CRESCIMENTO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO, EM FUNÇÃO DE

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CRESCIMENTO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO, EM FUNÇÃO DE DIFERENTES DOSES DE
NITROGÊNIO E DO ESTRESSE HÍDRICO
Luciana Rodrigues de Araújo (UFPB / [email protected]), Napoleão Esberard de Macêdo
Beltrão (Embrapa Algodão), Riselane de L. A. Bruno (UFPB), Walter Esfrain Pereira (UFPB).
RESUMO – O algodoeiro é uma planta com hábito de crescimento indeterminado, o que leva ao
surgimento de frutos junto às folhas, com órgãos vegetativos competindo com os reprodutivos ao longo
da estação de crescimento pelos fotoassimilados formados. Objetivou-se com este trabalho avaliar o
crescimento vegetativo da linhagem CNPA 01-22 em função de dosagens de nitrogênio (0, 70, 140,
210 e 280 kg.ha-1) do adubo químico e de um composto organomineral na presença e na ausência do
estresse hídrico moderado. O valor máximo da área foliar foi obtido aos 75 dias na dose de 210 kg.ha-1
de N e aos 45 dias na dose de 140 kg.ha-1 de N para as plantas adubadas com adubo químico e
composto organomineral, respectivamente. Para a área foliar a dose de 280 kg.ha-1 de N favoreceu os
maiores valores aos 75 DAE para as plantas adubadas com adubo químico, enquanto que para as
plantas adubadas com composto organomineral, a dose de 210 kg.ha-1 de N foi mais eficiente. Para o
diâmetro de caule as melhores doses foram as de 70 e 140 kg.ha-1 de N e a altura máxima foi
alcançada com a dose de 280 kg.ha-1 de N aos 90 DAE para todas as plantas.
Palavras-chave: algodão, deficiência de água.
HERBACEOUS COTTON PLANT GROWTH, FUNCTION OF DIFFERENR DOSES OF N AND
WATER STRESS
ABSTRACT – Cotton plant has uncertain growth habit, and fruits can be showed with leaves, vegetative
organs competing with reproductive organs during growth because of photoassimilated components
formed. The objective of this work was evaluate vegetative growth of lineage CNPA 01-22 in function of
N levels (0, 70, 140, 210 e 280 kg.ha-1) of chemical fertilizer and organic mineral compound at moderate
water stress presence and absence. The maximum value for foliar area was obtained at 75 days in 210
kg.ha-1 of N level and 45 days at 140 kg.ha-1 N level to treated plants with chemical fertilizer and organic
mineral compound, respectively. For foliar area 280 kg.ha-1 N level was better to increase values at 75
DAE for treated plants with chemical fertilizer, while plants with organic mineral compound, at 210 kg.ha1 N level was more efficient. For stem diameter the better N levels were 70 and 140 kg.ha-1 and
maximum height was obtained at 280 kg.ha-1 N level at 90 DAE for all plants.
Key words: cotton, water absence.
INTRODUÇÃO
O crescimento vegetativo e a expansão foliar, em particular podem ser severamente inibidos
por níveis de nutrientes não adequados no solo (FREIRE, 2004).
De acordo com Magalhães (1979), a análise de crescimento é um método que descreve as
condições morfofisiológicas da planta em diferentes intervalos de tempo entre duas amostras
sucessivas. Assim, dependendo do ciclo da cultura, este será avaliado em intervalos de tempos iguais
entre si, de modo que, pelo menos seis a sete medidas sejam tomadas de cada valor primário em um
grupo de plantas, por unidade experimental (SILVA et al., 2000). A análise de crescimento não
destrutiva visa estudar o aumento dos fitossistemas eucarióticos, sem destruir as plantas e, assim, os
mesmos indivíduos podem ser mensurados durante o ciclo biológico (SILVA et al., 2000).
Segundo Boyer (1982) há uma diminuição no crescimento com o decréscimo da água do solo,
considerando o papel fundamental da água em todo o metabolismo vegetal, sendo bastante lógico
esperar-se que o estresse hídrico, limite o crescimento, o desenvolvimento e a produtividade das
plantas cultivadas.
O presente trabalho objetivou avaliar o crescimento vegetativo da linhagem de algodão
herbáceo CNPA 01-22 em função de dosagens de nitrogênio do adubo químico e de um composto
organomineral na presença e na ausência do estresse hídrico.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação pertencente ao Centro Nacional de
Pesquisa do Algodão (CNPA-EMBRAPA), na cidade de Campina Grande-PB, localizada na Zona
Centro Oriental da Paraíba, no Planalto da Borborema.
A unidade experimental constou de vasos plásticos com capacidade de 15 litros, os quais
foram pintados da mesma cor (prata fosca), objetivando amenizar os efeitos dos raios solares.
