INFORMATIVO n.º 40– OUTUBRO de 2015 Desempenho atual da economia chinesa ainda sugere desafios importantes para os próximos trimestres Fabiana D’Atri* Confirmando as expectativas, os indicadores econômicos do terceiro trimestre continuaram indicando a desaceleração da economia chinesa, puxada pelo fraco desempenho da indústria e dos investimentos. Ainda assim, o resultado do PIB do trimestre passado surpreendeu levemente as expectativas, com crescimento de 6,9% em relação ao mesmo período do ano passado frente à expansão esperada de 6,8%, após ter avançado 7,0% no segundo trimestre. Na passagem do segundo para o terceiro trimestre, a alta foi de 1,8%, mantendo o ritmo do trimestre anterior, o que sugere um crescimento anualizado próximo de 7,5%. Vale, contudo, lembrar que: I. Esse é o crescimento mais baixo registrado desde o primeiro trimestre de 2009 e está abaixo da meta de expansão do PIB de 7,0%, estipulada para este ano; II. O PIB nominal desacelerou de uma alta de 7,1% para outra de 6,2%; III. A produção industrial arrefeceu de uma expansão interanual 6,0% para outra de 5,7%, entre agosto e setembro; IV. A tendência de enfraquecimento dos investimentos no setor imobiliário seguiu, acumulando alta de 2,6% no ano. 1 Atentando-se aos demais dados referentes a setembro, temos que a produção industrial mostrou forte enfraquecimento em setembro, subindo 5,7% na comparação interanual, frustrando as expectativas (6,0%) e ficando bem abaixo do verificado em agosto (6,1%). Os investimentos em ativos fixos, por sua vez, acumularam alta de 10,3% no ano, abaixo do esperado (10,8%) e do acumulado até o mês anterior (10,9%). Na abertura do indicador, as inversões do setor imobiliário seguiram fracas, com ganho de 2,5% até setembro, frente à expansão de 12,5% registrada no mesmo período de 2014. Por fim, as vendas nominais no varejo continuaram resilientes, subindo 10,9% em setembro na comparação com o mesmo mês do ano passado, em linha com as expectativas (10,8%) e com o observado em agosto (10,8%). O reequilíbrio do crescimento da economia chinesa permaneceu presente no período. Assim, o setor de serviços manteve a tendência de impulsionador da economia, acelerando de um crescimento de 8,5% para 8,6% na passagem do segundo para o terceiro trimestre, ao passo que a indústria desacelerou de 6,0% para 5,8% na mesma base de comparação. Entendemos que o PIB do quarto trimestre deverá manter essa tendência de desaceleração, com projeções apontando para expansão próxima a 6,5% nos últimos três meses deste ano. Dessa forma, os desafios para a economia chinesa ainda são significativos para o restante do ano, tendo em vista que os estímulos adotados até agora não conseguiram reverter a tendência de perda de dinamismo da economia, decorrente do arrefecimento da indústria e da atividade de construção. De todo modo, acredita-se que a expansão fiscal e a aceleração da aprovação de projetos, ocorrida nos últimos meses, serão capazes de estabilizar a economia nos meses à frente, mas mantemos nossa visão mais cautelosa, com a continuidade da moderação do PIB, compatível com a expansão inferior a 7,0% em 2015 e a 6,0% em 2016. 2 Taxa de crescimento trimestral do PIB Chinês por setor (%) 18,0 16,0 Total 15,4 Agricultura 14,0 12,2 12,0 10,0 Indústria e Construção 10,6 Serviços 10,1 8,4 8,6 8,0 6,0 4,0 3,9 5,4 6,3 4,7 8,6 6,9 5,8 4,1 2,0 0,0 Fonte: CEICDatabase.com Elaboração: CEBC * Fabiana D´Atri é atualmente economista coordenadora do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco e Diretora de Economia do CEBC. 3