INSUFICIÊNCIA CORONARIANA Paula Schmidt Azevedo Gaiolla Disciplina de Clínica Médica e Emergência Clínica Depto Clínica Médica – FMB - Unesp Definição Síndrome coronariana aporte insuficiente de sangue ao músculo cardíaco, conseqüente a alterações em qualquer ponto da circulação coronariana, levando à dor ou desconforto torácico. Epidemiologia EUA: 12,4 milhões de pessoas com doença arterial coronariana Brasil: março 2006: causas cardiovasculares 93.000 internações 9.000 óbitos Óbitos geral :32%- causas cardiovasculares Etiologia Principal: Aterosclerose Alteração do tônus vascular (angina de Prinzmetal) Alterações da microcirculação (Hipertrofia ventricular e Síndrome X cardíaca) Anomalias anatômicas Arterites Síndromes coronarianas Crônicas: Angina Estável (AE) Agudas: Angina Instável (AI) Infarto Agudo do Miocárdio sem supra de ST (IAM sem supra ST) Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) ECG normal Supra - desnivelamento de ST Infra - desnivelamento de ST Fisiopatologia: doença arterial coronariana (DAC) Formação da placa de aterosclerose: – Processo multifatorial: Lipídios Inflamação Infecção Ostrução PARCIAL da luz do vaso ↓fluxo ↑Consumo ↓Oferta O2 (FC,contratilidade,tensão) ANGINA ESTÁVEL Ostrução PARCIAL da luz do vaso + ruptura da placa + agregação plaquetária e formação de fibrina Angina Instável (AI) ou Infarto agudo do miocárdio (IAM) sem supra de ST Osbtrução TOTAL da luz do vaso + ruptura da placa + agregação plaquetária e formação de fibrina + morte de miócitos extensa (transmural) IAM com supra de ST Angina Estável – Placa – obstrução (70%) – Desbalanço oferta X consumo de O2 – Esforços – Curta duração – Não altera enzimas cardíacas Angina Instável – Ausência de morte de miócitos ou mínima – Placa instável – Mínimos esforços ou repouso – Pode alterar enzimas cardíacas – Risco de IAM ou óbito Baixo Intermediário Alto IAM sem supra ST – Subendocárdico – Morte pequena de miócitos – não acomete toda a espessura da parede – Altera enzimas cardíacas IAM – Transmural : morte de miócitos espessura da parede – Dor prolongada – ECG: Supra desnivelamento do segmento ST – Altera enzimas cardíacas que acomete toda a Fatores de risco Clássicos: Sexo e Idade Tabagismo Hipertensão arterial Dislipidemia Diabetes Mellitus e resistência insulínica Sedentarismo História Familiar principalmente <55 anos homens e < 65 anos mulheres Fatores de risco Critérios de Framinghan Baixo risco < 10% de chance de DAC em 10 anos Intermediário 10 a 20% de chance de DAC em 10 anos Alto risco> 20% de chance de DAC em 10 anos Quadro Clínico Dor torácica isquêmica Tipo: Aperto, constrição, queimação Fator desencadeante: esforços, emoções, repouso Fator de Melhora: repouso, uso de nitrato Local: Epigástrica, torácica, retroesternal, cervical, dorsal Quadro Clínico Dor torácica isquêmica Irradiação: região cervical, mandíbula, dorso, ombros ou membros superiores esquerdo ou direito Duração: < 20 minutos (AE ou AI) ou >20 minutos (AI ou IAM) Início:recente ou tardio Quadro Clínico Isquemia silenciosa Equivalente isquêmico Classificação da Angina Sociedade Canadense de Cardiologia (CCS) CCS I: Angina ao esforço intenso ou prolongado CCS II: Angina aos esforços moderados CCS III: Angina aos mínimos esforços CCS IV: Angina ao repouso Dor torácica:diagnóstico diferencial Outras causas cardiovasculares – Pericardite – Dissecção de aorta – Troboembolismo pulmonar – Arritmias – Crise hipertensiva – Doença de Chagas Dor