Centro de Informação sobre Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (CIM/UFC) (85) 288 8276 23/12/2004 e-mail: [email protected] ANGINA PECTORIS A angina pectoris (ou angina do peito ou estenocardia) não é uma doença, mas é uma expressão sintomática muito freqüente da ausência temporária de oxigênio no miocárdio, devido ao fluxo sangüíneo insuficiente. A angina resulta da isquemia da área do miocárdio irrigada por uma artéria coronária, a qual apresenta seu interior obstruído em 70%, coincidindo com a redução do fluxo coronariano ou aumento da demanda metabólica da área – como pode ocorrer, por exemplo, após esforços físicos ou durante estados emocionais intensos. No entanto, pode manifestarse mesmo durante o repouso. É caracterizada por forte dor torácica e crises de angústia. A dor, embora inicialmente torácica, pode irradiar para o pescoço, os braços ( sobretudo o esquerdo), a mandíbula, a região interescapular (entre os omoplatas) ou o estômago. Um ataque de angina normalmente dura menos de 5 minutos, sendo que se prolongado ou intenso pode ser o sinal de maior déficit no suprimento sangüíneo no coração, como ocorre no enfarto do miocádio. A angina, decorrente de doença coronária, pode ser prevenida controlando os fatores de risco para aterosclerose( principalmente altos níveis de colesterol) e também para hipertensão arterial, diabetes e tabagismo. A prática regular de exercícios físicos e a manutenção de um peso saudável é muito importante, assim como controlar os fatores de stress. Em relação às mulheres que se aproximam da menopausa, deve-se considerar o início de terapêutica hormonal de substituição. O diagnóstico da angina é baseado na semiologia da dor, investigando através de exames laboratoriais a existência de fatores de risco para a enfermidade coronariana. Os agentes farmacológicos utilizados no tratamento da angina atuam diminuindo as necessidades metabólicas do miocárdio, aumentando seu aporte sangüineo ou ambos. São utilizados no tratamento farmacológico: nitratos orgânicos, bloqueadores dos canais de cálcio, betabloqueadores e aspirina. Nitratos orgânicos – Seus efeitos hemodinâmicos e antianginosos devem-se primeiramente à vasodilação venosa, mas também expressam a vasodilatação de alguns leitos arteriais. A dilatação venosa reduz a contratilidade e volume ventricular, também reduz o consumo de oxigênio pelo miocárdio, melhorando o fluxo subendocárdico. A dilatação coronariana, especialmente quando existe espasmo, prontamente reverte a crise da angina instalada. São habitualmente utilizados: nitroglicerina, dinitrato de isossorbida e mononitrato de isossorbida. Bloqueadores de cálcio – Inibem o fluxo de íons cálcio através de canais lentos nas membranas de músculo cardíaco e liso por bloqueio não competitivo e não afetam a contratilidade significativamente. Reduz a resistência vascular coronária, aumentando o fluxo coronariano e exercem efeito inotrópico negativo (diminuição da força de contração do músculo cardíaco). Produzem melhora dos sintomas, diminuição da freqüência das crises de dor, prolongamento de tolerância ao exercício, redução das alterações do segmento ST ao eletrocardiograma e aumento do fluxo coronariano. São utilizados o verapamil, dialtiazem, nifedipina. Betabloqueadores – A ação destes fármacos relaciona-se principalmente a seus efeitos hemodinâmicos – diminuição da freqüência cardíaca, da pressão sangüínea e da contratilidade - que reduzem a demanda de oxigênio do miocárdio durante o exercício e no repouso. Tais efeitos hemodinâmicos parecem constituir os mecanismos mais importantes para o alívio da angina e a melhora da tolerância ao exercício. São utilizados: atenolol, propranolol, bisoprolol. Ácido Acetilsalicílico (AAS) – Tem ação preventiva e não terapêutica. Ele ajuda a impedir que se formem coágulos sangüíneos no interior estreitado das coronárias. Pode reduzir o risco de infarto do miocárdio nas pessoas que já têm doença coronariana. Existem no mercado outros medicamentos com efeito análogo ao AAS, tendo sido recentemente comercializado o Clopidrogel que parece ser mais eficaz que a aspirina. BIBLIOGRAFIA • • Katzung, Bertram G.; Farmacologia Básica e Clínica; Editora Guanabara Koogan; 8º Edição;2001. www.lincx.com.br/lincx/atualização/artigos Responsável: Grazielle de Oliveira Sales(Estudante de Farmácia), Ana Cláudia (Farmacêutica). Revisão: Mirian Parente Monteiro (Doutora em Farmacologia).