A semeadura foi realizada a uma profundidade de 2 cm utilizando-se sementes da linhagem
CNPA 01-22 da fibra de cor vermelha, sendo quatro sementes por vaso. O primeiro desbaste foi feito
quinze dias após a emergência, deixando-se duas plantas por vaso, sendo escolhidas as de tamanho
uniforme e bem distribuídas no vaso. Aos 30 dias após a emergência realizou-se o segundo desbaste,
ficando uma planta por vaso. Foram feitas irrigações diárias, para repor a água consumida na
evapotranspiração e manter o solo próximo à capacidade de campo. O substrato utilizado foi material
de Neossolo da Estação Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária (EMEPA-PB), localizada
no município de Lagoa Seca.
As adubações foram de fundação e em cobertura (1/3 ± 15 dias após emergência e 2/3 no
período de pré-floração).
O estresse hídrico foi aplicado na pré-floração, onde as diferentes plantas ficaram sem
irrigação por um período de cinco dias, dificultando assim o desenvolvimento da planta, pois é nesta
época que o algodão exige maior umidade do solo para que ocorra um rendimento satisfatório.
O delineamento foi em blocos ao acaso, em esquema fatorial 2x2x5+1, cujos fatores foram dois
tipos de adubo (químico e composto organomineral), dois tipos de estresse (com e sem estresse) e
cinco doses de nitrogênio (0, 70, 140, 210 e 280 kg.ha-1 de N) e uma testemunha absoluta, totalizando
21 tratamentos em 84 parcelas, sendo a parcela experimental uma planta/vaso.
Na análise do crescimento aplicou-se o procedimento recomendado por Beltrão (1998) que usa
dados de altura de planta, diâmetro de caule e área foliar.
As determinações da altura de plantas foram feitas utilizando-se uma trena, medindo-se a
distância a partir do colo da planta até o ponto de inserção da última folha. Com a utilização de um
paquímetro foi obtido o diâmetro do caule a 2 cm do colo da planta. Para medir o comprimento da
nervura principal das folhas, foi utilizada uma régua. A área foliar por planta foi determinada
multiplicando-se os valores da área foliar/folha pelo número de folhas de cada planta.
O cálculo da área foliar/folha foi feito através da seguinte equação (Grimes e Carter, 1969): Y =
0,4322x2,3002 ; onde: Y = área foliar/folha e X = comprimento da nervura principal da folha
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A evolução da área foliar por folha (Fig. 1) de plantas de algodoeiro nas doses de nitrogênio
estudadas apresentou valores diferenciados. A análise dos dados coletados a partir do 15° DAE,
demonstrou que houve comportamento semelhante até o 30° dia entre as médias, em função das
diferentes doses de nitrogênio, com adubo químico e composto organomineral. A partir desta data, a
área foliar das plantas apresentou o valor máximo aos 75 dias para as plantas adubadas com adubo
químico na dose de 210 kg.ha-1 de N e aos 45 dias para as que receberam o composto organomineral
na dose de N de 140 kg.ha-1, havendo a partir daí um decréscimo quando as plantas já dão sinais de
senescência, ocorrendo à queda das estruturas de reprodução da planta. De acordo com Belmont
(2004), estudando a análise de crescimento das plantas de algodoeiro e utilizando doses de promotor
de crescimento (0, 10, 15, 20 e 25 ml/500g de sementes) as maiores doses proporcionaram os maiores
valores.
N=0
N=70
N=140
N=210
A
2000
1500
1000
500
N=70
N=140
N=210
N=280
2500
Área foliar por folha (cm 2)
Área foliar por folha (cm 2)
N=0
N=280
2500
B
2000
1500
1000
500
0
0
0
15
30
45
60
75
Dias após a emergência
90
105
120
0
15
30
45
60
75
90
105
120
Dias após a emergência
Figura 1. Área foliar por folha do algodoeiro herbáceo, submetido a diferentes doses de nitrogênio com
adubo químico (A) e com composto organomineral (B), em condições de casa de vegetação. Campina
Grande-PB. 2004.
Para a área foliar por planta (Fig. 2), verifica-se que após 30 DAE, houve uma diferenciação
entre as doses de nitrogênio estudadas, tanto para plantas adubadas com adubo químico como para
aquelas com composto organomineral. A dose de 280 kg.ha-1 de N passou a apresentar os maiores
valores nas plantas adubadas com adubo químico chegando a um valor máximo de 53.000 cm2 aos 75
DAE e a partir desta data, as plantas começaram a perder as folhas mais velhas, havendo um
decréscimo até o final do ciclo, verificando-se ainda que aos 90 dias a dose de 210 kg.ha-1 de N
superou as demais. Para as plantas adubadas com composto organomineral a dose de 210 kg.ha-1 de
N foi mais eficiente aos 60 DAE, decrescendo a partir desta data. Para Silva et al. (2001) a área foliar
por planta cresceu linearmente com as dosagens de N (0,60, 120 e 180 kg/ha).