torácica:diagnóstico diferencial Causas não cardíacas – Úlcera péptica – Pancreatite – Refluxo – Abdome agudo gastroesofágico – Dor muscular – Espasmo esofagiano – Ansiedade – Pneumotórax – Pleurisia – Costocondrite (Sd Tietze) Angina Estável Características Clínicas Desencadeada por esforço Duração < 20minutos Início dos sintomas > 2 meses ou < 2 meses até 15 dias - CCS I ou II Melhora rápida com repouso ou nitrato Tipo, local, irradiação Dor típica Dor típica Definitiva – Desconforto ou dor torácica – Desencadeada por esforço ou estresse – Curta duração – Alívio com repouso ou nitrato Dor típica Provável – Reúne 2 características acima Dor torácica não cardíaca – Reúne 1 ou nenhuma das características acima Exame Físico Normal ↑ PA ou FC Crepitações pulmonares (disfunção diast. Isq.) B4 (contração atrial contra VE pouco complacente) Sopro mesosistólico ou telessistólico – regurgitação mitral (isquemia e disfunção do músculo papilar) Sinais periféricos de aterosclerose – pulsos diminuídos, lesões tróficas, sopros arteriais Diagnóstico Clínico Desconforto típico ou equivalente Fatores de Risco Exames complementares: ECG: Alterações em 50% Alterações inespecíficas Diagnóstico diferencial Isquemia silenciosa Exames Complementares Teste de Esforço (TE) Mais utilizado Sensibilidade 55 a 70%% e especificidade 85% Infra desnivelamento do ST ao esforço Pacientes de alto risco: IAM ou óbito >20% em 1 ano, quando teste alterado com baixa carga, hipotensão ou congestão pulmonar Exames Complementares Cintilografia de perfusão miocárdica Maior custo que TE 90% de sensibilidade e 80% de especificidade Útil para pacientes que não conseguem deambular, alterações prévias no ECG que prejudiquem a interpretação do TE. Ecocardiografia de estresse Exames Complementares Cinecoronarioangiografia: Angina CCS III ou IV Refratariedade ao tratamento clínico Sugestão de isquemia em várias derivações no ECG Função ventricular esquerda deprimida (<50%) TE de alto risco Cintilografia com área extensa de isquemia Exames complementares Ecocardiografia: função, áreas de isquemia ao repouso (hipocontratilidade segmentar) RX de tórax HMG, função renal, glicemia, eletrólitos,lipidograma, urina 1. Fundo de olho (HAS ou DM) Tratamento Antiagregante plaquetário: – AAS – Clopidogrel ou ticlopidina – se alergia ao AAS Tratamento Antianginosos ou anti-isquêmicos Nitrato: – Vasodilatação venosa: ↓pré-carga – Vasodilatação arteriolar: ↓pós carga – Vasodilatação artéria epicárdica: ↑fluxo coronariano Curta duração: SL ou spray – Auxilia no diagnóstico – Contra indicação: uso concomitante com sildenafil, hipotensão Longa duração : VO tolerância Tratamento Antianginosos ou anti-isquêmicos – Beta-bloqueadores: Reduz o consumo de oxigênio (↓PA e ↓FC) Contra-indicação: broncoespasmo, bradicardia e bradiarritmias,insuficiência cardíaca agudizada, hipotensão Tratamento Bloqueador de canal de cálcio Reduz o consumo de oxigênio (↓contratilidade e ↓FC) Vasodilatador coronariano Útil contra-indicação ao beta bloqueador e angina de Prinzmetal Contra-indicação: bradicardias e bradiarritmias, disfunção sistólica, hipotensão Tratamento Estatinas: – Inibidores da HMG-CoA – Diminui formação do colesterol – Meta para ICO, DM ou alto risco pelos critérios de framinghan LDL <100mg/dL – Acima destes → estatina + dieta Tratamento Inibidores da enzima de conversão da angiotensina: – Doença vascular ou DM + 1 fator de risco para doença arterial coronariana – Prevenção secundária pós IAM