Agência de Notícias Brasil-Árabe - SP 23/09/2014 - 17:05 Teatro conta história de invenções muçulmanas a jovens O Programa 1001 Invenções, trazido ao Brasil pelo governo do Catar, pretende fomentar o interesse pela ciência em crianças e adolescentes. Programação no Instituto Butantã será vista por dois mil estudantes. Aurea Santos São Paulo – O matemático e escritor brasileiro Malba Tahan lança um concurso para decidir qual cientista da civilização muçulmana será tema de seu próximo livro. Assim, surgem no palco personalidades da civilização muçulmana que mudaram a história da ciência há muitos séculos para contar suas invenções e ideias. Quem escolhe a melhor narrativa é o público de crianças e adolescentes. É assim que funciona o Programa 1001 Invenções, promovido pela instituição britânica de mesmo nome. O projeto chegou ao Brasil esta semana trazido pelo governo do Catar no âmbito do Ano Cultural BrasilCatar 2014, que tem por objetivo promover a integração cultural entre os dois países. O lançamento ocorreu nesta terça-feira (23) no Instituto Butantã, em São Paulo. Aurea Santos/ANBA “O que queremos mostrar para as crianças brasileiras é Peça fala sobre ciências de forma que, na história da ciência, depois da queda do Império interativa Romano, houve um largo período no Oriente Médio de inovação científica e invenções. Estas grandes invenções do passado têm impacto nas nossas vidas hoje”, afirmou Ahmed Salim, produtor e diretor-gerente do 1001 Invenções. “A mensagem é que estamos tentando inspirar as pessoas a estudar ciências. Tudo o que as pessoas podem fazer para tornar a ciência divertida e estimulante ajuda [a fomentar o interesse pelo tema]”, completou. Segundo Salim, esse período de florescimento da ciência no mundo muçulmano se deu do século 07 ao 16, em uma área que abrangia da Espanha à China. Na peça de teatro, montada de forma que os jovens possam interagir com as personagens, o público é apresentado a quatro nomes da ciência antiga: Ibn Al-Haytham, responsável pela descoberta do funcionamento da visão humana; Mary Montagu, responsável por levar ao Ocidente o sistema de inoculação (predecessor da vacina) desenvolvido na Turquia; Mariam Al-Astrolabiya, que aprimorou o astrolábio, aparelho que indicava o posicionamento do Sol e dos planetas; e Al Jazari, engenheiro que desenvolveu o sistema de manivelas e bielas e criou a bomba hidráulica. Cada personagem apresenta sua criação ou descoberta tentando convencer a plateia a escolhê-lo como tema do novo livro de Tahan. O público também assiste a um filme no qual outros cientistas antigos são apresentados. Aurea Santos/ANBA Programa é voltado para jovens de escolas públicas “Os árabes contribuíram por meio dos cientistas para o avanço da humanidade”, destacou Mohamed Alhayki, embaixador do Catar em Brasília. “A álgebra, que é a base da matemática, foi inventada por Al-Khwarizmi, que é um cientista árabe. Sem essa ciência matemática, a álgebra, nós não teríamos computadores hoje e os cálculos das fórmulas que levaram às leis de Newton definitivamente não teriam sido possíveis”, apontou. O embaixador lembrou ainda do médico Avicena e de outros nomes muçulmanos que contribuíram para a ciência mundial. “Essa atividade mostra como a cultura pode aproximar os povos. Há muitos estereótipos e muitas desavenças que poderiam ser ultrapassadas pela aproximação cultural”, ressaltou Michel Alaby, diretor-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, entidade que apoia atividades do Ano Cultural Brasil-Catar. Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantã, recebeu os convidados antes da apresentação e falou sobre a história da entidade. Wilson Pollara, secretário-adjunto de Saúde de São Paulo, contou aos jovens sobre sua admiração por Malba Tahan. Tahan, aliás, era o pseudônimo de Júlio Cesar de Mello e Souza. Como já citado, era matemático e escritor. Nascido no Rio de Janeiro, escrevia histórias passadas no Oriente Médio. Seu livro mais famoso é O Homem que calculava. O autor morreu em 1974 e o personagem é interpretado por um ator. O lançamento do programa foi assistido por convidados e por alunos da Escola Estadual Alberto Torres. No total, o teatro será exibido durante uma semana no Instituto Butantã e será visto por dois mil estudantes de 25 escolas estaduais. O evento também contou com a presença de Faleh Al-Hajri, vice-ministro da Cultura do Catar, Rafah Barakat, chefe do projeto do Ano Cultural Brasil-Catar 2014, e Marcelo Araújo, secretário de Cultura do Estado de São Paulo. http://www.anba.com.br/ www.inovsi.com.br