é que embora reconheçam a importância da História da Matemática, poucos fazem uso deste recurso e sua principal razão seria a preocupação com a aplicação do conteúdo a ser repassado pela “alas superiores”, no caso, a coordenação pedagógica, direção escolar, diretoria de ensino, a Secretaria de Educação. Há ainda uma grande pressão sofrida pelos professores para que se obtenham bons resultados nas provas de avaliação externas como SPAECE e ENEM. Assim, como a História da Matemática é relegada a segundo plano devido a preocupação conteúdista, o mesmo se observa com relação à Malba Tahan. Poucos o conhecem, embora alguns conheçam seu mais famoso livro, e o problema dos Camelos, mas não se lembram do nome do autor. Porque tamanho desconhecimento? Poderiam ter tido contato com este autor, já na infância, ou na escola de ensino fundamental. Nós já sabemos, por dados estatísticos, que infelizmente nossas crianças, lêem muito pouco. Observemos os dados da pesquisa indicada abaixo: Em 2007 tínhamos um total de 172 milhões de habitantes no território nacional, com 77 milhões de não leitores, dos quais 21 milhões eram analfabetos. Já os leitores, que somavam 95 milhões, liam, em média, 1,3 livro por ano. Incluídas as obras didáticas e pedagógicas, o número subia para 4,7 – ainda assim baixo. Os dados estão na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita com 5.012 pessoas em 311 municípios de todos os estados. (Notícia de 2009 do site Agrosoft Brasil). Embora haja uma preocupação em melhorar estes números por partes dos programas das secretarias de educação de incentivo à leitura, não é usual que um professor de matemática faça indicação aos seus alunos de um livro paradidático, embora nada impeça de fazê-lo. A maioria das escolas acredita ser esta uma obrigação dos professores de língua portuguesa ou literatura. Aí percebe-se também a falta de um pensamento mais abrangente em relação à leitura como a criação de projetos interdisciplinares. Percebe-se aí um ponto falho nas disciplinas de prática de ensino e História da Matemática dos cursos superiores. Os alunos estagiários, aos realizarem projeto de Mini-cursos em Campos Sales e região, apresentaram jogos matemáticos e uso da calculadora, porém dois desses grupos usaram jogos, desafios, charadas, tiradas dos livros de Malba Tahan, e em seu relatório destacaram a ótima aceitação por parte dos alunos do fundamental deste modo de trabalhar. O público-alvo mostrou-se motivado e interessado em realizar as tarefas. O desenvolvimento de raciocínio lógico, um dos principais objetivos do ensino da matemática, se presta á quebra da alienação. Quem aborda a questão da alienação, surpreendendo aqueles que pensam ser a matemática disciplina que pouco contribui para a discussão desta questão é Sarquis: A reflexão me conduz a pensar a alienação, como uma indisponibilidade de se pensar criativamente, uma condição de dependência dos outros para realizar as tarefas no trabalho ou na escola... minha proposta consiste em buscar metodologias e situações em que os alunos sejam convidados a pensar com criatividade. Para isso, é preciso que enfrentem situações desafiadoras e procurem solucioná-las, pelo menos inicialmente, utilizando os instrumentos de que já dispõem. (SARQUIS, 2009, pg. 125). Baseada no tripé ensino-pesquisa-extensão, a Universidade, o ensino superior, tem como obrigação formar este tipo de professor. Mas de que tipo de professor estamos falando? Segundo Garnica (1997), em seu artigo ‘Professor e Professor de matemática’ o que se procura é formar um professor de matemática independente, competente e comprometido. Independência, visto como possibilidade de opção de temas e metodologias; competência como condição que lhe permite a liberdade, pois “quanto maior o domínio do conteúdo que o licenciando adquirir por um único método, maior será sua dificuldade em tentar outros”; e compromisso compreendido como inconformismo com o quadro geral que se nos apresenta. CONSIDERAÇÕES FINAIS Garantir aos alunos, os instrumentos conceituais básicos e promover estas situações de aprendizagem inovadoras e desafiadoras é missão e desafio dos professores de matemática da atualidade. Pode-se afirmar, com base na sua bibliografia e na própria história de vida que Malba Tahan (respeitados a distância histórico-tempo) apresenta-nos um modelo para os professores em geral e em especial para os professores de matemática. Baseado nas palavras acima de Garnica, o mesmo era independente, competente e comprometido. Trouxe para a matemática a busca de novas formas de aprendizagem ressaltando-lhes o caráter lúdico, compromissado que era com a educação de uma forma que o aluno aprendesse e compreendesse a matemática como disciplina não só de utilidade social, mas como desafiadora, capaz de despertar o raciocínio lógico e promover a criatividade. Dominava aquilo que hoje chamamos de conteúdo específico, mas principalmente dominava o conteúdo pedagógico e dentro deste a metodologia. Podemos dizer que era um artista, tinha um dom especial... mas isto não nos exime de nossas responsabilidades, visto que grande parte de sua atuação se deu em sala de aula e de colégios que em sua época, primavam pelo ensino que diríamos tradicional. Dentro desta realidade conseguiu provar que sua metodologia era a mais adequada, pois os resultados assim a ratificavam. Vivenciar a sala de aula cotidianamente, com todos os desafios que se apresentam, buscando usar novas formas de se ensinar, como jogos, desafios, História da Matemática e recursos tecnológicos adequados, e dentro deste universo conhecer Malba Tahan, sua obra, apoderar-se dela para fazer uso, buscando assim aumentar aquilo que chamamos de competência do professor, torna-se um recurso metodológico poderoso. Desta forma vislumbraremos saídas planejadas e estudadas de como tornar a matemática atrativa de se aprender, deixando ela de ser instrumento de alienação e exclusão, mas antes sim de autonomia e inclusão, vencendo o fracasso escolar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da EducaçãoFundamental.Parâmetros Educação curriculares e Cultura. nacionais Secretaria Matemática. de Brasília: MEC/SEF, 1998. CAVALHEIRO, Maria Theresa. O Homem que Calculava, vida e obra de Malba Tahan. Jornal Leitura, 11/1991, SP. D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação Matemática: da teoria à prática. 9 ed. 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