DOENÇAS DA ESCLERA A esclera constitui a camada mais externa do globo ocular, adequando-se de forma elástica, à pressão intraocular. O estroma da esclera é composto por feixes de fibras de colagénio, de tamanho e forma variáveis, distribuídos de uma forma não uniforme. Coloração esbranquiçada. EPISCLERITE É a inflamação do tecido conjuntivo laxo localizado entre a conjuntiva e a esclera. Ocorre em doentes jovens, sobretudo do sexo feminino. Habitualmente recurrente e associada a doença sistémica (eritema nodoso, herpes zóster, sífilis). Classifica-se em simples e nodular. EPISCLERITE SIMPLES Provoca uma hiperémia localizada na superfície do globo ocular. Início quase sempre subito. Sensação corpo estranho. Pode apresentar dor moderada, que não irradia. Sem secreção conjuntival. Doença autolimitada, atingindo o máximo em 12 horas, desaparecendo gradualmente em 2-3 semanas. EPISCLERITE NODULAR Tende a afectar mais os jovens, sexo feminino. Início menos agudo e uma evolução mais prolongada do que a espisclerite simples. Olho vermelho, que se nota mais ao despertar. 2-3 dias depois, a área avermelhada aumenta de tamanho. Dor á palpação. Autolimitada. ESCLERITE Pouco frequente. Caracteriza-se por inflamação do estroma da esclera. Contrariamente à episclerite, não é um quadro clínico benigno, podendo ter graves consequências para o globo ocular. Pode ser uma manifestação isolada ou associar-se a um doença inflamatória sistémica. 1 Unilateral. ESCLERITE ANTERIOR NÃO NECROTIZANTE ESCLERITE DIFUSA Ligeiramente mais frequente no sexo feminino. 5ª década. Apresenta-se com olho vermelho Dias depois, uma dor intensa, que pode irradiar á face. Caracteristicamente, é mais intensa ao despertar. Acompanhada de fotofobia, hiperestesia e epífora. A esclerite pode ocorrer associada a doenças autoimunes (espondilite, artrite reumatóide, poliarterite nodosa e lúpus). A eslerite tem uma forma grave de apresentação: a esclerite necrosante , a escleromalacia necrosante ou esclerite posterior. Produzem uma esclera fina, com exposição do tecido uveal translucente, podendo levar á perfuração do globo ocular. Recurrências frequentes. A duração da doença é habitualmente 6 anos. A frequência de recurrências diminui a partir dos 18 meses de patologia. ESCLERITE NODULAR Incidência igual à esclerite difusa. Frequência maior em herpes zóster prévio. Apresentação com dor insidiosa, acompanhada de olho vermelho, dor á palpação Nódulo escleral (único ou múltiplos), sobretudo localizados na região interpalpebral, a 3-4 mm da região límbica. Coloração vermelho-azulado. Os nódulos múltiplos podem confluir. ESCLERITE ANTERIOR NECROTIZANTE É uma forma grave de esclerite. Idade início mais tardia do que a forma não necrotizante (em média 60 anos idade). Bilateral em 60% dos casos. Apresentação clínica, com dor que gradualmente se torna mais intensa, persistente, com irradiação. A dor intensa interfere com o sono. Adelgaçamento escleral por necrose escleral, com visualização da coroide, através do tecido cicatricial translúcido 2 TIPOS ESPECÍFICOS (esclerite necrotizante vasooclusiva, granulomatosa (associada a Granulomatose Wegener e Poliarterite nodosa) e induzida cirurgicamente (após cirurgia do estrabismo, trabeculectomia, cerclage). ESCLEROMALÁCIA PERFURANTE É um tipo especifico de esclerite necrotizante que pode afectar, sobretudo, as mulheres idosas, com artrite reumatóide crónica. A apresentação clínica manifesta-se como irritação ocular inespecífica. Pode suspeitar-se duma queratoconjuntivite seca. A evolução para o adelgaçamento da esclerótica e exposição da uvea subjacente é lenta e gradual. ESCLERITE POSTERIOR Grave. Potencialmente pode levar á cegueira Idade de início em idades inferiores a 40 anos. Bilateral em 35% dos casos. Os doentes com esclerite posterior podem cegar rapidamente. Importante o diagnóstico precoce. Dor á palpação é habitual. Descolamento retina exsudativo (em cerca de 25% dos casos). Descolamento coroideu. Pregas coroideias. Massa subretiniana pardoamarelada. Edema do disco óptico. Miosite. Diplopia. Dor aos movimentos oculares 3