O diâmetro caulinar apresentou crescimento rápido até certo ponto (60 DAE), mantendo-se
constante até o final do ciclo, comportamento semelhante para todas as plantas adubadas com os
diferentes tipos de adubo (Fig. 3). Verifica-se ainda que as doses de 70 e 140 kg.ha-1 de N
proporcionaram maior diâmetro de caule, não respondendo bem a dose máxima de 280 kg/ha de N. De
acordo com Silva et al. (2001) o diâmetro caulinar de plantas de algodoeiro herbáceo linhagem CNPA
97-2865 aumentou linearmente com as diferentes doses de N analisadas.
Com relação a altura de plantas pode-se observar que a altura máxima foi alcançada aos 90
DAE com a dose de 280 kg.ha-1 de N para todas as plantas independente do tipo de adubo utilizado
(Fig. 4). Já Silva et al. (2001) constatou que a maior altura de plantas foi alcançada quando se usou a
dose de 180 kg de N/ha.
N=0
N=70
N=140
N=210
60000
50000
40000
30000
20000
10000
15
30
45
60
75
90
105
N=140
N=210
N=280
B
16000
12000
8000
4000
0
0
N=70
20000
A
Área foliar por planta (cm 2)
Área foliar por planta (cm 2)
N=0
N=280
0
120
0
Dias após a emergência
15
30
45
60
75
90
105
120
Dias após a emergência
Figura 2. Área foliar por planta do algodoeiro herbáceo, submetido a diferentes doses de nitrogênio
com adubo químico (A) e com composto organomineral (B), em condições de casa de vegetação.
Campina Grande-PB. 2004.
N=0
N=70
N=140
N=210
A
8
6
4
2
0
N=70
N=140
N=210
N=280
10
Diâmetro caulinar (cm)
Diâmetro caulinar (cm)
N=0
N=280
10
B
8
6
4
2
0
0
15
30
45
60
75
Dias após a emergência
90
105
120
0
15
30
45
60
75
90
105
120
Dias após a emergência
Figura 3. Diâmetro de caule de plantas do algodoeiro herbáceo, submetido a diferentes doses de
nitrogênio com adubo químico (A) e com composto organomineral (B), em condições de casa de
vegetação. Campina Grande-PB. 2004.
N=0
N=70
N=140
N=210
A
60
50
40
30
20
10
N=70
N=140
N=210
N=280
70
Altura de plantas (cm)
Altura de plantas (cm)
N=0
N=280
70
B
60
50
40
30
20
10
0
0
0
15
30
45
60
75
90
105
120
0
15
30
45
60
75
90
105
120
Dias após emergência
Dias após a emergência
Figura 4. Altura de plantas do algodoeiro herbáceo, submetido a diferentes doses de nitrogênio com
adubo químico (A) e com composto organomineral (B), em condições de casa de vegetação. Campina
Grande-PB. 2004.
CONCLUSÕES
1. O valor máximo da área foliar foi obtido aos 75 dias para as plantas adubadas com adubo químico
na dose de 210 kg.ha-1 de N e aos 45 dias para as que receberam o composto organomineral na dose
de N de 140 kg.ha-1;
2. Para a área foliar por planta a dose de 280 kg.ha-1 de N favoreceu aos maiores valores aos 75 DAE
para as plantas adubadas com adubo químico, enquanto que para as plantas adubadas com composto
organomineral, a dose de 210 kg.ha-1 de N aos 60 DAE foi mais eficiente;
3. O maior diâmetro de caule foi obtido com as doses de 70 e 140 kg.ha-1 de N para os diferentes tipos
de adubo;
4. A dose de 280 kg.ha-1 de N proporcionou a altura máxima aos 90 DAE para todas as plantas,
independente do tipo de adubo utilizado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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algodoeiro herbáceo em função de doses de promotor de crescimento. 2004. 74f. il. Dissertação
(Mestrado em Agronomia). Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba. Areia-PB.
BELTRÃO, N. E.de M. Análise de crescimento não destrutiva. Campina Grande: EMBRAPA/CNPA,
1998. (Boletim técnico).
BOYER, J. S. Plant productivity and environment. Science, v. 218, p. 443-448, 1982.
FREIRE, M. L. F. Alterações espectrais, agronômicas, de desenvolvimento e crescimento do
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187f., Tese (Doutorado em Recursos Naturais), Universidade Federal de Campina Grande, Campina
Grande-PB.
GRIMES, D. W.; CARTER, L. M. A linear rule for direct nondestructive leaf area measurements.
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MAGALHÃES, A. C. N. Análise quantitativa do crescimento. In: FERRI, M.G. (Coord.). Fisiologia
vegetal 1. v.1. São Paulo: Edusp, 1979. p.331-350.
SILVA, L. C.; BELTRÃO, E. de M.; AMORIM NETO, M. da S. Análise de crescimento de
comunidades vegetais. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 2000. 47 p. (Circular Técnica, 34). ISSN
0100-6460.
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