Faculdade de Economia do Porto

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China: um País, um Mundo
Susana Pereira Costa Oliveira Gomes, Faculdade de Economia do Porto
Outubro de 2011
A China tem vivido um período notável de crescimento ao longo das últimas
décadas, passando de um mercado fortemente centralizado para uma economia de
mercado iniciada por um conjunto de reformas que surgiram a partir de 1978. Sendo que
já teve um crescimento considerável no período 1963/1978 (7.5%/ano), no período
1978/2010, cresceu a uma taxa média de cerca de 9,9% por ano (fonte: Banco Mundial).
Fig. 1 – Taxa de crescimento da China (Fonte: Index Mundi)
Vejamos numa simples comparação com taxas de crescimento tanto na União
Europeia (1,1%/ano) como nos EUA (1,7%/ano) que os últimos 10 anos foram para ambos
uma década perdida. Mas, esta inoperância foi compensada pela China que ganhou
posições no panorama actual da economia mundial.
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Fig. 2 – Taxa de crescimento da China, USA e União Europeia (Fonte: Index Mundi)
Se olharmos para os modelos de desenvolvimento destes países, vemos que nada
têm em comum: a Europa gasta praticamente aquilo que produz, os EUA só se têm
endividado e a China, acumula reservas colossais.
É um facto que os números respeitantes ao crescimento económico da China são
impressionantes e tornam-no um país incontornável.
É de salientar que no segundo trimestre do ano, a China ultrapassou o Japão e
ascendeu à segunda posição do ranking das maiores economias do mundo. O PIB da China
cresceu 10,3% e ascendeu aos 5,878 biliões de dólares, enquanto o PIB do Japão ficou-se
apenas pelos 5,497 biliões (fonte: Banco Mundial).
Outro dado importante mostra que o valor em dólares da economia chinesa foi
maior do que a soma de todas as economias dos seus parceiros do BRIC (Brasil, Rússia,
Índia e China) que chegou aos 5,503 biliões de dólares, com a participação de 2,029 triliões
do Brasil, 1,465 biliões da Rússia e 1,645 biliões da Índia triliões (fonte: Banco Mundial).
No entanto, pode-se afirmar que uma das marcas da crescente importância da
China na economia mundial relaciona-se com a resistência do crescimento da economia
chinesa durante a recente crise que permitiu a vários países, em particular, os mais
dependentes das exportações de matérias-primas, beneficiassem também desse
crescimento.
Além de ter ganho, no ano passado, o estatuto de maior mercado automóvel do
mundo dos EUA e de maior exportador mundial à Alemanha, o país com cerca de 1,3 mil
milhões de habitantes solidificou a sua posição como maior consumidor mundial de ferro
e manteve o segundo lugar entre os maiores consumidores de petróleo.
Tal crescimento permanece ainda forte durante a actual e recente crise financeira
global que tem abalado todos os mercados, desde o americano ao caótico europeu, o que
também deveu-se às suas reservas colossais. Segundo o FMI, estas atingiram em cerca de
3,5 biliões de dólares e representam quase 25% do PIB dos EUA (e 60% do PIB chinês).
Serão estas reservas que no futuro vão fazer a diferença? Penso que sim.
Fig. 2 – Reservas monetárias da China (Fonte: FMI)
Caso a economia chinesa arrefeça, tal como muitos especialistas apontam, as
autoridades tomarão as medidas necessárias para evitar uma “aterragem forçada”.
Actualmente, o governo chinês conta com uma situação fiscal forte e um défice orçamental
inferior a 3% do PIB, e um endividamento na ordem dos 20% do PIB (fonte: Index Mundi),
o que dá muito espaço de manobra mesmo que implique a emissão de mais dívida
nacional.
Fig. 3 – dívida públia chinesa (Fonte: Index Mundi)
Em suma, a China tornou-se a segunda maior economia do mundo em 2010 e, na
verdade, cada vez mais desempenha um papel importante e influente na economia
mundial.
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